Nº 114 - Novembro - CNI - Senai
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Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial<br />
Ano 16 - <strong>Novembro</strong> 2007 - <strong>Nº</strong> <strong>114</strong><br />
Des<br />
ign<br />
verde-amarelo<br />
Especialistas pesquisam tendências<br />
internacionais e ajudam empresas<br />
a criar soluções em moda, móveis<br />
e calçados com alma brasileira
Editorial<br />
Inspirações da moda<br />
No mundo global, de constantes<br />
transformações tecnológicas,<br />
as informações multiplicam-se<br />
e tornam-se cada vez mais acessíveis<br />
às empresas. O desafio é pesquisar e<br />
saber em quais informações elas devem<br />
apostar para desenhar as novas<br />
coleções e oferecer produtos que cairão<br />
no gosto do consumidor na próxima<br />
estação. É exatamente aí que os<br />
cadernos de tendências elaborados<br />
pelo SENAI pretendem ajudar os setores<br />
do mobiliário, vestuário e calçados,<br />
couro e artefatos.<br />
Especialistas de 15 departamentos<br />
regionais da organização filtram<br />
informações de entrevistas, pesquisas e revistas e visitam<br />
centros de moda e feiras nacionais e do exterior.<br />
A seguir, destacam texturas, cores, materiais, conceitos,<br />
processos e tecnologias, e traduzem o desejo de<br />
compra de forma clara e direta em cadernos ilustrados,<br />
que também são distribuídos em CD-ROM, com<br />
imagens, vídeos e textos.<br />
O trabalho está inserido no programa estratégico<br />
de gestão do design, cuja coordenação é do SENAI<br />
Nacional. O material é distribuído gratuitamente a<br />
empresas de pequeno porte, durante workshops promovidos<br />
nos principais pólos de moda do país. A cada<br />
ano, são 25 mil exemplares, sendo duas edições do<br />
setor de vestuário, duas de calçados, couro e artefatos<br />
e uma do mobiliário.<br />
Publicação mensal editada pela Unidade de<br />
Comunicação Social do Sistema Indústria (Unicom)<br />
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial<br />
(SENAI)<br />
Presidente do Conselho Nacional<br />
Armando Monteiro Neto<br />
Diretor-geral<br />
José Manuel de Aguiar Martins<br />
- <strong>Novembro</strong> 2007<br />
Gerente-executivo da Unicom<br />
Edgar Lisboa<br />
Editor: Edson Chaves Filho<br />
Subeditor: Roberto Almeida<br />
Revisora: Rejane Costa<br />
Impressão: Coronário Editora Gráfica<br />
Produção Editorial: Unicom<br />
Editoração: Creare Design<br />
JOSÉ PAULO LACERDA<br />
O foco dos pesquisadores é identificar<br />
o que faz a vontade do consumidor.<br />
Para isso, buscam idéias para<br />
agregar valor aos produtos com design<br />
inovador. O objetivo não é dar<br />
sugestões de produtos prontos, mas<br />
apresentar conceitos de forma planejada<br />
para estimular a criatividade dos<br />
desenvolvedores de projetos.<br />
O cliente quer estética e conforto<br />
num produto diferenciado. O caminho<br />
é resgatar valores e tradições da<br />
cultura local, ressaltando a brasilidade<br />
nos detalhes. Ao antecipar informações,<br />
torna-se possível igualar o<br />
tempo de produção das empresas<br />
brasileiras com o mercado europeu, aumentando a<br />
competitividade da indústria nacional.<br />
No início do próximo ano, será lançado o Portal<br />
SENAI Design, ferramenta criada para inspirar indústrias<br />
desses três setores a lançar produtos com a cara<br />
do Brasil. Com mais essa fonte confiável de informações,<br />
as empresas poderão entender o desejo do consumidor<br />
e se preparar para atendê-lo na hora certa.<br />
José Manuel de Aguiar Martins<br />
Diretor-geral do SENAI - jmartins@dn.senai.br<br />
SENAI<br />
SBN - Quadra 1 - Bloco C - 14º andar<br />
Edifício Roberto Simonsen<br />
CEP 70040-903 - Brasília (DF)<br />
Telefone: (61) 3317 9000<br />
Fax: (61) 3317 9550<br />
faleconosco@dn.senai.br<br />
www.senai.br<br />
Capa: Creare Design
Educação a distância<br />
Excelência reconhecida<br />
Credenciamento do MCT destaca atividades de P&D do SENAI-RS<br />
O<br />
Núcleo de Educação a Distância<br />
(Nead) da Unidade<br />
Estratégica de Desenvolvimento<br />
Educacional do SENAI Rio<br />
Grande do Sul acaba de ser credenciado<br />
pelo Ministério da Ciência e<br />
Tecnologia (MCT) para a execução<br />
de atividades de pesquisa e desenvolvimento<br />
(P&D). “A chancela do<br />
MCT nos permitirá a participação<br />
em editais e o acesso a verbas federais<br />
para projetos”, explica Fátima<br />
Lemos, do Nead.<br />
O credenciamento é o reconhecimento<br />
da qualidade científica dos<br />
projetos e de sua projeção internacional:<br />
o uso dos softwares de gestão<br />
de competências para avaliação<br />
de alunos em cursos presenciais e a<br />
distância, por exemplo, foi um dos<br />
oito (veja quadro) apresentados na<br />
Conferência Internacional de Educação<br />
a Distância, promovida pelo<br />
Conselho Internacional de Educação<br />
Aberta e a Distância – entidade<br />
filiada à Unesco – no mês passado,<br />
no México. Os projetos do SENAI<br />
integraram a lista de 157 trabalhos<br />
selecionados entre 210 propostas<br />
apresentadas por diversos países.<br />
Parceiros externos<br />
A qualidade dos projetos também<br />
tem contribuído para estender<br />
a rede de parceiros externos<br />
do SENAI, e gerar novas oportunidades<br />
de negócios. O gerenteexecutivo<br />
da Unidade de Educação<br />
Profissional do SENAI Nacional,<br />
Alberto Borges de Araújo, que<br />
participou em outubro do EU Conference<br />
e-Learning Lisboa 2007,<br />
deixou Portugal com propostas<br />
de cooperação técnica de quatro<br />
grandes empresas: a Avanzo, de<br />
Trabalhos apresentados pelo SENAI na Conferência do México<br />
- Rede SENAI de Educação<br />
a Distância: uma<br />
estratégia sintonizada<br />
com o século XXI (Departamento<br />
Nacional);<br />
- Projetos de e-learning<br />
e o PMBOK: uma análise<br />
dos critérios de<br />
escopo, tempo, custo<br />
e qualidade (Bahia);<br />
- O difícil dilema de<br />
