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Manual de saúde bucal na doença falciforme

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MINISTÉRIO DA SAÚDE<br />

Secretaria <strong>de</strong> Atenção à Saú<strong>de</strong><br />

Departamento <strong>de</strong> Atenção Especializada<br />

<strong>Manual</strong> <strong>de</strong><br />

Saú<strong>de</strong> Bucal <strong>na</strong><br />

Doença Falciforme<br />

Série A. Normas e Manuais Técnicos<br />

Brasília – DF<br />

2005


© 2005 Ministério da Saú<strong>de</strong>.<br />

Todos os direitos reservados. É permitida a reprodução parcial ou total <strong>de</strong>sta obra, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que citada a fonte e<br />

que não seja para venda ou qualquer fim comercial.<br />

A responsabilida<strong>de</strong> pelos direitos autorais <strong>de</strong> textos e imagens <strong>de</strong>sta obra é da área técnica.<br />

A coleção institucio<strong>na</strong>l do Ministério da Saú<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser acessada, <strong>na</strong> íntegra, <strong>na</strong> Biblioteca Virtual do Ministério<br />

da Saú<strong>de</strong>: http://www.sau<strong>de</strong>.gov.br/bvs<br />

O conteúdo <strong>de</strong>sta e <strong>de</strong> outras obras da Editora do Ministério da Saú<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser acessado <strong>na</strong> pági<strong>na</strong>:<br />

http://www.sau<strong>de</strong>.gov.br/editora<br />

Série A. Normas e Manuais Técnicos<br />

Tiragem: 1.ª edição – 2005 – 17.500 exemplares<br />

Elaboração, distribuição e informações:<br />

MINISTÉRIO DA SAÚDE<br />

Secretaria <strong>de</strong> Atenção à Saú<strong>de</strong><br />

Departamento <strong>de</strong> Atenção Especializada<br />

Coor<strong>de</strong><strong>na</strong>ção da Política Nacio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> Sangue e Hemo<strong>de</strong>rivados<br />

Espla<strong>na</strong>da dos Ministérios, Edifício Se<strong>de</strong>, 7.º andar, sala 746<br />

70058-900 Brasília – DF<br />

Tels.: (61) 3315-3803/3315-2428<br />

Fax: (61) 3315-2290<br />

E-mail: sangue@sau<strong>de</strong>.gov.br<br />

Home page: http://www.sau<strong>de</strong>.gov.br<br />

Impresso no Brasil / Printed in Brazil<br />

Ficha Catalográfica<br />

_____________________________________________________________________________________________<br />

Brasil. Ministério da Saú<strong>de</strong>. Secretaria <strong>de</strong> Atenção à Saú<strong>de</strong>. Departamento <strong>de</strong> Atenção Especializada.<br />

<strong>Manual</strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>bucal</strong> <strong>na</strong> <strong>doença</strong> <strong>falciforme</strong> / Ministério da Saú<strong>de</strong>, Secretaria <strong>de</strong> Atenção à Saú<strong>de</strong>,<br />

Departamento <strong>de</strong> Atenção Especializada. – Brasília : Editora do Ministério da Saú<strong>de</strong>, 2005.<br />

52 p. – (Série A. Normas e Manuais Técnicos)<br />

ISBN 85-334-0999-0<br />

1. Anemia <strong>falciforme</strong>. 2. Saú<strong>de</strong> <strong>bucal</strong>. I. Título. II. Série.<br />

NLM WH 170<br />

_____________________________________________________________________________________________<br />

Títulos para in<strong>de</strong>xação:<br />

Em inglês: <strong>Manual</strong> of Dental Health in Sickle Cell Disease<br />

Em espanhol: <strong>Manual</strong> <strong>de</strong> Salud Bucal en la Enfermedad Falciforme<br />

EDITORA MS<br />

Documentação e Informação<br />

SIA, trecho 4, lotes 540/610<br />

71200-040 Brasília – DF<br />

Tels.: (61) 3233-1774/2020<br />

Fax: (61) 3233-9558<br />

E-mail: editora.ms@sau<strong>de</strong>.gov.br<br />

Home page: http://www.sau<strong>de</strong>.gov.br/editora<br />

Catalogação <strong>na</strong> fonte – Editora MS – OS 2005/0784<br />

Equipe Editorial:<br />

Normalização: Maria Resen<strong>de</strong><br />

Revisão: Mara Pamplo<strong>na</strong> e Lilian Assunção<br />

Capa, projeto gráfico e diagramação: Daniel Mariano


Sumário<br />

1 Introdução ............................................................................................................ 5<br />

2 Fisiopatologia das Doenças Falciformes ................................................... 7<br />

3 Diagnóstico Laboratorial das Doenças Falciformes .............................. 9<br />

4 Manifestações Clínicas das Doenças Falciformes .................................. 11<br />

4.1 Crises Álgicas ............................................................................................ 11<br />

4.2 Crises <strong>de</strong> Anemia Aguda ....................................................................... 12<br />

4.3 Febre ............................................................................................................ 13<br />

4.4 Fígado, Vias Biliares e Icterícia ............................................................ 13<br />

4.5 Aci<strong>de</strong>nte Vascular Cerebral .................................................................. 14<br />

4.6 Úlcera <strong>de</strong> Per<strong>na</strong> ........................................................................................ 14<br />

4.7 Priapismo ................................................................................................... 15<br />

5 Manifestações Orais das Doenças Falciformes ....................................... 17<br />

6 Complicações Orais das Doenças Falciformes ........................................ 19<br />

6.1 Osteomielite .............................................................................................. 19<br />

6.2 Neuropatia do Nervo Mandibular ..................................................... 20<br />

6.3 Necrose Pulpar Assintomática ............................................................ 21<br />

6.4 Dor Orofacial ............................................................................................. 21<br />

7 Medidas Odontológicas Preventivas <strong>na</strong>s Doenças Falciformes ........ 23<br />

8 A<strong>na</strong>lgesia e Anestesia ...................................................................................... 25


9 Medidas Gerais e Terapêuticas Odontológicas <strong>na</strong>s Doenças<br />

Falciformes .......................................................................................................... 29<br />

9.1 Terapia Medicamentosa ....................................................................... 29<br />

9.1.1 Antibióticos ................................................................................... 29<br />

9.1.2 Antibiótico Profilático ................................................................ 30<br />

9.1.3 Antibiótico Terapêutico ............................................................. 30<br />

9.2 Antiinflamatórios .................................................................................... 30<br />

9.3 A<strong>na</strong>lgésicos ............................................................................................... 31<br />

9.4 Anti-sépticos ............................................................................................. 31<br />

10 Abordagem Operatória ................................................................................... 33<br />

10.1 A<strong>na</strong>mnese e Exame Clínico ................................................................. 33<br />

10.2 A<strong>de</strong>quação do Meio Bucal ................................................................... 34<br />

10.3 Procedimentos Preventivos ................................................................. 34<br />

10.4 Anestesia .................................................................................................... 35<br />

10.5 Cirurgias Bucais ........................................................................................ 35<br />

10.5.1 Pré-operatório ............................................................................. 35<br />

10.5.2 Transoperatório ou Ato Cirúrgico ......................................... 36<br />

10.5.3 Pós-operatório ............................................................................. 36<br />

10.6 Tratamento Periodontal ........................................................................ 37<br />

10.7 Tratamento Endodôntico ..................................................................... 39<br />

10.8 Tratamento Restaurador e Protético ................................................ 40<br />

10.9 Tratamento Ortodôntico ...................................................................... 40<br />

10.10 Implantes ................................................................................................. 42<br />

10.11 Controle e Manutenção ...................................................................... 42<br />

Referências Bibliográficas ..................................................................................... 43<br />

Equipe Técnica .......................................................................................................... 49


1 Introdução<br />

A anemia <strong>falciforme</strong> é a <strong>doença</strong> hereditária mais comum no Brasil.<br />

A causa da <strong>doença</strong> é uma mutação <strong>de</strong> ponto no gene da globi<strong>na</strong> beta da<br />

hemoglobi<strong>na</strong>, origi<strong>na</strong>ndo no lugar da hemoglobi<strong>na</strong> A (HbA) uma hemoglobi<strong>na</strong><br />

alterada <strong>de</strong>nomi<strong>na</strong>da hemoglobi<strong>na</strong> S (HbS). Em <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>das<br />

situações, essas moléculas po<strong>de</strong>m sofrer polimerização, com falcização<br />

(assumindo forma <strong>de</strong> foice, daí o nome <strong>falciforme</strong>) das hemácias, ocasio<strong>na</strong>ndo<br />

encurtamento da vida média dos glóbulos vermelhos, fenômenos<br />

<strong>de</strong> vasoclusão, episódios <strong>de</strong> dor e lesão <strong>de</strong> órgãos.<br />

A <strong>de</strong>nomi<strong>na</strong>ção ANEMIA FALCIFORME é reservada para a forma da<br />

<strong>doença</strong> que ocorre em homozigose (SS), ou seja, a criança recebe <strong>de</strong><br />

cada um dos pais um gene para hemoglobi<strong>na</strong> S.<br />

Quando recebe <strong>de</strong> um dos pais um gene para hemoglobi<strong>na</strong> S e do<br />

outro um gene para hemoglobi<strong>na</strong> A, ela é AS, não tem a <strong>doença</strong>, é ape<strong>na</strong>s<br />

portadora do TRAÇO FALCIFORME.<br />

Além disso, o gene da hemoglobi<strong>na</strong> S po<strong>de</strong> combi<strong>na</strong>r-se com outras<br />

alterações hereditárias das hemoglobi<strong>na</strong>s, como hemoglobi<strong>na</strong>s C,<br />

D, E e beta e alfa-talassemia, gerando combi<strong>na</strong>ções que se apresentam<br />

com os mesmos sintomas da combi<strong>na</strong>ção SS. O conjunto <strong>de</strong> combi<strong>na</strong>ções<br />

SS, SC, SD, SE, Sbeta-talassemia <strong>de</strong>nomi<strong>na</strong>-se DOENÇA FALCIFOR-<br />

ME (DF).<br />

A <strong>doença</strong> originou-se <strong>na</strong> África e foi trazida às Américas pela imigração<br />

forçada dos escravos, hoje é encontrada em toda Europa e gran<strong>de</strong>s<br />

regiões da Ásia. É predomi<strong>na</strong>nte entre pretos, pardos e afro<strong>de</strong>scen-<br />

5


<strong>de</strong>ntes em geral. A <strong>doença</strong> <strong>falciforme</strong> (que inclui a anemia <strong>falciforme</strong>) faz<br />

parte do conjunto <strong>de</strong> <strong>doença</strong>s que <strong>de</strong>nomi<strong>na</strong>mos hemoglobinopatias.<br />

O Ministério da Saú<strong>de</strong>, por meio da Portaria Ministerial n.º 822, <strong>de</strong><br />

junho <strong>de</strong> 2001, instituiu o PROGRAMA NACIONAL DE TRIAGEM NEONA-<br />

