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APLICAÇÃO DO MODELO MATEMÁTICO DE QUALIDADE DA ÁGUAQUAL2E PARA O ESTUDO DO COMPORTAMENTO DOS NUTRIENTESNITROGÊNIO E FÓSFORO NO RIO MONJOLINHO, SÃO CARLOS - SP.Gabriela Rahal <strong>de</strong> Rezen<strong>de</strong> 1RESUMO Os <strong>mo<strong>de</strong>lo</strong>s <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> água são uma importante ferramenta para o manejo <strong>da</strong>sBacias Hidrográficas, por conseguirem integrar uma série <strong>de</strong> informações ambientais, possibilitan<strong>do</strong>assim uma visão dinâmica <strong>do</strong>s processos naturais. Com a mo<strong>de</strong>lagem matemática é possível ain<strong>da</strong>realizar simulações <strong>de</strong> cenários futuros, que po<strong>de</strong>m colaborar com o processo <strong>de</strong> toma<strong>da</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão.O programa QUAL-2E, na sua interface QUAL-2R, é uma <strong>de</strong>stas valiosas ferramentas,possibilitan<strong>do</strong> a simulação <strong>de</strong> curso d’ água unidirecional, bem mistura<strong>do</strong> e <strong>de</strong> fluxo constante. Opresente trabalho propõe avaliar a aplicação <strong>do</strong> <strong>mo<strong>de</strong>lo</strong> QUAL-2E para simulações <strong>da</strong>sconcentrações <strong>de</strong> nitrogênio e fósforo no rio Monjolinho, São Carlos (SP).Foi realiza<strong>da</strong> a calibração <strong>do</strong> <strong>mo<strong>de</strong>lo</strong> e <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s os coeficientes <strong>de</strong> auto<strong>de</strong>puração para osparâmetros: nitrogênio amoniacal, nitrato, nitrito e fosfato. Posteriormente o <strong>mo<strong>de</strong>lo</strong> foi vali<strong>da</strong><strong>do</strong>apresentan<strong>do</strong> resulta<strong>do</strong>s satisfatórios em relação aos <strong>da</strong><strong>do</strong>s coleta<strong>do</strong>s no campo. Em segui<strong>da</strong>,propôs-se a simulação <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> água <strong>do</strong> rio Monjolinho após a implementação <strong>da</strong> estação<strong>de</strong> tratamento esgoto <strong>de</strong> São Carlos. Os resulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong>monstraram que o rio po<strong>de</strong>rá sofrer alteraçõesem sua quali<strong>da</strong><strong>de</strong>, mesmo que os efluentes <strong>da</strong> estação estejam <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s padrões <strong>de</strong> emissãoestabeleci<strong>do</strong>s pelo CONAMA (Conselho Nacional <strong>de</strong> Meio Ambiente), <strong>da</strong><strong>da</strong>s as particulari<strong>da</strong><strong>de</strong>s<strong>do</strong> Monjolinho.ABSTRACT The water quality mo<strong>de</strong>ls are an important tool to manage the hydrographic bays,because they can integrate a serie of environmental information, making possible a dinamic visionof natural processes. With the mathematic mo<strong>de</strong>lation, it is also possible to process future scenariosimulations, in wich <strong>de</strong>cisions may be based on.The QUAL-2E software, in its QUAL-2R interface, is one of these valuable tools, enabling thesimulation of unidirectional, well mixed and constant fluxed water course. This work proposes tovaluate the application of QUAL-2E mo<strong>de</strong>l on nitrogen and phosphorus mensuration onMonjolinho river, São Carlos (SP).The calibration of the mo<strong>de</strong>l was ma<strong>de</strong> and the <strong>de</strong>puration of water coefficients were set to thisparameters: amoniacal nitrogen, nitrate, nitrite and phosphate. After this stage, the QUAL-2Emo<strong>de</strong>l was vali<strong>da</strong>ted by presenting planned results. Later, the quality of the Monjolinho river waterafter the implementation of the sewage treatment plant was simulated. The results <strong>de</strong>monstratedthat the river may suffer changes in it’s quality, even if the plant effluents stay within the emissionpatterns stablished by CONAMA (The National Counsel for the Environment), regarding theMonjolinho river's features.Palavras-chave: Mo<strong>de</strong>lação matemática, QUAL2E, gestão <strong>de</strong> recursos hídricos1)Gradua<strong>da</strong> em engenharia ambiental, Escola <strong>de</strong> Engenharia <strong>de</strong> São Carlos, Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> São Paulo - EESC-USP, gabrielarahal@gmail.comXIX Simpósio Brasileiro <strong>de</strong> Recursos Hídricos 1


