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Estrutura Modular nas Escolas Profissionais - Faculdade de ...

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Ministério da Educação GETAP — Gabinete <strong>de</strong> Educação Tecnológica, Artística eProfissionalESTRUTURA MODULAR NAS ESCOLAS PROFISSIONAISQUADRO DE INTELIGIBILIDADEPORTO Dezembro1992


ESTRUTURA MODULAR NAS ESCOLAS PROFISSIONAISQuadro <strong>de</strong> Inteligibilida<strong>de</strong>NACEM - NÚCLEO DE APOIO À CONCRETIZAÇÃO DA ESTRUTURA MODULAR• ANA TEIXEIRA• CELESTE MARÇAL• ELVIRA LEITE• MARINA GRAÇA• MATIAS ALVES• LUÍSA ORVALHO (Coor<strong>de</strong>nadora)© GETAP — Edição do Gabinete <strong>de</strong> Educação Tecnológica, Artística e ProfissionalISBN: 972-9386-26-9Depósito Legal: 64096/93Capa: Elvira LeiteFotografia da Capa: José Bravoimpressão: Rainho & Neves, Lda. / Santa Maria da FeiraV- Edição - 1992 - 1000 exemplares


ÍNDICE5LISTA DE FIGURAS......................................................................................................................... 6INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 7SUMÁRIO.......................................................................................................................................... 9QUE ESTRUTURA MODULAR PARA AS ESCOLAS PROFISSIONAIS......................................... 11Razões <strong>de</strong> uma opção ............................................................................................................... 11O que é estrutura modular?........................................................................................................ 12Porquê princípios psicopedagógicos estruturantes na abordagem modulardo currículo?............................................................................................................................... 15A modularização <strong>de</strong> um currículo — que implicações? ............................................................. 16PRINCÍPIOS PSICOPEDAGÓGICOS ESTRUTURANTES DA PROPOSTADE ESTRUTURA MODULAR .......................................................................................................... 17Quais são os atributos que <strong>de</strong>finem a psicologia cognitiva? ..................................................... 18Conclusão................................................................................................................................... 20PRÁTICAS PEDAGÓGICAS............................................................................................................ 23PROGRESSÃO E AVALIAÇÃO DOS ALUNOS À LUZ DA ESTRUTURAMODULAR NAS ESCOLAS PROFISSIONAIS................................................................................ 29A progressão: da uniformida<strong>de</strong>, massificação e «produção em fornada»à diversida<strong>de</strong>,individualida<strong>de</strong> e flexibilida<strong>de</strong> .............................................................................. 29Didáctica da progressão: quadro <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong>s .................................................................. 29Modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> avaliação: avaliação formativa e avaliação sumativa...................................... 30A CONCEPTUALIZAÇÃO DO CURRÍCULO MODULAR DAS EP's ................................................ 33Os percursos da conceptualização modular das EP's a partir <strong>de</strong> 1989 ................................... 33Uma conceptualização modular i<strong>de</strong>al........................................................................................ 35Que fazer então para conciliar o real com o i<strong>de</strong>al? ................................................................... 35Exemplificação do <strong>de</strong>senvolvimento curricular ao nível da escola............................................ 37BIBLIOGRAFIA................................................................................................................................. 39


LISTA DE FIGURAS6Fig.Pág.1. Abordagem integradora da EM para as EP's ................................................. 132. Flexibilida<strong>de</strong> na organização dos módulos..................................................... 143. Plano curricular <strong>de</strong> nível III ............................................................................. 344. Uma conceptualização modular em termos i<strong>de</strong>ais......................................... 365. Exemplos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento curricular ao nível da escola .... 37


INTRODUÇÃO7Este documento, preten<strong>de</strong> dar a conhecer o Quadro <strong>de</strong> Inteligibilida<strong>de</strong> da<strong>Estrutura</strong> <strong>Modular</strong> para as <strong>Escolas</strong> <strong>Profissionais</strong> (EMpara as EP's), que resultou do contributo e da mobilização <strong>de</strong> esforços ereflexões <strong>de</strong> todos quantos nele se sentem envolvidos.Tem como objectivo i<strong>de</strong>ntificar uma nervura principal a partir da qual cadaescola possa <strong>de</strong>senvolver os seus próprios caminhos, métodos e soluçõespara os problemas <strong>de</strong>correntes da acção pedagógica. Apela-se para que osprofessores mobilizem os seus saberes e, em conjunto com todos os actoreseducativos, empreguem as suas capacida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> forma a<strong>de</strong>quada àsnecessida<strong>de</strong>s e condições particulares da própria escola.A uniformização em todos os <strong>de</strong>talhes não é <strong>de</strong>sejável nem possível. Cadaescola potencia um projecto educativo específico no conjunto das escolas eesse aspecto <strong>de</strong>verá ser respeitado e alimentado <strong>nas</strong> suas diferenças. Noentanto, sublinhe-se que liberda<strong>de</strong> implica responsabilida<strong>de</strong>. O processo<strong>de</strong>ve ser aberto, avaliado passo a passo e, como tal, tem que contar com aatenção permanente <strong>de</strong> todos os intervenientes.Estamos no terceiro ano <strong>de</strong> experiência do funcionamento das EP's, on<strong>de</strong> foiiniciada a abordagem à EM. Vamos preparar os próximos três anos,encontrar respostas significativas às questões que, <strong>de</strong> uma forma dinâmica,vão sendo colocadas, sistematicamente.Atentos às forças da inércia, vamos trabalhar no sentido <strong>de</strong> as transformarem agentes <strong>de</strong> mudança e inovação.NACEM — ANA TEIXEIRACELESTE MARÇALELVIRA LEITEMARINA GRAÇAJOSÉ MATIAS ALVESLUÍSA ORVALHO (Coor<strong>de</strong>nadora)


SUMÁRIO8Neste trabalho faz-se uma abordagem ao quadro conceptual <strong>de</strong> umaestrutura modular que se julga compatível com o sucesso do projectoeducativo das <strong>Escolas</strong> <strong>Profissionais</strong> consi<strong>de</strong>rado em todas as suasdimensões: pessoal, social e profissional.Assim, após uma reflexão mais teórica sobre o que é a estruturamodular, <strong>de</strong>senvolvem-se sucessivamente os princípiospsicopedagógicos estruturantes <strong>de</strong>ssa proposta, as práticaspedagógicas e ainda uma reflexão sobre a progressão e a avaliaçãodos alunos à luz da referida EM.Finalmente, numa breve referência à conceptualização do currículomodular das EP's, propõem-se linhas orientadoras <strong>de</strong> acções a<strong>de</strong>senvolver que possibilitem concretizações do quadro i<strong>de</strong>al no contexto<strong>de</strong> cada escola.