dizer o que fazer: a<br />
metodologia Aeco por<br />
meio do olhar do aluno<br />
(São Paulo);<br />
- Tutoria global: uma nova<br />
abordagem da tutoria<br />
para uma assistência<br />
completa ao aluno<br />
a distância (Cetiqt);<br />
- Educação a distância<br />
versus tecnologias interativas:<br />
em busca de<br />
um ponto de equilíbrio<br />
(Santa Catarina);<br />
- O uso do software de<br />
capital espanhol especializada em<br />
soluções de e-learning; a Iberdola,<br />
um dos maiores grupos energéticos<br />
privados do mundo; a RN, ligada<br />
ao grupo Santander; e o Instituto<br />
Nacional de Administração de<br />
Portugal (INA). “Estamos abrindo<br />
novas fronteiras”, diz Araújo.<br />
A Avanzo está interessada nos<br />
simuladores virtuais de máquinas<br />
e equipamentos e no sistema de<br />
gestão de EAD desenvolvidos pelo<br />
SENAI; a Iberdola, empresa controladora<br />
das companhias de energia<br />
elétrica da Bahia (Celpa) e de Pernambuco<br />
(Celpe), e a RN buscam<br />
parceria para ampliar programa de<br />
qualificação de funcionários; e o INA<br />
quer usar a tecnologia de graduação<br />
a distância em gestão ambiental e<br />
formação de gestores. “As propostas<br />
serão avaliadas até o início do próximo<br />
ano”, adianta Araújo.<br />
gestão de competências<br />
para avaliação de<br />
alunos de cursos presenciais<br />
e a distância<br />
(Rio Grande do Sul);<br />
- A formação profissional<br />
de alunos de cursos<br />
técnicos mediados por<br />
computador: um estudo<br />
de caso (Goiás);<br />
- Educação a distância a<br />
serviço da inclusão sócio-digital<br />
(Bahia).<br />
<strong>Novembro</strong> 2007 -
Competitividade<br />
Referência tecnológica<br />
Extensão do Cimatec vai ampliar a geração de soluções<br />
para a cadeia produtiva em três novas áreas<br />
Alta performance: em visita ao Centro Integrado, presidente Lula conhece<br />
equipamentos de última geração, como a injetora a comando numérico computadorizado<br />
Referência nacional na produção<br />
de tecnologia industrial,<br />
o Centro Integrado de<br />
Manufatura e Tecnologia (Cimatec)<br />
ganhou uma segunda unidade. O<br />
Cimatec 2 vai ampliar o leque de<br />
serviços prestados pelo centro<br />
– processos de fabricação; transformação<br />
de plásticos; metrologia;<br />
gestão da produção, logística<br />
e qualidade; desenvolvimento de<br />
produto; automotiva; automação<br />
industrial; manutenção Industrial e<br />
certificação profissional –, atuando<br />
em três novas áreas de competência:<br />
mecânica de precisão, engenha-<br />
- <strong>Novembro</strong> 2007<br />
ria automotiva e microeletrônica e<br />
eletrônica embarcada.<br />
Participaram da inauguração, em<br />
29 de outubro, o presidente Luiz Inácio<br />
Lula da Silva, o governador da<br />
Bahia, Jacques Wagner, os presidentes<br />
da Confederação Nacional da<br />
Indústria (<strong>CNI</strong>), Armando Monteiro<br />
Neto, e da Federação das Indústrias<br />
do Estado (Fieb), Jorge Lins Freire, e<br />
o diretor-geral do SENAI Nacional,<br />
José Manuel de Aguiar Martins.<br />
Instalado em Salvador, o centro<br />
passa a ter capacidade de formar<br />
12 mil novos profissionais por ano.<br />
Além de servir de suporte estraté-<br />
ROBERTO STUCKERT - PR<br />
gico ao desenvolvimento da Bahia,<br />
o novo complexo é considerado<br />
pelo presidente da <strong>CNI</strong> “uma resposta<br />
do SENAI ao avanço da tecnologia<br />
e um marco extraordinário<br />
do processo de modernização da<br />
organização no Brasil”.<br />
De acordo com Lins Freire, o<br />
Cimatec 2 oferece “soluções integradas<br />
que vão produzir impacto<br />
positivo na cadeia industrial da Bahia,<br />
além de contribuir para ativar<br />
ainda mais a competitividade do<br />
setor”. O Cimatec ministra ainda<br />
cursos de graduação tecnológica,<br />
alguns aprovados pelo Ministério da
Cimatec 2<br />
Investimento: R$ 34,8 milhões; área construída: 11<br />
mil metros quadrados; laboratórios: 23; salas de<br />
aula: 23; início de operação: 2008; Competência –<br />
mecânica de precisão: miniaturização de aparelhos<br />
e componentes, por meio de trabalhos de usinagem<br />
– multitarefa, multi-eixos e microusinagem; engenharia<br />
automotiva: infra-estrutura completa e normas<br />
de segurança rígidas na realização de testes de<br />
motores; microeletrônica e eletrônica embarcada:<br />
desenvolvimento eletrônico, protótipos eletrônicos,<br />
microeletrônica, planta-piloto de montagem de placas<br />
eletrônicas e compatibilidade eletromagnética.<br />
Educação com conceito A, e de pósgraduação<br />
nas áreas de mecatrônica,<br />
logística, inspeção e soldagem,<br />
polímeros e manutenção industrial.<br />
Marco para cidadania<br />
Ex-torneiro mecânico formado<br />
pelo SENAI, o presidente Lula reafirmou<br />
a importância da organização<br />
para a sua formação profissional<br />
e, mais do que isso, na conquista<br />
da cidadania. “O SENAI do século<br />
21 tem que ser capaz de atender<br />
à revolução tecnológica que está<br />
acontecendo no mundo e preparar<br />
os jovens para indústrias cada vez<br />
mais modernas e globalizadas.”<br />
Disse ainda que “o SENAI e o<br />
SESI podem ter certeza de que contarão<br />
com o governo naquilo que<br />
estiver ao nosso alcance para que<br />
a gente possa fazer mais escolas,<br />
formar mais profissionais e contribuir<br />
para transformar o Brasil numa<br />
grande nação do século 21, consolidando<br />
um ciclo de crescimento<br />
que dure duas, três décadas”.<br />
Presente à inauguração, o<br />
ministro da Ciência e Tecnologia,<br />
Sérgio Rezende, reconheceu<br />
que o movimento de incentivo à<br />
SENAI-BA<br />
inovação, liderado pelo Sistema<br />
Indústria, atende aos novos desafios<br />
do parque fabril: “muitos<br />
empresários, quando compram<br />
softwares, máquinas e equipamentos,<br />
acreditam que compram<br />
tecnologia, quando na verdade,<br />
tecnologia é conhecimento”.<br />
Para Monteiro Neto, o Cimatec<br />
