11.07.2015 Views

Cultivo da Amora-preta - Embrapa Uva e Vinho

Cultivo da Amora-preta - Embrapa Uva e Vinho

Cultivo da Amora-preta - Embrapa Uva e Vinho

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

ISSN 1808-6810?? 75CircularTécnicaBento Gonçalves, RSOutubro, 2007AutoresEduardo PagotEng. Agrôn.,Emater/RS-Ascar,Rua Dr. Flores, 240,Conjunto B, Centro95200-000Vacaria, RSEvandro Pedro SchneiderEng. Agrôn.,ConvênioIncra/Fapeg/<strong>Embrapa</strong>,<strong>Embrapa</strong> <strong>Uva</strong> e <strong>Vinho</strong>,Caixa Postal 130,CEP 95700-000Bento Gonçalves, RSJair Costa NachtigalEng. Agrôn.,<strong>Embrapa</strong> ClimaTemperado,Caixa Postal 403,CEP 96001-970Pelotas, RSDaltro Accyoli CamargoTecnólogo em Fruticulturade Clima Temperado,Emater/RS-Ascar,Rua Dr. Flores, 240,Conjunto B, Centro95200-000Vacaria, RS<strong>Cultivo</strong> <strong>da</strong> <strong>Amora</strong>-<strong>preta</strong>__________________________________________________________IntroduçãoO cultivo <strong>da</strong> amora-<strong>preta</strong>, assim como a de outras pequenas frutas, temtido um interesse crescente por parte dos produtores de muitas regiõesdo Brasil. Na região dos Campos de Cima <strong>da</strong> Serra, no Rio Grande doSul, com destaque para o município de Vacaria, existem vários plantiosfeitos por empresários e por pequenos produtores que têm buscado oaprimoramento e a viabilização econômica do cultivo.Além desses produtores de pequenas frutas, no município de Vacariaencontram-se os Assentamentos Nova Batalha e Nova Estrela, tendo 10e 37 famílias assenta<strong>da</strong>s, respectivamente. Nos referidosassentamentos, a cultura é fonte de ren<strong>da</strong> importante para a maioria <strong>da</strong>sfamílias. Outra característica comum, principalmente entre os pequenosprodutores, é o cultivo <strong>da</strong> amora-<strong>preta</strong> sem o uso de agroquímicos.Várias ações estão sendo realiza<strong>da</strong>s entre as instituições que atuam naregião para a melhoria do sistema de produção dessa fruta, destacandoseo trabalho desenvolvido pela <strong>Embrapa</strong> <strong>Uva</strong> e <strong>Vinho</strong> e AssociaçãoRiograndense de Empreendimentos de Assistência Técnica e ExtensãoRural (Emater-RS), por meio do convênio entre o Instituto Nacional deColonização e Reforma Agrária, a Fun<strong>da</strong>ção de Amparo à PesquisaEdmundo Gastal e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária(Incra/Fapeg/<strong>Embrapa</strong>), para geração e intercâmbio de tecnologiasdestina<strong>da</strong>s a produtores de pequenas frutas.O presente trabalho tem por objetivo fornecer informações básicas paraos produtores <strong>da</strong> região dos Campos de Cima <strong>da</strong> Serra sobre o cultivode amora-<strong>preta</strong>, no sistema de produção de base ecológica ou com ouso mínimo de agrotóxicos. Tais informações foram gera<strong>da</strong>s a partir <strong>da</strong>sexperiências dos produtores e dos técnicos com a cultura e podemcontribuir para o aprimoramento do sistema e para a melhoria <strong>da</strong>quali<strong>da</strong>de dos frutos. As informações apresenta<strong>da</strong>s, embora tenham sidogera<strong>da</strong>s para a região dos Campos de Cima <strong>da</strong> Serra, também, podem,servir para o cultivo <strong>da</strong> fruta em outras regiões, considerando-se asvariações de clima e de solo existentes.1


