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REVISTA DE ARQUEOLOGIA - leiaufsc

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60complexidade das técnicas em uso, a aquisiçãoprecoce faz com que os conhecimentossejam aprendidos sem necessariamente serempensados ou discutidos. O autor acrescentaque estes conhecimentos e saber-fazertécnicos são considerados rígidos e nãoserão renegociados na vida adulta, aindaque uma flexibilidade de adaptação sejasempre possível. Para Boëda é em funçãodesta rigidez, sinônimo de estabilidade, quese pode reconhecer, individualizar e diferenciaros saberes técnicos de uma determinadasociedade.Para operacionalizar, na prática, a análisedas sequências gestuais empreendidaspelos artesãos, recorremos à leitura diacríticados instrumentos. Neste tipo de análisese busca revelar os diferentes agenciamentosque conduziram o artesão à produção doobjeto planejado, que nada mais é senãoprocurar dispor em ordem cronológica asretiradas determinadas pelo artesão ao cursode uma caminhada refletida (Pelegrin,1995;Boëda, 1997). Parte-se da perspectivaque na produção de um dadoinstrumento, o artesão, após a obtenção dosuporte, efetua retiradas numa ordem cronológicaa partir das quais organiza superfíciesa fim de impor ao objeto uma determinadaestrutura e, neste processo, ele criasuperfícies adequadas para compor unidadesativas e/ou passivas. Assim formado, oinstrumento decompõem-se em três partes:1) uma parte receptiva de energia quecoloca o instrumento em funcionamento;2) uma parte preensiva que permite ao instrumentofuncionar, podendo, em certoscasos se sobrepor à primeira; e 3) uma partetransformativa. Cada uma destas partesconstitui-se de uma ou várias UnidadesTecno-Funcionais (UTFs). Portanto, a diferenciaçãodas sequências ou etapas de lascamentotraduz-se pela interpretação doobjetivo de cada retirada, individualmente,para em seguida relacioná-las a uma oumais unidades tecno-funcionais. Este procedimentoresulta na identificação técnicade cada uma das etapas, podendo tratar-sede uma Unidade Tecno-Funcional Transformativa(parte ativa do instrumento) oude uma Unidade Tecno-Funcional Preensiva(parte passiva do instrumento).Para o reconhecimento específico dasUTFs transformativas de peças bifaciais,Boëda observa que há várias combinaçõesentre as duas superfícies que as compõem(entre superfícies planas e convexas). Explicaque a assimetria existente entre estas duassuperfícies faz com que os planos de seçãodas bordas (planos de corte) sejam tambémassimétricos e que modificações podem ocorreràs custas destes planos de corte. Se taismodificações corresponderem a uma afiação(ou retoque) tem-se um novo plano de seçãoe a este denomina-se plano de bico. Observandoo modo como estas afiações foram efetuadas,o autor identificou sempre o mesmoprocedimento, isto é, modificações às custasda superfície superior, convexa ou irregular,a partir da superfície inferior, sempre plana.Frente a essas observações, Boëda afirma quenão há outra maneira de modificação para aspeças bifaciais (Boëda, 1997). Mediante taisprocedimentos, ao término da leitura das peçasbifaciais ter-se-á definido os elementos ecaracteres técnicos que as constituem e, numprocesso de encadeamento desses atributos,a sua gênese. A interpretação dessas informaçõestorna possível definir como e por queos instrumentos foram produzidos e, ao compará-los,definir quem os produziu (para aleitura de outras categorias de objetos líticosver Hoeltz, 2005).As indústrias líticas bifaciais englobadaspelo conceito de Tradição Humaitá representamrealidades complexas e sua variabilidadeespacial indica escolhas culturais e identidadessociais que estão refletidas nas cadeiasAdriana Schmidt Dias e Sirlei Elaine Hoeltz

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