2 é referência no suporte estratégico<br />
ao desenvolvimento da Bahia,<br />
Competitividade<br />
ampliando e enriquecendo sua matriz<br />
industrial, além de realizar atividades<br />
cada vez mais complexas, do<br />
ponto de vista da manufatura. “O<br />
Cimatec procura ser uma resposta<br />
às demandas crescentes da indústria,<br />
em função do processo de desenvolvimento<br />
do estado.”<br />
Até o final de 2009, está prevista<br />
a construção dos Cimatecs 3<br />
e 4. O terceiro deverá ser pioneiro<br />
na América Latina na área de conformação<br />
mecânica – atividade que<br />
interfere em todos os processos<br />
de transformação de metais da indústria<br />
– em parceria com as Universidades<br />
Federal do Rio Grande<br />
do Sul e de Aachen, da Alemanha,<br />
referência mundial na matéria. O<br />
Cimatec 3 também deverá abrigar<br />
um centro nacional de tecnologia<br />
em logística e gestão da produção,<br />
em parceria com o também alemão<br />
Instituto Fraunhofer IML. A unidade<br />
4 dará suporte às demais, com auditório,<br />
biblioteca, área para eventos,<br />
restaurante e salas de educação<br />
a distância. O intercâmbio de<br />
conhecimento tecnológico inclui<br />
a visita de técnicos de indústrias<br />
alemãs para ministrar cursos.<br />
Expansão: o SENAI-BA já planeja a construção dos Cimatecs 3 -<br />
para a área de conformação mecânica - e 4 - que dará<br />
suporte às demais unidades<br />
<strong>Novembro</strong> 2007 -
Gestão do design<br />
O desejo de amanhã<br />
Cadernos antecipam tendências e ajudam empresas a<br />
aperfeiçoar produtos<br />
O<br />
consumidor sabe muito bem<br />
o que quer. E é ele quem<br />
manda. O industrial Romar<br />
Bordignon, da Romar Móveis, fábrica<br />
instalada em São Leopoldo, no<br />
Rio Grande do Sul, adota esse conceito<br />
na sua linha de produção. “O<br />
mercado exige e as fábricas têm que<br />
se adaptar ao cliente. Não adianta<br />
bancar o artista”, afirma.<br />
Há seis anos, Romar estuda design<br />
para desenvolver produtos. Foi<br />
questionado quando decidiu apostar<br />
no uso do artesanato em móveis<br />
contemporâneos, como a linha Primeira<br />
Tribo, que usa materiais trabalhados<br />
por índios em madeiras<br />
ecologicamente corretas. Agora, o<br />
empresário vê a sua intuição confirmada<br />
no Caderno Referências em<br />
Mobiliário 2008, elaborado pelo<br />
SENAI e parceiros. “A publicação<br />
me ajudou a confirmar que eu estava<br />
no caminho certo”, comenta.<br />
A brasilidade também está presente<br />
nas áreas de calçados, couro<br />
e artefatos, e do vestuário, como<br />
mostram os Cadernos de Tendências<br />
para a estação outono/inverno<br />
2008. “A brasilidade é o que sempre<br />
DIVULGAÇÃO<br />
Bordignon: aposta no<br />
artesanato como diferencial<br />
- <strong>Novembro</strong> Agosto 2007 2007<br />
está em mente. Não é uma imitação<br />
do que há lá fora”, diz a gestora do<br />
Programa SENAI de Gestão do design,<br />
Zeide Gusmão.<br />
Grandes geradores de emprego,<br />
esses dois setores são fortemente<br />
atingidos pela concorrência externa,<br />
especialmente de produtos provenientes<br />
da China. “É difícil competir<br />
com eles em termos de preço.<br />
Portanto, além de aperfeiçoar o<br />
processo produtivo e reduzir custos,<br />
uma das formas de se tornar<br />
atrativo é oferecer produtos com<br />
design diferenciado”, diz o gerenteexecutivo<br />
da Unidade de Tecnologia<br />
Industrial (Unitec) do SENAI Nacional,<br />
Orlando Clapp Filho.<br />
Equipe de especialistas<br />
Os cadernos fazem parte do programa<br />
de gestão do design, coordenado<br />
pela Unitec. A elaboração do<br />
material tem a participação de especialistas<br />
dos departamentos regionais<br />
do Acre, Alagoas, Bahia, Ceará,<br />
Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais,<br />
Paraíba, Pernambuco, Paraná, Rio<br />
de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rio<br />
Grande do Sul, Santa Catarina e São<br />
Paulo, sob a coordenação técnica do<br />
SENAI-RS, que pesquisam tendências<br />
no país e no exterior, e fazem<br />
a leitura para a realidade brasileira.<br />
É um trabalho que custaria tempo e<br />
dinheiro para os empresários.<br />
Segundo a coordenadora de design<br />
do SENAI Moda, do Regional<br />
do Rio de Janeiro, Valéria Delgado, a<br />
idéia do caderno é instigar o empresário<br />
a pesquisar. “O produto deve<br />
carregar a alma brasileira, o que<br />
não é fazer fantasias de carnaval”,<br />
afirma. Valéria cita marcas como a<br />
Osklen, que alcançou visibilidade no<br />
Brasil e no exterior ao utilizar suas raízes,<br />
no caso o Rio de Janeiro, como<br />
tema de suas roupas.<br />
Durante a elaboração dos cadernos,<br />
cada estado é responsável<br />
por um tipo de informação. Um<br />
coordenador técnico junta todos os<br />
dados na publicação, que também<br />
é oferecida em versão eletrônica. O<br />
objetivo é antecipar o que estará na<br />
moda na próxima estação de forma<br />
clara e direta a médios, pequenos<br />
e microempresários. A divulgação<br />
dos cadernos é feita durante<br />
workshops, feiras e outros eventos<br />
dos setores, com especialistas do<br />
SENAI fazendo a leitura das informações<br />
para os empresários.<br />
A diretora da Monte Castelo<br />
Calçados, Patrícia Rapkiewicz, relata<br />
que sempre consulta o caderno antes<br />
de criar coleções. A microempresa<br />
de Farroupilha, na Serra Gaúcha,<br />
tem oito funcionários, produz 150<br />
pares de sapatos femininos em uma<br />
semana e vende para lojas de cidades<br />
da região. Patrícia tem as idéias<br />
e a irmã desenha os modelos. “O<br />
caderno é um subsídio importante.<br />
A gente
ILUSTRAÇÕES: CADERNOS DE TENDÊNCIAS<br />
Gestão do design<br />
não vê a hora da apresentação. Às<br />
vezes, descobrimos coisas durante a<br />
apresentação que não conseguimos<br />
enxergar sozinhas”, diz.<br />
A idéia do SENAI não é apresentar<br />
produtos prontos, mas conceitos<br />