TAL para fenilcetonúria e hipotireoidismo (fase I), hemoglobinopatias<br />

(fase II) e fibrose cística (fase III) em todo o País.<br />

Este exame é realizado em sangue total colhido do calcanhar, <strong>na</strong><br />

primeira sema<strong>na</strong> <strong>de</strong> vida da criança e é conhecido como TESTE DO<br />

PEZINHO.<br />

Dados oriundos da triagem neo<strong>na</strong>tal nos estados <strong>de</strong> Mi<strong>na</strong>s Gerais<br />

e do Rio <strong>de</strong> Janeiro mostram uma incidência <strong>de</strong> traço <strong>falciforme</strong> <strong>de</strong> 1:21<br />

<strong>na</strong>scidos vivos e <strong>de</strong> <strong>doença</strong> <strong>falciforme</strong> <strong>de</strong> 1:1.200 <strong>na</strong>scimentos. Na Bahia,<br />

temos 1:650 para a <strong>doença</strong> e 1:17 para traço. Com base nesses dados,<br />

acreditamos que <strong>na</strong>sçam, por ano, no nosso País, cerca <strong>de</strong> 3.500 crianças<br />

com <strong>doença</strong> <strong>falciforme</strong> e 200.000 portadores <strong>de</strong> TRAÇO. Tal cenário permite,<br />

indubitavelmente, tratar <strong>de</strong>ssa patologia como problema <strong>de</strong> saú<strong>de</strong><br />

pública. A assistência integral ao doente <strong>falciforme</strong> é multiprofissio<strong>na</strong>l e<br />

multidiscipli<strong>na</strong>r, portanto, faz parte <strong>de</strong>ssa atenção a preocupação com a<br />

saú<strong>de</strong> oral <strong>de</strong>sses pacientes.<br />

Este manual tem como principal objetivo divulgar aos profissio<strong>na</strong>is<br />

da odontologia conhecimentos importantes sobre a <strong>doença</strong> <strong>falciforme</strong>,<br />

<strong>de</strong>smistificando alguns conceitos errados e dirimindo dúvidas sobre os<br />

cuidados odontológicos com esses pacientes.<br />

6


2 Fisiopatologia das<br />

Doenças Falciformes<br />

A Hb S tem uma<br />

característica química<br />

especial que em situações<br />

<strong>de</strong> ausência ou<br />

diminuição da tensão<br />

<strong>de</strong> oxigênio provoca a<br />

sua polimerização, alterandodrasticamente<br />

a morfologia do<br />

eritrócito que adquire<br />

a forma <strong>de</strong> foice. Esses<br />

eritrócitos falcizados<br />

dificultam a circulação<br />

sangüínea, provocan-<br />

do vasoclusão e in-<br />

farto <strong>na</strong> área afetada.<br />

Conseqüentemente,<br />

esses problemas re-<br />

sultam em isquemia,<br />

pH<br />

Polimerização<br />

dor, necrose e disfunções, bem como danos permanentes aos tecidos e<br />

órgãos além da hemólise crônica.<br />

Hb S<br />

Desoxi - HbS<br />

Oxigênio<br />

Temperatura<br />

Desidratação celular<br />

Viscosida<strong>de</strong><br />

Deformabilida<strong>de</strong><br />

Microcirculação<br />

Hemólise Vasoclusão<br />

Icterícia<br />

Anemia<br />

Infarto - Necrose<br />

Disfunção <strong>de</strong> Órgãos Nobres<br />

Crises Dolorosas<br />

7


Este processo fisiopatológico, <strong>de</strong>vido à presença <strong>de</strong> Hb S, é observado<br />

<strong>na</strong>s seguintes situações, em or<strong>de</strong>m <strong>de</strong>crescente <strong>de</strong> gravida<strong>de</strong>: anemia<br />

<strong>falciforme</strong> (Hemoglobi<strong>na</strong> S em homozigose), Hb S Beta Talassemia,<br />

Hb SC e Hb SD.<br />

O portador assintomático <strong>de</strong> <strong>falciforme</strong>, também conhecido por<br />

portador do traço <strong>de</strong> Hb S ou heterozigoto para a Hb S, não é anêmico<br />

nem apresenta os si<strong>na</strong>is e sintomas da <strong>doença</strong>. Essas pessoas <strong>de</strong>vem receber<br />

orientação e informação sobre a sua condição genética.<br />

8


3 Diagnóstico<br />

Laboratorial das Doenças<br />

Falciformes<br />

O diagnóstico laboratorial da DF é realizado pela <strong>de</strong>tecção da Hb S<br />

e da sua associação com outras frações. Assim, a técnica mais eficaz é a<br />

eletroforese <strong>de</strong> hemoglobi<strong>na</strong> em acetato <strong>de</strong> celulose ou em agarose, em<br />

pH alcalino (pH variável <strong>de</strong> 8 a 9).<br />

Quando realizado o diagnóstico pela triagem neo<strong>na</strong>tal, os métodos<br />

laboratoriais mais utilizados são a cromatografia líquida <strong>de</strong> alta performance<br />

(HPLC) e a focalização isoelétrica. Ambos têm especificida<strong>de</strong><br />

e sensibilida<strong>de</strong> excelentes. Nesse caso, as hemoglobi<strong>na</strong>s i<strong>de</strong>ntificadas<br />

são geralmente relacio<strong>na</strong>das em or<strong>de</strong>m <strong>de</strong>crescente <strong>de</strong> quantida<strong>de</strong>.<br />

Portanto, TODOS os resultados iniciam com “F” <strong>de</strong> hemoglobi<strong>na</strong> Fetal.<br />

Cabe lembrar que esta hemoglobi<strong>na</strong> é predomi<strong>na</strong>ntemente produzida<br />

no período fetal e, portanto, justifica seu alto índice no período neo<strong>na</strong>tal.<br />

Em seguida, temos as outras hemoglobi<strong>na</strong>s, ainda em peque<strong>na</strong><br />

quantida<strong>de</strong>, porém já perfeitamente <strong>de</strong>tectadas pela metodologia utilizada.<br />

Os pacientes sem <strong>doença</strong> têm resultados “FA”, os doentes resultados<br />

“FS” (anemia <strong>falciforme</strong>); “FSC”, “FSD”, etc. Os portadores <strong>de</strong> traços<br />

heterozigotos assintomáticos <strong>de</strong> Hb. S, C, D, etc. têm resultados “FAS”,<br />

“FAC”, “FAD, etc.<br />

9


Diagnóstico<br />

SS<br />

SC<br />

S βtal +<br />

S βtal 0<br />

AS<br />

Fi<strong>na</strong>lmente, para um diagnóstico laboratorial completo é importante<br />

a realização do hemograma e do estudo familiar.<br />

O quadro abaixo mostra as principais características laboratoriais<br />

dos diferentes tipos <strong>de</strong> DF importantes para diferenciação <strong>de</strong>ssas hemoglobinopatias.<br />

Quadro 1. Diferenciação laboratorial das hemoglobinopatias<br />

mais comuns<br />

10<br />

Severida<strong>de</strong><br />

clínica<br />

mo<strong>de</strong>rada<br />

a<br />

severa<br />

leve<br />

a<br />

mo<strong>de</strong>rada<br />

leve<br />

a<br />

mo<strong>de</strong>rada<br />

leve<br />

a<br />

severa<br />

assintomático<br />

Hb<br />

(g/dl)<br />

7.5<br />

(6.0<br />

- 9.0)<br />

11.0<br />

(9.0<br />

-14.0)<br />

11.0<br />

(8.0<br />

-13.0)<br />

8.0<br />

(7.0<br />

-10.0)<br />

Ht<br />

(%)<br />

22<br />

(18 - 30)<br />

30<br />

(26 - 40)<br />

32<br />

(25 - 40)<br />

25<br />

(20 - 36)<br />

VCM<br />

(µ 3 )<br />

93<br />

80<br />

76<br />

69<br />

Reticulócito<br />

(%)<br />

11<br />

(4 - 30)<br />

3<br />

(1.5 - 6)<br />

3<br />

(1.5 - 6)<br />

8<br />

(3 -18)<br />

Morfologia<br />

freqüentes<br />

hemácias em<br />

foice, em alvo<br />

eritroblastos<br />

freqüentes<br />

hemácias em<br />

alvo e raras<br />

em foice<br />

discreta<br />

hipocromia<br />

microcitose<br />

Hm em foice<br />

acentuada<br />

hipocromia e<br />

microcitose<br />

Hm em alvo<br />

e em foice<br />

normal normal normal normal normal<br />

Eletroforese<br />

Hb (%)<br />

S: 80 - 90<br />

F: 02 - 20<br />

A : �3,5 �3,5 3,5<br />

2<br />

S: 45 - 55<br />

C: 45 - 55<br />

F: 0,2 – 8<br />

S: 55 - 75<br />

A 1 : 15 - 30<br />

F: 01 - 20<br />

A 2 : >3,6<br />

S: 50 - 85<br />

F: 02 - 30<br />

A 2 : >3,6<br />

S: 38 - 45<br />

A 1 : 55 - 60<br />

A 2 : 01 - 03<br />

Triagemneo<strong>na</strong>tal<br />

FS<br />

FSC<br />

FSA<br />

FS<br />

FAS


4 Manifestações Clínicas<br />

das Doenças Falciformes<br />

A anemia <strong>falciforme</strong> no <strong>de</strong>curso <strong>de</strong> sua evolução afeta todos os<br />

órgãos e sistemas, assim as manifestações clínicas que esses pacientes<br />

apresentarão no <strong>de</strong>correr da vida <strong>de</strong>vem-se a dois fenômenos principais,<br />

o da vasoclusão dos glóbulos vermelhos seguida <strong>de</strong> infarto nos<br />

diversos órgãos e tecidos e aqueles <strong>de</strong>correntes da hemólise crônica e<br />

seus mecanismos compensadores.<br />

Dessa maneira, esses eventos associados resultam em injúria aguda<br />

e crônica nos diversos órgãos e tecidos como pulmões, coração, ossos,<br />

rins, fígado, reti<strong>na</strong> e pele.<br />

No baço, a vasoclusão, com conseqüente isquemia e infarto esplênico,<br />

<strong>de</strong>termi<strong>na</strong> alteração <strong>na</strong> função esplênica precocemente, sendo<br />

responsável pela susceptibilida<strong>de</strong> aumentada a infecções graves. Essas<br />

lesões nos pulmões, cérebro, baço são responsáveis diretamente e indiretamente<br />

pela elevada morbimortalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sses pacientes.<br />

Ainda, incluem-se <strong>de</strong>scrições sobre alterações no crescimento seguido<br />

<strong>de</strong> atraso puberal.<br />

4.1 Crises Álgicas<br />

As crises dolorosas são as complicações mais freqüentes da <strong>doença</strong><br />

<strong>falciforme</strong> e comumente constituem a sua primeira manifestação po<strong>de</strong>ndo<br />

iniciar-se aos 6 meses <strong>de</strong> vida. Eventos dolorosos são as causas<br />

