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Caderno metodológico para ações de educação ambiental e - Conder

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PARA AÇÕES DE EDUCAÇÃO AMBIENTALE MOBILIZAÇÃO SOCIAL EM SANEAMENTO


Presi<strong>de</strong>nte da RepúblicaLuiz Inácio Lula da SilvaMinistro das Cida<strong>de</strong>sMarcio Fortes <strong>de</strong> AlmeidaSecretário Nacional <strong>de</strong> Saneamento AmbientalLeo<strong>de</strong>gar da Cunha TiscoskiDiretor do Departamento <strong>de</strong> Articulação InstitucionalSergio Antonio GonçalvesRealização:Grupo <strong>de</strong> Trabalho Interinstitucional <strong>de</strong> Educação Ambientale Mobilização Social em SaneamentoMinistério das Cida<strong>de</strong>sMinistério do Meio AmbienteMinistério da Integração NacionalMinistério da EducaçãoMinistério da Saú<strong>de</strong> - FIOCRUZ e FUNASACaixa Econômica Fe<strong>de</strong>ralÉ permitida a reprodução total ou parcial <strong>de</strong>sta publicação, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que citada a fonte e que não seja <strong>para</strong> venda ou qualquer fim comercial.APOIOPrograma Nacional <strong>de</strong> Capacitação das Cida<strong>de</strong>s - PNCCORGANIZAÇÃODébora Cynamon KligermanGustavo Nogueira LemosLilia dos Santos SeabraEQUIPE TÉCNICAAilton Francisco da Silva Junior, Alcenira Ferreira Gomes, Alexandre Pessoa Dias, Darcy Ventura,Débora Correia <strong>de</strong> Freitas, Jane Fontana, João Carlos Machado, Lara R. Montenegro, Luana EmanuelleSilva, Luciano Chagas, Márcia Moisés, Natanael dos Santos, Rafaela Facchetti Assumpção,Renata Rozendo Maranhão, Roger Pastoris, Simone Cynamon Cohen.Catalogação na fonte:Centro <strong>de</strong> Informação e Documentação - CID Ambiental /MMAB823cBrasil. Ministério das Cida<strong>de</strong>s. Secretaria Nacional <strong>de</strong> SaneamentoAmbiental Programa <strong>de</strong> Educação Ambiental e MobilizaçãoSocial em Saneamento.<strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> <strong>metodológico</strong> <strong>para</strong> <strong>ações</strong> <strong>de</strong> <strong>educação</strong> <strong>ambiental</strong> e mobilizaçãosocial em saneamento . -- Brasília, DF: Ministério das Cida<strong>de</strong>s, 2009.100 p.; 21 X 29,7 cm.iSBN: 978-85-60133-86-4i. Título. II. Educação <strong>ambiental</strong>.CDU 37:504


SUMÁRIOAPRESENTAÇÃO ....................................................................................................................... 7INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 91. ABRINDO O DIÁLOGO ........................................................................................................ 111.1. A <strong>educação</strong> <strong>ambiental</strong> proposta pelo PEAMSS ............................................................... 131.2. Diretrizes ......................................................................................................................... 142. ORGANIZAÇÃO E UTILIZAÇÃO DO CADERNO ............................................................... 173. PLANO DE ATUAÇÃO ......................................................................................................... 213.1. A importância da organização comunitária .......................................................................... 233.2. Planejando o diagnóstico participativo ................................................................................ 303.2.1. Notas sobre diagnósticos participativos <strong>de</strong> <strong>educação</strong> <strong>ambiental</strong> em saneamento ..... 303.2.2. Uma proposta metodológica ..................................................................................... 31a. Levantamento <strong>de</strong> Inform<strong>ações</strong> e I<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> cenários ........................................ 31b. Sistematização das Inform<strong>ações</strong> ............................................................................. 60c. Socialização das Inform<strong>ações</strong> ................................................................................. 633.3. Planejando a intervenção comunitária ................................................................................. 633.3.1. A título <strong>de</strong> exercício ................................................................................................... 643.4. Monitoramento e avaliação do processo ............................................................................. 813.5. Sistematização do processo ............................................................................................... 854. ANEXOS ............................................................................................................................... 87I. Metodologias <strong>de</strong> diagnóstico participativo ........................................................................ 89a. Biomapa .................................................................................................................. 89b. Diagnóstico Rural Participativo – DRP ...................................................................... 92II. Educomunicação ............................................................................................................. 945


cidadãos comprometidos em atuar coletivamente rumo à construção <strong>de</strong> “socieda<strong>de</strong>ssustentáveis”, como preconiza o Tratado <strong>de</strong> Educação Ambiental <strong>para</strong> Socieda<strong>de</strong>sSustentáveis e Responsabilida<strong>de</strong> Global.Trata-se, portanto, <strong>de</strong> um convite à participação popular, que vai ao encontro daregulamentação e implantação das diretrizes nacionais <strong>para</strong> o saneamento básico e arespectiva política fe<strong>de</strong>ral do setor, por meio do marco estabelecido pela Lei Nacionaldo Saneamento Básico nº 11.445, <strong>de</strong> 05/01/2007, que tem como objetivo estratégicoa universalização dos serviços <strong>de</strong> saneamento e a participação efetiva da socieda<strong>de</strong> nocontrole social das <strong>ações</strong> <strong>de</strong>flagradas.Outro <strong>de</strong>safio que se apresenta perante a dinâmica <strong>de</strong> realização das obraspleiteadas por intermédio do Programa <strong>de</strong> Aceleração do Crescimento (PAC) é o <strong>de</strong>proporcionar a efetiva qualificação dos recursos investidos. Esse marco na história dosaneamento precisa ser a<strong>de</strong>quadamente conduzido a fim <strong>de</strong> que os investimentos setraduzam nas transform<strong>ações</strong> esperadas.A Lei do Saneamento busca assegurar que o planejamento seja, <strong>de</strong> fato, uminstrumento <strong>de</strong> gestão pública que, aliado à regulação, fiscalização e controle social,proporcione, <strong>de</strong> forma articulada a outras políticas públicas, a universalização, integralida<strong>de</strong>,transparência, sustentabilida<strong>de</strong> e eficiência dos serviços <strong>de</strong> saneamento.É preciso sonhar com um futuro melhor e mais justo, no qual o saneamento sejauma realida<strong>de</strong> <strong>para</strong> todos e as injustiças ambientais, superadas. Urge, pois, i<strong>de</strong>ntificaras questões prioritárias, refletir sobre as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> atuação e construir processosorganizados <strong>de</strong> enfrentamento.Este <strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> preten<strong>de</strong> ser um convite à participação social engajada e articuladaa processos que sigam nessa direção, com total abertura ao diálogo, às diferenças eàs diversas possibilida<strong>de</strong>s que certamente surgirão pelo caminho. E que este seja <strong>de</strong>conquistas e mudanças!Leo<strong>de</strong>gar da Cunha TiscoskiSecretário Nacional <strong>de</strong> Saneamento Ambiental8


introduçãoEste <strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> Metodológico é um esforço <strong>de</strong> instrumentalização, um materialorientador que preten<strong>de</strong> estimular os diversos atores sociais a participarem <strong>de</strong> forma ativa,organizada e intencional em processos <strong>de</strong> <strong>educação</strong> <strong>ambiental</strong> e mobilização social emsaneamento, exercendo, <strong>de</strong> forma qualificada, seu fundamental papel no controle socialdas <strong>ações</strong> <strong>de</strong> saneamento <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>adas.É um documento elaborado <strong>de</strong> forma participativa, fruto do trabalho compartilhadoentre Ministério das Cida<strong>de</strong>s, Ministério do Meio Ambiente, Ministério da Educação,Ministério da Integração Nacional, Ministério da Saú<strong>de</strong> por meio da Funasa – FundaçãoNacional <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> e Fiocruz – Fundação Oswaldo Cruz, e Caixa Econômica Fe<strong>de</strong>ral.O ca<strong>de</strong>rno acolheu ainda as contribuições surgidas ao longo <strong>de</strong> dois ciclos <strong>de</strong> oficinasque ocorreram nos anos <strong>de</strong> 2006 e 2008 em diferentes regiões do País, envolvendo aparticipação <strong>de</strong> diversos atores sociais com atuação em <strong>educação</strong> <strong>ambiental</strong>, mobilizaçãosocial e saneamento.Não se preten<strong>de</strong> com este material esgotar todas as possibilida<strong>de</strong>s, esclarecer todasas dúvidas e questões relacionadas à forma como a <strong>educação</strong> <strong>ambiental</strong> po<strong>de</strong> contribuirno enfrentamento da problemática socio<strong>ambiental</strong> associada ao saneamento, uma vezque não se acredita em soluções únicas e formatadas. A riqueza <strong>de</strong>sse processo está nacriação coletiva <strong>de</strong> soluções e estratégias pautadas em princípios sólidos, <strong>de</strong>mocráticos econtextualizados às realida<strong>de</strong>s locais.O <strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> traz algumas orient<strong>ações</strong> e referências metodológicas com o intuito<strong>de</strong> estimular e contribuir <strong>para</strong> o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> <strong>ações</strong> articuladas <strong>de</strong> <strong>educação</strong><strong>ambiental</strong> e mobilização social, que tenham como características a participação popular, acontinuida<strong>de</strong> e o comprometimento com mudanças estruturantes, extrapolando os limitesda sensibilização na busca pela construção <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong>s sustentáveis.O instrumento proposto <strong>de</strong>stina-se aos grupos e instituições que atuam ouvenham a atuar e interagir na condução dos projetos socioambientais associados aosempreendimentos feitos em saneamento, sejam eles os titulares dos serviços, universida<strong>de</strong>spúblicas ou privadas, coletivos educadores, organiz<strong>ações</strong> não governamentais, empresas<strong>de</strong> consultoria, ou ainda, grupos comunitários constituídos com este objetivo.Cabe a estes grupos e instituições realizarem as a<strong>de</strong>qu<strong>ações</strong> necessárias àcontextualização do <strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> visando sua aplicação às diversas realida<strong>de</strong>s. É importante,ainda, editar permanentemente o conhecimento abordado, inserindo novas alternativas eutilizando uma linguagem que esteja em sintonia com as peculiarida<strong>de</strong>s locais.9


Oficina PEAMSS – Rio <strong>de</strong> Janeiro – arquivo SNSA/M. Cida<strong>de</strong>scapítulo1ABRINDOO DIÁLOGO


1.1. A <strong>educação</strong> <strong>ambiental</strong> proposta pelo Programa <strong>de</strong> EducaçãoAmbiental e Mobilização Social em Saneamento (PEAMSS)A Política Nacional <strong>de</strong> Educação Ambiental – PNEA, instituída pela lei nº 9.795 <strong>de</strong>1999, e regulamentada pelo <strong>de</strong>creto nº 4.281 <strong>de</strong> 2002, representou gran<strong>de</strong>s avançoslegais <strong>para</strong> o campo da Educação Ambiental trazendo em seu bojo princípios que<strong>de</strong>finem que a <strong>educação</strong> <strong>ambiental</strong> <strong>de</strong>ve ser permanente e continuada, <strong>de</strong>vendo estarpresente, <strong>de</strong> forma articulada, em todos os níveis e modalida<strong>de</strong>s do processo educativo,<strong>de</strong>ntro e fora da escola.A PNEA atribuiu não só ao po<strong>de</strong>r público mas às instituições educativas, órgãosintegrantes do Sistema Nacional <strong>de</strong> Meio Ambiente – SISNAMA, aos meios <strong>de</strong>comunicação <strong>de</strong> massa, às empresas, entida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> classe, instituições públicas eprivadas e à socieda<strong>de</strong> como um todo o compromisso em atuar com <strong>ações</strong> educativasrelacionadas às questões socioambientais.É com base nesse marco legal que, atrelado aos princípios e premissas apresentadospela Lei Nacional <strong>de</strong> Saneamento Básico (Lei 11.445 <strong>de</strong> 2007), foi i<strong>de</strong>alizado o PEAMSS.Para revertermos o panorama socio<strong>ambiental</strong> em que vivemos, precisamos <strong>de</strong> umaintervenção conjunta entre os diversos atores da socieda<strong>de</strong> visando enfrentar essarealida<strong>de</strong>, em que as injustiças socioambientais estão cada vez mais acirradas.Atualmente, existem diversas <strong>ações</strong> <strong>de</strong> <strong>educação</strong> <strong>ambiental</strong> sendo <strong>de</strong>senvolvidasno contexto das <strong>ações</strong> e obras <strong>de</strong> saneamento financiadas pelo Governo Fe<strong>de</strong>ral.Essas <strong>ações</strong> são <strong>de</strong>senvolvidas <strong>de</strong> diferentes formas, com diferenciados públicos eprocedimentos. São muitos os avanços obtidos, mas ainda não conseguimos atingiras transform<strong>ações</strong> almejadas. Encontramos uma expressiva parte das <strong>ações</strong> calcadasem um senso comum <strong>de</strong> que a <strong>educação</strong> <strong>ambiental</strong> é restrita a <strong>ações</strong> <strong>de</strong> comunicaçãopor meio da distribuição <strong>de</strong> fol<strong>de</strong>rs e cartilhas; ou a realização <strong>de</strong> seminários e palestrasque abordam conteúdos sobre saneamento ou sobre o que <strong>de</strong>ve ou não ser feito – oque é certo e o que é errado; ou que a <strong>educação</strong> <strong>ambiental</strong> <strong>de</strong>ve ser feita com criançase no espaço escolar; ou então com coleta seletiva e reciclagem <strong>de</strong> lixo.Todas essas <strong>ações</strong> têm a sua contribuição e a sua importância, mas será que <strong>de</strong>ssaforma conseguiremos efetivamente atingir os objetivos <strong>de</strong> fundo que nos movem? Setodos <strong>de</strong>ixassem <strong>de</strong> jogar lixo no chão, se todo o nosso lixo fosse se<strong>para</strong>do e recicladoe se todas as crianças apren<strong>de</strong>ssem sobre meio ambiente e saneamento teríamos ummundo mais justo e um ambiente mais saudável? Saber mais sobre meio ambiente e oque é o saneamento é o suficiente <strong>para</strong> uma mudança <strong>de</strong> ação e reflexão do indivíduo edo coletivo? Será que cabe às crianças reverter esse quadro ou é uma responsabilida<strong>de</strong><strong>de</strong> todos e necessida<strong>de</strong> da mudança do mo<strong>de</strong>lo econômico e <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento emque vivemos?Esses questionamentos apresentados são algumas das inúmeras perguntas que<strong>de</strong>vem respaldar e orientar uma ação educativa e ser objeto <strong>de</strong> reflexão contínua. Antes<strong>de</strong> <strong>de</strong>finirmos <strong>de</strong> que forma iremos atuar, com que público e com quais objetivos,13


<strong>de</strong>vemos refletir sobre qual é nossa visão <strong>de</strong> futuro e <strong>de</strong> mundo, quais são as causasdos nossos problemas, quais são as rel<strong>ações</strong> sociais existentes, qual é a nossanecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mudança e o que <strong>de</strong> fato nos move. Diversas são as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>atuação, e cabe a cada grupo criar e <strong>de</strong>senvolver a sua forma, <strong>de</strong> acordo com a suaexperiência e trajetória e as especificida<strong>de</strong>s, potencialida<strong>de</strong>s e <strong>de</strong>mandas locais.Nesse contexto, a <strong>educação</strong> <strong>ambiental</strong> assumida pelo PEAMSS prevê <strong>ações</strong> críticas,transformadoras, propositivas e continuadas, conforme apresentado no <strong>de</strong>correr <strong>de</strong>stedocumento e nos <strong>de</strong>mais materiais <strong>de</strong> apoio do referido programa. Uma <strong>educação</strong><strong>ambiental</strong> em que o controle social é colocado como necessário à implementação daPolítica <strong>de</strong> Saneamento, por meio da participação popular em audiências e consultaspúblicas, licenciamento <strong>ambiental</strong> e execução dos planos municipais <strong>de</strong> saneamentobásico, nas revisões tarifárias, em órgãos colegiados e no direito à informação dosserviços prestados. Deve-se buscar o amplo <strong>de</strong>bate sobre o saneamento nos ConselhosEstaduais e Municipais <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, das Cida<strong>de</strong>s, Meio Ambiente, Educação e RecursosHídricos, bem como <strong>de</strong>ve ser observada a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> criação <strong>de</strong> conselhos ougrupos que discutam a <strong>educação</strong> <strong>ambiental</strong> em saneamento quando for conveniente.Desta forma, a avaliação da socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve ser encarada como um indicador <strong>de</strong><strong>de</strong>sempenho e a<strong>de</strong>quação dos serviços <strong>de</strong> saneamento, reivindicando a transparênciadas <strong>ações</strong> e dos processos <strong>de</strong>cisórios, a segurança, a qualida<strong>de</strong> e a regularida<strong>de</strong> dosserviços <strong>de</strong> saneamento.1.2. DiretrizesO PEAMSS apresenta, entre suas diretrizes, aspectos <strong>de</strong>terminantes <strong>para</strong> que as<strong>de</strong>mandas comunitárias por saneamento sejam, <strong>de</strong> fato, atendidas. No entanto, não éum programa que preten<strong>de</strong> intervir diretamente na problemática do saneamento pormeio <strong>de</strong> estratégias pré-<strong>de</strong>finidas, construídas exclusivamente pelo po<strong>de</strong>r público ebaseadas em relatórios técnicos. Ele apresenta, sobretudo, um caráter orientador earticulador das <strong>ações</strong> <strong>de</strong> <strong>educação</strong> <strong>ambiental</strong> <strong>de</strong>senvolvidas.O programa busca estabelecer convergências com outras políticas públicas e aotimização dos recursos investidos no setor, estimulando os diversos atores sociaisenvolvidos a contribuir ativamente, aportando suas potencialida<strong>de</strong>s e competências,em um permanente processo <strong>de</strong> construção coletiva.O convite e incentivo à gestão comunitária busca proporcionar o direito <strong>de</strong> todos àcida<strong>de</strong> e a seus serviços públicos, os quais <strong>de</strong>vem ser operados <strong>de</strong> forma equânime,sustentável e permanente.A experiência <strong>de</strong>monstra que a efetivação das <strong>ações</strong> <strong>de</strong> saneamento é fortalecidana medida em que são valorizadas as inúmeras potencialida<strong>de</strong>s e diferenças regionaisexistentes. Nesse sentido, este documento procura aprofundar e expandir o <strong>de</strong>bate,14


dando <strong>de</strong>staque a alguns elementos essenciais que direcionam a condução doprograma.A seguir resgatamos <strong>de</strong> forma introdutória algumas diretrizes do PEAMSS com afinalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> embasar a leitura <strong>de</strong>sse material.(a) Participação comunitária e Controle social – busca estimular os diversos atoressociais envolvidos <strong>para</strong> interagir <strong>de</strong> forma articulada e propositiva na formulação<strong>de</strong> políticas públicas, na construção dos planos municipais <strong>de</strong> saneamento, nosplanos diretores municipais e setoriais, assim como na análise dos estudos eprojetos realizados, no acompanhamento das obras em execução e na gestãodos serviços <strong>de</strong> saneamento. A idéia é que a comunida<strong>de</strong> seja mais do que abeneficiária passiva dos serviços públicos, seja atuante, <strong>de</strong>fensora e propositorados serviços que <strong>de</strong>seja em sua localida<strong>de</strong>, por meio <strong>de</strong> canais <strong>de</strong> comunicaçãoe <strong>de</strong> diálogo entre a socieda<strong>de</strong> civil e o po<strong>de</strong>r público.(b) Possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> articulação – busca a integração <strong>de</strong> programas, projetos e <strong>ações</strong>em <strong>educação</strong> <strong>ambiental</strong>, meio ambiente, recursos hídricos, <strong>de</strong>senvolvimentourbano e saú<strong>de</strong> que promovam o fortalecimento das políticas públicas emsaneamento no País. Busca-se sob uma visão sistêmica e integrada, <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>arum processo que leve a otimização <strong>de</strong> recursos financeiros e humanos e quetenha como resultado a sinergia entre as <strong>ações</strong> por meio da interação entreos órgãos públicos fe<strong>de</strong>rais, as iniciativas locais e os diferentes atores sociaisenvolvidos.(c) Ênfase na escala da localida<strong>de</strong> – Compreen<strong>de</strong> que a participação comunitáriaé facilitada na escala local, on<strong>de</strong> os laços territoriais, econômicos e culturaisfortemente ligados às noções <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> e pertencimento estão presentes emarcantes. A proximida<strong>de</strong> da realida<strong>de</strong> a qual se quer transformar, assim comodos fatores que afetam diretamente a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida da comunida<strong>de</strong>, é umgran<strong>de</strong> estímulo <strong>para</strong> a atuação cidadã. Acompanhar <strong>de</strong> perto a evolução e osresultados positivos das <strong>ações</strong> <strong>de</strong>flagradas fortalece a participação popular eten<strong>de</strong> a estimular a a<strong>de</strong>são <strong>de</strong> novas pessoas, grupos e instituições no <strong>de</strong>correrdo processo.(d) Orientação pelas dimensões da sustentabilida<strong>de</strong> – Propõe que as intervençõesem saneamento estejam atentas às suas diferentes dimensões, sejam elas <strong>de</strong>natureza política, econômica, <strong>ambiental</strong>, ética, social, tecnológica ou cultural.A continuida<strong>de</strong> e a permanência das <strong>ações</strong> são fatores <strong>de</strong>terminantes <strong>para</strong> asustentabilida<strong>de</strong> do processo, e <strong>de</strong>vem ser buscadas <strong>de</strong> forma intencional aindano planejamento das <strong>ações</strong> propostas.15


(e) Respeito às culturas locais – Consi<strong>de</strong>ra que a diversida<strong>de</strong> cultural presente nopaís proporciona uma riqueza <strong>de</strong> olhares e percepções sobre a realida<strong>de</strong> que<strong>de</strong>ve ser respeitada na condução do processo. As tradições locais, assim comoo seu patrimônio histórico, <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>radas no planejamento das <strong>ações</strong>,uma vez que revelam a ligação da população ao lugar em que vive.(f) Uso <strong>de</strong> tecnologias sociais sustentáveis – Busca alternativas tecnológicasque levam em consi<strong>de</strong>ração o conhecimento popular e a aplicação <strong>de</strong> técnicassimples, <strong>de</strong> baixo custo e impacto, e que po<strong>de</strong>m ser mais apropriadas, eficientes eeficazes frente à realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma dada localida<strong>de</strong>. O diálogo entre as tecnologiase técnicas <strong>de</strong> conhecimento comunitário e aquelas produzidas pelos centros<strong>de</strong> pesquisa <strong>de</strong>ve ser estimulado sempre que possível. A tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisãoquanto às tecnologias que serão utilizadas, bem como o sistema <strong>de</strong> gestão dosserviços, não <strong>de</strong>ve levar em consi<strong>de</strong>ração apenas os aspectos convencionais,mas observar na formulação dos seus custos e benefícios a participação popular,a inclusão social, aspectos culturais e tradicionais, entre outros.16


Lara Montenegrocapítulo2ORGANIZAÇÃOEUTILIZAÇÃO DOCADERNO


O <strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> Metodológico <strong>para</strong> <strong>ações</strong> <strong>de</strong> <strong>educação</strong> <strong>ambiental</strong> e mobilização socialem saneamento busca incentivar a participação dos diversos atores sociais envolvidosou que <strong>de</strong>sejam envolver-se em programas, projetos e <strong>ações</strong> <strong>de</strong> <strong>educação</strong> <strong>ambiental</strong>em saneamento.Parte do pressuposto <strong>de</strong> que cada ator social po<strong>de</strong> colaborar com o seu conhecimentoe trabalho, assumindo responsabilida<strong>de</strong>s em prol da melhoria da qualida<strong>de</strong><strong>de</strong> vida <strong>de</strong> sua comunida<strong>de</strong> e pela universalização dos serviços <strong>de</strong> saneamento, nocontexto <strong>de</strong> respeito ao meio ambiente e aos interesses coletivos.Neste sentido, o ca<strong>de</strong>rno incentiva a reflexão crítica e atenta sobre as questõesrelacionadas ao saneamento, bem como procura instrumentalizar os grupos envolvidosna busca por <strong>ações</strong> qualificadas.O documento <strong>de</strong>ve ser ajustado permanentemente <strong>de</strong> acordo com os diferenciadoscontextos e suas transform<strong>ações</strong>. Trata-se <strong>de</strong> um processo intencional e contínuo <strong>de</strong>pesquisa–ação, em que se apren<strong>de</strong> pela participação e pela experiência.As <strong>ações</strong> e estratégias propostas pelo <strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> estão contidas no Plano <strong>de</strong>Atuação, que está dividido em 5 pilares.Lara Montenegro