que inspirem projetos inovadores de<br />
acordo com o nicho de mercado de<br />
cada empresa. “É preciso interpretar<br />
a realidade local. Não esperem encontrar<br />
móveis prontos no caderno<br />
do mobiliário. Na sexta edição, o caderno<br />
é agora uma referência para<br />
o setor”, comenta o coordenador<br />
nacional do caderno do mobiliário,<br />
Renato Bernardi, do SENAI-RS.<br />
O caderno de móveis para 2008<br />
foca o comportamento do consumidor.<br />
Ao longo dos últimos anos,<br />
os materiais mudaram e o avanço<br />
tecnológico forçou o surgimento<br />
de uma demanda por outros tipos<br />
de móveis. Perdem espaço cristaleiras<br />
e móveis escuros e pesados<br />
estilo inglês e Luis XV. Entram em<br />
cena móveis funcionais e leves para<br />
ambientes menores e práticos. Afinal,<br />
móveis robustos não combinam<br />
com TVs de plasma ou LCD,<br />
como relata Bernardi. “As fábricas<br />
se tornam mais flexíveis para personalizar<br />
projetos”, afirma.<br />
Em calçados e vestuário, a exclusividade<br />
também aparece como<br />
uma exigência dos clientes. “Hoje, o<br />
sucesso é ser diferente”, diz a proprietária<br />
da marca de moda clássica<br />
DIVULGAÇÃO<br />
Bernardi: cadernos inspiram<br />
inovações nas empresas<br />
<strong>Novembro</strong> Agosto 2007 -
Gestão do design<br />
feminina Portrait, Zajea Musse Félix<br />
Gross. Com fábrica em Petrópolis,<br />
no Rio de Janeiro, lojas em outras<br />
cidades da região e clientes por todo<br />
o país, Zajea conta que as peças bordadas<br />
à mão são muito trabalhosas,<br />
mas que fazem bastante sucesso.<br />
A empresária já trabalha na coleção<br />
outuno/inverno de 2008 e usa o<br />
as tendências levantadas pelo SENAI<br />
como fonte de idéias. Para Zajea, o<br />
caderno é importante subsídio, ainda<br />
mais porque não é possível viajar<br />
para pesquisar todas as estações.<br />
“Gosto bastante. As pesquisas são<br />
feitas por pessoas bem-conceituadas<br />
e as informações vêm com bastante<br />
antecipação. E isso é importante, porque<br />
tudo acontece na Europa antes.<br />
Por mais brasilidade que haja, hoje,<br />
é tudo globalizado e acaba seguindo<br />
tendências do exterior”, conta.<br />
Públicos<br />
As informações divulgadas nas<br />
publicações podem ser usadas para<br />
diferentes públicos, de várias classes<br />
sociais. O luxo dos móveis, por<br />
exemplo, deve ser interpretado de<br />
acordo com o nicho de mercado<br />
da empresa. “Todos querem o luxo.<br />
Mas luxo para a classe alta é diferente<br />
de luxo para a classe mais baixa”,<br />
diz o especialista Bernardi.<br />
A moda outono/inverno 2008 do<br />
setor de vestuário chegará às vitrines<br />
a partir de abril do próximo ano, mas<br />
estarão no Fashion Rio, evento de<br />
moda que será realizado de 8 a 12 de<br />
janeiro próximo, na capital fluminense.<br />
Paralelamente, haverá o Fashion<br />
Business, quando grifes e pólos do<br />
vestuário apresentarão produtos<br />
- <strong>Novembro</strong> Agosto 2007 2007<br />
para compradores nacionais e internacionais<br />
para vendas no atacado.<br />
Por isso, mais uma vez, é importante<br />
antecipar as informações. “Normalmente,<br />
dá tudo certo”, afirma Zajea,<br />
que participa da Fashion Business<br />
com outras empresas do pólo de<br />
moda feminina de Petrópolis.<br />
Segundo Valéria Delgado, a<br />
moda é consumida mais rápido<br />
que um carro e tão rápido quanto<br />
um telefone celular. “A indústria de<br />
informática é veloz. A intenção é gerar<br />
um produto que se torne descartável.<br />
A cada estação, há novidade<br />
de cores e formas”, diz. O caderno<br />
de calçados e artefatos, que desde<br />
2005 é feito com a participação de<br />
sete departamentos regionais do SE-<br />
NAI, destaca a cultura do instantâneo<br />
e apresenta diferentes universos<br />
de possibilidades de estilos. Segundo<br />
o coordenador do Núcleo de Apoio<br />
ao Design do Centro Tecnológico do<br />
Calçado, de Novo Hamburgo, no Rio<br />
Grande do Sul, Elenilton Berwanger,<br />
mais recentemente tem sido observada<br />
uma preocupação com a questão<br />
ambiental no setor.<br />
No caso da<br />
indústria de<br />
calçados, por<br />
exemplo,<br />
metais<br />
pesados<br />
usados no<br />
curtimento<br />
do couro,<br />
como o<br />
cromo, estão<br />
sendo<br />
substituídos<br />
por outros<br />
que não<br />
DIVULGAÇÃO<br />
Andrade: SENAI-MG vai<br />
coordenar novo centro de design
Portal do design<br />
No início do próximo ano,<br />
será lançado o Portal SENAI<br />
Design, ferramenta na internet<br />
para inspirar desenvolvedores<br />
de produtos nas áreas do mobiliário,<br />
calçados, couro e artefatos<br />
e vestuário. É um projeto estratégico,<br />
que envolve o departamento<br />
nacional e 15 regionais<br />
da organização. O portal receberá<br />
informações de especialistas<br />
e de uma editoria de moda,<br />
que dará tratamento especial às<br />
notícias, além de centros internacionais<br />
de prospecção de design,<br />
cujo contato será feito por<br />
meio de convênios.<br />
Segundo o coordenador Operacional<br />
do projeto, Carlos Trein,<br />
do SENAI Rio Grande do Sul, o<br />
tema principal do portal será a<br />
brasilidade, que está em voga no<br />
mundo. “O objetivo é dar uma<br />
cara brasileira aos produtos”.<br />
Haverá informações sobre como<br />
se comporta o consumidor no<br />
mundo, além de sugestões para<br />
absorver influências regionais.<br />
agridem tanto o meio ambiente.<br />
O próprio centro tecnológico<br />
promove atividades voltadas ao<br />
meio ambiente durante as oficinas<br />
de design.<br />
A Ferrari Calçados, fábrica goiana<br />
de médio porte, tem licença do Instituto<br />
Brasileiro do Meio ambiente<br />
e dos Recursos Naturais Renováveis<br />
(Ibama) para trabalhar com couros<br />
DIVULGAÇÃO<br />
Trein: destaque à brasilidade<br />
Trein explica que, atualmente,<br />
em época de violência e guerras<br />