11


mais freqüentes <strong>de</strong> atendimento em serviços <strong>de</strong> emergências e <strong>de</strong> inter<strong>na</strong>ções<br />

nesses pacientes.<br />

Elas são causadas pelo dano tissular isquêmico secundário à obstrução<br />

do fluxo sangüíneo pelas hemácias falcizadas. A redução do fluxo<br />

sangüíneo causa hipóxia regio<strong>na</strong>l e acidose, que po<strong>de</strong>m exacerbar<br />

o processo <strong>de</strong> falcização aumentando o dano isquêmico. Essas crises<br />

<strong>de</strong> dor duram normalmente <strong>de</strong> quatro a seis dias, po<strong>de</strong>ndo, às vezes,<br />

persistir por sema<strong>na</strong>s. Hipóxia, infecção, febre, acidose, <strong>de</strong>sidratação e<br />

exposição ao frio extremo po<strong>de</strong>m precipitar as crises álgicas. Os pacientes<br />

adultos citam que a <strong>de</strong>pressão e exaustão física po<strong>de</strong>m ser fatores<br />

precipitantes das crises.<br />

Os pacientes po<strong>de</strong>m apresentar dor severa <strong>na</strong>s extremida<strong>de</strong>s, abdome<br />

e <strong>na</strong>s costas. A primeira manifestação <strong>de</strong> dor <strong>na</strong> maioria das crianças<br />

é a dactilite ou síndrome mão-pé (e<strong>de</strong>ma <strong>de</strong> mãos e pés). Outras<br />

manifestações músculo-esqueléticas po<strong>de</strong>m ser simétricas ou não, ou<br />

mesmo migratórias, com eventual presença <strong>de</strong> aumento <strong>de</strong> volume, febre,<br />

eritema e calor local.<br />

As maiores barreiras ao eficaz manejo da dor nos falcêmicos são o<br />

limitado conhecimento dos clínicos sobre a <strong>doença</strong> <strong>falciforme</strong>, avaliação<br />

i<strong>na</strong><strong>de</strong>quada da dor e resistência ao uso <strong>de</strong> opiói<strong>de</strong>s. Essa resistência é<br />

baseada <strong>na</strong> ignorância sobre a tolerância e <strong>de</strong>pendência física ao opiói<strong>de</strong><br />

e confusão com vício. A maioria das crises vasoclusivas po<strong>de</strong>m ser bem<br />

manejadas se as barreiras à avaliação e ao tratamento forem superadas.<br />

12<br />

4.2 Crises <strong>de</strong> Anemia Aguda<br />

As crises aplásticas e as crises <strong>de</strong> seqüestração esplênica são as<br />

formas <strong>de</strong> crise <strong>de</strong> anemia aguda mais freqüentes. A crise <strong>de</strong> seqüestração<br />

esplênica ocorre por repentino acúmulo intra-esplênico <strong>de</strong><br />

gran<strong>de</strong>s volumes <strong>de</strong> sangue e ambas geralmente estão associadas a<br />

quadro infeccioso.


Clinicamente se apresentam por sintomas <strong>de</strong> anemia aguda po<strong>de</strong>ndo,<br />

em situações mais severas, estar presentes si<strong>na</strong>is <strong>de</strong> choque hipovolêmico.<br />

Po<strong>de</strong> estar associado: cefaléia, fadiga, dispnéia, febre, si<strong>na</strong>is<br />

<strong>de</strong> infecção respiratória alta e/ou gastrintesti<strong>na</strong>l.<br />

O tratamento é sintomático e as transfusões <strong>de</strong> concentrado <strong>de</strong><br />

hemácias <strong>de</strong>vem ser administradas, se necessário. A monitorização do<br />

estado hemodinâmico é que possibilitará a indicação precisa <strong>de</strong> hemotransfusão.<br />

4.3 Febre<br />

As infecções constituem a principal causa <strong>de</strong> morte nos pacientes<br />

com <strong>doença</strong> <strong>falciforme</strong>. O risco <strong>de</strong> septicemia e/ou meningite por Streptococcus<br />

pneumoniae ou Haemophilus influenzae chega a ser 600 vezes<br />

maior que <strong>na</strong>s outras crianças. Essas infecções po<strong>de</strong>m provocar a morte<br />

<strong>de</strong>ssas crianças em poucas horas.<br />

Pneumonias, infecções re<strong>na</strong>is e osteomielites também ocorrem<br />

com maior freqüência em crianças e adultos com <strong>doença</strong> <strong>falciforme</strong>. Os<br />

episódios <strong>de</strong> febre <strong>de</strong>vem, portanto, ser encarados como situações <strong>de</strong><br />

risco, <strong>na</strong>s quais os procedimentos diagnósticos <strong>de</strong>vem ser aprofundados<br />

e a terapia <strong>de</strong>ve ser imediata.<br />

4.4 Fígado, Vias Biliares e Icterícia<br />

A litíase biliar ocorre em 14% das crianças menores <strong>de</strong> 10 anos,<br />

em 30% dos adolescentes e em 75% dos adultos portadores <strong>de</strong> anemia<br />

<strong>falciforme</strong>.<br />

As complicações mais comuns são a colecistite, obstrução do ducto<br />

biliar e, mais raramente, pancreatite aguda.<br />

A retirada eletiva dos cálculos biliares assintomáticos, diagnosticados<br />

ao acaso, é um assunto controverso. A maioria dos especialistas não<br />

indica a cirurgia antes que os sintomas ocorram.<br />

13


A menor sobrevida dos glóbulos vermelhos <strong>na</strong> <strong>doença</strong> <strong>falciforme</strong><br />

aumenta os níveis séricos <strong>de</strong> bilirrubi<strong>na</strong>, às custas <strong>de</strong> bilirrubi<strong>na</strong> indireta,<br />

sendo freqüente a presença <strong>de</strong> icterícia. Esta po<strong>de</strong> às vezes se exacerbar<br />

em situações <strong>de</strong> aumento da taxa <strong>de</strong> hemólise, o que po<strong>de</strong> ser confirmado<br />

laboratorialmente pela diminuição dos níveis <strong>de</strong> hemoglobi<strong>na</strong> e<br />

aumento nos números <strong>de</strong> reticulócitos.<br />

Como a icterícia po<strong>de</strong> ser um si<strong>na</strong>l <strong>de</strong> infecção num paciente com<br />

<strong>doença</strong> <strong>falciforme</strong>, uma investigação minuciosa da causa <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ante<br />

é necessária nos casos <strong>de</strong> exacerbação do processo.<br />

14<br />

4.5 Aci<strong>de</strong>nte Vascular Cerebral<br />

O aci<strong>de</strong>nte vascular cerebral é uma das maiores complicações da<br />

<strong>doença</strong> <strong>falciforme</strong>. Alguns estudos mostraram que a incidência e prevalência<br />

do AVC em pacientes SS e quatro vezes maior que nos SC.<br />

A obstrução <strong>de</strong> artérias cerebrais, provocando isquemia e infarto,<br />

ocorre em cerca <strong>de</strong> 10% dos portadores <strong>de</strong> <strong>doença</strong> <strong>falciforme</strong>.<br />

As manifestações neurológicas são geralmente focais e po<strong>de</strong>m<br />

incluir hemiparesia, hemianestesia, <strong>de</strong>ficiência do campo visual, afasia<br />

e paralisia <strong>de</strong> nervos cranianos. Si<strong>na</strong>is mais generalizados como coma e<br />

convulsões po<strong>de</strong>m ocorrer. Embora a recuperação possa ser completa<br />

em alguns casos, são freqüentes os danos intelectuais, seqüelas<br />

neurológicas graves e morte. A recidiva do aci<strong>de</strong>nte vascular cerebral<br />

provoca danos maiores e aumenta a mortalida<strong>de</strong>.<br />

O tratamento consiste em suporte hemoterápico e acompanhamento<br />

por hematologista em conjunto com neurologista.<br />

4.6 Úlcera <strong>de</strong> Per<strong>na</strong><br />

As úlceras <strong>de</strong> per<strong>na</strong> estão presentes em 8 a 10% dos portadores <strong>de</strong><br />

<strong>doença</strong> <strong>falciforme</strong>, principalmente após a primeira década <strong>de</strong> vida. No<br />

genótipo SS a incidência é maior (10 a 20%). Estas úlceras usualmente


aparecem entre 10 e 50 anos e são mais freqüentes no sexo masculino.<br />

Ocorre geralmente no terço inferior da per<strong>na</strong>, sobre e ao redor do<br />

maléolo medial ou lateral, ocasio<strong>na</strong>lmente sobre a tíbia ou dorso do pé.<br />

Sua etiologia po<strong>de</strong> ser traumática por contusões ou picadas <strong>de</strong> insetos<br />

ou espontânea por hipóxia tissular por crises vasoclusivas crônicas. São<br />

lesões <strong>de</strong> tamanho variável, com margem <strong>de</strong>finida, bordas em relevo e<br />

base com tecido <strong>de</strong> granulação. Elas são resistentes à terapia, po<strong>de</strong>ndo<br />

permanecer por meses ou anos. Po<strong>de</strong>m ser únicas ou múltiplas. No início,<br />

o tecido vizinho po<strong>de</strong> ser saudável e com o tempo, com a persistência das<br />

úlceras, a pele vai mostrando-se hiperpigmentada, com perda do tecido<br />

celular subcutâneo e doas folículos pilosos. Po<strong>de</strong>m ser muito dolorosas<br />

e serem acompanhadas por celulite reativa e a<strong>de</strong>nite ingui<strong>na</strong>l.<br />

4.7 Priapismo<br />

Nos homens <strong>de</strong> 10 a 62 anos, 89% relatam pelo menos uma crise <strong>de</strong><br />

priapismo. Em 46% <strong>de</strong>sses pacientes ocorre disfunção sexual.<br />

O priapismo é a ereção dolorosa e mantida do pênis sem relação<br />

com <strong>de</strong>sejo sexual, que po<strong>de</strong> ocorrer em episódios breves e recorrentes<br />

ou em episódios longos, po<strong>de</strong>ndo causar impotência sexual. O priapismo<br />

ocorre <strong>de</strong>vido à vasoclusão que causa obstrução da dre<strong>na</strong>gem venosa<br />

do pênis. Po<strong>de</strong> acompanhar-se <strong>de</strong> dor abdomi<strong>na</strong>l e perineal, disúria ou<br />

retenção urinária. Por vezes, há e<strong>de</strong>ma escrotal e aumento <strong>de</strong> próstata.<br />

