The Christian imaginary in the novels of knights and in the ... - Mirabilia
The Christian imaginary in the novels of knights and in the ... - Mirabilia
The Christian imaginary in the novels of knights and in the ... - Mirabilia
- No tags were found...
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Senhor do corpo delgado,en forte pont’eu fui nado!que nunca perdi cuidadonen afan, des que vos vi.En forte pont’ eu fui nado,Senhor, por vós e por mi!Con est’ afan tan longado,en forte pont’eu fui nado!que vos amo sen meu gradoe faço a vós pesar i.En forte pont’eu fui nado,senhor, por vós e por mi!Ai eu, cativ’e coitadoEn forte pont’eu fui nado!Que servi sempr’endõadoOnd’un bem nunca prendi.En forte pont’eu fui nado,Senhor, por vós e por mi!COSTA, Ricardo da (coord.). <strong>Mirabilia</strong> 6A educação e a cultura laica na Idade MédiaLa educación y la cultura laica en la Edad Media<strong>The</strong> educacion <strong>and</strong> secular culture <strong>in</strong> <strong>the</strong> Middle AgesJun-Dez 2006/ISSN 1676-5818Observa-se nesta cantiga de amor, de Pero da Ponte, que o trovador descrevesua <strong>in</strong>dignação por perceber que o seu amor é irrealizável, qu<strong>and</strong>o afirma quenasceu num dia de azar “En forte pont’eu eu nado”, contrapondo a essaafirmativa a constatação de que amou a sua dama desde o dia em que a viu oua conheceu. O trovador sabe que serve a uma dama <strong>in</strong>acessível, idealizada,mas mesmo assim ele não deixa de adorá-la. O poeta p<strong>in</strong>ta o retrato da mulherqu<strong>and</strong>o diz “Senhor do corpo delgado”, mas este retrato é superficial, namedida em que representa, implicitamente, o retrato moral desta senhora, quenão sustenta este amor, não dá esperanças de que o mesmo serácorrespondido, para gr<strong>and</strong>e desespero do trovador.F<strong>in</strong>aliz<strong>and</strong>o essas reflexões, podemos concluir que a <strong>in</strong>fluência do imag<strong>in</strong>áriocristão na literatura medieval laica é evidente, mas ela ocorre de forma diversaem cada um dos gêneros. Não podemos ignorar o papel dos tribunais<strong>in</strong>quisidores na transformação tanto das novelas quanto das trovas, entretanto,nas primeiras, justamente por terem sido registradas, na maioria das vezes, porclérigos, a <strong>in</strong>fluência da igreja cristã parece ter sido maior, exercendo mesmoum papel censor, pr<strong>in</strong>cipalmente no que diz respeito ao amor cortês, queaparece sempre com um sentido negativo.Já no que se refere às cantigas de amor, produzidas por trovadores oriundosdo povo, essa <strong>in</strong>fluência parece estar mais ligada ao culto a Nossa Senhora,sobretudo se considerarmos que um dos traços da religiosidade na IdadeMédia está exatamente no desenvolvimento do marianismo, fortementepresente naquela época.61