6 – RESULTADOS E DISCUSSÃO6.1 – CalibraçãoPara a simulação <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> água foram utiliza<strong>do</strong>s os 44 km <strong>de</strong> extensão <strong>do</strong> rioMonjolinho, ou seja, <strong>da</strong> nascente até sua foz no rio Jacaré-Guaçu. O sistema fluvial foi dividi<strong>do</strong>em seis trechos, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com os limites <strong>do</strong> <strong>mo<strong>de</strong>lo</strong> e consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> as característicashidrológicas <strong>do</strong> corpo d’água estu<strong>da</strong><strong>do</strong>. Ca<strong>da</strong> um <strong>do</strong>s 44 elementos computacionais temcomprimento <strong>de</strong> 1 km.Os <strong>da</strong><strong>do</strong>s climatológicos e geográficos utiliza<strong>do</strong>s no <strong>mo<strong>de</strong>lo</strong> foram escolhi<strong>do</strong>s com basenas indicações na tese <strong>de</strong> Barreto (1999) e nas experiências obti<strong>da</strong>s por Rodrigues (2005).Foi utiliza<strong>do</strong> para a calibração <strong>do</strong> <strong>mo<strong>de</strong>lo</strong>, o valor <strong>de</strong> 60 (sessenta) para a constante <strong>de</strong>dispersão longitudinal, que é o valor recomen<strong>da</strong><strong>do</strong> como padrão pelo manual <strong>do</strong> QUAL-2E.O valor a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> <strong>do</strong> coeficiente <strong>de</strong> rugosi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Manning foi igual a 0,035 e constante emto<strong>do</strong>s os trechos <strong>do</strong> sistema fluvial simula<strong>do</strong>, pois este valor é o mais utiliza<strong>do</strong> para cursosd’água rasos e com remanso, que é o caso <strong>do</strong> rio Monjolinho. Esta consi<strong>de</strong>ração foi basea<strong>da</strong> emMccutcheon (1989) apud Lima (1999).Os <strong>de</strong>mais coeficientes hidráulicos requeri<strong>do</strong>s pelo <strong>mo<strong>de</strong>lo</strong> foram obti<strong>do</strong>s através <strong>de</strong>outros trabalhos, como Barretto (1999) que aferiu <strong>da</strong><strong>do</strong>s <strong>de</strong> veloci<strong>da</strong><strong>de</strong>, vazão e geometria <strong>do</strong>canal <strong>do</strong> rio Monjolinho em pontos iguais ao utiliza<strong>do</strong> neste trabalho.A condição inicial <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> trecho está na tabela a seguir. Esses <strong>da</strong><strong>do</strong>s foram utiliza<strong>do</strong>scomo base para as simulações <strong>de</strong> auto<strong>de</strong>puração <strong>do</strong> corpo d'água e para comparação com os<strong>da</strong><strong>do</strong>s gera<strong>do</strong>s pelo <strong>mo<strong>de</strong>lo</strong> na calibração.Tabela 1 - Valores <strong>do</strong>s parâmetros iniciais <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> trecho, <strong>da</strong><strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s em Barreto (2005).Trecho Temperatura(C°)N-Orgânico(mg/L)N-Amoniacal(mg/L)Nitrito(mg/L)Nitrato(mg/L)P-Orgânico(mg/L)P-Dissolvi<strong>do</strong>(mg/L)1 20 2,32 0,86 0,015 1,16 0,083 0,032 22 7,30 1,76 0,012 1,00 0,188 0,103 23 6,40 2,48 0,045 1,71 0,448 0,124 24 11,20 1,95 0,055 1,63 0,409 0,115 25 10,90 4,30 0,035 1,70 1,450 0,776 24 8,80 3,20 0,050 1,30 1,000 0,16Os coeficientes para a calibração <strong>do</strong> nitrogênio e <strong>do</strong> fósforo foram <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s utilizan<strong>do</strong>como base uma faixa <strong>de</strong> valores forneci<strong>da</strong> por Fagun<strong>de</strong>s (2006). Dentro <strong>de</strong>sta faixa, realizaram-seXIX Simpósio Brasileiro <strong>de</strong> Recursos Hídricos 8


