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Liquen Plano no decurso do tratamento pelo Promin

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<strong>Liquen</strong> <strong>Pla<strong>no</strong></strong> <strong>no</strong> <strong>decurso</strong> <strong>do</strong> <strong>tratamento</strong><strong>pelo</strong> <strong>Promin</strong>Dr. ARGEMIRO RODRIGUES DE SOUZAMédico <strong>do</strong> A. C. "Santo Ângelo".A etiologia <strong>do</strong> líquen pla<strong>no</strong> ou líquen ruber pla<strong>no</strong> ainda é umaincógnita para os dermatologistas. A medida que a quimioterapiaprogride com o aparecimento sempre crescente de <strong>no</strong>vos compostos pelasimples mudança de radicais, fatos <strong>no</strong>vos surgem ao clínico decorrentesde reações orgânicas inesperadas si bem que com sintomatologiaobjetiva já conhecida.Assim tem aconteci<strong>do</strong> com o liquen pla<strong>no</strong>. E' bem conheci<strong>do</strong> deto<strong>do</strong>s o liquen pla<strong>no</strong> que se desenvolve algumas vezes <strong>no</strong> <strong>decurso</strong> <strong>do</strong><strong>tratamento</strong> <strong>pelo</strong> 914, assim como também, e com mais frequência oliquen que irrompe com <strong>tratamento</strong> <strong>pelo</strong>s sais de ouro.Estas erupções que Milian explica muito bem <strong>pelo</strong> biotropismo,obedecem a sintomatologia clássica ou então assumem um caracteredematoso, confluente ou generaliza<strong>do</strong> como é o caso <strong>do</strong> liquen pla<strong>no</strong>arsenical: o líquen pla<strong>no</strong> que muitas vezes observou <strong>no</strong> decorrer daterapêutica da tuberculose <strong>pelo</strong>s sáis de ouro, éra por ale considera<strong>do</strong>mesmo uma variedade de tuberculide, isto é, a representação cutânea deuma tuberculose evolutiva <strong>pelo</strong> mecanismo biotrópico. A frequência <strong>do</strong>liquen pla<strong>no</strong> clássico provoca<strong>do</strong> <strong>pelo</strong>s sáis de ouro parece resultarsegun<strong>do</strong> êste autor não <strong>do</strong> <strong>tratamento</strong>, porem <strong>do</strong>s individuos aos quais édirigi<strong>do</strong>, isto é aos tuberculosos.Foi inspira<strong>do</strong> nestas reações biotrópicas que Milian empregou pelaprimeira vez, com bons resulta<strong>do</strong>s, os sóis de ouro na terapêutica <strong>do</strong>liquen pla<strong>no</strong>.Alem destas duas variedades arsenical e aurico, Dombrowski viuum liquen pla<strong>no</strong> após <strong>tratamento</strong> <strong>pelo</strong> acetato de talio. Sábe-se que a luzsolar e os Raios X podem também provocar o aparecimento destadermatóse.Durante o <strong>tratamento</strong> de <strong>no</strong>ssos <strong>do</strong>entes <strong>do</strong> Asilo ColôniaSanto Ângelo <strong>pelo</strong> promin (diami<strong>no</strong> - difenilsulfona) , foi - <strong>no</strong>s da<strong>do</strong>