O tratamento <strong>de</strong>ve ser realizado com exercícios leves como<br />

caminhada e ciclismo (no momento do início da crise), banhos mornos,<br />

hidratação abundante e a<strong>na</strong>lgesia. Se com essas medidas não houver<br />

melhora em 24 horas, está indicada a exsangüinitransfusão parcial ou<br />

transfusão simples <strong>de</strong> concentrado <strong>de</strong> hemácias. Em algumas situações,<br />

fazem-se necessárias medidas anestésico-cirúrgicas como punção<br />

dos corpos cavernosos, esvaziamento cirúrgico e <strong>de</strong>rivações. Esses<br />

procedimentos são <strong>de</strong> alta morbida<strong>de</strong>, po<strong>de</strong>ndo levar a <strong>de</strong>formida<strong>de</strong>s<br />

penia<strong>na</strong>s e impotência <strong>de</strong>finitiva.<br />

15


5 Manifestações Orais das<br />

Doenças Falciformes<br />

Virtualmente, qualquer tecido ou órgão po<strong>de</strong> ser afetado <strong>na</strong> DF. O<br />

espectro clínico do envolvimento po<strong>de</strong> variar muito <strong>de</strong> paciente para<br />

paciente. Os efeitos patológicos da DF <strong>de</strong>monstrados em tecidos mineralizados<br />

e conectivos em outras áreas do corpo, tais como rins, fígado,<br />

baço, pulmões e coração, têm ocorrido em tecidos <strong>de</strong>ntais. As implicações<br />

clínicas e radiográficas nos pacientes com DF <strong>de</strong>vem ser completamente<br />

compreendidas para que o tratamento odontológico tenha sucesso.<br />

Os achados mais comuns são pali<strong>de</strong>z da mucosa oral como resultado<br />

da anemia crônica ou icterícia resultante da hemólise. Em crianças,<br />

po<strong>de</strong> haver atraso <strong>na</strong> erupção <strong>de</strong>ntária ou um grau <strong>de</strong> periodontite<br />

incomum. Há casos <strong>de</strong> crianças que apresentam língua lisa, <strong>de</strong>scorada e<br />

<strong>de</strong>spapilada e po<strong>de</strong>m manifestar precocemente <strong>de</strong>formida<strong>de</strong>s crania<strong>na</strong>s<br />

tal como turricefalia. Hipomaturação e hipomineralização em esmalte<br />

e <strong>de</strong>nti<strong>na</strong>, resultando em opacida<strong>de</strong>s especialmente em molares, têm<br />

sido associados com DF com prevalência <strong>de</strong> 67,5%. Em alguns casos, a<br />

câmara pulpar mostra calcificações semelhantes a <strong>de</strong>ntículos, po<strong>de</strong>ndo<br />

ser resultado <strong>de</strong> trombose dos vasos sangüíneos que irrigam a área<br />

afetada. Hipercementose também tem sido observado.<br />

Os poucos estudos epi<strong>de</strong>miológicos sobre <strong>doença</strong>s – cáries e<br />

periodontais (DP) – realizados <strong>na</strong> Nigéria e nos EUA evi<strong>de</strong>nciaram<br />

maiores índices <strong>de</strong> CPOS e <strong>de</strong> DP, assim como perda <strong>de</strong>ntal por necrose<br />

pulpar não tratada em pacientes com DF do que populações similares<br />

17


sem a presença da <strong>doença</strong>. Além disso, pacientes com DF po<strong>de</strong>m<br />

apresentar um aumento do risco <strong>de</strong> <strong>de</strong>pressão, conseqüentemente<br />

um maior risco das <strong>doença</strong>s – cárie e periodontal –, não ape<strong>na</strong>s pela<br />

utilização <strong>de</strong> medicamentos que suprime o fluxo <strong>de</strong> secreção salivar,<br />

alterando os fatores <strong>na</strong>turais <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa dos hospe<strong>de</strong>iros como pela<br />

própria característica da <strong>de</strong>pressão, ausência <strong>de</strong> autocuidado.<br />

Estudos avaliando a associação entre a <strong>doença</strong> <strong>falciforme</strong> e a <strong>doença</strong><br />

periodontal em adolescentes Nigerianos <strong>de</strong>monstraram que a profundida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> bolsa do grupo <strong>de</strong> pacientes com a <strong>doença</strong> foi maior em<br />

relação ao grupo controle, sugerindo então, um aumento <strong>na</strong> severida<strong>de</strong><br />

da <strong>doença</strong> periodontal.<br />

Alterações ósseas são comumente observadas em pacientes com<br />

DF. Expansão compensatória da medula produz certas mudanças ósseas,<br />

tais como projeção da maxila com aumento da angulação e separação<br />

dos incisivos superiores. Em mais <strong>de</strong> 50% dos pacientes, o overjet<br />

(sobressaliência) varia <strong>de</strong> 3mm a 10mm e a sobremordida entre 30% a<br />

80%. Estudo <strong>de</strong> nigerianos com DF revelou um perfil <strong>de</strong> prog<strong>na</strong>tismo<br />

maxilar, má oclusão Classe II e baixo peso aos 18 anos.<br />

Nas radiografias <strong>de</strong> aproximadamente 79% a 100% dos pacientes<br />

com DF, são vistas mudanças tanto <strong>na</strong> maxila quanto <strong>na</strong> mandíbula que,<br />

geralmente, consistem <strong>na</strong> diminuição da radio<strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> (osteoporose) e<br />

<strong>na</strong> formação <strong>de</strong> um padrão trabecular grosseiro. Esses achados são atribuídos<br />

à hiperplasia eritroblástica e hipertrofia medular resultando em<br />

perda do fino trabeculado e a formação <strong>de</strong> largos espaços medulares. Os<br />

espaços medulares ocorrem mais comumente como áreas radiolúcidas<br />

entre os ápices dos <strong>de</strong>ntes e a borda inferior da mandíbula. A alteração da<br />

trabeculagem é maior no osso alveolar. Apesar <strong>de</strong> não patognomônico, o<br />

trabeculado em forma <strong>de</strong> escada (step-lad<strong>de</strong>r trabéculas) são freqüentemente<br />

vistas entre os <strong>de</strong>ntes posteriores. Os filmes intra-orais são muito<br />

úteis para <strong>de</strong>tectar estas mudanças, eles mostram melhor os pequenos<br />

<strong>de</strong>talhes do osso. Relato recente <strong>de</strong> caso <strong>de</strong> traço <strong>falciforme</strong> apresenta radiograficamente<br />

as mesmas alterações no trabeculado ósseo. Alerta para<br />

a importância do exame radiográfico como auxiliar <strong>de</strong> diagnóstico tanto<br />

<strong>na</strong> DF como no traço.<br />

18


6 Complicações Orais das<br />

Doenças Falciformes<br />

Problemas clínicos associados com DF estão atribuídos diretamente<br />

ao <strong>de</strong>feito <strong>na</strong> hemoglobi<strong>na</strong> das células vermelhas do sangue. Estes<br />

incluem: anemia hemolítica, infecções bacteria<strong>na</strong>s e crises vasoclusivas.<br />

As complicações orais a seguir estão diretamente relacio<strong>na</strong>das a esses<br />

problemas clínicos supracitados. Elas são <strong>de</strong>correntes da falcização com<br />

isquemia da medula óssea (MO) e das estruturas ósseas adjacentes.<br />

6.1 Osteomielite<br />

Estudos indicam que a osteomielite é cem vezes mais freqüente<br />

em pacientes com DF que no resto da população e que 29% <strong>de</strong>sses<br />

pacientes apresentam pelo menos um episódio <strong>de</strong> osteomielite durante<br />

sua vida. Apesar da osteomielite <strong>na</strong> DF ser mais comum em ossos<br />

longos, ela po<strong>de</strong> afetar os ossos faciais. A mandíbula é particularmente<br />

<strong>de</strong> risco <strong>de</strong>vido a seu suprimento sangüíneo relativamente limitado,<br />

principalmente <strong>na</strong> região <strong>de</strong> molares. Uma crise vasoclusiva leva a<br />

uma isquemia e necrose do osso, o que cria um meio favorável para o<br />

crescimento bacteriano. A flora oral po<strong>de</strong> invadir esta área via ligamento<br />

periodontal ou hematogênica.<br />

Osteomielite da mandíbula sem causa <strong>de</strong>ntal foi relatada mais<br />

freqüentemente em crianças <strong>de</strong>vido aos espaços medulares largos que<br />

se tor<strong>na</strong>m necróticos quando infartados, propiciando um bom meio <strong>de</strong><br />

cultura para bactérias.<br />

19


Os sintomas da osteomielite são: exsudato no sulco gengival, e<strong>de</strong>ma<br />

facial e linfa<strong>de</strong>nopatia po<strong>de</strong>m ser vistos. Radiograficamente po<strong>de</strong> ser<br />

evi<strong>de</strong>nte uma gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>struição óssea. O diagnóstico diferencial entre<br />

as duas maiores lesões ósseas <strong>na</strong> DF, osteomielite e necrose isquêmica<br />

é difícil. Nos estágios iniciais, baseia-se <strong>na</strong> presença <strong>de</strong> maior e<strong>de</strong>ma,<br />

<strong>de</strong> alterações radiológicas mais intensas, <strong>de</strong> distúrbios sistêmicos mais<br />

acentuados e no isolamento <strong>de</strong> microorganismos em hemoculturas ou<br />

em material <strong>de</strong> dre<strong>na</strong>gem óssea direta.<br />

Salmonella é o agente causal mais comum <strong>na</strong> osteomielite em<br />

ossos longos <strong>na</strong> DF, enquanto Estreptococcus sp e Staphilococcus sp, <strong>na</strong><br />

osteomielite mandibular. Pneumococcus, Pseudomo<strong>na</strong>s, E. coli, Haemophilus<br />

influenza e flora oral mista normal também têm sido relatados.<br />

A osteomielite da mandíbula <strong>na</strong> DF não é necessariamente <strong>de</strong><br />

origem <strong>de</strong>ntal. Uma septicemia transitória po<strong>de</strong> infectar áreas necróticas<br />

infartadas <strong>de</strong> qualquer osso. O tratamento da osteomielite mandibular<br />

consiste <strong>na</strong> combi<strong>na</strong>ção <strong>de</strong> terapias <strong>de</strong> suporte, antibiótica e cirúrgica. A<br />

hospitalização po<strong>de</strong> ser necessária.<br />

O diagnóstico precoce e o tratamento <strong>de</strong> infecção oral po<strong>de</strong>m<br />

prevenir estabelecimento <strong>de</strong> crises falcêmicas. A osteomielite <strong>de</strong>ve<br />

ser consi<strong>de</strong>rada no diagnóstico diferencial para pacientes com DF que<br />

apresentam dor óssea e e<strong>de</strong>ma.<br />

20<br />

6.2 Neuropatia do Nervo Mandibular<br />

Neuropatia permanente afetando o nervo alveolar inferior após<br />

uma crise falcêmica tem sido relatada e resultou em anestesia permanente<br />

por mais <strong>de</strong> 24 meses. A perda da sensação provavelmente se<br />

<strong>de</strong>ve a uma isquemia no suprimento sangüíneo para o nervo alveolar<br />

inferior. Este é mais vulnerável <strong>de</strong>vido ao seu trajeto no estreito ca<strong>na</strong>l<br />

mandibular. Neuropatia do nervo mentoniano é uma manifestação oral<br />

que causa muita dor <strong>na</strong> mandíbula e normalmente resulta em parestesia<br />

do lábio. A retomada da sensação po<strong>de</strong> ser lenta, po<strong>de</strong>ndo levar até<br />

18 meses.


