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Formulário Padrão - Submissão de Trabalhos - Núcleo de Estudos ...

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SEMINÁRIO INTERNACIONAL ENLAÇANDO SEXUALIDADESDireito, Relações Etnorraciais, Educação, Trabalho, Reprodução,Diversida<strong>de</strong> Sexual, Comunicação e Cultura04 a 06 <strong>de</strong> Setembro <strong>de</strong> 2011Centro <strong>de</strong> Convenções da BahiaSalvador - BAentrevistados. Nestas entrevistas, Clarice acabava emitindo opiniões pessoaise, <strong>de</strong>sta maneira, revelando a própria alma ao mesmo tempo em que revelavaa <strong>de</strong> seu entrevistado. Aqui, no referido artigo, lanço mão <strong>de</strong> algunsentrevistados, amigos e/ou amigas íntimos (as) <strong>de</strong> Clarice Lispector, quetraçam perfis da mesma, revelando aspectos pertinentes <strong>de</strong>la.Para Nélida Piñon - que conviveu intensamente com Clarice duranteduas décadas e acompanhou <strong>de</strong> perto a sua trajetóriaClarice Lispector é uma extraordinária profissional, que nãoadquiriu consciência do próprio estado. Sua obra é produtosério e regular, diariamente enriquecido por uma sondaintroduzida em sua consciência, e pela qual se realizapermanente a comunicação entre o mundo e sua matriz <strong>de</strong>criação. 3Já na concepção <strong>de</strong> Hélio Pellegrino, escritor e psicanalista, a amigaClarice foi uma pessoa com uma dramática vocação <strong>de</strong> integrida<strong>de</strong> e <strong>de</strong>totalida<strong>de</strong>. Ela buscava apaixonadamente, o seu self- centro nuclear <strong>de</strong>confluência e <strong>de</strong> irradiação <strong>de</strong> força- e esta tarefa a consumia- e fazia sofrer.Ele diz, ainda, que ela procurava casar, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>la, luz e sombra; dia e noite,sol e lua.Parti <strong>de</strong> perfis <strong>de</strong> Clarice Lispector, traçado por amigos íntimos, paradiante do exposto, <strong>de</strong>monstrar a partir dos contos Amor inserido na obra Laços<strong>de</strong> Família (2009) e O corpo contido em A via Crucis do corpo (1973) releituras<strong>de</strong> Lispector que possibilitem que as mil faces da escritora sejam (re) vistas.Neste aspecto intento, também <strong>de</strong>mostrar que Clarice além <strong>de</strong> ter uma vida <strong>de</strong>escritora que, por vezes, a crítica, consi<strong>de</strong>rou como canônica, conseguiu aliarseu lado <strong>de</strong> escritora com o <strong>de</strong> uma mulher comum que vivenciava as rogativasdo cotidiano.Este estudo elege as personagens, Ana do conto Amor e o triânguloamoroso retratado no conto O corpo vivido por Xavier, Carmem e Beatriz comoo ponto nodal <strong>de</strong>ste artigo. Deste modo, procura-se conhecer o modus3 LISPECTOR, Clarice. Entrevistas/Clarice Lispector. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Rocco, 2007, p.46.


