10.07.2015 Views

REVISTA DE ARQUEOLOGIA - leiaufsc

REVISTA DE ARQUEOLOGIA - leiaufsc

REVISTA DE ARQUEOLOGIA - leiaufsc

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

56ilustrados na publicação e identificados comoraspadores, parecem indicar lascas afetadaspor arraste fluvial. Também se ressalta que, àsemelhança do Alto-paranaense de Itapiranga,este sítio está associado a um contexto de implantaçãocaracterizado pela presença de doissítios líticos, relacionados à Tradição Umbu(fase Suruvi), e a 46 sítios cerâmicos, em suamaioria da Tradição Guarani.Caso similar está relacionado à dataçãomais antiga da Tradição Humaitá no Rio Grandedo Sul associada à fase Antas. O sítio a céuaberto RS-A-12: Barreiro, associado às barrancasdo rio das Antas, possui uma datação de6.620 anos AP a 700 cm de profundidade e suaindústria é caracterizada por Miller como representadapor “toscos artefatos líticos (...) confeccionadosa partir de seixos rolados (...) lascõese lascas de basalto” (Miller, 1971:40). Oautor destaca que em “todas as peças observa--se o arredondamento e o polimento naturalnas áreas lascadas e cristas interlascadas. Essedesbaste natural, ocasionado pelos detritostransportados pelas águas (...) muito dificilmentesão distinguíveis de seixos naturais epossivelmente chegam a se confundir. (...)Como o número de peças é mínimo e maioresconhecimentos acerca do contexto integral dossítios implicariam em extensas escavações,consideramos estas caracterizações maiscomo um ensaio preliminar” (Miller, 1971: 41).Apesar das ressalvas do autor, este sítio foi consideradonas sínteses posteriores como a evidênciamais antiga relacionada à Tradição Humaitáno Rio Grande do Sul (Kern, 1981;Simões, 1972; Schmitz, [1978]1981, 1984; Schmitz& Brochado, [1972]1981a, [1974]1981b).Os casos acima analisados apontam paraa associação entre material lítico e carvãodepositados em barrancas de rio em funçãode eventos naturais de arraste fluvial. Esteaspecto é reforçado pela profundidade dosdepósitos e por suas datações do HolocenoMédio que indicam eventos de alto fluxo deposicionalrelacionados ao aumento de pluviosidadedo Ótimo Climático. No caso doscontextos do oeste de Santa Catarina, a ausênciade pontas de projétil, fosseis guia daTradição Umbu, e a antiguidade das dataçõesnos depósitos fluviais foram os critériosutilizados para aferir antiguidade aos sítioslíticos de superfície em função da tipologiados artefatos bifaciais, embora houvesse clarasevidências de associação contextual dasevidências líticas com os sistemas de assentamentoda Tradição Guarani da região.A possibilidade de revisão crítica da interpretaçãotradicional de contextos deposicionaiscomo os acima descritos é oferecida pelosresultados dos trabalhos arqueológicos deobras de engenharia realizados no canteiro deobras da UHE de Foz do Chapecó, entre osanos de 2006 e 2010 (Scientia, 2010). O empreendimentolocaliza-se a cerca de 6,5 km amontante da confluência entre o rio Chapecócom o rio Uruguai, na divisa entre os municípiosde Águas de Chapecó, em Santa Catarina,e Alpestre, no Rio Grande do Sul. Nessa pesquisaforam resgatados 14 sítios arqueológicosmarcados por uma alta variabilidade de indústriaslíticas associada a diferenças cronológicassignificativas. Dentre estes, têm-se sete sítioslito-cerâmicos, três sítios líticos e um sítio cerâmico,com profundidades que não ultrapassam50 cm e datações entre 650 ± 90 anos APe 320 ± 70 anos AP. Outros três sítios estão associadosexclusivamente a indústrias líticas eapresentam sobreposição de ocupações. Asmais antigas estão entre 20 a 170 cm de profundidadee foram datadas entre 8270 +70 anosAP (Beta 236423) e 8370 + 60 anos AP (Beta236422) para o sítio ACH-LP1 e entre 7260 + 60anos AP (Beta 236420) e 6990 + 70 anos AP(Beta 236421) para o sítio ACH-LP3.A análise das indústrias líticas dos três sítioscom sobreposição de ocupações demonstrouclaramente que estratégias tecnológicasdistintas estavam sendo empregadas por doisAdriana Schmidt Dias e Sirlei Elaine Hoeltz

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!