entre nações, há uma tendência<br />
a tudo o que remete à paz e à<br />
serenidade, e isso se traduz na<br />
moda, como em cores mais claras,<br />
por exemplo.<br />
Um espaço reservado com<br />
informações restritas a designers<br />
dará dicas sobre como desenvolver<br />
uma coleção de produtos.<br />
Haverá ainda a possibilidade<br />
de vendas de espaços<br />
para patrocinadores do portal.<br />
Trein destaca que, cada vez<br />
mais, é necessário antecipar<br />
tendências para as indústrias,<br />
porque quem se coloca bem<br />
no mercado tem lançamentos<br />
constantes. “O portal será freqüentemente<br />
atualizado”, diz.<br />
exóticos, como jacaré, cobra, arraia e<br />
avestruz. Uma bota de material exótico<br />
pode chegar ao consumidor final<br />
por R$ 4,5 mil. Por dia, são produzidos<br />
mil pares de sapatos e cem de<br />
botas. Cerca de 10% da produção são<br />
exportados para países do continente<br />
americano. Fornecedores de couro<br />
também são cadastrados no Ibama<br />
e as peças contêm lacres com dados<br />
Gestão do design<br />
sobre o criatório. “Não conseguiria e<br />
nem me arriscaria a exportar se não<br />
fosse assim”, relata Flávio Ferrari, administrador<br />
da empresa. O empresário<br />
participa do desenho do calçado.<br />
Ferrari vai pessoalmente ao curtume<br />
cobrar mais maciez do couro, fundamental<br />
para um calçado confortável.<br />
Usuário há cinco anos do caderno<br />
do SENAI, ele conta que acertou no<br />
alvo quando resolveu investir no estilo<br />
country, que virá forte em 2008,<br />
seguindo uma tendência da Europa e<br />
da América do Norte.<br />
Coleção<br />
O caderno de moda outono/inverno<br />
2008 também foi lançado<br />
durante o Minas Trend Preview,<br />
promovido neste mês pelo Sistema<br />
Federação das Indústrias do estado<br />
(Fiemg/SENAI), em Belo horizonte.<br />
O evento mostrou, antes das principais<br />
semanas de moda do país,<br />
uma coleção de transição para o inverno<br />
2008, de renomados estilistas<br />
nacionais. Minas emprega cerca de<br />
160 mil pessoas no setor, 70% delas<br />
mulheres. No estado, os segmentos<br />
têxtil e vestuário exportam US$ 500<br />
milhões por ano. Desses, somente<br />
do setor de confecções são US$<br />
90 milhões. O presidente da Fiemg,<br />
Robson Braga de Andrade, anunciou<br />
durante o evento a criação do<br />
Centro Mineiro de Design da Moda,<br />
que será gerenciado pelo SENAI. “O<br />
centro vai coordenar todas as atividades<br />
de criação da cadeia produtiva<br />
da moda e integrar as diversas<br />
ações dos setores, com conceitos<br />
revolucionários”, adiantou.<br />
<strong>Novembro</strong> Agosto 2007 -
DIVULGAÇÃO<br />
Entrevista – Gestão do design<br />
Ferramenta de trabalho<br />
Qual é o papel que o design<br />
deve ter atualmente no processo<br />
produtivo?<br />
O design é onde se inicia o<br />
processo produtivo. Isso é fundamental.<br />
Antes os calçados tinham<br />
um mesmo padrão e eram<br />
feitos em grande escala. Hoje, o<br />
design está em tudo e não somente<br />
no calçado e se reflete inclusive<br />
nas vendas do produto.<br />
Como o senhor define o<br />
design de boa qualidade?<br />
Um bom design deve estar<br />
antenado com todos os acontecimentos<br />
mundiais, ou seja,<br />
deve antecipar megatendências,<br />
vislumbrar o futuro, o que será<br />
consumido. No caso específico<br />
de calçados, além de uma boa<br />
estética, é importante o conforto.<br />
Os materiais tendem a ser<br />
cada vez mais tecnológicos, principalmente<br />
em relação à transpiração<br />
e amortecimento.<br />
10<br />
- <strong>Novembro</strong> Agosto 2007 2007<br />
A West Coast é uma indústria de calçados de estilos<br />
casual e esportivo localizada em Ivoti, no Rio<br />
Grande do Sul. A empresa, de médio porte e com<br />
cerca de 400 funcionários, produz em torno de oito<br />
mil pares de sapatos masculinos da marca West<br />
Coast e dois mil femininos da marca Cravo e Canela,<br />
encontrados no Brasil e em 65 países de todos<br />
os continentes. Todo mês, a empresa lança modelos<br />
diferentes no mercado. Luis Carlos Sttofel é o<br />
supervisor de desenvolvimento de novos modelos<br />
e coordena uma equipe de quatro designers que<br />
utilizam o Caderno de Tendências do SENAI como<br />
uma das ferramentas de trabalho.<br />
Qual é a importância de se antecipar<br />
tendências para a elaboração<br />
de novas coleções?<br />
É muito importante esse processo,<br />
é necessário ter visão para<br />
as tendências. Há mercados e<br />
mercados. Cada estado ou país<br />
tem as suas peculiaridades. É<br />
preciso tentar acertar o momento<br />
de lançar cada produto para<br />
um determinado mercado.<br />
Como é o trabalho de construção<br />
de novas coleções na<br />
West Coast? Como é feita a<br />
pesquisa de tendências?<br />
Temos uma equipe de dois<br />
designers para calçados masculinos<br />
e outros dois para calçados<br />
femininos. Essas pessoas realizam<br />
viagens periódicas – no mínimo,<br />
duas vezes ao ano – geralmente<br />
para os Estados Unidos e países<br />
europeus. Quando há eventos nacionais<br />
do setor, esses designers<br />
também procuram estar presen-<br />
tes. Há ainda pesquisas de mercado<br />
por região e o Caderno de<br />
Tendências do SENAI, que é mais<br />
um subsídio utilizado há alguns<br />
anos pela nossa equipe.<br />
O que acha do Caderno<br />
do SENAI?<br />
As informações são bem conceituais<br />
e têm o seu valor no momento<br />
de se montar uma coleção.<br />
É possível confirmar alguns conceitos<br />
que estamos pesquisando.<br />
Qual é a tendência que a<br />
sua empresa trabalha para<br />
o outono/inverno de 2008?<br />
Trabalhamos com muitos produtos<br />
tecnológicos ou de alta tecnologia<br />
em termos de materiais.<br />
A West Coast se consagrou com<br />
o sapatênis – um tipo de calçado<br />
que serve tanto para trabalho<br />
quanto passeio – e agora investe<br />
também em tênis mais esportivo<br />
com valor tecnológico agregado.