SEMINÁRIO INTERNACIONAL ENLAÇANDO SEXUALIDADESDireito, Relações Etnorraciais, Educação, Trabalho, Reprodução,Diversida<strong>de</strong> Sexual, Comunicação e Cultura04 a 06 <strong>de</strong> Setembro <strong>de</strong> 2011Centro <strong>de</strong> Convenções da BahiaSalvador - BAoperandi da sua subjetivida<strong>de</strong> através da construção do texto, sobretudo,<strong>de</strong>staco análises que tem por base a crítica biográfica e a crítica cultural. Poreste motivo, a análise das características <strong>de</strong> Clarice Lispector, é fundamentalpara conhecer este processo <strong>de</strong> subjetivida<strong>de</strong> e a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong>sseselementos passa pelas questões: Quem narra? Que relação se faz entre anarradora- personagem e a escritora dos contos em análise? Que relaçãoexiste (ou não) entre a biografia da escritora dos contos e os “sentimentos”neles expostos?O conto Amor, narrado em terceira pessoa, retrata o cotidiano <strong>de</strong> Ana,uma mulher comum, uma dona <strong>de</strong> casa que tem como preocupações a vidados filhos, do marido e a harmonia do lar, seja no que concerne à arrumação<strong>de</strong>ste ou o bem-estar daqueles que lá estão. “O homem com quem casara eraum homem verda<strong>de</strong>iro, os filhos que tivera eram filhos verda<strong>de</strong>iros”.(LISPECTOR, 2009, p. 20). A vida <strong>de</strong> Ana era tomada a partir <strong>de</strong> sua rotinafeliz em seu apartamento. Ela era feliz por viver com seu marido e filhos, emsua “zona <strong>de</strong> conforto” em um lar on<strong>de</strong> se preocupava em manter sempreor<strong>de</strong>nado.Saía então para fazer compras ou levar objetos para consertar,cuidando do lar e da família à revelia <strong>de</strong>les. Quando voltasseera o fim da tar<strong>de</strong> e as crianças vindas do colégio exigiam-na.Assim chegaria a noite, com sua tranquila vibração. De manhãacordaria aureolada pelos calmos <strong>de</strong>veres. Encontrava osmóveis <strong>de</strong> novo empoeirados e sujos, como se voltassemarrependidos. 4Ana, nesse seu meio familiar, cuidando do outro, da casa, dos filhos, domarido, algumas vezes esqueceu-se <strong>de</strong> se perceber como mulher, <strong>de</strong>questionar-se sobre si mesma e, com isso, ter seus momentos sozinha,cuidando <strong>de</strong> si, ao passo que, seu tempo era <strong>de</strong>dicado ao outro, ao lar. Todo oseu cotidiano e suas preocupações, <strong>de</strong> fato, não envolvia a si mesma e omundo que saltava as portas do seu apartamento, assim, o foco <strong>de</strong> Anaperpassava, apenas, os laços familiares.4 LISPECTOR, Clarice. Laços <strong>de</strong> Família. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Rocco, 2009, p.21.


SEMINÁRIO INTERNACIONAL ENLAÇANDO SEXUALIDADESDireito, Relações Etnorraciais, Educação, Trabalho, Reprodução,Diversida<strong>de</strong> Sexual, Comunicação e Cultura04 a 06 <strong>de</strong> Setembro <strong>de</strong> 2011Centro <strong>de</strong> Convenções da BahiaSalvador - BAEm um dia comum em que Ana vai às compras e em um bon<strong>de</strong> se põe arefletir sobre sua vida calma com tudo costumeiramente no lugar. Em dadomomento, <strong>de</strong>parou-se com um homem parado no ponto, mas não era umhomem qualquer, era um cego que mascava chicletes. “O que havia mais quefizesse Ana se aprumar em <strong>de</strong>sconfiança? Alguma coisa intranquila estavasuce<strong>de</strong>ndo. Então ela viu: o cego mascava chicles... Um homem