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Colorimetria - Lume Arquitetura

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Cores primáriasGeralmente, define-se cor primária como aquela que não pode ser derivada deoutras cores. No entanto, há um sistema de cores primárias para a luz e outro para opigmento. Por quê?A idéia da luz branca como uma composição, um somatório de todas as outras,foi comprovada em 1666, quando Isaac Newton decompôs a luz solar através de umprisma, formando um leque de cores (o famoso "arco-íris").Antes desta demonstração, entretanto, imperavam os estudos dos artistaspo n t o d e v i s t a<strong>Colorimetria</strong>Por Amauri Araújo AntunesÀ noite, todos os gatossão pardosComo diz o ditado, quando estamos na penumbra não conseguimos identificar -pelo menos não com nitidez - diferenças entre as cores. Sabemos que cor, como apercebemos nos objetos, é o resultado de reflexão ou refração de freqüênciasluminosas e que, portanto, sem luz não haverá cor, mas será só isso?▼74L U M EA R Q U I T E T U R A


cientistas, como Leonardo da Vinci. Tais investigaçõessobre as cores partiam de pincéis e pigmentose resultaram em outras conclusões.Os dois caminhos são válidos. Assim, parapintores, gráficos e aqueles trabalham com tintase pigmentos, as cores básicas são: azul, amareloe vermelho ou ciano, amarelo e magenta, para sermais exato. Para quem trabalha com a luz,propriamente dita, as cores primárias são: vermelho,verde e azul.Vermelho e azul estão nos dois conjuntos,mas e o verde e o amarelo?Verde e amarelo podem ser obtidos a partir damistura de outras cores. Quando misturamostintas, o azul e o amarelo produzem o verde.Misturando luzes, porém, o vermelho e o verdenos dão o amarelo. Isto caracteriza, de maneiraprática, os dois sistemas de cores primárias.Sistema subtrativoQuando falamos em cores primárias azul,vermelho e verde, estamos falando em sistemasubtrativo. Ou seja: um sistema em que quantomais cores são colocadas, menos cor é refletida.Quase toda matéria tem uma certa quantidadede pigmentos, compostos químicos formadospor um pequeno número (40 ou 50, no máximo)de átomos de elementos específicos. Dependendoda forma como estes átomos se combinam,temos os tons.Podemos perceber que as matérias orgânicas,geralmente, possuem tons mais fortes e vibrantes.Isto ocorre, principalmente, pela presença docarbono na composição destes pigmentos.Materiais inorgânicos como níquel, cobalto, ouro etccostumam apresentar colorações menos intensas.Não se trata, simplesmente, de se ter pouca ou muita luzpara existirem as cores, mas, para serem percebidas,é preciso o contraste.Apesar do reduzido número, estes átomoscompõem diversas formas estruturais, cada qualcom uma capacidade de subtração (absorção) oureflexão das ondas luminosas. Grosso modo,poderíamos afirmar que cada pigmento tem umasintonia, uma freqüência de ressonância, refletindouma porção específica de luz e subtraindo para sium fragmento.Assim, o verde é o resultado de uma estruturaque absorve o azul e a maior parte do espectrovermelho. Na maioria das plantas, por exemplo,quem faz isso é a clorofila que subtrai grandequantidade de energia da luz, refletindo principalmentea faixa do espectro correspondente aoverde, um comprimento de onda próximo de 500"milimicrons" (500 milionésimos de milímetros). Jána cenoura, o pigmento que age é o caroteno,que reflete as ondas amarelo-alaranjadas eabsorve as demais.Poderíamos ir longe, mas acho que isto já ésuficiente para a compreensão deste processo.Teoricamente, quando misturamos muitos pigmentos,podemos criar um meio no qual toda energialuminosa será absorvida e nenhuma energiarefletida, um preto absoluto.Sistema aditivoNo sistema aditivo as cores primárias são oazul, amarelo e vermelho.Representaçãodas cores primárias.À esquerda:sistema aditivo.À direita:sistema subtrativo.L U M EA R Q U I T E T U R A75▼


