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Onde foi que - Diversitas

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A “CACHORRADA” NADOU DE BRAÇADASEU MORAVA NO CASARÃO <strong>que</strong> a VPR mantinha no Paradero Deciocho,da Avenida Santa Rosa, em Santiago, quando o cabo Anselmo chegou ao Chileem outubro de 1971. Nós estávamos reunidos e de repente houve um alvoroço.Era Ubiratan Vatutim procurando o José Duarte para ir reconhecer alguémimportante <strong>que</strong> havia chegado do Brasil.Mais tarde eu soube <strong>que</strong> a agitação <strong>foi</strong> causada pelo aparecimento do caboAnselmo. Porém eu estava longe de desconfiar, tal como os demaiscompanheiros, <strong>que</strong> o mítico líder da Revolta dos Marinheiros de 1964 era o maisrecente “cachorro” da repressão e peça-chave de uma operação conjunta doCentro de Informação da Marinha (Cenimar) e do delegado Sérgio ParanhosFleury. Estava sendo inaugurada uma nova estratégia da repressão <strong>que</strong> até entãopunha os seus agentes para seguir os militantes de es<strong>que</strong>rda esparramados pelomundo. Agora se tratava de atraí-los para a volta clandestina ao Brasil e matá-los.Anselmo <strong>foi</strong> a isca para a repressão localizar, atrair, prender, torturar e matartodos a<strong>que</strong>les <strong>que</strong> caíssem na armadilha.O ex-marinheiro chegou a Santiago em outubro de 1971 e <strong>foi</strong> posto emcontato com a ex-dirigente da VPR Maria do Carmo Brito, por intermédio deAngélica Fauné, militante do MIR – Movimiento de Isquierda Revolucionária.O plano da repressão poderia ter sido abortado na<strong>que</strong>le encontro, pois alguns diasantes Maria soube <strong>que</strong> Anselmo havia sido preso por uma amiga <strong>que</strong> conseguiuvisitar na prisão a também ex-dirigente da VPR Inês Etienne Romeu 2 .A<strong>que</strong>la informação seria o suficiente para o cabo cair do cavalo, pois pelalógica se alguém como ele tinha sido preso, continuaria preso ou morto, e nãocirculando livremente por Santiago.2 Inês Etienne <strong>foi</strong> presa em São Paulo em 5 de maio de 1971 e levada para a Delegacia de OrdemPolítica e Social (DOPS) de Sérgio Paranhos Fleury. Na tortura ela inventou um ponto – lugar deencontro entre militantes – no Rio de Janeiro e ao ser levada para o local se atirou sob um ônibus,sendo retirada ma seqüência do Hospital Central do Exército e mantida encarcerada durante 96dias numa casa <strong>que</strong> o Centro de Informações do Exército mantinha em Petrópolis. O informe deInês Etienne saiu do hospital e <strong>foi</strong> direto para nas mãos de sua amiga Maria do Carmo Brito.12

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