• A importância da participação social e organização comunitária,que aborda a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> articulação entre os diversos atores sociaisenvolvidos e apresenta algumas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> contribuição <strong>de</strong>ssesatores no <strong>de</strong>senvolvimento dos trabalhos <strong>de</strong> <strong>educação</strong> <strong>ambiental</strong> emsaneamento;• O planejamento do diagnóstico participativo, que <strong>de</strong>staca algumasinform<strong>ações</strong> sobre a realização <strong>de</strong> diagnósticos e apresenta uma propostametodológica calcada em temas-geradores, que abordam as diferentesdimensões do saneamento, e buscam proporcionar a investigação <strong>de</strong>inform<strong>ações</strong> e subsídios necessários ao aferido conhecimento da realida<strong>de</strong>,assim como um a<strong>de</strong>quado planejamento das intervenções;• O plano <strong>de</strong> intervenção participativo, que esclarece o que sãointervenções <strong>de</strong> <strong>educação</strong> <strong>ambiental</strong> em saneamento e apresenta algumassugestões <strong>de</strong> <strong>ações</strong> baseadas em um cenário hipotético, consi<strong>de</strong>randoenquanto possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> intervenção a mobilização social, a formação<strong>de</strong> educadores ambientais populares, a educomunicação socio<strong>ambiental</strong>e a implementação <strong>de</strong> práticas e tecnologias sociais;• O monitoramento e avaliação do processo, que <strong>de</strong>staca a necessida<strong>de</strong>e importância <strong>de</strong> sua realização, e apresenta questões orientadorasna construção <strong>de</strong> indicadores <strong>de</strong> monitoramento, bem como algunsquestionamentos que buscam aferir os critérios <strong>de</strong> avaliação dos trabalhos;• A sistematização do processo, que aponta <strong>para</strong> a necessida<strong>de</strong> e osbenefícios <strong>de</strong> se realizar a sistematização analítica das experiências<strong>de</strong>senvolvidas, com o objetivo <strong>de</strong> subsidiar novas iniciativas e oportunizaro surgimento <strong>de</strong> referências positivas.20


Gustavo Lemoscapítulo3PLANODE ATUAÇÃO


3.1. A importância da organização comunitáriaMuitas são as motiv<strong>ações</strong> que levam uma comunida<strong>de</strong> a se sensibilizar e se mobilizar<strong>para</strong> resolver ou minimizar os problemas que a afligem.A dotação <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> saneamento é obrigação do Estado, garantida na PolíticaFe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Saneamento, mas a solução ou a minimização <strong>de</strong> muitos problemas sóserá possível se a comunida<strong>de</strong> afetada estiver, primeiramente, sensível à necessida<strong>de</strong><strong>de</strong> mudanças. Este é o primeiro passo <strong>para</strong> que as pessoas se mobilizem e tomematitu<strong>de</strong>s concretas na busca das transform<strong>ações</strong> almejadas.Nesse processo, a constituição ou ocupação qualificada <strong>de</strong> conselhos municipais jáexistentes como espaços <strong>de</strong> interlocução e articulação entre diferentes atores sociais,apresenta-se como um <strong>de</strong>safio e como oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>mocratização no sentido dofortalecimento da socieda<strong>de</strong> civil.Com o intuito <strong>de</strong> qualificar o processo <strong>de</strong> participação e controle social, osdiferentes atores sociais que convivem em um mesmo território e compartilham damesma realida<strong>de</strong> <strong>de</strong>vem articular-se, a fim <strong>de</strong> constituir grupos <strong>de</strong> trabalho capazes <strong>de</strong>criar sinergia <strong>para</strong> enfrentar as questões apresentadas.A seguir são <strong>de</strong>stacadas algumas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> contribuição <strong>de</strong> cada ator social<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um grupo <strong>de</strong> trabalho com esta natureza. Devem ser encaradas apenas comosugestões inspiradoras <strong>para</strong> a atuação <strong>de</strong> cada um, mas, no entanto, outras po<strong>de</strong>m seri<strong>de</strong>ntificadas e assumidas consi<strong>de</strong>rando-se a multiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong>s inerenteà atuação cidadã.Conferência Municipal <strong>de</strong> Saneamento – Alagoinhas-BA


Os atores sociais e suas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cooperaçãoSocieda<strong>de</strong> civil organizadaOs inúmeros grupos e instituições constituintes da chamada socieda<strong>de</strong> civilorganizada como: Organiz<strong>ações</strong> não Governamentais (ONG’s), Organiz<strong>ações</strong> daSocieda<strong>de</strong> Civil <strong>de</strong> Interesse Público (OSCIP), associ<strong>ações</strong>, cooperativas, sindicatos egrupos organizados, são atores com legítimo po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> reinvidicação e influência naspolíticas públicas <strong>de</strong> <strong>educação</strong> <strong>ambiental</strong> em saneamento. São agentes importantesque po<strong>de</strong>m inovar na relação entre estado e socieda<strong>de</strong> por meio da ampliação daparticipação social, uma vez que po<strong>de</strong>m atuar junto aos órgãos públicos competentesna cobrança dos investimentos necessários em saneamento, no monitoramento efiscalização das <strong>ações</strong> e empreendimentos, na luta pela eficiência dos serviços prestadosou, ainda, na minimização dos possíveis impactos socioambientais causados.Po<strong>de</strong>m contribuir ativamente <strong>para</strong> a realização <strong>de</strong> diagnósticos socioambientais,atuar como agentes indutores da organização comunitária, no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><strong>ações</strong> práticas <strong>de</strong> <strong>educação</strong> <strong>ambiental</strong> em saneamento e na busca por recursos quefinanciem as ativida<strong>de</strong>s propostas. As características organizativas <strong>de</strong> tais grupospossibilitam a celebração <strong>de</strong> convênios, acordos <strong>de</strong> cooperação técnica e outrosinstrumentos jurídicos <strong>de</strong> parceria, e com isso po<strong>de</strong>m abrir vias legais <strong>de</strong> acesso arecursos financeiros. Sua atuação na formação continuada <strong>de</strong> educadores ambientaispopulares também po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>stacada, na medida em que inúmeras organiz<strong>ações</strong><strong>de</strong>sta natureza já <strong>de</strong>senvolvem cursos, oficinas e outros processos <strong>de</strong> formação <strong>para</strong>a comunida<strong>de</strong>.O <strong>de</strong>safio é articular as diversas competências e habilida<strong>de</strong>s específicas <strong>de</strong>organiz<strong>ações</strong> não governamentais, associ<strong>ações</strong>, grupos organizados e outros, em prol<strong>de</strong> um processo integrado <strong>de</strong> reflexão e intervenção nas políticas e <strong>ações</strong> <strong>de</strong> <strong>educação</strong><strong>ambiental</strong> em saneamento.É nessa perspectiva que o Ministério do Meio Ambiente, por meio do Departamento<strong>de</strong> Educação Ambiental, conduz a Política <strong>de</strong> Coletivos Educadores, que são grupos<strong>de</strong> instituições com experiência em <strong>educação</strong> <strong>ambiental</strong> e mobilização social, quese articulam <strong>para</strong> o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> processos continuados <strong>de</strong> formação <strong>de</strong>educadores ambientais e implementação <strong>de</strong> políticas públicas integradas. AlgunsColetivos Educadores trabalham o saneamento como tema gerador <strong>de</strong> suas <strong>ações</strong>.EscolasA escola é uma estrutura educadora fundamental em nossa socieda<strong>de</strong>, resultado <strong>de</strong>amplas lutas sociais pela <strong>de</strong>mocratização do acesso à <strong>educação</strong>. A inserção qualificada <strong>de</strong>temas socioambientais nos processos <strong>de</strong> formação <strong>de</strong>senvolvidos na escola, incluindosea problemática do saneamento, po<strong>de</strong> contribuir <strong>de</strong> forma significativa <strong>para</strong> a produção<strong>de</strong> conhecimentos que venham a se traduzir em mudança <strong>de</strong> atitu<strong>de</strong>s e valores.24


É fundamental envolver e estimular a participação da comunida<strong>de</strong> escolar nas<strong>ações</strong> <strong>de</strong> <strong>educação</strong> <strong>ambiental</strong> <strong>de</strong>senvolvidas na localida<strong>de</strong> em que está inserida,contribuindo <strong>para</strong> a realização <strong>de</strong> diagnósticos socioambientais participativos, <strong>para</strong> o<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> intervenções educacionais e <strong>para</strong> o fortalecimento do intercâmbioescola/comunida<strong>de</strong>, numa perspectiva <strong>de</strong> <strong>educação</strong> integral.Uma interessante possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atuação é a constituição, no âmbito da escola, <strong>de</strong>grupos <strong>de</strong> discussão e ação que envolvam estudantes, professores e funcionários quebuscam trabalhar temáticas relacionadas à <strong>educação</strong> <strong>ambiental</strong> e construir a Agenda21 na Escola, como faz a Com-Vida – Comissão <strong>de</strong> Meio Ambiente e Qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Vidana Escola.O Ministério da Educação, por intermédio da Secretaria <strong>de</strong> Educação Continuada,Alfabetização e Diversida<strong>de</strong> (Secad/MEC), tem incentivado a criação da Com-Vida nasescolas. Participar <strong>de</strong>ssa proposta po<strong>de</strong> estimular reflexões que remetam a um olharcrítico por parte da comunida<strong>de</strong> escolar sobre o seu papel <strong>de</strong> cidadãos capazes <strong>de</strong>interagir e pensar em soluções <strong>para</strong> os problemas socioambientais.Um outro Programa que é protagonizado pelo MEC é o programa Mais Educação,uma estratégia interministerial do governo fe<strong>de</strong>ral <strong>para</strong> apoiar municípios e estadosnos arranjos locais <strong>de</strong> Educação Integral, em uma visão <strong>de</strong> Municípios EducadoresSustentáveis. Assim, o fazer educativo da <strong>educação</strong> <strong>ambiental</strong> é fortalecido nasescolas com a ampliação dos tempos, espaços, atores sociais e oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>aprendizagem das crianças e jovens.Os projetos e <strong>ações</strong> <strong>de</strong>senvolvidos na escola repercutem não só internamente,mas também em toda a comunida<strong>de</strong>. Desenvolver <strong>ações</strong> educativas relacionadas aosaneamento, assim como implantar tecnologias sociais a<strong>de</strong>quadas ao âmbito da escola,po<strong>de</strong> criar referências práticas sobre novas formas <strong>de</strong> se fazer saneamento. Com isso,não só a comunida<strong>de</strong> escolar, mas a localida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma maneira geral po<strong>de</strong>rá refletire assumir novos valores e atitu<strong>de</strong>s diante da questão, provocando <strong>de</strong>sdobramentosextremamente positivos.Gestores PúblicosEntre os <strong>de</strong>safios e atribuições dos gestores públicos está a formulação <strong>de</strong> políticaspúblicas que estimulem os processos participativos e legitimem <strong>de</strong>cisões coletivas e<strong>de</strong>mocráticas.É fundamental sensibilizá-los <strong>para</strong> a necessida<strong>de</strong> dos processos <strong>de</strong> <strong>educação</strong><strong>ambiental</strong> e mobilização social e também no envolvimento da população e <strong>de</strong> técnicosda administração pública no <strong>de</strong>senvolvimento das <strong>ações</strong> propostas.Para tal, é importante proporcionar vias <strong>de</strong> diálogo nos conselhos e fórunscomunitários existentes, buscando atuar nas tomadas <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões com o intuito <strong>de</strong>incentivar a autonomia da população, além <strong>de</strong> assegurar o controle social que legitimeas <strong>de</strong>mandas prioritárias da comunida<strong>de</strong>.25


Visando qualificar a prestação dos serviços é importante que os gestores públicosproporcinem processos <strong>de</strong> formação em <strong>educação</strong> <strong>ambiental</strong> e saneamento, que sejamdirecionados aos servidores e instituições que atuam diretamente com a temática.Destaca-se, ainda, entre as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> contribuição do gestor, <strong>de</strong>stinarrecursos específicos no orçamento <strong>para</strong> o financiamento <strong>de</strong> programas, projetos e<strong>ações</strong> <strong>de</strong> <strong>educação</strong> <strong>ambiental</strong> em saneamento em sintonia com as diretrizes e princípiosdas políticas públicas orientadoras.Universida<strong>de</strong>s, centros <strong>de</strong> pesquisa e escolas técnicas.As instituições <strong>de</strong> ensino têm o <strong>de</strong>safio <strong>de</strong> incentivar linhas <strong>de</strong> pesquisa voltadas<strong>para</strong> o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> metodologias, técnicas e tecnologias sustentáveis emsaneamento, sustentáveis do ponto <strong>de</strong> vista social, <strong>ambiental</strong> e econômico, quevalorizem o contexto local e o conhecimento popular.Outro <strong>de</strong>safio é promover cursos <strong>de</strong> pós-graduação na área <strong>de</strong> <strong>educação</strong> <strong>ambiental</strong>e mobilização social, que estimulem a inserção da dimensão educadora em processos<strong>de</strong> planejamento e implementação <strong>de</strong> políticas públicas relacionadas ao saneamento,bem como:• Desenvolver projetos permanentes <strong>de</strong> extensão comunitária relacionados àtemática;• Desenvolver em parceria com outros grupos e instituições processospermanentes <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> educadores ambientais populares;• Contribuir <strong>para</strong> a realização <strong>de</strong> diagnósticos socioambientais;• Promover concursos cooperativos que incentivem o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>técnicas e tecnologias apropriadas e valorizem a troca <strong>de</strong> saberes;• Disponibilizar laboratórios e outras estruturas <strong>para</strong> a realização das análisesque se façam necessárias;• Elaborar materiais didáticos voltados <strong>para</strong> as <strong>ações</strong> <strong>de</strong> EA em saneamentovalorizando a linguagem popular e a sintonia conceitual e pedagógica com asPolíticas públicas relacionadas.26


É importante que a comunida<strong>de</strong> acadêmica se faça presente em foros populares naintenção <strong>de</strong> aportar o conhecimento técnico-científico e se aproximar das <strong>de</strong>mandasda comunida<strong>de</strong>, abrindo vias <strong>de</strong> diálogo que proporcionem, a todos, a oportunida<strong>de</strong><strong>de</strong> convergir <strong>ações</strong> e interesses pessoais e coletivos em um processo on<strong>de</strong> a troca <strong>de</strong>saberes é alimentada cotidianamente.É <strong>de</strong>sejável que as universida<strong>de</strong>s e centros <strong>de</strong> pesquisa constituam re<strong>de</strong>s <strong>de</strong>formação e se articulem com as instituições públicas responsáveis pelo saneamento.Tais re<strong>de</strong>s buscam qualificar a formação dos técnicos envolvidos por meio <strong>de</strong> processospermanentes que estimulam a atuação dos servidores não somente como técnicos,mas também como educadores no planejamento, na implantação e na gestão das<strong>ações</strong> <strong>de</strong> EA em saneamento.Movimentos sociaisOs processos <strong>de</strong> mobilização alcançados no âmbito dos movimentos sociais sãoimportantes <strong>ações</strong> em prol da <strong>de</strong>fesa dos direitos dos cidadãos.Não existem movimentos sociais que atuem especificamente na causa dosaneamento; há, entretanto, outras intervenções políticas que tangenciam as questõesrelativas ao saneamento, como: o direito à cida<strong>de</strong>, o acesso à terra, o direito à saú<strong>de</strong>,à <strong>educação</strong> e à moradia.Estimular a inserção <strong>de</strong> tais movimentos nas <strong>ações</strong> <strong>de</strong>senvolvidas pelos grupos queconduzem processos <strong>de</strong> <strong>educação</strong> <strong>ambiental</strong> e mobilização social em saneamento éum <strong>de</strong>safio estratégico que <strong>de</strong>ve ser buscado.ParlamentaresA criação <strong>de</strong> leis e emendas parlamentares <strong>de</strong>stinadas a <strong>ações</strong> <strong>de</strong> EA emsaneamento po<strong>de</strong> ser uma eficiente estratégia <strong>de</strong> financiamento. É essencial que osgrupos envolvidos busquem, em seus respectivos estados, sensibilizar e orientar osparlamentares no sentido <strong>de</strong> agilizar processos <strong>de</strong> formulação <strong>de</strong> emendas e aprovação<strong>de</strong> <strong>de</strong>cretos e portarias relacionadas a <strong>educação</strong> <strong>ambiental</strong> e mobilização social emSaneamento.Outra importante possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> articulação conjunta é incentivar a constituição<strong>de</strong> espaços <strong>de</strong> <strong>de</strong>bates nas câmaras <strong>de</strong> vereadores, assembléias legislativas distritais,estaduais e fe<strong>de</strong>rais, assim como no Senado, com o intuito <strong>de</strong> refletir sobre a questãodo Saneamento.27


Técnicos e companhias <strong>de</strong> saneamentoComo estratégia do Programa <strong>de</strong> Aceleração do Crescimento em Saneamento –PAC / Saneamento, o Governo Fe<strong>de</strong>ral tem repassado significativos recursos <strong>para</strong> queos estados e municípios melhorem as estruturas <strong>de</strong> saneamento das suas localida<strong>de</strong>s.Em geral, a execução <strong>de</strong>ssas obras e empreendimentos é um <strong>de</strong>ver da administraçãopública municipal e estadual e/ou das companhias <strong>de</strong> saneamento. Conformeapresentado pelos manuais do Ministério das Cida<strong>de</strong>s, <strong>de</strong> 0,5 a 3% <strong>de</strong>sse recurso<strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong>stinado <strong>para</strong> a realização <strong>de</strong> trabalhos sociais, que por sua vez po<strong>de</strong>mser alocados <strong>para</strong> <strong>ações</strong> <strong>de</strong> <strong>educação</strong> <strong>ambiental</strong>, mobilização social, organizaçãoda comunida<strong>de</strong>, capacitação profissional e/ou geração <strong>de</strong> renda. Nesse contexto, éimportante um amplo diálogo entre essas instituições executoras e grupos locais que játêm experiência em <strong>educação</strong> <strong>ambiental</strong> <strong>para</strong> que tais processos sejam participativose que as <strong>ações</strong> sejam qualificadas e direcionadas ao atendimento das <strong>de</strong>mandasprioritárias <strong>de</strong> cada localida<strong>de</strong>. Essa é uma gran<strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong> <strong>para</strong> direcionarmosesses recursos <strong>para</strong> o fortalecimento das políticas públicas locais. Os ColetivosEducadores, Comissões Estaduais Interinstitucionais <strong>de</strong> Educação Ambiental - CIEAs,Coletivos Jovens, Superintendências do IBAMA e Instituto Chico Men<strong>de</strong>s, SecretariasEstaduais e Municipais <strong>de</strong> Meio Ambiente, Educação e Saú<strong>de</strong>, Movimentos Sociais eRe<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Educação Ambiental são exemplos <strong>de</strong> grupos e instituições que possuemuma experiência na área e po<strong>de</strong>m contribuir com esses processos.Além disso, é interessante que as companhias <strong>de</strong>senvolvam processoscontinuados <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> educadores ambientais estimulando e orientando aformação <strong>de</strong> agentes multiplicadores a fim <strong>de</strong> fortalecer a participação popular em<strong>ações</strong> <strong>de</strong> saneamento. A participação dos técnicos em saneamento na realização <strong>de</strong>diagnósticos socioambientais é extremamente positiva, uma vez que sua atuaçãona gestão e monitoramento dos empreendimentos em saneamento proporciona umnível <strong>de</strong> conhecimento prático que qualifica a <strong>de</strong>scrição da realida<strong>de</strong>, assim como ai<strong>de</strong>ntificação dos entraves e potencialida<strong>de</strong>s dos elementos envolvidos no diagnóstico.Nesse contexto, é interessante que as companhias <strong>de</strong> saneamento se organizeme abram suas portas na intenção <strong>de</strong> promover uma interação e troca com os atoreslocais. Um exemplo <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong> é a realização <strong>de</strong> dias <strong>de</strong> campo atrelados a processosmais amplos <strong>de</strong> <strong>educação</strong> <strong>ambiental</strong>, em que as escolas e a comunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> maneirageral tenham a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conhecer como funciona o sistema <strong>de</strong> saneamentopúblico. Vivenciar os processos <strong>de</strong> captação e abastecimento <strong>de</strong> água, do tratamentodo esgoto, conhecer a <strong>de</strong>stinação dos resíduos sólidos, o funcionamento do sistema<strong>de</strong> drenagem, entre outras possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> aprendizado, po<strong>de</strong> promover a reflexãosobre como interagir ativamente nesse processo.Agentes comunitáriosO agente comunitário é um importante ator social no processo <strong>de</strong> sensibilização,informação e mobilização comunitária, assim como na realização <strong>de</strong> diagnósticossocioambientais, uma vez que conhece e convive <strong>de</strong> forma muito próxima com arealida<strong>de</strong> local.28


Os agentes comunitários têm como <strong>de</strong>safio atuar como mediadores entre acomunida<strong>de</strong> e o po<strong>de</strong>r público, interagindo <strong>de</strong> forma ativa e isenta nas <strong>de</strong>mandas dacomunida<strong>de</strong> e dos governos locais.Em muitos casos, o representante do po<strong>de</strong>r público é o ente mais próximo dacomunida<strong>de</strong>. Nesses casos sua atuação é ainda mais <strong>de</strong>stacada, visto que funcionacomo uma espécie <strong>de</strong> porta voz <strong>para</strong> as propostas, programas e <strong>ações</strong> que visam apromoção da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida da população.Setor privadoEntre as atribuições e <strong>de</strong>veres da iniciativa privada estão o cumprimento da legislação<strong>ambiental</strong> vigente e das regulament<strong>ações</strong> <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e segurança no trabalho. Cada vezmais este setor a<strong>de</strong>re proativamente em <strong>ações</strong> <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> socio<strong>ambiental</strong>,traduzidas no apoio técnico e financeiro que <strong>de</strong>terminadas empresas e indústriasestabelecem com o po<strong>de</strong>r público e a socieda<strong>de</strong> civil organizada.Interagir com a iniciativa privada po<strong>de</strong> ser uma interessante estratégia <strong>para</strong> viabilizar<strong>ações</strong> e processos <strong>de</strong> <strong>educação</strong> <strong>ambiental</strong> e mobilização social em saneamento,ressaltando a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> assegurar-se da idoneida<strong>de</strong> e ética da empresa emquestão, evitando associar-se, mesmo que indiretamente, a processos <strong>de</strong>gradantes.Por outro lado é fundamental responsabilizar quem promove a <strong>de</strong>gradaçãosocio<strong>ambiental</strong> em suas múltiplas dimensões. Nesse sentido, medidas punitivas ecompensatórias são necessárias, <strong>de</strong>stacando-se o importante papel que as instituiçõese grupos que atuam na condução <strong>de</strong> <strong>ações</strong> <strong>de</strong> <strong>educação</strong> <strong>ambiental</strong> e mobilizaçãosocial em saneamento po<strong>de</strong>m ter nesse processo. O <strong>de</strong>safio é articular em parceriacom o Ministério Público e outros órgãos competentes, <strong>ações</strong> que busquem promovertal responsabilização.Lara Montenegro


3.2. Planejando o diagnóstico participativoEste item busca evi<strong>de</strong>nciar a importância da realização <strong>de</strong> diagnósticos participativos<strong>para</strong> a compreensão da realida<strong>de</strong> sanitária e <strong>ambiental</strong> <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>terminada área ouregião, e <strong>para</strong> o direcionamento <strong>de</strong> intervenções socioambientais significativas. Seuconteúdo enfatiza a importância da participação comunitária em todo o processo, eapresenta uma proposta metodológica baseada em temas geradores relacionados aosaneamento e à realida<strong>de</strong> das comunida<strong>de</strong>s brasileiras.3.2.1. Notas sobre diagnósticos participativos em <strong>educação</strong> <strong>ambiental</strong>em saneamentoRealizar diagnóstico é conhecer a realida<strong>de</strong>, é uma aproximação daquilo que se querenten<strong>de</strong>r via a utilização <strong>de</strong> métodos, técnicas e instrumentos. Ao realizar o diagnóstico<strong>de</strong> uma localida<strong>de</strong>, busca-se compreen<strong>de</strong>r, no espaço e no tempo, como o lugar é emfunção <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminados aspectos ou variáveis (geomorfologia, população, rel<strong>ações</strong>sociais, saneamento, qualida<strong>de</strong> <strong>ambiental</strong>, economia, cultura etc).No contexto do saneamento, a intenção do diagnóstico é obter inform<strong>ações</strong> sobreos inúmeros aspectos envolvidos na prestação <strong>de</strong> serviços, como: tratamento <strong>de</strong>água <strong>para</strong> consumo, coleta <strong>de</strong> resíduos sólidos na localida<strong>de</strong>, esgotamento sanitário,condições da drenagem pluvial, qualida<strong>de</strong> dos corpos hídricos, investimentos dogoverno em relação à dotação da infra-estrutura em saneamento, mecanismos <strong>de</strong>gestão do processo, operação e manutenção dos serviços, trabalhos em <strong>educação</strong><strong>ambiental</strong> em saneamento, nível <strong>de</strong> mobilização da comunida<strong>de</strong>, quantitativo <strong>de</strong>pessoas beneficiadas pelos serviços e inúmeros outros aspectos.É fundamental conhecer a fundo a realida<strong>de</strong> local, suas peculiarida<strong>de</strong>s, carências eexperiências <strong>de</strong> êxito, <strong>para</strong> então planejar e implementar <strong>ações</strong> que busquem minimizarou corrigir os problemas encontrados. Não há sentido ou possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> realizar umplano <strong>de</strong> <strong>ações</strong> <strong>para</strong> um lugar ou território quando não conhecemos a sua realida<strong>de</strong>,seus problemas e potencialida<strong>de</strong>s.Para a realização <strong>de</strong> um diagnóstico eficiente é necessário ter em mente aquilo quese quer conhecer. Objetivos claros e bem <strong>de</strong>finidos otimizam o trabalho, economizandotempo, recursos humanos e financeiros. Um elenco <strong>de</strong> objetivos <strong>de</strong>ve ser proposto,assim como <strong>de</strong>ve ser selecionada a metodologia mais a<strong>de</strong>quada <strong>para</strong> atingi-los. Há váriasmetodologias <strong>para</strong> a realização <strong>de</strong> diagnósticos, algumas utilizam técnicas simples, <strong>de</strong>fácil aplicação, como, por exemplo, em campo observar e anotar os aspectos relevantesenvolvidos. Outras metodologias utilizam técnicas e instrumentos mais sofisticados,que buscam um aprofundamento do conhecimento da realida<strong>de</strong>. Assim, a escolha vai<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r dos objetivos, do tempo e dos recursos humanos, materiais e financeirosdisponíveis, bem como do grau <strong>de</strong> aprofundamento <strong>de</strong>sejado <strong>para</strong> a atuação em umadada realida<strong>de</strong>.30