Condições para o cultivoClimaAs amoras são cultiva<strong>da</strong>s desde regiões cominvernos amenos (a partir 200 horas frio) atéregiões com frios extremos (mais de 1.000 horasfrio com temperaturas inferiores a 7,2°C). Aaltitude e, conseqüentemente, as modificações natemperatura média do ar, alteram o ciclo <strong>da</strong>amora-<strong>preta</strong> e, principalmente, a época <strong>da</strong>floração. Algumas observações mostram que oinício <strong>da</strong> floração retar<strong>da</strong> de oito a dez dias a ca<strong>da</strong>300 m de aumento <strong>da</strong> altitude.Quanto à exposição solar, preferentemente, devesebuscar a orientação norte-sul, por proporcionarmaior quanti<strong>da</strong>de de radiação solar, fatorimportante para o desenvolvimento e à sani<strong>da</strong>dedo pomar.SoloOs solos mais apropriados para a cultura sãoaqueles bem drenados, com boa capaci<strong>da</strong>de deretenção de água e bom teor de matéria orgânica.Em geral, os solos ligeiramente ácidos, com umpH em torno de 5,5 a 6,0, são os melhores para aamora-<strong>preta</strong>.Espaçamento/densi<strong>da</strong>de de plantioO espaçamento recomen<strong>da</strong>do varia de 0,30 a0,70 m entre plantas e de 2,5 a 3,0 m entre aslinhas de plantio. Para a cultivar Tupi, nascondições dos Campos de Cima <strong>da</strong> Serra,recomen<strong>da</strong>-se 0,5 m entre plantas e 3,0 m entrelinhas, totalizando uma densi<strong>da</strong>de de 6.666plantas/ha. O espaçamento de 0,5 m entre mu<strong>da</strong>sproporciona uma colheita significativa já naprimeira safra. A distância entre linhas de 3,0 mproporciona um espaço adequado para os tratosculturais mecanizados e, ao mesmo tempo, umaboa insolação e circulação de ar no cultivo.Preparo do soloRecomen<strong>da</strong>-se a subsolagem total <strong>da</strong> área, comgra<strong>da</strong>gem e incorporação de calcário e fertilizantea 30 cm de profundi<strong>da</strong>de, com o objetivo decorrigir a acidez e a fertili<strong>da</strong>de do solo (adubaçãopré-plantio). As quanti<strong>da</strong>des dos insumos devemser defini<strong>da</strong>s de acordo com a análise de solo. Aadubação orgânica, recomen<strong>da</strong><strong>da</strong> para os solos<strong>da</strong> região de Vacaria, tem variado entre 8 e 10 t/hade esterco de aves ou 20 t/ha de esterco debovinos, bem curtidos, ou incorporados na linhatrês meses antes do plantio. O plantio de aveia<strong>preta</strong> no ano anterior, com o objetivo de proteçãodo solo, e aumento do teor de matéria orgânica,também é recomen<strong>da</strong>do.Em áreas não mecaniza<strong>da</strong>s e pedregosas, podesefazer o preparo somente <strong>da</strong>s covas, desde queessas sejam bem prepara<strong>da</strong>s e aduba<strong>da</strong>s, paraproporcionar o desenvolvimento inicial adequado<strong>da</strong>s raízes. Na cova, deve-se colocar em torno de1 kg esterco de galinha ou 2 kg de esterco degado bem curtidos (fermentados/estabilizados). Ocalcário pode ser misturado na terra retira<strong>da</strong> <strong>da</strong>cova, na quanti<strong>da</strong>de de 0,3 a 0,5 kg/cova; norestante <strong>da</strong> área espalhar na superfície total nomáximo 3 t/ha; recomen<strong>da</strong>-se fazer a limpeza deervas na linha de plantio.Plantio <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>sPara o plantio <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>s, o agricultor deveobservar os seguintes aspectos:a) o plantio deverá seguir um alinhamento emarcação de acordo com o espaçamentopreviamente planejado;b) o plantio deve ser executado em condições desolo com boa umi<strong>da</strong>de, de preferência apósprecipitações pluviométricas. É fun<strong>da</strong>mental airrigação <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>s logo após o plantio, poiseliminam-se as bolsas de ar que ficam ao redor2


