11 INTRODUÇÃOAs neoplasias malignas correspon<strong>de</strong>m a segunda principal causa <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> nomundo, representando cerca <strong>de</strong> 13% do total <strong>de</strong> óbitos registrados, precedida apenas pelasdoenças cardiovasculares, responsáveis por 29% dos óbitos 1 . Apesar dos altos índices <strong>de</strong>mortalida<strong>de</strong> e prevalência, estatísticas <strong>de</strong>monstram a ocorrência <strong>de</strong> uma estabilida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> adécada <strong>de</strong> noventa, nas taxas <strong>de</strong> incidência geral das neoplasias 2 .O câncer <strong>de</strong> tireói<strong>de</strong> representa cerca <strong>de</strong> 1% das neoplasias malignas e respon<strong>de</strong> por0,5% do total <strong>de</strong> mortes por neoplasia 3 . Apesar da baixa taxa <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> e do progressivo<strong>de</strong>clínio nessa taxa, o câncer <strong>de</strong> tireói<strong>de</strong> representa um agravo <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública pelo relevanteaumento na incidência <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> neoplasia, <strong>de</strong>monstrado em inúmeros <strong>estudo</strong>s nasdiversas regiões do mundo 4-11 .O carcinoma <strong>de</strong> tireói<strong>de</strong> representa a neoplasia endócrina mais comum e inclui umavarieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> tipos histológicos, com diferentes prognósticos e etiologias. São classificadosem diferenciados (papilífero e folicular), não diferenciados (anaplásico) e medulares 12 . Aforma papilífera representa o tipo histológico mais comum e com melhor prognóstico, comsobrevida em torno <strong>de</strong> 95% em 10 anos 13 . O carcinoma anaplásico, por sua vez, apresenta amais baixa taxa <strong>de</strong> incidência, porém com alta letalida<strong>de</strong> 14 .O aumento <strong>de</strong>tectado nas taxas <strong>de</strong> incidência do câncer <strong>de</strong> tireói<strong>de</strong> é <strong>de</strong>scritoprincipalmente para a forma papilífera 9,15,16 , enquanto para as outras formas <strong>de</strong> câncer <strong>de</strong>tireói<strong>de</strong> é relatado uma estabilida<strong>de</strong> ou mesmo uma diminuição nas taxas <strong>de</strong> incidência 6,8,17 .Fatores associados a esse relevante aumento nas taxas <strong>de</strong> incidência do carcinoma papilíferoainda não estão bem <strong>de</strong>finidos 16 .A interferência <strong>de</strong> possíveis fatores <strong>de</strong> risco para a forma papilífera é mencionada eminúmeros <strong>estudo</strong>s, porém apenas a associação com a irradiação é bem estabelecida 18 . Em<strong>de</strong>terminadas regiões do mundo, especialmente países europeus, on<strong>de</strong> foram <strong>de</strong>tectados altosníveis <strong>de</strong> irradiação <strong>de</strong>corrente do aci<strong>de</strong>nte em Chernobyl, <strong>estudo</strong>s apontam a irradiação comofator contribuinte para o aumento no número <strong>de</strong> casos <strong>de</strong> câncer <strong>de</strong> tireói<strong>de</strong> 18-20 . A irradiaçãoutilizada como forma <strong>de</strong> tratamento para doenças benignas <strong>de</strong> cabeça e pescoço também éapontada como fator <strong>de</strong> risco para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> câncer 21 .A alteração nos níveis <strong>de</strong> iodo na dieta é associada à patogênese do carcinoma <strong>de</strong>tireói<strong>de</strong> 9,22 , ainda que o mecanismo <strong>de</strong> ação permaneça controverso. O alto consumo <strong>de</strong> iodo,