cego mascavachicles”. (LISPECTOR, 2009, p.21).Desta forma, infere-se que Ana percebe que aquele cego, em suaescuridão física, tinha toda luminosida<strong>de</strong> <strong>de</strong> viver e a liberda<strong>de</strong> a partir do ato<strong>de</strong> po<strong>de</strong>r mascar seus chicletes tão tranquilamente. Aquele fato, fez com queAna tivesse um “choque”, ao notar que ela, em seu ninho familiar, com tudoaparentemente em seu lugar, não gozava <strong>de</strong> uma liberda<strong>de</strong> luminosa, <strong>de</strong> certaforma, o cego gozava <strong>de</strong>ssa liberda<strong>de</strong>, pois ele não era um homem comum,mas, para ela, sugere-se, que quebrava paradigmas, ao se comportar <strong>de</strong>maneira tão leve e natural.Ela que estava, <strong>de</strong> alguma maneira, submissa ao seu seio familiar e osacontecimentos da vida dos “seus”, e também confortada com uma vida quenão lhe causava necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mudanças drásticas, ao se <strong>de</strong>parar com acena, por meio da janela do bon<strong>de</strong>, causou em Ana, questionamento <strong>de</strong> suaprópria vida.Neste momento, a personagem principal do conto em discussão, temuma epifania, ou seja, uma revelação da vida: ela sentia uma imensa pieda<strong>de</strong>pelo cego, e pensava que tinha lugares e pessoas que precisavam <strong>de</strong>la.Naquele instante, Ana percebeu que a vida não se resumia a quietu<strong>de</strong> do seular. Mas que existia um mundo que necessitava <strong>de</strong> sua participação. “A vida éhorrível, disse-lhe baixo, faminta. O que faria se seguisse o chamado do cego?Iria sozinha... Havia lugares pobres e ricos que precisavam <strong>de</strong>la. Ela precisava<strong>de</strong>les...” (LISPECTOR, 2009, p. 26).Neste tocante, trago para a presente discussão a relação <strong>de</strong> Ana e docego mascando chicletes, ou seja, abordo a questão da alterida<strong>de</strong> queperpassa esta narrativa clariceana. Simone <strong>de</strong> Beauvoir (1961) ressalta que a


SEMINÁRIO INTERNACIONAL ENLAÇANDO SEXUALIDADESDireito, Relações Etnorraciais, Educação, Trabalho, Reprodução,Diversida<strong>de</strong> Sexual, Comunicação e Cultura04 a 06 <strong>de</strong> Setembro <strong>de</strong> 2011Centro <strong>de</strong> Convenções da BahiaSalvador - BAcategoria existencial do outro, converte-se também na categoria constitutiva daconsciência: a consciência humana fundamenta-se no outro. Assim sendo,infere-se, a partir do trecho acima, que Ana tomou consciência <strong>de</strong> seu estado<strong>de</strong> vida, o quanto ela po<strong>de</strong>ria participar do mundo do “outro” e não apenaspermanecer em sua casa, preocupando-se apenas como a vida dos seusfamiliares. Este estado <strong>de</strong> consciência, porém, não foi colocado em prática emrelação ao cego mascando chicletes, mas em relação a si mesmo, visto queAna passou a tomar consciência do seu próprio estado <strong>de</strong> vida. Foi o “outro”que a fez percebe-se.Todavia, sugere-se que o impacto causado em Ana pela visão que tevedo cego mascando chicletes, po<strong>de</strong>ria ter sido mais produtivo, ou seja, po<strong>de</strong>riater causado um efeito em seu “ser mulher” mais forte, e com isso ela pu<strong>de</strong>ssesair da moldura pronta em que se encontrava e partir para uma outraperspectiva <strong>de</strong> vida, inclusive uma vida, na qual ela teria mais momentos paraseu próprio ser. Ressalto este aspecto, pois ao retornar para o lar elanovamente