Outra questão relevante a ser ressaltada é: quem realiza o diagnóstico? Umametodologia <strong>para</strong> a realização do diagnóstico <strong>de</strong>ve possibilitar a participaçãocomunitária, valorizando o conhecimento, o interesse e a experiência dos diversosatores sociais <strong>de</strong> intervenção direta ou indireta na localida<strong>de</strong>.A realização <strong>de</strong> diagnósticos sem a participação da comunida<strong>de</strong> em questão,certamente não trará sustentabilida<strong>de</strong> aos programas, projetos e <strong>ações</strong> que <strong>de</strong>lesvenham a se <strong>de</strong>sdobrar. Não haverá interesse e proativida<strong>de</strong> por parte <strong>de</strong> umacomunida<strong>de</strong>, se esta não participar efetivamente da elaboração e da realização dodiagnóstico, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o seu início.3.2.2. Uma proposta metodológicaA presente publicação apresenta uma proposta <strong>de</strong> diagnóstico participativo em<strong>educação</strong> <strong>ambiental</strong> em saneamento, que po<strong>de</strong> ser adotada, recriada ou ajustada <strong>para</strong>diferentes contextos, orientada pelos seguintes passos:a) Levantamento <strong>de</strong> inform<strong>ações</strong> e i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> cenários;b) Sistematização das inform<strong>ações</strong>, que envolve a priorizaçãodos problemas e o <strong>de</strong>senho da Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>safios e,c) Socialização das inform<strong>ações</strong>.a) Levantamento <strong>de</strong> inform<strong>ações</strong> e i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> cenáriosConstitui-se na etapa <strong>de</strong> conhecimento da realida<strong>de</strong> local e i<strong>de</strong>ntificação dos cenáriosapresentados. Para tanto, são sugeridos nove temas–geradores e seus respectivosobjetivos, que po<strong>de</strong>m e <strong>de</strong>vem ser acrescidos <strong>de</strong> novos outros temas inspiradores nabusca pelo conhecimento e entendimento da realida<strong>de</strong> sob a qual preten<strong>de</strong>-se atuar.A seleção <strong>de</strong>sses temas-geradores está baseada na pertinência dos mesmos emrelação às questões da <strong>educação</strong> <strong>ambiental</strong> e do saneamento; entretanto, acreditaseque outros temas <strong>de</strong>vam emergir das observ<strong>ações</strong>, vivências, experiências econhecimentos que a comunida<strong>de</strong> tem acerca da sua realida<strong>de</strong>. Assim, <strong>para</strong> cadalocalida<strong>de</strong>, existirão temas-geradores particulares que po<strong>de</strong>rão compor o diagnóstico.Os oito temas sugeridos estão intimamente relacionados e se encontramindividualizados apenas <strong>para</strong> facilitar a sistematização das inform<strong>ações</strong>. Todavia, <strong>para</strong>um aferido diagnóstico é imprescindível que as rel<strong>ações</strong> <strong>de</strong> causa-conseqüência sejamcuidadosamente estabelecidas.31


Temas geradores sugeridos e respectivos objetivos:Tema GeradorObjetivoi – Dotação <strong>de</strong> infra-estruturaem SaneamentoLevantar o alcance e os déficits da infra-estrutura sanitáriaexistente (abastecimento <strong>de</strong> água, esgotamento sanitário,coleta e disposição <strong>de</strong> resíduos sólidos e drenagem<strong>de</strong> águas pluviais).ii – Qualida<strong>de</strong> dos serviçosem SaneamentoConhecer a qualida<strong>de</strong> dos serviços prestados e das estruturase tecnologias utilizadas.iii – Políticas públicase programas sociaisem Educação <strong>ambiental</strong>e saneamentoiv – Participação, controleSocial e saneamentoLevantar as políticas públicas e programas sociaisem <strong>educação</strong> <strong>ambiental</strong> em saneamento que possampotencializar as <strong>ações</strong> <strong>de</strong>senvolvidas na comunida<strong>de</strong>.I<strong>de</strong>ntificar o nível <strong>de</strong> organização da comunida<strong>de</strong>,conhecer os canais <strong>de</strong> participação existentes, e o perfil doengajamento comunitário em tais espaços.v – Saneamentoe conhecimentoda legislação pertinenteConhecer as legisl<strong>ações</strong> e regulament<strong>ações</strong> relacionadas aosaneamento.vi – Saneamentoe saú<strong>de</strong> públicaI<strong>de</strong>ntificar os aspectos epi<strong>de</strong>miológicos, principais doençase agravos relacionados à falta <strong>de</strong> saneamento, bem como aestrutura <strong>de</strong> promoção da saú<strong>de</strong> existente.vii – Impactos ambientaise saneamentoLevantar os impactos positivos e negativos advindosda falta <strong>de</strong> saneamento <strong>ambiental</strong> ou relacionados aosempreendimentos feitos em saneamento <strong>ambiental</strong>.viii – Tecnologias sociaisem saneamentoRealizar levantamento das tecnologias sociais existentes, as<strong>de</strong>senvolvidas na comunida<strong>de</strong> e pela comunida<strong>de</strong>, assimcomo as alternativas tecnológicas disponíveis.32


i – DOTAÇÃO DE INFRA-ESTRUTURA EM SANEAMENTOA <strong>de</strong>ficiência na dotação <strong>de</strong> infra-estrutura <strong>de</strong> saneamento relacionada aoabastecimento e tratamento <strong>de</strong> água <strong>para</strong> o consumo humano, ao esgotamentosanitário, à coleta e disposição final <strong>de</strong> resíduos sólidos domésticos e industriais, ou àdrenagem <strong>de</strong> águas pluviais, po<strong>de</strong> acarretar um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> impactos sociais eambientais que afetam os ecossistemas locais e a saú<strong>de</strong> da população.Inform<strong>ações</strong> <strong>de</strong>talhadas sobre a infra-estrutura <strong>de</strong> saneamento são fundamentais<strong>para</strong> conhecer as necessida<strong>de</strong>s da comunida<strong>de</strong> em relação a este serviço e,conseqüentemente, <strong>para</strong> traçar um plano <strong>de</strong> intervenção que possa aten<strong>de</strong>r a algumasdas <strong>de</strong>mandas diagnosticadas.É importante <strong>para</strong> o diagnóstico que os aspectos relacionados à infra-estrutura esaneamento sejam objetos <strong>de</strong> observação, análise e reflexão. Quanto mais <strong>de</strong>talhadofor o diagnóstico sobre as infra-estruturas <strong>de</strong> saneamento existentes, mais elementose subsídios serão disponibilizados <strong>para</strong> a elaboração e implementação do plano <strong>de</strong>intervenção, assim como <strong>para</strong> o dimensionamento da infra-estrutura necessária.A seguir, são apresentadas algumas questões relacionadas ao levantamento dasinform<strong>ações</strong> necessárias durante a realização do diagnóstico participativo, cabendoaos grupos envolvidos, a sua a<strong>de</strong>quação ao contexto local.Acervo M. Cida<strong>de</strong>s


O que é necessário conhecerPerguntas que orientamQuantos domicílios não estão ligados à re<strong>de</strong> pública<strong>de</strong> abastecimento <strong>de</strong> água potável?A água fornecida é <strong>de</strong> boa qualida<strong>de</strong>?O índice <strong>de</strong> perdas do sistema <strong>de</strong> abastecimentoé conhecido? Qual é o percentual?A situação dosdomicílios dacomunida<strong>de</strong>em relação aofornecimento,armazenamentoe tratamento <strong>de</strong>água potávelHá domicílios com outro tipo <strong>de</strong> fornecimento<strong>de</strong> água? Poços artesianos, cisternas, barragens,cacimbas? Quais?Na comunida<strong>de</strong>, há captação <strong>de</strong> água <strong>de</strong> chuva?São tomados os cuidados sanitários necessáriosà sua utilização? Como a água é guardada?É por meio <strong>de</strong> reservatórios coletivos, caixas d’águaindividuais, ou em outros recipientes? É importanteobservar se os recipientes são a<strong>de</strong>quados,se estão em bom estado <strong>de</strong> conservação,limpos e com tampas;Existem lig<strong>ações</strong> clan<strong>de</strong>stinas <strong>de</strong> fornecimento<strong>de</strong> água? Como são feitas? É um comportamentousual na comunida<strong>de</strong>?De on<strong>de</strong> vem a água que abastece a comunida<strong>de</strong>?A população conhece sua origem e a formacomo chega até sua casa?34


Consi<strong>de</strong>r<strong>ações</strong> ImportantesO censo <strong>de</strong>mográfico realizado pelo IBGEpo<strong>de</strong> fornecer inform<strong>ações</strong> importantes <strong>para</strong> a pesquisadiagnóstica, assim como as companhias <strong>de</strong> saneamento,secretarias municipais, bibliotecas e outros bancos <strong>de</strong> dados.O <strong>de</strong>safio é acessar as versões mais atualizadas.Em municípios menores, on<strong>de</strong> muitas inform<strong>ações</strong> não estãodisponíveis, torna-se imprescindível atuar junto à comunida<strong>de</strong>no sentido <strong>de</strong> levantar tais inform<strong>ações</strong>.Saber o tamanho da comunida<strong>de</strong> é muito importante.Se a comunida<strong>de</strong> for pequena, sugere-se pesquisá-lana sua totalida<strong>de</strong> (100%). Caso ela seja muito gran<strong>de</strong>,po<strong>de</strong>-se trabalhar por amostragem.A observação in loco da infra-estrutura existente, <strong>de</strong>finindopreviamente as unida<strong>de</strong>s territoriais a serem pesquisadase a realização <strong>de</strong> caminhadas transversais po<strong>de</strong>m ser eficientesestratégias, não só por permitir a obtenção <strong>de</strong> inform<strong>ações</strong>precisas, mas por oportunizar a realização <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>caráter pedagógico e reflexivo junto à comunida<strong>de</strong> em questão.Havendo domicílios não assistidos pela re<strong>de</strong> pública<strong>de</strong> abastecimento <strong>de</strong> água, é importante buscar inform<strong>ações</strong>nos órgãos competentes sobre os reais motivos, assim comoinform<strong>ações</strong> sobre a previsão <strong>de</strong> instalação dos serviços.O controle social é essencial <strong>para</strong> a conquista dos serviçospúblicos necessários ao bem-estar da população.Atuar coletivamente fortalece o processo e po<strong>de</strong> promoveras transform<strong>ações</strong> <strong>de</strong>sejadas. O fornecimento público<strong>de</strong> água <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> é um <strong>de</strong>ver do po<strong>de</strong>r públicoe um direito <strong>de</strong> todo cidadão.35


O que é necessário conhecerPerguntas que orientamQuantos domicílios da comunida<strong>de</strong> estão ligadosà re<strong>de</strong> pública <strong>de</strong> esgoto?On<strong>de</strong> estão registrados os maiores déficits?Existem impedimentos físicos que limitemo atendimento? Quais?A situaçãodos domicíliosda comunida<strong>de</strong>em relaçãoà re<strong>de</strong> pública<strong>de</strong> esgotoQuantos domicílios ainda têm fossas individuais?Qual o tipo <strong>de</strong> fossa? Seca, estanque,<strong>de</strong> fermentação, química ou outro tipo?Há domicílios que lançam o esgoto diretamentenas vias públicas, rios, lagos e mares?Quantos domicílios têm banheiros fora da casa?Qual o tipo? Casinhas ou a céu aberto? Existemdomicílios sem sanitários?Como é realizado o tratamento dos efluentesno município?Há casos em que os sistemas <strong>de</strong> esgoto sanitárioe a drenagem das águas pluviais são realizadosconjuntamente?Há lançamento clan<strong>de</strong>stino <strong>de</strong> efluente industrialna re<strong>de</strong> coletora <strong>de</strong> esgoto sanitário?36


Consi<strong>de</strong>r<strong>ações</strong> ImportantesInform<strong>ações</strong> sobre a maneira como o esgoto da comunida<strong>de</strong>é tratado são fundamentais. Um número elevado <strong>de</strong> doençasestá relacionado com as condições do tratamento dado ao esgoto.Aspectos negativos do tratamento ina<strong>de</strong>quado do esgotonão se restringem somente à saú<strong>de</strong> da população. O <strong>de</strong>spejodireto <strong>de</strong> esgoto em locais impróprios po<strong>de</strong> causar gran<strong>de</strong><strong>de</strong>gradação <strong>ambiental</strong>, contaminando lençóis freáticose corpos hídricos, <strong>de</strong>gradando ecossistemas,comprometendo a flora e a fauna nativas.Em áreas <strong>de</strong>nsamente povoadas, a re<strong>de</strong> coletora<strong>de</strong> esgoto po<strong>de</strong> estar emitindo os efluentes diretamenteem corpos hídricos (rios, lagos e mares). A opção maisa<strong>de</strong>quada é que tais efluentes sejam <strong>de</strong>stinados primeiramente<strong>para</strong> uma estação <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong> esgoto (ETE).Observar se isto acontece na comunida<strong>de</strong>.A topografia do terreno on<strong>de</strong> as fossas domiciliares estãodispostas <strong>de</strong>ve ser notada. Observar a posição das fossasem relação às diferentes formas <strong>de</strong> abastecimento <strong>de</strong> água<strong>para</strong> o consumo é muito importante. Em um domicílio em queo abastecimento <strong>de</strong> água <strong>para</strong> consumo é feito por meio <strong>de</strong>poço, este <strong>de</strong>ve estar localizado na parte mais alta do terreno,<strong>para</strong> não sofrer a contaminação dos efluentes das fossas.Nos casos em que há uma rejeição por parte da comunida<strong>de</strong>em efetuar a ligação <strong>de</strong> seu domicílio à re<strong>de</strong> pública <strong>de</strong> esgoto,é fundamental conhecer os motivos que movem tal <strong>de</strong>cisão<strong>para</strong> construir-se uma estratégia que busque esclareceros benefícios <strong>de</strong> tal medida e reverter este quadro.37


O que é necessário conhecerPerguntas que orientamA situação dosistema <strong>de</strong>drenagem <strong>de</strong>águas pluviais,os níveis <strong>de</strong>impermeabilizaçãodo solo e asalternativastecnológicasexistentes.Como é escoada a água <strong>de</strong> chuva na comunida<strong>de</strong>?É através <strong>de</strong> valas, bocas <strong>de</strong> lobo, galerias <strong>de</strong> águaspluviais, sarjetas ou superficialmente, sem nenhumacondução? As estruturas estão corretamentedimensionadas? Elas estão conseguindo escoara<strong>de</strong>quadamente o volume <strong>de</strong> água da chuva?Para on<strong>de</strong> essa água é direcionada? Em seu trajetoela causa algum dano às vias públicas? Existemprocessos erosivos em sua <strong>de</strong>corrência?Existem obstáculos no percurso do escoamentodas águas <strong>de</strong> chuvas? Quais são?As vias públicas são excessivamenteimpermeabilizadas? Existem áreas ver<strong>de</strong>s on<strong>de</strong>a água da chuva possa infiltrar naturalmente?Em geral, os quintais das residências sãoimpermeabilizados? Existem áreas ver<strong>de</strong>s queproporcionem a infiltração da água da chuva?38


Consi<strong>de</strong>r<strong>ações</strong> ImportantesEm muitas comunida<strong>de</strong>s a estrutura <strong>de</strong> drenagem <strong>de</strong> águaspluviais está aquém do que <strong>de</strong>veria, são sub-dimensionadas,o que ocasiona gran<strong>de</strong>s problemas relacionados às enchentes,<strong>de</strong>smoronamentos e processos erosivos.Um dos fatores que influencia a dinâmica da drenagem<strong>de</strong> águas pluviais é a excessiva pavimentação do solo.Áreas que estão impermeabilizadas <strong>de</strong>snecessariamente,po<strong>de</strong>m ser convertidas em áreas ver<strong>de</strong>s com o intuito<strong>de</strong> contribuir <strong>para</strong> a drenagem <strong>de</strong> parte da água da chuva,diminuindo o volume <strong>de</strong> água que escorre pelas galerias,bocas <strong>de</strong> lobo, ou mesmo, superficialmente.Lixo <strong>de</strong>positado nas bocas <strong>de</strong> lobo ou vias <strong>de</strong> escoamentopromovem o seu entupimento e, consequentemente,o transbordamento das águas que, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo do volumeda chuva, po<strong>de</strong> ocasionar inund<strong>ações</strong>. Sendo assim,a abordagem sobre a questão da drenagem urbananão po<strong>de</strong> ser feita <strong>de</strong> forma dissociada da coletae disposição <strong>de</strong> resíduos sólidos.39


O que é necessário conhecerPerguntas que orientamEm média, quantos sacos <strong>de</strong> lixo são produzidospor dia e por pessoa nos domicílios?Há coleta <strong>de</strong> lixo na comunida<strong>de</strong>?É feita <strong>de</strong> porta em porta? Qual a periodicida<strong>de</strong>da operação? Quantos domicílios não têm coleta?On<strong>de</strong> estão os maiores déficits?O comércio local utiliza containeres? A quantida<strong>de</strong>é suficiente?A situaçãodo atendimentoaos domicíliosem relaçãoà coleta<strong>de</strong> resíduossólidos e sua<strong>de</strong>stinação final.Existem lixeiras espalhadas pela cida<strong>de</strong>? O númeroexistente aten<strong>de</strong> as <strong>de</strong>mandas da população?A disposição das lixeiras cobre toda a comunida<strong>de</strong>?Existe coleta na zona urbana? Como é feita?Em que periodicida<strong>de</strong>?Para on<strong>de</strong> vai o resíduo sólido produzido na comunida<strong>de</strong>?Existe lixão no município, ou vai<strong>para</strong> algum tipo <strong>de</strong> aterro controlado ou sanitário?Existem pessoas vivendo da segregaçãoe aproveitamento do lixo nesses locais?Como são as condições <strong>de</strong> trabalho?Existe serviço <strong>de</strong> coleta seletiva? E cooperativas <strong>de</strong>catadores <strong>de</strong> lixo? Qual a <strong>de</strong>stinação dada ao materialcoletado? Há algum tipo <strong>de</strong> aproveitamentoou reciclagem do lixo produzido na comunida<strong>de</strong>?Qual a <strong>de</strong>stinação final do lixo orgânico produzido?Algum tipo <strong>de</strong> compostagem é feita ?Há ocorrência <strong>de</strong> lixo queimado no quintalou em incineradores?Existe lixo sendo jogado diretamente nos rios,lagos e mares?Há pontos <strong>de</strong> coleta <strong>para</strong> materiais especiais,como pilhas e baterias?40


O que é necessário conhecerÉ importante visitar os órgãos encarregados pela coletae <strong>de</strong>stinação final do lixo <strong>para</strong> conhecer <strong>de</strong>talhadamenteo atual sistema <strong>de</strong> coleta e <strong>de</strong>stinação <strong>de</strong>ste. Sendo possível,também, obter dados sobre a produção diária <strong>de</strong> lixoe a quantida<strong>de</strong> produzida por pessoa.Em pequenas cida<strong>de</strong>s, muitas vezes os órgãos responsáveis pelacoleta <strong>de</strong> lixo não têm dados sistematizados sobre o lixo. Nestecaso, tais inform<strong>ações</strong> <strong>de</strong>vem ser obtidas junto à comunida<strong>de</strong>.Para isso, uma possibilida<strong>de</strong> é levar sacos <strong>de</strong> lixo <strong>de</strong> 30, 50 e 100litros e perguntar ao morador, qual <strong>de</strong>les representa o volumeaproximado <strong>de</strong> lixo produzido por dia em seu domicílio. Perguntar,ainda, quantos moradores têm no domicílio. Num cálculo fácil,dividindo o volume produzido por dia pelo número <strong>de</strong> moradores,obtêm-se a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> lixo produzido por pessoa em 1 dia.Lixo acumulado em terrenos baldios ou, ainda, jogado nas ruas,po<strong>de</strong> indicar que a coleta <strong>de</strong> lixo não está sendo satisfatória.Nesses casos é fundamental mapear os pontos críticosem que tal fato ocorre com maior incidência.Nos bairros ou regiões em que não é feita a coleta <strong>de</strong> lixoé importante verificar junto aos órgãos competentes quaisos reais motivos <strong>para</strong> tal fato, assim como questionar quaisas providências necessárias <strong>para</strong> mudar este panorama.Promover a a<strong>de</strong>quada coleta e <strong>de</strong>stinação do lixo diminuia possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> entupimentos nas vias <strong>de</strong> drenagem <strong>de</strong> águaspluviais, além <strong>de</strong> promover a melhoria das condições sanitáriasda comunida<strong>de</strong>, reduzindo a incidência <strong>de</strong> doenças. Para isso,é importante haver uma a<strong>de</strong>quada estrutura <strong>de</strong> coleta que sejadimensionada <strong>para</strong> aten<strong>de</strong>r às reais <strong>de</strong>mandas da comunida<strong>de</strong>em sua totalida<strong>de</strong>, e seja conectada a um sistema <strong>de</strong> <strong>de</strong>stinaçãofinal, em que o material coletado seja <strong>de</strong>vidamente processado.41


ii – QUALIDADE DOS SERVIÇOS EM SANEAMENTODeve-se conhecer <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>talhada a qualida<strong>de</strong> dos serviços <strong>de</strong> saneamentoprestados na localida<strong>de</strong> <strong>para</strong>, futuramente, po<strong>de</strong>r traçar um plano <strong>de</strong> intervenção quepossa minimizar ou aten<strong>de</strong>r as <strong>de</strong>mandas da comunida<strong>de</strong> em relação aos serviços <strong>de</strong>abastecimento <strong>de</strong> água, esgotamento sanitário, coleta e disposição final <strong>de</strong> resíduossólidos e drenagem das águas pluviais.Acervo CAESB


A dotação <strong>de</strong> infra-estrutura e a prestação <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> são direitosda população, integrantes das políticas públicas em saneamento, e <strong>de</strong>vem aten<strong>de</strong>r asnecessida<strong>de</strong>s locais e as exigências da legislação <strong>para</strong> o saneamento.Cabe ressaltar que a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida e a saú<strong>de</strong> da comunida<strong>de</strong> e do meio ambienteestão condicionadas à qualida<strong>de</strong> dos serviços prestados, sendo, este, um aspecto <strong>de</strong>fundamental importância na realização do diagnóstico.O quadro a seguir traz algumas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> atuação no levantamento dasinform<strong>ações</strong> necessárias durante a realização do diagnóstico participativo.


