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a estrutura eo além estrutura em lacan - Psicanálise & Barroco

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Joyce Bacelar Oliveira“É, portanto, nesse abraço <strong>estrutura</strong>l de alguma coisa inserida radicalmentenesta individualidade vital com esta função significante, que nós estamos na experiênciaanalítica” (LACAN 1962, p. 80, minha tradução)A psicanálise traz como marco a descoberta do inconsciente, assim como aarticulação dos mitos e símbolos que influenciam na sua formação. Pod<strong>em</strong>os verificar issoatravés de Édipo e Tot<strong>em</strong> e Tabu. A elaboração de Freud d<strong>em</strong>onstra que o sujeito v<strong>em</strong> de uma<strong>estrutura</strong> anterior a ele e, por isso, está imerso <strong>em</strong> símbolos que determinam a sua vidapsíquica. Por outro lado, Lacan, <strong>em</strong> seu retorno a Freud, articula os mecanismos doinconsciente, assim como a constituição do sujeito desejante, tomando como referência o<strong>estrutura</strong>lismo. Essa abordag<strong>em</strong> leva muita gente a classificá-lo como <strong>estrutura</strong>lista, rótuloque o próprio Lacan rejeita. 1 No entanto, Lacan visita e revisita o <strong>estrutura</strong>lismo <strong>em</strong> suaselaborações psicanalíticas. Lacan desenvolveu conceitos psicanalíticos fundamentais combase no <strong>estrutura</strong>lismo, e tais conceitos são hoje utilizados <strong>em</strong> diversas áreas trazendo umacontribuição crucial para o diálogo com a psicanálise. Gostaria, então, de fazer uma perguntacomo provocação: pode-se dizer que o <strong>estrutura</strong>lismo está <strong>em</strong> Lacan assim como Lacan estápara o <strong>estrutura</strong>lismo? Muito se t<strong>em</strong> falado sobre Lacan <strong>estrutura</strong>lista devido a sua abordag<strong>em</strong>linguística <strong>em</strong> seu retorno a Freud. Contudo, ao analisarmos os preâmbulos da psicanálise<strong>lacan</strong>iana, deparamo-nos com o que vou denominar aqui de um além <strong>estrutura</strong>, isto é, com astransformações subjetivas que o sujeito opera na sua <strong>estrutura</strong>, a ressignificação da própria<strong>estrutura</strong> pelo sujeito. No auge do <strong>estrutura</strong>lismo, não teria Lacan se pr<strong>eo</strong>cupado <strong>em</strong> dar uma<strong>estrutura</strong> ao seu retorno a Freud? No entanto, tendo como ponto de partida o fato de que apsicanálise é clínica, seria ela <strong>estrutura</strong>lista assim como os s<strong>em</strong>inários de Lacan procuraramser mesmo depois de 1970, momento <strong>em</strong> que o real terá um lugar privilegiado <strong>em</strong> seuss<strong>em</strong>inários? São questões de que gostaria de pontuar ao longo do texto a fim de refletir sobrea t<strong>eo</strong>ria e a clínica <strong>lacan</strong>iana.O uso de termos linguísticos de Jackobson e Saussure assim como a antropologiade Lévi-Strauss contribuíram bastante na elaboração da perspectiva psicanalítica de Lacan.Ao afirmar que o inconsciente está <strong>estrutura</strong>do como linguag<strong>em</strong>, Lacan formalizou asmanifestações inconscientes, tais como os atos falhos, os chistes, utilizando-se das figuras de1 “Foi isso, <strong>em</strong> suma, que gerou o círculo que uma função crítica julgou poder captar por um termo que, comcerteza, não é assumido por nenhum dos que são seus el<strong>em</strong>entos de ponta, mas pelo qual nos v<strong>em</strong>os afetados,como se fosse uma etiqueta bizarra que nos tivess<strong>em</strong> colado nas costas s<strong>em</strong> nosso consentimento, a saber, o<strong>estrutura</strong>lismo” (LACAN 1969, p. 185).Psicanálise & <strong>Barroco</strong> <strong>em</strong> revista v.11, n.1:221-231, jul.2013 222

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