volta a ter um comportamento engajado às questões do lar.Trazendo para a análise proposta uma outra face <strong>de</strong> Clarice Lispectorreporto-me às i<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> Abdala Junior e Campe<strong>de</strong>lli (1999, p.271) . De acordocom eles, Clarice Lispector ao se revelar uma “sentidora”, uma “intuitiva”,ressaltou em alguns <strong>de</strong>poimentos que seus livros, mas do que históriascontinham “impressões”.Para eles a literatura lispectoriana “é um ambíguo espelho da mente,que in<strong>de</strong>fine as fronteiras entre a voz do narrador e das personagens”. Valeressaltar, ainda para Abdala Junior e Campe<strong>de</strong>lli (1999, p.272) que osromances ou os contos <strong>de</strong> Clarice Lispector a que se atribui em alto grau ofluxo <strong>de</strong> consciência são, quando analisados, obras cujo assunto principal é aconsciência <strong>de</strong> uma ou mais personagens como acontece no conto Amor.Neste sentido uma outra observação que vem corroborar com as i<strong>de</strong>ias <strong>de</strong>Abdala Junior e Campe<strong>de</strong>lli é a <strong>de</strong> Affonso Romano <strong>de</strong> Sant’ana (1973), oreferido autor interpretou a literatura <strong>de</strong> Clarice Lispector como momentos <strong>de</strong>epifania. Assim, segundo Sant’ana , os romances ou contos <strong>de</strong> Clarice


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SEMINÁRIO INTERNACIONAL ENLAÇANDO SEXUALIDADESDireito, Relações Etnorraciais, Educação, Trabalho, Reprodução,Diversida<strong>de</strong> Sexual, Comunicação e Cultura04 a 06 <strong>de</strong> Setembro <strong>de</strong> 2011Centro <strong>de</strong> Convenções da BahiaSalvador - BASegundo as i<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> Bedasee (1999) na obra clariceana encontra-se aspersonagens femininas voltadas para vários questionamentos. No conto Ocorpo temos uma relação conjugal representada pelo triângulo amoroso vividopor Carmem, Beatriz e Xavier. Esta relação é permeada pela violência, vistoque, <strong>de</strong>ntro da perspectiva feminista, as duas mulheres aceitam, até certoponto, o triângulo amoroso. Esta aceitação só muda quando entra em cenauma outra mulher.“Xavier trabalhava muito para sustentar as duas e a si mesmo, asgran<strong>de</strong>s comidas. E às vezes enganava a ambas com uma prostituta ótima.Mas nada contava em casa pois não era doido”. (LISPECTOR, 1998, p. 22).Até o momento que Xavier manteve a relação extraconjugal com a prostituta àsescuras, Carmen e Beatriz tinham-no como o mantenedor do lar, uma vez quenenhuma das duas tinha um ofício que lhes ren<strong>de</strong>sse algum valor financeiropara custear as próprias <strong>de</strong>spesas. “A vida lhes era boa. Às vezes Carmem eBeatriz saíam a fim <strong>de</strong> comprar camisolas cheias <strong>de</strong> sexo. E comprar perfume”.(LISPECTOR, 1998, p. 22). Tudo isso era custeado por Xavier, que trabalhavaao máximo para manter possibilitar as duas mulheres o que elasnecessitassem.A relação entre os três corria harmoniosa, uma vez que nenhuma dasduas mulheres imaginava que Xavier estaria se envolvendo com uma outrapessoa, entretanto quando ele <strong>de</strong>morava <strong>de</strong> chegar em casa Carmem e Beatrizse mostravam preocupadas, pois esta não era uma postura comum a seradotada por ele: “Um dia Xavier só chegou <strong>de</strong> noite bem tar<strong>de</strong>: as duas<strong>de</strong>sesperadas. Mal sabiam que ele estava com a sua prostituta. Os três naverda<strong>de</strong> eram quatro, como os três mosqueteiros”. (LISPECTOR, 1998, p. 22).Quando as duas mulheres ficam a par da traição <strong>de</strong> Xavier nãoaceitaram que existisse uma quarta pessoa e, <strong>de</strong> início uma atitu<strong>de</strong>:Um dia Xavier veio do trabalho com marcas <strong>de</strong> batom nacamisa. Não pô<strong>de</strong> negar que estivera com a sua prostitutapreferida. Carmem e Beatriz pegaram cada uma um pedaço <strong>de</strong>


