CÂMARA DE TORTURA NO QUARTEL DA PM - Nosso Tempo Digital
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GRUPO BORDIN<br />
Praticamente formada a seleção que vai<br />
perder o campeonato da salvação do Brasil<br />
(Juvêncio Mazzarollo)<br />
Até agora, desde que se candidatou<br />
e venceu a eleição para presidente<br />
da República no Colégio Eleitoral,<br />
Tancredo Neves alimentou a si mesmo<br />
e a nação com literatura, Em<br />
pronunciamentos e entrevistas, ele<br />
usou de uma linguagem expressivamente<br />
progressista, merecendo muitos<br />
aplausos dos políticos em geral, da<br />
imprensa e mesmo da população.<br />
Criou-se assim um clima de confiança<br />
no novo governo e na "Nova<br />
República", embora seja urna confiança<br />
repleta de desconfianças e de<br />
dúvida quanto à viabilidade das<br />
mudanças prometidas pelas forças que<br />
chegam ao poder e vigorosamente<br />
reivindicadas pela nação.<br />
Como numa competição esportiva<br />
em que nenhuma equipe se prepara<br />
para entrar no campo de jogo<br />
demonstrando franqueza previamente,<br />
Tancredo Neves tinha de fato de<br />
mostrar segurança nas posições, dizer<br />
as coisas que o povo queria ouvir e<br />
tentar convencer a opinião pública<br />
sobre sua determinação e capacidade<br />
de fazer o que precisa ser feito<br />
Tancredo conseguiu chegar até<br />
aqui com um respeitável índice de<br />
credibilidade, no entanto, arranhada<br />
seriamente a partir do momento em<br />
que começaram a desfilar pelos meios<br />
de comunicação os nomes dos<br />
prováveis ministros do governo que<br />
será empossado no próximo dia 15.<br />
Tancredo Neves ainda não oficializou<br />
nenhuma indicação para cargo<br />
algum, mas hoje não restam muitas<br />
dúvidas a respeito de quem será<br />
ministro, ainda que não se saiba com<br />
a mesma segurança como os nomes<br />
levantados serão distribuídos nas<br />
diversas pastas Pelo que se sabe<br />
quanto a esse assunto, pois, está mais<br />
do que claro que o governo Tancredo<br />
Neves será marcado pelo conservadorismo,<br />
quase pelo continuísmo da<br />
presente situação.<br />
Presume-se que o novo presidente<br />
esteja fazendo suas escolhas de<br />
acordo com critérios de capacidade e<br />
de afinação dos indicados com os<br />
objetivos de sua administração. Assim<br />
deveria ser, restando indagar sobre se<br />
tais objetivos são de fato os que o<br />
povo apontaria se fosse consultado a<br />
respeito. Contudo, sabe-se que o time<br />
que entrará em campo com Tancredo<br />
Neves está sendo montado mais para<br />
satisfazer correntes políticas e redutos<br />
eleitorais do que para imprimir<br />
,eficiência à administração pública<br />
federal, honestidade e disposição para<br />
mudar, sabendo-se que foi sobre esse<br />
tripé - eficiência, honestidade e<br />
vontade de mudar - que as forças<br />
agregadas na tarefa de eleger o novo<br />
presidente fizeram campanha sucessória,<br />
com o que conquistaram respeitável<br />
adesão popular.<br />
Percebe-se, então, que o ministério<br />
de Tancredo está sendo montado<br />
mais ou menos ao estilo da Seleção<br />
Brasileira de Futebol, tantas vezes<br />
formada com a convocação de<br />
jogadores capazes de agradar a gregos<br />
e troianos, mas pouca capacidade de<br />
jogar Cada Estado e até cada grande<br />
clube quer ter representantes na<br />
Seleção, e os encarregados de<br />
convocar, não raro, atendem a esse<br />
tipo de ingerência, deixam-se enliar<br />
pelo condicionamento.<br />
Não parece importar muito aos<br />
que estão às portas do poder se quem<br />
vai ocupar este ou aquele ministério,<br />
este ou aquele cargo na Nova<br />
República - nem tão nova, como se<br />
