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Abordagem Fisioterapêutica na Incontinência Urinária de ... - UVA

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Curso <strong>de</strong> FisioterapiaBru<strong>na</strong> Paz RodriguesABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA NA INCONTINÊNCIAURINÁRIA DE ESFORÇO NA MULHER IDOSARio <strong>de</strong> Janeiro2008.01


2BRUNA PAZ RODRIGUESABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA NA ICONTINÊNCIAURINÁRIA DE ESFORÇO NA MULHER IDOSAMonografia <strong>de</strong> Conclusão <strong>de</strong> Cursoapresentada ao Curso <strong>de</strong> Fisioterapia daUniversida<strong>de</strong> Veiga <strong>de</strong> Almeida, comorequisito para obtenção do título <strong>de</strong>Fisioterapeuta.Orientador: Profª Ivone Brauns.Rio <strong>de</strong> janeiro2008.01


3BRUNA PAZ RODRIGUESABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA NA INCONTINÊNCIAURINÁRIA DE ESFORÇO NA MULHER IDOSAMonografia <strong>de</strong> Conclusão <strong>de</strong> Cursoapresentada ao Curso <strong>de</strong> Fisioterapia daUniversida<strong>de</strong> Veiga <strong>de</strong> Almeida, comorequisito para obtenção do título <strong>de</strong>Fisioterapeuta.Aprovada em: ____/____/2008.BANCA EXAMINADORAProf.Universida<strong>de</strong> Veiga <strong>de</strong> Almeida - Presi<strong>de</strong>nte da Banca Exami<strong>na</strong>dora.Prof.Universida<strong>de</strong> Veiga <strong>de</strong> Almeida - Membro da Banca Exami<strong>na</strong>dora.Prof.Universida<strong>de</strong> Veiga <strong>de</strong> Almeida - Membro da Banca Exami<strong>na</strong>dora.


4Agra<strong>de</strong>ço aos meus pais que tiveram extrema importância <strong>na</strong> realização e conclusão<strong>de</strong>ste trabalho, por não permitirem que eu <strong>de</strong>sistisse do curso, por me apoiarem e teremme dado forças nos momentos <strong>de</strong> fragilida<strong>de</strong>. Agra<strong>de</strong>ço a minha irmã, a minha avó eaos meus amigos pela compreensão. Agra<strong>de</strong>ço também a minha tia Marialba e a Deus,pois sem eles <strong>na</strong>da seria possível, principalmente o término do meu curso <strong>de</strong>Fisioterapia ao qual <strong>de</strong>dicarei toda a minha vida.


À minha querida orientadora, Professora IvoneBrauns, pelos conselhos sempre úteis eprecisos com que, sabiamente, conduziu estetrabalho.5


6“Para conhecermos os amigos é necessário passar pelo sucesso e pela <strong>de</strong>sgraça. Nosucesso, verificamos a quantida<strong>de</strong> e, <strong>na</strong> <strong>de</strong>sgraça, a qualida<strong>de</strong>.”Confúcio


7RESUMOA incontinência urinária (IU) é um problema que afeta milhões <strong>de</strong> pessoas em todo omundo, principalmente mulheres. A incontinência urinária <strong>de</strong> esforço (IUE) é o tipomais comum <strong>de</strong> IU, sendo que diversos estudos têm <strong>de</strong>monstrado a alta incidência <strong>de</strong>stapatologia, principalmente com o avançar da ida<strong>de</strong> e em mulheres multíparas. Existemdiversas opções para o tratamento da IUE, <strong>de</strong>ntre elas a terapia cirúrgica, farmacológicae as técnicas utilizadas pela fisioterapia. O objetivo <strong>de</strong>ste estudo é comprovar a eficácia<strong>de</strong> uma das técnicas mais simples e baratas para o tratamento da IUE: os exercícioscinesioterapêuticos. E, além disso, trazer maiores esclarecimentos acerca <strong>de</strong>steproblema tão comum, bem como melhorar a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida das pacientes tratadas.Palavras-chave: Incontinência Urinária, cinesioterapia, assoalho pélvico.