Figura 4 - Calibração <strong>do</strong> <strong>mo<strong>de</strong>lo</strong> QUAL-2E - comportamento <strong>da</strong> concentração <strong>de</strong> nitrito norio Monjolinho.Figura 5 - Calibração <strong>do</strong> <strong>mo<strong>de</strong>lo</strong> QUAL-2E - comportamento <strong>da</strong> concentração <strong>de</strong> fosfato totalno rio Monjolinho.Po<strong>de</strong>-se observar que para a calibração <strong>do</strong> nitrogênio amoniacal e nitrato, as simulações 1 e3 se aproximam <strong>do</strong> padrão apresenta<strong>do</strong> pelos valores observa<strong>do</strong>s (figura 2 e 3).No entanto, nasimulação <strong>de</strong> nitrito, a única simulação que se mostra aproxima<strong>da</strong> é a 1 (figura 4), provavelmentepelo valor <strong>do</strong> coeficiente <strong>de</strong> hidrólise <strong>do</strong> N-orgânico.Para a simulação <strong>do</strong> fosfato total po<strong>de</strong>-se analisar que não ocorreram gran<strong>de</strong>s alterações nopadrão <strong>da</strong>s diferentes simulações (figura 5), sen<strong>do</strong> assim a<strong>do</strong>taram-se os valores <strong>do</strong>s coeficientesobti<strong>do</strong>s na simulação 1 para realizar a vali<strong>da</strong>ção <strong>do</strong> <strong>mo<strong>de</strong>lo</strong>, já que essa simulação apresentou osvalores mais próximos <strong>do</strong> observa<strong>do</strong> tanto para a calibração <strong>do</strong> nitrogênio quanto <strong>do</strong> fósforo.A calibração foi o processo mais complexo <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> por abranger a manipulação <strong>de</strong> umgran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s e pela dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> em se encontrar os valores <strong>do</strong>s coeficientes nabibliografia. Po<strong>de</strong>-se consi<strong>de</strong>rar também que ocorreram alterações no curso d’água no intervalo <strong>de</strong>tempo entre este estu<strong>do</strong> e os <strong>da</strong> bibliografia. Esses fatores po<strong>de</strong>m ter gera<strong>do</strong> algumas diferençasentre os valores observa<strong>do</strong>s e os simula<strong>do</strong>s. Apesar disso consi<strong>de</strong>ra-se que a calibração cumpriuseu objetivo em a<strong>da</strong>ptar o <strong>mo<strong>de</strong>lo</strong> ao rio Monjolinho.6.2 - Vali<strong>da</strong>ção <strong>do</strong> <strong>mo<strong>de</strong>lo</strong> QUAL-2EO processo <strong>de</strong> vali<strong>da</strong>ção é realiza<strong>do</strong> nos <strong>mo<strong>de</strong>lo</strong>s matemáticos <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> água paracomprovar se os coeficientes a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s na etapa anterior apresentam uma precisão satisfatória.Para a vali<strong>da</strong>ção <strong>do</strong> <strong>mo<strong>de</strong>lo</strong> QUAL-2E para a bacia hidrográfica <strong>do</strong> rio Monjolinho foramutiliza<strong>do</strong>s os <strong>da</strong><strong>do</strong>s qualitativos e quantitativos coleta<strong>do</strong>s na campanha a campo <strong>de</strong> 08 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong>2008, realiza<strong>da</strong> especificamente para este trabalho. Na tabela 11, encontram-se os valores <strong>de</strong>nitrogênio amoniacal, nitrito, nitrato e fósforo total observa<strong>do</strong> nesta campanha.XIX Simpósio Brasileiro <strong>de</strong> Recursos Hídricos 10


