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um caminho para a sustentabilidade na SABESP - unisalesiano

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RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL: UM CAMINHO PARA ASUSTENTABILIDADE NA <strong>SABESP</strong>ENVIRONMENTAL RESPONSIBILITY: A PATH TO THE SUSTAINABILITY IN <strong>SABESP</strong>Arthur Sanches Crubelati – ar_crube@hotmail.comDanilo Machado Brochato – danilo.megaconti@hotmail.comTharik Vinícius Alves Cardoso – tharik.cardoso@gmail.comProfª. M. Sc.Máris de Cássia Ribeiro Vendrame – maris@unisalesiando.edu.brProfª. M. Sc. Heloisa Hele<strong>na</strong> Rovery da Silva – heloisa@<strong>unisalesiano</strong>.edu.brRESUMODurante muito tempo acreditou-se que a industrialização seria o melhor<strong>caminho</strong> <strong>para</strong> o desenvolvimento, mas a procura incessante pelo lucro a qualquercusto causou inúmeras catástrofes socioambientais. Devido à conscientização doscidadãos, cada vez mais as organizações são cobradas a atuar de formaresponsável perante o meio ambiente e a sociedade. Surge a importância dainserção de valores como a responsabilidade socioambiental nos objetivos dasorganizações. O termo <strong>sustentabilidade</strong> surgiu da necessidade de se obterresultados de maneira controlada, sem agredir o meio ambiente, nem comprometeras futuras gerações. Diante desse contexto, o alcance da <strong>sustentabilidade</strong> devefazer parte da missão da empresa, aliada aos seus objetivos estratégicos. Apresente pesquisa tem como objetivo averiguar se as práticas de responsabilidadesocioambiental contribuem com o alcance da <strong>sustentabilidade</strong>.Palavras-chave: Responsabilidade Socioambiental. Sustentabilidade. GestãoAmbiental.ABSTRACTFor a long time it was believed that industrialization would be the best path toprogress, but the incessant search for profit at any cost caused n<strong>um</strong>erous social andenvironmental disasters. Due to the awareness of citizen, more and moreorganizations are charged to act responsibly towards the environment and society.Comes the importance of insertion values such as environmental responsibility in theobjectives of the organizations. The term sustai<strong>na</strong>bility has emerged from the need toachieve results in a controlled manner, without harming the environment orcompromising future generations. Given this context, achieving sustai<strong>na</strong>bility must bepart of statement’s mission, coupled with its strategic objectives. This paper aimsascertain whether the practices of environmental responsibility contribute to theachievement of sustai<strong>na</strong>bility.Keywords: Environmental Responsibility. Sustai<strong>na</strong>bility. Environmental Ma<strong>na</strong>gement.Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 1, n.2, jul/dez de 2010 86


INTRODUÇÃOA <strong>na</strong>tureza por si só vive em constante harmonia, sendo o homem o principalresponsável por alterar suas características, chegando a prejudicar os ecossistemase a cadeia alimentar. No princípio, o ser h<strong>um</strong>ano utilizava dos recursos <strong>na</strong>turais <strong>para</strong>a sua sobrevivência, o que mudou substancialmente desde a época daindustrialização até os dias atuais, onde a fau<strong>na</strong> e a flora são formas de obterganhos – muitas vezes sem pensar <strong>na</strong>s consequências.Diante do cons<strong>um</strong>o desenfreado dos recursos <strong>na</strong>turais e da escassez demuitos deles, a sociedade e o Governo passaram a cobrar das empresas <strong>um</strong>a maiorresponsabilidade no uso da água, solo e ar. Já foi constatado que os maiores vilõesdo desequilíbrio ambiental são o aquecimento global - causado principalmente pelosgases poluentes oriundos da queima de combustíveis fósseis - e o desmatamento,atitudes constantemente praticadas por muitas