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Cor, Raça/Etnia na Saúde 45A maioria dos profissionais da saúde tem interesse na apropriação dedados epidemiológicos produzidos pelas esferas federais, estaduais e municipais.Entretanto, em vários municípios e serviços, há dificuldade dosprofissionais em se reconhecer como uma parte produtora daquelas informações.Além disso, os técnicos não costumam lidar com os dados epidemiológicoslocais, tanto no que diz respeito à sua análise, partindo do pressupostode que esta é sempre uma tarefa complexa, quanto à visualizaçãodos dados como instrumento para o planejamento de suas atividades.De fato, uma análise sofisticada requer uma abordagem epidemiológicae estatística especializada, no entanto, é possível e desejável a realizaçãode análises epidemiológicas descritivas, que trabalham com frequências eproporções de eventos e podem trazer valiosas informações que ampliam avisão da realidade e apontam caminhos de intervenção.Voltando ao primeiro capítulo desta publicação, vimos dados queapontam para profundas diferenças entre os indicadores de saúde das populaçõesbrancas e negras.Tomando como exemplo os dados da tese de doutorado do sociólogoLuís Eduardo Batista (Mulheres e Homens Negros: Saúde, Doença e Morte),temos que na taxa de mortalidade por HIV/Aids no Estado de São Paulo,em 1999, segundo cor ou raça/etnia, constatou-se que a taxa de mortalidadedos homens brancos foi de 14,44/100 mil e dos negros 25,92/100 mil. Entreas mulheres, foram encontradas taxas de 4,92 para as brancas e 11,39/100mil para as mulheres negras.Salta aos olhos o quanto os coeficientes de mortalidade por Aids sãomaiores na população negra, sendo esta discrepância dos coeficientes maiorainda entre as mulheres.Muito bem, este é um dado inquestionável e importante.E, então, o que fazemos a partir do conhecimento deste dado?Podemos utilizá-lo, simplesmente, para sensibilizar gestores, profissionaisde saúde e os próprios usuários dos serviços da importância da coletaadequada do quesito raça/cor, pois apenas a partir da coleta é possível evidenciaressa e outras realidades, que denunciam as diferentes formas deviver e acessar os recursos de saúde a que os diversos grupos étnico/raciaisestão submetidos.Ou podemos buscar hipóteses explicativas.Se há evidências científicas de que a evolução da infecção pelo HIV eda Aids não mostra diferenças importantes que possam ser atribuídas aosgrupos étnico-raciais, por que a proporção de óbitos por Aids é tão maiorentre os negros do que entre os brancos no Brasil?O fato de a população negra, como um todo, ter condições socioeconômicasmais desfavoráveis do que a população branca, sempre aparececomo a explicação mais rápida e fácil para justificar todas as diferençasencontradas entre estes dois segmentos da população e pode ser usadopara explicar as diferenças encontradas entre os coeficientes de mortalidadede Aids.Mas, refletindo um pouco, veremos que se a atenção aos portadoresde HIV/Aids ocorre predominantemente no SUS, cujos serviços devemobedecer aos princípios de universalidade, integralidade e equidade noatendimento da população, e se o Brasil é um dos poucos países que temcomo política pública a distribuição gratuita da medicação específica paraAids a todos os pacientes que tenham indicação de tomá-la, então o fatorsocioeconômico não serve para explicar as discrepâncias encontradas noscoeficientes de mortalidade de Aids entre negros e brancos.Temos, então, que buscar informações que levem a outras hipótesesexplicativas e neste momento vamos à análise dos dados do Estado, da Região,do Município ou do Serviço.— Como será que anda isso na minha região?— Quantos brancos, negros, amarelos e indígenas foram diagnosticadoscom Aids na minha região? Quantos homens, quantas mulheres, quantascrianças?— Será que a média de tempo entre a data de diagnóstico e a data doóbito é a mesma para os diferentes grupos étnico/raciais?— Qual o critério mais utilizado para notificar as pessoas de cada umdestes grupos? O exame laboratorial (contagem de CD4), utilizado geralmenteantes do aparecimento de doenças? A presença de doença oportunistadefinidora de Aids? O critério óbito (quando o diagnóstico da Aids sefaz no momento do óbito)?— Será que a questão do diagnóstico precoce, que tem tanta importânciana qualidade e no tempo de sobrevida dos indivíduos com HIV/Aids, émais importante em um grupo do que no outro?

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