Artefatos confeccionados<br />
pelos alunos do Ensinart<br />
Maturidade<br />
Começar de novo<br />
Projeto requalifica idosos e trabalhadores<br />
em processo de envelhecimento<br />
Esmerindo Correa aposentouse<br />
aos 65 anos, depois de<br />
trabalhar quase a vida inteira<br />
construindo cercas em fazendas<br />
na cidade de Três Lagoas, em Mato<br />
Grosso do Sul, ficou 11 anos “parado”,<br />
como ele diz. Nesse período,<br />
montou um bar em sua própria<br />
casa, mas não ganhava dinheiro.<br />
“Eu vivia apertado e infeliz”, conta.<br />
Aos 76 anos, “para aprimorar<br />
o conhecimento”, fez o curso de<br />
carpinteiro no SENAI e conseguiu<br />
emprego na Prefac, empresa de<br />
montagem de barracões em canteiros<br />
de obras. Trabalha de segunda<br />
a sábado e ainda faz horas<br />
extras. Correa se diz feliz porque a<br />
empresa “paga bem” e ele ainda<br />
recebe elogios do encarregado da<br />
obra. “Noutro dia, ele me disse:<br />
seu Esmerindo, a gente vê que o<br />
senhor é um `garrador´.”<br />
Experiência<br />
Esmerindo integra o contingente<br />
de brasileiros formado por 14,5<br />
milhões de pessoas com mais de<br />
60 anos de idade que, ‘garradores’<br />
como ele, vêem sua experiência<br />
profissional ser desqualificada pelo<br />
mercado de trabalho, ao mesmo<br />
tempo em que são condenados<br />
a viver com os parcos recursos da<br />
aposentadoria. Em 2030, eles serão<br />
32 milhões e representarão<br />
14% da população, de acordo com<br />
projeções do Instituto de Pesquisa<br />
Econômica Aplicada. “O processo<br />
de envelhecimento nas nações<br />
desenvolvidas levou 100 anos e,<br />
quando isso aconteceu, esses países<br />
já eram ricos. No Brasil, levará<br />
entre 25 e 30 anos”, calcula Paula<br />
SENAI-MS<br />
Correa: novas conquistas<br />
aos 76 anos<br />
Travassos, consultora do Projeto SE-<br />
NAI para a Maturidade.<br />
O envelhecimento acelerado<br />
da população, associado a uma<br />
tendência à aposentadoria cada<br />
vez mais precoce, descreve um cenário<br />
preocupante e exige desde<br />
já, idéias criativas e ajustes no mercado<br />
de trabalho de forma a ampliar<br />
as oportunidades de inclusão<br />
dessa parcela da população. “O<br />
poder público não encontrará solução<br />
para esse problema. As diretrizes<br />
traçadas pela Organização das<br />
Nações Unidas (ONU) sugerem o<br />
apoio também da iniciativa privada<br />
para valorizar a experiência desses<br />
trabalhadores”, afirma Paula.<br />
O Projeto SENAI para a Maturidade,<br />
que será implantado em fase<br />
piloto em 2008, pretende dar uma<br />
resposta a esse desafio. “A intenção<br />
é preparar as pessoas com mais de<br />
60 anos para o período de aposen-<br />
<strong>Novembro</strong> 2007 - 11
Maturidade<br />
Novas oportunidades<br />
Os excelentes resultados obtidos pelo Programa SENAI<br />
de Ações Inclusivas (PSAI), associados às Recomendações<br />
Internacionais sobre velhice e envelhecimento, ao que estabelece<br />
o Estatuto do Idoso e às estimativas da Organização<br />
das Nações Unidas contribuíram para que os organizadores<br />
do PSAI lançassem este ano o Projeto SENAI para a Maturidade.<br />
Segundo o documento que divulga a metodologia do<br />
projeto, essa nova vertente do PSAI foi criada com as seguintes<br />
justificativas: aumento da expectativa de vida do brasileiro;<br />
mudança na inserção no mercado de trabalho; impacto psicológico,<br />
social, econômico, profissional e familiar da aposentadoria;<br />
importância da requalificação profissional diante dos<br />
avanços tecnológicos; valorização e reconhecimento do talento<br />
e da experiência do trabalhador em processo de envelhecimento<br />
e garantir o investimento realizado pela indústria na formação<br />
desse colaborador; demanda do SENAI levantadas em 2007; e<br />
cumprimento da legislação, que prevê entre outras questões o<br />
estímulo às empresas privadas para admissão de idosos.<br />
O projeto vai oferecer programas de requalificação visando à permanência no mercado de trabalho<br />
de pessoas de 45 a 55 anos de idade, de preparação para a aposentadoria, para profissionais<br />
de 55 a 60 anos, e de oportunidades para o mercado de trabalho informal, voltado a pessoas<br />
a partir dos 60 anos.<br />
tadoria, criando oportunidades para<br />
que elas ingressem no mercado informal<br />
ou atuem como empreendedores<br />
e no trabalho voluntário, entre<br />
outros”, diz a consultora, para quem<br />
a velhice deveria ser um período de<br />
novas conquistas e de realização de<br />
planos que, ao longo da vida ativa,<br />
foram sendo adiados.<br />
O projeto será uma vertente do<br />
Programa SENAI de Ações Inclusivas<br />
(PSAI), que leva a educação<br />
profissional àqueles que, por motivo<br />
sociocultural ou por preconceito,<br />
têm dificuldade de acesso ao<br />
trabalho. Terá como público-alvo,<br />
além dos aposentados, os trabalhadores<br />
com idade entre 55 e<br />
60 anos, em fase de pré-aposentadoria,<br />
e os que, entre 45 e 55<br />
anos, desejam se requalificar para<br />
permanecer ou voltar ao trabalho.<br />
1<br />
- <strong>Novembro</strong> 2007<br />
“Na era do conhecimento, a maior<br />
riqueza é o capital humano. Estamos<br />
desperdiçando experiências<br />
de pessoas que são jogadas fora<br />
do mercado”, lamenta Paula.<br />
Multiplicar conteúdos<br />
O primeiro passo para a implantação<br />
do projeto é qualificar os<br />
interlocutores do PSAI. “Todos estarão<br />
capacitados para atuar como<br />
multiplicadores dos conteúdos e da<br />
metodologia do projeto para as diferentes<br />
faixas etárias”, afirma a gestora<br />
nacional do PSAI, Loni Manica.<br />
A habilidade e a sensibilidade<br />
dos docentes são ferramentas estratégicas<br />
para o sucesso do processo<br />
de aprendizagem de idosos ou de<br />
pessoas com mais de 45 anos, idade<br />
a partir da qual o trabalhador inicia<br />
GETTY IMAGES
o processo de envelhecimento, de<br />
acordo com definição da Organização<br />
Internacional do Trabalho (OIT).<br />
A abordagem mais adequada<br />
é aquela que integra a variedade<br />