empresas.Ao longo do século XX, foram os grandes acidentes industriais e acontami<strong>na</strong>ção resultante deles que acabaram chamando a atenção daopinião pública <strong>para</strong> a gravidade do problema. Alguns dos problemasambientais tor<strong>na</strong>ram-se assunto global pela sua visibilidade e facilidade decompreensão quanto a causa e efeito constituíram-se <strong>na</strong> principalferramenta de construção de <strong>um</strong>a conscientização dos problemascausados pela má gestão. (DIAS, 2009, p. 7).Diante disso as organizações procuram cada vez mais técnicas produtivasque não agridam o ambiente ao seu redor, como a adoção do Sistema deGerenciamento Ambiental (SGA) e práticas de Responsabilidade Socioambiental,atitudes que além de colaborarem com a preservação da <strong>na</strong>tureza, acabam criando<strong>um</strong>a boa imagem institucio<strong>na</strong>l, tor<strong>na</strong>ndo <strong>um</strong> diferencial em <strong>um</strong> mercado cada vezmais competitivo.A responsabilidade social corporativa é a característica que melhor defineesse novo ethos. Em res<strong>um</strong>o, está se tor<strong>na</strong>ndo hegemônica a visão de queos negócios devem ser feitos de forma ética, obedecendo a rigorososvalores morais, de acordo com comportamentos cada vez maisuniversalmente aceitos como apropriados. (QUEIROZ et al., 2005, p. 7)A <strong>sustentabilidade</strong> é <strong>um</strong> conceito de desenvolvimento discutido e elaboradono fi<strong>na</strong>l do século XX, onde a qualidade de vida do homem passa a ser <strong>um</strong>acondição <strong>para</strong> o progresso, sendo que os recursos <strong>na</strong>turais devem ser utilizados deUniversitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 1, n.2, jul/dez de 2010 87


forma consciente, com o âmbito de estarem disponíveis também às geraçõesfuturas.O presente estudo procurou, através de levantamento bibliográfico, centrar-senos conceitos de responsabilidade socioambiental e <strong>sustentabilidade</strong>. Através depesquisa de campo, foram a<strong>na</strong>lisados os projetos socioambientais realizados pelaempresa Sabesp e sua contribuição <strong>para</strong> o alcance da <strong>sustentabilidade</strong>.A pesquisa partiu com base no seguinte questio<strong>na</strong>mento: As ações deresponsabilidade socioambiental praticadas pela Sabesp conduzem-<strong>na</strong> à<strong>sustentabilidade</strong>?1 A <strong>SABESP</strong>A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo(Sabesp) é <strong>um</strong>a empresa de economia mista e tem como principal acionista oGoverno do Estado de São Paulo. Em 2002, a companhia tornou-se a primeiraempresa de economia mista a aderir ao Novo Mercado da Bovespa.Simultaneamente, passou a ter suas ações listadas <strong>na</strong> Bolsa de Valores de NovaIorque. (<strong>SABESP</strong>, 2010)A figura abaixo ilustra a distribuição do capital social da companhia:Fonte: Sabesp, 2010Figura 1: Distribuição do capital socialNo Estado de São Paulo, dos 645 municípios, a Sabesp presta serviços <strong>para</strong>365 atendendo <strong>um</strong>a população de 26 milhões de habitantes. Atualmente, 112municípios atendidos já possuem serviços de água e esgotos universalizados. Parac<strong>um</strong>prir sua missão e alcançar os objetivos estabelecidos em sua visão, serãoUniversitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 1, n.2, jul/dez de 2010 88


