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Acarinose da videira no Rio Grande do Sul - Embrapa Uva e Vinho

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2 <strong>Acari<strong>no</strong>se</strong> <strong>da</strong> <strong>videira</strong> <strong>no</strong> <strong>Rio</strong> <strong>Grande</strong> <strong>do</strong> <strong>Sul</strong>Calepitrimerus vitis foi relata<strong>do</strong> pela primeira vezcausan<strong>do</strong> prejuízos aos vinhe<strong>do</strong>s <strong>da</strong> Suíça <strong>no</strong>começo <strong>do</strong> século XX. Atualmente, a espécie estápresente em vinhe<strong>do</strong>s <strong>da</strong> Argélia, Angola, Áustria,África <strong>do</strong> <strong>Sul</strong>, Alemanha, Argentina, Austrália,Bulgária, Canadá, Chile, antiga Tchecoslováquia,Espanha, Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s, França, Grécia, Hungria,Irã, Itália, Japão, Nova Zelândia, Portugal, Romênia,Eslovênia e Suíça (HLUCHÝ; POSPÍŠIL, 1992;BERNARD et al., 2003; WALTON et al., 2007; VANLEEUWEN et al., 2010).No Brasil, a espécie praticamente não é considera<strong>da</strong>praga nas regiões tradicionais de cultivo <strong>da</strong><strong>videira</strong>. Entretanto, na safra de 2005/6 e 2006/7,infestações significativas foram observa<strong>da</strong>s eprejuízos econômicos diag<strong>no</strong>stica<strong>do</strong>s <strong>no</strong>s vinhe<strong>do</strong>slocaliza<strong>do</strong>s na região <strong>Sul</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> <strong>do</strong> <strong>Rio</strong> <strong>Grande</strong><strong>do</strong> <strong>Sul</strong>, onde a vitivinicultura encontra-se em plenaexpansão (SIQUEIRA et al., 2007; HARTER et al.,2008; MORAES; FLECHTMANN, 2008). Infestaçõessignificativas também foram observa<strong>da</strong>s em vinhe<strong>do</strong>sde uva ‘Itália’ cultiva<strong>do</strong>s sob plástico na região deCaxias <strong>do</strong> <strong>Sul</strong> (FORMOLO et al., 2011).O aumento <strong>da</strong> incidência de C. vitis nesses vinhe<strong>do</strong>scoincidiu com o clima mais quente e seco registra<strong>do</strong>naquelas safras (JOHANN et al., 2009; SIQUEIRA,2010). Entretanto, outras hipóteses podem serlevanta<strong>da</strong>s, como o desequilíbrio causa<strong>do</strong> pelaaplicação de insetici<strong>da</strong>s e/ou fungici<strong>da</strong>s <strong>no</strong>s vinhe<strong>do</strong>s(JAMES; WHITNEY, 1993; BERNARD et al., 2003;DE LILLO, 2004).Caracterização <strong>da</strong> espécieCalepitrimerus vitis pertence à família Eriophyi<strong>da</strong>ee mede, na fase adulta, cerca de 0,15 x 0,04 mm(comprimento x largura). De coloração marrom clara,apresenta corpo vermiforme, <strong>do</strong>is pares de pernas eum escu<strong>do</strong> pro<strong>do</strong>rsal triangular com um par de setasvolta<strong>da</strong>s para o centro (CARMONA; DIAS, 1996)(Figura 3).As fêmeas apresentam duas formas distintas,sen<strong>do</strong> uma de verão, com abertura genital defini<strong>da</strong>(protogine), e outra de inver<strong>no</strong>, com redução <strong>no</strong>número e na forma <strong>do</strong>s microtubérculos e estriações(deutogine) (Figura 4). Durante o inver<strong>no</strong>, as fêmeasapresentam anatomia externa semelhante a <strong>do</strong>macho, exceto a genitália (BAKER et al., 1996).Devi<strong>do</strong> ao tamanho reduzi<strong>do</strong>, a identificação <strong>da</strong>espécie <strong>no</strong> campo torna-se difícil, sen<strong>do</strong> possívelsomente com auxílio de lupa (aumento de 40 vezes).Caso não haja disponibili<strong>da</strong>de de lupa para visualizaro ácaro diretamente <strong>no</strong> vinhe<strong>do</strong>, a melhor formade avaliar a presença <strong>da</strong> espécie é coletar ramos/folhas com suspeita de infestação, levan<strong>do</strong>-as aolaboratório para análise sob microscópio. Devi<strong>do</strong>à presença de outros ácaros eriofídeos na cultura,sempre que possível, deve-se encaminhar amostraspara que um especialista confirme a espécie.Características biológicasCalepitrimerus vitis ataca exclusivamente a <strong>videira</strong>(WALTON et al., 2007). No Brasil, durante oinver<strong>no</strong>, as fêmeas <strong>no</strong>rmalmente ficam protegi<strong>da</strong>snas reentrâncias <strong>do</strong>s sarmentos (SIQUEIRA, 2010)e raramente <strong>no</strong> interior <strong>da</strong>s brácteas <strong>da</strong>s gemas(JOHANN et al., 2009) (Figura 5).Na primavera, a partir <strong>do</strong> inchamento <strong>da</strong>s gemas,as fêmeas retomam a ativi<strong>da</strong>de, migran<strong>do</strong> para asfolhas <strong>no</strong>vas, onde se estabelecem e multiplicamdurante a safra. No início <strong>do</strong> desenvolvimento <strong>da</strong>cultura, o ácaro localiza-se nas folhas <strong>no</strong>vas; porém,com o desenvolvimento <strong>da</strong>s plantas, ocorre amigração para as folhas mais velhas. C. vitis localizaseprincipalmente na página inferior <strong>da</strong>s folhas. Aprimavera e o verão são os perío<strong>do</strong>s mais favoráveisao desenvolvimento <strong>da</strong> espécie, quan<strong>do</strong> surgem asfêmeas protogíneas e machos morfologicamentesemelhantes que se reproduzem de forma sexua<strong>da</strong>.A espécie completa o desenvolvimento emaproxima<strong>da</strong>mente uma ou duas semanas, passan<strong>do</strong>pelos estágios de ovo, larva, ninfa e adulto, ten<strong>do</strong>esse último longevi<strong>da</strong>de de três a quatro semanas. Odesenvolvimento <strong>da</strong> espécie ocorre preferencialmenteentre as temperaturas de 22 a 26ºC, com 40 a 60% de umi<strong>da</strong>de relativa <strong>do</strong> ar (DUSO; LILLO, 1986).Na região <strong>da</strong> Campanha, a partir de fevereiro, foiobserva<strong>da</strong> a presença de fêmeas migran<strong>do</strong> para asreentrâncias <strong>do</strong>s sarmentos, onde passam o inver<strong>no</strong>.Esse movimento estende-se até o final de maio einício de junho (SIQUEIRA, 2010).O uso de material vegetativo, como estacas deporta-enxertos e/ou ramos de cultivares produtorascontamina<strong>da</strong>s, auxilia na dispersão <strong>da</strong> espéciepara <strong>no</strong>vas regiões. A dispersão de C. vitis a

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