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IV. O diálogo inter-religioso como projecto cultural

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Peter StilwellReportando-se a uma afirmação de Adam Smith 18 , Jonathan Sacks lembraque a sociedade «se funda num sentido moral, que se expressa em primeirainstância no contexto da família e dos amigos, da comunidade e da congregação»19 . Com efeito: «o que cria famílias, comunidades, relações, os microssistemas da virtude, está para além do domínio do poder. A virtude nãopode ser coagida. A rectidão não pode ser criada por decreto. A compaixãoestá para além do alcance do fiat do governo» 20 .Adiante, insiste que:«O conceito de limites morais do poder é mais importante para a liberdade do quea democracia. Pois a democracia contém em si um perigo fatal. Tocqueville deu-lheum nome: a “tirania da maioria”. Uma maioria pode oprimir uma minoria. A únicadefesa contra isso é estabelecer os limites morais do poder. Essa é a base dos direitoshumanos» 21 .Nas sociedades plurais do Ocidente, esse sentido moral a que se refere Sacksdeve ser alimentado pelo debate permanente sobre o que há de melhor nopa trimónio intelectual e espiritual das várias correntes filosóficas e religiosasno tecido social. É um debate de que o poder político precisa, para que asociedade tenha consistência, mas que terá sempre que decorrer à margemda política partidária e da pressão eleitoral. Nele se tece não tanto um contratosocial, mas uma aliança entre indivíduos e comunidades em torno deuma narrativa que a todos integra e propõe um caminho.ConclusãoAo que se foi dizendo, acrescento as seguintes considerações finais:1. O diálogo <strong>inter</strong>-<strong>religioso</strong> enriquecerá qualquer <strong>projecto</strong> <strong>cultural</strong> que tenhaem vista criar condições para a gestão pacífica dos conflitos e harmonizaras diversas comunidades em torno do bem comum.2. Mas, para que isso aconteça, é fundamental que às diversas tradiçõessejam facilitados os meios de educação e comunicação, sem os quais dificilmenteconseguirão que os seus membros alcancem um domínio críticodo seu próprio património espiritual e o traduzam de forma competentena vida pública.137

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