<strong>da</strong>s raízes e aumenta-se o contato <strong>da</strong>smesmas com o solo, reduzindo os riscos dedesidratação <strong>da</strong>s mesmas;c) as mu<strong>da</strong>s devem permanecer à sombra comirrigação freqüente até serem transplanta<strong>da</strong>s;d) a época mais adequa<strong>da</strong> para o plantio é nofinal do inverno e início <strong>da</strong> primavera, podendose estender até o início do verão, nesse caso,desde que irriga<strong>da</strong>s com freqüência;T são fixa<strong>da</strong>s em uma altura de 1,0 a 1,20 m dosolo, por onde passam 2 arames paralelos de 40 a50 cm distantes um do outro. Quando asbrotações <strong>da</strong>s plantas, emiti<strong>da</strong>s junto ao solo,ultrapassarem os arames, devem ser amarra<strong>da</strong>s.Esse tutoramento é fun<strong>da</strong>mental para evitar <strong>da</strong>nospelo vento e facilitar a colheita <strong>da</strong>s frutas.e) as mu<strong>da</strong>s de torrão (tubetes ou sacosplásticos) apresentam melhor índice depagamento em condições adversas;f) as mu<strong>da</strong>s de estacas enraiza<strong>da</strong>s ou debrotações de raiz nua devem ser planta<strong>da</strong>s,preferencialmente, de março/abril até o mês desetembro.Controle de ervas indeseja<strong>da</strong>sNo primeiro ano, deve-se evitar a competição porágua e nutrientes entre as mu<strong>da</strong>s e as ervasindeseja<strong>da</strong>s, principalmente as gramíneas. Nesseperíodo, o controle <strong>da</strong>s ervas deverá ser realizadocom capina superficial, para não <strong>da</strong>nificar asraízes e arranquio manual próximo às mu<strong>da</strong>s.Recomen<strong>da</strong>-se também o uso de cobertura compalha (mulch), sobre a linha <strong>da</strong>s plantas, poisreduz a germinação <strong>da</strong>s ervas, mantém a umi<strong>da</strong>desuperficial e incorpora matéria orgânica ao solo.TutoramentoO sistema de condução mais utilizado para aamoreira é em forma de T, onde são implantadospalanques (eucalipto tratado) na linha de plantio aca<strong>da</strong> 8 m de distância, com dimensões de 0,15 m(diâmetro) x 1,80 m (altura), que deverão serenterrados em torno de 0,5 m. Nas cabeceiras <strong>da</strong>slinhas, normalmente são utilizados palanques com1,60 m de altura e 0,15 m de diâmetro, colocadosem posição inclina<strong>da</strong>. As travessas que formarão oFigura 1. Sistema de condução mais utilizado para aamora-<strong>preta</strong>. Foto: Eduardo Pagot.Po<strong>da</strong>No primeiro ano, as hastes que brotam <strong>da</strong> coroa<strong>da</strong>s plantas (<strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>s) devem ser ralea<strong>da</strong>s,deixando apenas quatro hastes por planta,considera<strong>da</strong> uma boa densi<strong>da</strong>de para a primeiraprodução. No outono ou inverno, essas quatrohastes são tutora<strong>da</strong>s nos arames e desponta<strong>da</strong>s a20 cm acima do mesmo. Na primavera seguinte,essas hastes florescem e produzem a primeiracolheita, que ocorre de novembro a janeiro. Ain<strong>da</strong>na primavera, emergem do solo novas hastes quecrescem ultrapassando os arames de sustentaçãoe, então, devem ser desponta<strong>da</strong>s (po<strong>da</strong> de verão)a 30 cm acima do arame, com o objetivo de forçara emissão de ramos laterais, que produzirão nopróximo ano.Logo após a colheita, as quatro primeiras hastesdevem ser po<strong>da</strong><strong>da</strong>s ao nível do solo e retira<strong>da</strong>s do3