6.3 Necrose Pulpar Assintomática<br />

Trombose é a principal manifestação patológica <strong>na</strong> DF, particularmente<br />

envolvendo aqueles órgãos com circulação termi<strong>na</strong>l, como é o<br />

caso da polpa <strong>de</strong>ntal. Uma vasoclusão da microcirculação da polpa <strong>de</strong>ntal<br />

pelas células <strong>falciforme</strong>s po<strong>de</strong> levar à necrose pulpar em <strong>de</strong>ntes hígidos, o<br />

que foi também <strong>de</strong>monstrado histologicamente. Alterações radiográficas<br />

associadas com DF po<strong>de</strong>m mascarar aquelas alterações normalmente relacio<strong>na</strong>das<br />

com polpa não vital, dificultando o diagnóstico.<br />

6.4 Dor Orofacial<br />

Pacientes com DF apresentam o risco nove vezes maior <strong>de</strong> experimentar<br />

a dor <strong>na</strong> área maxilofacial, sendo esta mais freqüente e <strong>de</strong> maior<br />

duração. Durante uma crise falcêmica, uma vasoclusão <strong>na</strong> polpa <strong>de</strong>ntal<br />

po<strong>de</strong> resultar em dor (pulpite) <strong>na</strong> ausência <strong>de</strong> qualquer patologia <strong>de</strong>ntal.<br />

Dor <strong>de</strong> <strong>de</strong>nte <strong>de</strong>vido à crise vasoclusiva ocorre mais freqüentemente<br />

em adultos. Esse fenômeno po<strong>de</strong> levar à necrose pulpar <strong>de</strong> um <strong>de</strong>nte<br />

saudável ou po<strong>de</strong> simplesmente resolver sem tratamento ativo <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

que as células afoiçadas voltem ao normal. Estudos mostram que 21%<br />

a 36% dos pacientes com DF relatam experiência <strong>de</strong> dor <strong>de</strong> <strong>de</strong>nte sem<br />

nenhuma patologia específica.<br />

21


7 Medidas Odontológicas<br />

Preventivas <strong>na</strong>s Doenças<br />

Falciformes<br />

Os principais objetivos gerais das medidas preventivas são a educação<br />

para a saú<strong>de</strong> e a prevenção da cárie e <strong>de</strong> <strong>doença</strong> periodontal. Já<br />

os objetivos específicos mais importantes são minorização das conseqüências<br />

da anemia crônica, crises <strong>de</strong> falcização e a susceptibilida<strong>de</strong> às<br />

infecções. É importante lembrar que as infecções <strong>de</strong>ntárias po<strong>de</strong>m precipitar<br />

as crises.<br />

Po<strong>de</strong>mos situar a criança portadora <strong>de</strong> <strong>doença</strong> <strong>falciforme</strong> no grupo<br />

<strong>de</strong>scrito por Hobson (1980), em que o tratamento odontológico po<strong>de</strong><br />

colocar a saú<strong>de</strong> da criança em perigo, se mal conduzido profilaticamen-<br />

te. Muitas <strong>de</strong>ssas crianças requerem medicação freqüente e prolongada<br />

para o tratamento e controle <strong>de</strong> suas condições médicas.<br />

Pesquisas comprovam que a administração por períodos prolon-<br />

gados <strong>de</strong> medicamentos adoçados com açúcar foi associada ao aumento<br />

<strong>de</strong> cáries em crianças, condição que foi <strong>de</strong>nomi<strong>na</strong>da “cárie por<br />

medicamento”.<br />

Os responsáveis pela criança <strong>de</strong>vem ser informados sobre a importância<br />

da higiene oral após a ingestão <strong>de</strong>sses medicamentos açucara-<br />

23


dos, evitando a diminuição do pH da placa e seu conseqüente aumento<br />

<strong>de</strong> cariogenicida<strong>de</strong>.<br />

O início <strong>de</strong>ve ser o mais cedo possível, mantendo o controle periódico<br />

por toda a vida. As medidas preventivas <strong>na</strong>s pessoas com DF são as<br />

mesmas do restante da população sem qualquer patologia.<br />

24


8 A<strong>na</strong>lgesia e Anestesia<br />

O tratamento <strong>de</strong>ntário <strong>de</strong> roti<strong>na</strong> <strong>de</strong> pacientes com DF <strong>de</strong>ve ser<br />

realizado durante um período sem crises, porém a terapia durante uma<br />

crise <strong>de</strong>ve ser direcio<strong>na</strong>da a um tratamento paliativo.<br />

Minimizar o estresse físico reduz o risco <strong>de</strong> uma crise, portanto<br />

<strong>de</strong>ve-se planejar a maneira como o tratamento <strong>de</strong>ntário será realizado<br />

e a extensão <strong>de</strong>sse tratamento. As opções incluem tratamento ape<strong>na</strong>s<br />

com anestesia local ou sob anestesia geral. Pacientes com DF estão <strong>na</strong><br />

categoria <strong>de</strong> risco anestésico ASA III. Quando possível, é preferível anestesia<br />

local à anestesia geral, já que anestesia local tem menor potencial<br />

<strong>de</strong> diminuir a oxige<strong>na</strong>ção do sangue. Contudo, várias consultas e procedimentos<br />

extensos po<strong>de</strong>m ser estressantes para o paciente levando à<br />

falta <strong>de</strong> cooperação, sendo então a reabilitação oral, sob anestesia geral,<br />

mais indicada nessas circunstâncias.<br />

O uso <strong>de</strong> vasoconstritores com os anestésicos locais é controverso.<br />

Alguns autores relatam que vasoconstritores po<strong>de</strong>m impedir a circulação<br />

local e causar infarto, enquanto outros autores afirmam que os<br />

vasoconstritores não têm efeito <strong>na</strong> circulação local apesar da hipovascularização.<br />

Se o plano <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong>ntal for pequeno e bem planejado,<br />

procedimentos <strong>de</strong>ntários <strong>de</strong> roti<strong>na</strong> po<strong>de</strong>m ser executados usando<br />

anestésico sem vasoconstritor.<br />

A utilização do óxido nitroso também é controversa. O óxido nitroso<br />

– oxigênio usado como a<strong>na</strong>lgesia –, contudo não está contra-indicado<br />

quando utilizado <strong>de</strong>ntro dos parâmetros <strong>de</strong> oxige<strong>na</strong>ção e ventilação<br />

25


estabelecidos. Uma concentração <strong>de</strong> 50% <strong>de</strong> oxigênio, durante uma cirurgia<br />

oral, os benefícios dos vasoconstritores, taxa alta <strong>de</strong> fluxo e ventilação<br />

apropriada garantem uma margem <strong>de</strong> segurança a<strong>de</strong>quada.<br />

Sedação oral é uma alter<strong>na</strong>tiva para ajudar a diminuir os níveis <strong>de</strong><br />

ansieda<strong>de</strong> antes da anestesia local ou geral, po<strong>de</strong>ndo ser usada com extrema<br />

precaução. Baixas doses <strong>de</strong>vem ser utilizadas, contudo, se níveis<br />

maiores <strong>de</strong> sedação são necessárias, a oxige<strong>na</strong>ção adicio<strong>na</strong>l por cânula<br />

<strong>na</strong>sal é sugerida. Para prevenir a acidose pela supressão do centro respiratório,<br />

<strong>de</strong>ve ser evitado o uso <strong>de</strong> barbitúricos e <strong>na</strong>rcóticos. Dor po<strong>de</strong><br />

ser tratada com o uso <strong>de</strong> paracetamol, dipiro<strong>na</strong> ou co<strong>de</strong>í<strong>na</strong>. O uso <strong>de</strong><br />

salicilato leva à acidose e interfere <strong>na</strong> agregação plaquetária, portanto<br />

não <strong>de</strong>vem ser utilizados.<br />

Para tratamento <strong>de</strong>ntário com anestesia geral, todos os pacientes<br />

com DF <strong>de</strong>vem ser avaliados por hematologista, hemoterapeuta e<br />

anestesiologista com experiência no cuidado <strong>de</strong> pacientes com DF. A<br />

escolha da técnica anestésica é menos importante do que o cuidado<br />

com o qual ela <strong>de</strong>ve ser administrada. Os princípios <strong>de</strong> manejo do<br />

paciente sobre anestesia geral são os mesmos aplicados no tratamento<br />

ambulatorial: prevenção da <strong>de</strong>sidratação, hipóxia, acidose e infecção.<br />

Além disso, hipotermia <strong>de</strong>ve ser evitada durante a anestesia geral para<br />

prevenir reflexo <strong>de</strong> vasoconstrição.<br />

Os cuidados pré e pós-operatório são imprescindíveis para uma boa<br />

recuperação do paciente. Durante toda essa fase o paciente <strong>de</strong>verá estar<br />

bem oxige<strong>na</strong>do, hidratado, com monitoração do pulso, pressão arterial,<br />

perfusão periférica, balanço hídrico, perdas sangüíneas, hematócrito e<br />

status <strong>de</strong> oxige<strong>na</strong>ção.<br />

O aspecto <strong>de</strong> maior controvérsia no manejo cirúrgico do paciente<br />

com DF é o protocolo para transfusão sangüínea pré-operatória. O objetivo<br />

básico do esquema transfusio<strong>na</strong>l é a manutenção dos níveis <strong>de</strong><br />

hemoglobi<strong>na</strong> <strong>de</strong> 8 a 10g/dl e da concentração da HbS inferiores a 50%.<br />

Esse é um esquema efetivo e seguro quando comparado com esquemas<br />

26


transfusio<strong>na</strong>is anteriormente <strong>de</strong>scritos que objetivavam níveis <strong>de</strong> HbS<br />

inferiores a 30%. As transfusões não estão indicadas para procedimentos<br />

com anestesia local, incluindo cirurgia oral.<br />

Estudo recente alerta os cirurgiões-<strong>de</strong>ntistas para o risco <strong>de</strong><br />

complicações clínicas que po<strong>de</strong>m afetar os pacientes com traço <strong>de</strong> DF,<br />

particularmente se o paciente é agendado para cirurgia com sedação<br />

com óxido nitroso ou anestesia geral. Recomenda-se nesses casos que o<br />

paciente seja avaliado pelo clínico responsável. Sob anestesia local, com<br />

os cuidados prescritos para tal procedimento, não há relato <strong>de</strong> riscos<br />

maiores para as pessoas com DF do que para a população em geral.<br />

27


9 Medidas Gerais<br />

e Terapêuticas<br />

Odontológicas <strong>na</strong>s<br />

Doenças Falciformes<br />

Os pacientes com <strong>doença</strong> <strong>falciforme</strong> possuem problemas clínicos<br />

que po<strong>de</strong>m ser intensificados durante o tratamento odontológico. As<br />

bacteremias, por exemplo, po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ar crises falcêmicas em<br />

virtu<strong>de</strong> do maior risco para infecções, assim como o estresse físico, justificando<br />

maior precaução durante o tratamento.<br />

Manifestações orais são comuns, <strong>de</strong>stacando-se pali<strong>de</strong>z da mucosa,<br />

erupção <strong>de</strong>ntal tardia, hipoplasia <strong>de</strong>ntal, alterações radiográficas, má<br />

oclusão, diastemas, calcificação e necrose pulpar assintomática, osteomielite<br />

mandibular, parestesia do nervo mandibular e dores orofaciais<br />

<strong>na</strong> ausência <strong>de</strong> patologias <strong>de</strong> origem <strong>de</strong>ntária. Portanto, o <strong>de</strong>ntista <strong>de</strong>ve<br />

estar atento a essas condições durante o acompanhamento do paciente,<br />

procurando melhorar a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>vida <strong>de</strong>ste por meio da diminuição<br />