QUE ESTRUTURA MODULAR NAS ESCOLAS PROFISSIONAIS9RAZÕES DE UMA OPÇÃOA aposta modular para as <strong>Escolas</strong> <strong>Profissionais</strong> <strong>de</strong>riva basicamente dos seguintesnormativos enquadradores da reforma educativa e das políticas <strong>de</strong> formaçãoprofissional:• A Lei n 2 46/86 <strong>de</strong> 14 <strong>de</strong> Outubro, Lei <strong>de</strong> Bases do Sistema Educativo, <strong>de</strong>termina noart 2 19 a, ponto 3: «A formação profissional estrutura-se segundo um mo<strong>de</strong>loinstitucional e pedagógico suficientemente flexível que permita integrar os alunos comníveis <strong>de</strong> formação e características diferenciados»; e no ponto 5 «A organização doscursos <strong>de</strong> formação profissional <strong>de</strong>ve a<strong>de</strong>quar-se às necessida<strong>de</strong>s conjunturaisnacionais e regionais <strong>de</strong> emprego, po<strong>de</strong>ndo integrar módulos <strong>de</strong> duração variável ecombináveis entre si com vista à obtenção <strong>de</strong> níveis profissionais sucessivamente maiselevados»;• O Decreto-Lei n e 26/89 <strong>de</strong> 21 Janeiro, que cria as <strong>Escolas</strong> <strong>Profissionais</strong>, no art 2 92,ponto 1, <strong>de</strong>termina: «Os cursos ministrados pelas <strong>Escolas</strong> <strong>Profissionais</strong> serãoorganizados, <strong>de</strong> preferência, em módulos <strong>de</strong> duração variável, combináveis entre si,segundo níveis <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> qualificação profissional progressivamente maiselevados»;• O Decreto-Lei n 2 401/91 <strong>de</strong> 16 <strong>de</strong> Outubro, que estabelece o enquadramento legalda formação profissional inserida no sistema educativo e no mercado <strong>de</strong> emprego,<strong>de</strong>termina no seu art 2 5, 2 ponto 1: «A formação profissional <strong>de</strong>ve, na medida dopossível, favorecer a polivalência, estruturar-se em módulos e funcionar em ligaçãocom os actuais contextos <strong>de</strong> trabalho e sua evolução».Deste quadro normativo po<strong>de</strong> concluir-se que a formação profissional oferecida pelasEP's se <strong>de</strong>ve organizar-se através <strong>de</strong> um processo <strong>de</strong> modularização. Partindo <strong>de</strong>stapremissa, as questões que importa formular po<strong>de</strong>rão ser do tipo:• O que é a estrutura modular?• O que são módulos?• Que conceptualização modular para as EP's? Que implicações? (...)O QUE É ESTRUTURA MODULAR?<strong>Estrutura</strong> <strong>Modular</strong>das EP’sA estrutura modular das EP's (fig. 1) constitui uma forma <strong>de</strong> organizar a formaçãoprofissional <strong>de</strong> um modo flexível, tendo implicações ao nível do <strong>de</strong>senvolvimentocurricular, da organização da escola e das práticas pedagógicas e tendo aindasubjacente a opção por princípios psicopedagógicos estruturantes.Parte-se do conceito <strong>de</strong> módulos como unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizagem autónomasmas integradas num todo coeso, que permitem a um aluno/a, um grupo <strong>de</strong> alunosadquirir um conjunto <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong>s, através <strong>de</strong> experiências ou activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>aprendizagem cuidadosamente concebidas.


MódulosEstas unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizagem, os módulos, constituem pois componentessignificativas, completas em si mesmas e simultaneamente interligadas, fazendo parte<strong>de</strong> um todo cuja estrutura interna permite sequências flexíveis.Especifiquemos um pouco mais: hoje em dia a palavra módulo entrou na linguagemcorrente sendo utilizada em situações muito diversas: por exemplo, módulo aplicado aomobiliário normalizado, módulo das construções do «lego», módulo <strong>de</strong> edifícios, mastambém módulo <strong>de</strong> um curso universitário ou módulo da formação profissional… Emtodos estes exemplos existe, <strong>de</strong> comum, o facto <strong>de</strong> a palavra módulo ser tomada comouma unida<strong>de</strong> simples, perfeitamente autónoma, mas à qual po<strong>de</strong>m e <strong>de</strong>vem seradicionadas outras unida<strong>de</strong>s para constituir conjuntos dotados <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> própria.Analisemos dois exemplos dos acima citados: os módulos <strong>de</strong> mobiliário (os módulos <strong>de</strong>uma cozinha) e os <strong>de</strong> uma construção «lego» (Warwick, 1987). Os primeiros, osmódulos da cozinha, são completamente in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes, po<strong>de</strong>m combinar-se entre si<strong>de</strong> modos diferentes constituindo o total a soma das partes. O critério da escolha<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> da concepção do construtor já que os módulos são alternativos.No segundo caso, a construção tipo «lego», as unida<strong>de</strong>s parcelares subenten<strong>de</strong>m umaconfiguração geral, um <strong>de</strong>sign segundo o qual a construção se enquadra e na qual cadapeça tem uma função pré-<strong>de</strong>terminada. Este segundo caso permite ainda novasconfigurações mediante novas relações entre os elementos e/ou a junção <strong>de</strong> maiselementos. Há uma maior intervenção da criativida<strong>de</strong> do construtor e um maior grau <strong>de</strong>liberda<strong>de</strong>. Aqui o total resulta também das interacções entre as partes.Módulos alternativos, diferentes sequencialida<strong>de</strong>s num mesmo conjunto <strong>de</strong> módulos,agregação <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> módulos a outros módulos constituindo um novo conjuntosignificativo aos quais a variável ritmo <strong>de</strong> progressão po<strong>de</strong> ainda introduzir maioresdiferenciações — tudo isto representa potencialida<strong>de</strong>s que a flexibilida<strong>de</strong> do sistemamodular oferece (fig. 2).


11Proprieda<strong>de</strong>s <strong>de</strong>uma estrutura modularcurricularEm resumo, são proprieda<strong>de</strong>s fundamentais da estrutura modular <strong>de</strong> um currículo aflexibilida<strong>de</strong>, a coerência interna e a potencialida<strong>de</strong> sistémica,Tirando partido <strong>de</strong> todas estas potencialida<strong>de</strong>s, assistimos actualmente, ao nível dossistemas <strong>de</strong> ensino em geral e, particularmente em <strong>de</strong>terminados níveis, a umaexpansão do recurso à organização modular do ensino--aprendizagem, fraccionandoos conteúdos/activida<strong>de</strong>s em partes cognitivamente significativas e operacionalizáveis,<strong>de</strong> modo a oferecer percursos flexíveis que possibilitem ritmos <strong>de</strong> progressão maisdiferenciados ou mesmo individualizados.«A aposta na estrutura modular representa um dos elementos matriciais O projectoformativo tivo das <strong>Escolas</strong> <strong>Profissionais</strong>» (AZEVEDO, J., 1991) já que, citando o mesmoautor,«(...) trata-se <strong>de</strong> uma forma <strong>de</strong> centrar a aprendizagem sobre a pessoa do aluno;cada módulo i<strong>de</strong>ntifica objectivos, meios e tarefas e propõe a avaliação; não há alunos<strong>de</strong>ixados "por conta" mas a todos se criam condições <strong>de</strong> progressão <strong>de</strong> um módulo aoutro reforçando-se <strong>de</strong> imediato eventuais lacu<strong>nas</strong>; respeita-se a diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ritmosO projecto formativodas Ep's