O que é necessário conhecerPerguntas que orientamEm relação aoabastecimento<strong>de</strong> água:Qualida<strong>de</strong> da águadistribuída;Volume disponívelem reservatórios;Freqüência <strong>de</strong>abastecimento;Eficiência noatendimento aosserviços prestados;Manutençãopreventiva da infraestruturaexistente;Os valores cobradospelo serviço <strong>de</strong>abastecimento,Os índices <strong>de</strong> perdado sistema.Qual a origem da água distribuída no município?É proveniente <strong>de</strong> rios, represas, poços ou outras fontes?Quais?A quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água disponível nos reservatóriosé suficiente <strong>para</strong> aten<strong>de</strong>r as necessida<strong>de</strong>s básicasdos domicílios?Existe algum estudo ou previsão sobre a disponibilida<strong>de</strong>futura do volume <strong>de</strong> água existente em relação à médiado crescimento populacional registrado?Como é a aparência da água que chega nos domicílios?Apresenta alguma coloração, cheiro ou sabor<strong>de</strong>sagradável? Há presença <strong>de</strong> substâncias estranhas ?A análise da qualida<strong>de</strong> da água é feita periodicamente?Para as áreas rurais são feitos exames específicos<strong>para</strong> a observação da presença <strong>de</strong> agrotóxicos?Há inform<strong>ações</strong> sobre a qualida<strong>de</strong> da água nos boletos<strong>de</strong> cobranças?O fornecimento <strong>de</strong> água é constante? Ou há períodos<strong>de</strong> interrupção?A companhia responsável pelo abastecimento conheceos índices <strong>de</strong> perda?Quando há algum problema no abastecimento <strong>de</strong> água,você sabe a quem solicitar? O atendimento é rápido?A companhia responsável pelo abastecimento realizaavaliação periódica da qualida<strong>de</strong> do serviço?Há serviços <strong>de</strong> manutenção da infra-estrutura <strong>de</strong>abastecimento <strong>de</strong> água? De quanto em quanto tempoo serviço é realizado?Como é calculado o consumo <strong>de</strong> água das residências?A população consi<strong>de</strong>ra justos os valores cobrados?44


Consi<strong>de</strong>r<strong>ações</strong> ImportantesÉ importante conhecer a origem da água que se consome,bem como saber <strong>de</strong> qual bacia hidrográfica essa água é retirada.Os mananciais utilizados <strong>para</strong> o abastecimento <strong>de</strong> água <strong>para</strong>consumo humano <strong>de</strong>vem ser protegidos.A informação clara e precisa sobre a qualida<strong>de</strong> da águaconsumida é um direito assegurado pelo Decreto nº 5.440/2005,que <strong>de</strong>fine instrumentos e mecanismos a serem utilizados <strong>para</strong>o fornecimento <strong>de</strong> tais inform<strong>ações</strong> com vistas a dar visibilida<strong>de</strong><strong>para</strong> as <strong>ações</strong> relativas ao controle da qualida<strong>de</strong> da água.Esse Decreto busca aproximar consumidores, setor saú<strong>de</strong> eresponsáveis por sistemas e soluções alternativas<strong>de</strong> abastecimento <strong>de</strong> água. Ele também avançou no sentido<strong>de</strong> criar mecanismos <strong>de</strong> <strong>educação</strong> <strong>para</strong> o consumo e contribuir<strong>para</strong> o consumo responsável.A água <strong>de</strong>ve ser fornecida permanentemente e aten<strong>de</strong>ràs exigências <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong> propostas na Portaria 518/2004do Ministério da Saú<strong>de</strong>. Deve ser, ainda, em quantida<strong>de</strong>suficiente <strong>para</strong> aten<strong>de</strong>r as necessida<strong>de</strong>s básicas da comunida<strong>de</strong>.Existem mecanismos e instrumentos da política <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>que esclarecem os procedimentos <strong>de</strong> vigilância e controleda qualida<strong>de</strong> da água <strong>para</strong> o consumo humano.45


O que é necessário conhecerPerguntas que orientamEm relação aoesgotamentosanitário edrenagem daságuas pluviais:Freqüência <strong>de</strong>limpeza <strong>de</strong> re<strong>de</strong>;A eficiência nosserviços prestados;Periodicida<strong>de</strong>das oper<strong>ações</strong><strong>de</strong> manutençãopreventivada infra-estrutura;Tempo <strong>de</strong>instalação da re<strong>de</strong>.Há limpeza na re<strong>de</strong> <strong>de</strong> esgoto?De quanto em quanto tempo?Quando o sistema utilizado é o <strong>de</strong> fossa,<strong>de</strong> quanto em quanto tempo ela é limpa?Quando há algum problema na re<strong>de</strong> <strong>de</strong> esgotamentosanitário, em média, quanto tempo leva<strong>para</strong> o atendimento?Nesses casos o atendimento é <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>?De quanto em quanto tempo é feita a manutençãopreventiva da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> esgoto?A re<strong>de</strong> <strong>de</strong> esgoto da comunida<strong>de</strong> é muito antiga?Quando foi instalada?Há re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> drenagem das águas pluviais?Há manutenção e limpeza das mesmas?46


O que é necessário conhecerEm relaçãoà coleta e<strong>de</strong>stinação final<strong>de</strong> resíduossólidos:Perguntas que orientamEquipamentosutilizados <strong>para</strong> oacondicionamentodo lixo;Estruturas utilizadas<strong>para</strong> a disposiçãofinal dos resíduos;Freqüência dacoleta dos resíduosdomiciliares;Freqüência dalimpeza urbana,Há coletores <strong>de</strong> lixo na comunida<strong>de</strong>?Eles aten<strong>de</strong>m ao volume <strong>de</strong> lixo produzido?De quanto em quanto tempo é coletado o lixo?Quem coleta? Há membros da comunida<strong>de</strong> envolvidosna coleta <strong>de</strong> lixo?A coleta é realizada <strong>de</strong> porta em porta ou em pontosespecíficos?É comum os resíduos ficarem acumulados a céu abertopor muito tempo?Que outros serviços <strong>de</strong> limpeza são realizados,como, por exemplo: podas, limpezas <strong>de</strong> feiras livres,praias, entre outros?Há coleta seletiva <strong>de</strong> lixo? Qual é a freqüência da coleta?Quem realiza? Nesses casos, qual é a <strong>de</strong>stinação finaldo material coletado?Tipos <strong>de</strong> serviços<strong>de</strong> limpeza urbanaprestados àcomunida<strong>de</strong>.47


Consi<strong>de</strong>r<strong>ações</strong> ImportantesA coleta <strong>de</strong> resíduos sólidos <strong>de</strong>ve ser realizadacom freqüência. Em países tropicais aconselha-se que seja feita<strong>de</strong> 2 em 2 dias em virtu<strong>de</strong> das altas temperaturas, que fazemcom que este se <strong>de</strong>componha com mais rapi<strong>de</strong>z.É bom <strong>de</strong>stacar a importância das lixeiras estarem dispostasem locais estratégicos, on<strong>de</strong> o fluxo é mais intenso e há a <strong>de</strong>mandareal por esta estrutura, ressaltando ainda que a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> lixeiras<strong>de</strong>ve ser a<strong>de</strong>quada ao tamanho da comunida<strong>de</strong>. Vale lembrarque o acondicionamento a<strong>de</strong>quado do lixo é significativona promoção da saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma comunida<strong>de</strong>, evitando muitasdoenças transmitidas pela presença <strong>de</strong> vetores.Em áreas com dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> acesso são colocados gran<strong>de</strong>scoletores (caçambas, dampers ) em pontos estratégicosda comunida<strong>de</strong>, característicos da coleta ponto-a-ponto.48


iii – POLÍTICAS PÚBLICAS E PROGRAMAS SOCIAISEM EDUCAÇÃO AMBIENTAL E SANEAMENTOO levantamento das políticas públicas e dos programas sociais relacionados à<strong>educação</strong> <strong>ambiental</strong> e ao saneamento contribui <strong>para</strong> o planejamento das <strong>ações</strong> <strong>de</strong>grupos e instituições que pretendam conduzir processos que integrem as duas áreas.Conhecer as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> acesso aos programas, projetos e <strong>ações</strong> dosgovernos fe<strong>de</strong>ral, estadual ou municipal po<strong>de</strong> representar o início <strong>de</strong> articul<strong>ações</strong>potencialmente frutíferas.A aproximação junto a tais políticas públicas ten<strong>de</strong> a fortalecer as <strong>ações</strong><strong>de</strong>senvolvidas, na medida em que po<strong>de</strong>m ser aportados subsídios e recursos <strong>de</strong>diferentes naturezas, que venham a preencher eventuais lacunas no <strong>de</strong>senvolvimentodo trabalho, tornando-o mais diverso e abrangente.A articulação com as diferentes políticas setoriais em meio ambiente, saú<strong>de</strong>,recursos hídricos, cida<strong>de</strong>s, entre outras, fortalece o enfrentamento da problemáticasocio<strong>ambiental</strong> associada ao saneamento, uma vez que elas têm ligação direta com amelhoria das condições <strong>de</strong> vida da população. E, do ponto <strong>de</strong> vista sistêmico, estãorelacionadas <strong>de</strong> forma indissociável.Nesse sentido, é essencial buscar tais inform<strong>ações</strong> <strong>para</strong> iniciar o planejamentoestratégico dos processos <strong>de</strong> intervenção, integrando as diferentes políticas setoriaisenvolvidas e i<strong>de</strong>ntificar ainda as <strong>ações</strong> <strong>de</strong> natureza educativa que estão sendoimplementadas na localida<strong>de</strong> em questão, com o objetivo <strong>de</strong> planejar processoscomplementares que ampliem e qualifiquem a abrangência <strong>de</strong> tais <strong>ações</strong>.Busca-se valorizar e fortalecer os processos em <strong>de</strong>senvolvimento, <strong>para</strong> criarsinergia, alinhar as referências e refletir sobre as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> intervenção.Sendo assim, visando fortalecer a atuação dos grupos que venham a atuar com atemática, um bom diagnóstico <strong>de</strong>ve conter inform<strong>ações</strong> <strong>de</strong>talhadas sobre os atoressociais que <strong>de</strong>senvolvem <strong>ações</strong> <strong>de</strong> <strong>educação</strong> <strong>ambiental</strong>, assim como o perfil e aabrangência <strong>de</strong> tais <strong>ações</strong>.Bruno Spada/MDS


O que é necessário conhecerAs PolíticasSetoriaisrelacionadas aomeio ambiente,aos recursoshídricos, àsaú<strong>de</strong>, e aoambiente urbano,<strong>de</strong>stacando-se:O <strong>de</strong>senvolvimentodo Plano DiretorMunicipal;O <strong>de</strong>senvolvimentodo Plano Municipal<strong>de</strong> Saneamento;Ações do Ministériodas Cida<strong>de</strong>se FUNASA;AGENDA 21;A existência<strong>de</strong> Salas Ver<strong>de</strong>s,ColetivosEducadores;COM-VIDAS;Coletivos Jovense outras <strong>ações</strong><strong>de</strong> <strong>educação</strong><strong>ambiental</strong>.Perguntas que orientamA comunida<strong>de</strong> tem conhecimento do que seja Plano DiretorMunicipal? Existe alguma iniciativa relacionadaà elaboração do plano no município?A comunida<strong>de</strong> tem conhecimento do que seja PlanoMunicipal <strong>de</strong> Saneamento? E o gestor municipal, já estásensibilizado <strong>para</strong> a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua elaboração?Nos casos em que já existam, como foi a participaçãoda comunida<strong>de</strong> na elaboração <strong>de</strong> ambos?Há comissão formada <strong>para</strong> o <strong>de</strong>senvolvimentoda Agenda 21 no município?Em seu município, há Com-Vidas nas escolas?Existe algum núcleo <strong>de</strong> Coletivo Jovem <strong>de</strong> Meio Ambientena cida<strong>de</strong>?A Secretaria Municipal <strong>de</strong> Educação participado programa Mais Educação? Há projetos <strong>de</strong> EducaçãoIntegral em curso nas escolas da sua cida<strong>de</strong>?Há Coletivos Educadores no município ou na região?Existe alguma “Sala Ver<strong>de</strong>” funcionando no município?As universida<strong>de</strong>s realizam cursos <strong>de</strong> extensãona área <strong>de</strong> saneamento?A companhia <strong>de</strong> saneamento realiza alguma ativida<strong>de</strong>ligada à Educação Ambiental?Existem grupos <strong>de</strong> voluntariado atuando com a temática?Existem ONGs que trabalham com Educação Ambientalna região?Os empreendimentos em saneamento no municípiotêm algum componente social <strong>de</strong>senvolvido?Há <strong>ações</strong> do PAT/PROSANEAR; PASS/BID, PRÓÁGUAe HBB/BID entre outras <strong>ações</strong> em sua comunida<strong>de</strong>?Há trabalhos integrando <strong>ações</strong> entre os diferentes órgãosdo governo <strong>para</strong> a melhoria dos serviços em saneamento<strong>ambiental</strong> e da saú<strong>de</strong>?Existem políticas públicas direcionadas ao meio ruralno município? Quais?50


Consi<strong>de</strong>r<strong>ações</strong> ImportantesÉ fundamental <strong>para</strong> o acesso às políticas públicas existentesque os grupos que estejam atuando nesse processo busquema articulação junto ao po<strong>de</strong>r público municipal e outros gruposque atuam com <strong>educação</strong> <strong>ambiental</strong>, saú<strong>de</strong> e saneamento.Em muitos casos a diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atribuições existentes e a reduzidadimensão das equipes envolvidas na gestão municipal e nos diversosgrupos e instituições, limitam a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> articulação. Nessesentido, contribuir <strong>para</strong> esta aproximação é extremamente positivoe ten<strong>de</strong> a potencializar a atuação dos grupos que <strong>de</strong>senvolvem <strong>ações</strong>continuadas <strong>de</strong> <strong>educação</strong> <strong>ambiental</strong> e mobilização socialem saneamento. Além disso, a integração entre os diversosinstrumentos <strong>de</strong> gestão existentes no município, comoo Plano Municipal <strong>de</strong> Saneamento, o Plano Diretor, o processo<strong>de</strong> Agenda 21 e o Zoneamento Ecológico Econômico, tambémé importante <strong>para</strong> o fortalecimento e potencialização das <strong>ações</strong>.51


iv – PARTICIPAÇÃO, CONTROLE SOCIAL E SANEAMENTOO controle social sobre as <strong>ações</strong> <strong>de</strong> saneamento contribui <strong>para</strong> a universalizaçãoe melhoria dos serviços prestados. Para tanto, é necessária a participação ativa dacomunida<strong>de</strong> nos diversos fóruns e instâncias em que as <strong>de</strong>cisões são tomadas.A participação e o controle social em saneamento, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a elaboração, implementação,monitoramento e avaliação das políticas públicas <strong>de</strong>senvolvidas é um processo rico emaprendizagem. Ela qualifica e empo<strong>de</strong>ra os indivíduos e a coletivida<strong>de</strong> no exercício dacidadania, sugerindo <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> <strong>ações</strong> pró-ativas que buscam a melhoria daqualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> todos e a preservação dos ambientes naturais.Acervo M. Cida<strong>de</strong>s


O que é necessário conhecerMeios <strong>de</strong>comunicaçãodisponíveis;Fóruns <strong>de</strong>participaçãoexistentes;Existência<strong>de</strong> Comitês<strong>de</strong> Bacias,Fórum Lixoe Cidadania,ConselhosMunicipaise Estaduais<strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>, doMeio Ambientee das Cida<strong>de</strong>s,Nível <strong>de</strong>mobilização,participaçãoe envolvimentocomunitárionos fóruns <strong>de</strong>participaçãoexistentes.Perguntas que orientamExistem conselhos em ativida<strong>de</strong> no município?Quais? Eles são <strong>de</strong> caráter consultivo ou <strong>de</strong>liberativo?Como tem sido a participação da comunida<strong>de</strong>em tais espaços?De que forma são eleitos os representantescomunitários? A comunida<strong>de</strong> se sente <strong>de</strong> fatorepresentada?São realizadas consultas públicas no município?Como é a participação da comunida<strong>de</strong>?Existem associ<strong>ações</strong>, sindicatos, cooperativas, ONGs,ou outros grupos organizados <strong>de</strong> representação atuandono município?A quem a comunida<strong>de</strong> recorre quando quer fazeralguma <strong>de</strong>núncia, sugestão, crítica, reclamação,solicitação dos serviços <strong>de</strong> saneamento e outros? Existeouvidoria pública? Qual a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse serviço?Como é feita a chamada da população <strong>para</strong> aparticipação nos conselhos, comitês, consultas públicasentre outros espaços <strong>de</strong> controle social? Por rádio,jornais, televisão, cartazes, outros?Quais os canais <strong>de</strong> comunicação comunitária existentes?Há rádios comunitárias no município?Há participação da comunida<strong>de</strong> no controleorçamentário no município?53


v – SANEAMENTO E CONHECIMENTO DA LEGISLAÇÃO PERTINENTEConhecer as legisl<strong>ações</strong> que regulam o saneamento, o meio ambiente, a saú<strong>de</strong> e oor<strong>de</strong>namento territorial é fundamental. O conhecimento por parte da população acercado conteúdo das legisl<strong>ações</strong>, e o que estas têm a ver com a melhoria da qualida<strong>de</strong><strong>de</strong> vida da comunida<strong>de</strong>, é o primeiro passo <strong>para</strong> um maior controle social sobre aaplicação das mesmas.A Lei 11.445, que regula o saneamento, representa uma importante conquista <strong>para</strong>o setor, assim como <strong>para</strong> toda a socieda<strong>de</strong>. No entanto, apesar dos avanços que elatraz, ainda é <strong>de</strong>sconhecida por gran<strong>de</strong> parte dos grupos que atuam com <strong>educação</strong><strong>ambiental</strong>.Nesse sentido, é fundamental que tais grupos busquem aprofundar o conhecimentosobre as leis vigentes, com o intuito <strong>de</strong> contribuir <strong>para</strong> que cada vez mais seus princípiose diretrizes estejam refletidos nas <strong>ações</strong> <strong>de</strong>senvolvidas junto à população.O que é necessário conhecerA legislaçãovigente emsaneamentoe <strong>educação</strong><strong>ambiental</strong>;Direitos e<strong>de</strong>veres docidadão emrelação aosaneamento,Nível <strong>de</strong>aplicação daslegisl<strong>ações</strong>vigentes.Perguntas que orientamA comunida<strong>de</strong> conhece a legislação que regulao saneamento? Seus direitos e <strong>de</strong>veres em relaçãoaos serviços prestados?As leis têm sido divulgadas? De que maneira?Os conselhos municipais já se reuniram <strong>para</strong> discutira aplicação da Lei 11.445?O po<strong>de</strong>r público municipal já iniciou o processo<strong>de</strong> elaboração do plano municipal <strong>de</strong> saneamento? Ogestor municipal tem conhecimento<strong>de</strong> sua obrigatorieda<strong>de</strong>?O que é preconizado na legislação em saneamentotem sido aplicado no município?Existem leis estaduais ou municipais <strong>para</strong> o setor?Existe na localida<strong>de</strong> em questão algum processo<strong>de</strong> mobilização social que busque asseguraros direitos previstos na legislação em saneamento?Existe no município política estadualou municipal <strong>de</strong> EA?54


vi – SANEAMENTO E SAÚDE PÙBLICAA realização do levantamento epi<strong>de</strong>miológico e <strong>ambiental</strong> <strong>de</strong> uma localida<strong>de</strong>possibilita o conhecimento da taxa <strong>de</strong> incidência <strong>de</strong> doenças relacionadas à falta<strong>de</strong> infra-estrutura sanitária. Levantar as doenças que estão associadas à veiculaçãohídrica, à falta <strong>de</strong> coleta e tratamento <strong>de</strong> esgoto e <strong>de</strong> lixo, assim como as <strong>de</strong>rivadas dadrenagem ina<strong>de</strong>quada das águas das chuvas é o objetivo da realização do diagnóstico<strong>para</strong> este tema.Muitas instituições <strong>de</strong> pesquisa ligadas à saú<strong>de</strong> têm feito estudos que mostrama estreita relação entre certas doenças e a falta <strong>de</strong> saneamento básico. No sítio doMinistério da Saú<strong>de</strong>/Departamento <strong>de</strong> Informática do SUS (http://w3.datasus.gov.br/datasus/datasus.php), ou mesmo no sítio da Secretaria <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadosestados, há inform<strong>ações</strong> organizadas que po<strong>de</strong>m ser acessadas pelo sistema DATASUS.Deve-se atuar no sentido da promoção da saú<strong>de</strong>, e não apenas no combate àsdoenças. Nesse sentido, qualificar a estrutura e os serviços <strong>de</strong> saneamento é estratégicoe prioritário, principalmente em localida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> baixa renda, em que as condições seapresentam mais precárias.O que é necessário conhecerO perfilepi<strong>de</strong>miológicoda comunida<strong>de</strong>;A existência <strong>de</strong>unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>atenção à saú<strong>de</strong>na comunida<strong>de</strong>,Os programas<strong>de</strong> atendimentoà saú<strong>de</strong>, comatenção especialàs doenças<strong>de</strong> veiculaçãohídrica e<strong>de</strong>rivadasda falta <strong>de</strong>saneamento.Perguntas que orientamJá foi realizado algum diagnóstico <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> nalocalida<strong>de</strong>? Quais as doenças <strong>de</strong> maior incidência?As doenças existentes na comunida<strong>de</strong> estão associadasà falta <strong>de</strong> saneamento?Quais as doenças mais freqüentes registradas nospostos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>? Quais os principais sintomasapresentados? Há algum programa ligado à prevenção<strong>de</strong>ssas doenças?Há unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> na comunida<strong>de</strong>? A capacida<strong>de</strong><strong>de</strong> atendimento é suficiente? Quantas pessoas sãoatendidas com doenças relacionadas à falta <strong>de</strong> infraestruturasanitária?Há alguma equipe técnica que realiza diagnóstico e<strong>ações</strong> <strong>de</strong> melhorias sanitárias na comunida<strong>de</strong>? Existemagentes <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> atuando no município?Há programas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>para</strong> atendimento especial àsdoenças <strong>de</strong>rivadas da falta <strong>de</strong> saneamento?55


vii – SANEAMENTO E IMPACTOS AMBIENTAISA falta <strong>de</strong> saneamento causa um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> impactos negativos ao meioambiente e à saú<strong>de</strong> humana. Áreas sem saneamento ou com um sistema <strong>de</strong>ficitáriointerferem <strong>de</strong> forma significativa na dinâmica dos ecossistemas naturais.Em geral, os recursos hídricos são afetados diretamente, sejam os lençóis freáticoscontaminados pelos resíduos líquidos que percolam dos lixões, ou os cursos d’águautilizados como vias <strong>de</strong> escoamento, que além <strong>de</strong> ter comprometida a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>suas águas, estabelece uma danosa interação com os ecossistemas naturais com osquais se conecta ao longo do seu curso.Mas, as preocup<strong>ações</strong> não são apenas em relação aos sistemas naturais. Ospatrimônios histórico-culturais construídos pela socieda<strong>de</strong> ao longo do tempo,<strong>de</strong>vem ser observados e cuidados quando uma ação <strong>de</strong> saneamento é realizada. Ospatrimônios histórico-culturais <strong>de</strong> uma localida<strong>de</strong> fazem parte da vida das pessoas,contam parte <strong>de</strong> sua história, dando a elas o sentido <strong>de</strong> pertencimento e i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>. Asobras em saneamento não po<strong>de</strong>m negligenciá-los, mas <strong>de</strong>vem ser adaptadas a eles.I<strong>de</strong>ntificar os impactos negativos e positivos, <strong>de</strong>rivados dos empreendimentos emsaneamento, seja em relação ao meio natural ou sociocultural, é um dos objetivos darealização <strong>de</strong>ste diagnóstico. A intenção é que, futuramente, tais inform<strong>ações</strong> possamcolaborar na estruturação <strong>de</strong> <strong>ações</strong> em saneamento que evitem ou minimizem osimpactos negativos e maximizem os impactos positivos.Acervo M. Cida<strong>de</strong>s


O que é necessário conhecerOs impactosnegativos epositivos aomeio natural eaos patrimôniossocioculturais<strong>de</strong>correntesdas obras emsaneamento;Os impactosexistentes emáreas protegidaspor lei, comounida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>conservaçãoe patrimônioshistóricoculturais,A capacida<strong>de</strong><strong>de</strong> suporte dosecossistemasnaturais epatrimônioshistórico-culturais.Perguntas que orientamHá impacto <strong>de</strong> algum recurso natural (solo, rios,mares, lagoas e lagos, ar, vegetação, fauna etc.) dacomunida<strong>de</strong>, em virtu<strong>de</strong> da falta <strong>de</strong> infra-estruturas emsaneamento <strong>ambiental</strong>? Ou em relação à implantação<strong>de</strong> algum empreendimento em saneamento <strong>ambiental</strong>?Quais recursos naturais estão sendo impactados?O que indica que tais impactos estão acontecendo?Quais os impactos positivos observados em <strong>de</strong>corrênciadas obras em saneamento?Existem áreas protegidas por lei em sua comunida<strong>de</strong>?Parques nacionais, áreas <strong>de</strong> proteção <strong>ambiental</strong>e outras? A infra-estrutura <strong>de</strong> saneamento nestasunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> conservação aten<strong>de</strong> às necessida<strong>de</strong>sdas mesmas, protegendo-as <strong>de</strong> impactos ambientaisin<strong>de</strong>sejáveis?Há patrimônios histórico-culturais que estejamprotegidas por lei (tombamentos)? Ou que sãoestimadas pela comunida<strong>de</strong>? A falta <strong>de</strong> saneamento<strong>ambiental</strong> ou as obras <strong>de</strong> infra-estrutura tem <strong>de</strong> algumaforma impactado tais patrimônios? O que indicaque isto está acontecendo?viii – TECNOLOGIAS SOCIAIS EM SANEAMENTOAs tecnologias sociais são todos os produtos, técnicas e métodos que no<strong>de</strong>senvolvimento das funções <strong>para</strong> as quais foram pensadas, se preocupam efetivamenteem levar à melhoria da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida das popul<strong>ações</strong>, colaborando <strong>para</strong> a inclusãosocial, a proteção <strong>ambiental</strong> e a sustentabilida<strong>de</strong> local em suas múltiplas dimensões.As tecnologias sociais valorizam o conhecimento da comunida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>stacando o seuimportante papel na minimização ou resolução dos problemas em infra-estrutura emsaneamento.57


A realização <strong>de</strong> um diagnóstico acerca das tecnologias sociais existentes, ou quepo<strong>de</strong>m ser empregadas em uma comunida<strong>de</strong>, é necessária <strong>para</strong> que, futuramente, noplano <strong>de</strong> intervenção, possa incentivar a criação e o uso <strong>de</strong> novas tecnologias, <strong>de</strong> baixocusto, que garantam a sustentabilida<strong>de</strong> local com respeito às características sociais,culturais e ambientais da região e que promovam a participação da comunida<strong>de</strong> e,quando possível, a geração <strong>de</strong> renda.É fundamental valorizar as referências positivas na comunida<strong>de</strong>, sejam as<strong>de</strong>senvolvidas por iniciativas espontâneas <strong>de</strong> moradores, ou as realizadas por grupose instituições organizadas, buscando torná-las acessíveis e, com isso, influenciar suareplicação e adaptação <strong>para</strong> outros contextos.Uma pesquisa nos bancos <strong>de</strong> dados dos Centros <strong>de</strong> Pesquisa e ÓrgãosFinanciadores <strong>de</strong> pesquisa po<strong>de</strong> fornecer importantes inform<strong>ações</strong> sobre tecnologiassociais existentes em saneamento. Algumas instituições como o Banco do Brasil,Caixa Econômica Fe<strong>de</strong>ral e algumas universida<strong>de</strong>s possuem bancos <strong>de</strong> dados sobretecnologias sociais.A Permacultura, área do conhecimento que busca resgatar e sistematizar astecnologias sustentáveis <strong>de</strong>senvolvidas em diferentes culturas ao longo dos tempos,envolvendo a produção <strong>de</strong> alimentos, bioconstruções, saneamento <strong>ambiental</strong> e outrastemáticas, é uma gran<strong>de</strong> referência <strong>para</strong> a busca <strong>de</strong> tecnologias que sejam aplicáveisaos diferentes contextos. Aprofundar-se no conhecimento <strong>de</strong> tal proposta, assim comoi<strong>de</strong>ntificar as pessoas, grupos e instituições que atuam com a permacultura na região,é uma alternativa interessante <strong>para</strong> o planejamento das intervenções relacionadas àimplantação <strong>de</strong> tecnologias sociais.Bruno Spada/MDS


