ADEUS À SEGURANÇA SOCIAL - Nova Odivelas
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8 <strong>Nova</strong> <strong>Odivelas</strong><br />
17 Dezembro<br />
ACTUALIDADE<br />
SEGURANÇA <strong>SOCIAL</strong><br />
Lar de Idosos e Centro Infan<br />
Henrique Ribeiro<br />
henrique_ribeiro@simpruspress.pt<br />
Em Janeiro do próximo<br />
ano para dar cumprimento<br />
do Decreto-lei<br />
487/2010, todos os<br />
equipamentos para<br />
crianças e idosos tutelados<br />
pelo Instituto de Solidariedade<br />
Social, vão<br />
ser entregues à gestão<br />
da Santa Casa da Misericórdia<br />
de Lisboa, medida<br />
que abrange, em<br />
<strong>Odivelas</strong>, o Centro Infantil<br />
e o Lar de Idosos.<br />
AJoaquim Lourenço está<br />
há alguns anos ligado ao<br />
Lar de Idosos de <strong>Odivelas</strong>.<br />
Na sua qualidade de cidadão<br />
residente no concelho e conhecedor<br />
da realidade deste equipamento,<br />
falou-nos de algumas<br />
dúvidas que esta situação lhe coloca.<br />
A aguardar publicação, que terá<br />
de ser em breve, este Decreto-lei<br />
define que os estabelecimentos<br />
integrados do Centro Distrital de<br />
Lisboa do Instituto da Segurança<br />
Social (ISS), vai transitar, por<br />
um período experimental de três<br />
anos, para a Santa Casa da Misericórdia<br />
de Lisboa (SCML).<br />
Findos estes três anos a documento<br />
admite a possibilidade da<br />
passagem ser definitiva com e<br />
alargada também às próprias<br />
instalações que passarão a ser<br />
propriedade da SCML.<br />
No que aos funcionários diz res-<br />
PUB<br />
peito o documento diz que os<br />
funcionários mantêm as mesmas<br />
características e não<br />
perdem regalias relativamente<br />
à Administração Pública,<br />
continuando<br />
Trabalhadores com Contrato<br />
de Trabalho em Funções Públicas.<br />
No entanto, para Joaquim<br />
Lourenço persiste a<br />
dúvida do que acontecerá<br />
aos funcionários após os três<br />
anos de transição com a passagem<br />
definitiva.<br />
Embora saiba que o Decretolei<br />
possa em qualquer altura<br />
ser alterado, as disposições<br />
actuais «Trazem coisas estranhas,<br />
no que concerne, por<br />
exemplo, às instalações onde<br />
esses equipamentos funcionam,<br />
que no caso da passagem<br />
definitiva serão<br />
entregues à Santa Casa sem<br />
que esta instituição seja onerada,<br />
ou seja, serão oferecidos».<br />
Relativamente ao Lar de <strong>Odivelas</strong>,<br />
Joaquim Lourenço<br />
teme que esta transição<br />
possa provocar algumas situações<br />
de atraso em alguns<br />
projectos referindo especificamente<br />
a colocação de uma<br />
escada de incêndio e beneficiações<br />
de adaptação às necessidades<br />
actuais e às<br />
obrigações legais que «Trariam<br />
mais segurança e seriam<br />
uma solução eficaz<br />
estando já os projectos aprovados<br />
pela Câmara Municipal<br />
e pela Autoridade<br />
Nacional de Protecção Civil».<br />
Todos os projectos existentes<br />
vão transitar do Gabinete de<br />
Apoio Técnico do Instituto<br />
de Segurança Social para Santa<br />
Casa da Misericórdia de Lisboa<br />
«Mas tenho dúvidas que neste<br />
período transitório que a SCML,<br />
como se diz em bom português,<br />
vá fazer filhos em mulheres<br />
alheias e portanto estes projectos<br />
serão congelados durante<br />
três anos». Se assim acontecer, a<br />
situação será preocupante no<br />
Lar de <strong>Odivelas</strong>, «Que funciona<br />
quase como uma unidade de<br />
cuidados continuados dando<br />
muito apoio a pessoas com muitas<br />
dependências» e manter o<br />
equipamento mais três anos sem<br />
escada de incêndios «Pode ser<br />
um pouco irresponsável».<br />
Para Joaquim Lourenço faz sentido<br />
esta transição e a sua contestação<br />
não tem a ver com o<br />
acto em si. «Desde que se trabalhe<br />
bem não há qualquer problema»<br />
embora considere que<br />
com esta passagem «O Estado<br />
está a livrar-se de uma responsabilidade<br />
social que tem e a<br />
breve trecho não terá muita coerência<br />
a existência da Segu-<br />
rança Social e faz-se como os<br />
americanos que têm os seguros<br />
de saúde». Joaquim Lourenço<br />
contesta o facto de a entrega ser<br />
aleatória. Deu o exemplo de um<br />
equipamento entregue à Associação<br />
Luís Pereira da Mota, em<br />
Loures, «Que está aparentemente<br />
muito bem gerido e é um<br />
caso de sucesso» e Mansão de<br />
Marvila, que foi entregue à Fundação<br />
D. Pedro IV e «Tenho ouvido<br />
histórias perfeitamente<br />
rocambolescas daquele equipamento<br />
e o ISS não tem capacidade<br />
para resolver aquele<br />
problema porque o contrato foi<br />
feito por dez anos com condições<br />
que até eu ficava com o<br />
equipamento sozinho e quase<br />
de certeza que me ia dar lucro».<br />
Joaquim Lourenço ouviu familiares<br />
de utentes desses estabelecimentos<br />
contar que «Os<br />
idosos estão a comer a sopa e há<br />
pedaços de tecto a cair no<br />
prato».<br />
Para Joaquim Lourenço a transição<br />
devia ser feita com cuidado<br />
e escolher instituições com alguma<br />
experiência e conhecimento<br />
da área e não entregar<br />
todos à mesma instituição como<br />
acontece agora que são 27 estabelecimentos<br />
entregues de uma<br />
vez a uma instituição. «A Segurança<br />
Social vai dar de mão beijada<br />
à primeira instituição que<br />
lhe aparece, a sua propriedade,<br />
que é nossa também, e que vale<br />
milhões de euros. Uma vez mais<br />
continuamos a despejar dinheiro<br />
e a Santa Casa se calhar<br />
daqui a três anos vai receber milhões<br />
de euros em património».<br />
Embora sem pôr em causa a<br />
competência da SCML para<br />
gerir estes equipamentos, Joaquim<br />
Lourenço considera que<br />
«A Santa Casa domina muito<br />
bem a área de Lisboa. Tenho dúvida<br />
que domine sem grandes<br />
problemas o concelho de <strong>Odivelas</strong><br />
e os outros concelhos do distrito<br />
onde vão ficar com<br />
equipamentos». Por isso, defende<br />
que os equipamentos deveriam<br />
ser entregues a<br />
instituições locais e que, no caso<br />
de <strong>Odivelas</strong>, há instituições que<br />
já provaram ter vocação e competência<br />
para os gerir, mas sempre<br />
com os processos muito bem<br />
acompanhados. «O ISS tem<br />
vindo a ouvir os directores dos<br />
equipamentos e tem vindo a<br />
corrigir algumas asneiras que<br />
foram feitas» afirmou Joaquim<br />
Lourenço que, no entanto continua<br />
a ter dúvidas em algumas<br />
disposições do projecto final do<br />
Decreto-lei, como seja a passagem<br />
a 01 de Janeiro. «Não acredito<br />
que seja possível transferir<br />
milhares de idosos e mais de<br />
1.000 funcionários ao mesmo