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Alcobaça diz adeus a Tarcísio Trindade - Região de Cister

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4 ENTREVISTA<br />

RuI REmíGIO<br />

“A Nazaré precisa <strong>de</strong> um plano<br />

que reúna um largo consenso”<br />

O fundador do Movimento <strong>de</strong> Cidadania Património<br />

e Desenvolvimento da Nazaré <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> um<br />

conjunto <strong>de</strong> medidas que evitem uma maior <strong>de</strong>scaracterização<br />

da vila, mas também do concelho,<br />

apontando a revisão do Plano Director Municipal<br />

como elemento-chave para esse processo.<br />

REGIÃO DE CISTER (RC) > Como é que um<br />

engenheiro mecânico se interessa tanto pelo<br />

património?<br />

RUI REMÍGIO (RR) > Essa pergunta encerra duas<br />

facetas como resposta. Uma <strong>de</strong>las é que, <strong>de</strong> facto,<br />

sou engenheiro mecânico <strong>de</strong> formação, mas<br />

rapidamente envere<strong>de</strong>i pela gestão <strong>de</strong> empresas.<br />

Além disso, sou nazareno, nasci em casa dos<br />

meus avós junto ao Elevador e já cheguei à sexta<br />

geração da minha árvore geneológica, o que<br />

me permite <strong>diz</strong>er que mais <strong>de</strong> 90% dos meus<br />

ascen<strong>de</strong>ntes são todos nazarenos. Curiosamente,<br />

a minha mãe nasceu no concelho da Nazaré e o<br />

meu pai no da Pe<strong>de</strong>rneira. Interesso-me muito<br />

pelo <strong>de</strong>senvolvimento sustentável da Nazaré, do<br />

concelho e da região on<strong>de</strong> ele se insere, porque<br />

cedo me apercebi que muito estava a ser feito<br />

sem ser na perspectiva <strong>de</strong> um <strong>de</strong>senvolvimento<br />

sustentado. Era necessária uma intervenção minha<br />

e <strong>de</strong> outros nazarenos neste campo. Há erros<br />

do ponto <strong>de</strong> vista do or<strong>de</strong>namento do território<br />

e do <strong>de</strong>senvolvimento sustentável que foram<br />

cometidos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> e antes do 25 <strong>de</strong> Abril. Não<br />

é uma questão só da actual Câmara, que tem<br />

fortíssimas responsabilida<strong>de</strong>s, mas o anterior<br />

presi<strong>de</strong>nte [Luís Monterroso] também tem gran<strong>de</strong>s<br />

responsabilida<strong>de</strong>s no que se tem feito no<br />

or<strong>de</strong>namento do território e do património.<br />

RC > Há alguns anos falava-se do “triângulo<br />

virtuoso” Praia, Sítio e Pe<strong>de</strong>rneira, mas a<br />

Nazaré <strong>de</strong>senvolveu-se para um conjunto <strong>de</strong><br />

outros espaços e até a população acabou por<br />

se dispersar. Acha que a vila ficou a ganhar<br />

ou a per<strong>de</strong>r com isso?<br />

RR > Ficou a ganhar por ter <strong>de</strong>ixado <strong>de</strong> existir<br />

uma gran<strong>de</strong> concentração <strong>de</strong> pessoas, mas ficou<br />

a per<strong>de</strong>r no que se fez em todos os agregados<br />

urbanos. Tenho até um estudo, que ainda não<br />

terminei, sobre o concelho, que conclui existirem<br />

agregados populacionais que não são conhecidos<br />

da generalida<strong>de</strong> dos resi<strong>de</strong>ntes e dos nascidos na<br />

Nazaré. Por outro lado, constata-se que existem<br />

fortíssimas agressões do ponto <strong>de</strong> vista urbanístico<br />

em todos os agregados do concelho.<br />

RC > Chegados a este ponto, o que fazer?<br />

RR > Em rigor, a gran<strong>de</strong> maioria das habitações<br />

são irreversíveis, pois torna-se bastante<br />

dispendioso recuperá-las. O que é fundamentalmente<br />

negativo é a <strong>de</strong>struição <strong>de</strong> certo património<br />

e há situações que queremos evitar<br />

que aconteçam. Posso especificar três casos<br />

muito recentes. A antiga Casa da Câmara, na<br />

Pe<strong>de</strong>rneira, cujo projecto para o Largo Bastião<br />

Fernan<strong>de</strong>s conseguimos evitar que fosse para<br />

a frente. O Monte <strong>de</strong> São Bartolomeu foi palco<br />

<strong>de</strong> muito abandono, <strong>de</strong> muito <strong>de</strong>sleixo e nós<br />