O que é necessário conhecerAs soluçõestecnológicasem saneamento<strong>de</strong>senvolvidase utilizadaspela comunida<strong>de</strong>;As pesquisasem tecnologiassociais quevêm sendorealizadas poruniversida<strong>de</strong>s,centros <strong>de</strong>pesquisa e outrasinstituições quemais se a<strong>de</strong>quamà realida<strong>de</strong> local;As práticassustentáveisexistentes <strong>para</strong>o abastecimento<strong>de</strong> água,esgotamentosanitário,resíduos sólidose drenagem daságuas pluviais;As pessoasgrupose instituiçõesque atuamcom a temáticana região.Perguntas que orientamHá tecnologias em saneamento, criadas e utilizadas pelacomunida<strong>de</strong>, que sejam diferentes daquelas comumenteusadas? Quais? Como elas são? De que formaa comunida<strong>de</strong> é beneficiada? Elas geram empregoou renda <strong>para</strong> a população? Respeitam o meio ambientee os patrimônios histórico-culturais?Há pesquisas feitas <strong>para</strong> a criação <strong>de</strong> novas tecnologiasem saneamento que possam ser eficientes e menosimpactantes ao meio ambiente e aos patrimônioshistórico-culturais? Quais? A comunida<strong>de</strong> participa<strong>de</strong>sse processo?Existem pessoas, grupos ou instituições que trabalhamcom Permacultura na região?Existem iniciativas espontâneas com potencial <strong>para</strong>se tornar referência na comunida<strong>de</strong>? Há a disposiçãopor parte dos moradores que as <strong>de</strong>senvolvemem contribuir <strong>para</strong> o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> processos<strong>de</strong> formação que busquem divulgar a proposta?59


) Sistematização das inform<strong>ações</strong>Após a realização do diagnóstico é necessário sistematizar as inform<strong>ações</strong> efazer uma discussão analítica sobre o panorama obtido. Sistematizar inform<strong>ações</strong>é organizá-las <strong>de</strong> modo a facilitar o entendimento das mesmas, favorecendo suainterpretação e análise. Os dados, quando organizados, apresentam-se disponíveisao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> <strong>ações</strong> futuras.Na etapa anterior (realização <strong>de</strong> diagnóstico) foram i<strong>de</strong>ntificadas alternativassustentáveis em saneamento, as quais estão preocupadas com a promoção dasaú<strong>de</strong> humana e com a integrida<strong>de</strong> dos ecossistemas naturais, contudo, uma série<strong>de</strong> problemas, <strong>de</strong>rivados da falta <strong>de</strong> saneamento e <strong>de</strong> <strong>educação</strong> <strong>ambiental</strong> tambémforam i<strong>de</strong>ntificados.É possível que, em <strong>de</strong>terminados casos, o diagnóstico tenha apontado estratégias<strong>para</strong> resolver tais problemas; entretanto, <strong>para</strong> compreendê-los melhor e buscarpossíveis soluções é necessário organizar os dados coletados. Com as inform<strong>ações</strong>sistematizadas será mais fácil i<strong>de</strong>ntificar os problemas mais significativos na localida<strong>de</strong>e elaborar um Plano <strong>de</strong> Intervenção <strong>para</strong> o seu enfrentamento.Nesta etapa estão sendo propostas as seguintes <strong>ações</strong> <strong>de</strong> sistematização dasinform<strong>ações</strong>: a Priorização dos Problemas ou das Soluções e o Desenho da Re<strong>de</strong> <strong>de</strong>Desafios.Oficina PEAMSS – Rio <strong>de</strong> Janeiro – arquivo SNSA/M. Cida<strong>de</strong>s


PRIORIZAÇÃO DOS PROBLEMASUma vez obtidas as inform<strong>ações</strong> acerca da comunida<strong>de</strong>, nos diferentes aspectosrelacionados à <strong>educação</strong> <strong>ambiental</strong> e ao saneamento, tem-se o conjunto <strong>de</strong> problemasi<strong>de</strong>ntificados em cada tema-gerador. Quando existem muitos problemas e objetivosa serem atingidos, <strong>para</strong> resolvê-los ou minimizá-los, há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se priorizaros mais relevantes. Para fazer essa seleção é importante levar em conta algumasquestões: Quais os riscos reais que a continuida<strong>de</strong> dos problemas i<strong>de</strong>ntificados po<strong>de</strong>mcausar à saú<strong>de</strong> da coletivida<strong>de</strong> ou à integrida<strong>de</strong> dos ecossistemas, em curto, médio elongo prazo? Ou ainda, quais os impactos que, ao serem solucionados ou minimizados,po<strong>de</strong>rão causar benefício a todos? De que forma essas questões interferem na nossarealida<strong>de</strong>?É necessário que sejam estabelecidos critérios <strong>para</strong> priorizar o or<strong>de</strong>namento dassoluções dos problemas. Tais critérios <strong>de</strong>verão ser estabelecidos e pactuados pelosgrupos que estão conduzindo os trabalhos. Critérios sociais, econômicos, culturais,políticos, ambientais e técnicos <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>rados. No critério econômico, éimportante saber quanto custa <strong>para</strong> resolver ou minimizar <strong>de</strong>terminado problema, e seesses custos valem a pena em relação aos benefícios que serão obtidos, com o intuito<strong>de</strong> se fazer uma análise <strong>de</strong> custo-benefício <strong>para</strong> cada alternativa.No critério social é importante saber se as soluções pensadas <strong>para</strong> o problema vãoabranger toda a coletivida<strong>de</strong> ou, pelo menos, as pessoas que estão sendo afetadas pelomesmo problema, refletindo sobre até que ponto tais soluções fomentam eqüida<strong>de</strong> ejustiça social.Em relação ao critério político, é relevante <strong>de</strong>stacar se a comunida<strong>de</strong> e as autorida<strong>de</strong>slocais darão apoio à empreitada e à sua continuida<strong>de</strong>, tendo em vista o anseio pelobem-estar dos cidadãos. É fundamental conhecer os conflitos existentes, até mesmoaqueles que permanecem ocultos, velados por interesses pessoais, uma vez quepo<strong>de</strong>m em muitos casos resultar em processos legítimos, nos quais a coletivida<strong>de</strong>seria beneficiada.Quanto ao critério <strong>ambiental</strong>, cabe saber se o investimento trará maior proteçãoaos recursos naturais que estão <strong>de</strong> alguma maneira sendo impactados ou ameaçados.É importante <strong>para</strong> a sustentabilida<strong>de</strong> das intervenções que as tecnologias utilizadastenham <strong>de</strong> fato a preocupação em cumprir tal papel.REDE DE DESAFIOSA i<strong>de</strong>ntificação e priorização dos <strong>de</strong>safios é uma etapa relevante <strong>para</strong> dar seguimentoàs novas <strong>ações</strong>. Somente com a realização <strong>de</strong>sta etapa será possível obter uma visãodo conjunto dos problemas, a interligação existente entre eles, e a <strong>de</strong>finição dos<strong>de</strong>safios que serão propostos uma vez que certamente não estão isolados. Eles fazemparte <strong>de</strong> uma re<strong>de</strong> <strong>de</strong> múltiplas rel<strong>ações</strong>, on<strong>de</strong> um é causa ou conseqüência <strong>de</strong> outros.61


As estratégias <strong>de</strong>lineadas <strong>para</strong> a solução ou minimização <strong>de</strong> um problema <strong>de</strong>vemlevar em conta os efeitos que serão produzidos nos <strong>de</strong>mais problemas inter-relacionados.Por isso, é importante ter clareza da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> rel<strong>ações</strong> entre eles, <strong>de</strong>senhando-a <strong>de</strong> formacoerente <strong>para</strong> propor estratégias mais assertivas. A lista <strong>de</strong> priorida<strong>de</strong>s i<strong>de</strong>ntificada<strong>de</strong>verá orientar a elaboração da Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Desafios e dos possíveis caminhos a serempercorridos.A seguir, está exemplificado o <strong>de</strong>senho <strong>de</strong> uma Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> Desafios hipotética.DESAFIO:(Realida<strong>de</strong> a ser enfrentada)Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>safiosPossíveis caminhos(Agenda positiva)Despoluição <strong>de</strong> corpos d’água e<strong>de</strong> bacias hidrográficasErradicação <strong>de</strong> doenças <strong>de</strong>veiculação hídricaAcesso a inform<strong>ações</strong> sobresaneamento e recursos hídricosFortalecimento <strong>de</strong> processos <strong>de</strong>mobilização socialCriação <strong>de</strong> mecanismos <strong>de</strong>organização socialUtilização <strong>de</strong> tecnologiassocioambientais a<strong>de</strong>quadas àrealida<strong>de</strong> localRecuperação <strong>de</strong> áreas<strong>de</strong>gradadasExercício do controle social nafiscalização dos gastos públicose no cumprimento da legislaçãovigenteAdoção <strong>de</strong> medias por parte dos agentes poluidores,por meio do princípio poluidor-pagador por exigênciados órgãos ambientais ou do ministério público.Busca por investimentos dimensionados às <strong>de</strong>mandas locais<strong>para</strong> a redução do déficit <strong>de</strong> infra-estrutura <strong>de</strong> saneamentoe busca pela universalização do acesso aos serviços<strong>de</strong> saneamento. Realização <strong>de</strong> campanhas.Desenvolvimento <strong>de</strong> processos educativos direcionadosao esclarecimento sobre os serviços <strong>de</strong> saneamento,a infra-estrutura necessária, as questões <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> pública.• Constituição <strong>de</strong> grupos <strong>de</strong> atuação local• Realização <strong>de</strong> reuniões comunitárias• Realização <strong>de</strong> audiências públicas• Fortalecimento dos conselhos municipais• Realização <strong>de</strong> Conferências municipais• Fortalecimento do Fórum Lixo e Cidadania• Fortalecimento das bases associativas (cooperativas,associ<strong>ações</strong>, comissões entre outras.)Processos educativos voltados <strong>para</strong> a reflexãosobre os direitos, <strong>de</strong>veres e as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> organizaçãoe participação social, trazendo <strong>para</strong> a pauta a importância daorganizaçao social <strong>para</strong> minimização das assimetrias sociaisArticulação e <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> programas junto às:• Universida<strong>de</strong>s• Centros <strong>de</strong> Pesquisa• Institutos <strong>de</strong> permacultura• Conhecimento popularEnvolvimento da população adjacente no processo <strong>de</strong> estudodas condições locais, a<strong>de</strong>quação e implementação <strong>de</strong> técnicas<strong>de</strong> recuperação.• Orçamento participativo• Atuação nos conselhos existentes• Fortalecimento dos comitês <strong>de</strong> bacia• Articulação junto à Câmara <strong>de</strong> Vereadores62


c) Socialização das inform<strong>ações</strong>Após a i<strong>de</strong>ntificação dos problemas prioritários a serem solucionados e feito o<strong>de</strong>senho da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> rel<strong>ações</strong> a que eles pertencem, é necessário que sejam socializadasas inform<strong>ações</strong> obtidas até aqui. Socializar a informação é colocá-la à disposição <strong>de</strong>todos aqueles que estão interessados e que <strong>de</strong>las po<strong>de</strong>m fazer uso. Constitui-seem uma etapa que busca, ainda, esclarecer a comunida<strong>de</strong> sobre o que foi realizado,colocando-a a par dos problemas a serem enfrentados, sensibilizando-a e mobilizando-a<strong>para</strong> contribuir na elaboração do plano <strong>de</strong> intervenção e na implementação das <strong>ações</strong>futuras.Para tanto, é fundamental utilizar os meios <strong>de</strong> comunicação existentes, valorizandoa educomunicação como processo <strong>para</strong> sensibilizar e organizar a comunida<strong>de</strong> <strong>para</strong> aparticipação na elaboração do plano <strong>de</strong> intervenção e acompanhamento dos trabalhosque estão sendo feitos ou que ainda serão realizados.É necessário também garantir espaços <strong>para</strong> a divulgação <strong>de</strong> inform<strong>ações</strong>, <strong>para</strong> arealização <strong>de</strong> <strong>de</strong>bates e <strong>de</strong> oficinas. Oportunizar encontros que chamem a comunida<strong>de</strong><strong>para</strong> a efetiva participação na solução dos problemas a instrumentalização <strong>para</strong> as<strong>ações</strong> futuras e <strong>para</strong> o compromisso com <strong>ações</strong> proativas.3.3. Planejando a intervenção comunitáriaCom as inform<strong>ações</strong> obtidas, <strong>de</strong>rivadas da realização do diagnóstico, um plano<strong>de</strong> intervenção comunitária <strong>de</strong>ve ser estruturado. Juntos, socieda<strong>de</strong> civil organizada,po<strong>de</strong>r público, escolas, órgãos governamentais, setores privados, comitês <strong>de</strong> baciashidrográficas e outras formas <strong>de</strong> organização da socieda<strong>de</strong> civil po<strong>de</strong>m planejar <strong>ações</strong>em <strong>educação</strong> <strong>ambiental</strong> e mobilização social em saneamento, com o intuito <strong>de</strong> aten<strong>de</strong>ras priorida<strong>de</strong>s levantadas no diagnóstico e os <strong>de</strong>safios i<strong>de</strong>ntificados.Lara Montenegro


As formas <strong>de</strong> atuação, na tentativa <strong>de</strong> resolver as questões emergentes i<strong>de</strong>ntificadasno diagnóstico são muitas, mas não serão, <strong>de</strong> fato, eficazes se não houver mobilizaçãocomunitária <strong>para</strong> o controle social das intervenções.Neste momento po<strong>de</strong> estar havendo uma dúvida sobre que tipo <strong>de</strong> ação secaracteriza como <strong>de</strong> intervenção em Educação Ambiental em Saneamento. Esse tipo<strong>de</strong> intervenção se caracteriza por <strong>ações</strong> <strong>de</strong>:• Mobilização social;• Educomunicação;• Formação <strong>de</strong> educadores ambientais em saneamento,• Implementação <strong>de</strong> práticas e tecnologias socioambientais.Para tal, conforme sugerido a seguir, é necessário que ocorra o planejamento e agestão <strong>de</strong>stas <strong>ações</strong>, visando garantir o apoio institucional, financeiro e pedagógico<strong>para</strong> cada uma <strong>de</strong>las. É preciso também que haja o monitoramento <strong>de</strong>stas <strong>ações</strong> <strong>para</strong>que sejam avaliados os seus resultados e feitas futuras a<strong>de</strong>qu<strong>ações</strong>.As intervenções <strong>de</strong> Educação Ambiental em Saneamento <strong>de</strong>vem contribuir <strong>para</strong> queos atores sociais envolvidos adotem uma postura proativa e rompam com a cultura <strong>de</strong>sempre esperar que o po<strong>de</strong>r público dê o primeiro passo. O que se preten<strong>de</strong> é que elessejam protagonistas, e <strong>de</strong>man<strong>de</strong>m dos governos (fe<strong>de</strong>ral, estadual e municipal) <strong>ações</strong>pautadas em suas reais necessida<strong>de</strong>s, atuando conjuntamente <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o planejamentoda obra até a sua realização, monitoramento e manutenção. Cada ator social teminteresses pessoais e também competências diferenciadas. Sendo assim, <strong>de</strong>ve-searticular <strong>de</strong> forma complementar e integrada a participação dos diversos segmentosenvolvidos.É importante, ainda, lembrar que, caso em sua localida<strong>de</strong> haja algum empreendimentoem <strong>de</strong>senvolvimento, as <strong>ações</strong> <strong>de</strong> <strong>educação</strong> <strong>ambiental</strong> <strong>de</strong>vem acompanhar estaintervenção. Mas, lembre-se que as <strong>ações</strong> <strong>de</strong> <strong>educação</strong> <strong>ambiental</strong> e mobilização socialem saneamento <strong>de</strong>vem ser iniciadas bem antes das obras, e continuar após o términoda mesma, uma vez que requerem uma dinâmica e respostas distintas aos cronogramasexecutivos das obras.3.3.1. A título <strong>de</strong> exercícioA título <strong>de</strong> exercício, <strong>para</strong> a etapa <strong>de</strong> intervenção comunitária, será <strong>de</strong>scrito umcenário hipotético da realida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um município brasileiro aqui <strong>de</strong>nominado “ÁguasFortes”. Os dados contidos na <strong>de</strong>scrição a seguir <strong>de</strong>verão ser encarados como frutosda realização <strong>de</strong> um diagnóstico realizado <strong>para</strong> o município. Eles apresentam aspectos64


que contribuirão como exemplos <strong>para</strong> o melhor entendimento e reflexão acerca darealida<strong>de</strong> local, assim como no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> <strong>ações</strong> <strong>de</strong> intervenção em <strong>educação</strong><strong>ambiental</strong> voltadas <strong>para</strong> o enfrentamento das questões i<strong>de</strong>ntificadas.Águas Fortes é um município com cerca <strong>de</strong> 50 mil habitantes, que apresenta gran<strong>de</strong>abundância <strong>de</strong> recursos hídricos. Conta a história que o nome do município foi dadopelos primeiros habitantes que lá chegaram e se surpreen<strong>de</strong>ram pela quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>água existente e pela beleza do lugar.Nas últimas décadas, o município apresentou um enorme crescimento <strong>de</strong> suaeconomia. Este fato <strong>de</strong>veu-se à implantação <strong>de</strong> um complexo industrial automotivona região, na década <strong>de</strong> 1980. Naquela época, como incentivo <strong>para</strong> os investimentosprivados, o governo implantou toda a infra-estrutura sanitária da cida<strong>de</strong>, todavia,dimensionada <strong>para</strong> as <strong>de</strong>mandas da época.A cida<strong>de</strong> foi crescendo e atraindo um número cada vez maior <strong>de</strong> pessoas em busca<strong>de</strong> uma oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalho, o que proporcionou um gran<strong>de</strong> salto nas ativida<strong>de</strong>sdo setor terciário: bancos, comércio em geral, re<strong>de</strong> <strong>de</strong> transporte, <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e escolas<strong>para</strong> aten<strong>de</strong>r as necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> uma população crescente. Hoje, além da populaçãoresi<strong>de</strong>nte, há uma população flutuante que se <strong>de</strong>sloca <strong>de</strong> outros municípios e dasperiferias <strong>para</strong> trabalhar em Águas Fortes.No entanto, apesar do <strong>de</strong>senvolvimento econômico do município, um gran<strong>de</strong>número <strong>de</strong> localida<strong>de</strong>s vem passando por problemas relativos à falta <strong>de</strong> infra-estruturasanitária que, ao longo dos tempos, não foi fortalecida na medida em que <strong>de</strong>veria.Tornou-se, portanto, insuficiente <strong>para</strong> aten<strong>de</strong>r as <strong>de</strong>mandas prioritárias da populaçãomenos favorecida e evi<strong>de</strong>nciou um acentuado quadro <strong>de</strong> <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong> social, uma vezque a população local foi excluída.O titular dos serviços <strong>de</strong> saneamento <strong>de</strong> Águas Fortes é a Companhia <strong>de</strong>Saneamento <strong>de</strong> Águas Fortes (COSAFOR), que tem o <strong>de</strong>safio <strong>de</strong>, em parceria comos governos municipal, estadual e fe<strong>de</strong>ral, prover Águas Fortes da infra-estrutura eserviços necessários à qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida da população.O setor habitacional das zonas periféricas foi construído sem planejamento, em umprocesso <strong>de</strong> crescimento acelerado e <strong>de</strong>sarticulado, que não levou em consi<strong>de</strong>raçãoos aspectos ambientais e impedimentos legais vigentes, on<strong>de</strong> inúmeras residênciasforam construídas em zonas <strong>de</strong> risco, <strong>de</strong> difícil acesso e com gran<strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong> <strong>para</strong> ainstalação <strong>de</strong> infra-estrutura <strong>de</strong> saneamento.O município dispõe <strong>de</strong> uma estação <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong> esgoto <strong>de</strong> pequeno porte, queaten<strong>de</strong> apenas a zona central da cida<strong>de</strong>, sendo que a gran<strong>de</strong> maioria das localida<strong>de</strong>s,em função do crescimento <strong>de</strong>sgovernado, é atendida pelo sistema <strong>de</strong> esgotamentosanitário do tipo unitário (que mistura o esgoto resi<strong>de</strong>ncial com as águas pluviais em65


galerias), e é <strong>de</strong>spejado diretamente nos dois rios que cortam a cida<strong>de</strong> e seus afluentes<strong>de</strong> menor porte.Apesar da gran<strong>de</strong> disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água na região, o seu abastecimento tambémé precário, não aten<strong>de</strong>ndo a totalida<strong>de</strong> da população, principalmente na periferia, on<strong>de</strong>as condições naturais dificultam a instalação da infra-estrutura necessária e a prestaçãodos serviços básicos.A coleta <strong>de</strong> lixo aten<strong>de</strong> bem a se<strong>de</strong> do município, principalmente o centro da cida<strong>de</strong>,mas nas periferias a coleta não ocorre na freqüência a<strong>de</strong>quada e nem há equipamentose locais apropriados <strong>para</strong> sua disposição. Com isto, há o acúmulo <strong>de</strong> lixo em váriospontos da cida<strong>de</strong>, aguardando <strong>para</strong> ser coletado e que atrai um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong>vetores <strong>de</strong> doenças.Não há um local a<strong>de</strong>quado <strong>para</strong> o <strong>de</strong>pósito do lixo (aterro sanitário), que ainda éacumulado em um lixão nas proximida<strong>de</strong>s da cida<strong>de</strong>. Muitas famílias fixaram residêncianas redon<strong>de</strong>zas e sobrevivem do que ali encontram, convivendo <strong>de</strong> forma sub-humanaem uma realida<strong>de</strong> <strong>de</strong>gradante.A cida<strong>de</strong> apresenta também uma pavimentação excessiva do solo, com umaarborização urbana muito aquém do <strong>de</strong>sejável, assim como um sistema <strong>de</strong> drenagemdimensionado <strong>de</strong> forma insuficiente <strong>para</strong> aten<strong>de</strong>r as <strong>de</strong>mandas do município. Na épocadas chuvas, principalmente no verão, quando acontecem as chuvas torrenciais, ocorreo transbordamento das galerias existentes e há risco <strong>de</strong> enchentes, o que gera umacelerado processo <strong>de</strong> erosão e assoreamento dos rios que cortam a cida<strong>de</strong>, assimcomo expõe a população ao contato direto com o esgoto trazido pelo sistema único,que não comporta o volume <strong>de</strong>spejado.Alguns casos <strong>de</strong> <strong>de</strong>ngue foram registrados no município, sendo que na zona rural omaior índice <strong>de</strong> pessoas internadas é em função <strong>de</strong> doenças relacionadas à qualida<strong>de</strong>da água, uma vez que um número muito pequeno <strong>de</strong> famílias dispõe <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong>fossa apropriado. Na gran<strong>de</strong> maioria dos casos, o abastecimento <strong>de</strong> água é feito por meio<strong>de</strong> cisternas que se localizam, em geral, próximas às habit<strong>ações</strong> e, conseqüentemente,também às fossas, proporcionando um ciclo em que as famílias acabam contaminandoa própria água que utilizam <strong>para</strong> o consumo, o que tem provocado um elevado número<strong>de</strong> doenças <strong>de</strong> veiculação hídrica.Nas proximida<strong>de</strong>s da cida<strong>de</strong>, às margens do Rio das Antas, existe uma comunida<strong>de</strong>quilombola chamada Candonga, que não é <strong>de</strong>vidamente assistida e apresenta osmaiores índices <strong>de</strong> contaminação por doenças <strong>de</strong> veiculação hídrica na região.A pesca, que nos tempos antigos era uma importante fonte <strong>de</strong> renda e alimentação,está cada vez mais comprometida pela contaminação das águas, tanto pela <strong>de</strong>stinaçãodo esgoto do município, quanto pelos agrotóxicos utilizados nos plantios da região.66