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SEMINÁRIO INTERNACIONAL ENLAÇANDO SEXUALIDADESDireito, Relações Etnorraciais, Educação, Trabalho, Reprodução,Diversida<strong>de</strong> Sexual, Comunicação e Cultura04 a 06 <strong>de</strong> Setembro <strong>de</strong> 2011Centro <strong>de</strong> Convenções da BahiaSalvador - BADesta forma, através das palavras <strong>de</strong> Moser percebemos que apesar <strong>de</strong>Clarice Lispector não ser tida pelos amigos como uma pornográfica, ela levantaquestões polêmicas para a época e coloca em discussão o papel do homem eda mulher na socieda<strong>de</strong>. Para o autor Joan Scott (1989), existia umadificulda<strong>de</strong> para se empregar a palavra gênero. Ele aponta que no seu usomais simples “gênero” é sinônimo <strong>de</strong> “mulheres”. Ele acrescenta que “gênero” éuma categoria imposta sobre um corpo sexuado. O uso do “gênero” coloca aênfase sob todo o sistema <strong>de</strong> relações que po<strong>de</strong> incluir o sexo, mas que não édiretamente <strong>de</strong>terminado pelo sexo nem <strong>de</strong>termina diretamente a sexualida<strong>de</strong>.Concernente às i<strong>de</strong>ias <strong>de</strong> Simone <strong>de</strong> Beauvoir (1986), as mulheresexistem como outro, ela foi a primeira a criticar a hierarquização e fixação dasassimetrias dos gêneros. Ela diz ainda que a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gênero não <strong>de</strong>signaum ser substancial, mas sim uma dimensão cultural e histórica.Consi<strong>de</strong>rações FinaisEm vista do exposto, ao longo da escrita do artigo, observa-se que aprodução <strong>de</strong> Clarice Lispector nas literaturas nacional e internacional é <strong>de</strong>gran<strong>de</strong> valia. Como foi <strong>de</strong>monstrado através da crítica biográfica e literária(Gotlib 2008; 2009), Benjamin (2009), Nunes (1996). A escritora em <strong>de</strong>staquetrata <strong>de</strong> temas sociais como a opressão, a subalternida<strong>de</strong>, entre outros, meiodas personagens que cria, retratando submissões (ex: <strong>de</strong> Cristina da obra ABela e a fera (1979), a oprimida Macabéa da A hora da estrela, a própria Anaque vivia amarrada ao cotidiano do seu lar (Laços <strong>de</strong> Família), e também asmulheres Carmem e Beatriz que se rendiam as vonta<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Xavier (Conto Ocorpo). Sendo assim, po<strong>de</strong>-se traçar um liame entre o processo <strong>de</strong> escrita <strong>de</strong>Clarice e a crítica cultural, visto que é no campo da crítica cultural queencontra-se o espaço para a discussão <strong>de</strong> temáticas, que a primeira vistaficariam à margem, com as anteriormente citadas. Sem esquecer, é claro, quea crítica cultural tem como preocupação <strong>de</strong>monstrar os modos <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> umasocieda<strong>de</strong>, por esta razão tomei os contos Amor e O corpo como pano <strong>de</strong>fundo <strong>de</strong>ste artigo.