pomar, deixando espaço para as hastes novasdesponta<strong>da</strong>s se desenvolverem até o final doverão, início do outono. A po<strong>da</strong> de inverno érealiza<strong>da</strong>, encurtando todos os galhos laterais a30-40 cm, com o objetivo de organizar o espaçona linha e distribuir melhor a frutificação. Juntocom essa po<strong>da</strong> de inverno, realiza-se uma seleção<strong>da</strong>s hastes mais vigorosas, eliminando-se oexcesso. O recomen<strong>da</strong>do é deixar, no máximo, 3hastes produtivas por metro linear.Eduardo Pagot - Engenheiro Agrônomo - E. M. Vacaria-RSFigura 2. Po<strong>da</strong> e condução <strong>da</strong> amora-<strong>preta</strong> no primeiro ano, deixando-se 4 hastes/planta e realizando-se odesponte 20 cm acima do arame. Foto: Eduardo Pagot.Figura 3. Po<strong>da</strong> de inverno a partir do segundo ano, realizando-se o desponte dos ramos laterais de 20 a 30 cm do aramee eliminação dos ramos baixos e mal posicionados. Foto: Adriano Mazzarolo.4


Controle de pragas e doençasUm grande número de pragas e doenças podeatacar a cultura <strong>da</strong> amora-<strong>preta</strong>. No caso <strong>da</strong>sdoenças, as estratégias de manejo em outrospaíses associam os métodos culturais, físicos,biológicos e a proteção química <strong>da</strong>s plantas comfungici<strong>da</strong>s. A intensi<strong>da</strong>de de uso de um ou outrométodo depende do sistema de produção(convencional, orgânico ou integrado) adotadopelo produtor.As recomen<strong>da</strong>ções de controle <strong>da</strong>s principaispragas e doenças enfatizam o uso de mu<strong>da</strong>ssadias e a profilaxia, que visam à redução <strong>da</strong>sfontes de inóculo e de sua evolução dentro <strong>da</strong>área de produção. A estas práticas, sãoacrescenta<strong>da</strong>s a adubação equilibra<strong>da</strong>, acondução aberta <strong>da</strong>s plantas, a manutenção <strong>da</strong>cobertura verde baixa e cobertura plástica doscultivos e o controle químico com produtoscúpricos, enxofre e cal<strong>da</strong> sulfocálcica.A seguir, são apresenta<strong>da</strong>s as principais doençase pragas <strong>da</strong> amoreira-<strong>preta</strong> no Sul do Brasil.DoençasBotrytis ou mofo cinzento (Botrytis cinerea)Os sintomas podem surgir como requeima debrotos no fim <strong>da</strong> primavera ou no verão e na formade manchas cinzentas nas folhas velhas, pecíolose nós, causando a morte de ramos. As manchasapresentam círculos concêntricos de cor bege amarrom e, às vezes, com presença de escleróciospretos, que sobrevivem nos ramos e colonizandorestos de tecidos. A dispersão dos conídios é feitapelo vento e por respingos de gotas de água. Asflores e frutos apresentam escurecimento e,posteriormente, mumificam-se no campo e, sobcondições de umi<strong>da</strong>de, apresentam o mofocinzento na superfície. Após a colheita, as amorasjá infecta<strong>da</strong>s no campo desenvolverão o mofocinzento durante a frigorificação e nacomercialização.O controle desta doença pode ser feito comfungici<strong>da</strong>s protetores em pré-colheita e com omanejo <strong>da</strong> parte aérea <strong>da</strong> planta visando diminuira duração do molhamento.O controle biológico do mofo cinzento visandoreduzir as per<strong>da</strong>s causa<strong>da</strong>s pela doença nas florese frutos pode ser feita com uso do agente decontrole Biológico Clonostachys rosea (Gliocladim)desenvolvido e produzido pela <strong>Embrapa</strong> <strong>Uva</strong> e<strong>Vinho</strong>. Este fungo deve ser aplicado lavando oproduto em água limpa, na proporção de 50 cm 2(copinho plástico de café) para 10 L de água, oque depois de agitado deverá ser filtrado com umpano limpo e posteriormente pulverizadosemanalmente a partir do inicio <strong>da</strong> floração.Antracnose do fruto (Colletotrichumgloeosporioides)Os sintomas desta doença ocorrem nos frutos. Aslesões se caracterizam por podridão seca, comestruturas alaranja<strong>da</strong>s na superfície dos frutos quepodem ocorrer em períodos chuvosos comtemperaturas médias/altas; os frutos afetadosmumificam.Como recomen<strong>da</strong>ção de controle, deve-seremover os frutos mumificados, proteger asplantas de respingos de água e favorecer acirculação de ar através do sistema de plantio emanejo <strong>da</strong> planta; utilizar adubação equilibra<strong>da</strong>,especialmente do nitrogênio; manter as invasoraspermanentemente acama<strong>da</strong>s ou roça<strong>da</strong>s; utilizarmu<strong>da</strong> sadia; utilizar a cal<strong>da</strong> sulfocálcica no início<strong>da</strong> brotação (pontas verdes); proteger as plantascom fungici<strong>da</strong>s durante o ciclo vegetativo; e utilizarcultivares resistentes.5


