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Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 3Sumário1. Introdução ................................................... 72. Estratégias <strong>de</strong> redução <strong>de</strong> risco<strong>de</strong> transmissão sexual do HIVno planejamento da reproduçãopara pessoas que vivem e convivemcom HIV/aids ............................................... 132.1. Consi<strong>de</strong>rações iniciais .......................... 132.2. Correlação entre carga viral no sanguee carga viral em fluidos genitais ......... 172.3. Risco <strong>de</strong> transmissão em relaçõessorodiscordantes .................................. 192.4. Risco <strong>de</strong> transmissão ver tical .............. 212.5. Consensos e diretrizes internacionais . 232.6. Aconselhamento e aspectos clínicos ... 252.6.1. Aconselhamento ............................................ 252.6.2. Aspectos clínicos ............................................. 272.7. Reprodução entre PVHA ..................... 312.7.1. Procedimentos <strong>de</strong> reproduçãohumana assistida ........................................ 312.7.2. Tecnologias leves para a reprodução ............ 33


4Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais · Secretaria <strong>de</strong>Vigilância em Saú<strong>de</strong> · Ministério da Saú<strong>de</strong>2.7.3 Cenários para a reprodução entre pessoasque vivem com HIV ..................................... 352.8. Referências ........................................... 453. Recomendações para abordagemda exposição sexual ao HIV ........................ 513.1. Apresentação ....................................... 513.2. Consi<strong>de</strong>rações iniciais .......................... 533.3. Atendimento inicial ou <strong>de</strong> urgência . 553.4. Avaliação <strong>de</strong> risco e recomendações<strong>de</strong> quimioprofilaxia ............................. 593.4.1. Avaliação <strong>de</strong> risco ........................................... 593.4.2. Recomendações <strong>de</strong> quimioprofilaxia ............ 613.5. Seguimento .......................................... 673.6. Encerramento do caso ......................... 693.7. Referências ........................................... 714. Recomendações para atendimentoe acompanhamento <strong>de</strong> exposiçãoocupacional a materiais biológicos:HIV e hepatites B e C ................................... 774.1. Consi<strong>de</strong>rações iniciais .......................... 774.2. Tipos <strong>de</strong> exposições ............................. 814.3. Riscos <strong>de</strong> transmissão .......................... 834.3.1. Risco <strong>de</strong> transmissão do vírusda imuno<strong>de</strong>ficiência humana (HIV) ........... 834.3.2. Risco <strong>de</strong> transmissão do vírusda hepatite B .............................................. 874.3.3. Risco <strong>de</strong> transmissão do vírusda hepatite C .............................................. 89


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 54.4. Avaliação do paciente-fonte ............... 934.4.1. Solicitação <strong>de</strong> teste anti-HIVdo paciente-fonte ...................................... 944.4.2. Solicitação <strong>de</strong> HBsAg (hepatite B)do paciente-fonte ....................................... 954.4.3. Solicitação <strong>de</strong> teste anti-VHCdo paciente-fonte ....................................... 964.5. Procedimentos recomendados nos casos<strong>de</strong> exposição a materiais biológicos .. 994.5.1. Cuidados imediatoscom a área <strong>de</strong> exposição ............................ 994.5.2. Quimioprofilaxia para o HIV .......................... 994.5.3. Profilaxia contra a hepatite B ...................... 1114.5.4. Medidas pós-exposiçãorelacionadas ao VHC ................................ 1194.6. Acompanhamento clínico-laboratorialapós a exposição ................................ 1214.6.1. Acompanhamento após a exposiçãoocupacional ao HIV .................................. 1214.6.2. Acompanhamento após a exposiçãoocupacional ao VHB ................................ 1264.6.3. Acompanhamento após a exposiçãoocupacional ao VHC ................................ 1304.7. Referências ......................................... 1355. Recomendações para abordagemda violência sexual e prevençãodas DST/aids .............................................. 1415.1. Consi<strong>de</strong>rações iniciais ........................ 1415.2. Indicação <strong>de</strong> quimioprofilaxiae cuidados gerais ............................... 143


6Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais · Secretaria <strong>de</strong>Vigilância em Saú<strong>de</strong> · Ministério da Saú<strong>de</strong>5.3. Esquemas <strong>de</strong> administração .............. 1475.4. Profilaxia para <strong>adulto</strong>se adolescentes .................................... 1515.5. Profilaxia para crianças ..................... 1555.6. A<strong>de</strong>são ................................................ 1575.7. Aconselhamento ................................ 1595.8. Interações medicamentosas .............. 1615.9. Eventos adversos ................................ 1635.10. Acompanhamento laboratorial ...... 1655.11. Referências ....................................... 169Anexos ........................................................... 171Anexo A – Portaria nº 151,<strong>de</strong> 14 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2009 ................. 173Anexo B – Principais interaçõesenvolvendo antirretrovirais .............. 189Elaboração ..................................................... 201


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 7IntroduçãoO acesso universal ao tratamento e à prevençãodo HIV e <strong>de</strong> doenças sexualmente transmissíveispossibilitou transformar o cenário da epi<strong>de</strong>mia no país.A queda nas taxas <strong>de</strong> transmissão vertical do HIV, aredução da morbimortalida<strong>de</strong> da infecção e o aumentoda expectativa e qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida das pessoas que vivemcom HIV e aids são uma realida<strong>de</strong>, caracterizando seuperfil crônico atual.Com isso, novas <strong>de</strong>mandas e necessida<strong>de</strong>s emergempara o cuidado integral, fazendo com que as estratégias<strong>de</strong> controle da transmissão do HIV incluam açõescombinadas <strong>de</strong> prevenção, assistência e tratamento,consi<strong>de</strong>rando as diferenças regionais e <strong>de</strong> subgrupospopulacionais.É amplamente aceito que a promoção das práticassexuais seguras, com o uso do preservativo em todasas relações, constitui método efetivo e central para ocontrole da transmissão sexual do HIV. Seu uso corretoe consistente – tanto do preservativo masculino comodo feminino – é recomendado em todas as relaçõessexuais, consi<strong>de</strong>rando a dinâmica e os acordos nasrelações, o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> ter filhos, as condições <strong>de</strong> acessoaos insumos <strong>de</strong> prevenção e outros aspectos dos projetos


8Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais · Secretaria <strong>de</strong>Vigilância em Saú<strong>de</strong> · Ministério da Saú<strong>de</strong>pessoais. Nesse sentido, cada momento com o usuárioé uma oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> conhecer as motivações para aprevenção e construir estratégias para sua manutenção.O campo da prevenção e as abordagens biomédicasmais recentes consi<strong>de</strong>ram que estratégias <strong>de</strong> prevençãocombinadas são mais efetivas e possibilitam aoportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> prover os meios para intervençõesestruturais e individuais. Nesse sentido, as abordagensque objetivam reduzir as condições <strong>de</strong> vulnerabilida<strong>de</strong>,a adoção <strong>de</strong> práticas sexuais seguras, a promoção dosdireitos humanos e a redução do estigma permanecemestratégias centrais da política brasileira <strong>de</strong> prevenção àsdoenças sexualmente transmissíveis e ao HIV.Ao mesmo tempo, é crescente a produção <strong>de</strong>novas informações a respeito do impacto da terapiaantirretroviral na transmissibilida<strong>de</strong> do HIV e seusefeitos nas estratégias <strong>de</strong> prevenção. As intervençõesbiomédicas, como, por exemplo, o emprego <strong>de</strong>antirretrovirais para a profilaxia pós-exposição, sãoconsi<strong>de</strong>radas complementares às práticas sexuaisseguras e <strong>de</strong>vem ser utilizadas em condições específicas.É necessário que o profissional <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> abor<strong>de</strong>,<strong>de</strong> maneira ativa, o <strong>de</strong>sejo e a intenção <strong>de</strong> reproduçãodas pessoas que vivem e convivem com HIV e aids,fornecendo orientações específicas e objetivas sobreestratégias <strong>de</strong> redução <strong>de</strong> risco da transmissão sexual doHIV.Este <strong>suplemento</strong> tem como objetivo apresentaras recomendações do Ministério da Saú<strong>de</strong> para aabordagem da reprodução para pessoas que vivem


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 9e convivem com o HIV e para o uso da terapiaantirretroviral como uma estratégia complementar <strong>de</strong>redução da transmissibilida<strong>de</strong>.Traz, ainda, atualizações na profilaxia pós-exposiçãoocupacional ao HIV e na Norma Técnica sobre ViolênciaSexual, elaborados em parceria com a Área Técnica <strong>de</strong>Saú<strong>de</strong> do Trabalhador/Departamento <strong>de</strong> Vigilância emSaú<strong>de</strong> Ambiental e Saú<strong>de</strong> do Trabalhador - DSAST/Secretaria <strong>de</strong> Vigilância em Saú<strong>de</strong> - SVS e com a ÁreaTécnica da Saú<strong>de</strong> da Mulher/Departamento <strong>de</strong> AçõesProgramáticas e Estratégicas - DAPES/Secretaria <strong>de</strong>Atenção à Saú<strong>de</strong> - SAS, respectivamente.Finalmente, amplia as recomendações paraprofilaxia pós-exposição sexual, incluindo exposições arelações sexuais eventuais.Sua publicação visa subsidiar as equipes <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>para oferecerem atendimento mais qualificado <strong>de</strong>ssassituações, as quais precisam ser consi<strong>de</strong>radas em suaprática assistencial.


Estratégias <strong>de</strong> redução<strong>de</strong> risco <strong>de</strong> transmissãosexual do HIVno planejamento dareprodução para pessoasque vivem e convivemcom HIV/aids


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 132. Estratégias <strong>de</strong> redução <strong>de</strong>risco <strong>de</strong> transmissão sexualdo HIV no planejamento dareprodução para pessoas quevivem e convivem com HIV/aids2.1. Consi<strong>de</strong>rações iniciaisO acesso universal ao tratamento antirretroviralpermitiu reduzir a morbimortalida<strong>de</strong> relacionada àinfecção pelo HIV e, consequentemente, melhorar aqualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida das pessoas que vivem com HIV eaids (PVHA) no Brasil 1 . Tornou também possível aconvivência com a condição sorológica e com os efeitosa médio e longo prazo da terapia, além <strong>de</strong> ter aumentadoa expectativa <strong>de</strong> vida e favorecido a continuida<strong>de</strong> dosprojetos pessoais.Além disso, tem-se no Brasil um cenárioepi<strong>de</strong>miológico no qual aproximadamente 80%das pessoas com aids se encontram na faixa etáriareprodutiva 1 . De acordo com os sistemas <strong>de</strong> informaçãodo Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais do


14Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais · Secretaria <strong>de</strong>Vigilância em Saú<strong>de</strong> · Ministério da Saú<strong>de</strong>Ministério da Saú<strong>de</strong>, em 2008, cerca <strong>de</strong> 3 mil mulheresque sabidamente viviam com HIV engravidaram,sendo que apenas uma parcela <strong>de</strong>las estava sob terapiaantirretroviral.A adoção do acesso universal ao tratamento e amaior prevalência do HIV na faixa etária reprodutiva,no país, convergem para que o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> maternida<strong>de</strong>e paternida<strong>de</strong> se estabeleça como uma <strong>de</strong>manda justa,<strong>de</strong>ntro da condição do “viver com HIV”.Assim, nos últimos anos, vêm sendo <strong>de</strong>senvolvidasdiretrizes e recomendações que consi<strong>de</strong>ram osdireitos reprodutivos das PVHA. Este capítulo incluios progressos na área, aponta os limites científicos dotema e elenca o que po<strong>de</strong> ser oferecido, <strong>de</strong> maneiraética e tecnicamente a<strong>de</strong>quada, para auxiliar a <strong>de</strong>cisãoinformada das pessoas.Des<strong>de</strong> 2008, as Recomendações para terapiaantirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectados pelo HIVestabelecem que o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> paternida<strong>de</strong> e maternida<strong>de</strong><strong>de</strong>ve ser abordado nas consultas iniciais das pessoascom infecção por HIV 2 . Já as Recomendações paraprofilaxia da transmissão vertical do HIV e terapiaantirretroviral em gestantes - 2010 3 propõem que “o<strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> ter filhos <strong>de</strong>ve ser discutido nos atendimentos,visando proporcionar às pessoas informações sobre asformas mais seguras <strong>de</strong> concepção e sobre os cuidadosnecessários durante a gestação, o parto e o puerpério”e que “o planejamento familiar é um direito sexual ereprodutivo”, assegurando a livre <strong>de</strong>cisão da pessoasobre ter ou não ter filhos 3 .


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 15Entretanto, em pesquisa realizada no Brasil, entreagosto <strong>de</strong> 2008 e agosto <strong>de</strong> 2009, verificou-se que o<strong>de</strong>sejo reprodutivo não é abordado <strong>de</strong> forma sistemáticapelas equipes <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> dos serviços <strong>de</strong> assistênciaespecializada (SAE) do país, observando-se dificulda<strong>de</strong>dos profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> em i<strong>de</strong>ntificar essa <strong>de</strong>manda,<strong>de</strong>sconhecimento sobre os procedimentos <strong>de</strong> reproduçãohumana assistida (RHA) e sobre estratégias <strong>de</strong> redução<strong>de</strong> riscos, assim como a falta <strong>de</strong> encaminhamentosa<strong>de</strong>quados 4 .Ainda segundo o mesmo estudo, a abordagemdo <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> reprodução pelos profissionaisera realizada a partir da <strong>de</strong>manda trazida pelosusuários. Quando realizada, tinha como enfoquea prevenção da transmissão do HIV, salientandoseos riscos e a importância do uso do preservativoe, muitas vezes, <strong>de</strong>sencorajando a concepção. Partedos usuários entrevistados não manifestaram suaintenção reprodutiva, por medo do preconceito e dadiscriminação por parte dos profissionais. A dificulda<strong>de</strong><strong>de</strong> acesso aos procedimentos <strong>de</strong> RHA foi tambémobservada 4 , assim como a pouca disponibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssesserviços voltados às PVHA.Desse modo, o presente capítulo tem como objetivoestabelecer recomendações para minimizar os riscosda transmissão sexual do HIV, a partir do referencialdos Direitos Humanos no campo da saú<strong>de</strong> sexual ereprodutiva. Para o planejamento reprodutivo, serãoapresentadas estratégias <strong>de</strong> redução <strong>de</strong> risco, queincluem os procedimentos <strong>de</strong> reprodução humanaassistida associados à lavagem do esperma em cenáriosespecíficos.


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 172.2. Correlação entre carga viralno sangue e carga viral emfluidos genitaisResultados <strong>de</strong> coortes compostas por casaissorodiscordantes indicam que o tratamentoantirretroviral (TARV) tem impacto na redução dorisco <strong>de</strong> transmissão sexual do HIV 5,6 .Diversos estudos indicam a correlação entre acarga viral (CV) sanguínea e a carga viral no sêmen.Em uma coorte <strong>de</strong> 145 pacientes em tratamento, queapresentavam CV não <strong>de</strong>tectável (


18Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais · Secretaria <strong>de</strong>Vigilância em Saú<strong>de</strong> · Ministério da Saú<strong>de</strong>que a presença <strong>de</strong> CV plasmática, o não uso <strong>de</strong> TARV,a baixa contagem <strong>de</strong> LT-CD4 (em média, 259 células/mm 3 ) e a presença <strong>de</strong> vaginose bacteriana aumentarama prevalência <strong>de</strong> RNA-HIV vaginal 9 .Vale ressaltar que parte dos estudos que relacionama CV plasmática com fluidos sexuais envolve amostraspequenas e que fatores como a flutuação da a<strong>de</strong>sãoao tratamento, a ocorrência <strong>de</strong> infecções genitais eelevações transitórias da CV sanguínea (blips) nãopo<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong>sprezados, até o momento.Dessa forma, é possível afirmar que existecorrelação significativa entre CV sanguínea e CVdos fluidos sexuais, embora nem sempre se possater certeza <strong>de</strong> que a CV sanguínea in<strong>de</strong>tectávelcorrespon<strong>de</strong>rá à CV in<strong>de</strong>tectável no sêmen ou fluidosvaginais.


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 192.3. Risco <strong>de</strong> transmissão emrelações sorodiscordantesEm um estudo brasileiro envolvendo 93 casaisheterossexuais sorodiscordantes, acompanhados entre2000 e 2006, nenhum caso <strong>de</strong> transmissão do HIV foiobservado entre aqueles em que o parceiro soropositivofazia uso <strong>de</strong> TARV ou apresentava carga viralin<strong>de</strong>tectável no sangue. Entretanto, ocorreram seis casos<strong>de</strong> soroconversão quando o parceiro soropositivo nãoestava em uso <strong>de</strong> TARV. O momento da soroconversãocoincidiu com o <strong>de</strong>senvolvimento da gestação em trêsdaqueles casos e a conclusão dos autores foi <strong>de</strong> que o<strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> reprodução dos casais po<strong>de</strong> ter influenciadoseu comportamento sexual 10 .Uma metanálise avaliou resultados <strong>de</strong> transmissãosexual do HIV associada ao uso <strong>de</strong> terapia antirretroviral<strong>de</strong> alta potência (TARV), no período <strong>de</strong> 1996 a 2009.Analisaram-se resultados <strong>de</strong> 11 coortes envolvendomais <strong>de</strong> cinco mil casais heterossexuais; em apenascinco <strong>de</strong>ssas coortes o parceiro soropositivo faziauso <strong>de</strong> TARV. Quando a carga viral estava abaixo <strong>de</strong>400 cópias/ml, não foi i<strong>de</strong>ntificado nenhum caso <strong>de</strong>transmissão sexual do HIV em casais sorodiscordantes.O uso <strong>de</strong> TARV, comparado com o seu não uso,


20Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais · Secretaria <strong>de</strong>Vigilância em Saú<strong>de</strong> · Ministério da Saú<strong>de</strong>implicou redução da transmissão do HIV em 92% emuma relação heterossexual, tendo ocorrido queda <strong>de</strong>5,64/100 pessoas/ano <strong>de</strong> seguimento (456 transmissõesdo HIV) para 0,46/100 pessoas/ano <strong>de</strong> seguimento(cinco transmissões). A conclusão dos autores foi <strong>de</strong> quehá redução no risco <strong>de</strong> transmissão sexual, embora esserisco não tenha sido eliminado nos estudos analisados 11 .Resultado semelhante foi encontrado em outroestudo multicêntrico realizado com 3.381 casaissorodiscordantes, em vários países africanos, noperíodo entre 2004 e 2007. Em todos os casos, oparceiro soropositivo era assintomático, apresentavacontagem LT-CD4 ≥ 250 células/mm 3 e não estavaem tratamento. Durante o seguimento, 349 pessoasiniciaram o tratamento antirretroviral e ocorreram 103transmissões do HIV: 102 quando a pessoa soropositivanão estava em tratamento e apenas uma quandohavia o uso <strong>de</strong> TARV. O estudo também obteve 92%<strong>de</strong> redução da transmissão sexual do HIV em casaissorodiscordantes 12 .Em síntese, está <strong>de</strong>monstrado que o usoda TARV e a CV sanguínea não <strong>de</strong>tectávelreduzem o risco <strong>de</strong> transmissão sexual do HIVentre casais heterossexuais sorodiscordantes.Entretanto, com as evidências atualmentedisponíveis, não é possível afirmar que esserisco esteja completamente eliminado.


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 212.4. Risco <strong>de</strong> transmissão verticalAs Recomendações para profilaxia da transmissãovertical do HIV e terapia antirretroviral em gestantes –2010 3 preconizam as seguintes medidas para redução dataxa <strong>de</strong> transmissão vertical (TV) 3 :• Uso <strong>de</strong> terapia antirretroviral <strong>de</strong> alta potênciadurante a gestação, para fins <strong>de</strong> profilaxiada transmissão vertical do HIV e/ou paratratamento propriamente dito;• Utilização <strong>de</strong> AZT injetável durante o trabalho<strong>de</strong> parto;• Realização <strong>de</strong> cesárea eletiva na gestante comcarga viral maior ou igual a 1.000 cópias/ml apartir da 34ª semana <strong>de</strong> gestação, ou com cargaviral <strong>de</strong>sconhecida, ou por indicação obstétrica;• Administração <strong>de</strong> AZT oral para o recémnascidoexposto ao HIV, do nascimento até 42dias <strong>de</strong> vida;• Inibição <strong>de</strong> lactação associada ao fornecimento<strong>de</strong> fórmula infantil ao recém-nascido exposto.A taxa <strong>de</strong> transmissão vertical do HIV é <strong>de</strong> cerca<strong>de</strong> 30% sem qualquer intervenção. Entretanto, essa taxapo<strong>de</strong> ser reduzida para aproximadamente 1% 13,14 com


22Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais · Secretaria <strong>de</strong>Vigilância em Saú<strong>de</strong> · Ministério da Saú<strong>de</strong>a implementação <strong>de</strong> medidas preventivas. Um estudorealizado no Rio <strong>de</strong> Janeiro i<strong>de</strong>ntificou taxa <strong>de</strong> TV<strong>de</strong> 2,8% em 642 grávidas, no período <strong>de</strong> 1996 a 2004.Entretanto, ao analisar os dados por período <strong>de</strong> tempo,verificou-se <strong>de</strong>clínio na taxa <strong>de</strong> TV <strong>de</strong> 3,52%, no período<strong>de</strong> 1996-1998, para 1,56% no período <strong>de</strong> 2002-2004,o que <strong>de</strong>monstra que a implementação <strong>de</strong> medidas <strong>de</strong>profilaxia tem reduzido com sucesso as taxas <strong>de</strong> TV noBrasil 15 .Em gestações planejadas, comintervenções a<strong>de</strong>quadas e realizadas nomomento oportuno, o risco <strong>de</strong> transmissãovertical do HIV po<strong>de</strong> ser reduzido para menos<strong>de</strong> 1%.As taxas <strong>de</strong> transmissão perinatal do vírus dahepatite B (VHB) po<strong>de</strong>m chegar a 85-90% em mulherespositivas para HBsAg e HBeAg, marcadores <strong>de</strong>replicação viral e infectivida<strong>de</strong> 16 . Entretanto, a partir dosanos 80, i<strong>de</strong>ntificou-se que a TV po<strong>de</strong>ria ser reduzidapara menos <strong>de</strong> 5% por meio da profilaxia conjunta coma imunoglobulina humana contra hepatite B (HBIG) e avacina contra a hepatite B 17 .A transmissão vertical do vírus da hepatite C (VHC)é incomum e tem forte associação com RNA-HCV<strong>de</strong>tectável no sangue periférico materno. A maioriados relatos refere taxas <strong>de</strong> TV entre 3 e 6% 18,19,20,21 . Hácontrovérsia sobre se níveis mais elevados <strong>de</strong> RNA-HCVestão associados a maior risco <strong>de</strong> TV. Nos casos em quehá coinfecção materna com VHC e HIV, há aumento dorisco <strong>de</strong> TV do VHC 22, 20 .


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 232.5. Consensos e diretrizesinternacionaisO protocolo sobre saú<strong>de</strong> sexual e reprodutiva<strong>de</strong> mulheres vivendo com HIV/aids, publicado em2006 pela Organização Mundial <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> 23 , propõeestratégias para diminuir o risco <strong>de</strong> transmissão do HIV,consi<strong>de</strong>rando o direito reprodutivo <strong>de</strong> pessoas vivendocom o vírus em regiões com recursos limitados. Quandoa mulher for soropositiva e o parceiro soronegativo,o protocolo recomenda autoinseminação durante operíodo fértil da mulher como estratégia para reduçãodo risco <strong>de</strong> transmissão sexual.Quando o homem for soropositivo e a parceirasoronegativa, o protocolo consi<strong>de</strong>ra a possibilida<strong>de</strong>da concepção natural planejada durante o períodofértil da mulher, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que o parceiro esteja em uso<strong>de</strong> TARV, com carga viral in<strong>de</strong>tectável no plasma, e aprofilaxia antirretroviral pós-exposição seja oferecidapara a parceira. O mesmo é recomendado para casaissoroconcordantes, exceção feita à profilaxia pósexposiçãosexual. O protocolo enfatiza, todavia, que nãohá risco zero <strong>de</strong> transmissão sexual no que diz respeito àreprodução entre PVHA 23 .


24Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais · Secretaria <strong>de</strong>Vigilância em Saú<strong>de</strong> · Ministério da Saú<strong>de</strong>As diretrizes da Associação Britânica <strong>de</strong> HIV sobre omanejo da saú<strong>de</strong> sexual e reprodutiva <strong>de</strong> pessoas vivendocom HIV 24 sugerem que o aconselhamento reprodutivotem a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que os casais compreendam asopções, os riscos e benefícios associados a cada métodopassível <strong>de</strong> ser usado para auxiliar a reprodução,tomando suas <strong>de</strong>cisões <strong>de</strong> maneira informada. Tambémrecomendam investigação prévia da fertilida<strong>de</strong> do casale, a partir dos resultados, a indicação do método maisapropriado, incluindo o contexto <strong>de</strong> indisponibilida<strong>de</strong><strong>de</strong> procedimentos <strong>de</strong> reprodução assistida. Consi<strong>de</strong>ramque, quando a opção for a concepção natural, a pessoainfectada <strong>de</strong>ve estar com CV in<strong>de</strong>tectável há mais <strong>de</strong>seis meses e em uso <strong>de</strong> TARV, <strong>de</strong>vendo-se planejar o atosexual para o período fértil.O <strong>consenso</strong> italiano sobre aspectos relacionados amulheres que vivem com HIV e que <strong>de</strong>sejam ter filhos,publicado em 2009, propõe que o aconselhamentopré-gestacional <strong>de</strong>ve incluir estratégias <strong>de</strong> redução <strong>de</strong>risco. No que diz respeito ao <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> reprodução,sugere que o aconselhamento do casal tem comoobjetivos a proteção do(a) parceiro(a) soronegativo(a),a investigação <strong>de</strong> problemas relacionados à infertilida<strong>de</strong>e a proteção dos <strong>de</strong>scen<strong>de</strong>ntes. A abordagem propostano documento indica estratégias <strong>de</strong> redução <strong>de</strong> risco,tais como procedimentos <strong>de</strong> reprodução humanaassistida, autoinseminação no período fértil e empregoda profilaxia pós-exposição sexual para casaissorodiscordantes. Adicionalmente, sugere-se usocontínuo e correto do preservativo durante a gestação 25 .


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 252.6. Aconselhamento e aspectosclínicos2.6.1. AconselhamentoO uso do preservativo <strong>de</strong>ve ser incluído comocuidado fundamental para a saú<strong>de</strong> do casal. A adoção<strong>de</strong> práticas sexuais seguras é a estratégia central e maiseficaz para prevenção das DST e aids e <strong>de</strong>ve sempre serrecomendada.A abordagem do <strong>de</strong>sejo reprodutivo e as orientaçõespara redução <strong>de</strong> riscos <strong>de</strong>vem ser incorporadas àspráticas assistenciais dos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, conformeas Recomendações para terapia antirretroviral em<strong>adulto</strong>s infectados pelo HIV - 2008 2 . O atendimento<strong>de</strong>ve ser realizado a partir do planejamento conjuntoentre as equipes <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, a pessoa que vive com HIVe o(a) parceira(o), visando garantir o aconselhamentoe o apoio psicossocial ao casal, além <strong>de</strong> sua a<strong>de</strong>quadaa<strong>de</strong>são ao tratamento e seguimento clínico.Nem sempre o <strong>de</strong>sejo reprodutivo é explicitadopelo usuário, <strong>de</strong>vido ao medo <strong>de</strong> discriminação oureprovação. O profissional <strong>de</strong>ve ter a iniciativa <strong>de</strong>abordar o assunto e estar atento às manifestaçõesindiretas daquele, como, por exemplo, a informaçãosobre o não uso do preservativo.


26Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais · Secretaria <strong>de</strong>Vigilância em Saú<strong>de</strong> · Ministério da Saú<strong>de</strong>É importante evitar, ainda, a interferência dosvalores pessoais dos profissionais no reconhecimento emanejo do <strong>de</strong>sejo reprodutivo das PVHA, o qual po<strong>de</strong>ser expresso mediante <strong>de</strong>svalorização, não priorização<strong>de</strong>ssa <strong>de</strong>manda, reprovação, crítica, ou, ainda, pororientações pouco objetivas.É um direito do casal <strong>de</strong>cidir sobre a reprodução,cabendo às equipes <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> dar o suporte necessário eoferecer subsídios e informações para que a concepção, agestação e o parto ocorram com o menor risco possível.O aconselhamento <strong>de</strong>ve ser realizado em todosos momentos do atendimento relacionado à <strong>de</strong>mandapor reprodução, <strong>de</strong> forma dinâmica, com conteúdosespecíficos e a<strong>de</strong>quados aos diversos cenários,com o objetivo <strong>de</strong> auxiliar as escolhas do casal. Suaefetivida<strong>de</strong> se dá na medida em que o profissional estáconstantemente atento aos seguintes aspectos:• Necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fornecer informações técnicasatualizadas;• Vulnerabilida<strong>de</strong>s individuais e sociais quedificultem o processo (uso <strong>de</strong> álcool e outrasdrogas, pressão social e familiar em relação àconstituição <strong>de</strong> um mo<strong>de</strong>lo familiar que incluafilhos, <strong>de</strong>ntre outras);• Condições <strong>de</strong> enfrentamento (risco <strong>de</strong>transmissão, insucesso das tentativas <strong>de</strong>concepção, seguimento das recomendações,estresse);• Sentimentos <strong>de</strong> ambivalência, frustração e medo,<strong>de</strong>ntre outros, que requeiram apoio emocional.


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 27O aconselhamento reprodutivo <strong>de</strong>ve ser realizadopor um profissional da equipe, preferencialmente napresença dos dois membros do casal, sendo a discussãodo assunto consi<strong>de</strong>rada como um processo e não comoum único momento. É necessário promover um espaço<strong>de</strong> diálogo sobre as motivações do projeto parental, asexpectativas do casal (reais ou i<strong>de</strong>alizadas), as tentativas<strong>de</strong> concepção realizadas e o investimento emocionale financeiro no processo. Devem-se consi<strong>de</strong>rar asinformações que o casal possui a respeito da concepçãoentre PVHA, respeitando a particularida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cadasituação.2.6.2. Aspectos clínicosNo atendimento ao casal que <strong>de</strong>seja a concepção,alguns aspectos <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>rados:• Ida<strong>de</strong> materna (risco <strong>de</strong> má formação congênitae diminuição da fertilida<strong>de</strong> a partir dos 35 anos<strong>de</strong> ida<strong>de</strong>);• História prévia <strong>de</strong> DST e infecções pélvicas;• Etapas do planejamento reprodutivo eorientações específicas para cada cenário(<strong>de</strong>scritas mais adiante);• Importância do acompanhamento da mulher nopré-natal, parto e puerpério;• Discussão <strong>de</strong> outras possibilida<strong>de</strong>s, como aadoção ou a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> não ter filhos.Os serviços que aten<strong>de</strong>m às PVHA <strong>de</strong>vem estarintegrados a serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> sexual e reprodutiva ou


28Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais · Secretaria <strong>de</strong>Vigilância em Saú<strong>de</strong> · Ministério da Saú<strong>de</strong>a centros <strong>de</strong> referência à saú<strong>de</strong> da mulher, facilitandoa comunicação conjunta e estabelecendo cuidadointerdisciplinar. O encaminhamento para avaliaçãoda fertilida<strong>de</strong> do casal, com avaliação ginecológicapara a mulher e urológica para o homem, <strong>de</strong>ve serrecomendado especialmente nos casos <strong>de</strong> históriaanterior <strong>de</strong> doença inflamatória pélvica (DIP) nasmulheres. Alguns homens que vivem com o HIV po<strong>de</strong>mter alterações nas características do esperma, tais comosua concentração, morfologia, motilida<strong>de</strong> e contagem<strong>de</strong> espermatozoi<strong>de</strong>s 26 . Recomenda-se que a avaliação dafertilida<strong>de</strong> do casal seja realizada por profissionais comexperiência no manejo da infertilida<strong>de</strong>.I<strong>de</strong>almente, para o planejamento reprodutivo dasPVHA, a pessoa soropositiva <strong>de</strong>ve estar em uso <strong>de</strong>TARV, com boa a<strong>de</strong>são ao tratamento, CV sanguíneaabaixo dos limites <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção, ausência <strong>de</strong> infecções dotrato genital, ausência <strong>de</strong> doenças oportunistas ativase <strong>de</strong> manifestações clínicas associadas à infecção peloHIV, além <strong>de</strong> estabilida<strong>de</strong> nos parâmetros imunológicos.Como a presença <strong>de</strong> doenças sexualmentetransmissíveis (DST) e <strong>de</strong> infecções genitais aumentamo risco <strong>de</strong> transmissão sexual, <strong>de</strong>ve ser realizadorastreamento para esses agravos e implementadoo tratamento pré-concepcional. Também po<strong>de</strong>-seconsi<strong>de</strong>rar terapia supressiva para herpes simples II empacientes com história <strong>de</strong> doença genital recorrente.Coinfecções com hepatite B, hepatite C e HTLVI-II não representam contraindicação absoluta paraa reprodução entre PVHA. No caso da hepatite B, é


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 29indicada a vacinação da(o) parceira(o) para prevenir atransmissão e o tratamento do VHB, quando necessário,além da profilaxia para o concepto. Em relação ao HTLVI-II, <strong>de</strong>ve-se contraindicar a amamentação, caso a mãeesteja infectada.A equipe <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve garantir que o casal recebaas informações em uma linguagem clara e acessívelsobre todos os procedimentos e riscos associados àconcepção; recomenda-se que todo o processo <strong>de</strong>aconselhamento seja registrado em prontuário, com a<strong>de</strong>scrição das orientações e também da reação e opiniãodo casal a respeito do assunto. Caso o serviço entendacomo necessário, po<strong>de</strong> ser elaborado um termo comlinguagem acessível, contendo todos os procedimentose estratégias para a redução <strong>de</strong> risco da transmissãosexual do HIV <strong>de</strong> PVHA, incluindo seus objetivos eriscos, além da proposta <strong>de</strong> acompanhamento e <strong>de</strong>assistência ao casal.


