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Apostila de Flauta Transversal - Fernando Santiago dos Santos

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Mas é tão óbvio! Sim, <strong>de</strong>veria ser, mas eu tenho observado que muitos alunos são leva<strong>dos</strong> a<br />

achar que quanto mais rápida uma passagem, mais rápido seus <strong>de</strong><strong>dos</strong> <strong>de</strong>vem se movimentar,<br />

e que somente a velocida<strong>de</strong> <strong>dos</strong> <strong>de</strong><strong>dos</strong> é responsável pela velocida<strong>de</strong> da passagem. Desta<br />

maneira, o aluno po<strong>de</strong>rá <strong>de</strong>senvolver uma técnica ruim, com movimentos <strong>dos</strong> <strong>de</strong><strong>dos</strong> muito<br />

mais rápi<strong>dos</strong> que o necessário. Este aluno dificilmente conseguirá uma boa sincronia e sua<br />

digitação ficará também mais barulhenta e “percussiva”.<br />

É saudável e importante que trabalhemos para que nossos <strong>de</strong><strong>dos</strong> sejam sempre rápi<strong>dos</strong> e<br />

precisos, mas é fundamental enten<strong>de</strong>r que o mecanismo para tocar mais rápido não é apenas<br />

este, e que a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> execução <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> muito mais do sincronismo e da antecipação<br />

<strong>dos</strong> movimentos <strong>dos</strong> <strong>de</strong><strong>dos</strong> que <strong>de</strong> sua velocida<strong>de</strong>. Esta velocida<strong>de</strong>, por sua vez, também <strong>de</strong>ve<br />

ter um limite humano que dificilmente po<strong>de</strong> ser superada, e se tentarmos forçar nosso estudo<br />

nesta direção estaremos sempre correndo o risco <strong>de</strong> tocar com uma técnica ruim.<br />

Quando observamos um bom flautista tocando po<strong>de</strong>mos ver que seus <strong>de</strong><strong>dos</strong> se movem <strong>de</strong><br />

maneira suave e macia, sem movimentos bruscos e agita<strong>dos</strong> e que não fazem barulhos<br />

percussivos nas chaves, por mais rápido que estejam tocando. Os <strong>de</strong><strong>dos</strong> se movem <strong>de</strong> maneira<br />

leve e ligeira.<br />

Procure se concentrar muito mais na antecipação do movimento <strong>de</strong> cada <strong>de</strong>do, e não apenas<br />

na velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong>les. Imagine que você tem um compromisso, digamos um ensaio, e tem que<br />

chegar na hora certa. Quanto mais cedo sair <strong>de</strong> casa, mais tempo terá, e assim po<strong>de</strong>rá<br />

caminhar ou dirigir mais calmamente e ainda assim chegar no horário, sem pressa e sem<br />

afobação. Mas se sair atrasado, terá que correr muito mais para conseguir chegar no horário e<br />

ainda assim po<strong>de</strong>rá se atrasar. Você <strong>de</strong>ve usar este mesmo princípio para treinar os seus<br />

<strong>de</strong><strong>dos</strong>.<br />

Numa escala, imagine que cada <strong>de</strong>do tem um horário diferente para chegar em cada uma das<br />

chaves da flauta, e que se você <strong>de</strong>r o comando para ele começar a se movimentar no<br />

momento exato, ele não precisará “correr” para chegar na hora certa. Quanto mais rápido<br />

você quiser tocar a escala, mais cedo <strong>de</strong>verá dar o comando para cada <strong>de</strong>do se movimentar, e<br />

terá que fazer isto <strong>de</strong> forma sequencial, para que to<strong>dos</strong> os <strong>de</strong><strong>dos</strong> cheguem no momento certo.<br />

Numa escala em velocida<strong>de</strong> bem rápida, cada <strong>de</strong>do <strong>de</strong>verá iniciar seu movimento uma fração<br />

<strong>de</strong> segundo após o outro, e assim talvez tenhamos dois ou três <strong>de</strong><strong>dos</strong> se movimentando ao<br />

mesmo tempo.<br />

Um outro fator que também po<strong>de</strong> contribuir para a velocida<strong>de</strong> da digitação é a altura <strong>dos</strong><br />

<strong>de</strong><strong>dos</strong> em relação às chaves. Como no exemplo que usei para ilustrar anteriormente, quanto<br />

mais perto estivermos do local do ensaio, mais tar<strong>de</strong> po<strong>de</strong>remos sair sem chegarmos<br />

atrasa<strong>dos</strong>. Da mesma maneira, quanto mais perto da chave estiver nosso <strong>de</strong>do, menor o<br />

percurso e menor o tempo para que ele chegue até a chave. Não levantar muito os <strong>de</strong><strong>dos</strong><br />

po<strong>de</strong> então ajudar na velocida<strong>de</strong> e também na sincronização. Mas cuidado, porque aqui existe<br />

um outro problema: <strong>de</strong><strong>dos</strong> excessivamente baixos e muito próximos das chaves acabam por<br />

per<strong>de</strong>r seu “impulso <strong>de</strong> movimento” e consequentemente a sua velocida<strong>de</strong>. Devemos<br />

equilibrar e equacionar todas estas varáveis para obter o melhor resultado possível.<br />

Experimente fazer um trinado <strong>de</strong> fá-sol da seguinte maneira: no início levante bastante o<br />

indicador da chave e <strong>de</strong>pois, sem pensar em aumentar a velocida<strong>de</strong> do <strong>de</strong>do, vá<br />

gradativamente diminuindo a altura do movimento, levantando o <strong>de</strong>do cada vez menos e você<br />

verá que o trinado ficará cada vez mais rápido. Ou seja, você aumentou a velocida<strong>de</strong> do<br />

trinado sem precisar mudar a velocida<strong>de</strong> do <strong>de</strong>do!<br />

36 - Método introdutório para <strong>Flauta</strong> <strong>Transversal</strong> - Nilson Mascolo Filho

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