<strong>de</strong> fatores que possam <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ar crises falcêmicas.<br />

9.1 Terapia Medicamentosa<br />

9.1.1 Antibióticos<br />

Alguns procedimentos odontológicos provocam bacteremia transitória<br />

insignificante (15 a 30 minutos após o início do procedimento).<br />

29


Todavia, diante <strong>de</strong> pacientes com <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>das patologias, como os<br />

portadores <strong>de</strong> <strong>doença</strong> <strong>falciforme</strong>, po<strong>de</strong> ocorrer infecção secundária a<br />

essa bacteremia. Como infecções po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ar crises falcêmicas,<br />

sugere-se antibioticoterapia profilática diante <strong>de</strong> procedimentos odontológicos<br />

associados a bacteremias ou à terapêutica, diante <strong>de</strong> quadros<br />

infecciosos já instalados.<br />

30<br />

9.1.2 Antibiótico Profilático<br />

• crianças até 5 anos fazem uso diário <strong>de</strong> antibiótico, portanto<br />

não precisam ser submetidas à profilaxia antibiótica;<br />

• crianças maiores <strong>de</strong> 5 anos: amoxicili<strong>na</strong> (250mg) ou cefalexi<strong>na</strong><br />

(250mg) – 50mg/kg, uma hora antes do procedimento (dose<br />

máxima <strong>de</strong> 2g);<br />

• adultos: amoxicili<strong>na</strong> (500mg) – 2g, ou cefalexi<strong>na</strong> 2 a 4g, uma<br />

hora antes do procedimento.<br />

Em casos <strong>de</strong> alergia a esses antibióticos, indica-se eritromici<strong>na</strong> para<br />

adultos (500mg) e crianças (250mg-40mg/kg), uma hora antes do procedimento<br />

com dose máxima <strong>de</strong> 2g.<br />

A antibioticoprofilaxia não <strong>de</strong>verá ser empregada em intervalos<br />

menores que 15 dias e <strong>de</strong>verá antece<strong>de</strong>r polimentos coronários em pacientes<br />

com gengivite, raspagens supragengivais e subgengivais, extrações<br />

<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>cíduos e permanentes, pulpotomias, pulpectomias e<br />

cirurgias bucais.<br />

9.1.3 Antibiótico Terapêutico<br />

• Está indicado para os casos <strong>de</strong> infecção já instalada.<br />

9.2 Antiinflamatórios<br />

Diclofe<strong>na</strong>co sódico ou potássico (50mg-8/8h) para adultos e para<br />

crianças (1mg/kg/dose): para os quadros <strong>de</strong> pulpites e pericementites<br />

(complementares à remoção da causa do processo inflamatório), para<br />

pré e pós-operatórios e lesões traumáticas.


9.3 A<strong>na</strong>lgésicos<br />

Dipiro<strong>na</strong> (500mg-6/6h) ou paracetamol (750 mg-6/6h) para adultos<br />

e 1gota/kg/dose para crianças, para pré e pós-operatórios e lesões<br />

traumáticas.<br />

Co<strong>de</strong>í<strong>na</strong>: para quadros <strong>de</strong> dor muito intensa <strong>na</strong> dose 30mg para<br />

adultos e 1mg/kg para crianças.<br />

9.4 Anti-sépticos<br />

A clorexidi<strong>na</strong> a 0,2%, duas vezes ao dia, é o anti-séptico mais indicado<br />

por possuir ampla ação antimicrobia<strong>na</strong>, sem provocar resistência<br />

e superinfecção. É indicada antes <strong>de</strong> qualquer procedimento odontológico,<br />

em pós-operatórios, como coadjuvante da terapia periodontal,<br />

em portadores <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiências físicas, em pacientes imunossuprimidos e<br />

diante <strong>de</strong> quadros <strong>de</strong> úlceras bucais que possam ocasio<strong>na</strong>r infecções secundárias.<br />

Entretanto, não <strong>de</strong>ve ser utilizada por longo prazo visto que<br />

causa pigmentação <strong>de</strong>ntária e alteração do paladar.<br />

31


10 Abordagem Operatória<br />

O tratamento odontológico num paciente com <strong>doença</strong> <strong>falciforme</strong><br />

exige uma abordagem especial, tanto do ponto <strong>de</strong> vista odontológico<br />

como do clínico-hematológico. Sendo assim, po<strong>de</strong>mos dividir o tratamento<br />

em:<br />

10.1 A<strong>na</strong>mnese e Exame Clínico<br />

O tratamento odontológico em pacientes com <strong>doença</strong> <strong>falciforme</strong><br />

só <strong>de</strong>verá ser iniciado após uma <strong>de</strong>talhada a<strong>na</strong>mnese e exame clínico.<br />

Deve-se consi<strong>de</strong>rar o histórico da <strong>doença</strong> e suas complicações, assim<br />

como as condições físicas e emocio<strong>na</strong>is e a tolerância aos procedimentos<br />

operatórios, com o intuito <strong>de</strong> se evitar ou diminuir o estresse do paciente,<br />

já que isso po<strong>de</strong> <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ar uma crise falcêmica.<br />

É importante que o profissio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> odontologia registre dados específicos<br />

da <strong>doença</strong> <strong>falciforme</strong>, os quais irão orientá-lo no curso do tratamento.<br />

Entretanto, não se <strong>de</strong>ve <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rar o contato com o médico<br />

do paciente para atualização <strong>de</strong> tais dados e esclarecimentos sobre o<br />

quadro clínico do paciente.<br />

No exame clínico, é importante a avaliação dos tecidos moles da<br />

cavida<strong>de</strong> <strong>bucal</strong>, das estruturas periodontais e dos elementos <strong>de</strong>ntários.<br />

As radiografias periapicais e panorâmica são valiosas e, muitas vezes, indispensáveis<br />

por auxiliarem no diagnóstico. Mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> estudos po<strong>de</strong>m<br />

ser realizados, entretanto as bordas das mol<strong>de</strong>iras <strong>de</strong>vem ser protegidas<br />

com cera, a fim <strong>de</strong> minimizar traumatismos nos tecidos moles. O plano<br />

33


<strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong>ve ser elaborado e registrado no prontuário odontológico<br />

do paciente, po<strong>de</strong>ndo sofrer alterações <strong>de</strong> acordo com o curso do<br />

tratamento e com o quadro clínico do paciente.<br />

Se o caso for <strong>de</strong> uma consulta <strong>de</strong> urgência, a a<strong>na</strong>mnese <strong>de</strong>ve ser<br />

breve e a terapia consistir em aliviar a dor, tratar infecções agudas e tratar<br />

lesões traumáticas.<br />

34<br />

10.2 A<strong>de</strong>quação do Meio Bucal<br />

O i<strong>de</strong>al é que esse procedimento seja realizado <strong>na</strong> primeira consulta<br />

do tratamento. Nele é realizada raspagem supragengival; tratamento<br />

restaurador atraumático (TRA), com selamento das cavida<strong>de</strong>s com cimento<br />

ionômero <strong>de</strong> vidro e polimento coronário. Os restos radiculares e<br />

os bordos dos remanescentes coronários <strong>de</strong>vem ser arredondados para<br />

não causarem feridas nos tecidos moles.<br />

Caso haja inflamação gengival acentuada, a qual provocará sangramento<br />

consi<strong>de</strong>rável diante da raspagem e do polimento coronário,<br />

<strong>de</strong>ve-se fazer antibioticoterapia profilática.<br />

10.3 Procedimentos Preventivos<br />

- Instrução <strong>de</strong> Higiene Oral (IHO): po<strong>de</strong>-se obter uma gran<strong>de</strong> redução<br />

no número <strong>de</strong> cáries <strong>de</strong>ntárias e <strong>de</strong> problemas periodontais se o<br />

paciente for orientado a manter ótima higiene <strong>bucal</strong>, mediante uma<br />

correta escovação e utilização do fio <strong>de</strong>ntal. As informações sobre<br />

prevenção e higiene <strong>bucal</strong> po<strong>de</strong>m ser efetuadas individualmente<br />

ou coletivamente.<br />

- Flúor: o flúor apresenta importante papel <strong>na</strong> prevenção e no<br />

tratamento <strong>de</strong> lesões cariosas. Normalmente, ele é encontrado<br />

em <strong>de</strong>ntifrícios e <strong>na</strong> água <strong>de</strong> abastecimento, entretanto o flúor<br />

para bochecho e o flúor tópico só <strong>de</strong>vem ser utilizados após<br />

avaliação e indicação profissio<strong>na</strong>l.


- Nutrição e dieta: é importante que o doente <strong>falciforme</strong> seja<br />

orientado em relação a seu hábitos e necessida<strong>de</strong>s nutricio<strong>na</strong>is,<br />

<strong>de</strong> preferência por um nutricionista. Contudo, não há impedimento<br />

<strong>na</strong> orientação em relação à dieta cariogênica pelo<br />

profissio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> odontologia. O paciente <strong>de</strong>ve estar ciente dos<br />

prejuízos causados aos seus <strong>de</strong>ntes com o alto consumo <strong>de</strong><br />

açúcar.<br />

- Aplicação <strong>de</strong> selantes: os selantes são auxiliares interessantes<br />

<strong>na</strong> prevenção. Deve-se levar em consi<strong>de</strong>ração para o seu uso: a<br />

ida<strong>de</strong> do paciente, a experiência <strong>de</strong> cárie do mesmo, a a<strong>na</strong>tomia<br />

<strong>de</strong>ntária e a técnica <strong>de</strong> aplicação.<br />

10.4 Anestesia<br />

Anestesias <strong>de</strong>vem ser sempre utilizadas, visto que a ausência <strong>de</strong><br />

dor diminui a ansieda<strong>de</strong> e o estresse do paciente provocado pelo tratamento<br />