vê - é o mais competente e o mais<br />
afinado com os objetivos nacionais<br />
claramente expressos de muitas<br />
maneiras e por múltiplos meios nos<br />
últimos tempos. O que realmente<br />
conta, no caso, é o poder de barganha<br />
de correntes e lideranças políticas que<br />
se sentem no direito de estar presentes<br />
na partilha do poder. Disputa-se ai<br />
um emprego, um lugar no time,<br />
mesmo que seja fora de posição. Cada<br />
partido, cada corrente ideológica, cada<br />
Estado da Federação disputa acerbamente<br />
a convocação de um ou mais de<br />
seus atletas, não importando muito se<br />
se trata de um centro-avante que terá<br />
de jogar no gol,de um ponta-esquerda<br />
que terá de jogar na direita, ou um<br />
ponta-direita que terá de deslocar-si<br />
para o meio de campo<br />
Por essas vias, por exemplo,<br />
como já ficou praticamente fora de<br />
dúida, o senador Marco Maciel<br />
BOMACLO<br />
assumira o Ministério da Educação e o<br />
ex-governador da Bahia Antônio<br />
Carlos Magalhães, o das Comunicações.<br />
Os brasileiros não sabem o que<br />
cada um desses senhores entende do<br />
ramo a que vão se dedicar. Custa<br />
admitir que a categoria profissional<br />
que atua em determinado setor não<br />
tenha um representante seu nas<br />
esferas decisórias, mas tenha de se<br />
submeter a autoridades treinadas em<br />
outros setores, pelo simples fato de<br />
terem tido papel destacado nas<br />
articulações que resultaram na vitória<br />
de quem se elegeu presidente. Haja<br />
vista que Antônio Carlos Magalhães.<br />
um dos políticos mais abjetos da República<br />
- talvez só perca para Paulo<br />
Maluf em safadeza -, porque repetiu<br />
pela televisão o que todos estávamos<br />
cansados de saber, isto é, que Paulo<br />
Maluf é um corrupto, e porque<br />
abandonou o barco do PDS na disputa<br />
sucessória, vai ser ministro, em que<br />
pese todo seu passado negro, de<br />
cúmplice da ditadura militar e tudo o<br />
que isso significa.<br />
Ora, sabendo-se que Tancredo<br />
Neves não é propriamente o modelo<br />
de político progressista; sabendo-se de<br />
de suas intenções de não provocar<br />
rupturas profundas nos mecanismos<br />
de poder montados pelo militarismo e<br />
a tecnocracia ao longo dos últimos 21<br />
anos; sabendo-se que, dentro do<br />
<strong>PM</strong>DB, é o setor mais conservador o<br />
mais influente nos caminhos da Nova<br />
República; sabendo-se que a Frente<br />
Liberal - outro grande suporte da<br />
candidatura e da vitória de Tancredo<br />
Neves - reúne um grosso contingente<br />
de vassalos do regime que agoniza;<br />
considerando os nomes ventilados<br />
para ocuparem ministérios e outros<br />
postos proeminentes, em sua maioria<br />
buscados entre os responsáveis pelo<br />
descalabro em que está o pais;<br />
analisando a gravidade da situação<br />
nacional e confrontando-a com a<br />
capacidade de recuperação; e cons iderando<br />
que "tra dire e fare c'é mez.zo<br />
mare" - como diz o velho provérbio<br />
italiano -, a conclusão aponta para o<br />
rumo da decepção geral, consumindose<br />
estupidamente, nos altos círculos<br />
governamentais e entre as elites, os<br />
anseios de mudança tão vivamente<br />
alimentados pelo povo. Há luz no fim<br />
do túnel, mas o fim do túnel está<br />
muito, mas muito mesmo, muito mais<br />
longe do que os novos donos da<br />
República deram a entender até agora<br />
Em resumo, quem não tem vai<br />
continuar não tendo, e quem tem vai<br />
continuar tendo sempre mais. E assim<br />
será por muitos e muitos anos. Pobre<br />
Brasi l!<br />
BORDIN MATERIAIS <strong>DE</strong> CONSTRUÇÃOLT<strong>DA</strong><br />
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