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 312.7. Reprodução entre PVHA2.7.1. Procedimentos <strong>de</strong> reproduçãohumana assistidaAs tentativas <strong>de</strong> concepção sem orientação ouplanejamento expõem os parceiros a maior risco <strong>de</strong>transmissão do HIV. Nesse sentido, as técnicas <strong>de</strong>reprodução humana assistida (RHA) são procedimentosque se associam a menor risco <strong>de</strong> transmissão sexual.Um estudo multicêntrico europeu envolvendo 1.036casais sorodiscordantes, em que foram realizados mais<strong>de</strong> 3.000 ciclos <strong>de</strong> procedimentos <strong>de</strong> RHA – incluindolavagem <strong>de</strong> esperma em homens soropositivos – nãoi<strong>de</strong>ntificou nenhuma soroconversão das mulheres oudos filhos gerados a partir <strong>de</strong>sses procedimentos27.Estudos em diversos países vêm apresentando resultadossemelhantes 28, 29, 30, 31 .É frequente a i<strong>de</strong>alização, por parte das pessoas, <strong>de</strong>que os procedimentos <strong>de</strong> RHA garantem a concepção.Nesse caso, é importante discutir com o casal os limitese as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> tais procedimentos, para oenfrentamento realístico da situação. O insucesso dosprocedimentos costuma <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ar sentimentos <strong>de</strong>frustração e tristeza intensos.


32Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais · Secretaria <strong>de</strong>Vigilância em Saú<strong>de</strong> · Ministério da Saú<strong>de</strong>A lavagem <strong>de</strong> esperma com a realização <strong>de</strong>pesquisa <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção viral – utilizando métodos <strong>de</strong>biologia molecular no sêmen lavado, associada comoutras técnicas <strong>de</strong> RHA, tais como a inseminaçãointrauterina (IIU), a fertilização in vitro (FIV) oua injeção intracitoplasmática <strong>de</strong> espermatozoi<strong>de</strong>s(ICSI), reduz o risco <strong>de</strong> transmissão sexual quandoo homem for soropositivo e a parceira soronegativa.Essas técnicas também po<strong>de</strong>m ser indicadas para oscasais soroconcordantes que <strong>de</strong>sejam conceber, com oobjetivo <strong>de</strong> diminuir os riscos <strong>de</strong> reinfecção, incluindo atransmissão <strong>de</strong> cepas resistentes aos medicamentos.No cenário em que a mulher é soropositiva e oparceiro soronegativo, não é necessária a lavagem doesperma e, sendo o casal fértil, a IIU po<strong>de</strong> ser indicadacomo tentativa para a concepção.Quando o casal apresentar problemas <strong>de</strong> fertilida<strong>de</strong>ou a técnica usada não for bem-sucedida, po<strong>de</strong> havernecessida<strong>de</strong> da indicação <strong>de</strong> outro procedimento <strong>de</strong>RHA. A escolha da técnica <strong>de</strong>ve ser realizada porprofissionais experientes no tema.Embora não exista, até o momento, relato <strong>de</strong> casos<strong>de</strong> aquisição do HIV com a utilização das técnicas <strong>de</strong>RHA, não está bem estabelecido na literatura em quemedida a presença <strong>de</strong> CV sanguínea <strong>de</strong>tectável influenciaa eficácia do método. Ainda não é possível afirmar queexista, hoje, ausência total <strong>de</strong> risco <strong>de</strong> transmissãosexual, mesmo com o uso <strong>de</strong> tais tecnologias, sendo,portanto, essencial o aconselhamento ao casal.


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 332.7.2. Tecnologias leves para areproduçãoAlém dos procedimentos <strong>de</strong> RHA, outras estratégias<strong>de</strong> redução <strong>de</strong> risco – consi<strong>de</strong>radas tecnologias leves 32,33– po<strong>de</strong>m ser discutidas com os casais que <strong>de</strong>sejam aconcepção, caso aqueles procedimentos não estejamdisponíveis ou o casal faça a opção pela concepçãonatural.A autoinseminação no período fértil é <strong>de</strong>finidacomo a introdução do sêmen do parceiro na vagina pormeio <strong>de</strong> uma seringa. É a principal estratégia indicadapor diversos autores e comitês 23,24,25,32 no cenário emque a mulher é soropositiva e o parceiro soronegativo,sendo eficaz tanto para a concepção como para aprevenção da transmissão sexual. É um procedimentosimples, <strong>de</strong> fácil realização, com baixo custo e que nãonecessita da estrutura <strong>de</strong> recursos tecnológicos. Caso aconcepção não ocorra após 6 ciclos <strong>de</strong> autoinseminaçãono período fértil 30 , é recomendada investigação dafertilida<strong>de</strong>, se esta ainda não tiver sido realizada.O período fértil ou período ovulatório po<strong>de</strong> sercalculado para mulheres que possuam ciclos menstruaisregulares <strong>de</strong> 28 a 30 dias (pelo menos nos três mesesque antece<strong>de</strong>ram o planejamento conceptivo). Calculasea data provável da ovulação para 14 a 18 dias antes dadata prevista para a próxima menstruação; entretanto,a maior probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ocorrer a concepção é entreo 11° e o 15° dia do ciclo menstrual. Algumas mulherespo<strong>de</strong>m perceber que nesse período há aumento domuco cervical (secreção sem odor ou cor, semelhantea clara <strong>de</strong> ovo) e/ou cólicas ovulatórias, indicando o diaem que a ovulação <strong>de</strong>ve estar ocorrendo.


34Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais · Secretaria <strong>de</strong>Vigilância em Saú<strong>de</strong> · Ministério da Saú<strong>de</strong>Para os casais cuja <strong>de</strong>cisão for pela concepçãonatural, é importante que o planejamento da reproduçãoaconteça com orientação da equipe <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, com oobjetivo <strong>de</strong> reduzir o risco da transmissão sexual doHIV. É fundamental que essa orientação seja realizadaconsi<strong>de</strong>rando os aspectos <strong>de</strong>scritos no item VI, sobreaconselhamento e aspectos clínicos. Nesse caso, atentativa <strong>de</strong> concepção natural <strong>de</strong>ve ocorrer apenasdurante o período fértil da mulher, para não aumentar,<strong>de</strong>snecessariamente, o risco <strong>de</strong> transmissão sexual doHIV e outras DST 23,24,32,33 . O casal <strong>de</strong>ve ser informadosobre os riscos relacionados à adoção <strong>de</strong>ssa estratégia.Caso a pessoa soropositiva não faça uso <strong>de</strong>TARV, ou esteja em tratamento com CV sanguínea<strong>de</strong>tectável, <strong>de</strong>ve-se evitar a concepção natural, ouentão consi<strong>de</strong>rar a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> iniciar o uso daTARV pelo menos seis meses antes do planejamentoda concepção, com o objetivo <strong>de</strong> reduzir a CV,<strong>de</strong>ixando-a abaixo dos limites <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção. Apósa concepção e o parto, a <strong>de</strong>cisão da manutenção ouinterrupção do tratamento <strong>de</strong>ve ser tomada emconjunto entre médico e paciente, consi<strong>de</strong>rando osriscos e benefícios.A possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> oferecer a profilaxia pré e/ou pósexposiçãosexual para a(o) parceira(o) soronegativa(o)<strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>rada e <strong>de</strong>finida conjuntamente com ocasal 23,24,33 . Sua indicação será discutida em cada umdos cenários para a reprodução.


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 352.7.3 Cenários para a reprodução entrepessoas que vivem com HIVa) Casais sorodiscordantes - homemsoropositivoConsi<strong>de</strong>rando o estado da arte para esse cenário, alavagem <strong>de</strong> esperma, resultando em não <strong>de</strong>tecção viralno sêmen, associada aos <strong>de</strong>mais procedimentos <strong>de</strong>RHA, é consi<strong>de</strong>rada a estratégia que oferece o menorrisco <strong>de</strong> transmissão sexual do HIV.A autoinseminação e a concepção natural, realizadasno período fértil da mulher, com a profilaxia pré e/oupós-exposição sexual da parceira, reduzem, mas nãoeliminam o risco <strong>de</strong> transmissão sexual do HIV.Em função do maior risco <strong>de</strong> transmissão sexualdo HIV, doenças sexualmente transmissíveis (DST) ehepatites virais (HV) do homem soropositivo para aparceira soronegativa é fundamental que as orientações<strong>de</strong>scritas no item VI, sobre aconselhamento e aspectosclínicos, resumidas no quadro abaixo, sejam observadas.Medidas <strong>de</strong> redução <strong>de</strong> risco <strong>de</strong>transmissão sexual do HIV entre casaissorodiscordantes, no cenário em que o homemé soropositivo e a parceira, soronegativa:• Homem em uso <strong>de</strong> TARV, com boa a<strong>de</strong>são aotratamento;• Supressão máxima da replicação viral (pelomenos duas quantificações <strong>de</strong> CV com resultadoin<strong>de</strong>tectável, nos últimos seis meses)*;* Exceto quando for realizada a lavagem <strong>de</strong> esperma


36Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais · Secretaria <strong>de</strong>Vigilância em Saú<strong>de</strong> · Ministério da Saú<strong>de</strong>• Preferencialmente, condição imunológicaestável;• Ausência <strong>de</strong> coinfecções ativas;• Ausência <strong>de</strong> infecções do trato genital;• Estabilida<strong>de</strong> clínica e ausência <strong>de</strong> infecçõesoportunistas ativas;• Profilaxia pré e/ou pós-exposição sexual,quando pertinente.Mesmo adotando-se as orientações <strong>de</strong>scritasacima, o casal <strong>de</strong>ve ser informado sobre os riscosda transmissão sexual após a concepção natural ouautoinseminação. Também <strong>de</strong>ve ser esclarecido sobre osriscos <strong>de</strong> potenciais efeitos teratogênicos da profilaxiaantirretroviral, caso ocorra a concepção. Informaçõescomplementares sobre a segurança dos antirretroviraisna gestação estão disponíveis nas Recomendações paraprofilaxia da transmissão vertical do HIV e terapiaantirretroviral em gestantes - 2010 3 .• Profilaxia antirretroviralCaso a <strong>de</strong>cisão seja pela concepção natural ouautoinseminação, <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>rados os riscose benefícios da profilaxia antirretroviral pré e/ou pósexposição sexual. Se a opção for a utilização da profilaxia,recomenda-se seu início 2 horas antes da relação sexualplanejada (profilaxia pré-exposição); caso isso não sejapossível, ela <strong>de</strong>ve ser iniciada nas primeiras 2 horas apósa relação sexual (profilaxia pós-exposição). A duraçãoda profilaxia <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong> 28 dias.


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 37Via <strong>de</strong> regra, o esquema antirretroviral indicadopara o parceiro soronegativo <strong>de</strong>ve combinar dois outrês antirretrovirais, conforme as recomendações daseção “Profilaxia pós-exposição sexual ao HIV”, <strong>de</strong>steSuplemento.Os esquemas <strong>de</strong> profilaxia <strong>de</strong>vem ser compostospor dois inibidores nucleosí<strong>de</strong>os da transcriptasereversa (ITRN) associados a um inibidor nucleotí<strong>de</strong>oda transcriptase reversa (ITRNt) ou a um inibidorda protease (IP): os esquemas recomendados são acombinação zidovudina (AZT) + lamivudina (3TC)+ tenofovir (TDF) ou a combinação AZT + 3TC +lopinavir/r (LPV/r) durante 28 dias. Os esquemasestruturados com AZT + 3TC + TDF possuem comovantagens o perfil mais favorável <strong>de</strong> toxicida<strong>de</strong> e amaior comodida<strong>de</strong> posológica se comparados aoesquema AZT + 3TC + LPV/r, o que facilita a a<strong>de</strong>são aotratamento, permitindo seu uso até o final do períododa profilaxia. Por outro lado, existem mais informaçõesa respeito da segurança do LPV/r na gestação. A <strong>de</strong>cisão<strong>de</strong>ve ser tomada individualmente, consi<strong>de</strong>rando asRecomendações para profilaxia da transmissão verticaldo HIV e terapia antirretroviral em gestantes - 2010 3 .Caso o parceiro infectado esteja em uso <strong>de</strong> esquema<strong>de</strong> resgate com CV in<strong>de</strong>tectável, o esquema <strong>de</strong> profilaxiada parceira soronegativa <strong>de</strong>ve ser o mesmo do parceiroinfectado, exceto quando este fizer uso <strong>de</strong> inibidornucleosí<strong>de</strong>o da transcriptase reversa (ITRNN). Oefavirenz (EFV) <strong>de</strong>ve ser evitado <strong>de</strong>vido a seu potencialteratogênico, risco <strong>de</strong> toxicida<strong>de</strong> <strong>de</strong>rmatológica gravee efeitos adversos neuropsiquiátricos; a nevirapina


38Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais · Secretaria <strong>de</strong>Vigilância em Saú<strong>de</strong> · Ministério da Saú<strong>de</strong>(NVP) possui maior risco <strong>de</strong> toxicida<strong>de</strong> hepática e<strong>de</strong>rmatológica.A toxicida<strong>de</strong> <strong>de</strong>corrente da exposição continuadaa antirretrovirais em pessoas soronegativas é<strong>de</strong>sconhecida, sendo <strong>de</strong>saconselhável seu uso portempo prolongado.• Preparo da parceiraDeve ser realizada avaliação ginecológica paraexcluir lesões pré-neoplásicas cervicais e câncer <strong>de</strong>colo uterino, além <strong>de</strong> investigar a presença <strong>de</strong> DST,que aumentam o risco <strong>de</strong> infecção pelo HIV; realizartambém investigação da fertilida<strong>de</strong>, especialmente noscasos em que houver história prévia <strong>de</strong> DIP.A mulher soronegativa <strong>de</strong>ve realizar a testagem paraHIV no período <strong>de</strong> 4 a 6 semanas <strong>de</strong>pois da exposiçãosexual e repeti-la após 60 dias.b) Casais sorodiscordantes - mulhersoropositivaEmbora o risco <strong>de</strong> transmissão sexual do HIV sejamenor quando a mulher é soropositiva, essa discussão<strong>de</strong>ve ser incluída nas orientações ao casal. Também se<strong>de</strong>ve realizar a orientação sobre os cuidados a seremtomados para evitar a transmissão vertical, reforçandoa importância do acompanhamento no pré-natal,planejamento do parto, acompanhamento do bebê e anão amamentação, conforme as Recomendações paraprofilaxia da transmissão vertical do HIV e terapiaantirretroviral em gestantes - 2010 3 .


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 39Caso a mulher esteja em uso <strong>de</strong> TARV, esta <strong>de</strong>veser a<strong>de</strong>quada, garantindo-se que o esquema utilizadomantenha potência <strong>de</strong> supressão viral e evitandosemedicamentos potencialmente teratogênicos,como, por exemplo, o efavirenz (EFV). Caso o EFVcomponha o esquema <strong>de</strong> TARV, <strong>de</strong>ve ser substituídopreferencialmente por lopinavir/r ou nevirapina,consi<strong>de</strong>rando-se a história terapêutica.A continuida<strong>de</strong> do esquema no primeiro trimestre<strong>de</strong>ve ser discutida com o casal, consi<strong>de</strong>rando-se o risco<strong>de</strong> progressão da infecção pelo HIV e a segurançado uso <strong>de</strong> antirretrovirais no primeiro trimestre <strong>de</strong>gestação, conforme as Recomendações para profilaxia datransmissão vertical do HIV e terapia antirretroviral emgestantes - 2010 3 .Na situação <strong>de</strong> sorodiscordância com a mulhersoropositiva, a autoinseminação é a principal estratégia<strong>de</strong> redução <strong>de</strong> risco <strong>de</strong> transmissão sexual para oparceiro soronegativo, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que o parceiro não tenhacontato direto com os fluidos genitais <strong>de</strong> sua parceira.Adotando-se essa estratégia, não há necessida<strong>de</strong> darealização da profilaxia da exposição sexual.A inseminação intrauterina (IIU) também eliminaos riscos da transmissão sexual e po<strong>de</strong> ser indicadaapós seis tentativas <strong>de</strong> autoinseminação sem sucesso –conforme consi<strong>de</strong>rado pelos Comitês Assessores – ouconforme a preferência do casal.O profissional <strong>de</strong>ve estar atento aos temores ecrenças da mulher soropositiva relacionadas à saú<strong>de</strong>do bebê. O assunto <strong>de</strong>ve ser abordado no sentido <strong>de</strong>


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 41Conforme discutido no cenário anterior, o esquemaantirretroviral indicado ao parceiro soronegativo<strong>de</strong>ve combinar três antirretrovirais, conforme asrecomendações do capítulo “Profilaxia pós-exposiçãosexual ao HIV”, <strong>de</strong>ste Suplemento.Os esquemas <strong>de</strong> profilaxia <strong>de</strong>vem ser compostospor dois inibidores nucleosí<strong>de</strong>os da transcriptasereversa (ITRN), associados a um inibidor nucleotí<strong>de</strong>oda transcriptase reversa (ITRNt) ou a um inibidor daprotease: o esquema recomendado é zidovudina (AZT)+ lamivudina (3TC) + tenofovir (TDF) ou AZT + 3TC +lopinavir/r (LPV/r) durante 28 dias. Caso a mulher estejaem uso <strong>de</strong> esquema <strong>de</strong> resgate com CV in<strong>de</strong>tectável, oesquema <strong>de</strong> profilaxia do parceiro soronegativo <strong>de</strong>ve sero mesmo da mulher que vive com HIV, exceto quandoesta fizer uso <strong>de</strong> ITRNN: no caso da nevirapina (NVP),pelo risco <strong>de</strong> toxicida<strong>de</strong> hepática e <strong>de</strong>rmatológica grave,e no caso do EFV, pela sua toxicida<strong>de</strong> <strong>de</strong>rmatológica eseus efeitos neuropsiquiátricos.A toxicida<strong>de</strong> <strong>de</strong>corrente da exposição continuadaa antirretrovirais em pessoas soronegativas é<strong>de</strong>sconhecida, sendo <strong>de</strong>saconselhável seu uso portempo prolongado.c) Casais soroconcordantesÉ comum que casais soroconcordantes não adotemo uso do preservativo em todas as relações sexuaispor consi<strong>de</strong>rá-lo <strong>de</strong>snecessário, <strong>de</strong>sconhecendo osriscos da transmissão <strong>de</strong> cepas do HIV resistentes aosantirretrovirais, assim como outras DST. O profissional


42Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais · Secretaria <strong>de</strong>Vigilância em Saú<strong>de</strong> · Ministério da Saú<strong>de</strong><strong>de</strong>ve procurar compreen<strong>de</strong>r os fatores objetivos esubjetivos associados a essa dificulda<strong>de</strong>, buscandoalternativas para a melhor a<strong>de</strong>são ao método.Deve-se incluir a discussão sobre os riscos ecuidados que reduzem o risco <strong>de</strong> transmissão vertical,reforçando a importância do acompanhamento no prénatale da a<strong>de</strong>quação da terapia, caso a mulher esteja emuso <strong>de</strong> TARV potencialmente teratogênica, conforme jádiscutido anteriormente.O estado da arte para esse cenário consi<strong>de</strong>ra alavagem <strong>de</strong> esperma associada aos procedimentos<strong>de</strong> RHA, sendo esta a opção indicada para os casaissoroconcordantes férteis que <strong>de</strong>sejam ter filhos, compossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> diminuir os riscos <strong>de</strong> reinfecção e <strong>de</strong>transmissão <strong>de</strong> cepas resistentes ao tratamento.A autoinseminação e a concepção natural, <strong>de</strong>s<strong>de</strong>que realizadas no período fértil da mulher, po<strong>de</strong>m serconsi<strong>de</strong>radas estratégias <strong>de</strong> redução <strong>de</strong> risco para ocasal.


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 43Medidas <strong>de</strong> redução <strong>de</strong> risco <strong>de</strong>transmissão <strong>de</strong> patógenos entre casaissoroconcordantes:• Uso <strong>de</strong> TARV com boa a<strong>de</strong>são ao tratamento;• Supressão máxima da replicação viral (pelomenos duas quantificações <strong>de</strong> CV comresultado in<strong>de</strong>tectável nos últimos seis meses);• No caso da mulher, que a contagem LT-CD4+esteja acima <strong>de</strong> 200 células/mm 3 e, no dohomem, que a condição imunológica sejapreferencialmente estável;• Avaliação e a<strong>de</strong>quação da TARV da mulher(não teratogênica);• Ausência <strong>de</strong> coinfecções ativas;• Ausência <strong>de</strong> infecções do trato genital;• Estabilida<strong>de</strong> clínica e ausência <strong>de</strong> infecçõesoportunistas ativas.


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 452.8. Referências1. BRASIL. Ministério da Saú<strong>de</strong>. Departamento Nacional <strong>de</strong> DST,Aids e Hepatites Virais. Boletim Epi<strong>de</strong>miológico Aids e DST –Versão Preliminar. Brasília, 2009.2. BRASIL. Ministério da Saú<strong>de</strong>. Programa Nacional <strong>de</strong> DST eAids. Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s eadolescentes infectados pelo HIV. Brasília, 2008.3. BRASIL. Ministério da Saú<strong>de</strong>. Departamento Nacional <strong>de</strong>DST, Aids e Hepatites Virais. Recomendações para profilaxiada transmissão vertical do HIV e terapia antirretroviral emgestantes. Brasília, 2010.4. ROSSI, A. S. Demanda e barreiras para o acesso a serviços <strong>de</strong>reprodução assistida para pessoas vivendo com HIV no Brasil:perspectivas <strong>de</strong> gestores, profissionais e usuários. 2010. Tese(Doutorado em Medicina)–Faculda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Ciências Médicasda Universida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Campinas (FCM/UNICAMP), Campinas,2010.5. CREPAZ, N.; HART, T. A.; MARKS, G. Highly ActiveAntiretroviral Therapy and Sexual Risk Behavior. A metaanalyticreview. JAMA, [S.l.], v. 292, p. 224-36, 2004.6. BURMAN, W. et al. Episodic Antiretroviral Therapy IncreasesHIV Transmission Risk Compared With Continuous Therapy:Results of a Randomized Controlled Trial. J. Acquir. ImmuneDefic. Syndr., [S.l.], v. 49, p. 142-150, 2008.7. YOUNG, B. et al. First large, multicenter, open-label studyutilizing HLA-B*5701 screening for abacavir hypersensitivity inNorth America. AIDS, [S.l.], v. 22, p. 1673-1681, 2008


46Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais · Secretaria <strong>de</strong>Vigilância em Saú<strong>de</strong> · Ministério da Saú<strong>de</strong>8. KALICHMAN, S. C.; Di BERTO, G.; EATON, L. HumanImmuno<strong>de</strong>ficiency Virus Viral Load In Blood Plasma AndSemen: Review And Implications Of Empirical Findings.Sexually Transmitted Diseases, [S.l.], v. 35, n. 1, p. 55-60, 2008.9. CAMPOS, A. et al. Carga viral vaginal <strong>de</strong> HIV em mulheresbrasileiras infectadas pelo HIV. Assoc. Med. Bras., [S.l.], v. 54, n.1, p. 67-71, 2008.10. MELO, M. G. et al. Sexual Transmission of HIV-1 amongserodiscordant couples in Porto Alegre, Southern Brazil.Sexually Transmited Diseases, [S.l.], v. 35, n. 11, p. 912-915,2008.11. ATTIA, S. et al. Sexual transmission of HIV according to viralload and antiretroviral therapy: systematic review and metaanalysis.AIDS, [S.l.], v. 23, p. 000-00, 2009.12. DONNEL, D. et al. Heterosexual HIV-1 transmission afterinitiation of antiretroviral therapy: a prospective cohortanalysis. Lancet, [S.l.], v. 375, n. 9731, p. 2092-2098, 12 jun.2010.13. CONNOR, E. M. et al. Reduction of maternal-infanttransmission of human immuno<strong>de</strong>ficiency virus type 1 withzidovudine treatment. N. Engl. J. Med., [S.l.], v. 331, p. 1173-80,1994.14. COOPER, E. R. et al. Combination antiretroviral strategiesfor the treatment of pregnant HIV-1–infected women andprevention of perinatal HIV-1 transmission. J. Acquir. ImmuneDefic. Syndr., [S.l.], v. 29, p. 484-94, 2002.15. CALVET, G. A. et al. Trends in a cohort of HIV-infectedpregnant women in Rio <strong>de</strong> Janeiro, 1996-2004. Rev. Bras.Epi<strong>de</strong>miol., [S.l.], v. 10, p. 323-337, 2007.16. LIN, K.; VICKERY, J. Screening for Hepatitis B Virus infectionin pregnant women: evi<strong>de</strong>nce for the U.S. Preventive ServicesTask Force reaffirmation recommendation statement. Ann. Int.Med., [S.l.], v. 150, n. 12, p. 874-6, 2009.17. BEASLEY, R. P. Rocks Along the Road to the Control of HBVand HCC. Ann. Epi<strong>de</strong>miol., [S.l.], v. 19, n. 4, p. 231-4, 2009.


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 4718. CONTE, D. et al. Prevalence and clinical course of chronichepatitis C virus (HCV) infection and rate of HCV verticaltransmission in a cohort of 15,250 pregnant women.Hepatology, [S.l.], v. 31, n. 3, p. 751-5, 2000.19. MUÑOZ-ALMAGRO, C. et al. Prevalence of hepatitis C virusin pregnant women and vertical transmission. Med. Clin.,Barcelona, v. 118, n. 12, p. 452-4, 2002.20. MAST, E. E. et al. Risk factors for perinatal transmissionof hepatitis C virus (HCV) and the natural history of HCVinfection acquired in infancy. J. Infect. Dis., [S.l.], v. 192, n. 11,p. 1880-9, 2005.21. SYRIOPOULOU, V. et al. Mother to child transmission ofhepatitis C virus: rate of infection and risk factors. Scand. J.Infect. Dis., [S.l.], v. 37, n. 5, p. 350-3, 2005.22. PAPPALARDO, B. L. Influence of maternal humanimmuno<strong>de</strong>ficiency virus (HIV) co-infection on verticaltransmission of hepatitis C virus (HCV): a meta-analysis. Int. J.Epi<strong>de</strong>miol., [S.l.], v. 32, n. 5, p. 727-34, 2003.23. WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Sexual andreproductive health of women living with HIV/AIDS: Gui<strong>de</strong>lineson care, treatment and support for women living with HIV/AIDS and their children in resource-constrained settings.Geneva: WHO, 2006.24. FAKOYA, A. et al. British HIV Association Gui<strong>de</strong>lines - BritishHIV Association, BASHH and FSRH gui<strong>de</strong>lines for themanagement of the sexual and reproductive health of peopleliving with HIV infection 2008. HIV Medicine, [S.l.], v. 9, n.681-720, 2008.25. CAROSI, G. et al. Women facing HIV. Key question on womenwith HIV infection: Italian consensus workshop. Infection, [S.l.],v. 37, n. 2, p. 168-78, 2009.26. NICOPOULOS, J. D. et al. The effect of humanimmuno<strong>de</strong>ficiency virus on sperm parameters and the outcomeof intrauterine insemination following sperm washing. Hum.Reprod., [S.l.], v. 19, n. 10, p. 2289-97, 2004.


48Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais · Secretaria <strong>de</strong>Vigilância em Saú<strong>de</strong> · Ministério da Saú<strong>de</strong>27. BUJAN, L. et al. (for the CREATHE network). Safety an<strong>de</strong>fficacy of sperm washing in HIV-1-serodiscordant coupleswhere the male is infected: results from the EuropeanCREAThE network. AIDS, [S.l.], v. 21, p. 1909-14, 2007.28. SAUER M. V. et al. Providing fertility care to men seropositivefor human immuno<strong>de</strong>ficiency virus: reviewing 10 years ofexperience and 420 consecutive cycles of in vitro fertilizationand intracytoplasmatic sperm injection. Fertility and Sterility,[S.l.], v. 91, n. 6, p. 2455-60, 2009.29. SAVASI, V. et al. Safety of sperm washing and ART outcome in741 HIV-1-serodiscordant couples. Human Reproduction, [S.l.],v. 22, n. 3, p. 772-7, 2007.30. GILLING-SMITH, C.; ALMEIDA, P. HIV, hepatitis B &hepatitis C and infertility: reducing risk. Educational Bulletinsponsored by the Practice & Policy Committee of the BFS.Hum. Fertil., [S.l.], v. 6, p. 106-12, 2003.31. KATO, S. et al. Complete removal of HIV-1 RNA andproviral DNA from semen by the swim-up method: assistedreproduction technique using spermatozoa free from HIV-1.AIDS, [S.l.], v. 20. n. 7, p. 967-73, 2006.32. HARVARD SCHOOL OF PUBLIC HEALTH. The pregnancyIntentions of HIV-Positive Women: Forwarding the ResearchAgenda - Conference Report. Harvard, March 2010.33. MATTHEWS, L. T.; MUKHERJEE, J. S. Strategies for harmreduction among HIV-affected couples who want to conceive.AIDS Behav., [S.l.], v. 13, Suppl. 1, p. 5-11, 2009.34. BARREIRO, P. et al. Is natural conception a valid opinion forHIV-serodiscordant couples? Hum. Reprod., [S.l.], v. 22, n. 9, p.2353-8, 2007.


Recomendações paraabordagem da exposiçãosexual ao HIV


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 513. Recomendações paraabordagem da exposiçãosexual ao HIV3.1. ApresentaçãoA última atualização da recomendação para aabordagem da exposição sexual ao HIV foi publicadacomo parte das Recomendações para terapiaantirretroviral em <strong>adulto</strong>s e adolescentes infectados peloHIV – 2006 1 . Des<strong>de</strong> então, novas informações foramproduzidas na literatura científica, consi<strong>de</strong>rando-se aterapia antirretroviral como uma estratégia emergentepara prevenir a transmissão do HIV.É nesse contexto que o Departamento <strong>de</strong> DST, Aidse Hepatites Virais, com apoio dos Comitês Assessoresem Terapia Antirretroviral para Adultos Infectados peloHIV e Gestantes Infectadas pelo HIV, buscou estabelecerrecomendações específicas para aten<strong>de</strong>r à <strong>de</strong>manda<strong>de</strong> atualização. As orientações expressas neste capítuloforam <strong>de</strong>finidas por <strong>consenso</strong> em reunião conjuntaentre os dois comitês, exceto na <strong>de</strong>finição dos esquemas<strong>de</strong> profilaxia: dos 23 médicos presentes, 20 optaram porrecomendar três antirretrovirais sempre que a profilaxiafor indicada, e os <strong>de</strong>mais consi<strong>de</strong>raram a indicação <strong>de</strong>


52Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais · Secretaria <strong>de</strong>Vigilância em Saú<strong>de</strong> · Ministério da Saú<strong>de</strong>apenas dois medicamentos em algumas situações. Aindaem relação à realização <strong>de</strong> genotipagem, nos casos emque o paciente-fonte esteja em falha terapêutica, um dosmembros do comitê consi<strong>de</strong>raria o uso da genotipagemnessa situação, o que não foi proposto pelos <strong>de</strong>mais.Na ausência <strong>de</strong> estudos diretos e <strong>de</strong> evidências<strong>de</strong>finitivas em relação à eficácia, efetivida<strong>de</strong> esegurança das recomendações para a abordagemda exposição sexual ao HIV, serão consi<strong>de</strong>radas aplausibilida<strong>de</strong> biológica, os experimentos em animais eo mo<strong>de</strong>lo teórico utilizado na profilaxia pós-exposiçãoocupacional.


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 533.2. Consi<strong>de</strong>rações iniciaisO atendimento da exposição sexual com potencialtransmissão do HIV implica acolher a <strong>de</strong>manda, avaliara circunstância da exposição, caracterizar o risco <strong>de</strong>transmissão e conhecer a frequência das exposiçõespara consi<strong>de</strong>rar a indicação da quimioprofilaxia. Devesereforçar que a proteção <strong>de</strong> barreira, com uso <strong>de</strong>preservativo masculino ou feminino, é a estratégiacentral <strong>de</strong> prevenção, enfatizando necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>proteção sexual a futuras exposições.Geralmente, a pessoa que busca atendimentoapós a exposição <strong>de</strong>sprotegida apresenta receio <strong>de</strong> teradquirido o HIV, possui dúvidas sobre a doença e suaspossibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> tratamento e encontra-se ansiosa porum atendimento resolutivo.O aconselhamento <strong>de</strong>ve permear todos osmomentos do atendimento, <strong>de</strong> forma dinâmica, comconteúdos específicos para a situação <strong>de</strong> urgência e parao seguimento.Dada a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> início precoce da profilaxiaantirretroviral após a exposição ao HIV, é importanteque sejam <strong>de</strong>finidos os serviços <strong>de</strong> referência para oatendimento inicial e para o seguimento, particularmentequando a exposição ocorrer em finais <strong>de</strong> semana.


54Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais · Secretaria <strong>de</strong>Vigilância em Saú<strong>de</strong> · Ministério da Saú<strong>de</strong>Como recomendação geral, os serviçosambulatoriais <strong>de</strong> atenção especializada em HIV e aids(SAE) são os serviços preferenciais para o atendimentoinicial. Caso o usuário procure o atendimento emhorários em que não há funcionamento do SAE, sugereseque os serviços que já realizam o atendimento<strong>de</strong> urgência da violência sexual e a profilaxia pósexposiçãoocupacional façam também o atendimentoinicial da profilaxia pós-exposição sexual. Nesse caso,o SAE <strong>de</strong>ve ser a referência para o seguimento da pessoaexposta: a <strong>de</strong>finição da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> atendimento da urgência<strong>de</strong>ve ser realizada localmente.


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 553.3. Atendimento inicial ou <strong>de</strong>urgênciaO primeiro atendimento após a exposição sexualé consi<strong>de</strong>rado <strong>de</strong> urgência em função da necessida<strong>de</strong><strong>de</strong> início precoce da quimioprofilaxia. Não existemensaios clínicos randomizados que tenham avaliado aeficácia da utilização <strong>de</strong> profilaxia pós-exposição sexuale existem poucas informações a respeito do momentoi<strong>de</strong>al para iniciá-la. Entretanto, a maioria das diretrizesque abordam o tema consi<strong>de</strong>ram o benefício <strong>de</strong> suautilização até 72 horas após a exposição 2,3,4 .A abordagem na situação <strong>de</strong> urgência édistinta daquela realizada no seguimento,já que a profilaxia antirretroviral <strong>de</strong>ve seriniciada o mais precocemente possível,i<strong>de</strong>almente nas primeiras 2 horas 5 após aexposição, tendo como limite as 72 horassubsequentes. Não é recomendado o início daprofilaxia pós-exposição (PEP) caso a pessoaexposta chegue ao atendimento após 72horas da exposição. Deve-se realizar semprea testagem para HIV, VHB, VHC e sífilis (VDRL),visando <strong>de</strong>finir se ocorreu transmissão prévia<strong>de</strong>sses agravos.


56Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais · Secretaria <strong>de</strong>Vigilância em Saú<strong>de</strong> · Ministério da Saú<strong>de</strong>A abordagem na situação <strong>de</strong> urgência é distintadaquela realizada no seguimento, já que a profilaxiaantirretroviral <strong>de</strong>ve ser iniciada o mais precocementepossível, i<strong>de</strong>almente nas primeiras 2 horas 5 após aexposição, tendo como limite as 72 horas subsequentes.Não é recomendado o início da profilaxia pós-exposição(PEP, sigla em inglês) caso a pessoa exposta chegueao atendimento após 72 horas da exposição. Deve-serealizar sempre a testagem para HIV, VHB, VHC e sífilis(VDRL), visando <strong>de</strong>finir se ocorreu transmissão prévia<strong>de</strong>sses agravos.No atendimento inicial, faz-se necessário que oprofissional avalie a condição sorológica da pessoaexposta e <strong>de</strong> sua parceria sexual, além <strong>de</strong> investigarcomo e quando ocorreu a exposição, para <strong>de</strong>finir aindicação da quimioprofilaxia.Se a condição sorológica da pessoa exposta nãofor conhecida, <strong>de</strong>ve-se realizar testagem para HIV,preferencialmente com testes rápidos: em caso <strong>de</strong>resultado reagente, não está indicada quimioprofilaxia.Caso seja indicada a quimioprofilaxia, a pessoaexposta <strong>de</strong>ve ser orientada sobre os objetivos dautilização dos medicamentos, incluindo seus possíveisefeitos adversos, reforçando-se a importância daa<strong>de</strong>são ao tratamento. A atitu<strong>de</strong> acolhedora e semjulgamento por parte do profissional propicia aformação do vínculo com o usuário, favorecendo suaa<strong>de</strong>são às medidas recomendadas.


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 57No aconselhamento, o profissional <strong>de</strong>ve estarconstantemente atento às seguintes necessida<strong>de</strong>s:• fornecer informações técnicas atualizadas,utilizando linguagem acessível;• reconhecer vulnerabilida<strong>de</strong>s individuais esociais;• oferecer apoio emocional;• avaliar a capacida<strong>de</strong> do usuário <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rir aotratamento e às medidas <strong>de</strong> prevenção;• estabelecer estratégias para fortalecer práticas <strong>de</strong>prevenção.Entre as vulnerabilida<strong>de</strong>s individuais e sociais,<strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>radas a falta <strong>de</strong> informação, adificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> acesso aos preservativos, o uso <strong>de</strong> álcoole outras drogas e o medo <strong>de</strong> per<strong>de</strong>r o parceiro diante daexigência do preservativo.Quando o serviço que realizou o primeiroatendimento não pu<strong>de</strong>r propiciar o seguimento, énecessário o encaminhar o usuário a um dos Serviços<strong>de</strong> Atenção Especializada em HIV e Aids (SAE) paraseguimento e encerramento do caso.O reforço das práticas <strong>de</strong> prevenção, incluindoo uso a<strong>de</strong>quado do preservativo, <strong>de</strong>ve ser semprediscutido e indicado para as próximas relaçõessexuais.


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 593.4. Avaliação <strong>de</strong> risco erecomendações <strong>de</strong> quimioprofilaxia3.4.1. Avaliação <strong>de</strong> riscoOs fatores que aumentam a transmissibilida<strong>de</strong> dovírus após o contato sexual são:• Carga viral sanguínea <strong>de</strong>tectável;• Carga viral genital;• Ruptura <strong>de</strong> barreira na mucosa da pessoaexposta;• Presença <strong>de</strong> sangramento, como no caso <strong>de</strong>menstruação;• Presença <strong>de</strong> doença sexualmente transmissível.A carga viral sanguínea abaixo dos limites <strong>de</strong><strong>de</strong>tecção reduz <strong>de</strong> forma significativa o risco <strong>de</strong>transmissão, mas não o elimina completamente 6,7,8 .A carga viral genital, em geral, correlaciona-se coma carga viral sanguínea 9,10,11,12,13,14,15 ; entretanto, não émedida na prática clínica, o que impe<strong>de</strong> sua utilizaçãofora <strong>de</strong> contextos <strong>de</strong> pesquisa.A presença <strong>de</strong> doenças sexualmente transmissíveisaumenta o risco <strong>de</strong> transmissão do HIV, especialmentena presença <strong>de</strong> úlceras genitais 16 .


60Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais · Secretaria <strong>de</strong>Vigilância em Saú<strong>de</strong> · Ministério da Saú<strong>de</strong>O tipo <strong>de</strong> exposição sexual estabelece diferentescategorias <strong>de</strong> risco. De maneira geral, o maior risco<strong>de</strong> transmissão em relações sexuais com PVHA estáassociado a relações anais receptivas. Em relação ao sexooral receptivo, não existe comprovação <strong>de</strong>finitiva <strong>de</strong> seurisco, havendo, entretanto plausibilida<strong>de</strong> biológica <strong>de</strong>transmissão (Quadro 1). O sexo oral insertivo, por suavez, não é consi<strong>de</strong>rado exposição <strong>de</strong> risco que <strong>de</strong>fina anecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> instituir PEP.Quadro 1. Tipo <strong>de</strong> exposição sexual e risco transmissão apóscontato com pessoa soropositiva para o HIVTipo <strong>de</strong> exposiçãoRisco <strong>de</strong> transmissão/exposição %Penetração anal receptiva a 0,1 – 3,0 17Penetração vaginalreceptiva b 0,1 – 0,2 18,19,6Penetração vaginalinsertiva c 0,03 – 0,09 18Penetração anal insertiva d 0,06 20Sexo oral receptivo 0 – 0,04 19a- Penetração anal receptiva – pessoa exposta penetrada por parceirosoropositivo em relação sexual anal;b- Penetração vaginal receptiva - mulher exposta penetrada por parceirosoropositivo em relação sexual vaginal;c- Penetração vaginal insertiva – homem exposto penetrando mulhersoropositiva em relação sexual vaginal;d- Penetração anal insertiva – homem exposto penetrando pessoa soropositivaem relação sexual anal


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 613.4.2. Recomendações <strong>de</strong>quimioprofilaxiaa) Situações <strong>de</strong> exposição sexual em que asorologia do parceiro é <strong>de</strong>sconhecidaA indicação <strong>de</strong> quimioprofilaxia <strong>de</strong>ve sercriteriosamente avaliada, consi<strong>de</strong>rando os riscose os benefícios <strong>de</strong> sua utilização. Os fatores a serconsi<strong>de</strong>rados são a 1) prevalência presumida do HIV dosegmento populacional a que pertence a parceria sexualda pessoa exposta e 2) o tipo <strong>de</strong> exposição.No Brasil, a epi<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> aids é classificada comoepi<strong>de</strong>mia concentrada. A prevalência do HIV napopulação geral <strong>de</strong> 15 a 49 anos é <strong>de</strong> 0,6%; entre pessoasque fazem uso <strong>de</strong> drogas ilícitas é <strong>de</strong> 5,9% (consi<strong>de</strong>randouso injetável <strong>de</strong> drogas); entre gays e outros homens quefazem sexo com outros homens (HSH) é <strong>de</strong> 10,5%; eentre profissionais do sexo é <strong>de</strong> 4,9%21. Para a tomada<strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão sobre a quimioprofilaxia, a prevalência ≥ 5%será consi<strong>de</strong>rada como alta e a prevalência < 5% comobaixa. Sendo a prevalência entre profissionais do sexo é<strong>de</strong> 4,9%, esta também será consi<strong>de</strong>rada como alta.Quadro 2. Prevalência do HIV em segmentospopulacionais no BrasilPopulação Prevalência ComentárioGeral 0,6% BaixaGays e outros HSH 10,5% AltaUsuários <strong>de</strong> drogas 5,9% AltaProfissionais do sexo ~ 5,0% Alta


62Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais · Secretaria <strong>de</strong>Vigilância em Saú<strong>de</strong> · Ministério da Saú<strong>de</strong>A <strong>de</strong>cisão sobre a indicação da quimioprofilaxia(QP) <strong>de</strong>ve, conforme mencionado, ser individualizadae consi<strong>de</strong>rar a relação entre o risco e o benefício. Emrelações sexuais com maior risco <strong>de</strong> transmissão, aprofilaxia antirretroviral <strong>de</strong>ve ser indicada quando aparceria sexual da pessoa exposta pertencer a segmentopopulacional consi<strong>de</strong>rado <strong>de</strong> alta prevalência. Emrelações sexuais com baixo risco <strong>de</strong> transmissão, aprofilaxia antirretroviral não <strong>de</strong>ve ser indicada quando aparceria sexual da pessoa exposta pertencer à populaçãogeral (baixa prevalência), conforme a Tabela 1.Tabela 1.Indicação <strong>de</strong> quimioprofilaxia segundo tipo <strong>de</strong>exposição e parceria*Menor riscoMaior riscoTipo <strong>de</strong>exposiçãoStatussorológicodo parceiroParceirosabidamente HIVpositivoParceiro <strong>de</strong>sorologia<strong>de</strong>sconhecida,mas <strong>de</strong>população <strong>de</strong>alta prevalênciaParceiro <strong>de</strong>sorologia<strong>de</strong>sconhecida e<strong>de</strong> população <strong>de</strong>baixa prevalênciaAnalreceptivaAnal ouvaginalinsertivaVaginalreceptivaOralreceptivacomejaculaçãoRecomendar Recomendar Recomendar Consi<strong>de</strong>rarRecomendar Consi<strong>de</strong>rar Consi<strong>de</strong>rar Consi<strong>de</strong>rarConsi<strong>de</strong>rarNãorecomendarNãorecomendarMenor riscoNãorecomendar* Adaptado <strong>de</strong>: FISHER, M et al. UK Gui<strong>de</strong>line for the use of post-exposureprophylaxis for HIV following sexual exposure. International Journal of STD& AIDS, [S.l.], v. 17, p. 81-92, 2006.


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 63O único antirretroviral com efetivida<strong>de</strong> avaliadapara reduzir a transmissão após alguma exposiçãoao HIV é a zidovudina (AZT), razão pela qualela está indicada como parte dos esquemas <strong>de</strong>quimioprofilaxia 20 . Consi<strong>de</strong>rando a plausibilida<strong>de</strong>biológica, o esquema <strong>de</strong> profilaxia antirretroviral <strong>de</strong>primeira escolha <strong>de</strong>ve combinar três medicamentos,com ativida<strong>de</strong> antirretroviral que diminua o risco dapenetração do vírus no núcleo das células <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa.Além disso, os esquemas estruturados com trêsinibidores nucleosí<strong>de</strong>os da transcriptase reversapossuem maior comodida<strong>de</strong> posológica, facilitando aa<strong>de</strong>são ao regime prescrito, e menor toxicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> curtoprazo, reduzindo o risco <strong>de</strong> interrupções no <strong>de</strong>correr douso.Por essas razões, recomenda-se que o esquemaseja composto por dois inibidores nucleosí<strong>de</strong>os datranscriptase reversa (ITRN) 4 , como o AZT associadoà lamivudina (3TC), combinados a um inibidornucleotí<strong>de</strong>o da transcriptase reversa (ITRNt), como otenofovir (TDF).Uma alternativa aos esquemas com três ITRN é aindicação <strong>de</strong> um inibidor da protease (IP) ao invés dotenofovir. Nesse caso, o lopinavir/ritonavir (LPV/r) é omedicamento sugerido, em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong> sua coformulaçãocom ritonavir, menor perfil <strong>de</strong> toxicida<strong>de</strong> e maiorcomodida<strong>de</strong> posológica em relação a outros IP. Todavia,sua toxicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> curto prazo, implicando especialmentediarreia, náuseas e vômitos, po<strong>de</strong> dificultar a a<strong>de</strong>são aotratamento.


64Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais · Secretaria <strong>de</strong>Vigilância em Saú<strong>de</strong> · Ministério da Saú<strong>de</strong>Os inibidores não nucleosí<strong>de</strong>os da transcriptasereversa (ITRNN) <strong>de</strong>vem ser evitados: no caso danevirapina (NVP), por sua potencial toxicida<strong>de</strong> hepáticae <strong>de</strong>rmatológica; no caso do efavirenz (EFV), além <strong>de</strong>seu potencial teratogênico, por seu risco <strong>de</strong> toxicida<strong>de</strong><strong>de</strong>rmatológica grave e, adicionalmente, seus efeitosneuropsiquiátricos adversos.A profilaxia antirretroviral <strong>de</strong>ve seriniciada, i<strong>de</strong>almente, nas primeiras 2 horas ouno limite das 72 horas após a exposição; via<strong>de</strong> regra, recomenda-se que seja estruturadacom zidovudina (AZT) + lamivudina (3TC) +tenofovir (TDF). Alternativamente, po<strong>de</strong> o TDFser substituído por lopinavir/ritornavir (LPV/r).Caso seja indicada profilaxia antirretroviral para apessoa exposta, <strong>de</strong>ve-se realizar avaliação laboratorialno atendimento inicial, <strong>de</strong>vendo esta incluir a testagempara HIV (com testes rápidos quando disponíveis),VDRL e marcadores virais <strong>de</strong> hepatite e hemograma,além <strong>de</strong> provas <strong>de</strong> função renal e hepática.Quando o status sorológico do indivíduo fonteda infecção for <strong>de</strong>sconhecido, recomenda-se, sempreque possível, a utilização <strong>de</strong> testes rápidos para o HIV,visando <strong>de</strong>terminar o diagnóstico e a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>indicar a profilaxia.Quando o teste rápido não estiver disponível,<strong>de</strong>ve-se realizar a sorologia convencional. Nesse caso,para indicação da profilaxia antirretroviral imediata, oparceiro fonte da exposição será consi<strong>de</strong>rado como <strong>de</strong>sorologia <strong>de</strong>sconhecida.


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 65b) Situações <strong>de</strong> exposição sexual em quea sorologia da parceria for conhecida(incluindo casais sorodiscordantes)Conforme mencionado, uma vez ocorrido o contatocom fluidos genitais infectados ou relação sexual<strong>de</strong>sprotegida com parceria sabidamente soropositiva, apessoa exposta <strong>de</strong>ve receber profilaxia antirretroviral omais precocemente possível, i<strong>de</strong>almente nas primeiras 2horas após a exposição.Cabe ressaltar a importância da realização datestagem diagnóstica por meio <strong>de</strong> testes rápidos napessoa exposta para <strong>de</strong>finir sua condição sorológicaprévia à exposição. Em caso <strong>de</strong> resultado reagente, <strong>de</strong>veseencaminhá-la ao SAE para iniciar acompanhamentoclínico e laboratorial, sem indicação <strong>de</strong> profilaxiaantirretroviral. Caso o resultado da testagem sejanegativo, <strong>de</strong>ve-se consi<strong>de</strong>rar o início da profilaxia(Tabela 1).A profilaxia antirretroviral está recomendadaem todos os casos <strong>de</strong> penetração vaginal e/ouanal <strong>de</strong>sprotegida com parceiro infectado peloHIV, preferencialmente nas primeiras 2 horasapós a exposição 23 e, no máximo, nas 72 horassubsequentes. Caso a pessoa exposta chegue aoatendimento após esse período, não há benefíciocom a indicação <strong>de</strong> profilaxia antirretroviral.Nesse caso, recomenda-se realizar a testagempara HIV, VHB, VHC e sífilis (VDRL), visando <strong>de</strong>finira condição sorológica da pessoa exposta.


66Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais · Secretaria <strong>de</strong>Vigilância em Saú<strong>de</strong> · Ministério da Saú<strong>de</strong>Caso o(a) parceiro(a) infectado(a) esteja em uso<strong>de</strong> esquema <strong>de</strong> resgate com carga viral (CV) suprimida,o esquema <strong>de</strong> profilaxia indicado para a pessoasoronegativa <strong>de</strong>ve ser aquele utilizado pela pessoainfectada, exceto quando esta fizer uso <strong>de</strong> nevirapina ouefavirenz, conforme discutido anteriormente. Não estáindicada a realização do teste <strong>de</strong> genotipagem, dada anecessida<strong>de</strong> do início precoce do esquema <strong>de</strong> profilaxia.Caso o(a) parceiro(a) infectado(a) estiver com CV<strong>de</strong>tectável em uso <strong>de</strong> terapia, o esquema profilático <strong>de</strong>veser indicado conforme as diretrizes para estruturação<strong>de</strong> esquemas <strong>de</strong> resgate (Quadro 3 da página 55 dasRecomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>sinfectados pelo HIV - 2008) e/ou discussão da situaçãocom um Médico <strong>de</strong> Referência em Genotipagem –MRG 22 .c) Situações em que a quimioprofilaxiaantirretroviral não está indicada• Contatos sexuais sem penetração, como nocaso da masturbação mútua e do sexo oral semejaculação na cavida<strong>de</strong> oral.• Na exposição repetida a relações sexuais<strong>de</strong>sprotegidas, sugere-se encaminhar a pessoapara acompanhamento em Unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>Referência (CTA ou SAE).


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 673.5. SeguimentoDurante o seguimento, o serviço <strong>de</strong>ve avaliar anecessida<strong>de</strong> da indicação da quimioprofilaxia e/ousua manutenção, reforçar e acompanhar a a<strong>de</strong>são aotratamento, manejar os efeitos adversos, caso existam, eenfatizar a adoção <strong>de</strong> práticas sexuais seguras.É importante, também, que o profissional estejaatento para sondar os sentimentos e fantasias que po<strong>de</strong>mestar presentes, dificultando a a<strong>de</strong>são ao tratamento.No caso <strong>de</strong> relações heterossexuais, <strong>de</strong>ve-se verificara possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gravi<strong>de</strong>z e consi<strong>de</strong>rar a oportunida<strong>de</strong><strong>de</strong> uso <strong>de</strong> anticoncepção <strong>de</strong> emergência, caso não exista<strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> reprodução.


68Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais · Secretaria <strong>de</strong>Vigilância em Saú<strong>de</strong> · Ministério da Saú<strong>de</strong>Tabela 2. Recomendação <strong>de</strong> exames laboratoriais pós-exposição sexual no atendimento inicial e noseguimento*Teste Recomendação durante a profilaxiaAnti-HIV por métodoELISA ou teste rápidoBasalSuspeita <strong>de</strong> SíndromeRetroviral Aguda (§) outoxicida<strong>de</strong> ()Recomendaçãoseguimento4-6 semanas 12 semanas 24 semanasX X (§) X XCV X (§)Anti-HBs XHBsAg XAnticorpo HCV X X XVDRL X XCreatinina X X ()Hemograma X X ()Transaminases X X ()Exame comum <strong>de</strong> urina X*Adaptado <strong>de</strong>: LANDOVITZ, R. J.; CURRIER, J. S. Postexposure Prophylaxis for HIV Infection. N. Engl. J. Med., [S.l.], v. 361, p. 1768-75, 2009.


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 693.6. Encerramento do casoPara o encerramento do acompanhamento, énecessário obter o resultado da testagem para HIV edos marcadores virais <strong>de</strong> hepatites após 24 semanasda exposição e da sífilis após 12 semanas da exposição,sendo, além disso, essencial reforçar as estratégias <strong>de</strong>prevenção. Nesse sentido, <strong>de</strong>ve-se avaliar, conjuntamentecom a pessoa exposta e/ou casal, se existem dificulda<strong>de</strong>spara a adoção <strong>de</strong> práticas sexuais seguras.Se a pessoa tiver sido infectada, <strong>de</strong>ve-se iniciaro seguimento clínico-laboratorial, conforme asRecomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>se adolescentes infectados pelo HIV – 2008 22 . Caso nãotenha havido transmissão, o profissional necessita estaratento para avaliar a a<strong>de</strong>são aos métodos recomendadospara prevenção.Deve-se explicar claramente que a ausência <strong>de</strong>transmissão no episódio atual não previne a transmissãono caso <strong>de</strong> futuras exposições.


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 713.7. Referências1 BRASIL. Ministério da Saú<strong>de</strong>. Programa Nacional <strong>de</strong> DST eAids. Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s eadolescentes infectados pelo HIV – 2006. Brasília, 2006.2 CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION(CDC). Notice to rea<strong>de</strong>rs: updated information regardingantiretroviral agents used as HIV postexposure prophylaxis foroccupational HIV exposures. MMWR, [S.l.], v. 56, p. 1291-2,2007.3 CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION(CDC). Updated U.S. Public Health Service gui<strong>de</strong>lines forthe management of occupational exposures to HIV andrecommendations for postexposure prophylaxis. Atlanta: CDC,sep. 30, 2005.4 LANDOVITZ, R. J.; CURRIER, J. S. Postexposure Prophylaxisfor HIV Infection. N. Engl. J. Med., [S.l.], v. 361, p. 1768-75,2009.5 WADE, N. A. et al. Abbreviated regimens of zidovudineprophylaxis and perinatal transmission of the humanimmuno<strong>de</strong>ficiency virus. N. Engl. J. Med., [S.l.], v. 339, p. 1409-14, 1998.6 GRAY, R. et al. Probability of HIV-1 transmission per coital actin monogamous, heterosexual, HIV-1 discordant couples inRakai, Uganda. Lancet, [S.l.], v. 357, p. 1149–53, 2001.7 CARDO, D. M. et al. A case-control study of HIVseroconversion in health care workers after percutaneousexposure to HIV-infected blood: clinical and public healthimplications. N. Engl. J. Med., [S.l.], v. 337, p. 1485, 1997.


72Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais · Secretaria <strong>de</strong>Vigilância em Saú<strong>de</strong> · Ministério da Saú<strong>de</strong>8 QUINN, T. C. et al. Viral load and heterosexual transmission ofhuman immuno<strong>de</strong>ficiency virus type 1. N. Engl. J. Med., [S.l.], v.342, p. 921-9, 2000.9 ZHANG, H. et al. Human immuno<strong>de</strong>ficiency virus type-1 inthe semen of men receiving highly active antiretroviral therapy.N. Engl. J. Med., [S.l.], v. 339, p. 1803-9, 1998.10 VERNAZZA, L. et al. Potent antiretroviral treatment of HIVinfectionresults in suppression of the seminal shedding of HIV.AIDS, [S.l.], v. 14, p. 117-21, 2000.11 CHOUDHURY, B. et al. Analysis of HIV-1variation in bloodand semen during treatment and treatment interruption. J.Med. Virol. [S.l.], v. 68, p. 467-72, 2002.12 KOVACS, A. et al. Determinants of HIV-1 shedding in thegenital tract of women. Lancet, [S.l.], v. 358, p. 1593-601, 2001.13 KALICHMAN, S. C.; DI BERTO, G.; EATON, L. HumanImmuno<strong>de</strong>ficiency Virus Viral Load In Blood Plasma AndSemen: Review And Implications Of Empirical Findings.Sexually Transmitted Diseases, [S.l.], v. 35, n. 1, p. 55-60, 2008.14 YOUNG, B. et al. First large, multicenter, open-label studyutilizing HLA-B*5701 screening for abacavir hypersensitivity inNorth America. AIDS, [S.l.], v. 22, p. 1673-1681, 2008.15 VERNAZZA, P. et al. Les personnes séropositives ne souffrantd’aucune autre MST et suivant un traitment antirétroviralefficace ne transmettent pas le VIH par voie sexuelle. Bulletin<strong>de</strong>s Mé<strong>de</strong>cins Suisses, [S.l.], v. 89, p. 165-169, 2008.16 ROTTINGEN, J. A.; CAMERON, D. W.; GARNETT, G. P. Asystematic review of the epi<strong>de</strong>miologic interactions betweenclassic STDs and HIV: How much is really known? Sex. Transm.Dis., [S.l.], v. 28, p. 579-97, 2001.17 MASTRO, T. D.; DE VINCENZI, I. Probabilities of sexual HIV-1 transmission. AIDS, [S.l.], v. 10, p. 575-82, 1996.18 ROYCE, R. et al. Sexual transmission of HIV. N. Engl. J. Med.,[S.l.], v. 336, p. 1072-8, 1997.


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 7319 DE VINCENZI, I. A longitudinal study of HIV transmission byheterosexual partners. N. Engl. J. Med., [S.l.], v. 331, p. 341-6,1994.20 VITTINGHOFF, E. et al. Per-contact risk of humanimmuno<strong>de</strong>ficiency virus transmission between male sexualpartners. Am. J. Epi<strong>de</strong>miol., [S.l.], v. 150, p. 306-11, 1999.21 BRASIL. Ministério da Saú<strong>de</strong>. Pesquisa <strong>de</strong> Conhecimentos,Atitu<strong>de</strong>s e Práticas (PCAP), 2009.22 BRASIL. Ministério da Saú<strong>de</strong>. Programa Nacional <strong>de</strong> DST eAids. Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s eadolescentes infectados pelo HIV – 2008. Brasília, 2008.


Recomendações paraabordagem da exposiçãoocupacional a materiaisbiológicos: HIV e hepatitesB e C


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 774. Recomendações paraabordagem da exposiçãoocupacional a materiaisbiológicos: HIV ehepatites B e C4.1. Consi<strong>de</strong>rações iniciaisEm ativida<strong>de</strong>s da área da saú<strong>de</strong>, há exposição auma multiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> riscos, tais como riscos físicos,químicos, biológicos, psicossociais, ergonômicos,mecânicos e <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntes, mas, historicamente, ostrabalhadores da saú<strong>de</strong> não vinham sendo consi<strong>de</strong>radoscomo categoria <strong>de</strong> alto risco para aci<strong>de</strong>ntes do trabalhoe doenças ocupacionais.Uma gran<strong>de</strong> varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> agentes infecciosospo<strong>de</strong> ser transmitida para esses trabalhadores, já tendosido <strong>de</strong>scritos casos <strong>de</strong> infecção ocupacional com 60diferentes agentes após exposição a sangue e outrosmateriais biológicos. O HIV-1, o vírus da hepatite B e ovírus da hepatite C são os agentes mais frequentementeenvolvidos nessas infecções ocupacionais 1 .


78Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais · Secretaria <strong>de</strong>Vigilância em Saú<strong>de</strong> · Ministério da Saú<strong>de</strong>As estimativas da OMS são da ocorrência mundial<strong>de</strong> dois a três milhões <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntes percutâneos comagulhas contaminadas por material biológico por anoentre trabalhadores da área da saú<strong>de</strong>: dois milhõescom exposição ao vírus da hepatite B (VHB), 900.000ao vírus da hepatite C (VHC) e 170.000 ao vírus daimuno<strong>de</strong>ficiência humana (HIV) 2 .Embora o risco para aquisição ocupacional <strong>de</strong>hepatite B seja conhecido <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1949, um planosistemático para redução dos riscos <strong>de</strong> exposição só foi<strong>de</strong>senvolvido após o aparecimento da epi<strong>de</strong>mia <strong>de</strong> aids.Apesar <strong>de</strong> a prevenção contra exposição a sangueou a outros materiais biológicos ser a principal medidapara evitar a transmissão ocupacional dos patógenos <strong>de</strong>transmissão sanguínea, as condutas apropriadas a seremadotadas após a exposição constituem importantecomponente <strong>de</strong> segurança no ambiente <strong>de</strong> trabalho.Os aci<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> trabalho com sangue e outros fluidospotencialmente contaminados <strong>de</strong>vem ser tratados comocasos <strong>de</strong> emergência médica, uma vez que, para seobter maior eficácia, as intervenções para profilaxia dainfecção pelo HIV e hepatite B, <strong>de</strong>nominadas profilaxiaspós-exposição (PEP), necessitam ser iniciadas logo apósa ocorrência do aci<strong>de</strong>nte.Neste documento, serão consi<strong>de</strong>rados trabalhadoresda área <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> todos os profissionais e trabalhadoresdo setor saú<strong>de</strong> que atuam, direta ou indiretamente,em ativida<strong>de</strong>s em que há risco <strong>de</strong> exposição a sanguee a outros materiais biológicos, incluindo aquelesprofissionais que prestam assistência domiciliar e


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 874.3.2. Risco <strong>de</strong> transmissão do vírus dahepatite BApesar <strong>de</strong> as exposições percutâneas serem umadas mais eficientes maneiras <strong>de</strong> transmissão do VHB,elas são responsáveis apenas pela minoria dos casosocupacionais <strong>de</strong> hepatite B entre trabalhadores da saú<strong>de</strong>.Em investigações <strong>de</strong> surtos nosocomiais, a maioriados trabalhadores infectados não relata exposiçõespercutâneas. Porém, em alguns <strong>de</strong>sses estudos, quase1/3 dos trabalhadores lembram-se <strong>de</strong> ter atendidopacientes HBsAg positivos 4 .Já foi <strong>de</strong>monstrado que, em temperatura ambiente,o VHB po<strong>de</strong> sobreviver em superfícies por até umasemana. Portanto, infecções pelo VHB em trabalhadoresda saú<strong>de</strong>, sem história <strong>de</strong> exposição não ocupacional ouaci<strong>de</strong>nte percutâneo ocupacional, po<strong>de</strong>m ser resultado<strong>de</strong> contato, direto ou indireto, com sangue ou outrosmateriais biológicos em áreas <strong>de</strong> pele não íntegra,em queimaduras ou em mucosas. A possibilida<strong>de</strong><strong>de</strong> transmissão do VHB a partir do contato comsuperfícies contaminadas também já foi <strong>de</strong>monstradaem investigações <strong>de</strong> surtos <strong>de</strong> hepatite B entre pacientese trabalhadores <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> hemodiálise 4 .Dentre os materiais biológicos, o sangue é o quepossui a maior concentração <strong>de</strong> partículas infectantesdo VHB, sendo o principal responsável pela transmissãodo vírus entre os trabalhadores da saú<strong>de</strong>. Outros fluidos,incluindo leite materno, líquido amniótico, líquido biliar,líquor e líquido articular contêm partículas infectantes,porém com menor potencial <strong>de</strong> transmissibilida<strong>de</strong> 4 .


90Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais · Secretaria <strong>de</strong>Vigilância em Saú<strong>de</strong> · Ministério da Saú<strong>de</strong>em que houve contaminação ambiental relacionada aníveis precários <strong>de</strong> práticas <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> infecção 4 .A incidência média <strong>de</strong> soroconversão, apósexposição percutânea com sangue sabidamenteinfectado pelo VHC, é <strong>de</strong> 0,5 - 1,8% 4,8,9 .Com base em dados da re<strong>de</strong> nacional <strong>de</strong>hemocentros, em 2002, a distribuição para hepatite C,em pré-doadores, foi <strong>de</strong> 0,28% no <strong>Centro</strong>-Oeste, 0,43%no Su<strong>de</strong>ste, 0,46% no Sul, 0,55% no Nor<strong>de</strong>ste e 0,62% naRegião Norte.Os casos confirmados <strong>de</strong> hepatite C no Brasil, entre1999 e 2009, registrados no SINAN, perfazem um total<strong>de</strong> 60.908 e são mais frequentes nos indivíduos entre 30a 59 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. Do total <strong>de</strong> casos, 69,3% (42.221)são <strong>de</strong> resi<strong>de</strong>ntes da Região Su<strong>de</strong>ste, que sustém, <strong>de</strong>s<strong>de</strong>2002, as maiores taxas <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção, padrão semelhanteao observado na Região Sul. Em 2009, a taxa para oBrasil foi <strong>de</strong> 5,1 por 100 mil habitantes. Ainda, o estadodo Acre chama a atenção por apresentar uma taxa <strong>de</strong>22,7, superando os estados <strong>de</strong> São Paulo (14,2) e RioGran<strong>de</strong> do Sul (10,4).Constituem populações <strong>de</strong> risco acrescido parainfecção pelo VHC os indivíduos que receberamtransfusão <strong>de</strong> sangue e/ou hemo<strong>de</strong>rivados antes <strong>de</strong> 1993;os usuários <strong>de</strong> drogas injetáveis, inaladas ou pipadas,que compartilham equipamentos contaminados;e as pessoas submetidas a procedimentos paracolocação <strong>de</strong> piercing e confecção <strong>de</strong> tatuagens, bemcomo a procedimentos cirúrgicos, odontológicos, <strong>de</strong>hemodiálise e acupuntura sem as a<strong>de</strong>quadas normas


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 91<strong>de</strong> biossegurança. Consi<strong>de</strong>ram-se sob risco, ainda, osindivíduos provenientes <strong>de</strong> prisões e <strong>de</strong> instituições <strong>de</strong>atendimento a pacientes com transtornos mentais.A prevenção da exposição ao sangue oua outros materiais biológicos é a principalmedida para que não ocorra infecção porpatógenos <strong>de</strong> transmissão sanguínea nosserviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Precauções básicas ouprecauções padrão são normatizações quevisam a reduzir a exposição aos materiaisbiológicos. Essas medidas <strong>de</strong>vem serutilizadas na manipulação <strong>de</strong> artigos médicohospitalarese na assistência a todos ospacientes, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente do diagnóstico<strong>de</strong>finido ou presumido <strong>de</strong> quaisquer doençasinfecciosas.Para maiores informações sobre a prevenção<strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntes com material biológico, consultar asreferências nºs 10 e 11.