O Comitê da Bacia do Rio das Antas tem atuado no sentido <strong>de</strong> articular os diversosatores sociais, <strong>de</strong> forma mais efetiva, nas <strong>ações</strong> <strong>de</strong> revitalização dos recursos hídricosda região e na elaboração <strong>de</strong> um plano municipal <strong>de</strong> resursos hídricos, mas sua atuaçãoainda é tímida em relação ao que a questão requer.A prefeitura municipal dispõe <strong>de</strong> um viveiro florestal em sua se<strong>de</strong>, porém, o mesmoestá funcionando em condições precárias, produzindo uma quantida<strong>de</strong> muito pequena<strong>de</strong> mudas.Embora o governo venha implementando programas e projetos com a intenção <strong>de</strong>minimizar tais problemas, os esforços empreendidos até hoje não foram suficientes<strong>para</strong> sanar as carências do município.No entanto, Águas Fortes receberá nos próximos 3 anos um gran<strong>de</strong> volume <strong>de</strong>recursos fe<strong>de</strong>rais <strong>de</strong>stinados ao seu saneamento. Os recursos serão utilizados <strong>para</strong>a implantação <strong>de</strong> um aterro sanitário, a complementação da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> abastecimento<strong>de</strong> água e a ampliação da estação <strong>de</strong> tratamento do esgoto. O maior <strong>de</strong>safio seráempreen<strong>de</strong>r este montante <strong>de</strong> forma efetiva, proporcionando a correta aplicação dosinvestimentos <strong>de</strong> forma que eles se traduzam em melhoras significativas nas condições<strong>de</strong> vida da população.As secretarias <strong>de</strong> obras, <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento urbano e <strong>de</strong> meio ambiente, assimcomo a COSAFOR, contam com um número reduzido <strong>de</strong> funcionários em seu quadro,sendo que a gran<strong>de</strong> maioria não tem uma formação direcionada <strong>para</strong> as funções queexercem. Sendo assim, reconhecendo a insuficiente capacida<strong>de</strong> da administraçãopública no município, a prefeitura, <strong>de</strong> forma participativa e inovadora, busca estimulara cooperação entre os diferentes órgãos, instituições e grupos que atuam na região,com o objetivo <strong>de</strong> qualificar os investimentos, em um esforço <strong>de</strong> agregação <strong>de</strong>competências, habilida<strong>de</strong>s, estruturas e recursos que proporcionem além da instalaçãoda infra-estrutura necessária, uma mudança <strong>de</strong> comportamento da população dianteda situação.Ao longo da última década foram criados alguns conselhos <strong>de</strong> representação social,todavia, eles ainda são incipientes e não conseguiram promover a mobilização e ocontrole social que <strong>de</strong>les se espera, <strong>de</strong>stacando-se os conselhos municipais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>,das cida<strong>de</strong>s, <strong>de</strong> <strong>educação</strong> e <strong>de</strong> meio ambiente.A população <strong>de</strong> Águas Fortes ainda não ocupou <strong>de</strong> forma efetiva tais espaços,assim como não tem se mobilizado <strong>de</strong> forma articulada <strong>para</strong> o enfrentamento dosproblemas que afligem o município. No entanto, existe um potencial latente, esperandoum estímulo direcionado <strong>para</strong> emergir.Há, na região, uma série <strong>de</strong> iniciativas acontecendo que po<strong>de</strong>m contribuir nessabusca por sinergia, como o Coletivo Educador (grupo composto por diferentesinstituições que atua com a formação <strong>de</strong> educadores ambientais populares) que conta67


com a participação <strong>de</strong> algumas ONGs, associ<strong>ações</strong> e da Universida<strong>de</strong> Estadual, situadano município <strong>de</strong> Laranjeiras, distante 80 km <strong>de</strong> Águas Fortes. Eles estão em fase <strong>de</strong>elaboração <strong>de</strong> um projeto político pedagógico e tem <strong>de</strong>senvolvido algumas ativida<strong>de</strong>sinteressante na região.O comércio local, que se fortalece a cada dia e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> dos serviços proporcionadospelo po<strong>de</strong>r público local, tem <strong>de</strong>monstrado ser um gran<strong>de</strong> parceiro, como também asigrejas, que tem uma atuação marcante no município, reunindo um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong>fiéis em seus cultos e discutindo, <strong>de</strong> forma interativa, aspectos e questões relacionadasà qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida da população.Existem cooperativas <strong>de</strong> produtores rurais, sindicato dos trabalhadores, daindústria, associ<strong>ações</strong> <strong>de</strong> moradores, <strong>de</strong> artesãos, <strong>de</strong> pescadores entre outros formas<strong>de</strong> organização social.Há, ainda, uma rádio comunitária, a rádio “Onda Ver<strong>de</strong>”, que tem funcionado comgran<strong>de</strong>s dificulda<strong>de</strong>s e sobrevive em função da militância <strong>de</strong> seus funcionários diante dafalta <strong>de</strong> recursos <strong>para</strong> a manutenção dos programas e <strong>de</strong> sua estrutura. A rádio alcançatodo o município e tem uma audiência fiel, servindo como um importante veículo <strong>de</strong>comunicação entre a população.Um instituto <strong>de</strong> Permacultura foi recentemente criado no município, e tem a suase<strong>de</strong> na zona rural <strong>de</strong> Águas Fortes, dispondo <strong>de</strong> algumas estruturas <strong>de</strong> bioconstruçãojá construídas e outras ainda em implementação.Uma das escolas do município acabou <strong>de</strong> constituir uma COM-VIDA, um grupocomposto <strong>de</strong> alunos, professores e funcionários, visando aprofundar o conhecimento<strong>de</strong> todos sobre questões relacionadas ao meio ambiente e atuar <strong>de</strong> forma organizadaem processos <strong>de</strong> enfrentamento da problemática socio<strong>ambiental</strong>. Essa comissão, comfoco na <strong>educação</strong> <strong>ambiental</strong>, procura construir a Agenda 21 na Escola.Como se vê, apesar <strong>de</strong> apresentar um gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> problemas ligados à falta<strong>de</strong> saneamento e da fragilida<strong>de</strong> da organização social no município, Águas Fortesapresenta um enorme potencial <strong>para</strong> reverter este quadro e empreen<strong>de</strong>r, <strong>de</strong> formaefetiva, os investimentos fe<strong>de</strong>rais <strong>para</strong> o setor. O <strong>de</strong>safio maior é articular os diversosatores sociais locais em um processo que busque enfrentar não só os sintomasi<strong>de</strong>ntificados no município, mas, também, proporcionar o envolvimento permanente dapopulação na construção <strong>de</strong> uma socieda<strong>de</strong> sustentável em suas múltiplas dimensões.Para a aplicação dos recursos <strong>de</strong>stinados pelo governo fe<strong>de</strong>ral, a prefeituramunicipal <strong>de</strong> Águas Fortes optou por celebrar um convênio com o Coletivo Educador,no qual o percentual dos recursos das obras <strong>de</strong>stinados à realização dos trabalhossocioambientais foi repassado <strong>para</strong> a Universida<strong>de</strong> Estadual. A Universida<strong>de</strong>, emconjunto com as instituições que compõem o Coletivo Educador, terá o <strong>de</strong>safio e aatribuição <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver <strong>ações</strong> <strong>de</strong> formação em <strong>educação</strong> <strong>ambiental</strong> e mobilizaçãosocial em saneamento junto à população local.68


A seguir, são <strong>de</strong>stacadas algumas <strong>ações</strong> voltadas <strong>para</strong> a mobilização social nomunicípio <strong>de</strong> Águas Fortes.• Constituir um Grupo Executivo com a missão <strong>de</strong> elaborar o planejamento daaplicação dos recursos fe<strong>de</strong>rais em Águas Fortes, tendo como meta o atendimentoàs <strong>de</strong>mandas prioritárias i<strong>de</strong>ntificadas pela realização <strong>de</strong> um amplo diagnósticosocio<strong>ambiental</strong> conduzido participativamente no município. O Grupo serácomposto por técnicos da Prefeitura Municipal, da COSAFOR, representantes doColetivo Educador, pesquisadores da Universida<strong>de</strong> Estadual e um representantedo Instituto <strong>de</strong> Permacultura. A composição do grupo foi assim <strong>de</strong>finida em funçãoda disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conhecimentos <strong>de</strong> habilida<strong>de</strong>s técnicas e tecnológicas,apropriadas <strong>para</strong> o saneamento <strong>ambiental</strong> do município, po<strong>de</strong>ndo ser ampliadona medida em que forem i<strong>de</strong>ntificados novos atores sociais com capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong>atuação qualificada.• Inserir a questão do saneamento nos conselhos municipais existentes ou articulara constituição do Conselho Municipal <strong>de</strong> Saneamento Ambiental local, visandopromover a representação dos diversos segmentos sociais, <strong>de</strong>stacando-se o po<strong>de</strong>rpúblico local, usuários, socieda<strong>de</strong> civil organizada e instituições com atuação<strong>de</strong>stacada. A missão permanente do Conselho será <strong>de</strong> contribuir, influenciare legitimar as discussões e <strong>de</strong>cisões tomadas pelo grupo executivo acerca daproblemática relacionada ao saneamento, no âmbito do município.• Promover a realização <strong>de</strong> uma Conferência Municipal <strong>de</strong> Saneamento Ambiental,abordando e refletindo, <strong>de</strong> forma esclarecedora, sobre questões ligadas aosaneamento, meio ambiente, saú<strong>de</strong>, <strong>educação</strong> e outros temas <strong>de</strong> interesse dapopulação, procurando, ao longo do processo, eleger <strong>de</strong>legados e representantesque tenham legitimida<strong>de</strong> e autonomia <strong>para</strong> representar a comunida<strong>de</strong> nastomadas <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão. É fundamental estimular a participação popular em taisespaços, <strong>de</strong> forma que o governo e a socieda<strong>de</strong>, por meio <strong>de</strong> suas mais diversasrepresent<strong>ações</strong>, dialoguem <strong>de</strong> modo organizado e transparente. Trata-se <strong>de</strong> ummo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> gestão pública participativa que oportuniza a criação <strong>de</strong> espaços <strong>de</strong>negociação, o compartilhamento <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r e a co-responsabilida<strong>de</strong> entre o Estadoe a socieda<strong>de</strong> civil. Sobre cada tema, ou área, é promovido um <strong>de</strong>bate social queresulta em um balanço e aponta novos rumos a serem tomados, <strong>de</strong>stacando, nocaso do saneamento, o claro objetivo <strong>de</strong> iniciar a elaboração do Plano Municipal <strong>de</strong>Saneamento <strong>de</strong> Águas Fortes, como instrumento <strong>de</strong> gestão articulada das <strong>ações</strong><strong>de</strong>mandadas pelo município.• Articular, junto ao po<strong>de</strong>r público local, a realização <strong>de</strong> audiências públicasamplamente divulgadas e pautadas pelos grupos sociais envolvidos, com o propósito<strong>de</strong> promover a participação popular na legitimação das obras e empreendimentosna medida em que forem oficialmente firmados.• Articular a criação da ouvidoria pública municipal, <strong>de</strong> forma que funcione comoum canal aberto com a população <strong>para</strong> receber críticas, sugestões e esclareceras dúvidas sobre o <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong> órgãos públicos ou empresas privadas. As70


manifest<strong>ações</strong> dos cidadãos <strong>de</strong>vem ser examinadas e encaminhadas aos órgãoscompetentes, <strong>para</strong> que se busque o a<strong>de</strong>quado atendimento e o aprimoramentodo processo <strong>de</strong> prestação do serviço público. Trata-se <strong>de</strong> um instrumento <strong>para</strong> ofortalecimento da cidadania.• Articular a constituição <strong>de</strong> um Fundo Municipal <strong>de</strong> Saneamento Ambiental local, afim <strong>de</strong> assegurar por meio <strong>de</strong> uma linha específica <strong>de</strong> financiamento, a <strong>de</strong>stinação<strong>de</strong> recursos públicos <strong>para</strong> o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> <strong>ações</strong> <strong>de</strong> <strong>educação</strong> <strong>ambiental</strong> emobilização social, <strong>de</strong> forma que sua aplicação seja feita em consonância com asdiretrizes e premissas fe<strong>de</strong>rais <strong>para</strong> o setor.• Articular os diversos atores sociais que atuam diretamente com a questão dosresíduos sólidos, visando constituir o “Fórum Lixo e Cidadania” em Águas Fortes.Trata-se <strong>de</strong> uma instância <strong>de</strong> formulação <strong>de</strong> políticas <strong>de</strong> resíduos sólidos, que noseu nível municipal reúne atores da socieda<strong>de</strong> civil, governo e setor empresarial<strong>para</strong> contribuir na elaboração, implementação e no monitoramento <strong>de</strong> programas<strong>de</strong> gestão integrada <strong>de</strong> resíduos sólidos em uma perspectiva <strong>de</strong> criação e/oufortalecimento <strong>de</strong> cooperativas <strong>de</strong> catadores.• Articular e estimular a constituição <strong>de</strong> comissões <strong>de</strong> bairro no município, <strong>para</strong>fortalecer e integrar as <strong>ações</strong> <strong>de</strong> <strong>educação</strong> <strong>ambiental</strong> e mobilização social<strong>de</strong>senvolvidas, evi<strong>de</strong>nciando a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> própria <strong>de</strong> cada bairro, <strong>de</strong> forma queesses grupos conheçam profundamente sua realida<strong>de</strong>, pautem o po<strong>de</strong>r públicoe interajam <strong>de</strong> forma organizada. Tais comissões po<strong>de</strong>m tornar-se referência <strong>de</strong>participação popular no município e, com isso, além <strong>de</strong> levar as <strong>de</strong>mandas do bairro<strong>para</strong> os foros, conselhos e colegiados <strong>de</strong> representação social, po<strong>de</strong>m influenciarpositivamente outros bairros a atuarem no mesmo sentido.• Constituir um grupo <strong>de</strong> trabalho responsável por mapear as políticas públicasexistentes no âmbito estadual e fe<strong>de</strong>ral que possam potencializar a atuação dasocieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Águas Fortes, seja por meio <strong>de</strong> recursos financeiros, humanos oumateriais. Nesse processo é importante i<strong>de</strong>ntificar os programas, projetos, editais,chamadas públicas, instrumentos e materiais didáticos do Ministério da Saú<strong>de</strong>/Funasa, ministérios das Cida<strong>de</strong>s, da Integração Nacional, do Meio Ambiente,e da Educação, Agência Nacional das Águas (ANA), entre outros, e <strong>de</strong>ntro daspossibilida<strong>de</strong>s, firmar parcerias nos processos em que for pertinente e viável.• Articular a realização <strong>de</strong> parcerias oficializadas com os municípios vizinhos, a fim<strong>de</strong> promover uma atuação integrada que fortaleça o processo <strong>de</strong> revitalização dorio das Antas, legitimando o Comitê da Bacia como fórum apropriado <strong>para</strong> tomadas<strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão entre os municípios abastecidos por suas águas.•Colocar em pauta nos espaços <strong>de</strong> representação social a discussão sobre aampliação do caráter consultivo dos conselhos existentes, <strong>para</strong> um estágio emque sua contribuição tenha, também, característica <strong>de</strong>liberativa nas tomadas <strong>de</strong><strong>de</strong>cisão, enfatizando a participação dos conselheiros no planejamento estratégicodo município.71


EDUCOMUNICAÇÃOUm aspecto fundamental a ser observado em intervenções educativas, sejamelas práticas ou <strong>de</strong> formação, é a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se comunicar, <strong>de</strong> interagir com apopulação <strong>para</strong> transmitir inform<strong>ações</strong> sobre as <strong>ações</strong> a serem <strong>de</strong>senvolvidas e asrazões, benefícios e conseqüências <strong>de</strong> sua execução. No entanto, esse não po<strong>de</strong> serum processo burocrático, no qual a informação é simplesmente passada <strong>de</strong> forma préeditada,sem uma reflexão acompanhada.O Plano <strong>de</strong> Educomunicação não po<strong>de</strong> ser reduzido a um meio <strong>de</strong> divulgação das<strong>ações</strong> práticas e experiências <strong>de</strong>senvolvidas, nem a um serviço profissional externo aser contratado. Esta divulgação e o assessoramento comunicativo são importantes, masé necessário ser parte da dinâmica pedagógica adotada, integrada como oportunida<strong>de</strong><strong>de</strong> aprendizado.É necessário envolver a população, buscando <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ar processos <strong>de</strong> construçãocoletiva, nos quais a comunicação tenha uma perspectiva educadora e os atores sociaisenvolvidos participem <strong>de</strong>s<strong>de</strong> sua elaboração até a escolha dos meios e instrumentosutilizados, atuando como emissores e receptores das inform<strong>ações</strong>. Este processo<strong>de</strong>ve ser caracterizado pelo esclarecimento da população e utilização das diversaspossibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> comunicação existentes como mecanismos <strong>de</strong> aprendizagem.A seguir são <strong>de</strong>stacadas algumas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> intervenção em Educomunicação<strong>para</strong> o município <strong>de</strong> Águas Fortes:


• Realizar um mapeamento em todo o município e região, com o objetivo <strong>de</strong>i<strong>de</strong>ntificar os principais meios, veículos e instrumentos <strong>de</strong> comunicaçãodisponíveis, assim como pessoas e grupos que atuam com a temática eque possam contribuir com a construção <strong>de</strong> um processo articulado <strong>de</strong>educomunicação.• Articular, junto à companhia responsável pela prestação dos serviços, ainserção <strong>de</strong> questões relacionadas ao saneamento nas contas <strong>de</strong> água e luz,abordando <strong>de</strong> forma pedagógica e contextualizada à cultura local, inform<strong>ações</strong>sobre: prevenção e combate a epi<strong>de</strong>mias e doenças <strong>de</strong> veiculação hídrica,calendário <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s e <strong>ações</strong> <strong>de</strong> <strong>educação</strong> <strong>ambiental</strong> e mobilização socialem saneamento; inform<strong>ações</strong> sobre as obras em <strong>de</strong>senvolvimento, <strong>de</strong>stacandoo local da obra, sua duração, o impacto no cotidiano da comunida<strong>de</strong>, osbenefícios que proporcionará, entre outras diversas questões.• Articular, junto à Prefeitura, Secretaria <strong>de</strong> Obras e à COSAFOR (companhiaresponsável pela prestação dos serviços), a elaboração participativa <strong>de</strong> ummapa representativo da cida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>stacando as principais referências e locais<strong>de</strong> relevância <strong>para</strong> a população como: praças, cinemas, escolas, postos <strong>de</strong>saú<strong>de</strong>, igrejas, entre outros. A partir <strong>de</strong>sses pontos, inserir as localida<strong>de</strong>s emque ocorrerão as obras, informando o perfil do empreendimento, sua duração,possíveis transtornos e adapt<strong>ações</strong> na dinâmica da cida<strong>de</strong>, benefícios futuros,entre outras inform<strong>ações</strong> <strong>de</strong> interesse. Em seguida, antes do início das obras,afixar este mapa que <strong>de</strong>ve ter estrutura, dimensão e formato atrativos em locais<strong>de</strong> gran<strong>de</strong> circulação. Tal medida evi<strong>de</strong>nciará as obras em <strong>de</strong>senvolvimento,<strong>de</strong>ixando a população informada.• Criar o sistema Municipal <strong>de</strong> Inform<strong>ações</strong> em Saneamento, procurandodisponibilizar as inform<strong>ações</strong> <strong>de</strong> interesse público existentes em outrossistemas <strong>de</strong> maior abrangência.• Articular, junto à rádio comunitária “Onda Ver<strong>de</strong>” e outros atores sociais dacena cultural local, a produção e veiculação <strong>de</strong> um programa diário que abor<strong>de</strong>questões ligadas ao saneamento, saú<strong>de</strong> e meio ambiente, dando <strong>de</strong>staque às<strong>ações</strong> <strong>de</strong> <strong>educação</strong> <strong>ambiental</strong> em <strong>de</strong>senvolvimento, aos seminários, cursos,oficinas, palestras, campanhas e outros processos formativos <strong>de</strong>senvolvidospela Universida<strong>de</strong> local, ONGs e Coletivo Educador, assim como às obras<strong>de</strong> infra-estrutura em <strong>de</strong>senvolvimento. A rádio, além <strong>de</strong> receber técnicos,professores, agentes <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> e outros convidados <strong>para</strong> falar <strong>de</strong> assuntosrelacionados à qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida da comunida<strong>de</strong>, po<strong>de</strong>, ainda, estimular osprocessos <strong>de</strong> mobilização social, dando visibilida<strong>de</strong> às reuniões <strong>de</strong> conselhos,sindicatos e cooperativas, <strong>de</strong>stacando as pautas e assuntos a serem tratados, econvocando a população a participar ativamente <strong>de</strong> tais espaços. É importante73


<strong>de</strong>stacar a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> abrir as portas da rádio <strong>para</strong> <strong>de</strong>monstr<strong>ações</strong>espontâneas e programas i<strong>de</strong>alizados e produzidos pela própria comunida<strong>de</strong>.• Promover, em parceria com empresários e comércio local, concursos <strong>de</strong>música, poesias e outras <strong>de</strong>monstr<strong>ações</strong> artístico-culturais com a temáticado saneamento, saú<strong>de</strong>, <strong>educação</strong> e meio ambiente, apresentando um perfilcooperativo e articulando junto à rádio comunitária, carros <strong>de</strong> som e outrosmeios disponíveis, a ampla divulgação do concurso. O processo <strong>de</strong>ve culminarem um evento que dê visibilida<strong>de</strong> às produções e oportunida<strong>de</strong> à comunida<strong>de</strong><strong>de</strong> escolher os vencedores, premiando o bairro ao qual o candidato vencedorfaz parte, com alguma melhoria <strong>de</strong> repercussão coletiva, como a reforma <strong>de</strong>uma praça, entre outras possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> premiação. Propor periodicida<strong>de</strong>dos eventos (anual, semestral etc) <strong>para</strong> incentivar a continuida<strong>de</strong> dos cuidadoscom as questões locais. A idéia é <strong>de</strong> que sejam permanentes.• Articular, junto à companhia responsável pelos serviços <strong>de</strong> saneamento, aprefeitura, comércio local, setor empresarial, Universida<strong>de</strong>s, artistas locais ea comunida<strong>de</strong> em geral, as condições necessárias <strong>para</strong> a constituição <strong>de</strong> umgrupo <strong>de</strong> teatro que atue <strong>de</strong> forma permanente na produção <strong>de</strong> esquetes sobrequestões relacionadas ao saneamento, saú<strong>de</strong>, meio ambiente e <strong>educação</strong> <strong>para</strong>serem apresentadas, tanto nas visitas realizadas à companhia <strong>de</strong> saneamentoquanto nas escolas do município.• Articular, junto à COSAFOR e à Secretaria <strong>de</strong> Educação, a realização <strong>de</strong> umconcurso entre os jovens do município <strong>para</strong> escolher as peças comunicativasque acompanharão as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>educação</strong> <strong>ambiental</strong> <strong>de</strong>senvolvidas pelaCompanhia.• Promover, em parceria com a Universida<strong>de</strong>, Ongs e Coletivo Educador, arealização <strong>de</strong> oficinas com a participação da comunida<strong>de</strong> local, <strong>para</strong> a elaboração<strong>de</strong> jornais impressos, cartilhas, cor<strong>de</strong>l, fanzines e outros materiais didáticoscontextualizados aos costumes locais, abordando questões relacionadas aotratamento e fornecimento <strong>de</strong> água, doenças <strong>de</strong> veiculação hídrica, a coleta e<strong>de</strong>stinação do resíduo sólido, esgotamento sanitário, dinâmica e <strong>de</strong>safios dadrenagem <strong>de</strong> águas pluviais, entre outros temas <strong>de</strong> relevância.• Estimular a divulgação das <strong>ações</strong> <strong>de</strong> <strong>educação</strong> <strong>ambiental</strong>, processos <strong>de</strong>mobilização social e, em especial, as <strong>ações</strong> <strong>de</strong> educomunicação nas re<strong>de</strong>s <strong>de</strong><strong>educação</strong> <strong>ambiental</strong> e outros espaços virtuais <strong>de</strong> relacionamento.• Promover a exibição <strong>de</strong> filmes com a temática <strong>ambiental</strong> <strong>de</strong> forma itinerantenas praças do município (cinema na praça).74