e a diversidade de experiências do<br />
grupo, levando em conta também<br />
os déficits relacionados à idade.<br />
As informações, por exemplo, devem<br />
ser apresentadas em grandes<br />
quadros, em salas com boa acústica<br />
e iluminação.<br />
O projeto SENAI para a Maturidade<br />
consolidará e multiplicará<br />
experiências bem-sucedidas implementadas<br />
pela Unidade de Educação<br />
Profissional do SENAI Nacional,<br />
no âmbito do PSAI em várias<br />
regiões do país. Em Mato Grosso<br />
do Sul, por exemplo, a organização<br />
passou a atender alunos idosos<br />
ou em fase de envelhecimento<br />
Ensino com arte<br />
O projeto Ensinart, desenvolvido<br />
desde 2006 pelo<br />
SENAI Mato Grosso, é uma<br />
solução criativa para dois problemas:<br />
o primeiro, de caráter<br />
ambiental, é o da destinação<br />
dos resíduos de madeira descartados<br />
pelas mais de mil<br />
empresas instaladas em três<br />
arranjos produtivos locais, no<br />
norte do estado; e o segundo,<br />
de cunho social, é o da falta<br />
de qualificação de jovens em<br />
situação de risco e de oportunidades<br />
de trabalho para pessoas<br />
com necessidades especiais<br />
e da terceira idade.<br />
O projeto usa os resíduos<br />
de madeira como matéria-prima<br />
na fabricação de brinquedos,<br />
jogos e quebra-cabeças,<br />
confeccionados nos cursos de<br />
marcenaria em Cuiabá, Sinop<br />
“por pressão da demanda”, explica<br />
a técnica de Educação Profissional,<br />
Maise Rodrigues Sá Giacomelli.<br />
Capacitação<br />
Além de cursos na área de construção<br />
civil – como o de carpintaria,<br />
em que se formou Esme-rindo –,<br />
o SENAI-MS tem alunos com mais<br />
de 45 anos nos cursos de informática<br />
e de panificação oferecidos pelo<br />
PSAI em Campo Grande. “Trabalhamos<br />
na capacitação de docentes<br />
para a educação de pessoas nessa<br />
faixa etária e temos registrado ótimos<br />
resultados”, afirma. Neste ano,<br />
dos 20 alunos formados no curso<br />
de panificação, sete tinham mais de<br />
45 anos e um mais de 65 anos.<br />
O SENAI Minas Gerais também<br />
não tem restrição de idade nos cur-<br />
e Lucas do Rio Verde. A tinta<br />
e a cola utilizadas na fabricação<br />
das peças são doadas por<br />
empresas locais. No ano passado,<br />
o Ensinart contou com<br />
150 alunos. Neste ano, são<br />
198. “A nossa meta é produzir<br />
10 mil peças. Já fizemos mais<br />
da metade”, conta o diretor<br />
regional do SENAI-MT, Gilberto<br />
Gomes de Figueiredo.<br />
Ao final do curso, muitos alunos<br />
conseguiram emprego em<br />
marcenaria, outros montaram<br />
negócios. “Alguns decidiram<br />
continuar o curso de aprendizado<br />
no SENAI”, diz.<br />
As peças de madeira não<br />
são comercializadas, mas distribuídas<br />
a crianças em escolas<br />
da região ou em eventos<br />
promovidos pelo SENAI e empresas<br />
locais. O próximo pas-<br />
Maturidade<br />
sos oferecidos com o PSAI. “Iniciamos<br />
pelo curso de informática, por<br />
solicitação da comunidade”, diz o<br />
coordenador do PSAI no estado,<br />
Alexandre Machado. A primeira experiência<br />
foi em Sete Lagoas. Hoje,<br />
cada uma das 70 unidades da organização<br />
no estado conta com<br />
alunos com mais de 45 anos nas<br />
áreas de informática, tecnologia em<br />
mecânica, eletrônica e telecomunicações.<br />
“Algumas escolas oferecem<br />
cursos também para a terceira idade<br />
quando há demanda”, afirma. Os<br />
professores foram treinados para<br />
dar atendimento especial. “Alguns<br />
alunos não sabem, por exemplo,<br />
o que é mouse, e ficam constrangidos<br />
quando têm aulas junto com<br />
os mais jovens. Quando isso ocorre,<br />
abrimos turmas específicas para<br />
evitar evasão”, diz Machado.<br />
so, segundo Figueiredo, é levar<br />
o projeto Ensinart para os<br />
presídios e qualificar cerca de<br />
400 detentos.<br />
JOSÉ PAULO LACERDA<br />
Figueiredo: meta é produzir 10<br />
mil peças até o final deste ano<br />
<strong>Novembro</strong> 2007 - 1
Parceria internacional<br />
Nordeste mais competitivo<br />
Fórum debate inovação tecnológica nas pequenas e médias empresas<br />
Empresários, agentes governamentais<br />
e representantes<br />
de organizações de ensino e<br />
pesquisa brasileiras e alemãs participam<br />
nesta última semana de<br />
novembro do IV Fórum Teuto-Brasileiro<br />
de Inovação Tecnológica. O<br />
encontro debaterá a ampliação de<br />
acordos de cooperação já firmados<br />
entre o Brasil e a Alemanha<br />
– via projeto Tecnotrans – sobre<br />
transferência de tecnologia e a formalização<br />
de novas parcerias. De<br />
acordo com o gerente do Centro<br />
Integrado de Manufatura e Tecnologia<br />
(Cimatec) do SENAI Bahia,<br />
Leone Peter Andrade, o fórum<br />
contribuirá para o estreitamento<br />
das relações com universidades e<br />
institutos alemães, favorecendo<br />
“uma rápida evolução tecnológica<br />
das unidades SENAI”.<br />
Segundo ele, neste ano participarão<br />
o SENAI Ceará e Pernambuco<br />
e haverá workshop com os parceiros<br />
alemães. “Queremos aumentar<br />
a efetividade na identificação,<br />
elaboração e execução de projetos<br />
conjuntos”, explica Andrade.<br />
Serão apresentadas “linhas de<br />
pesquisa já existentes nos centros e<br />
universidades alemãs, que tenham<br />
relação com a realidade e/ou necessidades<br />
futuras de nosso parque<br />
industrial”. O objetivo principal das<br />
palestras é sensibilizar o empresariado<br />
e instituições brasileiras de ciência,<br />
tecnologia e inovação quanto à<br />
importância de investir em pesquisa<br />
e desenvolvimento.<br />
A reunião plenária ocorrerá nos<br />
dois últimos dias do fórum, em Salvador.<br />
Antes, os empresários serão<br />
divididos em grupos e farão visitas<br />
a empresas vinculadas ao Tecno-<br />
1<br />
- <strong>Novembro</strong> 2007<br />
SENAI em Fortaleza, na área de<br />
metalmecânica; no Recife, microeletrônica,<br />
e em Petrolina, alimentos,<br />
em Pernambuco; e em Salvador,<br />
logística. Haverá ainda minicursos<br />
de intercâmbio tecnológico para<br />