SOLTAS “ON THE RECORD”<br />

“Existem fortíssimas agressões do ponto <strong>de</strong> vista<br />

urbanístico em todos os agregados do concelho”<br />

“Devemos apostar num turismo <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> e isso<br />

não é sinónimo <strong>de</strong> quantida<strong>de</strong>”<br />

“Com certeza que precisamos da Marina, mas já<br />

andamos a falar <strong>de</strong>la há anos. A capacida<strong>de</strong> do Porto<br />

<strong>de</strong> Abrigo como marina não está esgotada”<br />

apresentámos propostas muito concretas para<br />

a sua reabilitação, além da criação <strong>de</strong> um parque<br />

natural <strong>de</strong> âmbito regional, que po<strong>de</strong> ser<br />

um espaço ímpar na região Oeste. Resta falar<br />

do Caminho Real que, por razões <strong>de</strong> interesse<br />

imobiliário e imediato não teve acolhimento<br />

na Câmara. É um património estruturante em<br />

relação ao concelho e até a sua reabilitação iria<br />

trazer benefícios para os próprios investidores<br />

na envolvente. Devemos apostar num turismo<br />

<strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> e isso não é sinónimo <strong>de</strong> quantida<strong>de</strong>.<br />

Está <strong>de</strong>monstrado a nível internacional e<br />

está consagrado no Plano Estratégico Nacional<br />

do Turismo. Não conheço um plano estratégico<br />

estruturado na Nazaré e logo aí pecamos pela<br />

ausência. Portanto, o que se sente mais são<br />

as <strong>de</strong>cisões pontuais. A Nazaré precisa <strong>de</strong> um<br />

plano que reúna um largo consenso das forças<br />

políticas mais representativas, como até já tive<br />

oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> falar com o próprio presi<strong>de</strong>nte<br />

da Câmara [Jorge Barroso], mas um plano que<br />

seja transversal a vários mandatos. A Nazaré<br />

precisa <strong>de</strong> um plano que só é implementável a<br />

20 ou mesmo a 30 anos. Por etapas sucessivas,<br />

bem estudadas e bem articuladas. Não se po<strong>de</strong><br />

tomar <strong>de</strong>cisões <strong>de</strong> mandato a mandato.<br />

RC > Então, não acredita na concretização<br />

<strong>de</strong> um projecto como a marina ou os campos<br />

<strong>de</strong> golfe em São Gião?<br />

QUINTA-FEIRA 17 MARÇO 2011<br />

RR > O campo <strong>de</strong> golfe acredito, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que em<br />

projectos privados e sendo eles os investidores.<br />

Com certeza que precisamos da Marina, mas já<br />

andamos a falar <strong>de</strong>la há anos. A capacida<strong>de</strong><br />

do Porto <strong>de</strong> Abrigo como marina não está esgotada.<br />

É possível um melhor aproveitamento<br />

do Porto, para albergar navios com outro<br />

porte, com maior quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> barcos e com<br />

infra-estruturas a<strong>de</strong>quadas, o que não existe.<br />

Depois, a Marina ser a norte ou ser a sul não<br />

é <strong>de</strong>cisão para um político. Tem que ser uma<br />

escolha <strong>de</strong> carácter técnico e <strong>de</strong> or<strong>de</strong>namento<br />

do território, envolvendo as entida<strong>de</strong>s que vão<br />

explorar a Marina. São elas que <strong>de</strong>vem ter um<br />

papel prepon<strong>de</strong>rante e após haver um concurso.<br />

Não é uns construírem e outros explorarem, até<br />

porque actualmente todos os gran<strong>de</strong>s projectos<br />

<strong>de</strong>ste cariz necessitam obrigatoriamente que a<br />

capacida<strong>de</strong> dos investidores seja também na<br />

comercialização. O estar integrado em gran<strong>de</strong>s<br />

ca<strong>de</strong>ias internacionais <strong>de</strong> exploração <strong>de</strong> marinas<br />

ou <strong>de</strong> gestão <strong>de</strong> tráfegos é fundamental. E<br />

isso é extrememente condicionante quanto ao<br />

sucesso <strong>de</strong> uma Marina. A Nazaré, como tem um<br />

Porto <strong>de</strong> Abrigo excepcional e com uma entrada<br />

que nunca encerrou <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que foi construída,<br />

já temos uma entrada para uma Marina. O investimento<br />

é muito mais reduzido do que se<br />

tivéssemos <strong>de</strong> construí-la <strong>de</strong> raiz. Andamos aqui<br />

a discutir a norte e a sul, e qual é o resultado?<br />

Não temos Marina e não temos dinheiro até<br />

para fazer qualquer investimento.<br />

texto/fotos JOAQuIm PAuLO E LuCIANO LARROSSA

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