Tabela 2 - Parâmetros analisa<strong>do</strong>s na coleta dia 08/07/08 no rio MonjolinhoTrechos Quilometragem apartir <strong>da</strong> nascenteAmônia(mg/L)Nitrito(mg/L)Nitrato(mg/L)Fosfato(mg/L)1 1 0,11 0,0029 0,9255 0,03272 5 0,05 0,0019 0,4272 0,02223 13 0,26 0,0150 0,4433 0,06334 16 0,24 0,0579 1,1425 0,14685 25 10,00 0,0079 0,1600 1,44966 44 5,00 0,0367 0,2600 0,5084Durante a simulação <strong>do</strong> <strong>mo<strong>de</strong>lo</strong> Qual2E foram consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s <strong>do</strong>is pontos <strong>de</strong> lançamentopontual, que correspon<strong>de</strong>m ao córrego <strong>do</strong> Tijuco Preto e ao córrego <strong>do</strong> Gregório, no inicio <strong>do</strong>strechos 3 e 4 respectivamente. Os valores <strong>de</strong> nitrogênio e fósforo <strong>de</strong>sses corpos d’água constamna tabela a seguir.Tabela 3 - Parâmetros analisa<strong>do</strong>s na coleta <strong>do</strong> dia 08/07/08 nos afluentes <strong>do</strong> MonjolinhoPontos <strong>de</strong> coleta Amônia (mg/L) Nitrito (mg/L) Nitrato (mg/L) Fosfato (mg/L)Córrego Tijuco Preto 0,17 0,0974 5,1932 0,0898Córrego Gregório 0,35 0,0967 0,9668 0,1580Os coeficientes hidráulicos, cinéticos e os <strong>da</strong><strong>do</strong>s climatológicos foram os mesmosutiliza<strong>do</strong>s na calibração - Simulação 1.A Figura a seguir mostra o perfil <strong>da</strong> simulação <strong>da</strong> concentração <strong>de</strong> fosfato total forneci<strong>da</strong>spelo <strong>mo<strong>de</strong>lo</strong> QUAL2E e os valores <strong>da</strong> coleta <strong>do</strong> dia 8 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2008, afim <strong>de</strong> comparação.Figura 6 - Vali<strong>da</strong>ção - perfil simula<strong>do</strong> pelo <strong>mo<strong>de</strong>lo</strong> Qual2E <strong>da</strong> concentração <strong>de</strong> nitrogêniofosfato total no rio Monjolinho e os <strong>da</strong><strong>do</strong>s observa<strong>do</strong>s na campanha.XIX Simpósio Brasileiro <strong>de</strong> Recursos Hídricos 11


As concentrações <strong>de</strong> fosfato têm um crescimento exponencial após o início <strong>do</strong> trecho 3(três) on<strong>de</strong> o Monjolinho começa a receber vários afluentes. Esse parâmetro ultrapassa o limite<strong>da</strong> resolução CONAMA 357 <strong>de</strong> 2005, que estabelece o limite <strong>de</strong> 0,1mg/L <strong>de</strong> fósforo paraambientes lóticos.Esta figura e as outras relaciona<strong>da</strong>s à vali<strong>da</strong>ção <strong>do</strong>s parâmetros <strong>do</strong> nitrogênio mostraramque o <strong>mo<strong>de</strong>lo</strong> QUAL-2R se ajustou com uma precisão satisfatória em relação aos <strong>da</strong><strong>do</strong>samostrais coleta<strong>do</strong>s no rio Monjolinho. Apesar <strong>de</strong> que no gráfico apresenta<strong>do</strong> existe um pico queextrapola o perfil. Isso se <strong>de</strong>ve possivelmente a cargas pontuais recentes que não forami<strong>de</strong>ntifica<strong>da</strong>s na calibração <strong>do</strong> <strong>mo<strong>de</strong>lo</strong>, principalmente <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> à <strong>de</strong>scarga pontual <strong>de</strong> esgotosanitário que ocorre após o trecho 5, no rio Monjolinho.6.3 - Simulação <strong>da</strong> implantação <strong>da</strong> ETE – São CarlosEm 2005, o governo municipal <strong>de</strong> São Carlos, na figura <strong>do</strong> Serviço Autônomo <strong>de</strong> Água eEsgoto (SAAE), juntamente com o Comitê <strong>de</strong> Bacia <strong>do</strong> rio Jacaré Guaçu e com os órgãosresponsáveis pelo gerenciamento <strong>do</strong>s recursos hídricos no âmbito fe<strong>de</strong>ral e estadual <strong>de</strong>ram inícioàs obras <strong>da</strong> construção <strong>da</strong> estação <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong> esgoto Monjolinho, ETE-Monjolinho.Desta forma, utilizou-se o <strong>mo<strong>de</strong>lo</strong> QUAL-2E calibra<strong>do</strong> e vali<strong>da</strong><strong>do</strong> para realizar umprognóstico <strong>da</strong>s condições <strong>do</strong> rio Monjolinho após a implementação <strong>da</strong> Estação <strong>de</strong> Tratamento<strong>de</strong> Esgoto <strong>do</strong> Monjolinho, quanto à concentração <strong>de</strong> nitrogênio no sistema fluvial.Com esse intuito, admitiu-se que o lançamento <strong>do</strong> efluente