representantes de indústrias e de<br />
instituições científicas do Nordeste.<br />
O foco nessa região, de acordo com<br />
Andrade, foi estabelecido pelo parceiro<br />
alemão. Mas ele acredita que<br />
“esse ou outro programa precisa<br />
DIVULGAÇÃO trans e a centros tecnológicos do<br />
Andrade: busca pela<br />
evolução tecnológica das<br />
unidades do SENAI<br />
ser estendido a todas as regiões do<br />
país, pois a cooperação internacional<br />
e, principalmente, entre centros<br />
do SENAI, é de extrema importância<br />
para troca de experiências, aprendizado<br />
coletivo e aumento da qualidade<br />
dos produtos, programas e<br />
serviços da organização.<br />
Um dos resultados da cooperação<br />
SENAI, Universidade Federal do<br />
Rio Grande do Sul e Universidade de<br />
Aachen, é a implantação, até 2009,<br />
do primeiro Centro de Conformação<br />
Mecânica do país e da América<br />
do Sul. Este Centro, diz o diretor<br />
do Laboratório para Técnicas de<br />
Produção da UFRGS, Lírio Schaefer,<br />
será um marco entre as iniciativas<br />
de capacitação profissional.<br />
Participarão do fórum representantes<br />
de institutos, universidades<br />
e faculdades alemães de Münster,<br />
Dortmund, Berlim, Geisenheim,<br />
Gelsenkirchen e Aachen.<br />
Áreas de interesse<br />
A metalmecânica foi escolhida<br />
porque está em fase de projeto a<br />
montagem no SENAI Cimatec o<br />
primeiro Centro Nacional de Tecnologia<br />
em Conformação Mecânica<br />
da América do Sul, que atenderá<br />
o mercado nacional. A área de<br />
microeletrônica é estratégica no<br />
esforço da indústria nacional de<br />
agregar valor aos produtos, como<br />
eletroeletrônicos, eletrodomésticos,<br />
brinquedos e materiais hospitalares.<br />
A logística foi incluída no<br />
fórum porque, hoje, é uma das ferramentas<br />
para se aumentar a competitividade<br />
industrial, que passa<br />
tanto pelo menor custo de produção<br />
quanto pelo menor prazo de<br />
entrega de produtos. O Cimatec<br />
pretende implantar no final de<br />
2009 o Centro de Excelência em<br />
Tecnologia de Logística, em parceria<br />
com o Instituto Fraunhofen<br />
IML, da Alemanha. A área de processamento<br />
de alimentos vai ser<br />
debatida no fórum porque vem<br />
se desenvolvendo velozmente na<br />
Bahia e em Pernambuco.
DIVULGAÇÃO<br />
Inovação<br />
A capacidade de transformar<br />
lixo em novos produtos<br />
Vilão do meio ambiente, garrafa pet vira matéria-prima para a fabricação<br />
de tubos de esgoto e irrigação e eleva lucro de catadores e de empresa<br />
As empresas de reciclagem<br />
pagavam às cooperativas de<br />
catadores de lixo de Campina<br />
Grande, na Paraíba, R$ 0,60<br />
pelo quilo de garrafas pet recolhidas.<br />
Desde o início deste ano, esse<br />
valor subiu mais de 30%, em função<br />
da demanda: as embalagens<br />
pet passaram a ser usadas como<br />
matéria-prima para a fabricação de<br />
tubos de esgoto e irrigação.<br />
A inflação nos preços – ou, visto<br />
por outro ângulo, o aumento dos<br />
ganhos dos catadores de lixo – deve<br />
ser creditada à Techplast, empresa<br />
fabricante de tubos de polietileno<br />
para irrigação que, em parceria<br />
com o SENAI-PB, desenvolveu tecnologia<br />
para a fabricação de tubos.<br />
“Além de insumo para a construção<br />
civil, estamos promovendo distribuição<br />
de renda”, diz o empresário<br />
Alessandro Andrade.<br />
Redução de custos<br />
O projeto de reutilização do pet<br />
foi aprovado no Edital SENAI Inova-<br />
ção de 2006. A Techplast, que desde<br />
2004 produzia 40 toneladas mensais<br />
de mangueiras de polietileno para irrigação,<br />
decidiu inovar para reduzir<br />
custos de matéria-prima.<br />
O projeto foi desenvolvido junto<br />
com o Centro de Inovação e<br />
Tecnologia do SENAI, em Campina<br />
Grande.<br />
O uso de garrafas descartadas<br />
foi aprovado nos testes de resistência<br />
e impacto realizados no núcleo<br />
de metalmecânica do SENAI e<br />
na empresa. O segundo passo foi<br />
adaptar os equipamentos que moldam<br />
tubos de polietileno a uma<br />
temperatura de 150º, para operar<br />
também a 250º. “O processo é simples<br />
e barato”, garante o gerente<br />
do centro, Josué Casemiro.<br />
A empresa produz mensalmente<br />
20 toneladas de mangueiras<br />
de polietileno e igual volume<br />
de tubos com pet triturado, conta<br />
Andrade. O novo produto, que<br />
chega ao mercado com um valor<br />
correspondente a 60% do preço<br />
dos tubos de polietileno, abaste-<br />
ce lojas de material de construção<br />
na Paraíba, Pernambuco, Alagoas<br />
e Rio Grande do Norte.<br />
A diversificação de produtos<br />
exigiu que a indústria dobrasse<br />
o número de empregados – hoje<br />
são 16 – e a empresa faz planos<br />
de aumentar a produção de<br />
tubos fabricados com pet. “Até<br />
janeiro, serão 40 toneladas de<br />
pet contra 20 toneladas de mangueira<br />
de polietileno”, prevê Andrade.<br />
Além do impacto sobre<br />
preço do material de construção<br />
e sobre a renda dos fornecedores<br />
da matéria-prima, a inovação<br />
ainda resulta em ganhos ambientais,<br />
já que as garrafas pet<br />
são tidas como um dos vilões da<br />
poluição: depositadas em aterros<br />
sanitários ou descartadas<br />
inadequadamente, elas levam<br />
cerca de 500 anos para se degradar.<br />
“Cada tubo de esgoto com<br />
seis metros de comprimento tira<br />
de circulação o equivalente a 50<br />
garrafas pet de 2 litros”, calcula<br />
o dono da Techplast.<br />
<strong>Novembro</strong> 2007 - 1
O SENAI mostra, mais uma vez,<br />
que é um dos grandes incentivadores<br />
da indústria brasileira.<br />
E, hoje, essa parceria merece um brinde.<br />
O SENAI acaba de ganhar o 3º lugar no Prêmio FINEP de<br />
Inovação Tecnológica 2007, na categoria Instituição de<br />
Ciência e Tecnologia (Centro-Oeste). É o reconhecimento<br />
de um trabalho que estimula a competitividade da indústria,<br />
a partir de iniciativas e projetos inovadores para empresas de<br />
todo o Brasil. SENAI, parceiro da indústria na inovação. www.senai.br