• Articular em parceria com os diversos segmentos envolvidos a estruturação <strong>de</strong>um barco que trafegue pelas águas do rio das Antas disponibilizando materiaisdidáticos, realizando oficinas, exibindo filmes, encenando peças <strong>de</strong> teatro eoutras ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>educação</strong> <strong>ambiental</strong>, voltadas <strong>para</strong> as comunida<strong>de</strong>s quevivem nas margens do rio.• Articular, junto à Secretaria Municipal <strong>de</strong> Educação e comunida<strong>de</strong> escolar, oestímulo e difusão dos jornais, fanzines (um tipo <strong>de</strong> publicação gráfica muitocomum entre os jovens) e rádios escolares como instrumentos <strong>de</strong> comunicaçãonas escolas, <strong>de</strong>stacando a inserção <strong>de</strong> tais ativida<strong>de</strong>s em seu projeto políticopedagógico.• Articular, junto à Prefeitura e à Companhia <strong>de</strong> Saneamento, a produção edisponibilização <strong>de</strong> página na internet, blogs e outros meios virtuais <strong>para</strong> divulgar,<strong>de</strong> forma atualizada e contextualizadas, as <strong>ações</strong> por elas <strong>de</strong>senvolvidas, assimcomo as inform<strong>ações</strong> e acontecimentos relevantes na área <strong>de</strong> saneamento,saú<strong>de</strong> e meio ambiente.• Criar o serviço <strong>de</strong> ouvidoria pública como possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atendimento às<strong>de</strong>mandas, reclam<strong>ações</strong> e sugestões da comunida<strong>de</strong>.• Revitalizar as praças e outros espaços públicos do município, introduzindo oua<strong>de</strong>quando coretos, arenas e outros círculos <strong>de</strong> convívio, a fim <strong>de</strong> possibilitara reunião <strong>de</strong> pessoas e <strong>de</strong>monstr<strong>ações</strong> artístico-culturais programadas ouespontâneas.• Descentralizar parte do acervo da biblioteca pública e organizar uma campanha<strong>de</strong> doação <strong>de</strong> livros <strong>para</strong> montar “estantes literárias”, que po<strong>de</strong>m ficar dispostasem pontos <strong>de</strong> ônibus, praças e outros locais <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> circulação, visandodisponibilizar <strong>para</strong> a população literatura sobre os mais diversos temas, emespecial os relacionados à <strong>educação</strong>, cultura popular e meio ambiente. Acomunida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> acessar os livros com o compromisso <strong>de</strong> <strong>de</strong>volvê-losem algum dos pontos disponíveis. Assim, estimula-se o hábito da leitura, ocomprometimento com o bem público e coletivo, e abre-se espaço <strong>para</strong> outras<strong>de</strong>monstr<strong>ações</strong> culturais.• Realizar, em cada bairro do município, uma oficina com a participação <strong>de</strong>pessoas que representem a diversida<strong>de</strong> social local, promover caminhadas evisitas <strong>de</strong> campo, e elaborar o “biomapa” do bairro, inserindo e <strong>de</strong>stacando osprincipais equipamentos públicos, a infra-estrutura <strong>de</strong> saneamento existente, osprincipais problemas urbanos, as potencialida<strong>de</strong>s locais, espaços <strong>de</strong> convíviocoletivo, <strong>de</strong>mandas prioritárias e outros aspectos relevantes <strong>para</strong> a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>75


do bairro. Tal ativida<strong>de</strong> é parte fundamental do planejamento da requalificaçãodo espaço urbano, e valorização da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> dos bairros do município.• Produzir e disponibilizar cartilhas e materiais didáticos direcionados àcomunida<strong>de</strong>, promover peças <strong>de</strong> teatro, rodas <strong>de</strong> leitura, contos e “causos”,realizar oficinas <strong>de</strong> <strong>educação</strong> <strong>ambiental</strong>, entre outras diversas possibilida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> <strong>ações</strong> <strong>de</strong> cunho educador, que abor<strong>de</strong>m as questões relacionadas aosaneamento, saú<strong>de</strong>, meio ambiente e cultura, em festas típicas e regionais,ocasiões e datas especiais como o dia da árvore, da água, do meio ambiente,entre outros.• Promover, em parceria com a Universida<strong>de</strong>, ONGs e Coletivo Educador,a realização <strong>de</strong> cursos <strong>de</strong> formação voltados <strong>para</strong> a educomunicação,<strong>de</strong>stacando a utilização intencional, autônoma e direcionada dos meios eveículos <strong>de</strong> comunicação, assim como a produção <strong>de</strong> informação relacionadaà <strong>educação</strong> <strong>ambiental</strong>, com o propósito <strong>de</strong> capacitar os diversos atoressociais interessados a i<strong>de</strong>ntificar nos meios <strong>de</strong> comunicação, e em outras<strong>de</strong>monstr<strong>ações</strong> artístico-culturais, o potencial <strong>de</strong> contribuição <strong>para</strong> a <strong>educação</strong>da população e a melhoria das condições <strong>de</strong> vida do município.• Elaborar, <strong>de</strong> modo participativo com a comunida<strong>de</strong>, e veicular, nos diversosmeios disponíveis, campanhas com o foco direcionado a questões específicascomo:a) Cuidados e medidas necessárias <strong>para</strong> o combate às doenças <strong>de</strong>veiculação hídrica, à <strong>de</strong>ngue e outras epi<strong>de</strong>mias;b) Estímulo à produção <strong>de</strong> mudas <strong>para</strong> o plantio <strong>de</strong> árvores nativasfrutíferas, medicinais, condimentares e ornamentais nos pátios equintais, buscando contribuir <strong>para</strong> a <strong>de</strong>scompactação do solo e aconseqüente melhoria na drenagem urbana;c) Se<strong>para</strong>ção e coleta seletiva dos resíduos sólidos produzidos;d) Compostagem e outras formas <strong>de</strong> reaproveitamento dos resíduosorgânicos;e) Estímulo e fomento à implementação e utilização <strong>de</strong> fossassépticas, banheiros secos e outras tecnologias apropriadas <strong>para</strong> oesgotamento sanitáriof) Captação, armazenamento e utilização da água da chuva.76


FORMAÇÃO DE EDUCADORES AMBIENTAIS POPULARESAo se pensar em <strong>de</strong>senvolver intervenções <strong>de</strong> <strong>educação</strong> <strong>ambiental</strong> que apresentemum caráter continuado e transformador a formação <strong>de</strong> educadores <strong>de</strong>ve ter umaespecial atenção.Hoje, existem inúmeros educadores ambientais populares em todo o territórionacional <strong>de</strong>senvolvendo diversas <strong>ações</strong> <strong>de</strong> <strong>educação</strong> <strong>ambiental</strong> em saneamento. Afim <strong>de</strong> estimular e qualificar essas <strong>ações</strong> é importante que o processo <strong>de</strong> formação <strong>de</strong>educadores ambientais tenha uma continuida<strong>de</strong>. Tal processo é importante também<strong>para</strong> ampliar o número <strong>de</strong> pessoas engajadas com a questão, bem como trazer <strong>para</strong>seu cotidiano o <strong>de</strong>bate sobre o problema socio<strong>ambiental</strong>.Nessa perspectiva, é fundamental envolver as pessoas, grupos e instituições queatuam em processos formativos na região, <strong>de</strong>stacando as universida<strong>de</strong>s, ColetivosEducadores, centros <strong>de</strong> pesquisa, Escolas Técnicas, Ongs, associ<strong>ações</strong>, movimentossociais, entre outros grupos, no sentido <strong>de</strong> promover a formação dos diversos atoressociais envolvidos, seja por meio <strong>de</strong> disciplinas regulares, cursos <strong>de</strong> extensão, oficinastemáticas, visitas técnicas coor<strong>de</strong>nadas, cursos modulares, e inúmeras outraspossibilida<strong>de</strong>s.Os processos <strong>de</strong> formação <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ados <strong>de</strong>vem buscar uma perspectiva <strong>de</strong>continuida<strong>de</strong> e permanência, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da pontualida<strong>de</strong> dos recursos investidos.Devem ser elaborados, implementados e avaliados COM a comunida<strong>de</strong> como um todo.Portanto, não <strong>de</strong>ve ser um processo i<strong>de</strong>alizado PARA a comunida<strong>de</strong> e sim construídoCOM a comunida<strong>de</strong>.Listamos a seguir algumas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s que po<strong>de</strong>m compor umprocesso continuado <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> educadores ambientais <strong>para</strong> o município <strong>de</strong>Águas Fortes:77


• Realizar um mapeamento socio<strong>ambiental</strong> da região contendo as instituiçõesque atuam com <strong>educação</strong> <strong>ambiental</strong> e saneamento, as <strong>ações</strong> <strong>de</strong>senvolvidas,as problemáticas e potencialida<strong>de</strong>s do território e outras questões importantessobre o saneamento da região. Conhecer o território é fundamental <strong>para</strong> se<strong>de</strong>linear uma proposta <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> educadores ambientais condizente comas expectativas e <strong>de</strong>mandas locais. Além disso, o próprio processo <strong>de</strong> planejare realizar o mapeamento já estimula reflexões importantes, contribuindo <strong>para</strong> aformação do educador <strong>ambiental</strong> popular.• Interagir com os municípios vizinhos <strong>para</strong> a constituição <strong>de</strong> um grupo mais amplocom experiência em <strong>educação</strong> <strong>ambiental</strong>, mobilização social e saneamento, umavez que em Águas Fortes há um número reduzido <strong>de</strong> instituições <strong>para</strong> promoverum processo qualificado <strong>de</strong> formação. Para a constituição <strong>de</strong>sse grupo haveráuma reunião <strong>para</strong> i<strong>de</strong>ntificar as instituições interessadas e a forma com quepo<strong>de</strong>m contribuir <strong>para</strong> a elaboração <strong>de</strong> um processo <strong>de</strong> formação permanenteda população dos municípios que serão envolvidos. Po<strong>de</strong>-se também i<strong>de</strong>ntificaruma instituição em cada município que se disponha a mapear e articular as<strong>de</strong>mais. A idéia é que esse grupo <strong>de</strong> instituições <strong>de</strong>senvolva, coletivamente,uma proposta <strong>de</strong> formação aproveitando a experiência das instituições econsi<strong>de</strong>rando as <strong>de</strong>mandas locais. É importante que se consi<strong>de</strong>re o saberacadêmico e o popular, e que se construa um cardápio <strong>de</strong> aprendizagem queseja caracterizado pela possibilida<strong>de</strong> do educando acessar os conteúdos queachar importantes <strong>para</strong> seu aprendizado e condizentes com a sua prática.• Promover oficinas, minicursos e workshops temáticos em caráter permanente,<strong>para</strong> fomentar e animar a ação dos educadores ambientais populares.• Estimular os educadores ambientais <strong>para</strong> que atuem na formação <strong>de</strong> outroseducadores que, por sua vez, estarão atuando diretamente em seu bairro.A prática <strong>de</strong> formar outros educadores ambientais traz consigo uma ricaoportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aprendizagem. Uma outra possibilida<strong>de</strong> é estimular que oseducandos constituam grupos em seu bairro e <strong>de</strong>senvolvam projetos locaissobre <strong>educação</strong> <strong>ambiental</strong> em saneamento.• I<strong>de</strong>ntificar os atores sociais a serem envolvidos no processo <strong>de</strong> formação,<strong>de</strong>finindo o número <strong>de</strong> pessoas, estratégia <strong>para</strong> potencializar a abrangênciadas ativida<strong>de</strong>s, assim como, a capilarida<strong>de</strong> do processo <strong>de</strong> formação.• Mapear a estrutura pública disponível no município e a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> apoioinstitucional <strong>para</strong> disponibilização <strong>de</strong> espaço <strong>para</strong> realização <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s78


educativas, veículos <strong>para</strong> <strong>de</strong>slocamento dos participantes, alimentação, apoiopedagógico, entre outras necessida<strong>de</strong>s.• Legitimar o processo <strong>de</strong> formação <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ado, procurando envolveruniversida<strong>de</strong>s e outras instituições que possam emitir certificados <strong>de</strong>participação no processo.• Estimular e apoiar a constituição <strong>de</strong> grupos populares em cada bairro, que seproponham a estudar a questão socio<strong>ambiental</strong> da região, refletir coletivamentee intervir em sua realida<strong>de</strong>. Esses grupos po<strong>de</strong>m trazer <strong>para</strong> a pauta cotidianaquestões relacionadas ao saneamento, temática que está estritamente ligadaàs questões ambientais e à qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida.• Estimular a constituição e o fortalecimento <strong>de</strong> estruturas educadoras quetenham intencionalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> educar, contribuindo com o processo <strong>de</strong> formação<strong>de</strong> educadores ambientais. Salas ver<strong>de</strong>s, viveiros <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> mudas eest<strong>ações</strong> <strong>de</strong> tratamento <strong>de</strong> esgoto, são apenas alguns dos exemplos <strong>de</strong>estruturas que po<strong>de</strong>m assumir esse papel educador.• Elaborar, em parceria com a Universida<strong>de</strong>, um processo <strong>de</strong> formação àdistância integrado com as <strong>ações</strong> <strong>de</strong> formação presenciais. Tal medida, além<strong>de</strong> incentivar a inclusão digital, busca aumentar a abrangência e capilarizaçãodos processos <strong>de</strong>senvolvidos.• Estabelecer contato com a CIEAs do estado (Comissão Interinstitucional <strong>de</strong>Educação Ambiental), prefeituras vizinhas e outras instituições públicas, tantoestaduais quanto fe<strong>de</strong>rais, com o intuito <strong>de</strong> mapear as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>parcerias, acesso a recursos e participação em programas, projetos e <strong>ações</strong>governamentais.• Articular com o núcleo regional da ReCESA (Re<strong>de</strong> Nacional <strong>de</strong> Capacitação eExtensão Tecnológica em Saneamento Ambiental) a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acessar osmateriais pedagógicos produzidos e contribuir com a formação dos servidoresda COSAFOR.• Elaborar materiais didáticos contextualizados à realida<strong>de</strong> local.79


Implantação <strong>de</strong> práticas e tecnologias socioambientais• Organizar, junto à prefeitura municipal e às escolas do município, as condiçõesnecessárias <strong>para</strong> a realização <strong>de</strong> visitas técnicas a COSAFOR, apresentando <strong>de</strong>que forma o esgoto da cida<strong>de</strong> é tratado, utilizando esquetes teatrais, e outrosinstrumentos pedagógicos em uma ação <strong>de</strong> Educação Ambiental que <strong>de</strong>veprimar pela reflexão e estímulo ao posicionamento crítico diante dos problemassocioambientais do município.• Desenvolver oficinas que tenham como foco capacitar e estimular a populaçãoa implementar estruturas <strong>de</strong> captação <strong>de</strong> água da chuva em suas residências.• Promover e incentivar a implementação <strong>de</strong> viveiros <strong>de</strong> espécies nativas naprefeitura, escolas e domicílios como espaços educadores, buscando recuperaras áreas <strong>de</strong>gradadas do município, implementar pomares nos quintais e iniciarprocessos <strong>de</strong> arborização urbana.• Promover oficinas voltadas <strong>para</strong> o <strong>de</strong>bate junto à comunida<strong>de</strong> no sentido<strong>de</strong> apresentar as diversas tecnologias sociais existentes <strong>para</strong> a captação <strong>de</strong><strong>de</strong>jetos humanos, como: banheiros secos, tanques <strong>de</strong> evapotranspiração eoutras fossas ecológicas, visando a escolha do mo<strong>de</strong>lo mais a<strong>de</strong>quado <strong>para</strong> ascomunida<strong>de</strong>s e, em seguida, articular meios <strong>para</strong> operacionalizar sua instalação.• Disponibilizar <strong>de</strong> forma periódica, e em parceria com o Instituto <strong>de</strong> Permacultura,cursos <strong>de</strong> bioconstruções, privilegiando a utilização <strong>de</strong> materiais apropriados<strong>para</strong> a edificação dos domicílios disponíveis na região, e com isso, promoveruma melhoria nas condições <strong>de</strong> vida da população.• Estimular a implantação <strong>de</strong> sistemas <strong>de</strong> compostagem <strong>de</strong> matéria orgânica nascomunida<strong>de</strong>s rurais do município.• Desenvolver cursos nos bairros voltados <strong>para</strong> a produção <strong>de</strong> sabão,reaproveitando o óleo <strong>de</strong> cozinha.80


É importante <strong>de</strong>stacar que as estratégias apresentadas acima <strong>para</strong> a mobilizaçãosocial, educomunicação, formação <strong>de</strong> educadores ambientais populares e implantação<strong>de</strong> práticas e tecnologias socioambientais são apenas sugestões construídas,preliminarmente, e alinhadas com os princípios e diretrizes do programa.O objetivo <strong>de</strong>ste exercício é apenas aguçar a capacida<strong>de</strong> criativa das pessoasque acessarem o material, estimulando-as a construir novas propostas pautadas nosconceitos <strong>de</strong>stacados pelo programa.A riqueza <strong>de</strong>ste processo está na criação <strong>de</strong> estratégias i<strong>de</strong>alizadas <strong>para</strong> cadacontexto, assumindo as peculiarida<strong>de</strong>s locais e abrindo espaço <strong>para</strong> a criativida<strong>de</strong>, não<strong>de</strong>vendo ficar restrita às referências oferecidas. Certamente, um número muito gran<strong>de</strong><strong>de</strong> outras possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>vem ser buscadas e exercitadas.Assim, fica o convite <strong>para</strong> que as pessoas, grupos e instituições que venham a atuarcom <strong>educação</strong> <strong>ambiental</strong> e mobilização social em saneamento busquem <strong>de</strong>senvolverprocessos educativos sintonizados com esta proposta.3.4. Monitoramento e avaliação do processoDurante e <strong>de</strong>pois da realização do diagnóstico e da intervenção, é importante<strong>de</strong>senvolver métodos e técnicas <strong>para</strong> o monitoramento e a avaliação dos trabalhos.Monitorar um trabalho significa acompanhar o processo <strong>de</strong> execução das <strong>ações</strong>. Omonitoramento possibilita apontar o que <strong>de</strong>u certo e aquilo que necessita ser modificado<strong>para</strong> se chegar ao objetivo <strong>de</strong>sejado; ou seja, o monitoramento possibilita a avaliação.Oficina PEAMSS – Rio <strong>de</strong> Janeiro – arquivo SNSA/M. Cida<strong>de</strong>s


Quando são criadas condições <strong>para</strong> o monitoramento é possível realizar umaavaliação criteriosa e cuidadosa, possibilitando uma revisão das <strong>ações</strong> até entãoimplementadas, e dar continuida<strong>de</strong> aos trabalhos com mais segurança.Contudo, <strong>para</strong> a realização do monitoramento e posterior avaliação, é necessáriocriar indicadores. Os indicadores são parâmetros, que uma vez <strong>de</strong>finidos, indicam oque está acontecendo.Em uma ação <strong>de</strong> capacitação em <strong>educação</strong> <strong>ambiental</strong> em saneamento po<strong>de</strong>m sercriados vários indicadores, como o número <strong>de</strong> pessoas capacitadas, a abrangênciaterritorial da capacitação, habilida<strong>de</strong>s e competências adquiridas etc.Buscar ou criar indicadores é uma tarefa que o grupo <strong>de</strong> trabalho <strong>de</strong>ve fazer logoque as ativida<strong>de</strong>s relativas ao diagnóstico ao plano <strong>de</strong> intervenções sejam traçadas.Quanto mais claros estiverem os objetivos <strong>para</strong> o grupo, mais facil será a <strong>de</strong>finiçãodos indicadores.Muitas vezes os indicadores po<strong>de</strong>m ser apresentados em forma <strong>de</strong> perguntas.Questões que possibilitem compreen<strong>de</strong>r se o que foi planejado foi executado são boaspráticas <strong>para</strong> o monitoramento das <strong>ações</strong>.As sugestões <strong>de</strong> indicadores apresentadas abaixo se referem às <strong>ações</strong> <strong>de</strong><strong>educação</strong> <strong>ambiental</strong> em saneamento, on<strong>de</strong> são avaliadas as <strong>ações</strong> <strong>de</strong> informação,mobilização e formação.Tais sugestões não esgotam as possibilida<strong>de</strong>s, uma vez que os indicadores po<strong>de</strong>mser criados caso a caso, além <strong>de</strong> iniciarem discussões sobre sua pertinência e ampliaçãodo foco inicial <strong>para</strong> um contexto mais amplo. Todavia, são iniciadas discussões sobresua pertinência.a) Indicadores e critérios <strong>de</strong> avaliação <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho <strong>para</strong> a açãodiagnósticaDurante a realização e ao final do diagnóstico alguns questionamentos po<strong>de</strong>mser feitas <strong>para</strong> o monitoramento e a avaliação do <strong>de</strong>sempenho dos trabalhos:(1) O diagnóstico está sendo (ou foi) realizado em toda a comunida<strong>de</strong>?Há (ou houve) dificulda<strong>de</strong>s <strong>para</strong> realizá-lo? Qual o percentual da áreadiagnosticada?(2) As questões sugeridas <strong>para</strong> a realização do diagnóstico nos diferentestemas (infra-estrutura; qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> serviços; legislação; programas epolíticas públicas; participação e controle social; <strong>educação</strong> <strong>ambiental</strong>;82


impacto <strong>ambiental</strong> e tecnologias sociais) estão sendo (ou foram)totalmente respondidas? Há (ou houve) dificulda<strong>de</strong>s <strong>para</strong> respondê-las?Qual o percentual <strong>de</strong> questões respondidas?(3) Todos os atores sociais do Grupo <strong>de</strong> Trabalho estão (ou estiveram)envolvidos na realização do diagnóstico? Todos estão realizando (ourealizaram) as tarefas as quais se responsabilizaram? Quantos participam(ou partici<strong>para</strong>m)? Qual o percentual? A composição do Grupo <strong>de</strong>Trabalho é paritária?(4) Está havendo (ou houve) incorporação <strong>de</strong> outros atores sociais durantea realização do diagnóstico? Quantas pessoas ingressaram no Grupo <strong>de</strong>Trabalho? Qual o percentual?(5) Está havendo (ou houve) a colaboração da comunida<strong>de</strong> na realização dodiagnóstico? Qual o percentual <strong>de</strong> colaboração?(6) O diagnóstico está sendo (ou foi) cumprido no tempo <strong>de</strong>finido?b) Indicadores e critérios <strong>de</strong> avaliação <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho <strong>para</strong> as <strong>ações</strong><strong>de</strong> implementação(1) Foram apresentadas no plano <strong>de</strong> implementação, <strong>ações</strong> <strong>para</strong> soluçãoou minimização dos problemas comunitários diagnosticados e priorizados?(2) Os problemas i<strong>de</strong>ntificados no diagnóstico participativo tiveramprocessos <strong>de</strong> enfrentamento iniciados? Qual o percentual atingido?(3) As <strong>ações</strong> <strong>de</strong> <strong>educação</strong> <strong>ambiental</strong> estão sendo (ou foram) realizadas damaneira como foram planejadas? Qual o percentual <strong>de</strong> <strong>ações</strong> <strong>de</strong>senvolvidas?(4) Em relação aos trabalhos <strong>de</strong> capacitação em <strong>educação</strong> <strong>ambiental</strong> –qual a quantida<strong>de</strong> e percentual <strong>de</strong> cursos, palestras e oficinas que estãosendo <strong>de</strong>senvolvidos (ou foram <strong>de</strong>senvolvidos)? Atingiram os objetivospropostos?(5) Qual o percentual <strong>de</strong> pessoas que participam (ou partici<strong>para</strong>m) doscursos, palestras e oficinas?(6) As <strong>ações</strong> <strong>de</strong> educomunicação em <strong>educação</strong> <strong>ambiental</strong> estão sendo(ou foram) executadas como planejadas?83


(7) Quais os meios <strong>de</strong> comunicação (rádio, jornais, TV, panfletos etc) queestão sendo (ou que foram) acionados a participar do processo?(8) As <strong>ações</strong> <strong>de</strong> controle social sobre as intervenções em saneamentoestão sendo (ou foram) realizadas?(9) A comunida<strong>de</strong> está (ou esteve) mobilizada a compartilhar das <strong>ações</strong>em <strong>educação</strong> <strong>ambiental</strong> em saneamento promovidas?(10) Todos os atores sociais do Grupo <strong>de</strong> Trabalho estão (ou estiveram)envolvidos nas <strong>ações</strong>?(11) Há (ou houve) recursos <strong>para</strong> a implementação das <strong>ações</strong> plenamente?De on<strong>de</strong> vieram?As questões acima possibilitam i<strong>de</strong>ntificar se o grupo <strong>de</strong> trabalho está conseguindo<strong>de</strong>sempenhar os trabalhos que foram <strong>de</strong>terminados e, ainda, se a conclusão dosmesmos foi a contento. Aplicar os indicadores durante o processo é importante <strong>para</strong> quese redirecione os trabalhos, caso estes não venham acontecendo satisfatoriamente.É possível corrigir os erros <strong>para</strong> que, ao final, os resultados possam ser plenamenteatingidos. Muitas vezes, quando o <strong>de</strong>sempenho dos trabalhos não é satisfatório, po<strong>de</strong>ser que os objetivos não estejam claros <strong>para</strong> o grupo <strong>de</strong> trabalho. Sendo assim, énecessário rediscutí-los <strong>para</strong> que todos saibam o que querem e qual o caminho maisapropriado <strong>para</strong> concluir com êxito os trabalhos.Uma vez respondidas as questões, po<strong>de</strong>-se estabelecer critérios <strong>de</strong> avaliação <strong>de</strong><strong>de</strong>sempenho dos trabalhos, que <strong>de</strong>vem ser simples, claros e diretos. Um bom exemploé utilizar percentual <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho. Abaixo está <strong>de</strong>stacado um exemplo:• 00 a 20% - Desempenho Muito Fraco• 20 a 40% - Desempenho Fraco• 40 a 60% - Desempenho Médio• 60% a 80% - Desempenho Muito Bom• Acima <strong>de</strong> 80% - Desempenho Excelente84


A partir do percentual <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho tem-se a idéia da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalhoexecutado e quanto se tem a caminhar <strong>para</strong> atingir todos os objetivos. Quando o<strong>de</strong>sempenho é “Fraco” ou “Muito Fraco”, há muito a ser corrigido, como, por exemplo,rever os objetivos numa discussão coletiva com o Grupo <strong>de</strong> Trabalho, rever asestratégias e dar novos rumos ao trabalho. O <strong>de</strong>sempenho “Excelente” significa queo caminho adotado foi correto e <strong>de</strong>ve ser mantido. Contudo, <strong>de</strong>ve-se ressaltar que omonitoramento e a avaliação <strong>de</strong>vem ser constantes ao longo do processo, <strong>para</strong> que o<strong>de</strong>sempenho das <strong>ações</strong> se mantenha satisfatoriamente.3.5. Sistematização do processoA sistematização <strong>de</strong>scritiva e analítica das <strong>ações</strong> <strong>de</strong>flagradas é necessária <strong>para</strong> queo processo <strong>de</strong> <strong>educação</strong> <strong>ambiental</strong> <strong>de</strong>senvolvido seja uma referência. São inform<strong>ações</strong>sobre o histórico do processo, as metodologias utilizadas, as comunida<strong>de</strong>s assistidas,as principais dificulda<strong>de</strong>s e lacunas encontradas, além das experiências exitosas.Em geral a sistematização é uma etapa negligenciada no processo. Promoverreferências que po<strong>de</strong>m ou não ser positivas, mas que certamente trarão aprendizado aoutros grupos que venham a <strong>de</strong>senvolver processos semelhantes é essencial. A evoluçãodo processo está intimamente ligada à capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r com as experiênciasvividas. Nesse sentido, fica o estímulo <strong>para</strong> que os grupos que venham a atuar com<strong>educação</strong> <strong>ambiental</strong> e mobilização social em saneamento busquem sistematizar <strong>de</strong>forma fiel, isenta e qualificada as experiências <strong>de</strong>senvolvidas. As possibilida<strong>de</strong>s sãodiversas, e po<strong>de</strong>m ser expressas em textos, ví<strong>de</strong>os, entrevistas, grav<strong>ações</strong> e o quemais a criativida<strong>de</strong> permitir.85