investidos cerca de R$ 8,6 bilhões entre 2009 e 2013 <strong>para</strong> estender auniversalização <strong>para</strong> os demais 254 municípios. (<strong>SABESP</strong>, 2010)Além dos serviços de saneamento básico no Estado de São Paulo a Sabespestá habilitada <strong>para</strong> exercer atividades em outros estados e países, podendo aindaatuar nos mercados de dre<strong>na</strong>gem urba<strong>na</strong>, serviços de limpeza urba<strong>na</strong>, manejo deresíduos sólidos e energia. (<strong>SABESP</strong>, 2010)A Sabesp também ampliou sua plataforma de soluções ambientais,desti<strong>na</strong>das a grandes clientes que queiram se beneficiar do conhecimento e datecnologia da empresa <strong>para</strong> uso racio<strong>na</strong>l da água, desti<strong>na</strong>ção adequada dos esgotose preservação do meio ambiente. (<strong>SABESP</strong>, 2010)O modelo de administração da Sabesp é baseado <strong>na</strong> regio<strong>na</strong>lização porbacias hidrográficas. Tal critério atende a legislação de saneamento estadual e tor<strong>na</strong>mais eficaz o atendimento às demandas sociais e locais. A administraçãodescentralizada é formada por diretorias e unidades de negócio. (<strong>SABESP</strong>, 2010)As unidades de negócio possuem autonomia <strong>para</strong> a aplicação de recursos.Elas seguem as diretrizes centrais da Sabesp, porém as decisões sãocompartilhadas com as assembleias dos municípios concedentes e com ascomissões de gestão regio<strong>na</strong>l, que por sua vez democratizam os processosdecisórios da empresa. (<strong>SABESP</strong>, 2010)A empresa tem como missão: “Prestar serviços de saneamento, contribuindo<strong>para</strong> a melhoria da qualidade de vida e do meio ambiente.” E como visão, em 2018:“Ser reconhecida como Empresa que universalizou os serviços de saneamento emsua área de atuação, com foco no cliente, de forma sustentável e competitiva, comexcelência em soluções ambientais”. (<strong>SABESP</strong>, 2010)2 CONCEITUANDO RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL, GESTÃOAMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE2.1 Responsabilidade socioambientalSegundo Dias (2009), a responsabilidade ambiental está contida dentro daresponsabilidade social empresarial, e deve ser entendida como parte integrantedesta, nunca de forma isolada, sendo que a responsabilidade socioambiental seUniversitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 1, n.2, jul/dez de 2010 89


constitui em ações que extrapolam a obrigação, ass<strong>um</strong>indo mais <strong>um</strong> conteúdovoluntário de participação em iniciativas, programas e propostas que visem manter omeio ambiente livre de contami<strong>na</strong>ção e saudável <strong>para</strong> ser usufruído pelas futurasgerações.No âmbito social, os termos responsabilidade social e filantropia ainda sãoconfundidos. A filantropia, por sugerir ação voluntária, contando com a generosidadee a beneficência, tem gerado críticas de vários grupos, por apresentar soluçõessimplistas, em vez de desenvolver nos beneficiários a consciência efetiva dos seusproblemas e estimular a criação de mecanismos de busca de soluções.Nesse contexto, não se devem limitar as ações a doações de recursos,mas devem-se acompanhar os projetos de ação social da empresa,utilizando as ferramentas de controle e avaliação de que já dispõe <strong>para</strong>tratar das questões sociais. (BENEDICTO, CALIL, SILVA FILHO, 2008, p.31)Portanto, falar de responsabilidade social é ir muito além de doaçõesrealizadas a projetos e instituições de caridade. Envolve todo o público interessado(acionistas, clientes, fornecedores). A empresa deve ter os conceitos de ética etransparência como os princípios básicos de sua conduta. (ASHLEY, 2002)Contudo, a responsabilidade social não pode ser considerada como <strong>um</strong>modelo fixo, que estabelece prioridades predetermi<strong>na</strong>das e permanece estática. Asrelações de <strong>um</strong>a empresa com a sociedade são dinâmicas e poderão sofrervariações com o tempo. Cabe, portanto, à sociedade exigir junto aos órgãoscompetentes as providências necessárias caso a empresa desc<strong>um</strong>pra as regras epadrões de conduta social e ambiental. (BENEDICTO, CALIL, SILVA FILHO, 2008)A responsabilidade socioambiental, pois, acaba