no corpo d’água seria <strong>de</strong> acor<strong>do</strong>com os padrões <strong>da</strong> Resolução CONAMA nº357 <strong>de</strong> 2005, que estabelece o limite <strong>de</strong> emissão <strong>de</strong>20mg/L para nitrogênio amoniacal.A vazão <strong>de</strong> lançamento foi consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> igual a 0,6 m 3 s -1 . Este valor está disponível nowebsite <strong>do</strong> empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>r, o Serviço Autônomo <strong>de</strong> Água Esgoto <strong>de</strong> São Carlos (SAAE,www.saaesaocarlos.com.br).As figuras a seguir mostram as concentrações <strong>de</strong> nitrogênio amoniacal, nitrito e nitrato aolongo <strong>do</strong> rio, simula<strong>da</strong>s pelo <strong>mo<strong>de</strong>lo</strong> QUAL-2E consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> a implantação <strong>da</strong> ETE e também operfil <strong>do</strong> rio simula<strong>do</strong> para o dia 08 <strong>de</strong> Julho <strong>de</strong> 2008 sem a ETE.XIX Simpósio Brasileiro <strong>de</strong> Recursos Hídricos 12


concentrações eleva<strong>da</strong>s <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> ao lançamento <strong>da</strong> ETE. O limite <strong>do</strong> nitrato é <strong>de</strong> 10mg/L e <strong>do</strong> Nitritoé 1mg/L.Observa-se também, quanto aos processos <strong>de</strong> conversão <strong>da</strong> amônia, que enquanto aconcentração <strong>de</strong> nitrogênio amoniacal <strong>de</strong>cresce a partir <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> lançamento, a concentração<strong>de</strong> nitrato e nitrito ten<strong>de</strong> a aumentar, já que o N-Amoniacal é leva<strong>do</strong> a Nitrito pelo processo <strong>de</strong>nitrificação e posteriormente o Nitrito é oxi<strong>da</strong><strong>do</strong> a Nitrato, pelo processo <strong>de</strong> nitratação.Nota-se também uma estabili<strong>da</strong><strong>de</strong> na concentração <strong>de</strong> nitrogênio amoniacal próximo aolimite <strong>da</strong> resolução CONAMA e a concentração <strong>de</strong> nitrito em 0,45mg/L. Já a concentração <strong>de</strong>nitrato não se estabiliza <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> perfil, o que mostra que o processo <strong>de</strong> nitratação ain<strong>da</strong> estáocorren<strong>do</strong> após o fim <strong>do</strong> trecho estu<strong>da</strong><strong>do</strong>.7 - CONCLUSÃOAo utilizar <strong>mo<strong>de</strong>lo</strong>s matemáticos para estu<strong>do</strong>s sobre quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> água, <strong>de</strong>ve-se <strong>da</strong>r imensaimportância para a fase <strong>de</strong> calibração <strong>do</strong> <strong>mo<strong>de</strong>lo</strong>, pois este vai ser o momento <strong>de</strong>terminante parao sucesso ou não <strong>da</strong>s simulações. Deve-se levar em consi<strong>de</strong>ração a complexi<strong>da</strong><strong>de</strong> existente em setrabalhar com variáveis e coeficientes que muitas vezes são estima<strong>do</strong>s, sen<strong>do</strong> que estes têm quese a<strong>de</strong>quar à reali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> estu<strong>do</strong> específico.Ao se trabalhar com quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> água <strong>de</strong>ve-se consi<strong>de</strong>rar que os corpos d’água estãoinseri<strong>do</strong>s em sistemas complexos maiores, como as ci<strong>da</strong><strong>de</strong>s e as bacias hidrográficas. Essessistemas sofrem alterações ao longo <strong>do</strong> tempo por meio <strong>de</strong> processos antrópicos, como aurbanização, a ocupação <strong>do</strong> campo por ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s agropecuárias, entre outros. To<strong>do</strong> essecontexto influencia diretamente na dinâmica <strong>do</strong>s corpos d’água e, portanto <strong>de</strong>ve ser estu<strong>da</strong><strong>do</strong>juntamente com os parâmetros <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> água.Com as simulações feitas po<strong>de</strong>-se constatar que o nitrogênio e o fósforo são bonsparâmetros indica<strong>do</strong>res <strong>do</strong> nível <strong>de</strong> poluição <strong>do</strong> corpo d’água, pois foram capazes <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificarcargas pontuais irregulares no perfil <strong>do</strong> rio e o seu estágio <strong>de</strong> poluição.Constatou-se que o rio Monjolinho apesar <strong>de</strong> ter sofri<strong>do</strong> uma pequena melhora em suaquali<strong>da</strong><strong>de</strong>, comparan<strong>do</strong> os valores obti<strong>do</strong>s por Barreto (1999) com a campanha realiza<strong>da</strong> nessetrabalho, ain<strong>da</strong> sofre sérios problemas <strong>de</strong> poluição, <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> principalmente a <strong>de</strong>scargas difusas elançamentos <strong>de</strong> esgoto irregulares, que são conseqüências <strong>do</strong> forte processo <strong>de</strong> urbanização <strong>da</strong>Bacia Hidrográfica, sen<strong>do</strong> o pior trecho o que se inicia a montante <strong>da</strong> confluência <strong>do</strong> Tijucopreto, seguin<strong>do</strong> adiante com o Gregório até a montante <strong>da</strong> usina hidrelétrica.XIX Simpósio Brasileiro <strong>de</strong> Recursos Hídricos 14


As simulações feitas consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> a implantação <strong>da</strong> ETE <strong>de</strong> São Carlos, apesar <strong>de</strong> nãotrazerem <strong>da</strong><strong>do</strong>s reais <strong>da</strong> característica <strong>do</strong> efluente a ser lança<strong>do</strong>, po<strong>de</strong> ser analisa<strong>da</strong> como umalerta para a concentração <strong>de</strong> nitrogênio no efluente, pois os estu<strong>do</strong>s mostraram que mesmo<strong>de</strong>ntro <strong>do</strong>s padrões estabeleci<strong>do</strong>s pelo CONAMA sobre emissão <strong>de</strong> efluentes (<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> àsparticulari<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>do</strong> rio), o limite <strong>de</strong> nitrogênio amoniacal po<strong>de</strong> ser ultrapassa<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong> soma<strong>do</strong>às cargas já existentes.Vale ain<strong>da</strong> ressaltar a importância <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s que levem em consi<strong>de</strong>ração as concentrações<strong>de</strong> nutrientes nos corpos d’água concomitantemente com os parâmetros relaciona<strong>do</strong>s àconcentração <strong>de</strong> matéria orgânica, já que os rios são sistemas complexos on<strong>de</strong> as variáveis estãorelaciona<strong>da</strong>s.Por fim, consi<strong>de</strong>ra-se o <strong>mo<strong>de</strong>lo</strong> QUAL2E uma ferramenta útil na simulação <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong><strong>da</strong> água, sen<strong>do</strong> esse um mecanismo que ao ser aplica<strong>do</strong> levan<strong>do</strong> em conta as particulari<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong>ca<strong>da</strong> sistema, se mostra muito útil para o entendimento <strong>do</strong>s processos bioquímicos <strong>de</strong> conversão<strong>do</strong> nitrogênio e fósforo, po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ser <strong>de</strong>cisivo para toma<strong>da</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> uma baciahidrográfica, por apresentar os perfis <strong>do</strong> rio consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong> diferentes possibili<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>scargase lançamento <strong>de</strong> efluentes.AGRADECIMENTOSAgra<strong>de</strong>ço a to<strong>do</strong>s que colaboraram direta ou indiretamente para a realização <strong>de</strong>ste trabalho,a minha orienta<strong>do</strong>ra Silvia Cláudia Povinelli pela <strong>de</strong>dicação e paciência, ao colega Eduar<strong>do</strong>Pentea<strong>do</strong> que