formado reconhecidos atletas: a Escudería Portuguesa no automobilismo <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l; aUnião Ciclista Portugal <strong>na</strong> volta ciclística <strong>da</strong> <strong>Venezuela</strong> e em vários eventos inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is;as equipas Deportivo Portugués e Club Sport Marítimo com alguns recordesain<strong>da</strong> imbatíveis dentro <strong>da</strong> Liga Profesio<strong>na</strong>l de Futbol Venezolano , a qual aju<strong>da</strong>rama fun<strong>da</strong>r. Alguns outros prémios importantes foram alcançados <strong>na</strong>s mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong>des dehóquei em patins, boxe, luta livre, halterofilia, atletismo, etc.4º Período: A crise dos anos concludentesO último período desta <strong>cronologia</strong> começa com a crise económica e energética de1974 que originou no país uma grande entra<strong>da</strong> de dinheiro, “ambiciosos planos gover<strong>na</strong>mentais”e um novo auge <strong>da</strong> imigração proveniente, <strong>na</strong> <strong>sua</strong> maioria, <strong>da</strong> AméricaLati<strong>na</strong>. Esta foi uma imigração política, económica, solidária, clandesti<strong>na</strong> e incontrola<strong>da</strong>,de acordo com a procedência e situação dos que chegavam 25.Os “Planos <strong>da</strong> Nação” não passaram <strong>da</strong> teoria devido à crise inicia<strong>da</strong> em 1977 e que seprolongou à déca<strong>da</strong> seguinte com dois acontecimentos muito significativos; o primeiroé o “viernes negro” (sexta-feira negra), expressão <strong>da</strong><strong>da</strong> ao dia 18 de Fevereiro de1983, dia em que a moe<strong>da</strong> venezuela<strong>na</strong> desvalorizou em relação ao dólar. O segundoé o “Caracazo” (27 de Fevereiro de 1989), dia em que o povo saiu à rua em protestocontra a crise económica. Estes eventos origi<strong>na</strong>ram uma parti<strong>da</strong> de estrangeiros residentes,lidera<strong>da</strong> por <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is <strong>da</strong> América Lati<strong>na</strong> (Argenti<strong>na</strong>, Chile, Uruguai e paísesdo Caribe, maioritariamente) e <strong>da</strong> Europa (liderados por Espanha, Itália e Portugal) einclusivamente também de venezuelanos, facto que continua ain<strong>da</strong> <strong>na</strong> actuali<strong>da</strong>de. Deacordo com a empresa de inquéritos Datanálisis, uma son<strong>da</strong>gem feita em Outubro de2001 revela que 33,8% <strong>da</strong> população entrevista<strong>da</strong> sentia um desejo de emigrar. Estesmesmos acontecimentos mostraram claramente a saí<strong>da</strong> de pessoas enormementequalifica<strong>da</strong>s. 26Os censos venezuelanos atestam esta diminuição geral. No caso dos portugueses, de24.752 indivíduos recenseados de 1981 a 1990 o número baixa para 14.800 no decéniode 1990 a 2001. Além <strong>da</strong>s razões referi<strong>da</strong>s, existem outros motivos para esta que<strong>da</strong>:a diminuição e a <strong>na</strong>turalização de portugueses de primeira geração, a <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>li<strong>da</strong>devenezuela<strong>na</strong> dos filhos, e preferência do português do continente pela Europa o quese repercute <strong>na</strong> falta de renovação vital <strong>da</strong> <strong>comuni<strong>da</strong>de</strong> <strong>na</strong> <strong>Venezuela</strong>.Numa análise do discurso <strong>da</strong> migração de portugueses <strong>na</strong> <strong>Venezuela</strong>, pode-seconstatar que Portugal representa “o país do regresso definitivo” mas este regresso é“adiado”, <strong>na</strong> maioria dos casos, mas eles mantém um movimento de i<strong>da</strong> e volta entreos dois países. Constata-se contudo, desde os anos 80, um aumento <strong>da</strong> intenção deregressar e de regressos efectivos dos portugueses, difíceis de medir <strong>na</strong>s estatísticasvenezuela<strong>na</strong>s, <strong>da</strong>do que não se pode comprovar a ver<strong>da</strong>deira <strong>na</strong>tureza <strong>da</strong> parti<strong>da</strong>. Nascontagens em Portugal tor<strong>na</strong>-se igualmente difícil de contabilizar uma vez que os“regressados” integram-se directamente <strong>na</strong> contagem <strong>da</strong> população <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l.180 Migrações entre Portugal e América Lati<strong>na</strong>
Pode-se inferir o regresso a Portugal pela presença de venezuelanos, ligando-os àsgerações descendentes ou a familiares por afini<strong>da</strong>de de portugueses imigrantes.Assim, numa amostra bianual do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, constata-seum aumento entre os anos 2000-2002 (3.523 e 3.604 respectivamente), aumento esteque é um prolongamento <strong>da</strong> subi<strong>da</strong> regista<strong>da</strong> desde 1980. Os <strong>da</strong>dos correspondentesaos anos 2004, 2006 e 2008, mostram, pelo contrário, uma diminuição gradual (3.470,3.256 e 2.364 indivíduos) que pode em parte ser explica<strong>da</strong> pela obtenção <strong>da</strong> <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>li<strong>da</strong>de<strong>portuguesa</strong> tal como mostram os valores de 2004: <strong>da</strong>s 1.346 <strong>na</strong>turalizações, 301eram de venezuelanos. 27 Esta visibili<strong>da</strong>de de luso-venezuelanos é notável no contextosocial e motivou inclusive diversos estudos académicos. Do mesmo modo, tornou-sepatente no contexto judicial, aparecendo como um <strong>da</strong>do excepcio<strong>na</strong>l para os registosdesta <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>li<strong>da</strong>de nos censos portugueses. 28Em resumo, este quarto período, que se estende desde o impacto económico do“viernes negro”, está marcado <strong>na</strong> <strong>Venezuela</strong> pelos seguintes factores: diminuição<strong>da</strong> <strong>comuni<strong>da</strong>de</strong> presente no país, situação de crise socioeconómica generaliza<strong>da</strong> ea intenção de voltar a emigrar. Em Portugal, pelo regresso efectivo e a realização dopedido de estatuto jurídico de permanência. Esta combi<strong>na</strong>ção de factores mantém-see, como se pode verificar, só pode ser explica<strong>da</strong> num contexto bi<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l.ConclusõesFica claro que no caso dos portugueses é possível efectuar uma <strong>cronologia</strong> sobre oprocesso de imigração <strong>na</strong> <strong>Venezuela</strong>, sem a limitar ao período <strong>da</strong> chama<strong>da</strong> “imigraçãomassiva” entre os anos 1945 e 1977. Esta ‘chama<strong>da</strong>’ permite pensar num período“não massivo” de chega<strong>da</strong>s, período este que poucas vezes é referido pela historiografiavenezuela<strong>na</strong>, tendo em conta os casos que mostram o efectivo estabelecimentode <strong>comuni<strong>da</strong>de</strong>s imigrantes entre 1831 e 1945, um longo período de imigração <strong>na</strong>história <strong>da</strong> América.A análise <strong>da</strong>s razões desta imigração massiva, tardia para todo o historial <strong>da</strong> imigraçãoem todo o continente, a constatação do fenómeno de chega<strong>da</strong>s isola<strong>da</strong>s duranteo século XIX e a utilização <strong>da</strong> presente <strong>cronologia</strong>, podem servir de motivação para arealização de estudos ao nível académico para outras <strong>comuni<strong>da</strong>de</strong>s imigrantes.Migrações _ #5 _ Outubro 2009181