Na verdade, o que se dá não é bem umaadição. Poderíamos dizer que está mais para umamistura homogênea do que para uma soma,apesar de resultar em algo muito semelhante.Ocorre que a proximidade das cores (com ondastão pequenas que são imperceptíveis ao olhohumano) produz uma mistura perfeita, tanto que éimpossível uma separação visual. Assim, o olhocombina as cores que vê deforma a tentar uma uniformização.Para conseguirmos distinguiras cores presentes na luz branca énecessário um obstáculo que absorva,reflita ou refrate a luz, selecionando asfreqüências luminosas. Como podem fazer asgotas de água da chuva, a superfície docristal ou as escamas das asas de uma borboleta.ContrasteVoltando à experiência de Newton e à consideraçãode que na luz é que estão as cores,corremos o risco de pensarmos erradamente quepouca luz implicaria em poucas cores. Não é poraí. Independe da quantidade de luz. Se for luzbranca é, certamente, uma composição de todasas cores do espectro, mas para a demonstraçãoda experiência de Newton, é necessário queexistam sombras, pois somente no contraste entreclaro e escuro é possível perceber as tais estruturascoloridas (o espectro luminoso). Por isto,Goethe afirmou que "toda cor tem, por origem,uma luz e uma não-luz".Sendo assim, não se trata, simplesmente, dese ter pouca ou muita luz para existirem as cores,mas, para serem percebidas, é preciso o contraste.A relação com o olho humanoNossa principal forma de percebermos ascores é pelo sistema óptico.Os órgãos menos complexos de visão são osocelos, presentes principalmente nos seresmarinhos e que servem simplesmente para"À noite, todos os gatos são pardos", porque os conesdos nossos olhos não recebem quantidade suficiente de luzpara construírem uma imagem colorida.identificar a origem da luz, guiando estes seres emrelação à superfície. No outro extremo, há os olhosdos vertebrados, compostos, geralmente, porinumeráveis células sensíveis à luz.Nos seres humanos, estas células sensíveistransmitem as informações para o cérebro, ondevão ser formadas as imagens. Há duas espéciesde células receptoras de luz nos olhos humanos(cerca de 130 milhões em cada olho): os bastonetese os cones.Os bastonetes são em número superior aoscones (18 vezes mais), localizam-se na periferiados olhos e servem para captar a luz menosintensa, distinguindo principalmente o claro doescuro. Os cones concentram-se no centro doolho e percebem as luzes coloridas, são a partedos nossos olhos que melhor enxerga, masprecisam de muita luminosidade para agirem. Porisso, nossos olhos costumam se mover constantementepara focar aquilo em que temos maiorinteresse. A percepção dos contrastes proporcionadapelos bastonetes é uma forma de proteçãodurante as noites, afinal não precisamos saber acor do animal que está nos atacando e sim seutamanho, da mesma forma que é mais importantesabermos que há um buraco no chão do que a corda terra em que ele está.Tais características podem ser explicadas pelaseleção natural e a teoria da evolução (de Darwin).Nossos olhos são responsáveis por outrossistemas de defesa, por exemplo: não captam asradiações ultravioleta ou infravermelho.Isto ocorre para nossa proteção, uma vez queradiações acima do violeta podem agredir organismosvivos. Assim, o cristalino do olho absorve asondas menores que 250 milimicrometros, impedindoque suas radiações cheguem ao nervo óptico.O infravermelho, por sua vez, é uma radiaçãoluminosa que é emitida por todos os seres vivos.Se fosse captada pelos olhos juntamente com asdemais radiações, produziria uma enorme confusãode informações, dificultando em muito otrabalho do cérebro.Assim, poderíamos explicar que "à noite,todos os gatos são pardos", porque os cones dosnossos olhos não receberem quantidade suficientede luz para construírem uma imagem colorida,ficando a responsabilidade pela captação dainformação por conta dos bastonetes.▼76L U M EA R Q U I T E T U R A


Todo mundo vê igual?Uma resposta absoluta é quase impossível,pois vai além da física, da biologia ou da química.Experiências científicas apontaram para umcurioso fenômeno de memória da cor: os sereshumanos tendem a ver objetos familiares sempreda mesma cor. Se você tem um carro azul, eleparecerá azul mesmo sob a luz amarela de umalâmpada ou sob a luz do sol, assim como nãomudará de cor com pouca luminosidade. Omesmo, porém, não ocorre com um bife, porexemplo - sob uma luz azulada, ele pareceráestragado. É um fenômeno ainda inexplicável.Esta relação psicológica com as cores éfundamental quando pensamos na criação declimas dentro de ambiente ou quando lidamoscom conceitos pré-estabelecidos. Com certezanão é apenas uma questão de iluminação, afinal,cada pessoa enxerga as cores de uma formaparticular, repleta de sentidos, lembranças esignificados.Ou será que você acha que o meu vermelho éigual ao seu?Amauri A. Antunes é Ator, Diretor Teatral e Iluminador.Graduou-se em Artes Cênicas pela UNICAMP em 1995 ecursa, atualmente, o Doutorado na área de Teatro eCultura na UNIRIO.Este texto tem por base o material didáticoproduzido para uma Oficina de Iluminação, ministradapelo autor entre agosto e dezembro de 2003, noTeatro do Centro de Convivência Cultural da VilaPadre Anchieta (Campinas - SP).Os desenhos de gatos reproduzidos nesta matériaforam criados pelo GattoNero Design Studio para usoexclusivo em sua identidade visual e foram gentilmentecedidos à <strong>Lume</strong> <strong>Arquitetura</strong> para ilustrar esta matéria.Maiores informações, acesse www.gattonero.com.br.L U M EA R Q U I T E T U R A77▼

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