12.07.2015 Views

a estrutura eo além estrutura em lacan - Psicanálise & Barroco

a estrutura eo além estrutura em lacan - Psicanálise & Barroco

a estrutura eo além estrutura em lacan - Psicanálise & Barroco

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

A ESTRUTURA E O ALÉM ESTRUTURA EM LACAN:Uma Perspectiva acerca do Estruturalismo e Existencialismo na T<strong>eo</strong>ria e Clínica Lacanianapara que ocorra o seu advento. Entretanto, não pod<strong>em</strong>os deixar de supor um além <strong>estrutura</strong>,pois há subjetivação por parte do sujeito na sua <strong>em</strong>ergência, há um devir, uma transformaçãodaquela <strong>estrutura</strong> que lhe foi inserida.Nessa perspectiva, exist<strong>em</strong> as identificações que acompanham o sujeito nas suasescolhas subjetivas. E qual o papel da clínica <strong>lacan</strong>iana? Seria ela <strong>estrutura</strong>lista assim como at<strong>eo</strong>ria aparenta ser? Para Lacan, a <strong>em</strong>ergência do sujeito do inconsciente ocorre na clínica, nomomento <strong>em</strong> que o sujeito assume, como seu, o desejo do Outro, desgarrando-se dasidentificações. Isso implica, acima de tudo, assumir responsabilidade pelas suas ações. Nolugar de “isso aconteceu comigo”, “foi assim”, o sujeito deve se implicar e assumir a posiçãode “eu fiz isso”, “sou responsável por isso”. Assim, ele estará assumindo também o seu lugarna fantasia e no gozo, o seu lugar de desejante. Nesse sentido, acredito que a <strong>em</strong>ergência dosujeito na clínica <strong>lacan</strong>iana t<strong>em</strong> maior relação com o Existencialismo. Heidegger está maispresente na clínica <strong>lacan</strong>iana do que Saussure e Lévi-Strauss. Somos falados sim, porémdev<strong>em</strong>os falar de nossa posição de desejante a fim de <strong>em</strong>ergirmos enquanto sujeitosresponsáveis pelas nossas ações. Lacan, diz, então:Que a verdade seja desejo de saber, e nada mais, evident<strong>em</strong>ente só serve para nosfazer questionar precisamente isto: e se houvesse uma verdade antes? Todos sab<strong>em</strong>que é esse o sentido do deixar ser heideggeriano. Haverá alguma coisa a deixar ser?É nesse sentido que a psicanálise traz uma contribuição (LACAN 1969, p. 205).Ainda no s<strong>em</strong>inário De um Outro ao outro (1969), Lacan aborda o <strong>estrutura</strong>lismocomo a verdade anterior, verdade que se constitui como efeito da d<strong>em</strong>anda da mãe nocomplexo de Édipo. Em A Direção do Tratamento e os Princípios de seu Poder (1958),Lacan ressalta que a única forma de se ter acesso ao desejo do sujeito é através do exame dolugar do desejo <strong>em</strong> relação aos efeitos da d<strong>em</strong>anda na relação mãe-filho. Porém, no mesmos<strong>em</strong>inário de 1969, Lacan enfatiza que Heidegger institui o deixa ser. O conceito deixar ser éum dos pilares da ética finista de Heidegger que é abordado <strong>em</strong> Ser e T<strong>em</strong>po (1927). O queHeidegger ressalta não é um agir a realizar, normas a cumprir, mas um deixar acontecer, umchamado a seguir. O deixar ser não conta com uma causa no sentido do agir causal, pois, paraHeidegger, este está relacionado com a disposição de finalidade no querer. Para Lacan, odeixar ser se manifesta <strong>em</strong> relação ao sujeito pulsional, <strong>em</strong> função do que o sujeito é e comoele é diante da sua pulsão. O deixa ser implica o desejo de saber sobre a pulsão, o saber fazercom a pulsão na clínica. Nesse sentido, por mais que a pulsão esteja conectada à verdadeanterior, à uma <strong>estrutura</strong>, o que nos interessa é a condição de ser da pulsão, o devir da pulsãodo sujeito desejante:Psicanálise & <strong>Barroco</strong> <strong>em</strong> revista v.11, n.1:221-231, jul.2013 225

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!