por estabelecer <strong>um</strong> novopapel <strong>para</strong> as empresas <strong>na</strong> sociedade: deixar de ser ape<strong>na</strong>s <strong>um</strong>a unidade deprodução orientada <strong>para</strong> o mercado e a economia, <strong>para</strong> tor<strong>na</strong>r-se <strong>um</strong> sistema socialorganizado, comprometido com metas estabelecidas de acordo com critérios éticos.2.2 Gestão ambiental, produção mais limpa e ISO 14001Devido ao ritmo intenso de industrialização e a<strong>um</strong>ento da população <strong>na</strong>sáreas urba<strong>na</strong>s - fato que ocorreu no Brasil principalmente a partir de 1960 – oUniversitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 1, n.2, jul/dez de 2010 90


impacto ao meio ambiente tornou-se algo quase irreparável. Após vários desastres eefeitos negativos da industrialização, foram criados pelo governo brasileiro órgãosambientais com o objetivo do controle ambiental.A resposta das empresas ao grande número de normas legais que foramsendo implantadas ao longo dos últimos anos e às críticas que a sociedade lhes temfeito devido ao impacto negativo de suas atividades tem sido adotar <strong>um</strong>a gestãoambiental, com o objetivo de obter ganhos e causar menor impacto ambiental.Dias (2009) define gestão ambiental como <strong>um</strong>a expressão utilizada <strong>para</strong>denomi<strong>na</strong>r a gestão empresarial que se orienta <strong>para</strong> evitar, <strong>na</strong> medida do possível,problemas <strong>para</strong> o meio ambiente. A gestão ambiental é o principal instr<strong>um</strong>ento <strong>para</strong>se obter <strong>um</strong> desenvolvimento sustentável, pois seu objetivo é conseguir que osefeitos ambientais não ultrapassem a capacidade de carga do meio onde seencontra a organização.As instituições públicas (Prefeituras, Estados e União) são os principaisreguladores das políticas de proteção ao meio ambiente, portanto, as normas legaissão referências obrigatórias <strong>para</strong> as empresas que pretendem adotar <strong>um</strong> Sistema deGestão Ambiental (SGA). (DIAS, 2009)Para Tachizawa (2006), a tendência de preservação ambiental e ecológicapor parte das organizações deve continuar de forma permanente e definitiva; diantedisso, os resultados econômicos passam a depender cada vez mais de decisõesempresariais que levem em conta que:a) não há conflito entre lucratividade e a questão ambiental;b) o movimento ambientalista cresce em escala mundial;c) clientes e comunidade em geral passam a valorizar cada vez mais aproteção do meio ambiente;d) a demanda e, portanto, o faturamento das empresas passam a sofrercada vez mais pressões e a depender diretamente do comportamento decons<strong>um</strong>idores que enfatizam suas preferências <strong>para</strong> produtos e organizaçõesecologicamente corretos.O Programa das Nações Unidas <strong>para</strong> o Meio Ambiente (PNUMA), em 1989,definiu produção mais limpa (PML) como: a aplicação contínua de <strong>um</strong>a estratégiaambiental preventiva e integral que envolve processos, produtos e serviços, demaneira que se previ<strong>na</strong>m ou reduzam os riscos de curto ou longo prazo <strong>para</strong> o serUniversitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 1, n.2, jul/dez de 2010 91