Cancro dos ramos (Botryosphaeria dothidea)Os primeiros sintomas surgem na forma decancros ao redor <strong>da</strong>s gemas, nos cortes <strong>da</strong> po<strong>da</strong> enos ramos de dois anos. O fungo sobrevive emramos de po<strong>da</strong> que, ficando no pomar, sãocolonizados durante a primavera e verão. Ocontrole pode ser feito pelo uso de mu<strong>da</strong>s sadias,eliminação dos restos <strong>da</strong> cultura e proteção doscortes <strong>da</strong> po<strong>da</strong>.FerrugemExistem vários tipos de ferrugem cita<strong>da</strong>s naliteratura de outros países que podem ocorrer naamora-<strong>preta</strong>: ferrugem alaranja<strong>da</strong> (Gimnoconianitens), a ferrugem dos ramos e folhas (Kuehneolauredinis) e a ferrugem <strong>da</strong> amoreira <strong>preta</strong>(Phragmidium violaceum). O controle <strong>da</strong>sferrugens normalmente pode ser feito pelautilização de mu<strong>da</strong>s sadias, eliminação <strong>da</strong>splantas infecta<strong>da</strong>s, aplicação de cal<strong>da</strong> sulfocálcicano inverno e tratamentos com cúpricos (antes eapós a brotação).Galha <strong>da</strong> coroaCausa<strong>da</strong> pela bactéria do solo Agrobacteriumtumefasciens infecta estacas durante oenraizamento e nas plantas no campo iniciando ainfecção pelos ferimentos causados pela po<strong>da</strong> ouretira<strong>da</strong> de rebrotes. O controle <strong>da</strong> doença deveser feito eliminando as plantas com sintomas eabandonando o plantio nas áreas onde foramconstatados os sintomas, pois a bactériapermanece no solo.PragasBroca-<strong>da</strong>-amora (Eulechriops rubiHespenheide, 2005)do ramo principal no sentido descendente até ocolo <strong>da</strong> planta, não atacando as raízes. Essagaleria impede o fluxo de seiva, causando a per<strong>da</strong>de vigor e culminando na morte <strong>da</strong>s plantas. Abroca permanece no interior dos ramos até atingira fase adulta, quando abre um orifício circular nolenho para sua saí<strong>da</strong>, que coincide com a fase depós-colheita (janeiro). Não existem insetici<strong>da</strong>sregistrados para o controle dessa praga para acultura <strong>da</strong> amora-<strong>preta</strong>, por isso recomen<strong>da</strong>-se aretira<strong>da</strong> dos ramos velhos, logo após a colheitados frutos, para evitar a disseminação <strong>da</strong> praga.Mosca <strong>da</strong>s frutas (Anastrepha spp)Os frutos atacados, em geral, apresentam que<strong>da</strong>prematura. Deve-se usar armadilhas paramonitorar o ataque <strong>da</strong> mosca, eliminar todos osfrutos caídos ou que passaram do ponto decolheita e, em caso de necessi<strong>da</strong>de, usar umasolução-isca com insetici<strong>da</strong> aplica<strong>da</strong> nas bor<strong>da</strong>sdo pomar.Outras pragasNo primeiro ano é fun<strong>da</strong>mental o controle deformigas cortadeiras, que podem <strong>da</strong>nificar asmu<strong>da</strong>s. Além destas, na cultura <strong>da</strong> amora-<strong>preta</strong>,pode ser verifica<strong>da</strong> também a ocorrência deácaros, lagartas e coleópteros atacando as folhase frutos.No Brasil, não existem agrotóxicos registradospara cultura e, quando ocorre um ataque muitosevero, alguns produtores, que realizam o manejoconvencional <strong>da</strong> cultura, têm utilizado produtosregistrados em outros países e que sãocomercializados no Brasil ou produtos registradospara a cultura do morango, que tem hábito defrutificação e colheita semelhante à amora-<strong>preta</strong>.O <strong>da</strong>no causado pelo inseto caracteriza-se porgalerias abertas pela larva, que percorre o interior6