SEMINÁRIO INTERNACIONAL ENLAÇANDO SEXUALIDADESDireito, Relações Etnorraciais, Educação, Trabalho, Reprodução,Diversida<strong>de</strong> Sexual, Comunicação e Cultura04 a 06 <strong>de</strong> Setembro <strong>de</strong> 2011Centro <strong>de</strong> Convenções da BahiaSalvador - BATomando <strong>de</strong> empréstimo as palavras <strong>de</strong> Maria Elisa Cevasco no ensaioO sentido da crítica cultural (2008), reconhecemos que “para esse tipo <strong>de</strong>crítica, a questão continua sendo a <strong>de</strong> enten<strong>de</strong>r para modificar, juntando atarefa da filosofia, e hoje da teoria, <strong>de</strong> explicar o mundo com a cada vez maisurgente tarefa social <strong>de</strong> contribuir para mudá-lo”. Embasando nas palavras <strong>de</strong>Cevasco, acredito que a obra <strong>de</strong> Clarice Lispector tem um caráterintervencionista. E a acepção <strong>de</strong> intervencionista que trago para esta discussãoé <strong>de</strong> fato a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> intervir no meio sociocultural para através <strong>de</strong>stafazer com que as mudanças almejadas sejam verda<strong>de</strong>iramente realizadas. Equais são transformações a que me refiro?Estas mutações estão no âmbito do gênero, do processo <strong>de</strong>subalternida<strong>de</strong>, da prática da alterida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>ntre outras, como <strong>de</strong>monstradas apartir dos contos Amor e O corpo. A intenção maior é como nos diz (2010),“cotidianizar a política e politizar o cotidiano”. Uma vez que, os contos acimacitados, tratam <strong>de</strong> subjetivida<strong>de</strong>s, logo perpassam por questões políticastomando como ponto <strong>de</strong> partida o cotidiano das personagens retratadas.Nas palavras <strong>de</strong> Jailma Pedreira (2010) fazer crítica cultural é fazercrítica aos nossos modos <strong>de</strong> vida, aos modos como fixamos <strong>de</strong> ser homem, sermulher, <strong>de</strong> fazer educação, <strong>de</strong> ler, ver, viver. Assim, fazer crítica cultural é revermodos <strong>de</strong> educar, <strong>de</strong> formar sujeitos, <strong>de</strong> como fomos formados. É abrir brechasnos modos <strong>de</strong> olhar e ouvir, atentando para outras realida<strong>de</strong>s existentes, outrasrealida<strong>de</strong>s possíveis; atentando para os movimentos, os ruídos, os silênciosque rasuram um texto tão bem ensinado, que se naturalizou, apesar domovimento sempre existir, resistir, <strong>de</strong>vir.É nesta perspectiva que trago para esta discussão, uma releitura doscontos elencados, para que através <strong>de</strong>le sejam <strong>de</strong>monstradas as formas <strong>de</strong>vida e os agenciamentos que po<strong>de</strong>mos praticar através <strong>de</strong>stas vidas contadaspor meio da escrita <strong>de</strong> Clarice Lispector. Uma simples dona <strong>de</strong> casa, comoAna, do conto Amor, que retrata o universo vivido por muitas mulheres ou atémesmo o triângulo amoroso do conto O corpo, que escrito na década <strong>de</strong> 70


SEMINÁRIO INTERNACIONAL ENLAÇANDO SEXUALIDADESDireito, Relações Etnorraciais, Educação, Trabalho, Reprodução,Diversida<strong>de</strong> Sexual, Comunicação e Cultura04 a 06 <strong>de</strong> Setembro <strong>de</strong> 2011Centro <strong>de</strong> Convenções da BahiaSalvador - BAque cria uma ruptura nos parâmetros <strong>de</strong> casamentos da época e possibilita queatravés <strong>de</strong>le outras vozes sejam pronunciadas e ouvidas.Para Maria José Somerlate Barbosa em Clarice Lispector: <strong>de</strong>s/fiando asteias da paixão (2001), “Lispector examina a linguagem, dilemas existenciais,divisão <strong>de</strong> classes, problemas raciais e conflitos entre os sexos comointersecções <strong>de</strong> um mesmo discurso social”. Assim sendo, observo que