h<strong>um</strong>ano e o meio ambiente. (DIAS, 2009)A adoção da ecoeficiência proporcio<strong>na</strong> às empresas <strong>um</strong>a otimização daprodução e, consequentemente, <strong>um</strong> menor impacto ao meio ambiente. Porém, atransição <strong>para</strong> a ecoeficiência deve ocorrer gradativamente e levar em consideraçãoaspectos como: cultura empresarial, capacitação, reconhecimento, ferramentasgerenciais, pesquisa e desenvolvimento, <strong>para</strong> melhorar a visão empresarial.(TACHIZAWA, 2006)Muitos países têm adotado selos de qualidade ambiental (selos verdes), quesão concedidos levando em conta todo o processo produtivo de <strong>um</strong> produto. Talatitude acaba si<strong>na</strong>lizando novos padrões inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is de cons<strong>um</strong>o e realização decomércio, afetando as exportações em países como o Brasil. (TACHIZAWA, 2006)A certificação ISO 14001 foi criada através dos processos de discussõesacerca dos problemas ambientais e da alter<strong>na</strong>tiva de promoção do desenvolvimentoeconômico. É <strong>um</strong> meio legal que muitas organizações procuram <strong>para</strong> obter <strong>um</strong>amaior competitividade no mercado em que estão inseridas. (SEIFFERT, 2007)Almeida (2007) destaca que a ISO 14001 foi desenvolvida em resposta ànecessidade das empresas em melhorar o desempenho ambiental, estimular aprevenção da poluição e aprimorar a conformidade com as diferentes legislaçõesambientais.Segundo Dias (2009), além das normas da série ISO 14000, outras normascomo a ISO 19011 surgiram <strong>para</strong> complementar o grupo de normas ambientais.Outras normas além das citadas encontram-se com sua estrutura ainda emdefinição, necessitando de complementações significativas <strong>para</strong> serem consideradascomo padrões inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>is.Existem grandes questio<strong>na</strong>mentos quanto ao r<strong>um</strong>o da economia nospróximos anos, principalmente com a maior conscientização do cons<strong>um</strong>idor quantoàs questões ambientais. As organizações devem adotar novos posicio<strong>na</strong>mentos emface de tais questões, pois, atualmente, o cons<strong>um</strong>idor privilegia não ape<strong>na</strong>s preço equalidade, mas também o comportamento socioambiental das empresas fabricantes.2.3 SustentabilidadeCom a intensificação do crescimento econômico mundial, os problemasambientais agravaram-se e ganharam visibilidade, sendo alvo de críticas de grandeUniversitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 1, n.2, jul/dez de 2010 92


parte da sociedade mundial. Esse fato começou a ocorrer ape<strong>na</strong>s <strong>na</strong> segundametade do século XX, nos países desenvolvidos, os primeiros a sentirem o impactonegativo da revolução industrial.Em 1972, <strong>na</strong> cidade de Estocolmo, <strong>na</strong> Suécia, foi realizada a Conferência dasNações Unidas sobre o Ambiente H<strong>um</strong>ano, tendo como resultado <strong>um</strong>a declaração e<strong>um</strong> plano de ação com 109 recomendações. Muitos consideram tal acontecimentocomo o marco inicial do conceito de desenvolvimento sustentável. Um importantemérito dessa conferência foi a criação do PNUMA, órgão que monitora o avanço dosproblemas ambientais no mundo. (SACHS, 2002)Sustentabilidade deve ser mais do que <strong>um</strong> significado bonito e orientado <strong>para</strong>empresas e organizações ligadas ao meio ambiente. É muito importante entender esaber que a adoção de práticas sustentáveis <strong>na</strong> vida de cada indivíduo é <strong>um</strong> fatordecisivo <strong>para</strong> possibilitar a sobrevivência da raça h<strong>um</strong>a<strong>na</strong> e a continuidade dadisponibilidade dos recursos <strong>na</strong>turais.A <strong>sustentabilidade</strong> busca conciliar o desenvolvimento econômico com apreservação ambiental e o fim da pobreza no mundo. A Sustentabilidade ganhouespaço e se tornou necessidade <strong>para</strong> todos os seres h<strong>um</strong>anos do Planeta Terra.