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 934.4. Avaliação do paciente-fonteO paciente-fonte <strong>de</strong>verá ser avaliado quanto àinfecção pelo HIV, hepatite B e hepatite C, no momentoda ocorrência do aci<strong>de</strong>nte. Informações disponíveis noprontuário sobre resultados <strong>de</strong> exames laboratoriais,história clínica prévia ou diagnóstico na admissãosomente serão consi<strong>de</strong>rados se forem previamentepositivos para <strong>de</strong>terminada infecção (HIV, VHB, VHC).Se o paciente-fonte é conhecido, mas a informaçãosobre doença prévia ou situação sorológica para HIV,VHB, VHC é <strong>de</strong>sconhecida, é preciso orientá-lo sobre aimportância da realização dos exames sorológicos paraencaminhar o atendimento ao trabalhador da saú<strong>de</strong>aci<strong>de</strong>ntado. Também é necessário o aconselhamentoprévio para realização do exame.Os exames laboratoriais <strong>de</strong>vem ser colhidos,preferencialmente, logo após o aci<strong>de</strong>nte. Oportunida<strong>de</strong>sperdidas <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> amostras po<strong>de</strong>m ocorrer caso opaciente seja transferido, tenha alta ou evolua para óbito.Os resultados dos exames sorológicos <strong>de</strong>vem sersempre comunicados aos pacientes. Na presença <strong>de</strong>qualquer evidência <strong>de</strong> infecção, o paciente <strong>de</strong>veráser encaminhado para acompanhamento clínico-


94Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais · Secretaria <strong>de</strong>Vigilância em Saú<strong>de</strong> · Ministério da Saú<strong>de</strong>laboratorial no serviço <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> disponível para HIV/aids e/ou hepatites virais.Se a fonte da exposição não é conhecida ou nãopo<strong>de</strong> ser testada, <strong>de</strong>ve-se avaliar a probabilida<strong>de</strong>clínica e epi<strong>de</strong>miológica da infecção pelo HIV, VHB ouVHC. Algumas situações e tipos <strong>de</strong> exposição po<strong>de</strong>msugerir risco aumentado ou reduzido <strong>de</strong> transmissão.Importantes itens a ser consi<strong>de</strong>rados são a prevalênciada infecção naquela localida<strong>de</strong>, a origem do material(áreas <strong>de</strong> alto risco tais como serviços <strong>de</strong> emergência,centro cirúrgico, diálise, entre outros) e a gravida<strong>de</strong> doaci<strong>de</strong>nte.4.4.1. Solicitação <strong>de</strong> teste anti-HIV dopaciente-fonteA solicitação <strong>de</strong> teste anti-HIV do paciente-fonteestá condicionada à realização <strong>de</strong> aconselhamento prée pós-teste, <strong>de</strong>vendo-se abordar informações sobre anatureza do teste, o significado dos seus resultados e asimplicações para a pessoa testada e para o profissional<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> envolvido no aci<strong>de</strong>nte.Recomenda-se a utilização <strong>de</strong> testes rápidos para<strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> anticorpos anti-HIV (testes que produzemresultados em, no máximo, 30 minutos) já validadospelo Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais, doMinistério da Saú<strong>de</strong>. Um dos principais objetivos <strong>de</strong>ssamedida é evitar o início ou a manutenção <strong>de</strong>snecessáriado esquema profilático.Os testes rápidos po<strong>de</strong>m ser empregados comotestes <strong>de</strong> triagem (quando se realiza apenas um teste) ou


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 95conforme algoritmo <strong>de</strong> diagnóstico do HIV, publicadona Portaria nº 151, <strong>de</strong> 14 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2009 12 (AnexoA). Caso a testagem seja negativa, a PEP não <strong>de</strong>ve serinstituída ou interrompida caso tenha sido iniciada.Caso a triagem ou o resultado da testagem, empregandoo algoritmo, tenha sido reagente, a PEP <strong>de</strong>ve serinstituída ou mantida.Exames positivos com uso <strong>de</strong> teste rápido comotriagem <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>rados como resultadospreliminares <strong>de</strong> infecção pelo HIV/aids, indicando aPEP na <strong>de</strong>pendência do risco da exposição (Tabela 3).Sorologias negativas evitam o início <strong>de</strong>snecessário daquimioprofilaxia antirretroviral. A possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>soroconversão recente (“janela imunológica”), diante<strong>de</strong> sorologia negativa sem a presença <strong>de</strong> sintomas <strong>de</strong>infecção aguda, é extremamente rara.Resultados falso-positivos ou falso-negativos<strong>de</strong>vem sempre ser avaliados <strong>de</strong>ntro do contexto clínicoe epi<strong>de</strong>miológico do paciente-fonte.4.4.2. Solicitação <strong>de</strong> HBsAg (hepatite B)do paciente-fonteQuando o paciente-fonte é conhecido, <strong>de</strong>ve-seavaliar a sua história <strong>de</strong> infecção pelo vírus da hepatite Bpor meio do marcador sorológico específico, o HBsAg.A presença <strong>de</strong>sse marcador indica infecção, aguda oucrônica, e, portanto, reforça a importância <strong>de</strong> medidas<strong>de</strong> profilaxia e acompanhamento do trabalhadoraci<strong>de</strong>ntado suscetível ao VHB.


96Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais · Secretaria <strong>de</strong>Vigilância em Saú<strong>de</strong> · Ministério da Saú<strong>de</strong>Não é necessária a solicitação <strong>de</strong> HBeAg dopaciente-fonte, uma vez que a única informaçãoadicional <strong>de</strong>sse exame seria a caracterização <strong>de</strong> maiorou menor possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> transmissão, o que não alteraa conduta indicada.Se o paciente-fonte é <strong>de</strong>sconhecido, a necessida<strong>de</strong><strong>de</strong> acompanhamento clínico-laboratorial e a aplicaçãodas medidas pós-exposição – vacina e imunoglobulinacontra a hepatite B – <strong>de</strong>verão ser <strong>de</strong>cididas conformeo status vacinal do trabalhador aci<strong>de</strong>ntado, o tipo <strong>de</strong>exposição e a probabilida<strong>de</strong> clínica e epi<strong>de</strong>miológica <strong>de</strong>infecção pelo VHB.4.4.3. Solicitação <strong>de</strong> teste anti-VHC dopaciente-fonteQuando o paciente-fonte é conhecido, <strong>de</strong>ve-seavaliar a sua história <strong>de</strong> infecção pelo vírus da hepatiteC por meio do marcador sorológico específico, o anti-VHC. A presença <strong>de</strong>sse marcador no soro indica,muito provavelmente, infecção crônica pelo VHC. Aconfirmação diagnóstica dá-se por meio da realização doHVC-RNA (qualitativo). Diante da positivida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssesexames e da consequente confirmação do diagnóstico<strong>de</strong> hepatite C no paciente-fonte, é imperativo oacompanhamento do trabalhador aci<strong>de</strong>ntado.Se o paciente-fonte é <strong>de</strong>sconhecido, a necessida<strong>de</strong><strong>de</strong> acompanhamento clínico-laboratorial <strong>de</strong>verá ser<strong>de</strong>cidida conforme o tipo <strong>de</strong> exposição e a probabilida<strong>de</strong>clínica e epi<strong>de</strong>miológica <strong>de</strong> infecção pelo VHC.


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 97PACIENTE-FONTE CONHECIDOExames laboratoriais do paciente-fonte:- Sorológicos: solicitar anti-HIV, HBsAg e anti-HCV.- Se anti-HCV reagente, solicitar HCV-RNA (qualitativo).Recomenda-se o uso <strong>de</strong> testes rápidos para HIV.Testes rápidos para as hepatites B e C não foram validadospelo Ministério da Saú<strong>de</strong>, até o momento.- Se o paciente-fonte não apresentar resultadossorológicos reagentes para infecção pelo HIV/VHB/VHC no momento do aci<strong>de</strong>nte, testes adicionais dafonte não estão indicados, assim como não estãoindicados exames <strong>de</strong> seguimento do profissionalaci<strong>de</strong>ntado.PACIENTE-FONTE CONHECIDO COMSOROLOGIA DESCONHECIDACaso a condição sorológica do paciente-fonteseja <strong>de</strong>sconhecida (por exemplo, óbito, transferênciahospitalar etc.), <strong>de</strong>vem-se buscar registros em prontuárioe consi<strong>de</strong>rar possíveis diagnósticos clínicos, presença <strong>de</strong>sintomas e história <strong>de</strong> situação epi<strong>de</strong>miológica <strong>de</strong> riscopara a infecção. Definida a impossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> testagem,ou se as informações dos registros forem insuficientes,o acompanhamento clínico-laboratorial do trabalhador éobrigatório.PACIENTE-FONTE DESCONHECIDOAvaliar a probabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> risco para infecção – porexemplo, prevalência da infecção naquela população,local em que o material perfurante foi encontrado,procedimento ao qual ele esteve associado e presençaou não <strong>de</strong> sangue, realizando acompanhamento clínicolaboratorialdo trabalhador.


98Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais · Secretaria <strong>de</strong>Vigilância em Saú<strong>de</strong> · Ministério da Saú<strong>de</strong>Tabela 2. Indicação <strong>de</strong> acompanhamento clínico-laboratorial do trabalhador da saú<strong>de</strong>, segundocondições e sorologias do paciente-fonte *Paciente-fonte Anti HIV HBsAg Anti VHC Indicação <strong>de</strong> acompanhamentoConhecido Reagente Não reagente Não reagente Acompanhamento para HIVConhecido Reagente Reagente Não reagente Acompanhamento para HIV e VHB**Conhecido Reagente Reagente Reagente Acompanhamento para HIV, VHB** e VHCConhecido Não reagente Reagente Não reagente Acompanhamento para VHB**Conhecido Não reagente Reagente Reagente Acompanhamento para VHB** e VHCConhecido Não reagente Não reagente Reagente Acompanhamento para VHCConhecido Desconhecido Desconhecido Desconhecido Acompanhamento para HIV, VHB** e VHCDesconhecido Desconhecido Desconhecido Desconhecido Acompanhamento para HIV, VHB** e VHCConhecido Não reagente Não reagente Não reagenteNão há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acompanhamentoclínico ou laboratorial do trabalhador <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>aci<strong>de</strong>ntado***(*) Todo trabalhador da saú<strong>de</strong> que sofra um aci<strong>de</strong>nte <strong>de</strong> trabalho com material biológico <strong>de</strong>ve ter garantida a realização da investigaçãolaboratorial.(**) O acompanhamento para hepatite B só <strong>de</strong>ve ser feito nos trabalhadores da saú<strong>de</strong> suscetíveis à infecção (ex: não vacinados ou comesquema vacinal incompleto) ou naqueles vacinados com status sorológico <strong>de</strong>sconhecido.(***) É importante <strong>de</strong>scartar a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> “janela imunológica” para o paciente-fonte, ou seja, a existência <strong>de</strong> infecção, mascom sorologias não reagentes e sem a evidência <strong>de</strong> sintomas <strong>de</strong> infecção aguda. A possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> soroconversão recente (“janelaimunológica”), diante <strong>de</strong> sorologia negativa sem a presença <strong>de</strong> sintomas <strong>de</strong> infecção aguda, é extremamente rara. A história clínica eepi<strong>de</strong>miológica recente (nos últimos três meses) é essencial para a avaliação <strong>de</strong> exposição vulnerável relacionada aos mecanismos <strong>de</strong>transmissão do HIV e das hepatites B e C, tais como o compartilhamento <strong>de</strong> equipamentos para uso <strong>de</strong> drogas injetáveis e inaladas e aprática <strong>de</strong> relação sexual <strong>de</strong>sprotegida.


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 994.5. Procedimentosrecomendados nos casos <strong>de</strong>exposição a materiais biológicos4.5.1. Cuidados imediatos com a área<strong>de</strong> exposiçãoRecomendam-se, como primeira conduta apósexposição a material biológico, os cuidados imediatoscom a área atingida. Essas medidas incluem a lavagemexaustiva do local exposto com água e sabão, nos casos<strong>de</strong> exposições percutâneas ou cutâneas. O uso <strong>de</strong>soluções antissépticas <strong>de</strong>germantes é uma opção. Nasexposições <strong>de</strong> mucosas, <strong>de</strong>ve-se lavá-las exaustivamentecom água ou com solução salina fisiológica.Estão contraindicados procedimentos queaumentam a área exposta (cortes, injeções locais) e autilização <strong>de</strong> soluções irritantes, como éter, hipocloritoou glutaral<strong>de</strong>ído.4.5.2. Quimioprofilaxia para o HIVDes<strong>de</strong> o surgimento da aids, a profilaxiaantirretroviral pós-exposição (PEP), como medida <strong>de</strong>prevenção da transmissão do HIV, tem sido motivo <strong>de</strong>


100Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais · Secretaria <strong>de</strong>Vigilância em Saú<strong>de</strong> · Ministério da Saú<strong>de</strong>diversos estudos clínicos e experimentais. Os resultadosencontrados em um estudo multicêntrico caso-controle,envolvendo trabalhadores da saú<strong>de</strong> que se infectaramapós uma exposição percutânea ao HIV, quandocomparados com trabalhadores que não apresentaramsoroconversão, evi<strong>de</strong>nciaram que o uso profilático doAZT (zidovudina) esteve associado à redução <strong>de</strong> 81%do risco <strong>de</strong> soroconversão após exposição ocupacional(Tabela 1) 5 .Além disso, está <strong>de</strong>monstrado o efeito protetor douso <strong>de</strong> antirretrovirais para a prevenção da transmissãovertical do HIV (ACTG076), sugerindo efeitosemelhante ao do uso dos medicamentos pós-exposição.Dados <strong>de</strong> experimentos em animais, principalmenteapós as melhorias na metodologia <strong>de</strong> inoculação viral,também corroboram a utilização <strong>de</strong> PEP 4 .A partir <strong>de</strong> todas essas novas evidências, o usoda quimioprofilaxia antirretroviral após a exposiçãoocupacional ao HIV passou a ser preconizado no Brasilem 1996 4 .A indicação <strong>de</strong> PEP requer a avaliaçãodo risco da exposição, o que inclui:- A <strong>de</strong>finição do tipo <strong>de</strong> material biológicoenvolvido;- A gravida<strong>de</strong> e o tipo da exposição;- A i<strong>de</strong>ntificação do paciente-fonte e <strong>de</strong>sua condição sorológica anti-HIV.


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 101Recomenda-se a quimioprofilaxia (QP) aosprofissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> que sofreram exposiçõescom risco significativo <strong>de</strong> transmissão do HIV. Paraexposições com menor risco, a QP <strong>de</strong>ve ser consi<strong>de</strong>radana presença <strong>de</strong> carga viral elevada no paciente-fonte.Enfatiza-se que a QP po<strong>de</strong> não se justificar naquelassituações com risco insignificante <strong>de</strong> transmissão, ouseja, em que o risco <strong>de</strong> toxicida<strong>de</strong> dos medicamentossupera o risco da transmissão do HIV.Os critérios <strong>de</strong> gravida<strong>de</strong> na avaliação do risco doaci<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m do volume <strong>de</strong> sangue e da cargaviral presente.Os aci<strong>de</strong>ntes mais graves são aquelesque envolvem:- Maior volume <strong>de</strong> sangue,cujas evidências são: lesõesprofundas provocadas por materialperfurocortante, presença <strong>de</strong> sanguevisível no instrumento, aci<strong>de</strong>ntes comagulhas previamente utilizadas em veiaou artéria do paciente-fonte e aci<strong>de</strong>ntescom agulhas <strong>de</strong> grosso calibre;- Maior inóculo viral, ou seja, presença <strong>de</strong>carga viral elevada, como, por exemplo,em situações <strong>de</strong> doença avançada e nainfecção aguda pelo HIV.


102Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais · Secretaria <strong>de</strong>Vigilância em Saú<strong>de</strong> · Ministério da Saú<strong>de</strong>Quando indicada, a PEP <strong>de</strong>verá ser iniciada o maisrapidamente possível, <strong>de</strong> preferência nas primeirasduas horas após o aci<strong>de</strong>nte. Resultados <strong>de</strong> estudos emanimais sugerem que a PEP iniciada até 12, 24 ou 36horas da ocorrência é mais efetiva do que a iniciada até48 a 72 horas após a exposição. Esses estudos tambémestabeleceram que a PEP não é efetiva quando indicadaapós <strong>de</strong>corridas mais <strong>de</strong> 72 horas da exposição.A primeira dose do esquema <strong>de</strong>verá seroferecida o mais rapidamente possível; nãoestá indicada a PEP para aci<strong>de</strong>ntes que tenhamocorrido em tempo maior que 72 horas4. Aduração recomendada da quimioprofilaxia(QP) é <strong>de</strong> 28 dias.O profissional <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntado <strong>de</strong>verá serorientado quanto aos potenciais eventos adversosrelacionados à PEP, bem como sobre o risco <strong>de</strong> ocorrera soroconversão, a <strong>de</strong>speito da utilização daquela.É direito do profissional recusar a quimioprofilaxiaou outros procedimentos indicados após a exposição(por exemplo, coleta <strong>de</strong> exames sorológicos elaboratoriais). Nesses casos, sugere-se a documentaçãoda recusa (como, por exemplo, registro em prontuário),explicitando que no atendimento foram fornecidas asinformações sobre os riscos da exposição, assim como arelação entre o risco e o benefício da PEP.


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 103Situações em que a profilaxia pósexposiçãoNÃO está recomendada:a) Casos <strong>de</strong> trabalhadores <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>sabidamente infectados pelo HIV,previamente à exposição atual;b) Casos em que a exposição não acarretarisco <strong>de</strong> transmissão, tais como:- exposição <strong>de</strong> pele intacta;- exposição a fluidos corpóreos cujorisco <strong>de</strong> transmissão seja inexistente(saliva, urina, lágrima, suor ou fezes);- exposição a fluidos corpóreos<strong>de</strong> indivíduos sabidamentesoronegativos para o HIV (a não serque estes estejam sob alto risco <strong>de</strong>infecção recente, que inclua o período<strong>de</strong> janela imunológica);c) Casos em que o atendimento ocorramais <strong>de</strong> 72 horas após o aci<strong>de</strong>nte.Quando a sorologia do paciente-fonte é<strong>de</strong>sconhecida, o uso <strong>de</strong> PEP <strong>de</strong>ve ser avaliadoindividualmente, consi<strong>de</strong>rando o tipo <strong>de</strong> exposição ea probabilida<strong>de</strong> clínica e epi<strong>de</strong>miológica <strong>de</strong> infecçãopelo HIV do paciente-fonte. Se essas consi<strong>de</strong>raçõesindicarem a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> infecção pelo HIV,recomenda-se o início da PEP com o esquema básico<strong>de</strong> dois antirretrovirais, até que os resultados dosexames laboratoriais sejam conhecidos, para <strong>de</strong>cidir pormodificação ou suspensão do esquema ARV.


104Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais · Secretaria <strong>de</strong>Vigilância em Saú<strong>de</strong> · Ministério da Saú<strong>de</strong>ESQUEMAS ARV INDICADOSA utilização <strong>de</strong> terapia antirretroviral (TARV) éeficaz no tratamento da aids; entretanto, não existemevidências <strong>de</strong>finitivas quanto a seu uso em esquemas<strong>de</strong> quimioprofilaxia (QP), particularmente na PEPocupacional.O objetivo da QP com esquemas combinados<strong>de</strong> antirretrovirais (emprego <strong>de</strong> pelo menos doisantirretrovirais) envolve não somente aspectosrelacionados à maior potência antirretroviral, mastambém à maior cobertura contra vírus resistentes, jáque um número cada vez maior <strong>de</strong> pacientes faz uso <strong>de</strong>antirretrovirais e a transmissão <strong>de</strong> vírus resistentes já foi<strong>de</strong>monstrada em diferentes situações.Por outro lado, o uso <strong>de</strong> esquemas combinadospo<strong>de</strong> estar associado à maior ocorrência <strong>de</strong> efeitosadversos, à menor a<strong>de</strong>são ao tratamento e à interrupçãoda PEP pelo trabalhador.


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 105Tabela 3. Profilaxia antirretroviral pós-exposição ocupacional ao HIV 4Exposição percutâneaMaior gravida<strong>de</strong>HIV positivoPaciente-fonte conhecidoHIVnegativo***HIV <strong>de</strong>sconhecido(lesão profunda, sanguevisível no dispositivo,agulha previamenteinserida na veia/artéria dopaciente-fonte, agulhascom lúmen e <strong>de</strong> grossocalibre)Menor gravida<strong>de</strong>(lesão superficial, ausência<strong>de</strong> sangue visível nodispositivo, agulha <strong>de</strong>sutura)Indicar PEP- esquemaexpandidoIndicar PEP- esquemaexpandido*PEP nãorecomendadaPEP nãorecomendadaEm geral, PEP nãorecomendada****Em geral, PEP nãorecomendada****Paciente-fonte<strong>de</strong>sconhecidoEm geral, PEP nãorecomendada*****Em geral, PEP nãorecomendada*****(CONTINUA)


106Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais · Secretaria <strong>de</strong>Vigilância em Saú<strong>de</strong> · Ministério da Saú<strong>de</strong>(CONTINUAÇÃO)Exposição em mucosas e/ou cutâneaMaior gravida<strong>de</strong>(gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>material biológico, contatoprolongado)Menor gravida<strong>de</strong>(pouca quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>material biológico, curtocontato)Indicar PEP– esquemaexpandidoConsi<strong>de</strong>rarPEP –esquemabásico**PEP nãorecomendadaPEP nãorecomendadaEm geral, PEP nãorecomendada****Em geral, PEP nãorecomendada****Em geral, PEP nãorecomendada*****Em geral, PEP nãorecomendada****** Estudos sobre exposição sexual e transmissão vertical sugerem que indivíduos com carga viral < 1.500 cópias/mL apresentam um riscomuito reduzido <strong>de</strong> transmissão do HIV. Em exposições envolvendo paciente-fonte sabidamente positivo e com baixa carga viral, po<strong>de</strong>-seoptar pelo esquema básico <strong>de</strong> PEP.** Consi<strong>de</strong>rar: indica que a PEP é opcional e <strong>de</strong>ve ser baseada na análise individualizada da exposição, <strong>de</strong>vendo a <strong>de</strong>cisão ser tomada entreo aci<strong>de</strong>ntado e o médico assistente.*** Sorologias negativas indicam que não há risco <strong>de</strong> transmissão do HIV. A possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> soroconversão recente (“janela imunológica”),diante <strong>de</strong> sorologia negativa sem a presença <strong>de</strong> sintomas <strong>de</strong> infecção aguda, é extremamente rara, mas <strong>de</strong>ve ser avaliada noatendimento ao aci<strong>de</strong>ntado.**** Quando indicada, a PEP <strong>de</strong>ve ser iniciada com o esquema básico <strong>de</strong> dois antirretrovirais, até que os resultados dos exames laboratoriaissejam conhecidos, acarretando modificação ou suspensão do esquema, <strong>de</strong> acordo com o resultado da sorologia do paciente-fonte.***** Quando o paciente-fonte é <strong>de</strong>sconhecido, o uso <strong>de</strong> PEP <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong>cidido individualmente, consi<strong>de</strong>rando-se o tipo <strong>de</strong> exposição e aprobabilida<strong>de</strong> clínica e epi<strong>de</strong>miológica <strong>de</strong> infecção pelo HIV.


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 107a) ESQUEMA BÁSICO: combinação <strong>de</strong>duas drogas ARV para profilaxia pósexposição(2 ITRN)O esquema padrão/básico <strong>de</strong> AZT (zidovudina)associado à 3TC (lamivudina) está indicado comoescolha para a maioria das exposições 4 .A escolha da dupla AZT + 3TC está relacionada à:- sua coformulação, permitindo melhor a<strong>de</strong>sãoao tratamento e maior facilida<strong>de</strong> do esquemaposológico;- <strong>de</strong>scrição do efeito profilático do AZT em umestudo caso-controle em trabalhadores <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>e no ACTG076 (prevenção da transmissãovertical do HIV);- menor ocorrência <strong>de</strong> efeitos adversos e boatolerabilida<strong>de</strong> da lamivudina.Esquema preferencialzidovudina + lamivudina(AZT+ 3TC)Esquemas alternativostenofovir + lamivudina(TDF+3TC)OUestavudina + lamivudina(d4T+3TC)


108Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais · Secretaria <strong>de</strong>Vigilância em Saú<strong>de</strong> · Ministério da Saú<strong>de</strong>b) ESQUEMA EXPANDIDO: combinação<strong>de</strong>, pelo menos, três antirretroviraispara quimioprofilaxia pós-exposição,recomendada em aci<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> alto riscoOs esquemas expandidos recomendados sãoaqueles que combinam três ITRN ou dois ITRN +inibidor da protease (IP/r). Os três ITRN indicados sãoAZT + 3TC + TDF e têm como vantagem a comodida<strong>de</strong>posológica (três comprimidos ao dia), a maior a<strong>de</strong>são ea menor toxicida<strong>de</strong> em curto prazo.Caso a opção seja por dois ITRN + IP/r, indica-se ouso <strong>de</strong> lopinavir/r (LPV/r) associado ao AZT + 3TC. Osesquemas estruturados com uma dupla <strong>de</strong> ITRN + IP/rtêm como vantagem sua mais ampla utilização.De forma geral, caso exista suspeita <strong>de</strong> resistênciaviral, recomenda-se a utilização <strong>de</strong> esquemasexpandidos estruturados com dois ITRN associadosa um IP/r.Esquema preferencialzidovudina + lamivudina(AZT + 3TC) + tenofovir(TDF)OUzidovudina + lamivudina(AZT + 3TC) + lopinavir/ritonavir (LPV/r)Esquemas alternativos*tenofovir + lamivudina (TDF+ 3TC) + lopinavir/ritonavir(LPV/r)*Atenção: esquemas alternativos estão indicados para casos <strong>de</strong> intolerância ouefeitos adversos ao esquema preferencial.


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 109Para a escolha do esquema profilático em exposiçõesenvolvendo paciente-fonte infectado pelo HIV, <strong>de</strong>veseavaliar a história <strong>de</strong> uso dos antirretrovirais e osparâmetros que po<strong>de</strong>m sugerir a presença <strong>de</strong> cepasvirais resistentes. A exposição do paciente-fontea diversos esquemas antirretrovirais, assim comoevidências <strong>de</strong> falha terapêutica (tais como progressãoclínica, aumento da carga viral e/ou queda da contagem<strong>de</strong> linfócitos CD4+) são sugestivos <strong>de</strong> resistência viral.A carga viral elevada no paciente-fonte po<strong>de</strong> estarassociada a maior risco <strong>de</strong> transmissão, embora <strong>de</strong>vaser consi<strong>de</strong>rada a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> transmissão mesmoquando a carga viral estiver baixa, nas exposições queconferem alto risco.Esquemas <strong>de</strong> profilaxia pós-exposição diferentesdo esquema-padrão po<strong>de</strong>m estar indicados quandohá suspeita <strong>de</strong> exposição a cepas virais resistentes.Nesses casos, uma avaliação criteriosa <strong>de</strong>ve ser feita pormédicos especialistas e/ou experientes no manejo <strong>de</strong>HIV/aids.De forma geral, caso exista suspeita <strong>de</strong> resistênciaviral, recomenda-se a utilização <strong>de</strong> esquemas expandidoscompostos pela dupla <strong>de</strong> ITRN associados a IP/r e adiscussão do caso com médicos experientes no manejoda resistência, incluindo os médicos <strong>de</strong> referência emgenotipagem (MRG).


110Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais · Secretaria <strong>de</strong>Vigilância em Saú<strong>de</strong> · Ministério da Saú<strong>de</strong>Ressalta-se que a ausência <strong>de</strong> um médicoespecialista no momento do atendimentopós-exposição não é razão para retardaro início da quimioprofilaxia. Nesses casos,recomenda-se o uso dos esquemas <strong>de</strong>profilaxia AZT + 3TC + TDF ou AZT + 3TC +LPV/r até que o profissional aci<strong>de</strong>ntado sejareavaliado quanto à a<strong>de</strong>quação da PEP.Na dúvida sobre a gravida<strong>de</strong> da exposição,recomenda-se iniciar a quimioprofilaxiaexpandida e, posteriormente, reavaliar amanutenção ou alteração do esquema.MEDICAMENTOS ANTIRRETROVIRAIS• Inibidores da transcriptase reversa análogos <strong>de</strong> nucleosí<strong>de</strong>os/nucleotí<strong>de</strong>os (ITRN/ITRNt)AZT – zidovudina ABC – abacavir*3TC – lamivudina TDF – tenofovird4T – estavudinaddI – didanosina*• Inibidores da transcriptase reversa não análogos <strong>de</strong>nucleosí<strong>de</strong>os (ITRNN)EFZ – efavirenz** NVP - nevirapina***• Inibidores da protease (IP)LPV/r – lopinavir/rATV – atazanavir RTV – ritonavir IDV/r –indinavir/rSQV – saquinavir DRV – darunavirFPV – fosamprenavir


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 111• Inibidores <strong>de</strong> entradaT-20 - enfuvirtida• Inibidores <strong>de</strong> integraseraltegravir* O abacavir (ABC) e a didanosina (ddI) são ambos <strong>de</strong>sencorajados para PEP emfunção <strong>de</strong> seus efeitos adversos, relativamente frequentes.** O efavirenz <strong>de</strong>ve ser usado somente em situações excepcionais (exposiçãograve a paciente-fonte HIV+, com resistência potencial aos IP), apósavaliação <strong>de</strong> especialistas no manejo da infecção pelo HIV. Existe risco <strong>de</strong>teratogenicida<strong>de</strong> com EFV; portanto, quando prescrito para mulheres emida<strong>de</strong> fértil, <strong>de</strong>ve-se <strong>de</strong>scartar a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> gravi<strong>de</strong>z.*** A nevirapina é contraindicada como profilaxia antirretroviral por haverrelatos <strong>de</strong> hepatotoxicida<strong>de</strong> grave (casos <strong>de</strong> falência hepática, necessitandotransplante) e Síndrome <strong>de</strong> Steven Johnson.A indicação do teste <strong>de</strong> genotipagem no pacientefonteno momento do aci<strong>de</strong>nte para <strong>de</strong>finição doesquema da PEP não é factível, já que os resultados nãoestariam disponíveis em tempo hábil e trata-se <strong>de</strong> umaemergência médica. Quando o paciente-fonte possuium teste <strong>de</strong> genotipagem recente (últimos 12 meses),este po<strong>de</strong>rá ser utilizado para a escolha da profilaxia aser oferecida ao profissional aci<strong>de</strong>ntado.4.5.3. Profilaxia contra a hepatite BA vacinação é a principal medida <strong>de</strong> prevençãocontra a hepatite B entre trabalhadores da saú<strong>de</strong>. Ela<strong>de</strong>verá ser realizada antes da admissão do trabalhador,sendo indicada para todos aqueles que po<strong>de</strong>m estarexpostos aos materiais biológicos durante suasativida<strong>de</strong>s, inclusive os que não trabalham diretamentena assistência ao paciente, como, por exemplo, asequipes <strong>de</strong> higienização e <strong>de</strong> apoio.


112Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais · Secretaria <strong>de</strong>Vigilância em Saú<strong>de</strong> · Ministério da Saú<strong>de</strong>Os trabalhadores <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> recebem o esquemaclássico <strong>de</strong> três doses (0, 1, 6 meses) necessário para aimunização. Contudo, aproximadamente 10% a 20%dos indivíduos vacinados não alcançam os títulosprotetores <strong>de</strong> anticorpos. A eficácia da vacina diminuicom a ida<strong>de</strong>, sendo bem menor em maiores <strong>de</strong> 40 anos– em torno <strong>de</strong> 40 a 60%.Recomenda-se a realização <strong>de</strong> sorologia paraavaliação da soroconversão um a dois meses após aúltima dose da vacinação. Títulos maiores ou iguais a10 mUI/mL <strong>de</strong> anti-HBs conferem proteção contra ainfecção.A vacina é segura e garante imunida<strong>de</strong> prolongada.A proteção contra a infecção persiste mesmo com aqueda <strong>de</strong> título <strong>de</strong> anticorpos que ocorre com o passardos anos. Geralmente, não são recomendadas doses <strong>de</strong>reforço da vacina.