ESTÁGIOS FENOLÓGICOS E ATIVIDADES DE MANEJO DA CULTURA DA AMORA-PRETANo Quadro 1 são apresentados os principais estágios fenológicos <strong>da</strong> cultura, conforme o período do ano e a época em que uma determina<strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de de manejodeve ser realiza<strong>da</strong> na cultura. Em segui<strong>da</strong>, são apresenta<strong>da</strong>s as descrições mais detalha<strong>da</strong>s dos diversos estágios e <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des que devem ser realiza<strong>da</strong>s.Os estágios de desenvolvimento <strong>da</strong> cultura estão na coluna vertical e indicam em que mês ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s fases <strong>da</strong> cultura ocorre.Quadro 1. Estágios fenológicos e ativi<strong>da</strong>des <strong>da</strong> cultura <strong>da</strong> amora-<strong>preta</strong> para a região de Vacaria, RS.Estágio Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro DezembroSemanas 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4ºInchamentode Gemas1InícioBrotação2 3 4Floração 5 6rutificação 7MaturaçãoColheita8 9VegetativoSenescência10 11Que<strong>da</strong> <strong>da</strong>sFolhas12Descansohibernal13Observações:A tabela acima descrita registra o estágio de desenvolvimento <strong>da</strong>s plantas (estágio fenológico) na região de Vacaria. Em vermelho estão os meses do ano,divididos em quatro colunas azuis representando as quatro semanas do mês. Os números descritos na tabela indicam a época recomen<strong>da</strong><strong>da</strong> para as práticas demanejo <strong>da</strong> amora-<strong>preta</strong>, que estão explica<strong>da</strong>s no calendário de manejo <strong>da</strong> cultura.


Estágio 1 – Inchamento <strong>da</strong>s Gemas.Ativi<strong>da</strong>de 1 – Durante o descanso hibernal, antes do inchamento <strong>da</strong>s gemas, deve ser aplica<strong>da</strong> a cal<strong>da</strong> sulfocálcica na concentração de 4ºBe, que corresponde adosagem de 10 litros de cal<strong>da</strong> (32°Be) em 100 litros de água. Aplicar um volume de cal<strong>da</strong> em torno de 500 litros/ha.Estágio 1 Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro DezembroSemanas 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4ºInchamentode Gemas1Estágio 1 e 2 – Inchamento <strong>da</strong>s gemas/Início <strong>da</strong> brotação.Ativi<strong>da</strong>de 2 – Realizar a fertilização orgânica, utilizando 10 tonela<strong>da</strong>s/ha de cama de aviário composta<strong>da</strong>, a ca<strong>da</strong> 2 anos, ou até 20 tonela<strong>da</strong>s/ha de esterco debovinos compostado.Ativi<strong>da</strong>de 3 – Realizar a limpeza de ervas indeseja<strong>da</strong>s na linha de cultivo (largura de 1m), por meio <strong>da</strong> capina manual e a colocação de mulch (palha de aveia,serragem decomposta, outras palhas disponíveis na proprie<strong>da</strong>de).Estágio 1 e2Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro DezembroSemanas 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4ºInchamentode Gemas1InícioBrotação2 3Estágio 2 e 3 – Início <strong>da</strong> brotação/antes <strong>da</strong> floração.Ativi<strong>da</strong>de 4 – Realizar a aplicação foliar de biofertilizantes ou boro(produção convencional), para aumentar o vingamento dos frutos, e de cálcio, para aumentar aresistência <strong>da</strong>s plantas às doenças. Deve-se utilizar a dosagem conforme concentração do produto comercial e repetir a ca<strong>da</strong> 15 ou 20 dias, até completar 3aplicações. Nesta aplicação, pode-se misturar produtos à base de aminoácidos.Ativi<strong>da</strong>de 5 – No início <strong>da</strong> floração, deve-se realizar a aplicação de fosfito de potássio(produção convencional), com o objetivo de nutrir as plantas e aumentar aresistência às doenças, utilizando a dosagem conforme recomen<strong>da</strong>ção do produto comercial, repetindo-se a ca<strong>da</strong> 15 ou 20 dias até completar 3 aplicações.Recomen<strong>da</strong>-se aplicar nas horas mais frescas do dia e preparar a cal<strong>da</strong> no momento <strong>da</strong> aplicação.