(MENDES, 2007)Almeida (2007) enfatiza que a <strong>sustentabilidade</strong> <strong>na</strong>s organizações apresentatrês dimensões: econômica, social e ambiental. Devido a esse motivo, muitosautores consideram <strong>um</strong> termo muito abrangente e complexo. A organização queatinge a <strong>sustentabilidade</strong> encontra-se n<strong>um</strong> estágio muito avançado de evolução.a) do ponto de vista econômico, a <strong>sustentabilidade</strong> prevê que asempresas têm que ser economicamente viáveis, dando retorno aoinvestimento realizado;b) em termos sociais, deve satisfazer aos requisitos de proporcio<strong>na</strong>rmelhores condições de trabalho aos seus empregados, apoiando adiversidade cultural inter<strong>na</strong> e exter<strong>na</strong>;c) do ponto de vista ambiental, deve pautar-se pela ecoeficiência, adotara produção mais limpa, preservar os recursos <strong>na</strong>turais e desenvolver <strong>um</strong>acultura ambiental organizacio<strong>na</strong>l.Atualmente a visão de desenvolvimento leva em consideração não somente omeio ambiente <strong>na</strong>tural, mas também aspectos socioculturais. A qualidade de vidaUniversitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 1, n.2, jul/dez de 2010 93


dos seres h<strong>um</strong>anos passa a ser condição <strong>para</strong> o progresso. Diante de tais fatos, asorganizações que desejam <strong>um</strong> espaço no mercado global necessitam adotar <strong>um</strong>conceito de evolução baseado no desenvolvimento sustentável. (DIAS, 2009)3 A PESQUISAAtualmente, o grande dilema das empresas é a<strong>um</strong>entar seus lucros semafetar o ambiente ao seu redor. A sociedade vem cobrando das organizações <strong>um</strong>aatitude de maior responsabilidade e transparência. Produzir mais e melhor semcomprometer os recursos <strong>na</strong>turais às gerações futuras é o propósito da<strong>sustentabilidade</strong>.Para demonstrar a importância das ações de responsabilidade socioambiental<strong>para</strong> o alcance da <strong>sustentabilidade</strong> foi realizada <strong>um</strong>a pesquisa de campo <strong>na</strong>empresa Sabesp – Unidade de Negócio de Lins, no período de fevereiro a outubrode 2010.Além do compromisso de universalizar os serviços públicos de saneamento, aSabesp ass<strong>um</strong>iu a tarefa de contribuir <strong>para</strong> melhorar as condições ambientais dascidades onde opera e a qualidade de vida das comunidades; de reabilitar osma<strong>na</strong>nciais e de investir <strong>na</strong> formação das pessoas <strong>para</strong> que elas aprendam a usar aágua de forma consciente.3.1 Programa de responsabilidade socioambientalO programa foi concebido, considerando seu objetivo geral, os objetivosespecíficos, os resultados, as ações e <strong>um</strong>a metodologia de trabalho que envolve ascinco linhas estratégicas de ação da responsabilidade social Sabesp: capacitação eformação, comunicação, gestão participativa, monitoramento e avaliação edesenvolvimento de projetos.As ações de responsabilidade socioambiental são coorde<strong>na</strong>das por <strong>um</strong> grupode empregados, com representantes de todas as diretorias, que se interconectamem rede com voluntários, multiplicadores, agentes comunitários, formando <strong>um</strong>contingente de aproximadamente 1500 pessoas.Como resultado, a Sabesp mantém atualmente 39 projetos deUniversitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 1, n.2, jul/dez de 2010 94


esponsabilidade social, 73% dos quais são voltados <strong>para</strong> a comunidade exter<strong>na</strong> e27% <strong>para</strong> a comunidade inter<strong>na</strong> e seus familiares. Para difundir o conceito deresponsabilidade socioambiental e a<strong>um</strong>entar a percepção da sociedade perante asações realizadas pela companhia, foi criado <strong>um</strong> programa de voluntariado.Para que o programa de voluntariado <strong>na</strong> Sabesp pudesse ser criado combases sólidas e pudesse se sustentar nos pilares social, ambiental e fi<strong>na</strong>nceiro daresponsabilidade social, foram implementadas várias ações que resultaram <strong>na</strong>construção do código de ética