e <strong>de</strong> situações <strong>de</strong> ensino--aprendizagem <strong>de</strong> cada educando; rendibilizam-se todas asaquisições feitas pelo aluno consagrando tudo o que ele já sabe; <strong>de</strong>senvolve-se muitoo sentido <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> individual e até a cooperação interalunos; perante astarefas a realizar o aluno sabe o que fazer e torna-se claro que lhe cabe o principalpapel na consecução da aprendizagem. Não sendo propriamente uma panaceia...»PORQUÊ PRINCÍPIOS PSICOPEDAGÓGICOS ESTRUTURANTES NAABORDAGEM MODULAR DO CURRÍCULO?Uma das proprieda<strong>de</strong>s da estrutura modular, a sua flexibilida<strong>de</strong>, potencia uma gran<strong>de</strong>adaptabilida<strong>de</strong> dos módulos, visível, por exemplo, no modo diversificado como os<strong>de</strong>fensores <strong>de</strong> diferentes teorias pedagógicas os abordam: enquanto os a<strong>de</strong>ptos dosmo<strong>de</strong>los behavioristas do processo da aprendizagem dão mais ênfase às progressõesmuito graduais, à cuidadosa sequencialida<strong>de</strong>, à recompensa dos sucessos através doscréditos, os <strong>de</strong>fensores <strong>de</strong> abordagens da aprendizagem inseridas em correntescognitivo/construtivistas/humanistas olham os módulos mais como «um meio <strong>de</strong> salvara criativida<strong>de</strong> da tirania dos horários» (Warwick, Davis, 1987). Conforme este mesmoautor salienta, cada um, <strong>de</strong> certo modo, po<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver uma concepção modularfazendo salientar os aspectos que melhor se adaptem ao trabalho que quer<strong>de</strong>senvolver.«Um esquema modular não significa todos os esquemas modulares» (...) já que (...)«os módulos não são um fim em si mesmos, po<strong>de</strong>ndo tomar diferentes colorações <strong>de</strong>acordo com os mo<strong>de</strong>los curriculares» (...), (i<strong>de</strong>m).O módulo aparece então como qualquer coisa que não tem significação por si mesma.Esta <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do percurso modular, dos processos, das finalida<strong>de</strong>s atribuídas e docontexto.Consequentemente, um dos aspectos fundamentais que se torna necessário <strong>de</strong>finir, àpartida, numa modularização do currículo, será o da i<strong>de</strong>ntificação dos princípiospsicopedagógicos a<strong>de</strong>quados à conceptualização modular que se preten<strong>de</strong>implementar.A MODULARIZAÇÃO DE UM CURRÍCULO — QUE IMPLICAÇÕES?SínteseA modularização <strong>de</strong> um currículo <strong>de</strong> formação profissional para as EP's implica:A nível da concepção:princípios psicopedagógicos estruturantes;organização modular;<strong>de</strong>senvolvimento curricular modularizado;Ao nível da realizaçãoimplementação das estratégias/activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ensino-aprendizagem;a gestão do processo;a avaliação do processo e dos produtos.Ao nível do contexto:uma nova forma <strong>de</strong> pensar a escola, uma nova forma <strong>de</strong> organizar e administrar aescola (gestão pedagógica, espaços, tempos,...); uma nova forma <strong>de</strong> ser e <strong>de</strong> estar naescola para todos os intervenientes (alunos, professores, meio escolar, comunida<strong>de</strong>);


13assunção do projecto da EP por todos os actores (alunos-professores-escola-paiscomunida<strong>de</strong>)simultaneamente como agentes e como sujeitos em <strong>de</strong>senvolvimento.


PRINCÍPIOS PSICOPEDAGÓGICOSESTRUTURANTES DA PROPOSTADE ESTRUTURA MODULAR14As correntes, tradicionalmente consi<strong>de</strong>radas na psicologia educacional,têm condicionado as práticas pedagógicas na sala <strong>de</strong> aula,influenciando <strong>de</strong> maneira significativa o processo <strong>de</strong>ensino/aprendizagem.Uma das primeiras tem por base a teoria behaviorista <strong>de</strong> estímuloresposta,em que se consi<strong>de</strong>ra que toda a fonte <strong>de</strong> conhecimento éexterior ao homem. Toda a aprendizagem se faz através <strong>de</strong> fenómenosexteriores observáveis ligadosaos agentes humanos, e não através <strong>de</strong> factores internos (memória,cognição, mente, etc.)Estas i<strong>de</strong>ias foram aplicadas ao ensino por Skinner (1938). Toda aaprendizagem é controlada pelo professor, <strong>de</strong>sempenhando o aluno umpapel passivo. Uma estrutura modular assente nestes princípiospsicopedagógicos leva a que diferentes alunos sigam a mesmasequência <strong>de</strong> módulos pré--<strong>de</strong>terminada limitando-se a receberconhecimento estático e socorrendo-se, com frequência, da repetiçãodum mesmo exercício para atingir o nível <strong>de</strong>sejado. A sequência <strong>de</strong>activida<strong>de</strong>s e tarefas é, em geral, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da resposta do aluno.A teoria <strong>de</strong>senvolvimentalista, que teve em Piaget um dos seus maisilustres representantes, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que a inteligência é fonte dumprocesso progressivo <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> estruturas mentais.Esta sequência <strong>de</strong> estádios diferentes é invariável para todos osindivíduos sendo comparável ao crescimento, já que ambos consistemessencialmente numa marcha para o equilíbrio (Piaget, 1973).PerspectivabehavioristaPerspectiva<strong>de</strong>senvolvimentalistaBaseada na i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> que todo conhecimento é construído peloindivíduo numa interacção com o ambiente externo, surgiu uma novafilosofia <strong>de</strong> ensino que coloca a tónica no controlo activo daaprendizagem por parte do aluno. Visando o <strong>de</strong>senvolvimento dascapacida<strong>de</strong>s intelectuais <strong>de</strong> resolução <strong>de</strong> problemas, <strong>de</strong>ve serproporcionado ao aluno um ambiente <strong>de</strong> aprendizagem rico quepermita a sua auto-aprendizagem por experimentação.Levada às últimas consequências po<strong>de</strong> até tornar supérfluo o professorque só intervém para avaliar o aluno sempre que este se sinta prontopara realizar o exame ou o teste no final <strong>de</strong> cada módulo, para prestarapoio ou tirar dúvidas, quando solicitado pelo aluno.<strong>Estrutura</strong> <strong>Modular</strong> <strong>de</strong> KellerO Sistema Personalizado <strong>de</strong> Instrução (SPI), conhecido como SistemaKeller <strong>de</strong> Ensino, implementado no Brasil e nos Estados Unidos, porexemplo, e cujo relato mais conhecido foi publicado em 1968 por Keller,baseia-se no condicionamento operante cujo referencial teórico é apsicologia do estímulo--resposta-reforço. Este sistema modular <strong>de</strong>ensino/aprendizagem surgiu como reacção ao ensino expositivocentrado exclusivamente no professor e tinha como linhas básicas: «Vána própria velocida<strong>de</strong>», cada unida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve correspon<strong>de</strong>r a objectivos


em precisos, uso <strong>de</strong> monitores para a aplicação <strong>de</strong> testes repetidos eavaliação e recuperação imediatas.Dentro <strong>de</strong>ste quadro, novos <strong>de</strong>senvolvimentos contribuíram para oaperfeiçoamento <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhes e variações metodológicas <strong>de</strong>ste sistema<strong>de</strong> ensino, originando formas alternativas.A mo<strong>de</strong>rna teoria cognitivista encara a inteligência como um conjunto<strong>de</strong> processos cognitivos treináveis e cujo treino po<strong>de</strong> ser controladoexperimentalmente (Almeida, 1988).Nesta abordagem, o papel do professor <strong>de</strong>ve ser o <strong>de</strong> mediador daaprendizagem do aluno, o mediador entre o sujeito da aprendizagem eo conhecimento Perspectiva cognitivista a15adquirir, bem como entre o sujeito e o ambiente <strong>de</strong> aprendizagem. Acorrente cognitivista <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> que o ensino <strong>de</strong>ve basear-se num diálogoentre o aluno e o professor em que o controlo é partilhado por ambos— interacção mútua.A psicologia cognitivista vê o sujeito como um ser produtivo e dinâmico.A origem do conhecimento e da aprendizagem está no próprio sujeitoque interactua constantemente com o meio, produzindo assimreestruturações inter<strong>nas</strong> dos seus próprios esquemas.A aprendizagem surge mediante processos <strong>de</strong> construção interna, nosquais o sujeito dota <strong>de</strong> um significado especial o conteúdo daaprendizagem. A tarefa <strong>de</strong> qualquer professor, encarada dum ponto <strong>de</strong>vista construtivista, é a <strong>de</strong> proporcionar aos alunos situações em que assuas construções pessoais possam ser articuladas, <strong>de</strong>senvolvidas econfrontadas com construções formais aceites cientificamente.Só quando os alunos tomarem consciência das suas próprias i<strong>de</strong>ias,dos seus processos cognitivos e do seu uso em situaçõesproblemáticas, po<strong>de</strong>rão progredir no seu <strong>de</strong>senvolvimento intelectual ena construção do seu conhecimento.