Ativi<strong>da</strong>de 6 – Na fase de floração plena/início <strong>da</strong> frutificação (em parte são simultâneas) e em pomares com deficiência de vigor vegetativo, pode- se realizar a 2ªfertilização com esterco curtido, caso não tenha sido suficiente a adubação realiza<strong>da</strong> em agosto. Em pomares conduzidos em cultivo convencional, pode-se aplicar30 gramas/planta ou 60 gramas por metro linear de sulfato de amônia ou 15 gramas/planta ou 30 gramas por metro linear de uréia.Estágio 2 e3Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro DezembroSemanas 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4ºInícioBrotação4Floração 5 6Estágio 4 – FrutificaçãoAtivi<strong>da</strong>de 7 - Na fase de crescimento e desenvolvimento dos frutos, deve-se fazer a aplicação de cal<strong>da</strong> bor<strong>da</strong>lesa a 1% ou formulação a base de cobre de formapreventiva ou no aparecimento dos primeiros sintomas de antracnose, ferrugem ou Botrytis.Estágio 4 Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro DezembroSemanas 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4ºFrutificação 7Estágio 5 – Início <strong>da</strong> maturação e colheita dos frutos.Ativi<strong>da</strong>de 8 – Nesta fase, deve ser iniciado o monitoramento <strong>da</strong> mosca-<strong>da</strong>s-frutas, utilizando-se frascos iscas, no mínimo 2 por pomar ou por hectare (nas bor<strong>da</strong>sdo pomar). Observar os frascos periodicamente e, a partir de 1 mosca/frasco/dia, efetuar o controle. Alternativas de controle: utilizar iscas tóxicas nas bor<strong>da</strong>s dopomar e/ou aplicação de insetici<strong>da</strong>s naturais disponíveis no mercado para a produção orgânica. O monitoramento <strong>da</strong>s moscas deve ser constante, sendo que, nomês de dezembro, a ocorrência se intensifica.Ativi<strong>da</strong>de 9 – Nesta fase, deve-se fazer o desponte <strong>da</strong> haste nova cerca de 30 cm acima dos arames, para induzir o crescimento dos ramos laterais. Essa práticapode ser retar<strong>da</strong><strong>da</strong> até janeiro, cui<strong>da</strong>ndo para não deixar hastes muito altas, que possam quebrar com o vento.Estágio 5 Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro DezembroSemanas 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4ºMaturaçãoColheita8 9