<strong>de</strong>ntário. Utiliza-se a anestesia local, com o anestésico indicado,<br />

tanto <strong>na</strong> forma infiltrativa como <strong>na</strong> regio<strong>na</strong>l (ou troncular), sem nenhum<br />

problema para o doente <strong>falciforme</strong>.<br />

10.5 Cirurgias Bucais<br />

As cirurgias bucais são procedimentos invasivos <strong>de</strong> maior risco,<br />

portanto <strong>de</strong>vem ser criteriosamente planejadas para que a intervenção<br />

seja segura. O procedimento cirúrgico mais comum é a exodontia. Esta,<br />

como qualquer outra cirurgia, apresenta as seguintes etapas: pré-operatório,<br />

transoperatório (ato cirúrgico) e pós-operatório.<br />

10.5.1 Pré-operatório<br />

• orientar o paciente a estar acompanhado e bem alimentado no<br />

dia da cirurgia;<br />

• <strong>de</strong>ntista e hematologista <strong>de</strong>vem avaliar o paciente;<br />

35


36<br />

• realizar radiografias; consi<strong>de</strong>rando-se a sua qualida<strong>de</strong>, a relação<br />

das raízes com o seio maxilar e o ca<strong>na</strong>l alveolar inferior, o número<br />

<strong>de</strong> raízes, a posição e tamanho das raízes, a existência <strong>de</strong><br />

reabsorção, a existência <strong>de</strong> tratamento endodôntico, a perda<br />

<strong>de</strong> osso alveolar e a <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> óssea;<br />

• prescrever antibioticoterapia profilática;<br />

• planejar o ato cirúrgico.<br />

10.5.2 Transoperatório ou Ato Cirúrgico<br />

• realizar bochecho com clorexidi<strong>na</strong> a 0,2% antes do procedimento;<br />

• fazer a anti-sepsia do campo operatório;<br />

• anestesiar o paciente por meio da técnica infiltrativa ou regio<strong>na</strong>l;<br />

• realizar a exodontia da forma mais atraumática possível por<br />

meio do afastamento dos tecidos moles pela sin<strong>de</strong>smotomia<br />

e, no caso dos elementos <strong>de</strong>ntários bi ou trirradiculares, optar<br />

pela técnica da odontossecção com brocas cirúrgicas; a qual<br />

auxilia o ato operatório, reduz a remoção <strong>de</strong> tecido alveolar,<br />

diminui o tempo operatório e oferece comodida<strong>de</strong> e segurança,<br />

tanto ao profissio<strong>na</strong>l quanto ao paciente. Somente após a<br />

odontossecção, utilizam-se alavancas e fórceps;<br />

• curetar o alvéolo com o intuito <strong>de</strong> se remover cistos, tecido <strong>de</strong><br />

granulação e esquírulas ósseas;<br />

• suturar com fio <strong>de</strong> seda preto 3.0 e agulha atraumática;<br />

• orientar o paciente a comprimir uma compressa <strong>de</strong> gaze por 30<br />

minutos no local da exodontia.<br />

10.5.3 Pós-operatório<br />

• prescrição <strong>de</strong> a<strong>na</strong>lgésico;


• prescrição <strong>de</strong> antibiótico, se necessário;<br />

• dar orientação por escrito <strong>de</strong>: dieta líquida e pastosa <strong>na</strong>s primeiras<br />

24 horas; aplicar gelo por fora durante 30 minutos, <strong>de</strong> 4<br />

em 4 horas, <strong>na</strong>s primeiras 24 horas, não bochechar e não fazer<br />

esforço físico;<br />

• avaliar a extração no quarto dia após a cirurgia;<br />

• remover a sutura no oitavo dia após a cirurgia e, fi<strong>na</strong>lmente, dar<br />

alta ao paciente.<br />

Outros tipos <strong>de</strong> cirurgias <strong>bucal</strong> <strong>de</strong>vem ser realizados <strong>de</strong>ntro das <strong>de</strong>vidas<br />

técnicas, respeitando-se o quadro do paciente.<br />

10.6 Tratamento Periodontal<br />

A <strong>doença</strong> periodontal po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>finida como uma série <strong>de</strong> infecções<br />

em sítios individuais ou múltiplos da cavida<strong>de</strong> <strong>bucal</strong>, levando à<br />

perda <strong>de</strong> tecido periodontal <strong>de</strong> suporte. Como tal, nós tratamos <strong>doença</strong><br />

infecciosa; não bolsas, perdas ósseas ou <strong>de</strong>feitos a<strong>na</strong>tômicos.<br />

Logo, fica claro, a extrema importância <strong>de</strong> se manter a saú<strong>de</strong> periodontal<br />

em doentes <strong>falciforme</strong>s, já que infecções nesses pacientes po<strong>de</strong>m<br />

<strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ar crises falcêmicas.<br />

No exame clínico periodontal, <strong>de</strong>ve-se avaliar o nível <strong>de</strong> controle<br />

<strong>de</strong> placa do paciente, as condições locais que po<strong>de</strong>rão proporcio<strong>na</strong>r a<br />

colonização <strong>de</strong> bactérias periodontogênicas e a ocorrência <strong>de</strong> inflamação<br />

gengival. A profundida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sondagem, a perda <strong>de</strong> inserção o grau<br />

<strong>de</strong> envolvimento <strong>de</strong> furca e <strong>de</strong> mobilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntal mostram os danos sofridos<br />

pelas estruturas <strong>de</strong> suporte. Além disso, os tecidos mucogengivais<br />

<strong>de</strong>vem ser exami<strong>na</strong>dos já que os mesmos po<strong>de</strong>m apresentar problemas<br />

que mereçam correção. As radiografias são relevantes e <strong>de</strong> muito auxílio<br />

no tratamento periodontal.<br />

A terapia principal é a antiinfecciosa, a qual <strong>de</strong>ve ser efetuada<br />

com o paciente fora <strong>de</strong> crises falcêmicas e controlado em relação à<br />

37


sua condição sistêmica. Nessa fase, <strong>de</strong>ve-se realizar raspagens supra<br />

e subgengivais e alisamento radicular com a <strong>de</strong>vida antibioticoterapia<br />

profilática.<br />

Se o paciente estiver controlado em relação à infecção no momento<br />

do reexame, o mesmo se tor<strong>na</strong> apto para a terapia corretiva em que<br />

se realizam extrações e tratamentos endodônticos complementares, cirurgias<br />

periodontais e tratamento restaurador e protético <strong>de</strong>finitivo.<br />

Após a alta do tratamento, o paciente entra <strong>na</strong> fase <strong>de</strong> manutenção<br />

em que serão avaliados o grau <strong>de</strong> higiene oral e a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> nova<br />

raspagem e alisamento radicular, complementando-se com o polimento<br />

coronário.<br />

É <strong>de</strong> fundamental importância atentar para o fato <strong>de</strong> que a presença<br />

<strong>de</strong> <strong>doença</strong> periodontal em gestantes com <strong>doença</strong> <strong>falciforme</strong> po<strong>de</strong><br />

potencializar a predisposição a partos prematuros. A relação entre infecções,<br />

particularmente a geniturinária, com resultado adversos <strong>na</strong><br />

gravi<strong>de</strong>z, tem sido documentada extensamente em estudos com animais<br />

e humanos. Entre os fatores <strong>de</strong> risco, tem-se <strong>de</strong>monstrado que os<br />

<strong>na</strong>scimentos pré-termo e recém-<strong>na</strong>scidos <strong>de</strong> baixo peso po<strong>de</strong>m ocorrer<br />

como resultado <strong>de</strong> infecções extravagi<strong>na</strong>is e do trato urinário, sendo mediados<br />

indiretamente pelo transporte <strong>de</strong> produtos bacterianos, como<br />

endotoxi<strong>na</strong>s e também por reação mater<strong>na</strong> <strong>na</strong> produção <strong>de</strong> mediadores<br />

da inflamação. Esses mediadores já estão presentes <strong>na</strong> fisiologia normal<br />

do parto e quando em excesso po<strong>de</strong>m acelerar o processo. A <strong>doença</strong><br />

periodontal po<strong>de</strong> ser um <strong>de</strong>sses fatores infecciosos, por estimular o aumento<br />

<strong>de</strong> mediadores inflamatórios pela infecção bacteria<strong>na</strong>. A reserva<br />

<strong>de</strong> microorganismo a<strong>na</strong>eróbios, <strong>de</strong> lipossacarí<strong>de</strong>os e mediadores da<br />

inflamação da <strong>doença</strong> periodontal po<strong>de</strong>m ameaçar a unida<strong>de</strong> feto-placentária,<br />

levando à prematurida<strong>de</strong>.<br />

Quando os mediadores atingem, precocemente, os níveis do parto<br />

a termo, <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ia o parto pré-termo. Uma explicação para a associação<br />

<strong>de</strong> mediadores da inflamação da <strong>doença</strong> periodontal com a dimi-<br />

38


nuição do peso <strong>de</strong> crianças ao <strong>na</strong>scer seria que como o periodonto está<br />

infectado, mediadores inflamatórios são produzidos, atingindo a circulação<br />

sistêmica e eventualmente atravessando a barreira corioamiônica,<br />

sendo <strong>de</strong>tectado no fluido amniótico. Esse aumento <strong>de</strong> mediadores <strong>na</strong><br />

circulação mater<strong>na</strong> parece estar mais associado ao parto pré-termo que<br />

à bacteremia propriamente dita (OFFENBACHER et al., 1996; YU, 2000E<br />

BRUNETTI, 2005).<br />

Além da presença <strong>de</strong> mediadores inflamatórios, também po<strong>de</strong>m<br />

ser encontrados os próprios microorganismos orais no fluido amniótico.<br />

Uma espécie comum <strong>de</strong> microorganismo oral, que está presente em sítios<br />

da <strong>doença</strong> periodontal é o Fusobacterium nucleatum. Ele é uma das<br />

espécies mais freqüentemente isoladas da cultura do fluido amniótico<br />

entre mulheres em trabalho <strong>de</strong> parto pré-termo e membra<strong>na</strong>s intactas.<br />

Alguns fatores são sugeridos para explicar esse aparecimento. Um <strong>de</strong>les<br />

seria a dissemi<strong>na</strong>ção por via hematogênica, <strong>na</strong> qual essa microflora se<br />

dissemi<strong>na</strong>ria pelo sangue materno. Procedimentos <strong>de</strong>ntais ou manipulação<br />

intra-oral, como escovação, po<strong>de</strong>m causar uma bacteremia transitória<br />

por microorganismos gram negativos da flora <strong>bucal</strong> que ocorre<br />

mais freqüentemente em pessoas com maior quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> placas e<br />

inflamação gengival. Além disso, po<strong>de</strong> também ocorrer por entrada <strong>na</strong><br />

corrente sangüínea por meio <strong>de</strong> úlceras em pacientes imuno<strong>de</strong>primidos<br />

por supressão <strong>de</strong> células <strong>de</strong> imunida<strong>de</strong> associados com gravi<strong>de</strong>z e até<br />

com um aumento <strong>de</strong> gengivite em grávidas (WILLIAMS, et al., 2000).<br />