trabalhou comigo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início. Aos técnicos <strong>do</strong> laboratório <strong>de</strong> Hidráulica eSaneamento que auxiliaram nas análises <strong>da</strong> saí<strong>da</strong> a campo.Ao apoio financeiro <strong>da</strong> Fun<strong>da</strong>ção <strong>de</strong> Incremento <strong>da</strong> Pesquisa e Aperfeiçoamento Industrial.Aos meus pais e familiares pelo apoio incondicional.BIBLIOGRAFIABARRETTO, A. DOS S. (1999). Estu<strong>do</strong> <strong>da</strong> distribuição <strong>de</strong> metais em ambiente lótico, comênfase na assimilação pelas comuni<strong>da</strong><strong>de</strong>s biológicas e na sua quantificação no sedimento e água.EESC/USP - São Carlos-SP.BRASIL (1986). Resolução CONAMA n.º 20, <strong>de</strong> 18 <strong>de</strong> junho <strong>de</strong> 1986. Diário Oficial [<strong>da</strong>]República Fe<strong>de</strong>rativa <strong>do</strong> Brasil, Brasília-DF.XIX Simpósio Brasileiro <strong>de</strong> Recursos Hídricos 15


BRASIL (2005). Resolução CONAMA n.º 357, DE 17 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2005. Diário Oficial [<strong>da</strong>]República Fe<strong>de</strong>rativa <strong>do</strong> Brasil, Brasília-DFCETESB (2006). Relatório <strong>de</strong> Quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s Águas Interiores <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> São Paulo:relatório anual - 2005. São Paulo-SP.FAGUNDES, Vinicius B. (2006). Uso <strong>do</strong> Mo<strong>de</strong>lo QUAL2E no estu<strong>do</strong> <strong>da</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> águae capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> auto<strong>de</strong>puração <strong>do</strong> Rio Araguari-AP. Goiânia-GO.FISCHER, E.G. (1995) Determinação <strong>do</strong> grau <strong>de</strong> contaminação <strong>do</strong> Ribeirão Feijão através<strong>de</strong> levantamento <strong>de</strong> <strong>da</strong><strong>do</strong>s e <strong>mo<strong>de</strong>lo</strong> matemático <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> água. EESC/USP - São Carlos,São Paulo-SP.JAMES, A. (1978). Mathematical Mo<strong>de</strong>ls in Water Pollution Control. Wiley, Nova Iorque-EUA.LIMA, E.B.N.R. (2001). Mo<strong>de</strong>lagem Integra<strong>da</strong> para Gestão <strong>da</strong> Quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Água naBacia <strong>do</strong> Rio Cuiabá. COPPE/UFRJ, Rio <strong>de</strong> Janeiro-RJ.LOUCKS, D. (1981) Serie in water resources and Enironmental Engineering, McGraw Hill,Nova Iorque-EUA.OPPA, L. F. (2007). Utilização <strong>de</strong> <strong>mo<strong>de</strong>lo</strong> matemático <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> água para análise <strong>de</strong>alternativas <strong>de</strong> enquadramento <strong>do</strong> rio Vacacaí Mirim. UFSM, Santa Maria-RS.PALMIERI, V. (2004) Calibração <strong>do</strong> <strong>mo<strong>de</strong>lo</strong> QUAL2E para o rio Corumbatí (SP). PUC -Rio <strong>de</strong> Janeiro-RJ.RODRIGUES, R. B. (2005) Sistema <strong>de</strong> suporte a <strong>de</strong>cisão proposta para a gestão qualiquantitativa<strong>do</strong>sprocessos <strong>de</strong> outorga e cobrança pelo uso <strong>da</strong> água. USP, São Paulo-SP.SÉ, J.A.S. (1992). O Rio <strong>do</strong> Monjolinho e sua bacia hidrográfica como integra<strong>do</strong>res <strong>de</strong>sistemas ecológico. EESC/USP – São Carlos-SP.SPERLING, M. V. (2005) Introdução a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s águas e ao tratamento <strong>de</strong> esgotos.UFMG, Belo Horizonte-MG.TUCCI, C.E.M. (1998) Mo<strong>de</strong>los hidrológicos. UFRGS, Porto Alegre-RS.SAAE (2008) - Serviço Autônomo <strong>de</strong> Água e Esgoto <strong>de</strong> São Carlos: Disponível emhttp://www.saaesaocarlos.com.br Acesso em 20 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2008.XIX Simpósio Brasileiro <strong>de</strong> Recursos Hídricos 16

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