QUAIS SÃO OS ATRIBUTOS QUE DEFINEM A PSICOLOGIA COGNITIVA?16Atributos dapsicologiacognitivistaA primazia das estruturas e processos do sujeito em relação àconstrução do conhecimento; o interesse pelo estudo dos processos <strong>de</strong>alto nível 1 do homem; a importância da motivação intrínseca frente àextrínseca.1


17O ensino <strong>de</strong>ve ser individualizado para que a aprendizagem seja significativa2 <strong>de</strong>vendo o professor reconhecer a estrutura cognitiva <strong>de</strong> cadaaluno ou grupo <strong>de</strong> alunos e adaptar as estratégias pedagógicas na sala<strong>de</strong> aula ou em contexto <strong>de</strong> trabalho às características do aluno.A psicologia cognitivista, ao <strong>de</strong>stacar a importância dos processos <strong>de</strong>aprendizagem e o <strong>de</strong>senvolvimento do indivíduo, contribui, para apsicologia educativa actual, com mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> importância einteresse que po<strong>de</strong>m ser incorporados <strong>nas</strong> metodologias escolares.Também, ao <strong>de</strong>stacar a importância das activida<strong>de</strong>s individuais, dáênfase à adopção <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los cooperativos <strong>de</strong> aprendizagem.A i<strong>de</strong>ia da aprendizagem como processo cooperativo não representauma novida<strong>de</strong> na pedagogia, o que é, na verda<strong>de</strong>, uma novida<strong>de</strong> no<strong>de</strong>senvolvimento do processo cooperativo é a utilização <strong>de</strong> novastecnologias na escola.O uso <strong>de</strong> tecnologias da informação, da documentação e dacomunicação, permite, no âmbito escolar, organizar uma ampla gama<strong>de</strong> activida<strong>de</strong>s cooperativas <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> motivação para os alunos ecapazes <strong>de</strong> relacionarem a diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conteúdos curriculares (ocomputador, como exemplo <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> informação,documentação e comunicação, proporciona ferramentas muito potentespara a produção, gestão e disseminação <strong>de</strong> conhecimentos).Aprendizagemindividualizada cooperativaNo âmbito do ensino-aprendizagem, ao concretizar-se um planocurricular, é necessário dar respostas a:— Que conteúdos seleccionar? Quem os vai apren<strong>de</strong>r? Como os voutratar? Como vou avaliar a sua aquisição?Mas mais que os conteúdos a questão é saber quecapacida<strong>de</strong>s/competências, atitu<strong>de</strong>s e comportamentos intelectuais emanuais os alunos <strong>de</strong>vem adquirir no final dum curso, duma disciplina,dum módulo.Qual(ais) o(s) contributo(s) <strong>de</strong> cada uma e <strong>de</strong> todas as discipli<strong>nas</strong> doplano curricular para atingir essas capacida<strong>de</strong>s/competências que sepreten<strong>de</strong> que cada aluno venha a adquirir no final <strong>de</strong> seu percurso?Que atitu<strong>de</strong>s pessoais e que activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>vem ser vivenciadas pelosalunos? Que clima <strong>de</strong> comunicação quero promover na sala? Comovou avaliar o ponto <strong>de</strong> partida <strong>de</strong> cada aluno, para o ensinar emconformida<strong>de</strong>, adaptando essa realida<strong>de</strong> que é a classe-turma, ogrupo-turma, o grupo-alunos, o aluno, às activida<strong>de</strong>s e à metodologia?«O factor mais importante que influencia a aprendizagem é o que oaluno já sabe. Determine isto e ensine-o em conformida<strong>de</strong>»(AUSUBEL, D., 1968).A concretização passa também pela riqueza <strong>de</strong> materiais <strong>de</strong> trabalho einstrumentos <strong>de</strong> apoio na sala <strong>de</strong> aula que permitam efectuaractivida<strong>de</strong>s e projectos que superem a rigi<strong>de</strong>z dos mo<strong>de</strong>losconducionistas,li<strong>de</strong>rados pelo professor.Teoria cognitivista <strong>de</strong>aprendizagem <strong>de</strong> DavidAusubel2 Para que ocorra aprendizagem significativa é necessário que haja predisposição do aluno para relacionar a novainformação com os conceitos relevantes pré-existentes na sua estrutura cognitiva


18A avaliação formativa <strong>de</strong>ve estar sempre presente em todo o percurso do(s) módulo(s) e ter gran<strong>de</strong>ênfase em relação à avaliação-classificação que se fica exclusivamente por medir conteúdos.A gestão do espaço e do tempo tem implícito um currículo oculto 3 , que se fundamenta na opção <strong>de</strong>um mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> escola e da socieda<strong>de</strong>:A escolacentrada noaluno e quefomenta acooperaçãoVivência doprojectoeducativoa escola centrada no programa versus uma escola centrada no aluno;a competitivida<strong>de</strong> individualista, versus a cooperação.Uma pergunta feita muitas vezes pelos professores é:«A modularização do currículo po<strong>de</strong> ser aplicada a todas as componentes do plano curricular?».A concretização é mais fácil numas discipli<strong>nas</strong> que noutras, os princípios aqui enunciados sãoválidos para qualquer situação <strong>de</strong> ensino-aprendizagem, siga este uma organização modular ou não,o que está em jogo não é, na verda<strong>de</strong>, a <strong>Estrutura</strong> <strong>Modular</strong> em si, mas a inovação das práticaspedagógicas e da avaliação.Os horários dos professores <strong>de</strong>verão comportar também uma componente não lectiva paraplanificação <strong>de</strong> projectos e activida<strong>de</strong>s interdisciplinares e transdisciplinares, para elaboração eprodução <strong>de</strong> materiais pedagógicos que substanciem a vivência do projecto educativo <strong>de</strong> cadaescola, por todos os intervenientes do processo educação/formação.Não basta renovar os programas, é necessário preparar, adaptar e <strong>de</strong>senvolver as crençaspedagógicas do professor, condição essencial para o <strong>de</strong>senvolvimento do novo currículo.CONCLUSÃOPerante os pressupostos subjacentes à criação das escolas profissionais:• Apoio personalizado;• Orientação educativa;• Avaliação fundamentalmente formativa;Príncipiospsicopedagógicos estruturantesda EM para asEP’spensamos que os princípios psicopedagógicos cognitivo/construtivista//humanistas da aprendizagem po<strong>de</strong>m favorecer a qualida<strong>de</strong> educativa da formaçãoprofissional pelo que preconizamos a sua adopção, como princípios estruturantes da<strong>Estrutura</strong> <strong>Modular</strong> para as EP's.Esta visão não esquece que a aprendizagem <strong>de</strong>ve ser orientada por objectivosgerais, que <strong>de</strong>vem ser explicitamente enunciados no currículo, nos programas e, emparticular, em cada módulo.3 Currículo explícito- os contéudos, as activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizagem, o que se diz e o que se ensina.Currículo oculto- o que se ensina sem o fazer explicitamente


as, há objectivos específicos, que os alunos ainda jovens, regra geral, não são capazes <strong>de</strong> fixar,caso dos alunos que frequentam os cursos <strong>de</strong> níveis 2 e 3 <strong>nas</strong> escolas profissionais, (cursos nãopós-laborais), requerendo a intervenção do professor.Se é certo que o aluno apren<strong>de</strong> cometendo erros e tentando <strong>de</strong> novo, não é menos verda<strong>de</strong> que,para os ultrapassar ou saber que errou, precisa da ajuda do professor.Por outro lado, não é certo que um aluno que adquiriu competências numa <strong>de</strong>terminada área oudomínio realizando uma tarefa seja necessariamente capaz <strong>de</strong> as transferir para outra área <strong>de</strong>conhecimento totalmente diferente; exige-se que o professor utilize a estratégia mais a<strong>de</strong>quada quelhe permita a transferência <strong>de</strong>ssa capacida<strong>de</strong>/competência para novas situações. Saber como equando tornou-se um objectivo fundamental <strong>de</strong> todo o processo <strong>de</strong> ensino-aprendizagem <strong>nas</strong> nossasescolas.