8ABSTRACTThe Uri<strong>na</strong>ry Incontinence (UI) is a disease that affects million of people in all the world,mainly women. The Stress Uri<strong>na</strong>ry Incontinence (SUI) is the most common kind of UI,and many studies have been <strong>de</strong>monstrated the high inci<strong>de</strong>nce of this pathology, mainlyat advanced age and multipary women. There are a lot of options for the SUI treatment,including the surgical treatment, the pharmacological therapy and the techniques usedby the physical therapy. The aim of this study is to prove the efficacy of one of thesimplest and cheapest techniques for the SUI treatment – the kinesiotherapics exercises.Besi<strong>de</strong>s, bring more enlightenment about this such common disease, as well improvethe life´s quality of the patients.Key-words:Uri<strong>na</strong>ry Incontinence, kinesiotherapy, pelvic floor.


9SUMÁRIOINTRODUÇÃO ..................................................................................................................10CAPÍTULO 1 - INCONTINÊNCIA URINÁRIA............................................................111.1 A Incontinência Urinária e o Envelhecimento...........................................................181.1.1 A<strong>na</strong>tomia Funcio<strong>na</strong>l do Assoalho Pélvico ..................................................................201.1.2 Consi<strong>de</strong>rações Anátomo Funcio<strong>na</strong>is da Fáscia Endopélvica e suas Complicações....23CAPÍTULO 2 - INCONTINÊNCIA URINÁRIA DE ESFORÇO.................................262.1 Classificação da Incontinência Urinária <strong>de</strong> Esforço .................................................272.1.1 Avaliação Pré-operatória do Prolapso <strong>de</strong> Cúpula Vagi<strong>na</strong>l..........................................302.1.2 Classificação dos Defeitos do Assoalho Pélvico.........................................................342.2 Correção Cirúrgica do Prolapso <strong>de</strong> Cúpula Vagi<strong>na</strong>l................................................392.2.1 Tratamento Cirúrgico ..................................................................................................432.2.2 Justificativa Para a Realização Laparoscópica............................................................44CAPÍTULO 3 - ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA DA I. U. E............................503.1 Cinesioterapia...............................................................................................................513.1.1 Exercícios Para a Musculatura do Assoalho Pélvico ..................................................553.1.2 Eletroestimulação........................................................................................................603.2 Recursos Reparadores e Avaliadores <strong>de</strong> Força do Assoalho Pélvico ......................63CONCLUSÃO ....................................................................................................................69REFERÊNCIAS .................................................................................................................70


10INTRODUÇÃOPara a Inter<strong>na</strong>tio<strong>na</strong>l Continence Society, a incontinência urinária é a perdainvoluntária <strong>de</strong> uri<strong>na</strong>, <strong>de</strong>monstrável objetivamente e que constitui um problemahigiênico e social. Tem causa multifatorial, sendo elemento gerador <strong>de</strong> exclusão social,interferindo <strong>na</strong> saú<strong>de</strong> física e mental da paciente e comprometendo sua qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>vida. A incontinência urinária <strong>de</strong> esforço (IUE) é o tipo mais freqüente <strong>de</strong> perdainvoluntária <strong>de</strong> uri<strong>na</strong> <strong>na</strong> mulher. Fatores <strong>de</strong> risco citados para o <strong>de</strong>senvolvimento daIUE incluem ida<strong>de</strong> avançada, obesida<strong>de</strong>, partos vagi<strong>na</strong>is, <strong>de</strong>ficiência estrogênica,condições associadas a aumento <strong>de</strong> pressão intra-abdomi<strong>na</strong>l, tabagismo, doenças docolágeno, neuropatias e histerectomia prévia (GUARISIA, 2001).Há uma prevalência <strong>de</strong> incontinência urinária <strong>de</strong> 15% a 30% <strong>na</strong>s mulheres comida<strong>de</strong> acima <strong>de</strong> 60 anos. Porém, a incidência <strong>de</strong> IUE po<strong>de</strong> estar sendo subestimada,<strong>de</strong>vido à relutância das pacientes em procurar assistência médica, ou por se sentiremconstrangidas, ou por acharem que esse problema não é suficientemente grave paranecessitar <strong>de</strong> avaliação médica. Na tentativa <strong>de</strong> solucio<strong>na</strong>r este problema, diversastécnicas <strong>de</strong> tratamento têm sido estudadas. O tratamento padrão para a IUE femini<strong>na</strong>tem sido a cirurgia (MARTINS, 2000). No entanto, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1999 a Organização Mundialda Saú<strong>de</strong> (OMS) recomenda a assistência fisioterapêutica em pacientes comincontinência urinária <strong>de</strong> esforço <strong>de</strong> leve a mo<strong>de</strong>rada como primeiro tratamento, sendoque após aproximadamente três meses, é que se <strong>de</strong>ve avaliar a necessida<strong>de</strong> dasalter<strong>na</strong>tivas cirúrgicas ou farmacológicas (O COFFITO, 2002).Um tratamento eficaz para a incontinência urinária requer a abordagem damulher como um todo, levando-se em consi<strong>de</strong>ração não ape<strong>na</strong>s a patologia, mastambém os aspectos sociais e emocio<strong>na</strong>is envolvidos, assim como ter um conhecimentosólido da a<strong>na</strong>tomia e fisiologia femini<strong>na</strong>. (POLDEN, 2002)Justifica-se a presente pesquisa pelo gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> mulheres que sãoacometidas pela incontinência urinária <strong>de</strong> esforço, muitas das quais não sabem que esteproblema po<strong>de</strong> ser tratado através <strong>de</strong> técnicas simples, e que por isso muitas vezes nãoprocuram ajuda especializada. O reforço muscular e a reeducação perineal adquiridosatravés dos exercícios cinesioterapêuticos, constituem uma forma interessante <strong>de</strong>tratamento para estas pacientes, visto que po<strong>de</strong>m evitar (ou ao menos adiar) anecessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma cirurgia ou do uso <strong>de</strong> fármacos pelo resto da vida para voltar a teruma continência normal.