Estágio 6 – Desenvolvimento vegetativo <strong>da</strong> haste nova e senescência <strong>da</strong> haste velhaAtivi<strong>da</strong>de 10 – Realizar a po<strong>da</strong> <strong>da</strong>s hastes velhas ao nível do solo, eliminando-se to<strong>da</strong>s as hastes que produziram e retirando-as do pomar. Caso haja ocorrência<strong>da</strong> broca <strong>da</strong> amora nas proximi<strong>da</strong>des ou no pomar, recomen<strong>da</strong>-se a queima<strong>da</strong> do material po<strong>da</strong>do.Ativi<strong>da</strong>de 11 - Aplicar cal<strong>da</strong> bor<strong>da</strong>lesa na concentração de 1%, para o controle de esporos de fungos pós-colheita e retenção de folhas pelo máximo de tempopossível.Estágio 6 Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro DezembroSemanas 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4ºVegetativoSenescência10 11Estágio 7 – Que<strong>da</strong> <strong>da</strong>s folhas.Ativi<strong>da</strong>de 12: Aplicação de ca<strong>da</strong> sulfocálcica 32º Be a 5% para acelerar a que<strong>da</strong> <strong>da</strong>s folhas e realizar a semeadura de espécies de cobertura de solo (aveia, nabo,ervilhaca, outras).Estágio 8 – Descanso hibernal.Ativi<strong>da</strong>de 13 – Realizar a po<strong>da</strong> de desponte de ramos laterais, com cerca de 30 a 40 cm de comprimento, eliminação de ramos abaixo de 30cm do solo e malcolocados (para o centro <strong>da</strong> linha) e raleio do excesso de hastes na linha, deixando no máximo 3 hastes/por metro linear.Estágio 7 e8Janeiro Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro DezembroSemanas 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º 3º 4ºQue<strong>da</strong> <strong>da</strong>sFolhas12Descansohibernal13


CUSTOS DE IMPLANTAÇÃO DA CULTURANo Quadro 2, são apresentados os custos para implantação de 1 hectare de amora-<strong>preta</strong>, naregião de Vacaria, RS, utilizando o espaçamento de 0,5 x 3,0m (6.666 plantas/hectare). Parafacilitar o deslocamento de máquinas, o pomar foi dividido em duas parcelas de 72 x 70m, com 24linhas.Quadro 2 – Custos médios para implantação de 1 hectare de amora-<strong>preta</strong>, Vacaria-RS, 2007.Discriminação Un. Total R$ Un.ValorUnitárioTotalInsumosNão-de-obra e ServiçosCalcário (tonela<strong>da</strong>s) 10 650,00Preparo do solo(hora/trator)2 50,00 100,00Adubo fosfatado(tonela<strong>da</strong>s)0,3 261,00Aplicação de calcário(hora/trator)2 50,00 100,00Esterco de aves (m³) 20 600,00Construção de camaleão(hora/trator)2 50,00 100,00Cloreto de Potássio(tonela<strong>da</strong>s)0,2 156,00Fixação palanques(d/homem)10 25,00 250,00Mu<strong>da</strong> varie<strong>da</strong>de Tupi 6.666 4.666,20Instalação <strong>da</strong>s espaldeira(d/homem)5 25,00 125,00Poste interno(0,15x1,80m)336 2.352,00Plantio <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>s(d/homem)5 25,00 125,00Poste externo(0,15x1,60m)Travessa de eucalipto(6,0cmx2,5cmx50cm)Âncoras de madeira(100x5/8 cm)Arame galvanizado (rolode 1000m)96 768,00 Subtotal 800,00336 369,6096 1.200,007 1.260,00Subtotal 12.282,80Total do investimentoInsumos e mão de obra.13.082,80Observações: os valores acima se referem ao mês de julho de 2007.11


CircularTécnica, 75Exemplares desta edição podem ser adquiridos na:<strong>Embrapa</strong> <strong>Uva</strong> e <strong>Vinho</strong>Rua Livramento, 515 – Caixa Postal 13095700-000 Bento Gonçalves, RSFone: (0xx)54 3455-8000Fax: (0xx)54 3451-2792http:// www.cnpuv.embrapa.br1ª edição1ª impressão (2007): 1000 exemplaresComitê dePublicaçõesExpedientePresidente: Lucas <strong>da</strong> Ressurreição GarridoSecretária-Executiva: Sandra de Souza SebbenMembros: Gilmar Ribeiro Nachtigal, Kátia MidoriHiwatashi, Osmar Nickel, Viviane Maria ZanellaBello FialhoNormatização bibliográfica: Kátia MidoriHiwatashiCGPE 6432

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!