PRÁTICAS PEDAGÓGICAS2020


Uma escola a <strong>de</strong>spertar para os novos apelos. Uma escola problema-tizadora, que trabalhe para o<strong>de</strong>senvolvimento multidimensional das personalida<strong>de</strong>s, formação integral da pessoa como membro<strong>de</strong> uma comunida<strong>de</strong>.Será uma Escola em mudança se cada um <strong>de</strong> nós, professores, revitali-, zarmos a nossa postura, setodos sentirmos essa necessida<strong>de</strong>, se todos pensarmos na mudança necessária!...«Todas as gran<strong>de</strong>s revoluções são feitas em pensamento. Quando se produz uma mudança nopensamento humano, a acção segue a direcção do pensamento como um navio segue a direcçãoindicada pelo seu radar».21Tolstoi 4Esta introdução faz apelo à realida<strong>de</strong> que sempre vivemos. Que se possa mudar algo na escola,sem que sejam exigidas condições «i<strong>de</strong>ais», sem esperar «gran<strong>de</strong>s» apoios exteriores. Serápossível apesar <strong>de</strong> tudo, viver a escola através do exercício da responsabilida<strong>de</strong> pedagógica?Sempre o foi, quando a ênfase era o ensinar, também o po<strong>de</strong>rá ser na perspectiva do apren<strong>de</strong>r.A escola então, po<strong>de</strong>rá ser um espaço reorganizado segundo uma nova estrutura <strong>de</strong> modo a queseja configurada como um pequeno mundo social, on<strong>de</strong> se elaboram capacida<strong>de</strong>s (observação,curiosida<strong>de</strong>, análise, objectivida<strong>de</strong>, dúvida crítica...) atitu<strong>de</strong>s (iniciativa, responsabilida<strong>de</strong>,negociação...) através <strong>de</strong> activida<strong>de</strong>s didácticas tais como trabalho <strong>de</strong> campo, pesquisa bibliográfica,prática <strong>de</strong> oficina, exercícios <strong>de</strong> simulação, trabalho <strong>de</strong> projecto e também a exposição oral quando éusada para apresentação <strong>de</strong> questões, <strong>de</strong> sínteses... e não tanto como meio <strong>de</strong> transmissão <strong>de</strong>conhecimentos.O trabalho <strong>de</strong> grupo é relevante. No grupo dá-se atenção à pessoa, no grupo po<strong>de</strong>m usar-sediferentes metodologias: reflexão pessoal, reflexão <strong>de</strong> grupo, <strong>de</strong>bate, painel, estudo dirigido...Na escola em <strong>Estrutura</strong> <strong>Modular</strong> po<strong>de</strong>rão estar presentes diferentes conceitos curriculares ediferentes metodologias.Quando se verifica uma preocupação no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> processos cognitivos, o que está emjogo é muito mais o como e porquê do que o quê. Os conteúdos programáticos embora relevantes,serão introduzidos à medida das oportunida<strong>de</strong>s. In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente dos conteúdos específicos,trabalha--se o aluno no pressuposto <strong>de</strong> que quem apren<strong>de</strong> como fazer uma ca<strong>de</strong>ira, apren<strong>de</strong> comofazer uma mesa, ou quem apren<strong>de</strong> como construir uma resposta para o problema A apren<strong>de</strong> comoconstruir uma resposta para o problema B. O mais relevante é <strong>de</strong>senvolver capacida<strong>de</strong>s, qualificar,classificar, relacionar, transformar, tomar <strong>de</strong>cisões sobre, resolver problemas, pensar criativamente,pensar sobre o pensar 5Mas a escola, embora não seja propriamente a vida, prepara para a vida. Ela po<strong>de</strong>rá ser agente <strong>de</strong>mudança social e sendo assim sente um forte compromisso. Não separa educação <strong>de</strong> instrução,trabalha com os alunos fornecedo-lhes ferramentas <strong>de</strong> sobrevivência e <strong>de</strong> intervenção. A escola<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>, neste pressuposto que, o que se passa <strong>nas</strong> aulas po<strong>de</strong>rão ser experiências <strong>de</strong> vida quemarquem os alunos. Daí a importância <strong>de</strong> trabalhar em projectos que envolvam problemas reais <strong>de</strong>âmbito sociocultural.Este processo faz apelo à auto-actualização porque as experiências <strong>de</strong> vida levam a umainsatisfação permanente que motiva a pesquisa, fonte <strong>de</strong> animação centrada no aluno, orientadapara o <strong>de</strong>senvolvimento e libertação pessoais.Também aqui os conteúdos são importantes mas integrados na reconstrução <strong>de</strong> respostas. Asquestões vão surgindo, integrando conteúdos que vão sendo tratados à medida das necessida<strong>de</strong>sevi<strong>de</strong>nciadas.4 RED, Herbert(1958). A Educação pela Arte, Lisboa Edições 70, Arte e Comunicação.5 A taxonomia <strong>de</strong> B. Presseisen, baseada <strong>nas</strong> Taxonomias <strong>de</strong> Bloom e Guilford, consi<strong>de</strong>ra 2 tipos <strong>de</strong>capacida<strong>de</strong>s/competências <strong>de</strong> pesamento