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 113Tabela 4. Esquema vacinal para trabalhadores <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> 4Situação do profissional1. Nunca vacinado,presumidamente suscetível2. Esquema vacinal incompleto3. Esquema vacinal completo4. Sorologia (anti-HBs) negativa,1 a 2 meses após a terceiradose da 1ª série5. Sorologia (anti-HBs) negativa,1 a 2 meses após a terceiradose do segundo esquema6. Sorologia (anti-HBs) negativa,<strong>de</strong>corrido muito tempo apósa terceira dose do primeiroesquemaEsquema vacinal0, 1, 6 meses, esquema habitualConsi<strong>de</strong>rar doses administradasanteriormente e completar oesquemaRecomenda-se a realização dasorologia anti-HBsRepetir esquema <strong>de</strong> três doses(2ª série)Não repetir esquema vacinal;consi<strong>de</strong>rar o indivíduo comosuscetível não respon<strong>de</strong>dor*Aplicar uma dose e repetir asorologia um mês <strong>de</strong>pois. Casopositiva, consi<strong>de</strong>rar o indivíduocomo vacinado; caso negativa,completar o esquema* Indica-se também a investigação do HBsAg, para <strong>de</strong>scartar a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>o trabalhador ser portador crônico do VHB.Caso ocorra a interrupção do esquema vacinal,não há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reiniciá-lo. Os trabalhadoresque interromperam o esquema vacinal após a 1ª dose<strong>de</strong>verão realizar a 2ª assim que possível, estando a 3ªindicada com um intervalo mínimo <strong>de</strong> dois mesesda dose anterior. Para os que tenham interrompido oesquema após a 2ª dose, realizar a 3ª tão logo possível.Nos esquemas incompletos <strong>de</strong> vacinação, recomendasea comprovação da resposta vacinal por meio <strong>de</strong>solicitação do anti-HBs, um a dois meses após a últimadose, não ultrapassando seis meses.A dose da vacina varia conforme o produto, aida<strong>de</strong> e a condição do receptor. As bulas do produto


114Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais · Secretaria <strong>de</strong>Vigilância em Saú<strong>de</strong> · Ministério da Saú<strong>de</strong><strong>de</strong>vem ser sempre consultadas, bem como asrecomendações atualizadas do Programa Nacional <strong>de</strong>Imunizações. Algumas condições que acarretam baixaresposta imunológica à vacinação contra a hepatiteB po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>mandar doses aumentadas em relaçãoàs recomendadas para a respectiva ida<strong>de</strong>, conformeindicações do <strong>Centro</strong> <strong>de</strong> Referência em ImunobiológicosEspeciais (CRIE).Alguns estudos indicam que estresse, sexomasculino, tabagismo e obesida<strong>de</strong> são fatores associadosà resposta diminuída à vacinação contra infecção pelovírus da hepatite B. A resposta vacinal também é menorem pessoas imuno<strong>de</strong>primidas (incluindo infecção peloHIV/aids) e em indivíduos em programas <strong>de</strong> diálise.Recomenda-se aplicar doses mais elevadas (dobroda dose) e em maior número <strong>de</strong> vezes que o prescritoem esquemas habituais, segundo recomendações paravacinação em pessoas infectadas pelo HIV e indicaçõesdo CRIE.A vacina <strong>de</strong>ve ser administrada por viaintramuscular na região do <strong>de</strong>ltoi<strong>de</strong>, sendo proscrita aadministração na região glútea, uma vez que a adoção<strong>de</strong>sse procedimento está associada a uma menorimunogenicida<strong>de</strong>. Excepcionalmente, em pessoascom doenças hemorrágicas, a via subcutânea po<strong>de</strong> serutilizada.Consi<strong>de</strong>rar o resultado da sorologia para a indicaçãoda vacina conforme indicações abaixo (Tabela 5):


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 115Tabela 5. Interpretação da sorologia para hepatite B e indicação <strong>de</strong> vacina 13Interpretação HBsAg Anti-HBc Total Anti-HBc IgM Anti-HBsIndicação<strong>de</strong> vacinaSuscetibilida<strong>de</strong> Não reagente Não reagente Não reagente Não reagente SimDoença Aguda Reagente Reagente Reagente Não reagente NãoDoença Crônica Reagente Reagente Não reagente Não reagente NãoImunida<strong>de</strong> porinfecção passadaNão reagente Reagente Não reagente Reagente NãoImunida<strong>de</strong> porvacinaçãoNão reagente Não reagente Não reagente Reagente NãoFonte: Adaptado <strong>de</strong> BRASIL. Ministério da Saú<strong>de</strong>. Secretaria-Executiva. Programa Nacional <strong>de</strong> Hepatites Virais. Hepatites virais: o Brasilestá atento. Brasília, 2008. Disponível em: . Acessoem: maio 2010.Importante: não é necessária a realização <strong>de</strong> sorologia antes da vacinação pré-exposição.


116Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais · Secretaria <strong>de</strong>Vigilância em Saú<strong>de</strong> · Ministério da Saú<strong>de</strong>A imunoglobulina anti-hepatite B (IGHAHB)é constituída por mais <strong>de</strong> 100.000 UI <strong>de</strong> anti-HBs efornece imunida<strong>de</strong> provisória por um período <strong>de</strong> trêsa seis meses após a administração. Recomenda-se, àexceção dos recém-nascidos <strong>de</strong> mães portadoras doHBsAg, a dosagem <strong>de</strong> 0,06 mL/kg <strong>de</strong> peso corporal; casoo total ultrapassar 5mL, <strong>de</strong>ve-se dividir a aplicação emduas áreas corporais diferentes. A vacina e a IGHAHBpo<strong>de</strong>m ser administradas simultaneamente, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> queem locais diferentes.A gravi<strong>de</strong>z e a lactação não constituemcontraindicação à utilização da vacina e da IGHAHB.Recomendações para a profilaxia dahepatite B pós-exposição ocupacional amaterial biológicoA Tabela 6 apresenta as recomendações e condutaspós-exposição, <strong>de</strong> acordo com a situação sorológica dotrabalhador da saú<strong>de</strong>.


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 117Tabela 6. Recomendações para profilaxia <strong>de</strong> hepatite B após exposição ocupacional a materialbiológico *4,14,15Situações vacinal esorológica do trabalhadorda saú<strong>de</strong> expostoPaciente-fonte:HBsAg reagenteHBsAg nãoreagenteHBsAg <strong>de</strong>sconhecidoou não testadoNão vacinado IGHAHB + iniciar vacinação Iniciar vacinação Iniciar vacinação**Com vacinaçãoincompletaIGHAHB + completar vacinaçãoCompletarvacinaçãoCompletarvacinação**Com resposta vacinalNenhuma medida Nenhuma medidaconhecida e a<strong>de</strong>quada (≥ Nenhuma medida específicaespecíficaespecífica10 mUI/mL)Sem resposta vacinal após a 1ª série (3 doses) IGHAHB + iniciar nova série <strong>de</strong> vacinação (3 doses) Iniciar nova série <strong>de</strong> vacinação (3 doses) Iniciar nova série <strong>de</strong>vacinação (3 doses)**IGHAHB + duas doses, comSem resposta vacinal apósNenhuma medidaintervalo <strong>de</strong> 30 dias entre2ª série <strong>de</strong> vacinaespecíficaambas***IGHAHB + duas doses, comintervalo <strong>de</strong> 30 dias entreambas***(CONTINUA)


118Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais · Secretaria <strong>de</strong>Vigilância em Saú<strong>de</strong> · Ministério da Saú<strong>de</strong>(CONTINUAÇÃO)Com resposta vacinal<strong>de</strong>sconhecidaTestar o profissional <strong>de</strong>saú<strong>de</strong>: - Se resposta vacinala<strong>de</strong>quada: nenhumamedida específica- Se resposta vacinalina<strong>de</strong>quada: IGHAHB +fazer segunda série <strong>de</strong>vacinaçãoTestar o profissional<strong>de</strong> saú<strong>de</strong>:- Se respostavacinal a<strong>de</strong>quada:nenhuma medidaespecífica- Se resposta vacinalina<strong>de</strong>quada: fazersegunda série <strong>de</strong>vacinaçãoTestar o profissional<strong>de</strong> saú<strong>de</strong>:- Se resposta vacinala<strong>de</strong>quada: nenhumamedida específica- Se resposta vacinalina<strong>de</strong>quada: fazersegunda série <strong>de</strong>vacinação**** Os profissionais que sofreram infecção pelo VHB estão imunes à reinfecção e não necessitam <strong>de</strong> profilaxia pós-exposição. Tanto avacina quanto a imunoglobulina <strong>de</strong>vem ser administradas preferencialmente nas primeiras 24 horas após o aci<strong>de</strong>nte, não exce<strong>de</strong>ndoo período <strong>de</strong> sete dias.** O uso associado <strong>de</strong> imunoglobulina anti-hepatite B está indicado se o paciente-fonte tiver alto risco <strong>de</strong> infecção pelo VHB, a exemplo<strong>de</strong> usuários <strong>de</strong> drogas injetáveis, pacientes em programas <strong>de</strong> diálise, contatos domiciliares e sexuais <strong>de</strong> portadores <strong>de</strong> HBsAg, pessoasque fazem sexo com pessoas do mesmo sexo, heterossexuais com vários parceiros e relações sexuais <strong>de</strong>sprotegidas, história prévia <strong>de</strong>doenças sexualmente transmissíveis, pacientes provenientes <strong>de</strong> áreas geográficas <strong>de</strong> alta en<strong>de</strong>micida<strong>de</strong> para a hepatite B, pessoasprovenientes <strong>de</strong> prisões e <strong>de</strong> instituições <strong>de</strong> atendimento a pacientes com <strong>de</strong>ficiência mental.**** A administração da IGHAHB em duas doses <strong>de</strong>ve obe<strong>de</strong>cer o intervalo <strong>de</strong> um mês entre elas. Essa opção <strong>de</strong>ve ser indicada paraaqueles que fizeram duas séries <strong>de</strong> três doses da vacina, mas não apresentaram resposta a<strong>de</strong>quada ou <strong>de</strong>monstraram alergia grave àvacina.


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 119Os eventos adversos associados à vacina contraa hepatite B e à IGHAHB são raros e, normalmente,pouco significativos 15,16 .A vacinação contra a hepatite B <strong>de</strong>ve ser adiadaem pessoas com doenças agudas, mo<strong>de</strong>radas ou graves,com ou sem febre, até que a doença se resolva, no intuito<strong>de</strong> não se atribuir à vacina as manifestações da doença.A anafilaxia prévia a qualquer componente davacina contraindica o seu uso, além da ocorrência <strong>de</strong>púrpura trombocitopênica idiopática (PTI) após a doseanterior. Quando os eventos adversos se fazem presentesapós a vacinação, geralmente são leves e transitórios,com duração inferior a 24 horas. Notificações <strong>de</strong>eventos adversos graves pós-vacinas (EAPV) são raros.Já foi estabelecida a associação temporal entre a vacina eanafilaxia15,16. Sobre os eventos adversos da IGHAHB,estes são raros e incluem febre, dor no local da aplicaçãoe, excepcionalmente, reações alérgicas 15,16 .4.5.4. Medidas pós-exposiçãorelacionadas ao VHCNão existe nenhuma medida específica eficaz paraa redução do risco <strong>de</strong> infecção pelo vírus da hepatite C,após exposição ocupacional. O único fator <strong>de</strong> eliminação<strong>de</strong>sse risco é a prevenção do próprio aci<strong>de</strong>nte.Recomenda-se o acompanhamento clínico elaboratorial <strong>de</strong> todo trabalhador com exposiçãoocupacional ao VHC, já que inexistem vacinas ouimunoglobulinas capazes <strong>de</strong> evitar a transmissão <strong>de</strong>ssevírus. Diante da possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tratamento da infecção


120Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais · Secretaria <strong>de</strong>Vigilância em Saú<strong>de</strong> · Ministério da Saú<strong>de</strong>aguda, é possível evitar a cronificação da doença,minimizando, assim, as consequências trabalhistas,bem como o comprometimento da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida.Dados atualmente disponíveis sugerem ótimosresultados com o tratamento precoce <strong>de</strong> trabalhadoresda saú<strong>de</strong> que apresentam soroconversão e infecçãoaguda pelo VHC.


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 1214.6. Acompanhamento clínicolaboratorialapós a exposição4.6.1. Acompanhamento após aexposição ocupacional ao HIVO acompanhamento clínico-laboratorial apósexposições ao HIV e em aci<strong>de</strong>ntes envolvendo statusanti-HIV <strong>de</strong>sconhecido <strong>de</strong>ve levar em consi<strong>de</strong>ração:• a toxicida<strong>de</strong> medicamentosa associada àquimioprofilaxia (QP);• o diagnóstico <strong>de</strong> infecção aguda pelo HIV/aids;• a avaliação laboratorial (hemograma, bioquímicae sorologias);• a prevenção da transmissão secundária.O acompanhamento do profissional exposto <strong>de</strong>veser realizado in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente do uso da PEP.Consi<strong>de</strong>rando que a a<strong>de</strong>são ao esquemaantirretroviral é fundamental para a eficácia daprofilaxia, seus objetivos <strong>de</strong>vem ser entendidos e aceitospelo trabalhador aci<strong>de</strong>ntado. O trabalhador <strong>de</strong>veser orientado a observar rigorosamente as doses, osintervalos <strong>de</strong> uso e a duração da profilaxia antirretroviral.Alguns serviços utilizam, como estratégia <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são,


122Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais · Secretaria <strong>de</strong>Vigilância em Saú<strong>de</strong> · Ministério da Saú<strong>de</strong>a dispensação <strong>de</strong> doses para sete dias, com orientaçãopara retorno ambulatorial em seguida, visando avaliara a<strong>de</strong>são e verificar a ocorrência <strong>de</strong> efeitos adversos e<strong>de</strong> sintomatologia clínica da síndrome retroviral aguda.Os trabalhadores que iniciam a PEP <strong>de</strong>vem serorientados a procurar atendimento caso surjamquaisquer sintomas ou sinais clínicos que possamsugerir toxicida<strong>de</strong> medicamentosa.Mais <strong>de</strong> 50% dos profissionais aci<strong>de</strong>ntadosapresentam efeitos adversos à quimioprofilaxiaantirretroviral e aproximadamente um terço interrompeseu uso <strong>de</strong>vido aos efeitos adversos. Os sintomas emgeral são inespecíficos, leves e autolimitados, tais comoefeitos gastrointestinais, cefaleia e fadiga; as alteraçõeslaboratoriais são geralmente discretas, transitórias epouco frequentes. Todavia, efeitos adversos mais gravesjá foram relatados, como nefrolitíase complicada porsepse urinária, rabdomiólise, pancitopenia, Síndrome<strong>de</strong> Stevens-Johnson e hepatite medicamentosa.Na presença <strong>de</strong> intolerância medicamentosa, opaciente <strong>de</strong>ve ser reavaliado para a<strong>de</strong>quação do esquematerapêutico. Na maioria das vezes, não é necessária ainterrupção da profilaxia, com a utilização <strong>de</strong> medicaçõessintomáticas (antieméticos ou antidiarreicos, porexemplo). Nessa reavaliação, esquemas alternativos <strong>de</strong>antirretrovirais po<strong>de</strong>m, eventualmente, ser necessáriose <strong>de</strong>verão ser discutidos na tentativa <strong>de</strong> se manter a PEPdurante as quatro semanas. Recomenda-se investigar apresença <strong>de</strong> outros agravos, verificar o uso <strong>de</strong> medicaçõesrotineiras concomitantes e orientar o trabalhador sobrepossíveis reações ou eventos adversos, proce<strong>de</strong>ndo-se


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 123à reavaliação criteriosa dos esquemas prescritos paraa<strong>de</strong>quações, caso necessário.Nenhuma interrupção dos medicamentos<strong>de</strong>ve ser feita pelo próprio trabalhadoraci<strong>de</strong>ntado sem discussão com o profissional<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> responsável por seu atendimento.Muitos sintomas relacionados aos efeitos adversosda PEP po<strong>de</strong>m ser confundidos com os da síndrome<strong>de</strong> infecção aguda pelo HIV. Após a transmissão doHIV, alguns pacientes po<strong>de</strong>m apresentar quadroclínico semelhante à síndrome <strong>de</strong> mononucleose,geralmente na 3ª e 4ª semanas após a exposição,incluindo febre, linfa<strong>de</strong>nopatias, faringite, exantema,ulcerações mucocutâneas, mialgias, artralgias, fadiga ehepatoesplenomegalia.O intervalo <strong>de</strong> tempo entre a exposição e a<strong>de</strong>terminação da soroconversão é bastante variável,ocorrendo habitualmente <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> dois a três mesesapós o aci<strong>de</strong>nte. Com os testes imunoenzimáticos <strong>de</strong>terceira geração (EIA/ELISA) atualmente disponíveis,a soroconversão po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>tectada <strong>de</strong> forma bastanteprecoce (duas a três semanas após a infecção).O acompanhamento sorológico indicado <strong>de</strong> rotina<strong>de</strong>ve ser feito in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente do uso <strong>de</strong> PEP e incluia pesquisa <strong>de</strong> anti-HIV (EIA/ELISA) no momento doaci<strong>de</strong>nte, seis semanas, três e seis meses após a exposição.Excepcionalmente, a avaliação sorológica <strong>de</strong>verá serrepetida após 12 meses. Nessa situação incluem-se casos


124Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais · Secretaria <strong>de</strong>Vigilância em Saú<strong>de</strong> · Ministério da Saú<strong>de</strong>que envolvem pacientes-fonte coinfectados pelo HIV/VHC e trabalhadores aci<strong>de</strong>ntados cuja história clínicasugere incapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produzir anticorpos 4 .A testagem anti-HIV <strong>de</strong>ve ser recomendada paratrabalhadores da saú<strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntados que apresentemquadro sugestivo <strong>de</strong> infecção aguda, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntementedo intervalo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a exposição.Recomenda-se a utilização <strong>de</strong> testesimunoenzimáticos convencionais paratestagem do profissional aci<strong>de</strong>ntado.A utilização <strong>de</strong> testes rápidos anti-HIV aplicaseao paciente-fonte.Caso o resultado do teste anti-HIV no momentoda ocorrência da exposição seja positivo, o profissionalaci<strong>de</strong>ntado <strong>de</strong>verá ser esclarecido <strong>de</strong> que esse resultadonão se <strong>de</strong>ve ao aci<strong>de</strong>nte e caracteriza infecção pelo HIVadquirida previamente à exposição (mesmo que elenão apresente nenhum sintoma clínico e <strong>de</strong>sconheçaa história prévia <strong>de</strong> infecção). O trabalhador <strong>de</strong>veráser encaminhado para realização da confirmaçãolaboratorial e acompanhamento médico.A realização rotineira <strong>de</strong> exames para <strong>de</strong>tecção<strong>de</strong> antígeno viral (Ag p24, HIV-RNA), com afinalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> diagnosticar soroconversão para o HIV,geralmente não é recomendada. A elevada frequência<strong>de</strong> resultados falso-positivos nessa situação clínicasó acarreta ansieda<strong>de</strong> e/ou tratamento <strong>de</strong>snecessáriopara o profissional aci<strong>de</strong>ntado. Apesar <strong>de</strong> os testes


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 125<strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção viral i<strong>de</strong>ntificarem a infecção pelo HIVmais precocemente do que os testes sorológicos (porexemplo, os testes imunoenzimáticos como o EIA/ELISA), a soroconversão por transmissão ocupacionalé incomum; além disso, a relação custo-benefício nãojustifica seu uso rotineiro.A indicação <strong>de</strong> exames laboratoriais inespecíficos<strong>de</strong>ve levar em consi<strong>de</strong>ração as condições médicas préexistentesdo aci<strong>de</strong>ntado e a toxicida<strong>de</strong> conhecida dasdrogas indicadas para PEP. Para os que iniciam a PEPbásica, com zidovudina e lamivudina, <strong>de</strong>ve-se realizarhemograma completo, dosagem <strong>de</strong> transaminases,amilase, ureia e creatinina séricas. O monitoramentoda glicemia <strong>de</strong>ve ser incluído nos casos em que houveruso <strong>de</strong> inibidores <strong>de</strong> protease. Todos esses exameslaboratoriais <strong>de</strong>vem ser realizados no início da PEP eduas semanas após a introdução <strong>de</strong>sta, ou, ainda, emoutros momentos que se façam necessários, em função<strong>de</strong> alterações encontradas nos resultados, ou a critériomédico.Durante o acompanhamento, o profissional <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>aci<strong>de</strong>ntado <strong>de</strong>ve ser orientado a evitar a transmissãosecundária do HIV, tomando as seguintes medidas:uso <strong>de</strong> preservativos durante as relações sexuais ouadoção <strong>de</strong> abstinência sexual; não compartilhamento <strong>de</strong>seringas e agulhas nos casos <strong>de</strong> uso <strong>de</strong> drogas injetáveis;respeito à contraindicação da doação <strong>de</strong> sangue, órgãos,tecidos ou esperma e à importância <strong>de</strong> se evitar agravi<strong>de</strong>z.Mulheres que estejam amamentando <strong>de</strong>vem seresclarecidas sobre os riscos potenciais <strong>de</strong> transmissão


126Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais · Secretaria <strong>de</strong>Vigilância em Saú<strong>de</strong> · Ministério da Saú<strong>de</strong>do HIV pelo leite materno e sobre a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>efeitos adversos para o lactente em <strong>de</strong>corrência do uso<strong>de</strong> antirretrovirais: em tais situações, <strong>de</strong>ve-se orientá-laspara a interrupção da amamentação.Não é necessário que os profissionais aci<strong>de</strong>ntadossejam afastados das ativida<strong>de</strong>s assistenciais nos serviços<strong>de</strong> saú<strong>de</strong> durante a profilaxia, uma vez que a infecçãopelo HIV não constitui motivo para a restrição <strong>de</strong>suas ativida<strong>de</strong>s. Entretanto, a licença médica po<strong>de</strong> sernecessária em algumas situações, como toxicida<strong>de</strong>medicamentosa (por exemplo, náuseas persistentes,vômitos e/ou diarreia pouco responsivos aosmedicamentos sintomáticos).Os trabalhadores infectados que realizamprocedimentos invasivos <strong>de</strong>vem ser orientados porequipes compostas, preferencialmente, por especialistase/ou profissionais experientes no manejo <strong>de</strong> doençasinfecciosas, além das equipes da saú<strong>de</strong> do trabalhador.É necessário esclarecê-los sobre as práticas a<strong>de</strong>quadaspara a prevenção da transmissão do HIV e o controle<strong>de</strong> infecções. Os procedimentos habitualmenterealizados na área assistencial <strong>de</strong>vem ser revisados parai<strong>de</strong>ntificação da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> mudanças nas práticas<strong>de</strong> trabalho.4.6.2. Acompanhamento após aexposição ocupacional ao VHBO período <strong>de</strong> incubação da hepatite B é <strong>de</strong> 70 diasem média, variando entre 30 e 180 dias. Cerca <strong>de</strong> 30%dos indivíduos que são infectados pelo VHB apresentam


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 127sintomatologia e 5 a 10% evoluem para a cronicida<strong>de</strong>3.Nos casos <strong>de</strong> soroconversão, o HBsAg é primeiromarcador sorológico <strong>de</strong>tectável, o que ocorre <strong>de</strong>ntro<strong>de</strong> uma a 10 semanas após a exposição e <strong>de</strong> duas a seissemanas antes do surgimento <strong>de</strong> sintomas clínicos. Oanti-HBC total surge aproximadamente um mês apóso HBsAg. Os marcadores sorológicos utilizados nodiagnóstico e acompanhamento da hepatite B estãodiscriminados na Tabela 7 4 .


128Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais · Secretaria <strong>de</strong>Vigilância em Saú<strong>de</strong> · Ministério da Saú<strong>de</strong>Tabela 7. Interpretação dos marcadores sorológicos relacionados à hepatite BHBsAg HBeAg Anti-HBcIgMAnti-HBc Anti-HBe Anti-HBs Interpretação diagnósticaPos Neg Neg Neg Neg Neg Fase <strong>de</strong> incubaçãoPos Pos Pos Pos Neg Neg Fase agudaPos Pos Neg Pos Neg Neg Portador com replicação viralPos Neg Neg Pos Pos Neg Portador com replicação viralNeg Neg Neg Pos Neg Neg Provável cicatriz sorológicaNeg Neg Neg Pos Pos Pos Imunida<strong>de</strong> após hepatite BNeg Neg Neg Pos Neg Pos Imunida<strong>de</strong> após hepatite BNeg Neg Neg Neg Neg Pos Imunida<strong>de</strong> após vacina contra hepatite BNeg Neg Neg Neg Neg Neg Ausência <strong>de</strong> contato prévio com VHBFonte: Brandão-Mello, C. E.; Men<strong>de</strong>s, C. G. F.; Pernambuco, C. D., 2001.


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 129Recomenda-se que os trabalhadores da saú<strong>de</strong>expostos ao VHB que tenham sido previamentevacinados contra a hepatite B realizem a quantificaçãodo anti-HBs para avaliação da resposta vacinal.Naqueles comprovadamente imunes, não háindicação <strong>de</strong> acompanhamento sorológico e nenhumamedida profilática é recomendada.Nas situações em que não haja imunida<strong>de</strong>comprovada contra a hepatite B e nos casos <strong>de</strong>trabalhadores não vacinados, recomenda-se a solicitaçãodos marcadores virais HBsAg, anti-HBc total e anti-HBsno momento da exposição e seis meses <strong>de</strong>pois.Aqueles que apresentarem resultado reagentepara HBsAg, no momento do aci<strong>de</strong>nte ou durante oacompanhamento, <strong>de</strong>verão ser encaminhados paraserviços especializados para seguimento clínico etratamento, quando indicado.Caso o trabalhador da saú<strong>de</strong> tenha utilizadoimunoglobulina anti-hepatite B no momento daexposição, a realização da sorologia anti-HBs <strong>de</strong>ve serrealizada três a seis meses após a administração <strong>de</strong>sta,pois resultados reagentes antes <strong>de</strong>sse período po<strong>de</strong>mrepresentar o anti-HBs recebido por meio da IGHAHB.Na prevenção da transmissão vertical do VHB,não há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> evitar a gravi<strong>de</strong>z ou suspen<strong>de</strong>r oaleitamento materno, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que as medidas <strong>de</strong> profilaxiatenham sido adotadas para a mãe e o recém-nascido.Trabalhadores da saú<strong>de</strong> com infecção pelo VHB<strong>de</strong>vem ser orientados quanto às práticas seguras para


130Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais · Secretaria <strong>de</strong>Vigilância em Saú<strong>de</strong> · Ministério da Saú<strong>de</strong>o controle <strong>de</strong> infecções (por exemplo, cuidados namanipulação <strong>de</strong> materiais perfurocortantes e emprego<strong>de</strong> técnicas cirúrgicas a<strong>de</strong>quadas, entre outros). Todosos procedimentos realizados habitualmente <strong>de</strong>vemser revistos para i<strong>de</strong>ntificar a necessida<strong>de</strong> ou não <strong>de</strong>mudanças nas práticas <strong>de</strong> trabalho.4.6.3. Acompanhamento após aexposição ocupacional ao VHCEm exposições com paciente-fonte infectadopelo vírus da hepatite C (VHC) e naquelas com fonte<strong>de</strong>sconhecida, recomenda-se o acompanhamento emonitoramento do trabalhador da saú<strong>de</strong>. Como operíodo <strong>de</strong> incubação do VHC dura, em média, setesemanas, variando entre 2 e 24 semanas, e mais <strong>de</strong> 75%dos casos agudos evoluem <strong>de</strong> forma assintomática, énecessária a investigação laboratorial para o diagnóstico.Conforme mencionado anteriormente, <strong>de</strong>ve-serealizar tratamento clínico-laboratorial com o objetivo<strong>de</strong> instituir-se o tratamento oportuno do VHC,reduzindo, assim, a ocorrência <strong>de</strong> complicações clínicas.As aminotransferases (ALT, AST) são marcadoressensíveis <strong>de</strong> lesão do parênquima hepático, não sendo,porém, específicas para as hepatites. Na fase mais agudada doença, po<strong>de</strong>m elevar-se <strong>de</strong>z vezes acima do limitesuperior da normalida<strong>de</strong>. Desse modo, a avaliação dosníveis <strong>de</strong> ALT é recomendada no momento da exposiçãoe 45, 90 e 180 dias <strong>de</strong>pois.O anti-HCV <strong>de</strong>verá ser solicitado no momento daexposição e 90 e 180 dias <strong>de</strong>pois, e a pesquisa do HCV-


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 131RNA (qualitativo), no 90º dia após a exposição. Essesexames estão indicados para o diagnóstico precoce dainfecção aguda, cujo tratamento <strong>de</strong>verá ser realizado até120 dias após a data conhecida da exposição ou até 90dias após o início dos sintomas (nos casos sintomáticossem data <strong>de</strong> exposição conhecida).Os testes sorológicos imunoenzimáticos atualmentedisponíveis (3ª geração) permitem a <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> anti-HCV a partir da 6ª à 12ª semana após a exposição. Todosos ensaios imunoenzimáticos com resultados reagentes<strong>de</strong>vem ser confirmados com a <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> RNA viral,utilizando-se um teste molecular qualitativo.São consi<strong>de</strong>rados casos <strong>de</strong> hepatite C agudaaqueles que apresentarem soroconversão do anti-HCVdocumentada (anti-HCV não reagente no momentoda exposição e conversão para anti-HCV reagentena segunda dosagem, realizada com intervalo <strong>de</strong> 90dias) e <strong>de</strong>tecção do HCV-RNA por biologia molecular(qualitativo) realizada por volta <strong>de</strong> 90 dias após o iníciodos sintomas ou da data <strong>de</strong> exposição.Após 180 dias <strong>de</strong> evolução, a hepatite C éconsi<strong>de</strong>rada crônica e o tratamento <strong>de</strong>verá obe<strong>de</strong>cer aoprotocolo clínico e às diretrizes vigentes, do Ministérioda Saú<strong>de</strong>, disponíveis no en<strong>de</strong>reço eletrônico http://www.aids.gov.brOs trabalhadores da saú<strong>de</strong> que apresentaremresultados reagentes <strong>de</strong>vem ser encaminhados aoserviço especializado para acompanhamento clínico elaboratorial.


132Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais · Secretaria <strong>de</strong>Vigilância em Saú<strong>de</strong> · Ministério da Saú<strong>de</strong>Tabela 8.Acompanhamento pós-exposição a materialbiológico infectado pelo VHCALTAnti-HCVNo momentoda exposiçãoNo momentoda exposição45 diasapós aexposiçãoHCV-RNA - --90 diasapós aexposição90 diasapós aexposição90 diasapós aexposição180 diasapós aexposição180 diasapós aexposição-O risco <strong>de</strong> transmissão vertical da hepatite C ébaixo – cerca <strong>de</strong> 5% –, exceto se existir coinfecção como HIV. O aleitamento materno <strong>de</strong>verá ser discutido casoa caso com o especialista.A única restrição a ser feita é não realizar a doação<strong>de</strong> sangue, órgãos, tecidos ou esperma.


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 133Tabela 9. Acompanhamento laboratorial do profissional <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> após exposições ocupacionais amateriais biológicosSituaçãocrônicaUso <strong>de</strong> QPbásicaUso <strong>de</strong> QPexpandidaMomento doaci<strong>de</strong>nte. Hemogramacompleto.Transaminases. Ureia ecreatininaséricas. Hemogramacompleto.Transaminases. Ureia ecreatininaséricas. Glicemia2ª semana. Hemogramacompleto. Transaminases. Ureia ecreatininaséricas. Hemogramacompleto. Transaminases. Ureia ecreatininaséricas. GlicemiaEntre a 4ª e a6ª semanas3 meses 6 meses 12 meses- - - -- - - -(CONTINUA)


134Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais · Secretaria <strong>de</strong>Vigilância em Saú<strong>de</strong> · Ministério da Saú<strong>de</strong>(CONTINUAÇÃO)Acomp. HIVAcomp.VHBAcomp.VHCAnti-HIV EIA/ELISA-Anti-HIV EIA/ELISAAnti-HIVEIA/ELISAAnti-HIV EIA/ELISAVacinados:anti-HBsNãovacinados:anti-HBs,anti-HBc total,HBsAg- - -Vacinadossusceptíveis:anti-HBsNão vacinados:anti-HBs,anti-HBc total,HBsAganti-HCV EIA/ELISA ALT/TGP - ALT/TGP anti-HCV anti-HCV EIA/ELISAAnti-HIVEIA/ELISAeventualmente-anti-HCVEIA/ELISAeventualmente


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 1354.7. Referências1. TARANTOLA, A.; ABITEBOUL, D.; RACHLINE, A. Infectionrisks following acci<strong>de</strong>ntal exposure to blood or body fluidsin health care workers: A review of pathogens transmitted inpublished cases. Am. J. Inf. Control., [S.l.], v. 34, n. 6, p. 367-375, 2006.2. PRÜSS-ÜSTÜN, A.; RAPITI, E.; HUTIN, Y. Sharps injuries:Global bur<strong>de</strong>n of disease from shaps injuries to healthcareworkers. Geneva: World Health Organization, 2003.Environmental Bur<strong>de</strong>n of disease series, No.3, p. 1-39.3. IPPOLITO, G. et al. Occupational human immuno<strong>de</strong>ficiencyvirus infection in health care workers: worldwi<strong>de</strong> cases throughSeptember 1997. Clin. Infect. Dis., [S.l.], v. 28, p. 365-83, 1999.4. CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION(CDC). Updated U.S. Public Health Service Gui<strong>de</strong>lines for theManagement of Occupational Exposures to HBV, HCV, andHIV and Recommendations for Postexposure Prophylaxis.MMWR, [S.l.], v. 50 (RR-11), p. 1-54, 2001.5. CARDO, D. M. et al. A case-control study of HIVseroconversion in health care workers after percutaneousexposure. Centers for Disease Control and PreventionNeedlestick Surveillance Group. N. Engl. J. Med., [S.l.], v. 337, p.1485-90, 1997.6. BRASIL. Ministério da Saú<strong>de</strong>. Departamento <strong>de</strong> DST, Aids eHepatites Virais. Metas e compromissos assumidos pelos Estados-Membros na Sessão Especial da Assembleia Geral das NaçõesUnidas sobre HIV/Aids - UNGASS HIV/Aids. Resposta Brasileira:Relatório <strong>de</strong> Progresso do País. Brasília, março <strong>de</strong> 2010.


136Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais · Secretaria <strong>de</strong>Vigilância em Saú<strong>de</strong> · Ministério da Saú<strong>de</strong>7. BRASIL. Ministério da Saú<strong>de</strong>. Secretaria <strong>de</strong> Vigilância emSaú<strong>de</strong>. Material institucional para capacitação em vigilânciaepi<strong>de</strong>miológica das hepatites virais. Brasília, 2008. Série Normase Manuais Técnicos, 116 p.8. HENDERSON, D. K. Managing occupational risks for hepatitisC transmission in the health care setting. Clin. Microbiol. Rev.,[S.l.], v. 16, n. 3, p. 546-68, 2003.9. JAGGER, J.; PURO, V.; DE CARLI, G. Occupationaltransmission of hepatitis C. JAMA, [S.l.], v. 288, p. 1469-70,2002.10. RAPPARINI, C.; REINHARDT, E. L. Manual <strong>de</strong> implementação:programa <strong>de</strong> prevenção <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntes com materiaisperfurocortantes em serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. São Paulo: Fundacentro,2010. Adaptado <strong>de</strong> “Workbook for <strong>de</strong>signing, implementing,and evaluating a sharps injury prevention program” - Centersfor Disease Control and Prevention, 2008.11. SIEGEL, J. D. et al. Gui<strong>de</strong>line for Isolation Precautions:Preventing Transmission of Infectious Agents in HealthcareSettings. Disponível em: .12. BRASIL. Ministério da Saú<strong>de</strong>. Secretaria <strong>de</strong> Vigilância emSaú<strong>de</strong>. Portaria nº 151, <strong>de</strong> 14 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2009. Aprovaas etapas sequenciadas e o Fluxograma Mínimo para oDiagnóstico Laboratorial da Infecção pelo HIV em indivíduoscom ida<strong>de</strong> acima <strong>de</strong> 18 (<strong>de</strong>zoito) meses, <strong>de</strong> uso obrigatóriopelas instituições <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> públicas e privadas. Diário Oficial daUnião, Po<strong>de</strong>r Executivo, Brasília, DF, 16 out. 2009.13. BRASIL. Ministério da Saú<strong>de</strong>. Secretaria-Executiva. ProgramaNacional <strong>de</strong> Hepatites Virais. Hepatites virais: o Brasil estáatento. Brasília, 2008. Disponível em: .Acesso em: maio 2010.14. BRASIL. Ministério da Saú<strong>de</strong>. Secretaria <strong>de</strong> Vigilância emSaú<strong>de</strong>. Departamento <strong>de</strong> Vigilância Epi<strong>de</strong>miológica. Manualdos <strong>Centro</strong>s <strong>de</strong> Referência para Imunobiológicos Especiais.Brasília, 2006. Disponível em:


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 137portal/arquivos/pdf/livro_cries_3ed.pdf>. Acesso em: maio2010.15. PLOTKIN, S.; ORENSTEIN, W.; OFFIT, P. Vaccines. [S.l.]:Elsevier, 2008. 5. ed.16. BRASIL. Ministério da Saú<strong>de</strong>. Manual <strong>de</strong> VigilânciaEpi<strong>de</strong>miológica <strong>de</strong> Eventos Adversos Pós-Vacinação. Brasília,2008. 2. ed.17. WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Post-exposureprophylaxis to prevent HIV infection: joint WHO/ILO gui<strong>de</strong>lineson post-exposure prophylaxis (PEP) to prevent HIV infection.Geneva: WHO, 2007. Disponível em: . Acesso em:maio 2010.


Recomendações paraabordagem da violênciasexual e prevenção dasDST/aids


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 1415. Recomendações paraabordagem da violênciasexual e prevençãodas DST/aids5.1. Consi<strong>de</strong>rações iniciaisA infecção pelo HIV é uma das gran<strong>de</strong>spreocupações para a maioria das pessoas em situação<strong>de</strong> violência sexual. Os estudos disponíveis sugerem queo risco <strong>de</strong> transmissão em casos <strong>de</strong> violência situa-seentre 0,8 e 2,7%, comparável ao observado em outrasformas <strong>de</strong> exposição sexual ou em aci<strong>de</strong>ntes cominstrumentos perfurocortantes entre profissionais <strong>de</strong>saú<strong>de</strong>. O trauma genital com lacerações po<strong>de</strong> ocorrerem até 40% das mulheres violentadas; já nas situações<strong>de</strong> sexo consentido, ocorre em, no máximo, 5% doscasos. À semelhança do que acontece com as DST, orisco <strong>de</strong> transmissão sexual do HIV <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> muitascondições. Entre elas, <strong>de</strong>stacam-se:• os tipos <strong>de</strong> exposição sexual (anal, vaginal, oral);• o número <strong>de</strong> agressores;• a susceptibilida<strong>de</strong> da mulher;


142Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais · Secretaria <strong>de</strong>Vigilância em Saú<strong>de</strong> · Ministério da Saú<strong>de</strong>• a rotura himenal;• a exposição a secreções sexuais e/ou sangue;• a presença <strong>de</strong> DST ou úlcera genital;• a carga viral do agressor; e• o momento do início da profilaxia antirretroviral(ARV), quando indicada.O trauma subjacente à violência sexual contribuipara elevar o risco <strong>de</strong> transmissão, já que a escassalubrificação produz lesões abrasivas e solução <strong>de</strong>continuida<strong>de</strong>.As evidências que suportam os benefícios dautilização <strong>de</strong> profilaxia pós-exposição (PEP) paraviolência sexual são indiretas e <strong>de</strong>rivam <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>losteóricos <strong>de</strong> outras situações, tais como os conceitos <strong>de</strong>dinâmica viral e o impacto na redução da transmissão doHIV durante a gravi<strong>de</strong>z e o parto. Além <strong>de</strong>ssas evidências,estudos observacionais <strong>de</strong> profilaxia <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntes commateriais biológicos (PEP ocupacional) e <strong>de</strong> exposiçãosexual ao HIV têm estimulado o emprego <strong>de</strong> esquemasantirretrovirais em situações <strong>de</strong> violência sexual. Algunsestudos em macacos, com inoculação endovenosa ouem mucosa do vírus da imuno<strong>de</strong>ficiência símia (SIV),também têm servido como mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> extrapolaçãopara o contexto <strong>de</strong> profilaxia <strong>de</strong> transmissão do HIV.Os riscos potenciais parecem inferiores aosbenefícios da profilaxia. Devem ser consi<strong>de</strong>radas,principalmente, a toxicida<strong>de</strong> no período <strong>de</strong> utilizaçãodos antirretrovirais e a potencial seleção <strong>de</strong> variantesresistentes, caso ocorra a soroconversão.


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 1435.2. Indicação <strong>de</strong> quimioprofilaxiae cuidados geraisA prescrição da quimioprofilaxia pós-exposiçãosexual ao HIV nos casos <strong>de</strong> violência não <strong>de</strong>ve seraplicada, indiscriminadamente, a todas as situações.Exige avaliação cuidadosa quanto ao tipo <strong>de</strong> violênciapraticada, consi<strong>de</strong>rando-se também o tempo <strong>de</strong>corrido<strong>de</strong>s<strong>de</strong> o crime até a chegada da pessoa agredida aoserviço <strong>de</strong> referência.A quimioprofilaxia antirretroviralestá recomendada em todos os casos <strong>de</strong>penetração vaginal e/ou anal nas primeiras72 horas após a violência, ainda que o statussorológico do agressor seja <strong>de</strong>sconhecido.Em situações <strong>de</strong> exposição envolvendo sexo oralexclusivo, mesmo com ejaculação <strong>de</strong>ntro da cavida<strong>de</strong>oral, a transmissão do HIV é rara, mas já foi <strong>de</strong>scrita.Como não existem evidências <strong>de</strong>finitivas para assegurara indicação profilática dos antirretrovirais nesses casos,a relação risco-benefício <strong>de</strong>ve ser cuidadosamenteconsi<strong>de</strong>rada e a <strong>de</strong>cisão individualizada, levando emconsi<strong>de</strong>ração o <strong>de</strong>sejo da vítima quanto a realizar a


144Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais · Secretaria <strong>de</strong>Vigilância em Saú<strong>de</strong> · Ministério da Saú<strong>de</strong>profilaxia, a presença <strong>de</strong> lesões na cavida<strong>de</strong> oral e oconhecimento do status sorológico do agressor.De forma geral, não está recomendada a profilaxiapara o HIV no caso <strong>de</strong> violência sexual em que a mulher,a criança ou a adolescente apresentem exposiçãocrônica e repetida ao mesmo agressor, em virtu<strong>de</strong><strong>de</strong> a possibilida<strong>de</strong> da contaminação já ter ocorrido nopassado. Entretanto, é importante avaliar o contexto emque a violência vem ocorrendo e é essencial interrompero ciclo <strong>de</strong> agressão. Nesses casos, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntementeda indicação da profilaxia, a investigação sorológica<strong>de</strong>verá ser realizada por seis meses, consi<strong>de</strong>rando-se oúltimo episódio conhecido <strong>de</strong> exposição (anal, vaginalou oral), <strong>de</strong>vendo ser individualizada a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong>indicar profilaxia.A quimioprofilaxia não está indicada nos casos <strong>de</strong>uso <strong>de</strong> preservativo durante todo o crime sexual.Quadro 1. Critérios para recomendação da profilaxia pósexposiçãosexual ao HIVRecomendadaIndividualizar<strong>de</strong>cisãoNãorecomendadaViolência sexual com penetração vaginale/ou anal <strong>de</strong>sprotegida com ejaculação,sofrida há menos <strong>de</strong> 72 horasPenetração oral com ejaculaçãoPenetração oral sem ejaculaçãoUso <strong>de</strong> preservativo durante toda aagressãoAgressor sabidamente HIV negativoViolência sofrida há mais <strong>de</strong> 72 horasAbuso crônico pelo mesmo agressor


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 145A testagem para HIV do agressor não <strong>de</strong>veretardar o início da profilaxia ARV, mas necessita serrealizada sempre que possível, mesmo após o início daquimioprofilaxia, utilizando o fluxograma com testesrápidos, conforme a Portaria SVS/MS nº 151/2009(Anexo A), para a tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão terapêutica.Nas situações em que o agressor é <strong>de</strong>sconhecido ousoropositivo para o HIV, está indicada profilaxiaARV até que a vítima seja reavaliada em serviços <strong>de</strong>referência.Caso o resultado do teste seja negativo, aquimioprofilaxia antirretroviral não <strong>de</strong>ve ser realizadaou, caso iniciada, <strong>de</strong>ve ser interrompida. Nesses casos,a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> soroconversão recente (“janelaimunológica”), sem a presença <strong>de</strong> sintomas <strong>de</strong> infecçãoaguda, é extremamente rara. De qualquer forma,resultados falso-negativos <strong>de</strong>vem sempre ser avaliados<strong>de</strong>ntro do contexto clínico e epi<strong>de</strong>miológico do agressor.A <strong>de</strong>cisão final <strong>de</strong>ve consi<strong>de</strong>rar sempre amotivação e o <strong>de</strong>sejo da vítima <strong>de</strong> se submeterà profilaxia. A falta <strong>de</strong> médico infectologistano momento imediato do atendimento pósexposiçãonão justifica o atraso do início daquimioprofilaxia.


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 1475.3. Esquemas <strong>de</strong> administraçãoA profilaxia ARV do HIV <strong>de</strong>ve ser iniciada até, nomáximo, 72 horas da violência sexual; após esse período,não existem evidências que suportem sua indicação, jáque os riscos potenciais (seleção <strong>de</strong> variantes resistentes– caso a transmissão já tenha ocorrido – e a toxicida<strong>de</strong>medicamentosa, <strong>de</strong>ntre outros) superam os benefícios.A profilaxia ARV do HIV <strong>de</strong>ve serconsi<strong>de</strong>rada uma emergência e iniciadaimediatamente após a violência, ainda nasprimeiras 24 horas da agressão. O esquema<strong>de</strong>ve ser mantido sem interrupção por quatrosemanas consecutivas.Vale ressaltar que a maioria dos medicamentoscomumente utilizados po<strong>de</strong> ocasionar efeitos adversos,principalmente relacionados ao sistema gastrointestinal.Portanto, caso exista necessida<strong>de</strong>, po<strong>de</strong> ser necessárioo manejo sintomático, como, por exemplo, o uso <strong>de</strong>antieméticos. Além disso, <strong>de</strong>ve-se levar em consi<strong>de</strong>raçãoque as reações emocionais <strong>de</strong>correntes da violência estãopresentes <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o pronto-atendimento até a tomada dosmedicamentos prescritos.


148Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais · Secretaria <strong>de</strong>Vigilância em Saú<strong>de</strong> · Ministério da Saú<strong>de</strong>Recomenda-se o emprego <strong>de</strong> esquemaantirretroviral com elevada potência <strong>de</strong> supressão viral,baixo potencial <strong>de</strong> toxicida<strong>de</strong>, baixo custo e posologiacômoda, facilitando a a<strong>de</strong>são.O esquema <strong>de</strong> primeira escolha <strong>de</strong>vecombinar três antirretrovirais, por sua maiorpotência na redução da carga viral plasmática,sendo composto por dois inibidoresnucleosí<strong>de</strong>os da transcriptase reversa (ITRN),combinados com um inibidor da protease (IP)adicionado <strong>de</strong> ritonavir (r) como adjuvantefarmacológico (booster).Não <strong>de</strong>ve ser recomendado o uso <strong>de</strong> inibidores nãonucleosí<strong>de</strong>os da transcriptase reversa (ITRNN), comoa nevirapina (NVP) ou o efavirenz (EFV), em virtu<strong>de</strong> dapotencial toxicida<strong>de</strong> hepática e <strong>de</strong>rmatológica no casoda NVP e da teratogenicida<strong>de</strong>, no do EFV.Nos casos em que o agressor é sabidamente HIVpositivo e está em tratamento antirretroviral, aestruturação do esquema para profilaxia <strong>de</strong>verá serindividualizada: caso o agressor esteja com cargaviral abaixo dos limites <strong>de</strong> <strong>de</strong>tecção, o esquema ARVindicado para vítima po<strong>de</strong>rá ser o mesmo do agressor.Entretanto, caso este esteja em falha virológica, oesquema <strong>de</strong>ve ser estruturado conforme princípios <strong>de</strong>resgate, utilizando testes <strong>de</strong> genotipagem anteriorescaso estejam disponíveis. A estruturação da profilaxiaantirretroviral em que o agressor é sabidamente HIV


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 149positivo e está em tratamento <strong>de</strong>ve ser indicada pormédicos experientes no manejo ARV.É importante garantir que, mesmona ausência <strong>de</strong> um médico infectologista,não ocorra retardo do início da profilaxia.Nessas circunstâncias, a profilaxia <strong>de</strong>verá seriniciada como recomendado nas situações <strong>de</strong><strong>de</strong>sconhecimento do esquema antirretroviraldo autor da agressão, com reavaliaçãoposterior do especialista para indicar amudança ou não dos antirretrovirais iniciados.


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 1515.4. Profilaxia para <strong>adulto</strong>s eadolescentesO esquema <strong>de</strong> primeira escolha <strong>de</strong>ve combinardois inibidores nucleosí<strong>de</strong>os da transcriptase reversa(ITRN) a um inibidor da protease (IP). A associaçãoda zidovudina (AZT) 300mg com lamivudina (3TC)150mg é a dupla <strong>de</strong> ITRN preferencial, pela maiorexperiência <strong>de</strong> uso e comodida<strong>de</strong> posológica.Em relação à escolha do IP, é recomendada a suaassociação com ritonavir como adjuvante farmacológico(IP/r), preferencialmente já coformulado, como olopinavir/ritonavir (LPV/r). Uma das vantagens dacoformulação é a apresentação atualmente disponível <strong>de</strong>comprimidos que não necessitam <strong>de</strong> condicionamentoem câmara fria.O esquema <strong>de</strong> 1ª escolha <strong>de</strong>ve sercomposto pela associação zidovudina (AZT) +lamivudina (3TC) + lopinavir/ritonavir (LPV/r)- Quadro 2.A dose da combinação AZT + 3TC é <strong>de</strong> umcomprimido a cada 12 horas e do LPV/r, doiscomprimidos a cada 12 horas.


152Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais · Secretaria <strong>de</strong>Vigilância em Saú<strong>de</strong> · Ministério da Saú<strong>de</strong>Nos casos <strong>de</strong> intolerância ao AZT, este po<strong>de</strong> sersubstituído pelo tenofovir (TFV); porém, sua indicação<strong>de</strong>ve ser reservada para situações <strong>de</strong> contraindicaçãoao AZT, <strong>de</strong>vido à menor experiência <strong>de</strong> uso durante oprimeiro trimestre gestacional.Uma alternativa aos esquemas estruturados comdupla <strong>de</strong> ITRN + IP/r é a associação <strong>de</strong> três ITRN,como, por exemplo, nos casos <strong>de</strong> intolerância ao LPV/r.Nessas situações, sugere-se a combinação <strong>de</strong> zidovudinacom lamivudina associada ao tenofovir (AZT + 3TC +TDF). A opção por três ITRN possui maior comodida<strong>de</strong>posológica e perfil mais favorável em relação a efeitosadversos, o que favorece a a<strong>de</strong>são até o final daquimioprofilaxia.Em pacientes em uso <strong>de</strong> AZT, a toxicida<strong>de</strong>hematológica é um dos principais efeitos adversos queresultam na modificação do tratamento. Recomendaseevitar o uso <strong>de</strong> AZT em casos <strong>de</strong> anemia (Hb < 8,0)e/ou neutropenia (neutrófilos < 500 células/mm 3 ). OAZT <strong>de</strong>ve ser substituído nos casos <strong>de</strong> anemia e/ouneutropenia quando houver tendência consistente <strong>de</strong>queda dos glóbulos vermelhos e/ou brancos.A lipoatrofia, que consiste na perda <strong>de</strong> tecido adiposona face, glúteos e membros, é um efeito adverso do AZTque po<strong>de</strong> ocorrer com seu uso crônico; é incomum suaocorrência com a utilização do medicamento por curtoperíodo <strong>de</strong> tempo.O lopinavir/r (LPV/r) é geralmente bem tolerado;po<strong>de</strong>, porém, <strong>de</strong>terminar diarreia associada a perda <strong>de</strong>peso, náuseas e vômitos.


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 153Quadro 2. Drogas e combinações preferenciais ealternativas1ª escolha Alternativozidovudina (AZT) +lamivudina (3TC) +lopinavir/r (LPV/r)tenofovir (1) + lamivudina (3TC) +lopinavir/r (LPV/r)OUzidovudina (AZT) + lamivudina (3TC)+ tenofovir (TDF) (2)(1) Contraindicação ao AZT <strong>de</strong>finida como: hemoglobina < 8,0g% e/oucontagem <strong>de</strong> neutrófilos < 500 células/mm 3 .(2) Consi<strong>de</strong>rar o uso <strong>de</strong> TDF em situações <strong>de</strong> intolerância ao LPV/r e paraotimização da a<strong>de</strong>são ao tratamento.Quadro 3. Doses <strong>de</strong> ARV para profilaxia da transmissão doHIV para mulheres adultas e adolescentes*1ª escolha Apresentaçãozidovudina(AZT)+lamivudina(3TC)lopinavir/ritonavir(LPV/r)300mg/150mg200mg/50mgVia <strong>de</strong>administraçãoVOVOPosologia01comprimidoa cada 12horas (café ejantar)02comprimidosa cada 12horas (café ejantar)* Esse esquema po<strong>de</strong> ser utilizado na gestação.Obs.: Para contraindicações ou recomendações <strong>de</strong> outros esquemas, consultaras Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectados peloHIV - 2008.As interações medicamentosas dos antirretroviraisserão consi<strong>de</strong>radas mais adiante.


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 1555.5. Profilaxia para criançasO esquema recomendado para crianças tambéminclui dois ITRN e um IP/r, sendo composto porzidovudina + lamivudina + lopinavir/ritonavir. Asapresentações e posologias <strong>de</strong>sses fármacos estão<strong>de</strong>scritas no Quadro 4.Quadro 4. Profilaxia do HIV para criançasMedicamentozidovudina(ZDV)lamuvudina(3TC)lopinavir/ritonavir(LPV/r)ApresentaçãoSolução oral10mg/mLCápsula 100mgSolução oral10mg/mLComprimido150mgSolução oral80mg/20mg/mLComprimido200mg/50mgVia <strong>de</strong>administraçãoVOVOVOOBS: Superfície corporal (m2) = (peso x 4) + 7peso + 90Peso em kg = (2 x ida<strong>de</strong>) + 8Posologia180mg/m2, <strong>de</strong> 12/12hDose máxima: 300mg4mg/kg, <strong>de</strong> 12/12hDose máxima: 150mg,<strong>de</strong> 12/12h> 12 anos: 150mg, <strong>de</strong>12/12h ou300mg em dose únicadiáriaCrianças < 2 anos:300mg/m2, <strong>de</strong> 12/12hCrianças > 2 anos:230mg/m2, <strong>de</strong> 12/12hDose máxima: 200mg,<strong>de</strong> 12/12hAdolescentes: 400mg,<strong>de</strong> 12/12h


156Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais · Secretaria <strong>de</strong>Vigilância em Saú<strong>de</strong> · Ministério da Saú<strong>de</strong>Nos casos <strong>de</strong> intolerância ao AZT, a estavudina é oITRN alternativo para substituí-lo, sempre combinadocom a lamivudina. Caso exista intolerância ao LPV/r,o FPV/r <strong>de</strong>ve ser indicado para maiores <strong>de</strong> seis anos <strong>de</strong>ida<strong>de</strong> e o FPV (sem booster <strong>de</strong> ritonavir) para menores<strong>de</strong> seis anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>.Para contraindicações ou recomendações <strong>de</strong> outrosesquemas, consultar as Recomendações para terapiaantirretroviral em crianças e adolescentes infectados peloHIV - 2009.


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 1575.6. A<strong>de</strong>sãoA a<strong>de</strong>são à profilaxia antirretroviral é um dosprincipais fatores na redução do risco <strong>de</strong> transmissão dainfecção pelo HIV. O uso ina<strong>de</strong>quado e/ou incompletodo esquema antirretroviral está diretamente relacionadoao risco <strong>de</strong> falha da profilaxia.O termo “a<strong>de</strong>são” <strong>de</strong>ve ser observado <strong>de</strong>ntro<strong>de</strong> um contexto em que a pessoa não apenas siga asorientações da equipe <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, mas entenda e aceitesua necessida<strong>de</strong> e utilize os medicamentos prescritoscom responsabilida<strong>de</strong> compartilhada.Vários fatores afetam a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> a<strong>de</strong>são, comoos aspectos socioeconômicos e o grau <strong>de</strong> escolarida<strong>de</strong> dopaciente, além da qualida<strong>de</strong> do serviço <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>. Alémdisso, quanto maior a interferência dos antirretroviraisnas ativida<strong>de</strong>s cotidianas e mais incômodos os efeitosadversos, maior será o risco <strong>de</strong> má a<strong>de</strong>são à profilaxia. Aa<strong>de</strong>são também po<strong>de</strong> ser prejudicada se a comunicaçãoe o vínculo entre a vítima <strong>de</strong> violência sexual e oprofissional <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> forem ina<strong>de</strong>quados. Algumasdas estratégias para garantir a<strong>de</strong>são a<strong>de</strong>quada aosantirretrovirais incluem:• I<strong>de</strong>ntificar as rotinas diárias do paciente e,se possível, fazer coincidir a administração


158Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais · Secretaria <strong>de</strong>Vigilância em Saú<strong>de</strong> · Ministério da Saú<strong>de</strong>dos medicamentos com ativida<strong>de</strong>s rotineiras,incluindo os horários <strong>de</strong> ocupações profissionais;• Utilizar lembretes para tomada dosmedicamentos, como, por exemplo,<strong>de</strong>spertadores para avisar o horário das doses;• Elaborar junto com a vítima <strong>de</strong> violência sexualou, no caso <strong>de</strong> crianças, o responsável, uma escaladiária dos medicamentos, <strong>de</strong>finindo horários ouativida<strong>de</strong>s relacionadas com as tomadas;• Manter a vítima bem informada e esclarecer suasdúvidas em todas as consultas;• Sugerir que alguém <strong>de</strong> confiança possaacompanhar e apoiar a profilaxia, sempre quepossível;• Planejar a<strong>de</strong>quações na escala dos horários dastomadas em casos <strong>de</strong> viagens, mesmo quando <strong>de</strong>curta duração.É necessário informar o paciente sobre os efeitosadversos possíveis e mais comuns relacionados aoesquema prescrito, bem como sobre as estratégiaspara minimizá-los (como por exemplo, medicamentossintomáticos). Recomenda-se reavaliação da vítima <strong>de</strong>violência sexual na primeira semana após o início daprofilaxia, com o objetivo <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar esses possíveisefeitos adversos e reforçar a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> a<strong>de</strong>sãopara que a profilaxia seja tolerada até o final das quatrosemanas.In<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente das estratégias adotadas, aforma mais efetiva para garantir uma a<strong>de</strong>são a<strong>de</strong>quadaé informar a pessoa sobre a necessida<strong>de</strong> da profilaxia,utilizando medidas práticas, fazendo ajustes necessáriose oferecendo permanente apoio.


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 1595.7. AconselhamentoO aconselhamento, como processo <strong>de</strong> escuta ativa,permite estabelecer uma relação <strong>de</strong> confiança entrea vítima <strong>de</strong> violência sexual e o profissional <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>,facilitando a superação da situação traumática. O apoioemocional auxilia o vínculo com a equipe <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> eajuda no processo <strong>de</strong> elaboração do trauma. Tambémpermite minimizar o dano emocional e reforçara a<strong>de</strong>são à profilaxia prescrita. Nesse momento, éimprescindível que o profissional <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> disponha <strong>de</strong>tempo para ouvir a(o) usuária(o) e promova ambiente<strong>de</strong> confiabilida<strong>de</strong> e empatia. Além das medidas<strong>de</strong> aconselhamento específicas para a a<strong>de</strong>são aosantirretrovirais, o aconselhamento <strong>de</strong>ve incluir outrosaspectos:• Consi<strong>de</strong>rar o possível impacto <strong>de</strong> um resultadopositivo do teste para HIV e i<strong>de</strong>ntificaralternativas <strong>de</strong> apoio familiar e social;• No caso da investigação do HIV, é necessárioreforçar que os resultados iniciais, quandonegativos, não são <strong>de</strong>finitivos, em virtu<strong>de</strong> dapossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> janela imunológica, e nãodispensam a realização <strong>de</strong> exames futuros nosperíodos indicados (acompanhamento por seis


160Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais · Secretaria <strong>de</strong>Vigilância em Saú<strong>de</strong> · Ministério da Saú<strong>de</strong>meses, com retorno ambulatorial para coleta <strong>de</strong>novos exames);• Mulheres em situação <strong>de</strong> violência sexualque estejam amamentando <strong>de</strong>verão serorientadas a suspen<strong>de</strong>r o aleitamento durante aquimioprofilaxia antirretroviral, para preveniro risco <strong>de</strong> transmissão pelo aleitamento e evitara exposição da criança aos antirretrovirais(passagem pelo leite materno);• Levando em consi<strong>de</strong>ração a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>uma infecção, <strong>de</strong>ve ser reforçada a necessida<strong>de</strong>do uso do preservativo (masculino ou feminino)em todas as relações sexuais.


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 1615.8. Interações medicamentosasO manejo da violência sexual <strong>de</strong>termina autilização <strong>de</strong> outros fármacos, além dos ARV, <strong>de</strong>vendoo profissional <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> estar atento a potenciaisinterações medicamentosas, como, por exemplo, comuso concomitante <strong>de</strong> metronidazol e ritonavir, o quepo<strong>de</strong> acarretar efeito antabuse <strong>de</strong>vido à formulação emsolução alcoólica do ritonavir.Consi<strong>de</strong>rando que a gravi<strong>de</strong>z <strong>de</strong>corrente da violênciaé um dos maiores temores das vítimas, <strong>de</strong>ve-se optarpela contracepção <strong>de</strong> emergência com o levonorgestrelquando o ritonavir estiver incluso no esquema, já queesse antirretroviral reduz significativamente os níveisséricos dos estrogênios.Quando forem necessários ajustes nas dosesdos medicamentos, recomenda-se que sejam feitospor médico experiente no manejo antirretroviral.Medicamentos psicotrópicos como hipnóticos,anti<strong>de</strong>pressivos e anticonvulsivantes, muitas vezesindicados para a vítima, possuem potencial interaçãocom antirretrovirais.O Anexo B apresenta as interações entre ARV eoutros medicamentos.


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 1635.9. Eventos adversosA pessoa que inicia profilaxia antirretroviral <strong>de</strong>vereceber informação sobre a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> toxicida<strong>de</strong>medicamentosa e ser orientada a procurar atendimentocaso surjam quaisquer sintomas ou sinais clínicos. Emgeral, os sintomas são inespecíficos e autolimitados,como efeitos gastrointestinais, cefaleia e fadiga. Asalterações laboratoriais são geralmente discretas,transitórias e pouco frequentes. Na presença <strong>de</strong>intolerância medicamentosa, a vítima <strong>de</strong>ve ser reavaliadapara a<strong>de</strong>quação do esquema terapêutico. Na maioriadas vezes, não é necessária a interrupção da profilaxia,po<strong>de</strong>ndo ser utilizados medicamentos sintomáticos,a exemplo dos antieméticos ou antidiarreicos. Nessareavaliação, esquemas alternativos <strong>de</strong> antirretroviraispo<strong>de</strong>m, eventualmente, ser necessários na tentativa <strong>de</strong>se manter a profilaxia durante as quatro semanas, como,por exemplo, a substituição do IP/r pelo TDF.


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 1655.10. AcompanhamentolaboratorialA coleta imediata <strong>de</strong> sangue e <strong>de</strong> amostra doconteúdo vaginal, realizada no momento <strong>de</strong> admissãoda vítima <strong>de</strong> violência sexual, é necessária paraestabelecer a eventual presença <strong>de</strong> DST, HIV ou hepatitepreviamente existentes à violência sexual. Entretanto,tal coleta não <strong>de</strong>ve retardar o início da profilaxia.Recomenda-se, sempre que possível, a realização datestagem para o HIV com o emprego <strong>de</strong> testes rápidospara a vítima e para o agressor (quando conhecido)como diagnóstico em situações especiais, conforme oanexo 5 da Portaria SVS/MS nº 151/2009 (Anexo A),que engloba os casos <strong>de</strong> vítimas <strong>de</strong> violência sexual.Em tais situações, o diagnóstico rápido da infecçãopelo HIV é feito exclusivamente com testes rápidosvalidados pelo Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e HepatitesVirais e distribuídos aos estados pelo Ministério daSaú<strong>de</strong>. Deve-se realizar a testagem inicialmente comum único teste rápido. Caso o resultado seja negativo,o diagnóstico estará <strong>de</strong>finido. Caso seja positivo, <strong>de</strong>veráser realizado um segundo teste rápido para a conclusãodo diagnóstico.


166Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais · Secretaria <strong>de</strong>Vigilância em Saú<strong>de</strong> · Ministério da Saú<strong>de</strong>Em serviços que não dispuserem dos insumos <strong>de</strong>teste rápido, <strong>de</strong>ve-se colher uma amostra <strong>de</strong> soro, plasmaou sangue total, <strong>de</strong> acordo com o que é preconizadopela metodologia utilizada no laboratório <strong>de</strong> referência,para seguir o fluxograma que trata do diagnósticolaboratorial da infecção pelo HIV (Anexo 1).A realização <strong>de</strong> teste anti-HIV nos serviços <strong>de</strong>emergência <strong>de</strong>ve ser feita após aconselhamento econsentimento verbal da vítima (ou do responsável, noscasos <strong>de</strong> crianças).O apoio laboratorial é fundamental para auxiliaro diagnóstico e a investigação das DST/HIV/hepatites.As instituições <strong>de</strong> referência <strong>de</strong>vem oferecer suportelaboratorial para a execução dos exames recomendados(Quadro 5) e <strong>de</strong> outros que, a critério clínico, possamser necessários.A realização <strong>de</strong> hemograma e dosagem <strong>de</strong>transaminases é necessária somente para as vítimasque iniciem a profilaxia com antirretrovirais, <strong>de</strong>vendoser solicitada no primeiro atendimento e repetidaapós duas semanas <strong>de</strong> uso da profilaxia antirretroviral,a critério clínico. A avaliação do conteúdo vaginalcompreen<strong>de</strong> a coleta <strong>de</strong> material para a realização <strong>de</strong>exame bacterioscópico e <strong>de</strong> cultura da secreção vaginal.