ANEXOS


I. Metodologias <strong>de</strong> diagnóstico participativoa – BiomapaÉ uma metodologia participativa utilizada na etapa <strong>de</strong> sensibilização, diagnóstico,planejamento e gestão das <strong>ações</strong> em uma <strong>de</strong>terminada localida<strong>de</strong>. Consiste naelaboração <strong>de</strong> mapas com a participação e o conhecimento da comunida<strong>de</strong>, dogoverno local e <strong>de</strong> técnicos <strong>para</strong> i<strong>de</strong>ntificar e enten<strong>de</strong>r os vários elementos biofísicose socioculturais <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado ambiente. Como este mapeamento está baseadonas inter-rel<strong>ações</strong> do ambiente com as ativida<strong>de</strong>s humanas, a comunida<strong>de</strong> passa ase i<strong>de</strong>ntificar cada vez mais com seu entorno, permitindo uma maior percepção dosimpactos diretos e indiretos que suas <strong>ações</strong> causam no meio.É um documento legítimo <strong>de</strong> informação e planejamento <strong>de</strong> um <strong>de</strong>terminado local,o que contribui <strong>para</strong> a tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisões consensuais entre a comunida<strong>de</strong> e outrasorganiz<strong>ações</strong> públicas ou privadas.É uma estratégia que promove o conhecimento popular por meio <strong>de</strong> diversasdimensões (ética, social, econômica, cultural, <strong>ambiental</strong>, educativa e outros), quecompõem a realida<strong>de</strong> das comunida<strong>de</strong>s estudadas.O Biomapa construído po<strong>de</strong> ainda ser utilizado como uma base <strong>de</strong> informaçãofacilmente monitorável e atualizável das mudanças ocorridas.O Biomapa tem como objetivos:1) instituir uma ferramenta efetiva <strong>de</strong> comunicação e <strong>de</strong> <strong>de</strong>mocratização dagestão entre o po<strong>de</strong>r público local e os moradores da região;2) i<strong>de</strong>ntificar <strong>de</strong>mandas da comunida<strong>de</strong> referentes à melhoria da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>vida e à conservação dos recursos naturais locais, sob a ótica dos própriosmoradores e,3) orientar o planejamento e execução <strong>de</strong> <strong>ações</strong> pautadas nas necessida<strong>de</strong>sprimordiais do local e da comunida<strong>de</strong>, compatibilizadas com as políticaspúblicas do município.Como fazer um Biomapa?Para iniciar as ativida<strong>de</strong>s, o grupo coor<strong>de</strong>nador <strong>de</strong>ve disponibilizar mapas impressos(base cartográfica) do local a ser mapeado, assim como os materiais que serão utilizados(<strong>de</strong>senho e pintura, recortes, símbolos etc.). Os mapas <strong>de</strong>vem ser impressos em escalacompatível com os itens a serem <strong>de</strong>marcados.89


Resumindo:Procedimentos iniciais:• Produzir mapas impressos do local em escala compatível com os itens a serem<strong>de</strong>marcados;• Disponibilizar material <strong>de</strong> <strong>de</strong>senho e pintura;• Ou utilizar ícones, símbolos, recortes, fotos, imagensPassos <strong>metodológico</strong>s• Divulgação ampla <strong>para</strong> a comunida<strong>de</strong>/grupo• No primeiro encontro apresentar o biomapa e os objetivos, orientando aparticipação da comunida<strong>de</strong>• I<strong>de</strong>ntificar os itens a serem mapeados (<strong>de</strong>finidos pelo grupo e coor<strong>de</strong>nadores)• Levantamento <strong>de</strong> expectativas e das rel<strong>ações</strong> dos participantes com o localestudado.• Elaboração dos biomapas (levantamento dos conhecimentos perceptivos/<strong>de</strong>sejos futuros)• Opcional: realizar ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> campo como subsídio <strong>para</strong> a elaboração dosmapas• Análise dos biomapas elaborados (“retrato” da percepção e das <strong>de</strong>mandas dacomunida<strong>de</strong>)• Realizar ativida<strong>de</strong>s <strong>para</strong> complementação das inform<strong>ações</strong> ou esclarecimentosnecessários• Definição <strong>de</strong> <strong>ações</strong>, planos e projetos <strong>para</strong> atendimento às expectativas e<strong>de</strong>mandas i<strong>de</strong>ntificadas (planejamento conjunto)• Apresentação do mapa à comunida<strong>de</strong>• Promover discussões acerca dos assuntos/idéias <strong>de</strong>batidos nos biomapas• Manter os mapas em local <strong>de</strong> fácil acesso e visibilida<strong>de</strong>• Atualizar periodicamente os biomapas90


É importante <strong>de</strong>senvolver, nos encontros iniciais, um trabalho voltado à i<strong>de</strong>ntificaçãodos participantes e <strong>de</strong> suas rel<strong>ações</strong> com o espaço e a comunida<strong>de</strong> no qual estãoinseridos. Para esta i<strong>de</strong>ntificação inicial, po<strong>de</strong>m ser utilizadas técnicas <strong>de</strong> dinâmicas<strong>de</strong> grupo, on<strong>de</strong> os conhecimentos e expectativas dos participantes serão explicitados.I<strong>de</strong>ntificação na base cartográfica dos itens a serem mapeados:• características físicas (vegetação, hidrografia, urbanização, domicílios, serviços etc.),• percepção e sensibilização (áreas e locais agradáveis, seguros, perigosos, sujos etc.), e• documentação histórica (configuração passada, processos <strong>de</strong> transformação etc.).Po<strong>de</strong>m ser elaborados um ou mais mapas <strong>de</strong> acordo com o tema ou informaçãoa ser sinalizada, bem como incorporar ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> campo, caminhadas, estudos domeio e passeios <strong>para</strong> registro <strong>de</strong> inform<strong>ações</strong> dos locais mapeados. Tais registros<strong>de</strong>vem ser transpostos <strong>para</strong> o mapa referente.Após a elaboração dos mapas, os resultados e as inform<strong>ações</strong> obtidas se configuramem um significativo “retrato” da percepção e das <strong>de</strong>mandas da comunida<strong>de</strong>, que po<strong>de</strong>ser utilizado como instrumento <strong>de</strong> conhecimento ou nos processos <strong>de</strong> planejamento egestão, como estímulo à participação popular e <strong>de</strong>mocratização e troca <strong>de</strong> inform<strong>ações</strong>e experiências entre técnicos, gestores e cidadãos.Participação da comunida<strong>de</strong> na elaboração do biomapa:• Na participação consultiva, os mapas são criados por especialistas. Aspessoas da comunida<strong>de</strong> acompanham a produção e trocam inform<strong>ações</strong> econhecimentos com estes especialistas, mas não participam ativamente nacriação dos mapas.• Na participação cooperativa, os mapas são criados em conjunto pelosespecialistas e pela comunida<strong>de</strong>, que ajuda na coleta <strong>de</strong> dados em suarepresentação no mapa. O especialista dirige e orienta o processo.• Na participação auto-dirigida os mapas são criados pela própria comunida<strong>de</strong>,que toma as <strong>de</strong>cisões sobre quais características traçar, quais inform<strong>ações</strong> sãorelevantes etc. Os especialistas são apenas consultados. Este é o método maisrepresentativo <strong>para</strong> a comunida<strong>de</strong>, mas po<strong>de</strong> não conter toda a informação<strong>de</strong>sejada se os mapas tiverem sido realizados <strong>para</strong> apenas um propósitoespecífico.Fonte <strong>de</strong> pesquisa:Biomapa – Santo André. Democratizando a gestão em áreas <strong>de</strong> mananciais. Prefeitura <strong>de</strong> Santo André, 2004.91


– Diagnóstico Rural Participativo – DRPObjetivo:O Diagnóstico Rural Participativo (DRP) é um conjunto <strong>de</strong> técnicas e ferramentasque permite que as comunida<strong>de</strong>s façam o seu próprio diagnóstico e a partir daícomecem a autogerenciar o seu planejamento e <strong>de</strong>senvolvimento. O DRP permite queos participantes compartilhem experiências e trabalhem os seus conhecimentos, afim <strong>de</strong> melhorar as suas habilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> planejamento e ação. Embora originariamentetenham sido concebidas <strong>para</strong> zonas rurais, muitas das técnicas do DRP po<strong>de</strong>m serutilizadas igualmente em comunida<strong>de</strong>s urbanas.O DRP preten<strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolver processos <strong>de</strong> pesquisa a partir das condições epossibilida<strong>de</strong>s dos participantes, baseando-se nos seus próprios conceitos, critériose trajetória <strong>de</strong> vida. Em vez <strong>de</strong> confrontar as pessoas com uma lista <strong>de</strong> perguntaspreviamente formuladas, a idéia é que os próprios participantes analisem a sua situaçãoe valorizem diferentes opções <strong>para</strong> melhorá-la. Não se preten<strong>de</strong> unicamente colherdados dos participantes, mas, sim, que estes iniciem um processo <strong>de</strong> auto-reflexãosobre os seus próprios problemas e as possibilida<strong>de</strong>s <strong>para</strong> enfrentá-los. O objetivoprincipal do DRP é apoiar a auto<strong>de</strong>terminação da comunida<strong>de</strong> pela participação e,assim, fomentar <strong>ações</strong> sustentáveis, por meio da obtenção direta <strong>de</strong> informaçãoprimária ou <strong>de</strong> "campo" na comunida<strong>de</strong>. Esta é conseguida por meio <strong>de</strong> gruposrepresentativos <strong>de</strong> seus membros, até chegar a um autodiagnóstico sobre o estado dosseus recursos naturais, sua situação econômica e social e outros aspectos importantes<strong>para</strong> a comunida<strong>de</strong>.Procedimentos utilizados:O DRP permite colher dados <strong>de</strong> maneira ágil e oportuna. Apesar <strong>de</strong> sua rapi<strong>de</strong>z,a coleta <strong>de</strong> dados não é incompleta nem superficial. Diferentemente dos métodosconvencionais <strong>de</strong> pesquisa, o DRP usa fontes diversas <strong>para</strong> assegurar uma coletacompreensível <strong>de</strong> informação, como a revisão <strong>de</strong> dados secundários, as fotografiasaéreas e imagens <strong>de</strong> satélite, a observação direta <strong>de</strong> eventos, a realização <strong>de</strong> entrevistassemi-estruturadas, a confecção <strong>de</strong> mapas e maquetes, travessias pela comunida<strong>de</strong>,calendários <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s, árvore <strong>de</strong> problemas, diagrama <strong>de</strong> Venn, análise <strong>de</strong>92


gênero, <strong>de</strong>ntre outras. O interessante é que as inform<strong>ações</strong> obtidas pelo conjunto dasferramentas utilizadas vão compor um Plano <strong>de</strong> ação Comunitária.7 passos importantes<strong>para</strong> fazer uma pesquisa <strong>de</strong> campo,mais participativa possível:1 – Fixar o objetivo do diagnóstico.2 – Selecionar e pre<strong>para</strong>r a equipe mediadora.3 – I<strong>de</strong>ntificar participantes potenciais.4 – I<strong>de</strong>ntificar as expectativas dos/as participantes no DRP.5 – Discutir as necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> informação.6 – Selecionar as ferramentas <strong>de</strong> diagnóstico.7 – Desenhar o processo do diagnóstico.Fonte <strong>de</strong> pesquisa: Diagnóstico Rural Participativo: Um guia prático. Miguel Expósito Ver<strong>de</strong>jo - Secretariada Agricultura Familiar – Ministério do Desenvolvimento Agrário.Este tópico tem o intuito apenas <strong>de</strong> introduzir questões relacionadas ao DRP. O documentocontendo inform<strong>ações</strong> mais <strong>de</strong>talhadas está disponível na íntegra no site: http://www.pronaf.gov.br/dater/arquivos/1049212317.pdf.93


II. EducomunicaçãoPara compreen<strong>de</strong>rmos a amplitu<strong>de</strong> do tema Educomunicação e sua aplicabilida<strong>de</strong>e contato com o socio<strong>ambiental</strong>ismo, é importante elucidar as diversas dimensões aque o termo remete simultaneamente:a) É um campo do conhecimento que está presente em ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> pesquisa,produção do conhecimento e formulação <strong>de</strong> diretrizes filosóficas <strong>de</strong> projetos eprogramas socioambientais;b) Refere-se à <strong>educação</strong> por meio da recepção crítica dos conteúdos da comunicação<strong>de</strong> massa – no exercício da seletivida<strong>de</strong> na escolha da programação dos meiose emprego educativo <strong>de</strong>ssas tecnologias – alfabetização e <strong>educação</strong> midiática, oque nos EUA se i<strong>de</strong>ntifica como media literacy;c) É a promoção <strong>de</strong> “ecossistemas comunicativos” 2 a partir do espaço educativo.O virtual e o presencial se articulam em teia educativa baseada nos encontros,fortalecimento <strong>de</strong> elos, comunida<strong>de</strong>s interpretativas e <strong>de</strong> informação/formação.Nesse aspecto, a experiência brasileira ainda focaliza o espaço da escola formalcomo centro irradiador do processo educomunicativo. A educomunicação, nestecaso, implica na revisão das rel<strong>ações</strong> comunicativas e <strong>de</strong> po<strong>de</strong>res entre direção,professores, pais e alunos. Cabe-nos o <strong>de</strong>safio <strong>de</strong>, no âmbito da <strong>educação</strong><strong>ambiental</strong> não-formal, repensar a promoção <strong>de</strong>sses “ecossistemas”;d) Correspon<strong>de</strong> ao movimento <strong>de</strong> gestão participativa dos meios <strong>de</strong> comunicação,<strong>de</strong>mocratização dos sistemas e <strong>de</strong>fesa do direito à comunicação. Portanto, existeenquanto campo <strong>de</strong> intervenção social. Segundo Ismar Soares, professor doNCE/USP (2004), “<strong>de</strong>scobriu-se que, há pelo menos trinta anos, uma nova práticacomunicativa vem sendo gestada no seio da cultura contemporânea, levandopensadores como Paulo Freire e agentes sociais como Herbert <strong>de</strong> Souza, o Betinho,a dar à comunicação intencionalida<strong>de</strong> educativa a partir <strong>de</strong> um compromissosocial <strong>de</strong>finido. Este compromisso <strong>de</strong>ve garantir a cada cidadão o acesso e o2Conceito <strong>de</strong> ecossistema comunicativo, embora pareça estranho do ponto <strong>de</strong> vista das ciências ambientais,é possível a partir da compreensão <strong>de</strong> uma “ecologia social”, e é uma apropriação conceitual comum aocampo da comunicação, que subsiste sempre na sua transdiciplinarida<strong>de</strong>.94


uso <strong>de</strong>mocrático dos recursos da comunicação, tendo como meta a ampliaçãoda capacida<strong>de</strong> expressiva das pessoas, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da condição social,grau <strong>de</strong> instrução, ou inserção no mercado. Deve assegurar que o postulado que<strong>de</strong>fen<strong>de</strong> o 'livre fluxo' da informação seja globalizado, superando a meta liberal <strong>de</strong>se garantir a 'liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> expressão' tão somente aos que <strong>de</strong>têm controle sobreos sistemas <strong>de</strong> meios <strong>de</strong> informação. É a partir <strong>de</strong>sse novo contexto que <strong>de</strong>finimosa Educomunicação como um campo <strong>de</strong> intervenção social”.e) Diz respeito aos processos formativos <strong>de</strong> habilida<strong>de</strong>s comunicativas.f) É a compreensão educativa da comunicação social. Esta dimensão propõe todoo esforço <strong>de</strong> ver aumentado o valor educativo na programação e o tempo <strong>de</strong>programação disponibilizado com esse fim, mesmo com a programação nãodirigida <strong>para</strong> esse objetivo, contemplando-se a transversalida<strong>de</strong> do processoeducativo que po<strong>de</strong> caber em toda essa programação. É pensada a partir dapercepção do papel formador dos conteúdos dos meios <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong>massa on<strong>de</strong>, muitas vezes, predominam a disseminação <strong>de</strong> valores <strong>de</strong> consumoinsustentável e a falta <strong>de</strong> uma perspectiva educativa na relação com seus públicos.Princípios norteadores1º – Compromisso com o Diálogo Permanente e ContinuadoPelo princípio do diálogo, a educomunicação socio<strong>ambiental</strong> <strong>de</strong>ve promover ainclusão <strong>de</strong> atores e perspectivas, com valorização <strong>de</strong> experiências acumuladas, bemcomo <strong>de</strong> novos modos <strong>de</strong> ver e novas formas <strong>de</strong> fazer, sempre pelo bem comum. Istoexige ampliação dos espaços <strong>de</strong> diálogo e <strong>de</strong> argumentação e contra-argumentação,dando materialida<strong>de</strong> ao controle social. Uma ação não-competitiva, inclusive no campoi<strong>de</strong>ológico, mas lúcida no seu papel <strong>de</strong> dar visibilida<strong>de</strong> e escuta à diversida<strong>de</strong>. Noâmbito <strong>de</strong> uma política pública é uma ação recíproca entre governo e socieda<strong>de</strong>.2º - Compromisso com a Interativida<strong>de</strong> e produção participativa<strong>de</strong> conteúdosA interativida<strong>de</strong> na educomunicação socio<strong>ambiental</strong> significa, principalmente,canalizar a ação comunicativa advinda dos educadores ambientais, e não apenas95


levar-lhes informação e conhecimento pré-editado. Na perspectiva educomunicadoratoda a produção <strong>de</strong> conteúdos <strong>de</strong>ve ser aberta e participativa sem domínio <strong>de</strong>tecnologia e <strong>de</strong> saberes espacializados, que imponham suas competências por méritoacadêmico. Portanto, ela atenta contra toda a reserva <strong>de</strong> mercado <strong>para</strong> profissionais<strong>de</strong> comunicação. Neste sentido, um educomunicador popular faz uma operação<strong>de</strong>sespecializada nas duas direções: absorve a <strong>educação</strong> e a comunicação não sócomo <strong>de</strong>ver <strong>de</strong> instituições e profissionais constituídos, mas a <strong>de</strong> todo cidadão que lutapela sustentabilida<strong>de</strong>.3º – Compromisso com a Transversalida<strong>de</strong>Uma comunicação <strong>para</strong> a sustentabilida<strong>de</strong> socio<strong>ambiental</strong> que não se contentecom um discurso especializado em ecologia, mas tenha clareza <strong>de</strong> suas interfaces comtodos os campos <strong>de</strong> saber envolvidos na questão socio<strong>ambiental</strong>, e com as produçõesdiscursivas <strong>de</strong> função estética, pedagógica, espiritualista, jurídica, histórica etc.É transversal também no uso <strong>de</strong> formatos, com o uso múltiplo e compartilhado dasdiversas formas <strong>de</strong> mídia. Busca-se, também, valorizar as formas <strong>de</strong> intermídia, istoé, sempre que possível conjugar e articular entre si diferentes modos <strong>de</strong> canalizar ainformação..Por exemplo, a programação <strong>de</strong> rádio po<strong>de</strong> ser distribuída por emissoras,por páginas eletrônicas e por CD-ROM, além <strong>de</strong> gerar public<strong>ações</strong>.4º – Compromisso com o Encontro / Diálogo <strong>de</strong> SaberesO Encontro <strong>de</strong> Saberes é a promoção e valorização da união e contato entre atores- pessoas , instituições, ger<strong>ações</strong>, gêneros, culturas, territórios, numa atmosfera <strong>de</strong>respeito mútuo, sempre fortalecido pela ação dialógica.O Diálogo <strong>de</strong> Saberes é fundamento <strong>metodológico</strong> <strong>para</strong> quaisquer práticas<strong>de</strong> Educomunicação. Ele é a promoção do contato e diálogo entre práticas,conhecimentos, tecnologias, papéis sociais e políticos. Portanto, uma comunicaçãosocialmente mobilizadora, atuando na formação <strong>de</strong> alianças e re<strong>de</strong>s, além <strong>de</strong> favoreceras já existentes.96


5º – Compromisso com a Proteção e Valorização do ConhecimentoTradicional e PopularA Educomunicação Socio<strong>ambiental</strong> respeita e favorece a autonomia das i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>sindividuais e coletivas no contexto das comunida<strong>de</strong>s tradicionais e indígenas.Por isso, preocupa-se em prevenir a apropriação in<strong>de</strong>vida <strong>de</strong> inform<strong>ações</strong>, imagens,conhecimentos e tecnologias <strong>de</strong> comunicação tradicionais e populares, uma vez quegran<strong>de</strong> parte <strong>de</strong>ste patrimônio ainda não está <strong>de</strong>vidamente reconhecido e protegido porlei. Nestes casos, preconiza a lógica da repartição <strong>de</strong> benefícios, materiais e imateriais,quando da circulação <strong>de</strong> bens <strong>de</strong>ssas culturas.Cabe ao campo da <strong>educação</strong> <strong>ambiental</strong>, consi<strong>de</strong>rando o mesmo princípio, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>ro direito <strong>de</strong> acesso autogestionado das expressões culturais dos povos indígenas ecomunida<strong>de</strong>s tradicionais junto aos meios <strong>de</strong> comunicação <strong>de</strong> massa.6º – Compromisso com a Democratização da Comunicação e com aAcessibilida<strong>de</strong> à Informação Socio<strong>ambiental</strong>A Educomunicação Socio<strong>ambiental</strong> visa favorecer e otimizar a organizaçãoda socieda<strong>de</strong>, formando este aspecto indicador mais seguro <strong>de</strong> continuida<strong>de</strong> e <strong>de</strong>sustentabilida<strong>de</strong> do processo comunicativo. A <strong>de</strong>mocratização pressupõe igualmentecondições <strong>de</strong> acesso, não só à informação socio<strong>ambiental</strong>, mas aos seus meios <strong>de</strong>produção e à gestão participativa dos mesmos, incorporando os valores <strong>de</strong>mocráticos<strong>de</strong> forma intrínseca às práticas cotidianas e como expressão da subjetivida<strong>de</strong>humana. Desta forma, os processos educomunicativos <strong>de</strong>vem apontar <strong>para</strong> formas <strong>de</strong>autonomização das produções e evitar a especialização <strong>de</strong> círculos profissionais quecumpram este papel em substituição à coletivida<strong>de</strong>.7º – Compromisso com o Direito à ComunicaçãoBusca o reconhecimento da comunicação como um direito humano fundamental.Ele envolve mais que o direito à informação, a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> expressão como condiçãoindispensável à emancipação e o acesso à gestão dos meios. A Educomunicação97


Socio<strong>ambiental</strong> po<strong>de</strong> ser vista como uma prática <strong>de</strong> <strong>de</strong>mocracia, sustentabilida<strong>de</strong> eliberda<strong>de</strong> e, nesse sentido, mantém estreita relação com as <strong>de</strong>mais políticas <strong>de</strong> proteçãoda vida e promoção dos direitos humanos. Portanto, é um meio <strong>de</strong> efetivação do direitoà comunicação. Assim como fazer <strong>educação</strong>, fazer comunicação, neste caso, é maisque um ato profissional – um direito e ação emancipatória <strong>de</strong> todo cidadão.8º - Compromisso com a não-discriminação e com o respeito àindividualida<strong>de</strong>O trabalho da Educomunicação Socio<strong>ambiental</strong> está fundamentado na éticado cuidado e, por isso, adota linguagens inclusivas que não sejam discriminatórias,estigmatizantes, sexistas, racistas, ou preconceituosas em relação a crençasindividuais e i<strong>de</strong>ologias, e que assegurem a visibilida<strong>de</strong> e a igualda<strong>de</strong> <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s<strong>de</strong> participação, manifestação e resposta a todas e todos.Fonte: Departamento <strong>de</strong> Educação Ambiental do Ministério do Meio Ambiente DEA/MMA98


O processo <strong>de</strong> <strong>educação</strong> <strong>ambiental</strong>, mobilização e controle social no saneamento,<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o planejamento passando pela regulação, prestação e fiscalização dosserviços, é essencial <strong>para</strong> que as transform<strong>ações</strong> necessárias sejam efetivadasna área <strong>de</strong> saneamento em nosso País, principalmente após a promulgação da LeiFe<strong>de</strong>ral n. 11.445/2007 e o início das obras do PAC 2007-2010.Garantir ambiente salubre e <strong>de</strong>finir <strong>ações</strong> <strong>de</strong> saneamento requer a participaçãodas pessoas, indicando os problemas e <strong>de</strong>cidindo sobre o que, como, on<strong>de</strong>,quando fazer saneamento e quanto investir, em busca da universalização,integralida<strong>de</strong> e qualida<strong>de</strong> dos serviços.Fazer saneamento <strong>de</strong> outra forma, voltado <strong>para</strong> o atendimento <strong>de</strong> direitos sociaisdos cidadãos, com investimentos públicos a<strong>de</strong>quadamente dimensionados eperenes, que visem aten<strong>de</strong>r, principalmente, a população excluída, com utilização<strong>de</strong> tecnologias apropriadas aos diferentes contextos socioambientais e culturaisdo País e qualificação do gasto público, é possível, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que conte com aparticipação popular e o controle social.O <strong>Ca<strong>de</strong>rno</strong> Metodológico é uma importante e oportuna contribuição comorient<strong>ações</strong> e referências metodológicas.Trata-se <strong>de</strong> documento elaborado<strong>de</strong> forma participativa, por muitas mentes, cor<strong>ações</strong> e mãos, visandoo <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> <strong>ações</strong> articuladas <strong>de</strong> <strong>educação</strong> <strong>ambiental</strong> e mobilizaçãosocial em saneamento, que enfatizem a participação populare mudanças rumo à construção <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong>s comjustiça social e <strong>ambiental</strong>, o que tornasua leitura imprescindível.Luiz Roberto Santos Moraes, PhDProfessor Titular em Saneamento da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral da Bahiawww.cida<strong>de</strong>s.gov.br/peamss

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