12.07.2015 Views

A comunidade portuguesa na Venezuela. Uma cronologia da sua ...

A comunidade portuguesa na Venezuela. Uma cronologia da sua ...

A comunidade portuguesa na Venezuela. Uma cronologia da sua ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

O interesse comercial ia contudo aumentando. As missões venezuela<strong>na</strong>s tentavama exportação ao mercado português, de cacau, carne, couro, linhas, lã, madeiras,tintas, etc. No entanto, a <strong>Venezuela</strong> mostrava-se mais interessa<strong>da</strong> em importar.Antes de 1896, por exemplo, o Reino já enviava carregamentos de cebola, frutas ehortaliças <strong>da</strong> Madeira para os portos venezuelanos. Mais tarde, exportou tambémvinho, batata e artigos em verga. No fi<strong>na</strong>l de 1910, chegaram a Puerto Cabello 50caixas de sardinhas em azeite, enlata<strong>da</strong>s em Setúbal, envia<strong>da</strong>s pela empresa ViúvaMacieira e Filhos e <strong>da</strong><strong>da</strong>s em consig<strong>na</strong>ção à empresa F. A. Benítez. Na déca<strong>da</strong> seguintechegaram a Caracas mais produtos <strong>da</strong> Madeira (aguardente, açúcar, barris,pipas, bor<strong>da</strong>dos, vinhos, frutas em cal<strong>da</strong>, fornos de cal, manteiga, mobiliário emverga, enchidos de animais de caça, etc.) e do continente (azeite, cortiça, vinho doPorto, tecidos de linho, sapatos, sardinhas, conservas de peixe, etc.) produtos deven<strong>da</strong> fácil no mercado <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l. 4Os vinhos doces portugueses também eram muito procurados como comprovam, porum lado, o consig<strong>na</strong>tário Rivas Fensohn M. ao levar a Puerto Cabello 10 barris, de 32litros ca<strong>da</strong>, de vinho do Porto; e, por outro lado, as encomen<strong>da</strong>s que chegaram à LaGuaira no barco Legazpi, contendo 12 garrafas de vinho do Porto branco de 1834 e 12de vinho <strong>da</strong> Madeira seco 1821. 5 Em 1916, Simón Pla<strong>na</strong>s Suaréz, primeiro-ministroplenipotenciário <strong>da</strong> <strong>Venezuela</strong> em Portugal, confirmou que no país “ têm grande consumoos vinhos tintos de mesa, os vinhos generosos, os brancos e os chamados vinhosdo Porto e <strong>da</strong> Madeira ”. 6Em 1919, Portugal insistia <strong>na</strong> emigração mediante Joaquim Travassos Valdês,ministro plenipotenciário em Caracas, quem se reuniu com o ministro de Fomento,encarregado de promover a imigração, e de quem só obteve uma cópia <strong>da</strong> Lei deimigração e colonização de 1918. A <strong>Venezuela</strong> não mostrava interesse real numaimigração oficialmente planifica<strong>da</strong>. Durante todo o século (1830-1935), os ditadorescrioulos mostraram-se circunspectos face à presença estrangeira. Ramón J.Velásquez dá uma <strong>da</strong>s mais espectaculares descrições do “ditador avisado” aocaricaturar a idiossincrasia do camponês que o autocrata Juan Vicente Gómez (1908--1935) trazia dentro de si. O ditador dizia o seguinte: “Que venham os estrangeiros,mas pouco a pouco, um a um, para que os possamos controlar. Eu gosto dos insularesque sejam como nós, trabalhadores do campo e os (…) que tenham a nossa religião,que falem a nossa língua para que os possamos entender, porque os outros sãoprotestantes e usam calão (…). Mas agora devemos ter mais cui<strong>da</strong>do com todos,porque essa coisa do comunismo é uma praga”. 7Estas frases mostram claramente o gosto do ditador “ Benemérito” pelos camponeses,católicos, apolíticos, que falam espanhol e que são pacíficos. Do que foi ditopodem-se extrair outras duas ideias: primeiro, a chega<strong>da</strong> espontânea de“estrangeiros” – que venham – e, segundo, a recusa em chamá-los “imigrantes”. Existeuma coerência entre estas inferências e as normas legais sobre migração até 1935:a função destas era controlar “as activi<strong>da</strong>des de estrangeiros <strong>na</strong> <strong>Venezuela</strong> mais do quefavorecer a imigração” 8 e, como tal, os portugueses residentes no país eram sóestrangeiros. O imigrante oficial enquanto indivíduo residente só existia <strong>na</strong> teoria.Migrações _ #5 _ Outubro 2009173

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!