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Em casa, na rua, em toda a parte

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manhã de 19 de agosto <strong>na</strong> companhia do italiano Armando Fermani, ex-<strong>em</strong>pregadoda Companhia Lidgerwood e vizinho da família Mesquita 23 . O casoseria ape<strong>na</strong>s mais um de tantos de menores seduzidas e conduzidas para longeda <strong>casa</strong> de seus pais, não foss<strong>em</strong> alguns el<strong>em</strong>entos que a imprensa da épocaexplorou ao máximo, os quais se pod<strong>em</strong> notar logo <strong>na</strong> manchete da notíciaque ocupou por diversos números a primeira pági<strong>na</strong> de O Commercio de SãoPaulo: “Caso Excepcio<strong>na</strong>l – A<strong>na</strong>rquistas <strong>em</strong> S. Paulo – Conspirações Descobertas.Rapto de uma moça de família – Queixa ao dr. Chefe de Polícia – Busca eApreensão de máqui<strong>na</strong>s infer<strong>na</strong>is – Revelações” 24 .Neste momento, vale propor uma breve digressão para poder a<strong>na</strong>lisaresse “Caso excepcio<strong>na</strong>l” a partir do processo de construção dos espaços deatuação política dos a<strong>na</strong>rquistas, s<strong>em</strong> o viés sensacio<strong>na</strong>lista que a imprensapaulista<strong>na</strong> buscou imprimir nele e a fim de entender a presença dos militantesno cotidiano dos trabalhadores e da cidade de São Paulo, assim como avigilância a que foram então submetidos. Daí a necessidade de pensar, primeiramente,<strong>na</strong> presença pública dos a<strong>na</strong>rquistas pelas <strong>rua</strong>s e espaços públicosda cidade.A<strong>na</strong>rquistas <strong>na</strong>s <strong>rua</strong>sManifestações de trabalhadores organizados não eram novidade <strong>em</strong>São Paulo e <strong>em</strong> vários centros urbanos brasileiros. Pelo menos desde 1891,o 1 o de Maio era celebrado <strong>na</strong> Capital Federal e a capital paulista tambémtest<strong>em</strong>u nhou <strong>na</strong>quele ano os festejos promovidos pelo Centro do PartidoOperário de São Paulo 25 . <strong>Em</strong> 1892, a imprensa deu conta de com<strong>em</strong>oraçõesocorridas <strong>na</strong>quelas duas cidades e também <strong>em</strong> Porto Alegre, onde, <strong>na</strong> “completapaz”, ouviram-se discursos <strong>em</strong> al<strong>em</strong>ão, italiano e <strong>em</strong> português, atendendoas diversas <strong>na</strong>cio<strong>na</strong>lidades dos trabalhadores. No Rio de Janeiro, até opresidente marechal Floriano Peixoto comparecera às festas com<strong>em</strong>orativase, <strong>em</strong> São Paulo, os festejos novamente contaram com a organização daqueleCentro Operário 26 .O dia de 1 o de Maio de 1893, por sua vez, a “data escolhida pelos socialistaspara a celebração da festa do trabalho”, com cortejos por <strong>toda</strong> a capitalpaulista 27 , transcorreu “numa ord<strong>em</strong> e harmonia invejáveis” 28 . No entanto,durante a noite, explosões <strong>em</strong> dois pontos da cidade de São Paulo fizeram saltarnão ape<strong>na</strong>s <strong>parte</strong> dos edifícios, mas as autoridades e a opinião pública, noque a imprensa chamou de “a primeira manifestação material do a<strong>na</strong>rquismo<strong>em</strong> São Paulo” 29 . A polícia paulista<strong>na</strong>, porém, não conseguiu identificar intençõesou envolvimento de a<strong>na</strong>rquistas <strong>na</strong>s explosões, conforme foi indicado<strong>em</strong> inquérito aberto para apurar o incidente 30 .130

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