22O método <strong>de</strong> projecto centrado na resolução <strong>de</strong> problemas, propõe, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> escolhida umaquestão ou tema-problema, uma pesquisa no âmbito disciplinar ou interdisciplinar que pressupõetrabalho em grupo, e <strong>de</strong>ntro do grupo, trabalho individual, com activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolvidas pelosalunos — pesquisa no terreno, consulta <strong>de</strong> livros, filmes, etc... — contando com o(s) professor(es)como guia(s), consultor(es), estimulador(es). O percurso é <strong>de</strong> participação activa dos alunos <strong>nas</strong>aprendizagens, apren<strong>de</strong>r a apren<strong>de</strong>r, ou seja, apren<strong>de</strong>r novas posturas na relação eu/nós,nós/outros, apren<strong>de</strong>r as diferentes dimensões do ensino-aprendizagem, apren<strong>de</strong>r formas <strong>de</strong>observação, planeamento cooperativo, selecção, <strong>de</strong>cisão, acção organizada em tomo <strong>de</strong> um fim.A escola no seu projecto, quebrando a barreira entre a escola e a vida, po<strong>de</strong>rá inventariarnecessida<strong>de</strong>s locais e seleccionar aquelas que os professores terão que planificarpluridisciplinarmente, no âmbito das propostas <strong>de</strong> activida<strong>de</strong>s, tarefas, tempos..., para que, com osseus alunos, estu<strong>de</strong>m caminhos <strong>de</strong> resposta às questões que se forem <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ando.Todos trabalharão por exemplo sobre POLUIÇÃO, NECESSIDADE DE INDUSTRIALIZAR,DESENVOLVIMENTO TURÍSTICO, PATRIMÓNIO, IMPLICAÇÕES SOCIAIS DA INFORMÁTICA,PROBLEMA DA FOME, EMIGRAÇÃO...Ao nível disciplinar, po<strong>de</strong>rão encontrar-se meios eficazes para que os alunos cheguem aosobjectivos bem <strong>de</strong>terminados pelo professor. Neste caso.não estão em causa tanto as tarefas mas sim as estratégias privilegiadas, as tecnologias dacomunicação na relação professor/aluno.O professor irá preocupar-se com as metodologias <strong>de</strong> instrução ou seja irá preparar o espaço/aulacom todo o rigor, pondo or<strong>de</strong>nadamente à disposição todos os materiais necessários para cadaaluno ou grupo <strong>de</strong> alunos. O seu discurso será conciso, lógico, claro e o <strong>de</strong>senvolvimento far-se-ápelos alunos com apoio dos materiais.A aprendizagem <strong>de</strong>corre <strong>de</strong> modo previsto com o máximo <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong> focalizada. Trabalham-seconteúdos através <strong>de</strong> activida<strong>de</strong>s programadas, através do diálogo com o professor. Interessa osaber como.Po<strong>de</strong>remos concluir que, consoante as opções metodológicas, assim o professor contribuirá para<strong>de</strong>senvolver no aluno a consciência crítica ou a memorização, uma visão universal ou unilateral, aaprendizagem pelo prazer ou pela angústia. Pelos processos se apren<strong>de</strong> a ser livre ou <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte,competitivo ou cooperativo, seguro ou inseguro, limitado ou criativo...Mas a realida<strong>de</strong> diz-nos que não haverá um único método que se possa apresentar como mo<strong>de</strong>lo a<strong>de</strong>smultiplicar no contexto da estrutura modular. Cada professor é diferente do outro, tem as suascrenças, as suas emoções as seus saberes e fragilida<strong>de</strong>s. Cada aluno é diferente do outro e aacrescentar, cada curso, cada escola, cada contexto, formam unida<strong>de</strong>s diferenciadas. Sendo assimserá fundamental diversificar, experimentar novos métodos, métodos recriados, alternando adiscussão com a exposição, o método <strong>de</strong> projecto e o estudo dirigido, trabalho <strong>de</strong> grupo, trabalhoindividual, trabalho <strong>de</strong> campo, trabalho em sala, em contexto <strong>de</strong> trabalho, utilização das tecnologias,organização <strong>de</strong> pesquisa ou dossier temático, etc. Passo a passo, reflectidamente, o professorsaberá quais os métodos que melhor se aplicam aos tipos <strong>de</strong> alunos e ao perfil profissional.— Processos básicos, elementares ou baixo nível;— Processos complexos ou <strong>de</strong> alto nível .Nos primeiros incluem-se qualificações, classificações, <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> relações, transformações e estabelecimento <strong>de</strong>relações <strong>de</strong> causa-efeito, enquanto que os processos complexos abrangem o pensamento criativo, o pensamento crítico, tomada<strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões e resolução <strong>de</strong> problemas. Nestes últimos po<strong>de</strong>mos distinguir duas dimensões, uma orientada para a tarefa e outrapara a estratégia, consi<strong>de</strong>rando que a tarefa tem a ver com a utilização e estratégia tem a ver com saber como e quando —transferência para novas situações


23É por hoje se saber que afinal o fracasso <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> parte dos alunos, na escola, não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong>uma <strong>de</strong>terminação genética ou sociológica, que <strong>de</strong>sponta uma nova postura, mais optimista,relativamente ao processo <strong>de</strong> ensino-aprendizagem e, neste contexto, inovação é a saídainevitável 6 , mas cada inovação <strong>de</strong>verá ter em conta a singularida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cada escola, <strong>de</strong> cadasituação educativa, tal como já foi referido.Cada escola, no exercício responsável da automomia <strong>de</strong> que dispõe, terá <strong>de</strong> criar situações <strong>de</strong>aprendizagem em que os professores sejam produtores <strong>de</strong> materiais didácticos, <strong>de</strong> registossistematizados <strong>de</strong> experiências, <strong>de</strong> projectos, <strong>de</strong> activida<strong>de</strong>s.Esta dinâmica que se reclama das escolas é uma situação <strong>de</strong> emergência e, como tal, vai por certoenriquecer a vida do corpo docente, do conselho pedagógico, da escola, da comunida<strong>de</strong>,tal comoestá já a acontecer nalguns casos.<strong>Escolas</strong> há que estão a implementar iniciativas várias, diferentes <strong>de</strong> umas para as outras.O apelo é no sentido da teorização e sistematização <strong>de</strong> práticas acumuladas e dos conhecimentosproduzidos pelos professores em trabalho quotidiano, <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>adores <strong>de</strong> novas práticas.Será <strong>de</strong> conquistar simultaneamente espaços <strong>de</strong> divulgação <strong>de</strong> experiências, <strong>de</strong> trocas, <strong>de</strong>interacção, <strong>de</strong> reflexão conjunta, assim como a produção <strong>de</strong> materiais <strong>de</strong> apoio a professores ealunos, que terão <strong>de</strong> ser concretizados e divulgados.Esta tarefa não será <strong>de</strong> fácil concretização, mas é necessária para que a estrutura modular seja umarealida<strong>de</strong> com sucesso.A formação e actualização dos professores é uma vertente que tem <strong>de</strong> ser encaradasimultaneamente pelo Ministério da Educação, pelas escolas e pelos próprios professores.6 CANÁRIO, RUI (1989). Projecto Eco- Arronches. Para uma estratégia <strong>de</strong> formação contínua <strong>de</strong> professores , Apren<strong>de</strong>r, 3,pp.26-33


PROGRESSÃO E AVALIAÇÃO DOS ALUNOS À LUZ DA ESTRUTURAMODULAR NAS EP'S24A PROGRESSÃO: DA UNIFORMIDADE, MASSIFICAÇÃO E «PRODUÇÃO EM FORNADA» À DIVERSIDADE,INDIVIDUALIDADE E FLEXIBILIDADEDentro do paradigma tradicional do ensino/aprendizagem centrado essencialmente no programa erainevitável que todos os alunos percorressem todos os patamares do plano <strong>de</strong> estudos, isto é, era necessárioque todos ouvissem e dispensassem o mesmo tempo com os conteúdos pré-<strong>de</strong>terminados, que prestassemprovas e fossem classificados nos mesmos momentos. A progressão era uniforme, massificada emassificante, tratando todos como iguais, quando <strong>de</strong> facto todos são diferentes.No entanto somos forçados a admitir que este tipo <strong>de</strong> progressão não é uma fatalida<strong>de</strong>. Tendo em conta oquadro conceptual, os princípios psicopedagógicos da EM já i<strong>de</strong>ntificados, teremos <strong>de</strong> reconhecer que oritmo <strong>de</strong> progressão no plano <strong>de</strong> estudos <strong>de</strong>ve ser sobretudo <strong>de</strong>terminado pelas aprendizagens realizadaspor cada aluno e não por uma arbitrária norma burocrática que diz que todos progri<strong>de</strong>m ao mesmo ritmo esão classificados no mesmo momento. Trata-se agora, pois, <strong>de</strong> criar dispositivos pedagógicos eorganizativos que permitam a efectivação <strong>de</strong> uma progressão diversa, individualizada e flexível.DIDÁCTICAS DA PROGRESSÃO: QUADRO DE POSSIBILIDADESSe admitirmos que o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> fixar os momentos e ritmos <strong>de</strong> progressão resi<strong>de</strong> nos alunos, teremos<strong>de</strong> criar condições organizacionais, pedagógicas e didácticas para que tal aconteça. Enunciam-se, <strong>de</strong>seguida, algumas possibilida<strong>de</strong>s:• Os alunos po<strong>de</strong>riam ser integrados em grupos <strong>de</strong> nível <strong>de</strong> consecução <strong>de</strong> aprendizagens, ciclicamentereorganizados em função das progressões, ou os alunos po<strong>de</strong>riam organizar-se em gruposcooperativos...;• Os alunos teriam <strong>de</strong> ser formados nesta nova «tecnologia»: compreen<strong>de</strong>ra, aceitá-la, investirpessoaimente no sucesso da sua aplicação (só se conseguindo, se eles virem que lhes traz vantagens...);• Não haveria momentos pré-<strong>de</strong>finidos pelo professor para formalizar a avaliação sumativa; cadaaluno/grupo <strong>de</strong> alunos é que solicitaria ao professor que lhes propiciasse a avaliação; a efectivação <strong>de</strong>steprincípio exige que o professor disponha <strong>de</strong> uma bateria <strong>de</strong> provas diversas sobre a mesma matéria, mas<strong>de</strong>ve admitir-se e praticar-se que as provas <strong>de</strong> avaliação po<strong>de</strong>m socorrer-se <strong>de</strong> outros processos que nãosó o escrito: uma conversa, uma experiência, uma produção, um projecto... po<strong>de</strong>m ser provas <strong>de</strong>avaliação...• Num <strong>de</strong>terminado grupo <strong>de</strong> alunos (por exemplo 15 alunos) haverá necessariamente alguns que estão noponto X do programa, outros no ponto Y e ainda outros no ponto Z. Assim sendo, o professor não po<strong>de</strong>fazer <strong>de</strong> conta que todos estão no ponto Y, não po<strong>de</strong> expor para todos, não po<strong>de</strong> centrar o ensino numponto i<strong>de</strong>al do programa; terá <strong>de</strong> trabalhar com cada grupo, ouvir/esclarecer dúvidas, fazer peque<strong>nas</strong>exposições que se a<strong>de</strong>quem aos pontos programáticos em que cada grupo se encontra, fornecermateriais para um trabalho autonomizado...;