2através da ingesta <strong>de</strong> frutos do mar, é apontado como um fator associado às altas taxas <strong>de</strong>incidência <strong>de</strong> tal câncer em regiões litorâneas 23 . O acréscimo <strong>de</strong> iodo ao sal, como forma <strong>de</strong>profilaxia <strong>de</strong> doenças benignas da tireói<strong>de</strong> e retardo no <strong>de</strong>senvolvimento neuropsicomotor <strong>de</strong>crianças em regiões com <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> tal elemento, também é associado ao aumento naincidência <strong>de</strong> carcinoma <strong>de</strong> tireói<strong>de</strong> 22,24,25 . Entretanto, essa associação entre o maior consumo<strong>de</strong> iodo e altas taxas <strong>de</strong> câncer <strong>de</strong> tireói<strong>de</strong> é contestada por alguns autores. O aumento daincidência <strong>de</strong>sses tumores em regiões com prévio histórico <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> iodo po<strong>de</strong>ria ser<strong>de</strong>corrente do maior monitoramento dos pacientes com doenças benignas da tireói<strong>de</strong>proce<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>ssas regiões e, conseqüente maior diagnóstico 9,26 . Além disso, a maior ingesta<strong>de</strong> alimentos ricos em iodo é também apontada com fator protetor para o câncer <strong>de</strong> tireói<strong>de</strong>nessas regiões 27 . A <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> iodo também é <strong>de</strong>scrita como fator <strong>de</strong> risco na patogênesedo câncer <strong>de</strong> tireói<strong>de</strong>, associada principalmente aos tipos histológicos folicular eanaplásico 24,28 .A história prévia <strong>de</strong> doenças benignas da tireói<strong>de</strong>, tais como bócio, nódulos benignos ea<strong>de</strong>nomas, também é apontada como fator <strong>de</strong> risco para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> câncer <strong>de</strong>tireói<strong>de</strong> 29 . A prevalência <strong>de</strong>sse tipo <strong>de</strong> doença é significativamente superior em mulheres, oque po<strong>de</strong>ria explicar, em parte, a maior incidência <strong>de</strong> câncer <strong>de</strong> tireói<strong>de</strong> no sexo feminino 24 .Essa alta incidência no sexo feminino po<strong>de</strong>ria estar associada também a fatoreshormonais, como o uso <strong>de</strong> anticoncepcionais e a terapia <strong>de</strong> reposição hormonal, além <strong>de</strong>fatores reprodutivos. As evidências <strong>de</strong> tal associação, no entanto, são escassas 24 .A existência <strong>de</strong> fatores genéticos associados ao câncer <strong>de</strong> tireói<strong>de</strong> é relatada e, para otipo medular, estão bem estabelecidos 30 . Portanto, a presença <strong>de</strong> história familiar <strong>de</strong> câncer <strong>de</strong>tireói<strong>de</strong> também é sugerida como possível fator <strong>de</strong> risco.O tabagismo, associado à patogênese <strong>de</strong> inúmeras doenças, paradoxalmente éapontado por alguns autores como fator <strong>de</strong> redução <strong>de</strong> risco para o carcinoma <strong>de</strong> tireói<strong>de</strong> 31 ,apesar <strong>de</strong> representar um fator <strong>de</strong> mau prognóstico quando associado a tal neoplasia 32 .Apesar da existência dos inúmeros fatores possivelmente associados à patogênese docâncer <strong>de</strong> tireói<strong>de</strong>, a melhora na acurácia dos métodos diagnósticos e o aumento no número <strong>de</strong>exames <strong>de</strong> tireói<strong>de</strong> realizados são apontados como os principais fatores contribuintes para oaumento da incidência do câncer <strong>de</strong> tireói<strong>de</strong> em inúmeros <strong>estudo</strong>s 4,10,11,15,33,34 . Oaprimoramento e o maior acesso às técnicas diagnósticas tais como ultra-sonografia e punçãoaspirativa por agulha fina (PAAF) estão associados a uma mudança no manejo das doençastireoidianas 33 e a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se <strong>de</strong>tectar e avaliar nódulos tireoidianos menores <strong>de</strong> umcentímetro 34 .
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