11CAPÍTULO 1 - INCONTINÊNCIA URINÁRIAA incontinência urinária po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>finida <strong>de</strong> forma simples como ocomprometimento nos mecanismos <strong>de</strong> armaze<strong>na</strong>mento e <strong>de</strong> esvaziamento <strong>de</strong> uri<strong>na</strong>. Talcomprometimento tem se mostrado freqüente no sexo feminino, no entanto, não <strong>de</strong>veser consi<strong>de</strong>rado como um processo <strong>na</strong>tural do envelhecimento. A Socieda<strong>de</strong>Inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> Continência <strong>de</strong>finia a incontinência urinária como “a perda involuntária<strong>de</strong> uri<strong>na</strong>, que <strong>de</strong>termi<strong>na</strong> um <strong>de</strong>sconforto social ou higiênico, po<strong>de</strong>ndo ser <strong>de</strong>monstrável<strong>de</strong> modo objetivo”. No entanto, recentemente, a Socieda<strong>de</strong> Inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> Continênciaretirou o fragmento da <strong>de</strong>finição que se refere a um problema social, por consi<strong>de</strong>rá-loi<strong>na</strong><strong>de</strong>quado para <strong>de</strong>finir o sintoma e <strong>de</strong>cidiu <strong>de</strong>finir a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida como umassunto in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da incontinência urinária. Desse modo, segundo a nova <strong>de</strong>finição,a incontinência urinária é caracterizada por qualquer perda involuntária <strong>de</strong> uri<strong>na</strong>(VIANA, 2001).O extravasamento in<strong>de</strong>sejável <strong>de</strong> uri<strong>na</strong> é classificado como uma das queixasmédicas mais antigas. Atualmente a estatística <strong>de</strong>monstra a continuida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse sintoma,afetando cerca <strong>de</strong> milhões <strong>de</strong> homens e mulheres nos Estados Unidos. A prevalência <strong>na</strong>smulheres é duas vezes maior que nos homens, afetando todos os grupos etários comuma porcentagem <strong>de</strong> 15 a 30%. Mesmo apresentando alta incidência, ainda há umgran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> mulheres que não buscam auxílio médico. Muitas mulheres nãoconsi<strong>de</strong>ram a perda urinária como um problema, o que po<strong>de</strong> ser confirmado empesquisa realizada nos Países Baixos e Estados Unidos, quando as mulheres utilizam-se<strong>de</strong> recursos como protetores, no entanto, não buscam tratamento (BEZERRA, 2008).A incontinência urinária não é um diagnóstico, mas sim um sintoma. Os idososformam o grupo com maior probabilida<strong>de</strong> para sofrer <strong>de</strong> incontinência urinária, todaviaesta condição não está diretamente ligada ao envelhecimento. O impacto causado peloenvelhecimento está relacio<strong>na</strong>do à diminuição da complacência uretral ou ausência <strong>de</strong>contratilida<strong>de</strong> do <strong>de</strong>trusor. Além disso, a ida<strong>de</strong> ten<strong>de</strong> a diminuir o suporte do colovesical, o comprimento da uretra e a competência do assoalho pélvico que oferecesuporte suplementar à uretra. Desse modo, há coexistência <strong>de</strong> fatores exteriores ao tratourinário, que afetam a continência e que são mais freqüentes nos idosos (GUCCIONE,2002).A etiologia da incontinência urinária femini<strong>na</strong> é, com constância, multifatorial ealém da ida<strong>de</strong>, acima mencio<strong>na</strong>da, po<strong>de</strong>mos citar outro fator mais comum, o parto