25• Reconhecida esta prática, não se põe o problema do professor ir adiantado com a generalida<strong>de</strong> dosalunos e haver um grupo (por ex. 5 alunos) que vai num módulo mais atrasado e que terá, sozinho, <strong>de</strong>resolver os problemas <strong>de</strong> aprendizagem <strong>de</strong>sse módulo e simultaneamente ir acompanhando a matériaque o professor vai dando aos alunos mais adiantados. As práticas <strong>de</strong> docência (ensino) têm <strong>de</strong> ajustar-seàs necessida<strong>de</strong>s dos alunos e não os alunos ajustarem-se ao ritmo imposto pela progressão;• À medida que este sistema <strong>de</strong> progressão se for generalizando numa <strong>de</strong>terminada escola é inevitável queos horários <strong>de</strong> cada disciplina evoluam para a simultaneida<strong>de</strong>, por exemplo, das 8.30 às 10.30h <strong>de</strong> 2- feirahaverá três professores a leccionar a disciplina <strong>de</strong> Matemática, não à turma A dos 10 2 , do 11 s e 12- anosmas a três grupos diferenciados segundo os níveis <strong>de</strong> realização das aprendizagens.(...)MODALIDADES DE AVALIAÇÃO: A AVALIAÇÃO FORMATIVA E A AVALIAÇÃO SUMATIVAAs duas modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> avaliação — formativa e sumativa — assumem funções distintas e realizam-se emmomentos diversos.A avaliação formativa realiza-se ao longo do processo <strong>de</strong> ensino-aprendizagem, é da responsabilida<strong>de</strong> doprofessor/do aluno, diagnostica as dificulda<strong>de</strong>s e respectivas causas e propõe processos e estratégias <strong>de</strong>superação; para além <strong>de</strong>sta acção continuada, a avaliação formativa realiza-se também no conselho <strong>de</strong>turma, pelo menos duas vezes por ano: aqui o colectivo <strong>de</strong> professores analisa as condições <strong>de</strong> realizaçãodas aprendizagens, as classificações atribuídas


por cada professor, as práticas docentes e discentes, a organização pedagógica, os espaços, ostempos, todas as variáveis do sistema, e <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> as necessárias alterações, reajustamentos a introduzir noprocesso do ensino-aprendizagem e nomeadamente a planificação <strong>de</strong> activida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> apoio eenriquecimento. É também nestes momentos que a avaliação sumativa, realizada módulo a módulo com ocontributo do professor e do(s) aluno(s), é analisada, que se traça o perfil evolutivo das aprendizagens,que se aprova essas classificações e se propõem para ratificação à direcção pedagógica.A avaliação sumativa realiza-se por iniciativa dos alunos no final <strong>de</strong> cada módulo, na escala <strong>de</strong> 0 a20 valores e só será afixada em pauta quando as aprendizagens dos alunos são positivas.Quando um aluno (re)inicia um <strong>de</strong>terminado percurso <strong>de</strong> formação, a avaliação <strong>de</strong> diagnóstico dossaberes e dos saberes-fazer assume uma relevância significativa e <strong>de</strong>ve operacionalizar-se tomandocomo referência os pré--requisitos <strong>de</strong> entrada e os critérios <strong>de</strong> sucesso dos módulos constituintes dopercurso formativo a encetar.Também para efeito <strong>de</strong> reconhecimento <strong>de</strong> equivalências (alunos provenientes do ensino regular, <strong>de</strong>outros Cursos das EP's, <strong>de</strong> outras modalida<strong>de</strong>s e subsistemas <strong>de</strong> ensino) ou ainda para efeito <strong>de</strong>reconhecimento <strong>de</strong> saberes adquiridos na vida profissional e não certificados (caso dos alunos dos cursospós-laborais) po<strong>de</strong>rá ser solicitada uma avaliação <strong>de</strong> módulos através da realização <strong>de</strong> uma testagem <strong>de</strong>conhecimentos/competências, uma vez conseguida a integração do aluno no projecto educativo da escolae da(s) disciplina(s) em particular.Daqui se <strong>de</strong>preen<strong>de</strong> que não há equivalências directamente administrativas mas sim equivalências«funcionais» (através <strong>de</strong> um percurso funcional).26


A CONCEPTUALIZAÇÃODO CURRÍCULO MODULAR DAS EP'S27Sendo as EP's escolas que atribuem qualificação profissional, a formação nelas<strong>de</strong>senvolvida, a partir <strong>de</strong> projectos educativos próprios, tem <strong>de</strong> ter em conta comoreferenciais:1. Os perfis profissionais dos respectivos cursos, ou seja, «(...)» a <strong>de</strong>scrição dascompetências, atitu<strong>de</strong>s e comportamentos necessários para exercer as funções próprias<strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> profissões afins (...), Decreto-Lei n 9 401/91 <strong>de</strong> 16 <strong>de</strong> Outubro(Enquadramento legal da formação profissional), no pressuposto <strong>de</strong> que um profissional étambém um ser social e um ser pessoal.2. Os correspon<strong>de</strong>ntes perfis <strong>de</strong> formação que «constituem a tradução em conteúdos<strong>de</strong> formação dos perfis profissionais,» e que se concretizam no plano <strong>de</strong> estudos.A partir <strong>de</strong>stes referenciais, o <strong>de</strong>senvolvimento modular do currículo <strong>de</strong>verá ter ainda,como ponto <strong>de</strong> partida, o conceito <strong>de</strong> módulo e os princípios psicopedagógicos básicosque se seleccionam como estruturantes da organização modular que se preten<strong>de</strong>implementar.OS PERCURSOS DA CONCEPTUALIZAÇÃO MODULAR DAS EP'S A PARTIR DE 19891. Ponto <strong>de</strong> partida1.1 As gran<strong>de</strong>s competências, atitu<strong>de</strong>s e comportamentos da profissão (na perspectivado ser profissional, do ser social e do ser pessoal) — Perfil profissional.1.2 O referencial <strong>de</strong> formação: a diferenciação dos gran<strong>de</strong>s saberes/componentes/discipli<strong>nas</strong> — Perfil <strong>de</strong> formação.2. Elaboração do plano <strong>de</strong> estudos. (Ver fig. 3)COMPONENTESOCIOCULTURALCOMPONENTE CIENTÍFICACOMPONENTE TÉCNICA,TECNOLÓGICA E PRÁTICA (OUARTÍSTICA)D1 D2 (...) D4 D5 (...) D7 D8 (...)m1 mi m1 m1m2 m2 m2 m2(...) (...) (...) (...)m1, m2, (...) — módulos das discipli<strong>nas</strong>Fig. 3 — Plano curricular <strong>de</strong> nível III