e programa de educação ambiental.Muitas comunidades estão sendo beneficiadas com os mutirões realizadospelos empregados voluntários da Sabesp, podendo-se destacar <strong>na</strong> cidade de Linsas ações realizadas em prol da Santa Casa. Durante a Sema<strong>na</strong> Inter<strong>na</strong> dePrevenção de Acidentes de Trabalho (SIPAT), foram arrecadados kits de limpeza(detergente e água sanitária), que foram revertidos à instituição. Além da doação, aSabesp também colaborou no show de prêmios promovido pelo hospital, queresultou <strong>na</strong> renda de mais de R$ 30 mil. O valor arrecadado será desti<strong>na</strong>do à trocade todo o enxoval do hospital que está em estado precário.Estima-se que, no ano de 2009, mais de 11 mil pessoas foram beneficiadascom o programa em todo o estado de São Paulo, sendo que foi dada prioridade àspopulações mais carentes e às comunidades do entorno. Foram cerca de 800brinquedos arrecadados, 12 toneladas de alimentos doados e mais de 10 mil litrosde óleo de cozinha coletados.Considera-se que o programa de voluntariado desenvolvido pela Sabesp é<strong>um</strong>a grande oportunidade por meio da qual é possível melhorar a qualidade de vidados menos assistidos e prosseguir no desenvolvimento de ideias e açõessustentáveis.3.1.1 Programa de reciclagem de óleo de frituraO óleo de cozinha utilizado <strong>para</strong> frituras é muito prejudicial <strong>para</strong> o sistema deesgotamento sanitário em todas as cidades do mundo. Quando despejado n<strong>um</strong>a piade cozinha prejudica não só a edificação como todo <strong>um</strong> sistema de saneamento,pois, além de não dissolver <strong>na</strong> água, acaba por agluti<strong>na</strong>r ainda mais sujeira edetritos.Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 1, n.2, jul/dez de 2010 95


Diante dessa situação de agressão à <strong>na</strong>tureza e do constante número desolicitações de desobstrução da rede esgotos, a Sabesp realizou parcerias comprefeituras, comerciantes locais e sociedades <strong>para</strong> iniciar <strong>um</strong> programa de coleta ereciclagem de óleo de fritura (PROL).Em abril de 2009, a unidade de negócio de Lins lançou, <strong>na</strong>s dependências dosupermercado Amigão, <strong>um</strong>a campanha <strong>para</strong> recolher óleo vegetal usado. Acompanhia adquiriu <strong>para</strong> distribuição 28 mil funis de plástico reciclado <strong>para</strong> facilitar oenvasamento <strong>na</strong>s garrafas PET e, posteriormente, incentivar o cliente a levar o óleo<strong>para</strong> a troca no mercado.Todo o óleo coletado é encaminhado <strong>para</strong> indústrias de biodiesel da região,que transformam o óleo em componente <strong>para</strong> novo combustível, como é o caso daJBS Biodiesel. No processo de coleta, todos os componentes são aproveitados: asgarrafas plásticas usadas <strong>para</strong> o transporte do óleo são vendidas <strong>para</strong> empresas derecicláveis.A rede de supermercados Amigão criou <strong>um</strong>a promoção <strong>para</strong> quem aderisseao movimento: <strong>para</strong> cada quatro litros de óleo vegetal usado, o cons<strong>um</strong>idor ganhava<strong>um</strong> litro de óleo de soja novo. Houve <strong>um</strong>a adesão maciça da comunidade: durante oano de 2009 foram coletados 35 mil litros de óleo <strong>na</strong> cidade de Lins.3.2 Parecer fi<strong>na</strong>l sobre o casoA presente pesquisa contemplou que a Sabesp c<strong>um</strong>pre os requisitos deempresa socialmente responsável, preocupada com o meio ambiente e a sociedadeem que atua. Verificou-se que, através dos programas de responsabilidadesocioambiental realizados, a população pode ter <strong>um</strong>a melhor qualidade de vida.O objetivo da empresa em atingir o público-alvo foi demonstrado com ocomprometimento dos envolvidos nos programas e <strong>na</strong>s