— 281 —Biopsia em 23-9-1948 — Inclusão: Parafina — Col. H. E. — Lamina11.830 ,— Diagnóstico histo-patológico: Líquen <strong>Pla<strong>no</strong></strong> — Ass. Dr. Paulo Rathde Souza.INTERCURRÊNCIA: — Em 10 de fevereiro de 1947 iniciou o <strong>tratamento</strong>pela diami<strong>no</strong>-difenilsulfona em injeções en<strong>do</strong>ve<strong>no</strong>sas diárias durante duassemanas após as quais repousava uma semana. Nunca ultrapassou a<strong>do</strong>sagem de 7,5 cc. Assim seguiu até principias de junho deste a<strong>no</strong> quan<strong>do</strong>,com sintomatologia subjetiva quase núla, lhe sobrevieram as lesões quepassaremos a descrever como sen<strong>do</strong> de líquen pla<strong>no</strong> de Wilson. A primeiralesão a aparecer foi uma mancha eritemato-pigmentada de tom violáceo naregião malar direita que progrediu em poucos dias para a região temporal epara a raiz <strong>do</strong> nariz o qual cobriu; idêntica lesão surgiu simetricamente <strong>do</strong>la<strong>do</strong> esquer<strong>do</strong> ten<strong>do</strong> se forma<strong>do</strong> ao fim de certo tempo uma só mancha emvespertilio pela coalescência das duas. Lesões semelhantes invadiram afronte e os antebraços. Nestes as lesões, que se assestavam na fáce externa,eram papulosas, de superfície plana e nacarada, algumas com estriaçãonítida (estrias de Wickham) sen<strong>do</strong> que a maioria era confluente na zonacentral. Estas lesões abrangiam 2/3 deste segmento de membro. No labiosuperior pequena mancha eritemato-pigmentada de l x 1 cm avançan<strong>do</strong>sobre a semi-mucosa. Na semi-mucosa <strong>do</strong> labio inferior <strong>no</strong>tam-se lesõesdifusas pigmentadas com nítida ramificação nacarada. Na regiãoparotidiana direita duas, pequenas manchas pigmentadas de 2 x 1 isoladas,com alguma tonalidade violácea muito própria <strong>do</strong>s elementos de líquenpla<strong>no</strong>. O exame cuida<strong>do</strong>so procedi<strong>do</strong> nas mucosas vulvar, vaginal, anal.jugal e lingual nada revelou de extraordinário.Como vimos, o exame histo-patológico veio confirmar o diagnósticoclínico de liquen pla<strong>no</strong>. Este possivelmente fora provoca<strong>do</strong> pelaterapêutica promínica, não deixan<strong>do</strong> entretanto de entrar em <strong>no</strong>ssascogitações a hipótese de tratar-se de uma simples coincidência. Somente<strong>no</strong>vas observações poderão estabelecer com segurança a sua etiologia.E' óbvio que <strong>no</strong>ssa <strong>do</strong>ente não era tuberculósa já clínica, járadiologicamente para se levar à guiza de uma tuberculide como quérMILIAN. porem. a <strong>no</strong>ssa paciente tem uma história de lues em seusantecedentes por haver sofri<strong>do</strong> 5 abortos expontâneos antes de serleprosa e possuir uma reação de Rubi<strong>no</strong> positiva; estes fatos portantocondicionam o aparecimento <strong>do</strong> líquen pla<strong>no</strong>.Gouin, por exemplo, vê muita relação entre líquen pla<strong>no</strong> e sífilis ediz que aquele é muito frequente <strong>no</strong>s luéticos (sífilis de Gouin),lembran<strong>do</strong> que o liquen pla<strong>no</strong> pode ser cura<strong>do</strong> <strong>pelo</strong> 914, bismuto oumercurio e certas de suas manifestações são francamente sifilóides:reação de Herxheimer, reativações, recidivas.Destas considerações tiramos a conclusão de que B. M., <strong>do</strong>ente delépra e possui<strong>do</strong>ra de um terre<strong>no</strong> sifilítico sofreu a irrupção de umliquen pla<strong>no</strong> provoca<strong>do</strong> muito possivelmente pela terapêutica promínica.


— 282 —Trata-se, a <strong>no</strong>sso ver, de uma <strong>no</strong>va modalidade de reação ao<strong>tratamento</strong> de lepra <strong>pelo</strong> promin, diversa das manifestações cutâneas denatureza alérgica comumente observadas, (pruri<strong>do</strong>s, urticaria, edema deQuincke, eczematides, disidrose, eczema alérgico. prurigos).R E S U M O :O Autor apresentou á Sociedade Paulista de Leprologia em suasessão ordinária de 14 de Agosto de 1948, um caso de liquen pla<strong>no</strong> quesurgiu em uma <strong>do</strong>ente de lepra em <strong>tratamento</strong> <strong>pelo</strong> promin. As lesões seassentavam na fronte, regiões malares, nariz, semi mucosas <strong>do</strong>s lábios e<strong>no</strong>s antebraços. Explicou o seu aparecimento <strong>pelo</strong> fenôme<strong>no</strong> biotrópicode Milian, (lues) . O quadro histológico correspondia ao clássicamenteverifica<strong>do</strong>.B I B L I O G R A F I Al — PAGET, C. M., - POGGE, R. C. e JOHANSEN P A. — Pub. HealthRep. 1946.2 — MUIR, R.: — Lep. Rev. 17:87, 1946.3 — Nouvelle Pratique Dermatologique IV pág. 631.


FIG. 1 <strong>Liquen</strong> pla<strong>no</strong> promínico.Lesões da face.


FIG. 2 <strong>Liquen</strong> pla<strong>no</strong> promínico.Lesões <strong>do</strong> antebraço direito.

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