283. A concepção dos programas disciplinares assenta no pressuposto que «um programa<strong>de</strong>ve ser fundamentalmente uma engenharia do currículo para as tarefas <strong>de</strong> aprendizageme não só uma <strong>de</strong>scrição do conteúdo», (VALENTE, O<strong>de</strong>te, 1989) e realizada <strong>de</strong> acordocom as orientações que se seguem:A <strong>Estrutura</strong> Geral <strong>de</strong> um programa contém:1. Introdução2. Tema Integrador (opcional)3. Elenco <strong>Modular</strong>/Carga horária por módulo4. Perfil do(s) docente(s)5. Explicitação Geral da Grelha utilizada6. Bibliografia GeralA <strong>Estrutura</strong> <strong>de</strong> cada módulo contém:1. Objecto/Conteúdo Programático2. Método/Sugestões <strong>de</strong> Activida<strong>de</strong>/Tarefas3. Objectivos4. Avaliação5. Instalações e Equipamentos6. Articulações7. Bibliografia e outros materiais instrucionaisAo fim <strong>de</strong> dois anos <strong>de</strong> percurso surge como indiscutível a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se re<strong>de</strong>finir aconstrução modular do currículo das EP's porquanto o edifício construído se mostra algoina<strong>de</strong>quado à funcionalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste processo.UMA CONCEPTUALIZAÇÃO MODULAR IDEALUma conceptualização modular i<strong>de</strong>al, partindo dos perfis <strong>de</strong> profissão e <strong>de</strong> formação,po<strong>de</strong>ria <strong>de</strong>senvolver os gran<strong>de</strong>s projectos, os gran<strong>de</strong>s temas abrangentes e/ou as gran<strong>de</strong>sunida<strong>de</strong>s curriculares <strong>de</strong> aprendizagem e, a partir <strong>de</strong>stes, a diferenciação dos saberesautónomos, uni, pluri, inter ou transdiscipli-nares — os módulos (fig. 4).Em função dos princípios psicopedagógicos já atrás enunciados, o sistema modular não<strong>de</strong>ve ser confundido com uma atomização <strong>de</strong> processos ou conteúdos nem com umindividualismo competitivo. Antes supõe que, em cada módulo, se efectue umaconvergência <strong>de</strong> dinâmicas sociais propiciadoras do <strong>de</strong>senvolvimento do ser pessoal. Paraisso há também que dar ênfase, não a critérios <strong>de</strong> programação lineares do currículo, masantes a critérios <strong>de</strong> planificação que respeitem um <strong>de</strong>senvolvimento integrado do currículoe das dinâmicas psico--sócio-afectivas intrínsecas à activida<strong>de</strong> cognitiva dos sujeitospermitindo a estes uma visão global dos fenómenos, isto é, compreendê-los nacomplexida<strong>de</strong> dos seus processos e articulações consentâneos quer com pressupostos <strong>de</strong>uma diversida<strong>de</strong> metodológica quer com uma avaliação dinâmica do processo.


QUE FAZER ENTÃO PARA CONCILIAR O REAL COM O IDEAL?29A acção a <strong>de</strong>senvolver <strong>de</strong>correrá a dois níveis:1. Ao nível central, o reajustamento participado dos programas curriculares comintervenção dos diferentes actores (autores, especialistas, escolas, representantes domundo do trabalho;...).2. Ao nível das escolas profissionais:2.1 O <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> uma «dinâmica <strong>de</strong> escola geradora <strong>de</strong> projectos integradores<strong>de</strong> diferentes discipli<strong>nas</strong> e saberes» (AZEVEDO, J„ 1991).2.2 O reajustamento dos programas será feito, face ao projecto educativo que cadaescola protagoniza, aos objectivos pedagógicos e estratégias <strong>de</strong> ensino-aprendizagem, noexercício da respectiva autonomia pedagógica, adaptando, orientando e introduzindocomponentes <strong>de</strong> inserção local e a<strong>de</strong>quando às realida<strong>de</strong>s do Curso, do meio e do tecidosócio-económico-cultural.O suporte temático organizador:as gran<strong>de</strong>s finalida<strong>de</strong>s/competências doCurso:O Perfil da Profissão O Perfil <strong>de</strong> FormaçãoOs gran<strong>de</strong>s temas abrangentes/Osgran<strong>de</strong>s projectos/As gran<strong>de</strong>s unida<strong>de</strong>scurricularesMACROMÓDULOS> 1MACRO yPara cada Tema/Projecto/Unida<strong>de</strong>, diferenciação dos váriosdomínios <strong>de</strong> saberes autónomos: áreaspluri/trans/unidisciplinares —osMÓDULOSDf D2'D3' D4m1^ m3^m2^m6Ex:Macromódulo pluridisciplinar Macromódulo Módulo inDiferenciação progressiva em unida<strong>de</strong>s modulares elementaresMICD1, D2, D3, D4 m1, m2, m3, m6 discipli<strong>nas</strong>módulos unidisciplinares


30Fig. 4 — Uma conceptualização modular em termos i<strong>de</strong>aisEXEMPLIFICAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO CURRICULAR AO NÍVEL DA ESCOLAA partir das propostas programáticas existentes, constituídas por conjuntos <strong>de</strong> módulos disciplinares, aescola, com participação da sua equipa docente, elabora a sua planificação curricular que fará parteintegrante do seu plano <strong>de</strong> activida<strong>de</strong>s. Desta planificação curricular <strong>de</strong> nível local po<strong>de</strong>rão resultar:Macromódulos — módulos integrados <strong>de</strong> diferentes discipli<strong>nas</strong>, módulos pluridisciplinares, fusão <strong>de</strong>módulos <strong>de</strong> uma mesma disciplina; a inclusão <strong>de</strong> módulos intercalares — <strong>de</strong> apoio (conhecimentosprévios) ou <strong>de</strong> enriquecimento; a reorganização da sequencialida<strong>de</strong> interna dos módulos (critérioslongitudinais ou transversais ao currículo); a manutenção <strong>de</strong> módulos unidisciplina-res; (...).A fig. 5 preten<strong>de</strong> exemplificar propostas <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento curricular que se a<strong>de</strong>quem às realida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>cada escola e simultaneamente salvaguar<strong>de</strong>m a atomização do saber que uma modularização po<strong>de</strong>comportar.COMPONENTES SÓCIO-CULTURAL CIENTÍFICA TÉCNICA, TECNOLÓGICA EPRÁTICA (OU ARTÍSTICA)DISCIPLINAS D1 D2 (...) D4 (...) D7M Ó D U L 0SAXE0B0Macromódulo pluridisciplinarMacromódulo unidisciplinarMódulo unidisciplinarMacromódulo integradoFig. 5 — Exemplos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento curricular ao nível da escolaBIBLIOGRAFIAALMEIDA, L. (1988) • Teorias da Inteligência, Porto, Edições «Jornal <strong>de</strong> Psicologia».AZEVEDO, J. (1991) • Educação Tecnológica, Anos 90, Porto, Edições ASA.


CANÁRIO, R. (1989) • Projecto Eco-Arronches — Para uma estratégia <strong>de</strong> formação contínua <strong>de</strong> professores,Apren<strong>de</strong>r, 3.31FARIA, W. (1987) • Teorias <strong>de</strong> Ensino e Planejamento Pedagógico, S.Paulo, Brasil, E.P.U.NOVACK, J. (1987) • Uma teoria <strong>de</strong> Educação, S.Paulo, Brasil, Biblioteca Pioneira <strong>de</strong> Ciências Sociais.READ, H. (1958) • A Educação pela Arte, Lisboa, Edições 70, Arte e Comunicação. WARWICH D. (1987) • The<strong>Modular</strong> Curriculum, Oxford, England, Basil Blackwell Ltd.

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