diversas parcerias locaisrealizadas. Diante de tal comprometimento é possível c<strong>um</strong>prir com as diretrizes daempresa no âmbito socioambiental, baseadas em sua missão e com referência emseu código de ética e conduta.Também foi possível observar que as ações da companhia respeitam asdiversidades regio<strong>na</strong>is, cada unidade de negócio tem autonomia <strong>para</strong> adaptar-se aomodelo proposto e focar nos públicos que deseja beneficiar, sem alterar o principalUniversitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 1, n.2, jul/dez de 2010 96


propósito do programa de responsabilidade socioambiental da empresa.Devido ao fato de a responsabilidade socioambiental ser <strong>um</strong> pilar desustentação e a mola propulsora da <strong>sustentabilidade</strong>, foi possível responder apergunta problema que norteou a presente pesquisa e a hipótese de que as açõesde responsabilidade socioambiental podem conduzir a empresa à <strong>sustentabilidade</strong>foi comprovada.CONCLUSÃONos dias de hoje, tor<strong>na</strong>-se cada vez mais necessário <strong>para</strong> a empresa quedeseja obter <strong>um</strong> diferencial competitivo adotar valores como ética, igualdade edesenvolvimento sustentável. Isso só é possível com comprometimento etransparência.A sociedade cobra sempre o melhor posicio<strong>na</strong>mento das organizações no quediz respeito à qualidade de vida e preservação dos recursos <strong>na</strong>turais. Junto com opoder público, é maior fiscalizador atualmente. Além das empresas, cabe a cada <strong>um</strong>dos cidadãos também adotar <strong>um</strong>a postura ética perante à <strong>na</strong>tureza e respeito aomeio ambiente, <strong>para</strong> a construção de <strong>um</strong> mundo mais igual.O presente artigo procurou alinhar os conceitos de responsabilidadesocioambiental e sua relação com o alcance da <strong>sustentabilidade</strong>. Conclui-se, assim,que ambos são intrínsecos e se completam. Não há, portanto, <strong>sustentabilidade</strong> semresponsabilidade socioambiental.A aspiração de <strong>um</strong>a sociedade mais justa pode ser sustentada nos doisconceitos, mas os resultados efetivos provavelmente serão alcançados somente alongo prazo. A elevação da consciência empresarial aliada ao comprometimento docons<strong>um</strong>idor em contribuir com a cidadania são os pilares <strong>para</strong> a construção de <strong>um</strong>mundo melhor <strong>para</strong> as futuras geraçõesREFERÊNCIASALMEIDA, F. Os desafios da <strong>sustentabilidade</strong>. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.ASHLEY, P. A. (Coord.). Ética e responsabilidade social nos negócios. SãoPaulo: Saraiva, 2002.Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 1, n.2, jul/dez de 2010 97


BENEDICTO, G. C.; CALIL, J. F.; SILVA FILHO, C. F., (Org.). Ética,responsabilidade social e gover<strong>na</strong>nça corporativa. Campi<strong>na</strong>s, SP: Alínea, 2008.DIAS, R. Gestão ambiental: responsabilidade social e <strong>sustentabilidade</strong>. São Paulo:Atlas, 2009.MENDES, M. C. Desenvolvimento sustentável. Disponível em:. Acesso em 08 set. 2010.QUEIROZ, A. et al. Ética e responsabilidade social nos negócios. 2. ed. SãoPaulo: Saraiva, 2005<strong>SABESP</strong>. Disponível em: . Acesso em 23 set. 2010.SACHS, I. Caminhos <strong>para</strong> o desenvolvimento sustentável. Rio de Janeiro:Garamond, 2002.SEIFFERT, M. E. B. ISO 14001 Sistemas de gestão ambiental: implantaçãoobjetiva e econômica. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2007.TACHIZAWA, T. Gestão ambiental e responsabilidade social corporativa:estratégias de negócios focadas <strong>na</strong> realidade brasileira. 4. ed. São Paulo: Atlas,2006.Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 1, n.2, jul/dez de 2010 98

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