10.7 Tratamento Endodôntico<br />

As bactérias têm papel fundamental no início e <strong>na</strong> perpetuação<br />

das lesões pulpares e perirradiculares sintomático ou não, tor<strong>na</strong>ndo-se<br />

evi<strong>de</strong>nte a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um combate eficaz à infecção endodôntica,<br />

visando ao reparo das estruturas perirradiculares e ao restabelecimento<br />

da função <strong>de</strong>ntária normal.<br />

Assim, procedimentos como pulpotomia, biopulpectomia e necropulpectomia<br />

merecem ser efetuados sob antibioticoterapia profilática<br />

39


nos portadores <strong>de</strong> <strong>doença</strong>s <strong>falciforme</strong>s. As etapas <strong>de</strong> anti-sepsia da cavida<strong>de</strong><br />

<strong>bucal</strong> com bochecho <strong>de</strong> clorexidi<strong>na</strong> a 0,2%; anestesia; isolamento<br />

absoluto; remoção <strong>de</strong> tecido cariado; acesso; limpeza da cavida<strong>de</strong>; limpeza,<br />

mo<strong>de</strong>lagem e obturação do sistema <strong>de</strong> ca<strong>na</strong>is radiculares <strong>de</strong>vem<br />

ser rigorosamente respeitadas, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da técnica utilizada<br />

para a terapia endodôntica.<br />

O acompanhamento <strong>de</strong>sses procedimentos é realizado mediante<br />

exames radiográficos periódicos.<br />

40<br />

10.8 Tratamento Restaurador e Protético<br />

A <strong>doença</strong> cárie caracteriza-se por ser infectocontagiosa, multifatorial<br />

e apresentar curso crônico. Sendo assim, os tratamentos restauradores<br />

e protéticos são importantes por limitar o dano da <strong>doença</strong>, mas<br />

não são suficientes para controlar a sua causa. Instrução <strong>de</strong> higiene oral,<br />

controle da dieta, terapia com flúor e intervenção em aspectos do hospe<strong>de</strong>iro<br />

fazem parte do tratamento reabilitador, juntamente com restaurações<br />

e próteses; consi<strong>de</strong>rando-se, obviamente, o quadro clínico do<br />

paciente.<br />

Tanto as restaurações quanto as próteses <strong>de</strong>vem ser realizadas <strong>de</strong>ntro<br />

das técnicas <strong>de</strong> domínio do odontólogo, respeitando-se a a<strong>na</strong>tomia<br />

<strong>de</strong>ntária e os tecidos periodontais com o intuito <strong>de</strong> se evitar iatrogenias.<br />

Cuidados <strong>de</strong>vem ser tomados durante o uso da caneta <strong>de</strong> alta rotação,<br />

matrizes e cunhas para não se lesar tecidos moles.<br />

O controle da <strong>doença</strong> cárie, assim como dos trabalhos reabilitadores,<br />

<strong>de</strong>ve ser realizado por meio <strong>de</strong> consultas <strong>de</strong> manutenção.<br />

10.9 Tratamento Ortodôntico<br />

Por tratamento ortopédico-facial compreen<strong>de</strong>-se a especialida<strong>de</strong><br />

que trata as <strong>de</strong>formida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>nto-faciais com a utilização <strong>de</strong> aparelhos<br />

funcio<strong>na</strong>is.


É sabido que a maioria dos pacientes falcêmicos apresenta disfunções<br />

respiratórias e mastigatórias, o que acarreta a má oclusão. Faz-se<br />

necessária a correção <strong>de</strong>sta disfunção por meio <strong>de</strong> um tratamento ortopédico-facial<br />

a fim <strong>de</strong> que se restabeleça uma boa oclusão e equilíbrio<br />

facial e corporal, como um todo. Por outro lado, é indispensável também<br />

que se ofereça a esses pacientes um apoio terapêutico fonoaudiológico.<br />

Sabe-se que essa disfunção resulta em alterações bucais associadas<br />

com a anemia hemolítica e po<strong>de</strong>m também resultar da hiperplasia<br />

compensadora dos espaços medulares, <strong>de</strong> <strong>de</strong>posição <strong>de</strong> pigmentos<br />

sangüíneos nos tecidos bucais, ou <strong>de</strong> alteração anêmica <strong>na</strong>s gengivas<br />

(pigmentação amarela).<br />

A hiperplasia compensadora dos espaços medulares po<strong>de</strong> causar a<br />

expansão <strong>de</strong> maxila, nos pacientes com talassemia e anemia <strong>falciforme</strong>.<br />

Essa expansão po<strong>de</strong> gerar má oclusão e po<strong>de</strong> ser observada a evidência<br />

radiológica <strong>de</strong> alargamento da trabeculagem e dos espaços medulares.<br />

Os pacientes com <strong>doença</strong> <strong>falciforme</strong>, adultos inclusive, apresentaram<br />

um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> casos <strong>de</strong> hipertrofia do osso maxilar e as<br />

radiografias não mostram com freqüência uma expansão da trabeculagem<br />

óssea, proeminência <strong>de</strong> lâmi<strong>na</strong> dura, e um córtex mandibular com<br />

áreas <strong>de</strong> esclerose óssea, provavelmente <strong>de</strong>vido a infartes prévios.<br />

Todos esses achados clínicos foram comprovados por estudos cefalométricos<br />

realizados junto à população ca<strong>na</strong><strong>de</strong>nse (Ontário e Quebec),<br />

constituída por <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> imigrantes da África e do Caribe.<br />

Tendo em vista as anomalias acima <strong>de</strong>scritas, justifica-se uma proposta<br />

<strong>de</strong> tratamento ortopédico-facial, visando a minorar e a concorrer<br />

para uma melhoria funcio<strong>na</strong>l e estética <strong>de</strong>sses pacientes, bem como<br />

concorrer para diminuir a incidência da cárie <strong>de</strong>ntária.<br />

O tratamento ortodôntico <strong>de</strong>ve ser realizado em pacientes com<br />

mais <strong>de</strong> 3 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, após avaliação por uma junta <strong>de</strong> especialistas<br />

multiprofissio<strong>na</strong>l com experiência em <strong>doença</strong> <strong>falciforme</strong>.<br />

41


42<br />

O tratamento consiste em:<br />

- Diagnóstico radiológico e documentação.<br />

Faz-se necessária a realização das telerradiografias <strong>de</strong> perfil com as<br />

respectivas análises (traçados cefalométricos) e radiografias panorâmicas<br />

das arcadas com mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> estudo zoocalados e fotografias.<br />

- Confecção <strong>de</strong> aparelhos ortopédicos.<br />

A confecção <strong>de</strong> aparelhos <strong>de</strong>ve ser realizada por serviços técnicos<br />

<strong>de</strong> prótese ortopédica-funcio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> laboratório especializado <strong>na</strong> confecção<br />

<strong>de</strong>sses aparelhos.<br />

10.10 Implantes<br />

São contra-indicados em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> possíveis complicações ósseas.<br />

10.11 Controle e Manutenção<br />

Os pacientes <strong>falciforme</strong>s <strong>de</strong>s<strong>de</strong> cedo, quando há diagnóstico<br />

precoce da <strong>doença</strong>, <strong>de</strong>vem ser mantidos em permanente controle<br />

e manutenção como qualquer outro paciente. A continuida<strong>de</strong> dos<br />

cuidados para mantê-los livres <strong>de</strong> problemas que afetem a cavida<strong>de</strong><br />

<strong>bucal</strong> é importante por contribuir para a sua saú<strong>de</strong> geral.


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48


Elaboração:<br />

Equipe Técnica<br />

Dra. Lisiane Cristi<strong>na</strong> Bezerra<br />

Cirurgiã-<strong>de</strong>ntista/ortondontista – Hemorio<br />

Tel.: (21) 2509-1290, e-mail: lisiane.bezerra@hemorio.rj.gov.br<br />

Dra. Marlene do Carmo Cezini<br />

- Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Odontologia – Departamento <strong>de</strong> Odontologia<br />

Social e Preventiva – UFRJ<br />

Tel.: (21) 9998-7583, e-mail: marlenecezeni@superig.com.br<br />

Dr. Paulo Ivo Cortez <strong>de</strong> Araújo<br />

Médico hematologista – IPPMG-UFRJ<br />

Tel.: (21) 8148-5495, e-mail: picortez@gbl.com.br<br />

Dra. Sonia Groisman<br />

- Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Odontologia – Departamento <strong>de</strong> Odontologia<br />

Social e Preventiva – UFRJ<br />

Tel.: (21) 2494-9217, e-mail: sonia@<strong>de</strong>ntistas.com.br<br />

49


50<br />

Dra. Walkíria d’Oliveira Matheus<br />

- Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Odontologia – Departamento <strong>de</strong> Odontologia<br />

Social e Preventiva – UFRJ<br />

Tel.: (21) 2235-4995, e-mail: walkiriamatheus@superig.com.br<br />

Dr. Wellington E. S. Cavalcanti<br />

Cirurgião-bucomaxilofacial – Hemorio<br />

Tel.: (21) 2509-1290, e-mail: wellington@hemorio.rj.gov.br<br />

Revisão Técnica:<br />

Prof. Cláudio José Amante<br />

Departamento <strong>de</strong> Estomatologia da UFSC<br />

Tel.: (48) 331-9520, e-mail: claudiojosea@yahoo.com.br<br />

Prof. Elismauro Franscisco <strong>de</strong> Mendonça<br />

Professor Titular do Departamento <strong>de</strong> Ciências Estomatológicas<br />

– Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Odontologia – UFGO<br />

Tel.: (62) 218-5544, e-mail: elismaur@odonto.ufg.br<br />

Dr. João Carlos Caetano<br />

Gerência <strong>de</strong> Apoio à Re<strong>de</strong> Pública <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> Florianópolis – SC<br />

Tel.: (48) 228-2605, e-mail: caetano@saú<strong>de</strong>.sc.gov.br<br />

Grupo <strong>de</strong> Trabalho:<br />

Berenice Kikuchi, CPNSH/DAE/SAS/MS<br />

Joice Aragão <strong>de</strong> Jesus, CPNSH/DAE/SAS/MS


A coleção institucio<strong>na</strong>l do Ministério da Saú<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser acessada<br />

<strong>na</strong> Biblioteca Virtual do Ministério da Saú<strong>de</strong>:<br />

http://www.sau<strong>de</strong>.gov.br/bvs<br />

O conteúdo <strong>de</strong>sta e <strong>de</strong> outras obras da Editora do Ministério da Saú<strong>de</strong><br />

po<strong>de</strong> ser acessado <strong>na</strong> pági<strong>na</strong>:<br />

http://www.sau<strong>de</strong>.gov.br/editora<br />

EDITORA MS<br />

Coor<strong>de</strong><strong>na</strong>ção-Geral <strong>de</strong> Documentação e Informação/SAA/SE<br />

MINISTÉRIO DA SAÚDE<br />

(Normalização, revisão, editoração, impressão, acabamento e expedição)<br />

SIA, trecho 4, lotes 540/610 – CEP: 71200-040<br />

Telefone: (61) 3233-2020 Fax: (61) 3233-9558<br />

E-mail: editora.ms@sau<strong>de</strong>.gov.br<br />

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Brasília – DF, novembro <strong>de</strong> 2005<br />

OS 0784/2005

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