aescrita clariceana tem um enfoque biográfico com também perpassa pelo viésda crítica cultural, levando em consi<strong>de</strong>ração os liames feitos a partir dos contosselecionados e as análises biográficas e do campo da crítica cultural.Aliando as i<strong>de</strong>ias trazidas pela crítica biográfica observaram-se aspossíveis faces <strong>de</strong> Clarice Lispector retratadas, sobretudo por meio dos contosAmor e O corpo. Esta análise foi realizada <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> uma perspectiva da críticacultural, ressaltando que através da literatura clariceana é possível tecer novasformas <strong>de</strong> agenciamento, mormente no que se refere às questões <strong>de</strong> gênero.Sendo assim, inferimos que as faces clariceanas po<strong>de</strong>m ser encontradas nonosso cotidiano, em lares comuns ou até mesmo em possíveis relaçõesafetivas. Com isso, abordamos não só a importância da referida escritora,como também a aplicabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua obra em nossos dias.ReferênciasBARBOSA, Maria José Somerlate. Clarice Lispector: <strong>de</strong>s/fiando as teias dapaixão. Coleção Memória das Letras 8. Porto Alegre: EDIPCRS, 2001.BAUMAN, Zygmunt. Mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> Líquida. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Jorge Zahar, 2001.BEAUVOIR, Simone. Segundo Sexo. São Paulo: Difusão europeia do livro,1970.BEDASEE, Raimunda. Violência e i<strong>de</strong>ologia feminista na obra <strong>de</strong> ClariceLispector. Salvador: EDUFBA, 1999.BORELLI, Olga. Clarice Lispector. Esboço para um possível retrato. Rio <strong>de</strong>Janeiro: Nova Fronteira, 1981.


SEMINÁRIO INTERNACIONAL ENLAÇANDO SEXUALIDADESDireito, Relações Etnorraciais, Educação, Trabalho, Reprodução,Diversida<strong>de</strong> Sexual, Comunicação e Cultura04 a 06 <strong>de</strong> Setembro <strong>de</strong> 2011Centro <strong>de</strong> Convenções da BahiaSalvador - BABOSI, Alfredo. História Concisa da Literatura Brasileira. São Paulo: Cultrix,2006.DELEUZE, Gilles e GUATTARI, Félix. O que é uma literatura menor? In: Kafka:por uma literatura menor. Tradução Castonon Guimarães. Rio <strong>de</strong> Janeiro:Imago, 1977.GOTLIB, N. B. Clarice: Uma Vida que se Conta. São Paulo: Ática, 2009.LISPECTOR, Clarice. Laços <strong>de</strong> Família. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Rocco, 2009.LISPECTOR, Clarice. A Via Crucis do Corpo. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Rocco, 1998.LISPECTOR, Clarice. Entrevistas/Clarice Lispector. Rio <strong>de</strong> Janeiro: Rocco,2007.MANZO, Lícia. Era uma Vez: Eu. A não-ficção na obra <strong>de</strong> Clarice Lispector.Juiz <strong>de</strong> Fora, Editora da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Juiz <strong>de</strong> Fora, 2001.NUNES, Benedito. O Mundo <strong>de</strong> Clarice Lispector. Manaus: Edições Governodo Estado do Amazonas, 1966.MOREIRA, Jailma dos Santos Pedreira. Ao encontro dos movimentos: pelo fimda violência contra a mulher, pela afirmação dos direitos humanos, por umacultura educacional que afirme a vida! In: Jornal Heterotopia, ano 1, 2 <strong>de</strong>novembro <strong>de</strong> 2010.MOSER, Benjamin. Clarice,. São Paulo: Cosac Naify, 2009.SANTOS, Osmar Moreira. Um Oswald <strong>de</strong> bolso: crítica cultural ao alcance <strong>de</strong>todos. Salvador: UNEB, Quarteto, 2010.SCOTT, Joan. Gênero: Uma categoria útil para análise histórica. TraduçãoChristiane Rufino Dabat e Maria Betânia Ávila. New York: Columbia UniversityPress, 1989.ZILBERMAN, Regina. O procedimento narrativo <strong>de</strong> Clarice Lispector provocouimpacto na literatura e no idioma. 30 <strong>de</strong> novembro <strong>de</strong> 2007. In:www.scribd.com/ acesso em 29 <strong>de</strong> agosto <strong>de</strong> 2011 às 16h14min.

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