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 167Quadro 5. Acompanhamento laboratorial após violência sexualConteúdo vaginalSífilis (VDRL ou RPR)Anti-HIV*Hepatite B (HBsAg)Hepatite C (anti-HCV)TransaminasesHemogramaADMISSÃO 2 SEMANAS 6 SEMANAS 3 MESES 6 MESES* Excepcionalmente, a avaliação sorológica <strong>de</strong>verá ser repetida com 12 meses: nos casos que envolvem agressores coinfectados pelo HIV/VHC e quando a mulher tiver história <strong>de</strong> imunossupressão. A testagem anti-HIV também <strong>de</strong>ve ser recomendada para mulheres queapresentem quadro sugestivo <strong>de</strong> infecção aguda pelo HIV, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente do intervalo <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a exposição.


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 1695.11. ReferênciasBRASIL. Ministério da Saú<strong>de</strong>. Programa Nacional <strong>de</strong> DST e Aids.Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s eadolescentes infectados pelo HIV – 2006. Brasília, 2006.BRASIL. Ministério da Saú<strong>de</strong>. Programa Nacional <strong>de</strong> DST e Aids.Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s eadolescentes infectados pelo HIV – 2008. Brasília, 2008.CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION (CDC).Notice to rea<strong>de</strong>rs: updated information regarding antiretroviralagents used as HIV postexposure prophylaxis for occupationalHIV exposures. MMWR, [S.l.], v. 56, p. 1291-2, 2007.CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION(CDC). Updated U.S. Public Health Service gui<strong>de</strong>lines forthe management of occupational exposures to HIV andrecommendations for postexposure prophylaxis. Atlanta: CDC,sep. 30, 2005.GRAY, R. et al. Probability of HIV-1 transmission per coital act inmonogamous, heterosexual, HIV-1 discordant couples in Rakai,Uganda. Lancet, [S.l.], v. 357, p. 1149–53, 2001.LANDOVITZ, R. J.; CURRIER, J. S. Postexposure Prophylaxis forHIV Infection. N. Engl. J. Med., [S.l.], v. 361, p. 1768-75, 2009.MASTRO, T. D.; DE VINCENZI, I. Probabilities of sexual HIV-1transmission. AIDS, [S.l.], v. 10, p. 575-82, 1996.NEW YORK STATE DEPARTMENT OF HEALTH AIDSINSTITUTE. HIV Prophylaxis Following OccupationalExposure. New York: NYSDOH AI, 2008. Disponível em


170Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais · Secretaria <strong>de</strong>Vigilância em Saú<strong>de</strong> · Ministério da Saú<strong>de</strong>ROTTINGEN, J. A.; CAMERON, D. W.; GARNETT, G. P. Asystematic review of the epi<strong>de</strong>miologic interactions betweenclassic STDs and HIV: How much is really known? Sex. Transm.Dis., [S.l.], v. 28, p. 579-97, 2001.ROYCE, R. et al. Sexual transmission of HIV. N. Engl. J. Med., [S.l.],v. 336, p. 1072-8, 1997.WADE, N. A. et al. Abbreviated regimens of zidovudine prophylaxisand perinatal transmission of the human immuno<strong>de</strong>ficiencyvirus. N. Engl. J. Med., [S.l.], v. 339, p. 1409-14, 1998.


AnexosAnexo A - Portaria nº 151,<strong>de</strong> 14 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2009Anexo B - Principais interaçõesenvolvendo antirretrovirais


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 173Anexo APortaria nº 151,<strong>de</strong> 14 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2009SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDEPORTARIA SVS/MS Nº 151, DE 14 DEOUTUBRO DE 2009DOU 16.10.2009A SECRETÁRIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDESUBSTITUTA, no uso das atribuições que lhe confereo Art. 45, do Decreto nº. 6.860, <strong>de</strong> 27 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong> 2009,Consi<strong>de</strong>rando a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se criar alternativaspara a ampliação do acesso ao diagnóstico da infecçãopelo HIV, em atendimento aos princípios da equida<strong>de</strong>e da integralida<strong>de</strong> da assistência, bem como dauniversalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acesso aos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> doSistema Único <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> - SUS;Consi<strong>de</strong>rando a necessida<strong>de</strong> do diagnóstico rápidoda infecção pelo HIV em situações especiais;Consi<strong>de</strong>rando que a i<strong>de</strong>ntificação dos indivíduosinfectados pelo HIV é importante porque permite o


174Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais · Secretaria <strong>de</strong>Vigilância em Saú<strong>de</strong> · Ministério da Saú<strong>de</strong>acompanhamento precoce nos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> epossibilita a melhora na qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida;Consi<strong>de</strong>rando que a <strong>de</strong>finição do estado sorológico<strong>de</strong> um indivíduo infectado pelo HIV é fundamentalpara a sua maior proteção e para o controle da infecçãoe da disseminação do vírus; e Consi<strong>de</strong>rando que odiagnóstico sorológico da infecção pelo HIV <strong>de</strong>ve serrealizado em indivíduos com ida<strong>de</strong> acima <strong>de</strong> 18 meses,resolve:Art. 1º Aprovar, na forma dos Anexos a estaPortaria, etapas sequenciadas e o Fluxograma Mínimopara o Diagnóstico Laboratorial da Infecção pelo HIVem indivíduos com ida<strong>de</strong> acima <strong>de</strong> 18 (<strong>de</strong>zoito) meses,<strong>de</strong> uso obrigatório pelas instituições <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> públicase privadas.Art. 2º Determinar o uso do teste rápido para odiagnóstico da infecção pelo HIV em situações especiais,conforme disposto no Anexo II a esta portaria.Art. 3º Definir que as amostras po<strong>de</strong>m ser <strong>de</strong> soro,plasma, sangue total ou sangue seco em papel filtro e<strong>de</strong>vem ser coletadas em conformida<strong>de</strong> com o que épreconizado pelo fabricante do teste a ser utilizado.Parágrafo Único. Fica vedada a mistura <strong>de</strong> amostras(pool) para a utilização em qualquer teste laboratorial,com o objetivo <strong>de</strong> diagnosticar a infecção pelo HIV.Art. 4º Estabelecer que todos os reagentes utilizadospara o diagnóstico da infecção pelo HIV <strong>de</strong>vem terregistros vigentes na Agência Nacional <strong>de</strong> VigilânciaSanitária, <strong>de</strong> acordo com o disposto na Resolução


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 175RDC nº. 302/ANVISA, <strong>de</strong> 13 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2005, suasalterações, ou outro instrumento legal que venha asubstituí-la.Art. 5º O Ministério da Saú<strong>de</strong>, por intermédio doDepartamento <strong>de</strong> Vigilância, Prevenção e Controle dasDoenças Sexualmente Transmissíveis e Síndrome daImuno<strong>de</strong>ficiência Adquirida, da Secretaria <strong>de</strong> Vigilânciaem Saú<strong>de</strong>, do Ministério da Saú<strong>de</strong> - DDSTAIDS/SVS/MS, <strong>de</strong>finirá as normas técnicas necessárias aosprogramas <strong>de</strong> validação <strong>de</strong> reagentes para uso nodiagnóstico da infecção pelo HIV.Art. 6º Esta Portaria entra em vigor na data <strong>de</strong> suapublicação.Art. 7º Revogar a Portaria nº. 34/SVS <strong>de</strong> 28 <strong>de</strong> julho<strong>de</strong> 2005, publicada no Diário Oficial da União nº. 145,Seção 1, pág. 77, <strong>de</strong> 29 <strong>de</strong> julho <strong>de</strong> 2005.HELOIZA MACHADO DE SOUZAANEXO IDiagnóstico Laboratorial da Infecção pelo HIV1. Da Etapa I: Triagem - TESTE 1 (T1)Para a Etapa I <strong>de</strong> triagem <strong>de</strong>verá ser utilizado um teste capaz<strong>de</strong> <strong>de</strong>tectar anticorpos anti-HIV-1, incluindo o grupo O e anticorposanti-HIV-2. Po<strong>de</strong>rão ainda ser utilizados, nessa etapa, testes quecombinem a <strong>de</strong>tecção simultânea <strong>de</strong>sses anticorpos e <strong>de</strong> antígeno.É permitida a utilização das seguintes metodologias, no teste daEtapa I:


176Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais · Secretaria <strong>de</strong>Vigilância em Saú<strong>de</strong> · Ministério da Saú<strong>de</strong>a) Ensaio imunoenzimático - ELISA;b) Ensaio imunoenzimático <strong>de</strong> micropartículas - MEIA;c) Ensaio imunológico com revelação quimioluminescente esuas <strong>de</strong>rivações - EQL;d) Ensaio imunológico fluorescente ligado a enzima - ELFA;e) Ensaio imunológico quimioluminescente magnético -CMIA;f) Testes rápidos: imunocromatografia, aglutinação <strong>de</strong>partículas em látex ou imunoconcentração;g) Novas metodologias registradas na ANVISA e validadaspelo Departamento <strong>de</strong> Vigilância, Prevenção e Controledas Doenças Sexualmente Transmissíveis e Síndrome daImuno<strong>de</strong>ficiência Adquirida.1.1. Resultado da Etapa I - Triagem - TESTE 1 (T1)1.1.1. O resultado da amostra será <strong>de</strong>finido a partir dainterpretação <strong>de</strong> um ou mais testes cujos resultados <strong>de</strong>verão serexpressos em laudo laboratorial, conforme estabelecido no fluxogramado Anexo III a esta Portaria.1.1.2. A amostra com resultado reagente, no teste da EtapaI, <strong>de</strong>verá ser submetida à Etapa II do Fluxograma Mínimo para oDiagnóstico Laboratorial da Infecção pelo HIV em Indivíduos comIda<strong>de</strong> acima <strong>de</strong> 18 Meses.1.1.3. A amostra com resultado não reagente, no teste da Etapa I,será <strong>de</strong>finida como: “Amostra Não Reagente para HIV”.1.1.3.1. O laudo laboratorial <strong>de</strong>verá incluir a seguinte ressalva:“Em caso <strong>de</strong> suspeita <strong>de</strong> infecção pelo HIV, uma nova amostra <strong>de</strong>veráser coletada 30 dias após a data da coleta <strong>de</strong>sta amostra”.1.1.4. A amostra com resultado in<strong>de</strong>terminado, no teste da EtapaI, não terá resultado <strong>de</strong>finido. Nesse caso, o laudo não será liberadoe uma segunda amostra <strong>de</strong>verá ser coletada, o mais breve possível, esubmetida ao Fluxograma Mínimo para o Diagnóstico Laboratorialda Infecção pelo HIV em Indivíduos com Ida<strong>de</strong> acima <strong>de</strong> 18 Meses.1.1.4.1. Caso a paciente seja gestante, <strong>de</strong>verá ser solicitadasegunda amostra para ser submetida ao Fluxograma Mínimo para


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 177o Diagnóstico Laboratorial da Infecção pelo HIV em Indivíduoscom Ida<strong>de</strong> acima <strong>de</strong> 18 Meses e nova amostra para realização <strong>de</strong>teste molecular, conforme orientações do item 4 do ANEXO I <strong>de</strong>staportaria.1.1.4.2. Caso o resultado com a segunda amostra persistain<strong>de</strong>terminado, o laudo <strong>de</strong>verá ser liberado como “AmostraIn<strong>de</strong>terminada para HIV”.1.1.4.3. É obrigatória a liberação <strong>de</strong>sse resultado.1.1.4.4. O laudo laboratorial <strong>de</strong>verá incluir a seguinte ressalva:“Persistindo a suspeita clínica <strong>de</strong> infecção pelo HIV, uma novaamostra <strong>de</strong>verá ser coletada, após 30 dias, para esclarecimento dodiagnóstico sorológico”.1.1.4.5. Caso o resultado com a segunda amostra seja nãoreagente, o laudo <strong>de</strong>ve ser liberado como “Amostra Não Reagente paraHIV”.1.1.4.5.1. O laudo laboratorial <strong>de</strong>verá incluir a seguinte ressalva:“Em caso <strong>de</strong> suspeita <strong>de</strong> infecção pelo HIV, uma nova amostra <strong>de</strong>veráser coletada 30 dias após a data da coleta <strong>de</strong>sta amostra”.1.1.4.6. Caso o resultado com a segunda amostra seja reagente,esta <strong>de</strong>verá ser submetida à Etapa II do Fluxograma Mínimo para oDiagnóstico Laboratorial da Infecção pelo HIV em Indivíduos comIda<strong>de</strong> acima <strong>de</strong> 18 Meses.2. Da Utilização dos Testes Rápidos na Etapa I2.1. As amostras <strong>de</strong>verão ser coletadas <strong>de</strong> acordo com asinstruções dos fabricantes dos conjuntos diagnósticos.2.2. O teste rápido <strong>de</strong>ve <strong>de</strong>tectar anticorpos anti-HIV 1,incluindo o grupo O e anticorpos anti-HIV 2.2.3. Caso o resultado do teste rápido seja positivo na Etapa I, umanova amostra <strong>de</strong>verá ser coletada, imediatamente, para a realização daEtapa II <strong>de</strong>sta Portaria.2.4. Caso o resultado do teste rápido seja inválido, <strong>de</strong>ve-se repetiro teste imediatamente com o mesmo conjunto diagnóstico, se possívelcom um lote distinto do que foi utilizado inicialmente.


178Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais · Secretaria <strong>de</strong>Vigilância em Saú<strong>de</strong> · Ministério da Saú<strong>de</strong>2.5. Persistindo o resultado inválido no teste rápido, <strong>de</strong>ve-seutilizar outra metodologia <strong>de</strong>ntre as <strong>de</strong>finidas no item 1, do AnexoI <strong>de</strong>sta Portaria.3. Da Etapa II - Complementar - Teste 2 (T2)É permitida a utilização das seguintes metodologias no teste daEtapa II:a) Imunofluorescência indireta - IFI;b) Imunoblot - IB;c) Imunoblot rápido - IBR;d) Western Blot - WB;e) Outras metodologias registradas na ANVISA e validadaspelo Departamento <strong>de</strong> Vigilância, Prevenção e Controledas Doenças Sexualmente Transmissíveis e Síndrome daImuno<strong>de</strong>ficiência Adquirida.3.1. Resultados da Etapa II - Complementar - Teste 2 (T2)3.1.1. Para a interpretação dos resultados e liberação do laudo,<strong>de</strong>verão ser analisados, conjuntamente, os resultados obtidos nostestes das Etapas I e II. Estes po<strong>de</strong>rão ser encontrados com as seguintescombinações, nos testes sequenciais das duas etapas:A) Resultados reagentes, nos testes das Etapas I e II: a amostraé positiva para HIV;3.1.1.1. Esse resultado <strong>de</strong>verá ser liberado como: “AmostraReagente para HIV”.3.1.1.2. O laudo laboratorial <strong>de</strong>verá incluir a seguinte ressalva:“Para comprovação do diagnóstico laboratorial, uma segunda amostra<strong>de</strong>verá ser coletada e submetida à Etapa I do Fluxograma Mínimopara o Diagnóstico Laboratorial da Infecção pelo HIV em Indivíduoscom Ida<strong>de</strong> acima <strong>de</strong> 18 Meses”.3.1.1.3. Esta segunda amostra <strong>de</strong>verá ser colhida o maisrapidamente possível, e submetida à Etapa I do Fluxograma Mínimopara o Diagnóstico Laboratorial da Infecção pelo HIV em Indivíduoscom Ida<strong>de</strong> acima <strong>de</strong> 18 Meses, preferencialmente no mesmo local emque se realizaram os testes com a primeira amostra.


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 1793.1.1.4. É responsabilida<strong>de</strong> do profissional <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> que aten<strong>de</strong>ro indivíduo solicitar e i<strong>de</strong>ntificar o pedido do exame como segundaamostra, e do laboratório ou do serviço <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> registrá-la comotal para a finalização do Fluxograma Mínimo para o DiagnósticoLaboratorial da Infecção pelo HIV em Indivíduos com Ida<strong>de</strong> acima<strong>de</strong> 18 Meses.3.1.1.5. Quando o resultado do teste com a segunda amostra forreagente, o resultado <strong>de</strong>verá ser liberado como: “Amostra Reagentepara o HIV”.3.1.1.6. O laudo laboratorial <strong>de</strong>verá incluir a seguinte ressalva:“Resultado <strong>de</strong>finido com a segunda amostra, conforme estabelecidopela Portaria número e data”.B) Resultados in<strong>de</strong>terminados ou discordantes entre as EtapasI e II: Reagente, na Etapa I, e não reagente ou in<strong>de</strong>terminado, na EtapaII, <strong>de</strong>verão ser liberados como “Amostra In<strong>de</strong>terminada para HIV”.3.1.1.7. - É obrigatória a liberação <strong>de</strong>sse resultado e o laudolaboratorial <strong>de</strong>verá incluir a seguinte ressalva: “Persistindo a suspeita<strong>de</strong> infecção pelo HIV, uma nova amostra <strong>de</strong>verá ser coletada, 30 diasapós a data da coleta <strong>de</strong>sta amostra”.3.1.1.8. A nova amostra <strong>de</strong>verá ser colhida e submetida aofluxograma do Anexo III a esta Portaria, preferencialmente no mesmolocal em que se realizou o teste com a primeira amostra, e o resultado<strong>de</strong>ve ser interpretado <strong>de</strong> acordo com o Fluxograma Mínimo para oDiagnóstico Laboratorial da Infecção pelo HIV em Indivíduos comIda<strong>de</strong> acima <strong>de</strong> 18 Meses.3.1.1.9. Caso o resultado com a nova amostra permaneçain<strong>de</strong>terminado, <strong>de</strong>ve-se consi<strong>de</strong>rar a possibilida<strong>de</strong> da realização <strong>de</strong>testes moleculares (RNA e/ou DNA), para auxiliar na <strong>de</strong>finição dodiagnóstico.3.1.1.10. A ocorrência <strong>de</strong> resultados in<strong>de</strong>terminados oufalso-positivos é maior em gestantes ou portadores <strong>de</strong> algumasenfermida<strong>de</strong>s. Nessas situações, a avaliação conjunta da históriaclínica, do risco <strong>de</strong> exposição do indivíduo à infecção pelo HIV e oresultado laboratorial <strong>de</strong>vem orientar as <strong>de</strong>cisões.3.1.1.11 Havendo persistência <strong>de</strong> resultado in<strong>de</strong>terminado nostestes e suspeita clínica ou epi<strong>de</strong>miológica <strong>de</strong> infecção, po<strong>de</strong>-se coletar


180Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais · Secretaria <strong>de</strong>Vigilância em Saú<strong>de</strong> · Ministério da Saú<strong>de</strong>uma nova amostra para investigação da infecção pelo HIV-2 ou,ainda, para realização <strong>de</strong> outros testes indicados para o diagnóstico.4. Da Utilização dos testes moleculares para amostrasin<strong>de</strong>terminadas em gestantes4.1. Os testes moleculares serão utilizados para auxiliar a<strong>de</strong>finição do diagnóstico da infecção do HIV-1 em gestantes queapresentarem resultado in<strong>de</strong>terminado na primeira amostra.4.2. O laboratório <strong>de</strong>verá encaminhar ao médico uma solicitação<strong>de</strong> segunda amostra, que será submetida ao Fluxograma Mínimo parao Diagnóstico Laboratorial da Infecção pelo HIV em Indivíduos comIda<strong>de</strong> acima <strong>de</strong> 18 Meses, e a solicitação <strong>de</strong> uma nova amostra para arealização <strong>de</strong> teste molecular, <strong>de</strong>vendo seguir o mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> solicitaçãoconforme anexo V a esta Portaria.4.3. O médico <strong>de</strong>verá encaminhar a solicitação <strong>de</strong> testemolecular, vinda do laboratório, juntamente com o Boletim <strong>de</strong>Produção Ambulatorial - BPA-I ao Laboratório da Re<strong>de</strong> Nacional <strong>de</strong>Carga Viral, seguindo as recomendações <strong>de</strong> coleta <strong>de</strong> amostras paratestes moleculares.4.4. É obrigatório o envio dos dois formulários (solicitação <strong>de</strong>nova amostra e BPA-I), <strong>de</strong>vidamente preenchidos, para a realizaçãodo teste molecular.5. Da Interpretação dos Testes Western Blot5.1. A interpretação do teste <strong>de</strong> Western Blot <strong>de</strong>verá seguir oscritérios:a) Amostra negativa: ausência <strong>de</strong> reativida<strong>de</strong> (bandas), comqualquer proteína viral utilizada no ensaio;b) Amostra positiva: reativida<strong>de</strong> (bandas), em pelo menos duasdas seguintes proteínas: p24; gp41; gp120/gp160;c) Amostra in<strong>de</strong>terminada: qualquer padrão <strong>de</strong> reativida<strong>de</strong>(bandas) diferente do item anterior.5.2. A interpretação dos testes Imunoblot e Imunoblot rápido<strong>de</strong>verão seguir o disposto nas instruções dos fabricantes dos conjuntosdiagnósticos.


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 1816. Do Laudo6.1. Deverá ser legível, sem rasuras na sua transcrição, escritoem língua portuguesa, datado e assinado por profissional <strong>de</strong> nívelsuperior legalmente habilitado.6.2. Deverá estar <strong>de</strong> acordo com o disposto na Resolução RDCnº 302/ANVISA, <strong>de</strong> 13 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2005, suas alterações, ou outroinstrumento legal que venha a substituí-la.6.3. Deverá constar do laudo a interpretação final do resultadoda amostra que será: Amostra Reagente para HIV, ou Amostra NãoReagente para HIV ou Amostra In<strong>de</strong>terminada para HIV.6.4. Deverão constar do laudo, igualmente, os resultados <strong>de</strong>todos os testes realizados, inclusive quando em número superiorao <strong>de</strong>terminado pelo Fluxograma Mínimo para o DiagnósticoLaboratorial da Infecção pelo HIV em Indivíduos com Ida<strong>de</strong> acima<strong>de</strong> 18 Meses.6.5. Deverão ser expressos: o resultado numérico da amostra, oponto <strong>de</strong> corte (cut-off) e a unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> medição do método utilizado,quando os resultados forem positivos ou in<strong>de</strong>terminados, excetuandoseos resultados obtidos por testes cuja leitura é visual.6.6. Deverá ser reportado o resultado <strong>de</strong> todas as bandas reativasencontradas nos testes Western Blot, Imunoblot e Imunoblot Rápido.Anexo IIDiagnóstico da infecção pelo HIV por Testes Rápidos1. Do Diagnóstico RápidoO diagnóstico rápido da infecção pelo HIV é feito exclusivamentecom testes rápidos validados pelo Departamento <strong>de</strong> Vigilância,Prevenção e Controle das Doenças Sexualmente Transmissíveis eSíndrome da Imuno<strong>de</strong>ficiência Adquirida.As instituições <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> públicas e privadas que utilizem testesrápidos <strong>de</strong>vem promover e manter os processos <strong>de</strong> qualificação eeducação permanente para os profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> em conformida<strong>de</strong>com as diretrizes do Ministério da Saú<strong>de</strong>.


182Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais · Secretaria <strong>de</strong>Vigilância em Saú<strong>de</strong> · Ministério da Saú<strong>de</strong>1.1. O diagnóstico rápido po<strong>de</strong>rá ser realizado nas seguintessituações especiais:a) Re<strong>de</strong> <strong>de</strong> serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> sem infraestrutura laboratorial oulocalizada em regiões <strong>de</strong> difícil acesso;b) <strong>Centro</strong> <strong>de</strong> Testagem e Aconselhamento - CTA;c) Segmentos populacionais flutuantes;d) Segmentos populacionais mais vulneráveis;e) Parceiros <strong>de</strong> pessoas vivendo com HIV/AIDS;f) Aci<strong>de</strong>ntes biológicos ocupacionais, para teste no pacientefonte;g) Gestantes que não tenham sido testadas durante o pré-natalou cuja ida<strong>de</strong> gestacional não assegure o recebimento doresultado do teste antes do parto;h) Parturientes e puérperas que não tenham sido testadas nopré-natal ou quando não é conhecido o resultado do teste nomomento do parto;i) Abortamento espontâneo, in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da ida<strong>de</strong>gestacional;j) Outras situações especiais <strong>de</strong>finidas pelo Departamento <strong>de</strong>Vigilância, Prevenção e Controle das Doenças SexualmenteTransmissíveis e Síndrome da Imuno<strong>de</strong>ficiência Adquirida.1.2. As amostras <strong>de</strong>verão ser coletadas <strong>de</strong> acordo com asinstruções dos fabricantes dos conjuntos diagnósticos.2. Da Realização do Teste RápidoO diagnóstico rápido da infecção pelo HIV <strong>de</strong>ve ser realizadocom testes rápidos (TR) capazes <strong>de</strong> <strong>de</strong>tectar anticorpos anti-HIV1, incluindo o grupo O e anticorpos anti-HIV 2, <strong>de</strong> acordo com ofluxograma do Anexo IV.2.1. Os testes rápidos <strong>de</strong>vem ser realizados imediatamente apósa coleta da amostra e o indivíduo orientado a aguardar o resultadono local.


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 1833. Do resultado dos testes rápidos3.1. A amostra com resultado não reagente no teste rápido 1(TR1) será <strong>de</strong>finida como: “Amostra Não Reagente para HIV”.3.1.1. O laudo <strong>de</strong>verá incluir a seguinte ressalva: “Em caso <strong>de</strong>suspeita <strong>de</strong> infecção pelo HIV, uma nova amostra <strong>de</strong>verá ser coletada30 dias após a data da coleta <strong>de</strong>sta amostra”.3.2. A amostra com resultado reagente no TR1 <strong>de</strong>verá sersubmetida ao teste rápido 2 (TR2). Quando disponível no serviço <strong>de</strong>saú<strong>de</strong>, o Imunoblot rápido também po<strong>de</strong>rá ser utilizado como TR2.3.2.1. A amostra com resultados reagentes no TR1 e no TR2 teráseu resultado <strong>de</strong>finido como: “Amostra Reagente para HIV”.3.3. A amostra com resultados discordantes entre TR1 e TR2não terá seu resultado <strong>de</strong>finido. Nesse caso, o laudo não será liberado.Uma amostra <strong>de</strong>verá ser coletada por punção venosa e submetida aoFluxograma Mínimo para o Diagnóstico Laboratorial da Infecçãopelo HIV em Indivíduos com Ida<strong>de</strong> acima <strong>de</strong> 18 Meses, <strong>de</strong> acordocom o Anexo III a esta Portaria.3.4. Caso o resultado do TR1 ou do TR2 seja inválido, <strong>de</strong>ve-serepetir o teste com o mesmo conjunto diagnóstico, se possível com umlote distinto do que foi utilizado inicialmente.3.5. Persistindo o resultado inválido, uma amostra <strong>de</strong>verá sercoletada por punção venosa e submetida ao Fluxograma Mínimo parao Diagnóstico Laboratorial da Infecção pelo HIV em Indivíduos comIda<strong>de</strong> acima <strong>de</strong> 18 Meses, <strong>de</strong> acordo com o Anexo III a esta Portaria.4. Do Laudo4.1. Deverá constar, no laudo do diagnóstico rápido da infecçãopelo HIV, o nome do ensaio e as metodologias <strong>de</strong> cada conjuntodiagnóstico utilizado.4.2. Deverá constar, no mesmo laudo, a interpretação finaldo resultado da amostra, que será: Amostra Reagente para HIV ouAmostra Não Reagente para HIV.4.3. O laudo <strong>de</strong>verá estar <strong>de</strong> acordo com o disposto na ResoluçãoRDC nº 302/ANVISA, <strong>de</strong> 13 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 2005, suas alterações, ououtro instrumento legal que venha a substituí-la.


184Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais · Secretaria <strong>de</strong>Vigilância em Saú<strong>de</strong> · Ministério da Saú<strong>de</strong>5. Consi<strong>de</strong>rações e Recomendações1. Não existem testes laboratoriais que apresentem 100% <strong>de</strong>sensibilida<strong>de</strong> e 100% <strong>de</strong> especificida<strong>de</strong>. Em <strong>de</strong>corrência disso,resultados falso-negativos, falso-positivos, in<strong>de</strong>terminadosou discrepantes entre os testes distintos po<strong>de</strong>m ocorrer narotina do laboratório clínico.2. Janela imunológica é o tempo entre a exposição doindivíduo ao vírus e o surgimento <strong>de</strong> marcadores <strong>de</strong>tectáveisno organismo (antígeno ou anticorpo). O diagnósticolaboratorial é <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte do tempo <strong>de</strong>corrido entre ainfecção do indivíduo e sua resposta imunológica.3. Os testes <strong>de</strong> triagem que combinam em sua metodologiaantígeno e anticorpo permitem a <strong>de</strong>tecção precoce da infecçãopelo HIV, quando comparados aos testes confirmatórios que<strong>de</strong>tectam apenas anticorpos.Portanto, resultados falso-negativos na Etapa II po<strong>de</strong>mocorrer quando da utilização dos testes que <strong>de</strong>tectam apenasanticorpos na Etapa II.4. O resultado laboratorial indica o estado sorológico doindivíduo e <strong>de</strong>ve ser associado à história clínica e/ouepi<strong>de</strong>miológica do indivíduo.5. Testes moleculares RNA e/ou DNA, embora não sejampreconizados para o diagnóstico da infecção pelo HIV, po<strong>de</strong>mser úteis para auxiliar a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> casos in<strong>de</strong>terminados,principalmente em gestantes.6. Quando houver a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> investigação <strong>de</strong>soroconversão, recomenda-se proce<strong>de</strong>r à coleta <strong>de</strong> uma novaamostra 30 dias após a coleta da primeira amostra, e repetiro conjunto <strong>de</strong> procedimentos seqüenciados <strong>de</strong>scritos nestaPortaria.7. A <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong> anticorpos anti-HIV, em crianças comida<strong>de</strong> inferior a 18 meses, não caracteriza infecção, <strong>de</strong>vidoà transferência dos anticorpos maternos anti-HIV pelaplacenta, sendo necessária a realização <strong>de</strong> outros testescomplementares para a confirmação do diagnóstico.8. É obrigatória a solicitação <strong>de</strong> um documento oficial <strong>de</strong>i<strong>de</strong>ntificação do indivíduo que será submetido à coleta.


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 185Esse documento <strong>de</strong>ve ser conferido, tanto no momento doregistro no serviço <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, quanto no momento da coletada amostra.Parágrafo único. Essa exigência não se aplica aos serviçosque realizam o diagnóstico anônimo da infecção pelo HIV.Nesse caso, <strong>de</strong>ve-se comunicar ao indivíduo, no momentodo aconselhamento pré-teste, que não será entregue cópia dolaudo por escrito.9. É <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> dos serviços <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> que ofertam odiagnóstico do HIV realizar o aconselhamento, informarsobre os procedimentos a serem realizados e os possíveisresultados e garantir o sigilo e confi<strong>de</strong>ncialida<strong>de</strong>.


186Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais · Secretaria <strong>de</strong>Vigilância em Saú<strong>de</strong> · Ministério da Saú<strong>de</strong>Anexo IIIFluxograma mínimo para o diagnóstico laboratorial da infecçãopelo HIV em indivíduos com ida<strong>de</strong> acima <strong>de</strong> 18 mesesAmostra(soro, plasma, sanguetotal ou sangue secoem papel filtro)Realizar Teste 1Coletar nova amostra após30 dias caso persista asuspeita <strong>de</strong> infecção.Legenda:Fluxograma mínimo para o diagnóstico laboratorial da infecção pelo HIV em indivíduos com ida<strong>de</strong> acima <strong>de</strong> 18 mesesColetar nova amostra apósResultadoPrimeiraAmostra30 dias caso persista aResultadoNão Reagente? Não Amostra?Não Não In<strong>de</strong>terminada suspeita <strong>de</strong> infecção.Reagente?para HIVSimSimSimRealizoua Etapa II?AmostraNão Reagentepara HIVSimResultadoResultadoNãoAmostraReagente?In<strong>de</strong>terminadoReagentepara HIVColetar segunda amostraSimo mais rápido possível erepetir o fluxograma.Realizar Teste 2NãoResultadoResultadoResultadoNãoReagente?Não Reagente? NãoIn<strong>de</strong>terminadoSimColetar nova amostra após 30dias e repetir o fluxograma.AmostraColetar segunda amostraAmostraPersistindo a discordânciaReagente o mais rápido possível eSimIn<strong>de</strong>terminadainvestigar soroconversão,para HIVrepetir a Etapa I.para HIVHIV-2 ou outras patologiasque não o HIV.Processo pre<strong>de</strong>finido Processo Exige uma tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisãoFinalizadorEtapa IIEtapa I


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 187Anexo IVFluxograma para o diagnóstico da infecção pelo HIV em situaçõesespeciaisFluxograma para o diagnóstico rápido da infecção pelo HIV em situações especiais*AmostraRealizar TesteRápido 1 (TR1)Válido?SimNãoAmostraRealizar TesteResultadoRealizar TesteResultadoSimSim Válido? Sim SimReagenteRápido 1 (TR1)Reagente?Rápido 2 (TR2)Reagente?para HIVSimNãoNãoAmostraRealizar TesteVálido?Não ReagenteRápido 2 (TR2) Simpara HIVNãoColetar nova amostra após30 dias caso persista aVálido?suspeita <strong>de</strong> infecção.NãoColher uma amostra por punção venosaNãoe submeter ao Fluxograma mínimo dodiagnóstico laboratorial da infecção pelo HIV.* As situações especiais estão <strong>de</strong>scritas no anexo II <strong>de</strong>sta portariaLegenda:Processo pre<strong>de</strong>finido Processo Exige uma tomada <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisãoFinalizador


188Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais · Secretaria <strong>de</strong>Vigilância em Saú<strong>de</strong> · Ministério da Saú<strong>de</strong>ANEXO VMo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> Solicitação <strong>de</strong> Teste Molecular para Gestante comAmostra In<strong>de</strong>terminadaTimbre da Unida<strong>de</strong> SolicitanteSOLICITAÇÃO DE TESTE MOLECULAR PARAGESTANTENome da gestante:___________________________________________________Data <strong>de</strong> Nascimento:___________________________________________________Laboratório Solicitante:___________________________________________________Material biológico: SANGUE TOTALData da Coleta da Primeira amostra para sorologia do HIV: _______Data do Resultado da Primeira amostra para sorologia do HIV: ____Data da Coleta da Segunda amostra para sorologia do HIV: _______Médico Solicitante:___________________________________________________Assinatura:___________________________________________________CARIMBO:___________________________________________________Nota: Esta solicitação <strong>de</strong> teste molecular para <strong>de</strong>tecção do RNA e/ouDNA do HIV-1. Pró Viral, visa auxiliar a <strong>de</strong>finição do diagnósticoda infecção pelo HIV-1 para resultado in<strong>de</strong>terminado. Sendo assim,<strong>de</strong>verá ser analisada com especial atenção e a interpretação feitajuntamente com os dados clínicos e outros achados laboratoriais.Data da Solicitação_____/_____/_____DOU


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 189Principais interaçõesenvolvendo antirretroviraisAnexo BABACAVIR (ABC)ATAZANAVIR (ATV)Álcool (etanol): po<strong>de</strong> reduzir a eliminação doABC e aumentar o risco <strong>de</strong> efeitos adversosAnti-inflamatórios não hormonais: po<strong>de</strong>ocorrer aumento da concentração plasmáticados anti-inflamatóriosEntecavir: risco <strong>de</strong> acidose láticaFenitoína e fenobarbital: po<strong>de</strong>m reduzir aconcentração plasmática do ABCMetadona: necessário monitorar concentraçõesplasmáticasTenofovir: a associação po<strong>de</strong> aumentar o risco<strong>de</strong> resistência às drogas e a toxicida<strong>de</strong>Atenolol: sem alterações significativasAtorvastatina, pravastatina e rosuvastatina:aumento dos níveis séricos dos inibidores daHMG-coA-redutase; iniciar com a menor dose emonitorarCetoconazol: não é necessário ajuste <strong>de</strong> doses(poucos dados)Cimetidina e ranitidina: intervalo mínimo <strong>de</strong>12h (só 1x/dia)Claritromicina: aumento <strong>de</strong> 50% dos níveisséricos <strong>de</strong> claritromicina; reduzir dose ou evitarassociação(CONTINUA)


190Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais · Secretaria <strong>de</strong>Vigilância em Saú<strong>de</strong> · Ministério da Saú<strong>de</strong>(CONTINUAÇÃO)AZT (Zidovudina)Didanosina tamponada: reduz a absorção doATV; administrar 2h antes ou 1h após o ATVDiltiazem: aumento dos níveis séricos dodiltiazem em até 125%; reduzir a dose dodiltiazem em 50%Ecstasy (Metilenodioximetanfetamina):aumento do efeito do ecstasy; interação comtodos os inibidores da protease, efavirenz enevirapinaEfavirenz: reduz nível sérico do ATV; associarritonavir 100mg/dia e mudar dose do ATV para300mg/diaEsomeprazol, omeprazol, lansoprazol,pantoprazol e outros: reduzem absorção doATV; não associar em nenhuma circunstânciaEtinilestradiol, noretindrona: reduz o nívelsérico do anticoncepcional, mas não háinteração significativa e não é necessário <strong>de</strong>ajuste <strong>de</strong> doseRifabutina: consi<strong>de</strong>rar redução da dose <strong>de</strong>rifabutina para 150mg em dias alternados ou3x/semanaTenofovir: usar obrigatoriamente com ritonavir(100mg/dia) no esquema. Mudar dose do ATVpara 300mg/diaÁcido valproico: aumento dos níveis séricos doAZTAnfotericina-B: aumento <strong>de</strong> anemia enefrotoxicida<strong>de</strong>Atovaquone: aumento dos níveis séricos do AZTClaritromicina: diminuição dos níveis do AZT(tomar com 2h <strong>de</strong> intervalo)Estavudina: antagonismo; contraindicada aassociaçãoDapsona: aumento da mielotoxicida<strong>de</strong>Fenitoína: diminuição dos níveis séricos <strong>de</strong>fenitoínaFluconazol: aumento da toxicida<strong>de</strong> do AZT com400mg/dia <strong>de</strong> fluconazol(CONTINUA)


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 191(CONTINUAÇÃO)DARUNAVIR (DRV)Ganciclovir: aumento da leucopenia. Usoconcomitante <strong>de</strong>ve ser evitado, exceto seassociado a G-CSFInterferon: aumento da leucopeniaParacetamol: aumento dos níveis séricos <strong>de</strong> AZTProbenecida: aumento dos níveis séricos <strong>de</strong> AZT(maior toxicida<strong>de</strong>); rashRifampicina e rifabutina: diminuição dos níveisséricos <strong>de</strong> AZTAmiodarona, bepridil, quinidina, lidocaína,flecainida, propafenona: não associarAntiácidos: intervalo mínimo <strong>de</strong> 2h entre asdrogasAstemizol, cisaprida, ergotamina, echinacea,erva <strong>de</strong> São João, midazolam, triazolam,pimozida, rifampicina, terfenadina,carbamazepina, fenitoína, fenobarbital: nãocoadministrarAtorvastatina, pravastatina e rosuvastatina:aumento dos níveis séricos dos inibidores daHMG-coA-redutase. Iniciar com a menor dose emonitorarCetoconazol, fluconazol, itraconazol: precauçãocom uso prolongado e dose > 200mg/diaCicosporina e outros imunossupressores:monitorar clinicamente (aumento dos níveisséricos dos imunossupressores)Claritromicina: não é necessário ajuste da dose,exceto em caso <strong>de</strong> insuficiência renalDidanosina tamponada: intervalo mínimo <strong>de</strong> 1hantes ou 2h após o DRVDiltiazem, felodipina, nicardipina, verapamil,nisoldipina: precaução; monitorar clinicamenteEfavirenz: evitar coadministração (poucosdados); redução dos níveis séricos do DRVEtinilestradiol: redução da concentração doetinilestradiol em até 44%. Usar outro métodocontraceptivo(CONTINUA)


192Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais · Secretaria <strong>de</strong>Vigilância em Saú<strong>de</strong> · Ministério da Saú<strong>de</strong>(CONTINUAÇÃO)DIDANOSINA (ddI)Felodipina, nifedipina, nicardipina: aumento daconcentração plasmática <strong>de</strong>ssas drogas (maiortoxicida<strong>de</strong>); consi<strong>de</strong>rar redução <strong>de</strong> doses emonitorarGlimepirida, pioglitazona, tolbutamida:monitorar glicemia (poucos dados)Lopinavir: não coadministrar (redução i > 50%dos níveis séricos do DRV)Lovastatina e sinvastatina: não usarMeperidina: evitar uso prolongado (maiortoxicida<strong>de</strong>)Metadona: ocorre redução <strong>de</strong> 50% daconcentração plasmática da metadona;necessário aumento da doseRanitidina, omeprazol, esomeprazol,pantoprazol e similares: intervalo mínimo <strong>de</strong> 2hRifabutina: reduzir dose da rifabutina para150mg em dias alternados ou 3x/semanaSil<strong>de</strong>nafil, tadalafil, var<strong>de</strong>nafil: não exce<strong>de</strong>rmeta<strong>de</strong> da dose, com intervalo mínimo <strong>de</strong>48-72h (25mg <strong>de</strong> sil<strong>de</strong>nafil a cada 48h; 10mg<strong>de</strong> tadalafil a cada 72h; 2,5mg <strong>de</strong> var<strong>de</strong>nafil acada 72h)Trazodona: maior toxicida<strong>de</strong>; reduzir dose datrazodonaVoriconazol: não usarWarfarina: monitorar níveis séricos dawarfarina (existem poucos dados)Álcool (etanol): aumento da frequência <strong>de</strong>pancreatiteAlimentos: diminuem a absorção do ddI; tomarcom estômago vazio (manter jejum <strong>de</strong> 2h antese 1h após a dose)Cetoconazol: diminuição da absorção docetoconazol; intervalo mínimo <strong>de</strong> 2hCiprofloxacina: diminuição da absorção doantibiótico. O ddI <strong>de</strong>verá ser tomado 6h antesou 2h após a ciprofloxacinaDapsona: diminuição da absorção da dapsona;intervalo mínimo <strong>de</strong> 2h(CONTINUA)


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 193(CONTINUAÇÃO)ENFUVIRTIDA (T20)ESTAVUDINA (d4T)FOSAMPRENAVIR(FPV) eAMPRENAVIR (APV)Itraconazol: diminuição da absorção doitraconazol; intervalo mínimo <strong>de</strong> 2hPentamidina: aumento da frequência <strong>de</strong>pancreatiteTenofovir: reduzir dose do ddI para 250mg/diapara pacientes > 60kg. Evitar associação; maiortoxicida<strong>de</strong> e maior risco <strong>de</strong> falha precoceRifampicina: não há alterações dos níveis dasdrogasAZT: antagonismo; associação contraindicadaDidanosina e outras drogas que causamneuropatia: aumento do risco <strong>de</strong> neuropatiaperiféricaIsoniazida, vincristina e outras drogasneurotóxicas: evitar associaçãoZalcitabina: associação contraindicadaAlfentanil, alprazolam, diazepam, flurazepam,amiodarona, bepridil, diltiazem, fentanil,flecainida, propafenona, nifedipina, verapamil,quinidina, lidocaína, warfarina, fenitoína,fenobarbital, carbamazepina: precaução(monitorar)Amitriptilina e similares: po<strong>de</strong>m ser associados,mas <strong>de</strong>vem ser monitorados <strong>de</strong>vido a aumentoda concentração plasmática dos anti<strong>de</strong>pressivostricíclicosAntiácidos: intervalo mínimo <strong>de</strong> 1 a 2h entreas drogasAstemizol, cisaprida, ergotamina, echinacea,erva <strong>de</strong> São João, lovastatina, midazolam,pimozida, rifampicina, sinvastatina,terfenadina, triazolam: não coadministrarAtorvastatina, pravastatina e rosuvastatina:aumento dos níveis séricos dos inibidores daHMG-coA-redutase; iniciar com a menor dose emonitorarCetoconazol, itraconazol: evitar uso prolongado(não exce<strong>de</strong>r dose <strong>de</strong> 200mg/dia)Cimetidina, ranitidina, famotidina e similares:evitar associação (se o uso for necessário, fazerintervalo mínimo <strong>de</strong> 2h)(CONTINUA)


194Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais · Secretaria <strong>de</strong>Vigilância em Saú<strong>de</strong> · Ministério da Saú<strong>de</strong>(CONTINUAÇÃO)INDINAVIR (IDV)Dexametasona: reduz níveis <strong>de</strong> FPVDidanosina tamponada: 1h antes ou 2h após oantiviralEfavirenz: aumentar dose <strong>de</strong> ritonavir para300mg/dia quando associar FPV (dose únicadiária) e efavirenzEtinilestradiol: toxicida<strong>de</strong> hepática e risco <strong>de</strong>menor eficácia do etinilestradiol (usar outrométodo contraceptivo)Fluticazona inalada ou intranasal (propionato):risco <strong>de</strong> supressão adrenal e síndrome <strong>de</strong>CushingLopinavir: não coadministrar (doses nãoconhecidas e maior toxicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ambos)Metadona: monitorar (redução da concentraçãoda metadona)Metronidazol e tinidazol: não coadministrarcom solução oral contendo álcoolOmeprazol, lansoprazol, pantoprazol,esomeprazol e similares: não há interação comFPV (po<strong>de</strong>m ser usados no mesmo horário)Rifabutina: reduzir dose da rifabutina para150mg/dia ou 300mg 2 a 3x/semanaSaquinavir: não coadministrar (doses nãoconhecidas e maior toxicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ambos)Sil<strong>de</strong>nafil, tadalafil, var<strong>de</strong>nafil: não exce<strong>de</strong>rmeta<strong>de</strong> da dose, com intervalo mínimo <strong>de</strong>48-72h (25mg <strong>de</strong> sil<strong>de</strong>nafil a cada 48h; 10mg<strong>de</strong> tadalafil a cada 72h; 2,5mg <strong>de</strong> var<strong>de</strong>nafil acada 72h)Trazodona: maior toxicida<strong>de</strong> (reduzir dose datrazodona)Atorvastatina, pravastatina e rosuvastatina:aumento dos níveis séricos dos inibidores daHMG-coA-redutase; iniciar com a menor dose emonitorarCetoconazol: aumento dos níveis <strong>de</strong> IDV em70%Didanosina tamponada: <strong>de</strong>ve ser administrada1h antes ou 2h após o IDV(CONTINUA)


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 195(CONTINUAÇÃO)LOPINAVIR(coformulado comritonavir – LPV/r)Drogas contraindicadas: terfenadina, astemizol,cisaprida, midazolam, triazolam, ergotamina,rifampicina, estatinas (inibidores da HMG-CoAredutase)Ecstasy (Metilenodioximetanfetamina):aumento do efeito do ecstasy (interação comtodos os IP, efavirenz e nevirapina)Ergotamina: aumento da toxicida<strong>de</strong> daergotamina; não usarErva <strong>de</strong> São João (Hypericum perforatum) e<strong>suplemento</strong>s à base <strong>de</strong> alho: redução dos níveisséricos <strong>de</strong> todos os inibidores da protease (IP);não usarRifabutina: diminuição dos níveis <strong>de</strong> IDV eaumento dos níveis <strong>de</strong> rifabutina em 170%Rifampicina: diminuição dos níveis <strong>de</strong> IDV eaumento dos níveis <strong>de</strong> rifampicina; não usarAmiodarona, bepridil, lidocaína (sistêmica),quinidina, ciclosporina, felodipina, nifedipina,nicardipina: aumento do risco <strong>de</strong> efeitosadversos (monitorar níveis séricos casoassociados)Astemizol, terfenadina: não usarAtorvastatina, pravastatina e rosuvastatina:aumento dos níveis séricos dos inibidores daHMG-coA-redutase; iniciar com a menor dose emonitorarCarbamazepina, fenitoína, fenobarbital,<strong>de</strong>xametasona: redução dos níveis séricos <strong>de</strong>LPV/r; não associarClaritromicina: aumento dos níveis séricos <strong>de</strong>claritromicina; o ajuste <strong>de</strong> dose é necessáriosomente se houver disfunção renal (seclearance <strong>de</strong> creatinina < 60ml/dl, reduzir dose<strong>de</strong> claritromicina em 50%)Cetoconazol: aumento <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 3x dos níveisséricos do cetoconazol; não associarDidanosina: redução da absorção <strong>de</strong> LPV/r;administrar com intervalo mínimo <strong>de</strong> 2hEcstasy (Metilenodioximetanfetamina):aumento do efeito do ecstasy (interação comtodos os IP, efavirenz e nevirapina)(CONTINUA)


196Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais · Secretaria <strong>de</strong>Vigilância em Saú<strong>de</strong> · Ministério da Saú<strong>de</strong>(CONTINUAÇÃO)NELFINAVIR (NFV)Efavirenz ou nevirapina: diminuição dos níveisséricos <strong>de</strong> LPV/r (aumentar dose <strong>de</strong>ste para 4cáps. <strong>de</strong> 12/12h)Ergot: não usarErva <strong>de</strong> São João (Hypericum perforatum) e<strong>suplemento</strong>s à base <strong>de</strong> alho: redução dos níveisséricos <strong>de</strong> todos os inibidores da protease (IP);não usarEtinilestradiol: po<strong>de</strong> reduzir o nível sérico doanticoncepcional em até 42%; usar métodoanticoncepcional alternativoRifabutina: reduzir a dose <strong>de</strong> rifabutina para150mg em dias alternadosRifampicina: ainda em avaliação em estudos(poucos dados sobre doses do LPV/r)Sil<strong>de</strong>nafil, tadalafil, var<strong>de</strong>nafil: não exce<strong>de</strong>rmeta<strong>de</strong> da dose, com intervalo mínimo <strong>de</strong>48-72h (25mg <strong>de</strong> sil<strong>de</strong>nafil a cada 48h; 10mg<strong>de</strong> tadalafil a cada 72h; 2,5mg <strong>de</strong> var<strong>de</strong>nafil acada 72h)Astemizol, terfenadina: não usarBenzodiazepínicos: aumento dos níveis <strong>de</strong>stes;evitar associaçãoCarbamazepina, fenitoína, fenobarbital:alteração dos níveis do NFV e dosanticonvulsivantes - não associar Cetoconazol,itraconazol: aumento dos níveis séricos <strong>de</strong> NFVClaritromicina, eritromicina: aumento dos níveis<strong>de</strong>stes e <strong>de</strong> NFVCisaprida: não usarContraceptivos orais (etinilestradiol):diminuição dos níveis <strong>de</strong> etinilestradiolEcstasy (Metilenodioximetanfetamina):aumento do efeito do ecstasy (interação comtodos os IP da protease, efavirenz e nevirapina)Ergotamina: aumento da toxicida<strong>de</strong> daergotaminaErva <strong>de</strong> São João (Hypericum perforatum) e<strong>suplemento</strong>s à base <strong>de</strong> alho: redução dos níveisséricos <strong>de</strong> todos os inibidores da protease (IP);não usar(CONTINUA)


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 197(CONTINUAÇÃO)RITONAVIR (RTV)Inibidores da protease (IP): o uso <strong>de</strong> ritonavir e<strong>de</strong> indinavir aumenta os níveis séricos <strong>de</strong> NFV; osaquinavir não interfere nestesOmeprazol, lansoprazol, pantoprazol,esomeprazol e similares: não usar com NFVAtorvastatina, pravastatina e rosuvastatina:aumento dos níveis séricos dos inibidores daHMG-coA-redutase; iniciar com a menor dose emonitorarRifabutina, rifampicina: aumento dos níveisséricos <strong>de</strong> rifabutina (diminuir dose para150mg/dia) e rifampicina; diminuição dos níveisdo NFVAnfetaminas: aumento <strong>de</strong> 2 a 3x dos níveisséricos das anfetaminasBepridil: associar com cautela (aumento datoxicida<strong>de</strong>)Carbamazepina: diminuição dos níveis <strong>de</strong> RTVClaritromicina: aumento dos níveis <strong>de</strong>claritromicinaDexametasona: diminuição dos níveis <strong>de</strong> RTVDrogas que não po<strong>de</strong>m ser coadministradas:meperidina, piroxicam, amiodarona, ecainida,quinidina, astemizol, terfenadina, cisaprida,ergotamina, lovastatina, sinvastatinaErgotamina: aumento da toxicida<strong>de</strong> daergotamina (não usar)Ecstasy (Metilenodioximetanfetamina):aumento do efeito do ecstasy entre 5-10x,com risco <strong>de</strong> morte (interação com todos os IP,efavirenz e nevirapina)Erva <strong>de</strong> São João (Hypericum perforatum) e<strong>suplemento</strong>s à base <strong>de</strong> alho: redução dos níveisséricos <strong>de</strong> todos os inibidores da protease (IP);não usarFenitoína, fenobarbital, carbamazepina: nãousarKetamina (Special K): risco <strong>de</strong> hepatite químicaMetadona: monitorar clinicamente (redução daconcentração plasmática da metadona)(CONTINUA)


198Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais · Secretaria <strong>de</strong>Vigilância em Saú<strong>de</strong> · Ministério da Saú<strong>de</strong>(CONTINUAÇÃO)SAQUINAVIR (SQV)Midazolam, alprazolam, clorazepato,diazepam, flurazepam, estazolam, triazolam,zolpi<strong>de</strong>m: risco <strong>de</strong> aumento dos efeitos <strong>de</strong>ssesmedicamentos (sedação prolongada)Nevirapina: não há alteração dos níveisséricos <strong>de</strong> ambas as drogas; entretanto, ocorreaumento no risco <strong>de</strong> hepatotoxicida<strong>de</strong>Ni<strong>de</strong>dipina: importante interação (hipotensãograve e insuficiência renal)Rifabutina e rifampicina: diminuição daconcentração plasmática do RTV e aumentoda concentração plasmática da rifabutina e darifampicinaSaquinavir: aumento dos níveis séricos <strong>de</strong>saquinavirSil<strong>de</strong>nafil, tadalafil, var<strong>de</strong>nafil: não exce<strong>de</strong>rmeta<strong>de</strong> da dose, com intervalo mínimo <strong>de</strong>48-72h (25mg <strong>de</strong> sil<strong>de</strong>nafil a cada 48h; 10mg<strong>de</strong> tadalafil a cada 72h; 2,5mg <strong>de</strong> var<strong>de</strong>nafil acada 72h)Warfarina: alteração da concentraçãoplasmática do anticoagulante (poucos dados;monitorar)Astemizol: aumento dos níveis <strong>de</strong> ambas asdrogas; não usarCarbamazepina: diminuição dos níveis <strong>de</strong> SQVCetoconazol: aumento dos níveis do SQV em150%Clindamicina: aumento dos níveis daclindamicinaDapsona: aumento dos níveis da dapsonaDelavirdina: gran<strong>de</strong> aumento dos níveis séricos<strong>de</strong> SQV (não associar)Dexametasona: diminuição dos níveis <strong>de</strong> SQVEcstasy (Metilenodioximetanfetamina):aumento do efeito do ecstasy (interação comtodos os IP, efavirenz e nevirapina)Ergotamina: aumento da toxicida<strong>de</strong> daergotamina (não usar)(CONTINUA)


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 199(CONTINUAÇÃO)TENOFOVIR (TDF)Erva <strong>de</strong> São João (Hypericum perforatum),<strong>suplemento</strong>s à base <strong>de</strong> alho: redução dos níveisséricos <strong>de</strong> todos os inibidores da protease (IP);não usarEstatinas: não associar, exceto pravastatinaFenitoína: diminuição dos níveis <strong>de</strong> SQVFenobarbital: diminuição dos níveis <strong>de</strong> SQVFluconazol: aumento dos níveis <strong>de</strong> SQVIndinavir, amprenavir: não associar com SQVNevirapina, efavirenz: diminuição dos níveisséricos <strong>de</strong> SQV (só <strong>de</strong>vem ser associados se oritonavir fizer parte do esquema)Rifabutina: diminuição dos níveis <strong>de</strong> SQV(melhor não usar)Rifampicina: diminuição dos níveis <strong>de</strong> SQV; altatoxicida<strong>de</strong> (contraindicada a associação)Ritonavir: aumento dos níveis séricos <strong>de</strong> SQVSil<strong>de</strong>nafil, tadalafil, var<strong>de</strong>nafil: não exce<strong>de</strong>rmeta<strong>de</strong> da dose com intervalo mínimo <strong>de</strong>48-72h (25mg <strong>de</strong> sil<strong>de</strong>nafil a cada 48h; 10mg<strong>de</strong> tadalafil a cada 72h; 2,5mg <strong>de</strong> var<strong>de</strong>nafil acada 72h)Terfenadina: risco <strong>de</strong> arritmia ventricular; nãousarAbacavir: não ocorre alteração dasconcentrações plasmáticas; a associaçãopo<strong>de</strong> aumentar a toxicida<strong>de</strong> e o risco <strong>de</strong><strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> resistênciaAminoglicosí<strong>de</strong>os, antibióticos polipeptí<strong>de</strong>ose polimixina, vancomicina, anfotericina B,a<strong>de</strong>fovir, cidofovir, foscarnet, cisplatina, lítio,mesalamina, alguns imunossupressores,pentamidina IV, altas doses <strong>de</strong> metotrexate e<strong>de</strong> anti-inflamatórios não hormonais: maiortoxicida<strong>de</strong> renalAtazanavir: redução dos níveis séricos <strong>de</strong>atazanavir (> 40%); não usar sem associarritonavir ao esquema (100mg/dia). Mudar dosedo ATV para 300mg/dia(CONTINUA)


200Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais · Secretaria <strong>de</strong>Vigilância em Saú<strong>de</strong> · Ministério da Saú<strong>de</strong>(CONTINUAÇÃO)Didanosina: aumento da concentraçãoplasmática da didanosina (maior risco <strong>de</strong>pancreatite e <strong>de</strong> neuropatia periférica);reduzir dose da didanosina para 250mg/dia empacientes com peso > 60kg. Há maior risco <strong>de</strong>falha precoceEntecavir: maior toxicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ambos e maiorrisco <strong>de</strong> acidose láticaMetformina, cimetidina, ranitidina,procainamida, flecainida, quinidina,cidofovir, aciclovir, valaciclovir, ganciclovire valganciclovir (mecanismo competitivo nainibição da excreção renal): potencial interação,aumentando o nível sérico do TDF e/ou dosantivirais e maior risco <strong>de</strong> efeitos adversos


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 201ElaboraçãoCapítulo 2 - Estratégias <strong>de</strong> redução <strong>de</strong> risco <strong>de</strong>transmissão sexual do HIV no planejamento dareprodução para pessoas que vivem e convivemcom HIV/aidsElaboração:Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais/SVSEquipe técnica:Departamento <strong>de</strong> DST e Aids e Hepatites Virais/SVSRonaldo HallalAndrea da Silveira RossiDenise SerafimDenis RibeiroValdir PintoRachel BaccariniMarcelo Araújo <strong>de</strong> Freitas Ivo BritoDulce Ferraz MariaMariângela Galvão SimãoDirceu GrecoIvo Ferreira BritoConsultor externoEmilia Moreira Jalil


202Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais · Secretaria <strong>de</strong>Vigilância em Saú<strong>de</strong> · Ministério da Saú<strong>de</strong>Comitê Assessor em Terapia Antirretroviral para Adultosinfectados pelo HIVAdriano Silva <strong>de</strong> OliveiraAlexandre LemgruberAndré Vilela LomarArtur Olhovetchi KalichmannBeatriz GrinsztejnBetina DurovniCaio RosenthalCelso Ferreira Ramos FilhoDenize LotufoDirceu Bartolomeu GrecoÉrico Antonio <strong>de</strong> ArrudaJosé Luiz Andra<strong>de</strong> NetoMárcia Cristina Rachid <strong>de</strong> LacerdaMariângela Galvão SimãoMario SchefferMônica Jacques <strong>de</strong> MoraesNêmora Tregnago BarcellosOlavo Munhoz LeiteRachel BaccariniRicardo KuchembeckerRicardo Sobhie DiazRonaldo Campos HallalRosálie KnollRosana Del BiancoUnaí TupinambásValdiléa G. Veloso dos SantosValeria Cavalcanti RollaComitê Assessor <strong>de</strong> Terapia Antirretroviral em Gestantesinfectadas pelo HIVDéa Suzana Miranda GaioEduardo Campos <strong>de</strong> OliveiraEdvaldo da Silva SouzaEsaú Custódio João FilhoGeraldo DuarteHelaine Maria Besteti Pires Mayer MilanêsJorge Figueiredo Senise


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 203Márcia Maria Ferrairo Janini Dal FabbroMarcelo Araújo <strong>de</strong> FreitasMarcelo Joaquim BarbosaMarcelo Vianna VettoreMaria Luiza Bezerra MenezesRachel BaccariniRegis KreitchamannRonaldo Campos HallalRosa Maria <strong>de</strong> Souza Aveiro RuoccoRosana Del BiancoSilvia Aparecida Domingues <strong>de</strong> AlmeidaValdiléa Gonçalves Veloso dos SantosValéria SaraceniCapítulo 3 - Recomendações para abordagemda exposição sexual ao HIVElaboração:Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais/SVSEquipe técnica:Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais/SVSRonaldo HallalAndrea da Silveira RossiDenise SerafimRachel BaccariniMarcelo Araújo <strong>de</strong> Freitas Ivo BritoDulce Ferraz MariaMariângela Galvão SimãoDirceu GrecoIvo Ferreira BritoComitê Assessor em Terapia Antirretroviral para Adultosinfectados pelo HIVAdriano Silva <strong>de</strong> OliveiraAlexandre LemgruberAndré Vilela LomarArtur Olhovetchi Kalichmann


204Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais · Secretaria <strong>de</strong>Vigilância em Saú<strong>de</strong> · Ministério da Saú<strong>de</strong>Beatriz GrinsztejnBetina DurovniCaio RosenthalCelso Ferreira Ramos FilhoDenize LotufoDirceu Bartolomeu GrecoÉrico Antonio <strong>de</strong> ArrudaJosé Luiz Andra<strong>de</strong> NetoMárcia Cristina Rachid <strong>de</strong> LacerdaMariângela Galvão SimãoMario SchefferMônica Jacques <strong>de</strong> MoraesNêmora Tregnago BarcellosOlavo Munhoz LeiteRachel BaccariniRicardo KuchembeckerRicardo Sobhie DiazRonaldo Campos HallalRosálie KnollRosana Del BiancoUnaí TupinambásValdiléa G. Veloso dos SantosValeria Cavalcanti RollaComitê Assessor <strong>de</strong> Terapia Antirretroviral em Gestantesinfectadas pelo HIVDéa Suzana Miranda GaioEduardo Campos <strong>de</strong> OliveiraEdvaldo da Silva SouzaEsaú Custódio João FilhoGeraldo DuarteHelaine Maria Besteti Pires Mayer MilanêsJorge Figueiredo SeniseMárcia Maria Ferrairo Janini Dal FabbroMarcelo Araújo <strong>de</strong> FreitasMarcelo Joaquim BarbosaMarcelo Vianna VettoreMaria Luiza Bezerra MenezesRachel Baccarini


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 205Regis KreitchamannRonaldo Campos HallalRosa Maria <strong>de</strong> Souza Aveiro RuoccoRosana Del BiancoSilvia Aparecida Domingues <strong>de</strong> AlmeidaValdiléa Gonçalves Veloso dos SantosValéria SaraceniCapítulo 4 - Recomendações para abordagem daexposição ocupacional a materiais biológicos:HIV e hepatites B e CElaboração:Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais/SVSCoor<strong>de</strong>nação da Saú<strong>de</strong> do Trabalhador/SVSCoor<strong>de</strong>nação do Programa Nacional <strong>de</strong> Imunizações/SVSCoor<strong>de</strong>nação Geral <strong>de</strong> Laboratórios/SVSEquipe técnica:Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais/SVS econsultores convidadosAna Mônica MelloCarmen Regina Nery e SilvaCristiane RappariniDirceu Bartolomeu GrecoEvilene Lima Fernan<strong>de</strong>sEudóxia Rosa DantasHelena BernalJoão Gentilini Faciane <strong>de</strong> CastroJoceli F. A. Bettini <strong>de</strong> Albuquerque LinsLaura Alves <strong>de</strong> SouzaLeandro SantiLuciana Teodoro <strong>de</strong> Resen<strong>de</strong> LaraNaiara Paola Macedo Velásquez ThomazoniRachel BaccariniRicardo Ga<strong>de</strong>lha <strong>de</strong> Abreu


206Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais · Secretaria <strong>de</strong>Vigilância em Saú<strong>de</strong> · Ministério da Saú<strong>de</strong>Romina do Socorro Marques <strong>de</strong> OliveiraRonaldo HallalRosana Del BiancoThiago Rodrigues <strong>de</strong> AmorimValéria SaraceniCoor<strong>de</strong>nação Geral do Programa Nacional <strong>de</strong>ImunizaçõesMara El-Corab M. <strong>de</strong> OliveiraSandra Deotti <strong>de</strong> CarvalhoSirlene <strong>de</strong> Fátima PereiraCoor<strong>de</strong>nação Saú<strong>de</strong> do Trabalhador e consultoresconvidadosCarlos Augusto Vaz <strong>de</strong> SouzaMaria da Graça HoefeDvora JovelevitnzDamásio Trinda<strong>de</strong>Coor<strong>de</strong>nação Geral <strong>de</strong> LaboratóriosSandra Helena Maia GurgelCapítulo 5 - Recomendações para abordagemda violência sexual e prevenção das DST/aidsElaboração:Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais/SVSDepartamento <strong>de</strong> Ações Programáticas e Estratégicas/Área Técnica <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> da Mulher/SASEquipe técnica:Departamento <strong>de</strong> DST, Aids e Hepatites Virais/SVSRonaldo HallalDenise SerafimRachel BaccariniMarcelo Araújo <strong>de</strong> Freitas


Recomendações para terapia antirretroviral em <strong>adulto</strong>s infectadospelo HIV- 2008 - Suplemento III - Tratamento e prevenção 207Ivo Ferreira BritoDulce Ferraz MariaMariângela Galvão SimãoDirceu GrecoRomina do Socorro Marques <strong>de</strong> OliveiraHelena BernalConsultores externosEmilia Moreira JalilRosana Del BiancoIvete BoulosValéria Sarraceni

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