12vagi<strong>na</strong>l. A literatura <strong>de</strong>monstra que o parto vagi<strong>na</strong>l provoca trauma neuromuscular e/ou<strong>de</strong>slocamento da fáscia pubocervical. Ao mesmo tempo, o parto vagi<strong>na</strong>l po<strong>de</strong> provocaro estiramento e compressão dos nervos da junção uretrovesical e dos músculoselevadores do ânus, estiramento e cisalhamento sobre os ligamentos da fásciaendopélvica entre a vagi<strong>na</strong>, bexiga, as sustentações uretrais e as fáscias da linha alba.Durante a gestação, o peso do bebê associado à placenta promove uma sobrecargadurante vários meses sobre o assoalho pélvico materno. Ainda <strong>na</strong> gestação, o aumentoda pressão intra-abdomi<strong>na</strong>l se transmite à bexiga, e pelo novo posicio<strong>na</strong>mento da porçãoproximal da uretra, ocorre a dificulda<strong>de</strong> <strong>na</strong> transmissão da pressão intra-abdomi<strong>na</strong>l àuretra, pelo aumento do volume uterino, provocando incontinência urinária (SOUZA,2002).A <strong>de</strong>ficiência do estrogênio também po<strong>de</strong> ser um fator predisponente da incontinênciaurinária, uma vez que o trato urinário inferior é rico em receptores <strong>de</strong> estrogênio. A açãodo estrogênio provoca o aumento do fluxo sanguíneo, e como conseqüência, promoveuma melhor coaptação da mucosa uretral, aumentando sua pressão e promovendo acontinência. A diminuição do estrogênio <strong>na</strong> menopausa po<strong>de</strong> atuar contribuindo para aincontinência urinária neste período. Outros fatores po<strong>de</strong>m ser citados comocontribuintes para a incontinência urinária. O tabagismo po<strong>de</strong> ser referido pelos danoscausados pela sustentação frente à tosse crônica, pelas contrações induzidas pelanicoti<strong>na</strong> no músculo <strong>de</strong>trusor e pelas alterações <strong>na</strong> síntese e qualida<strong>de</strong> do colágeno.Além do tabagismo, as cirurgias ginecológicas, constipação, levantamento constante <strong>de</strong>peso, <strong>de</strong>ficiência hormo<strong>na</strong>l, fatores neurológicos, <strong>de</strong>feitos congênitos ou adquiridos,bem como a obesida<strong>de</strong> que não provoca diretamente a incontinência, todavia, aumenta apressão intra-abdomi<strong>na</strong>l pelo aumento do volume da pare<strong>de</strong> abdomi<strong>na</strong>l (BEZERRA,2008).O diagnóstico diferencial da incontinência urinária em mulheres abrange váriascategorias. Diversos autores citam classificações ou subclasses da incontinência urinária<strong>de</strong> forma diferenciada. Para a perda <strong>na</strong> incontinência urinária <strong>de</strong> urgência existem duascausas principais: a urgência sensorial e a urgência motora. A urgência sensorial serefere à hipersensibilida<strong>de</strong> dos receptores da pare<strong>de</strong> da bexiga, e às vezes da uretra,causada por alguma patologia. Desse modo, assim que a bexiga enche contraçõesprecoces e não <strong>de</strong>sejadas do <strong>de</strong>trusor são produzidas. Quando a urgência é motora,ocorrem contrações involuntárias do músculo <strong>de</strong>trusor durante a fase <strong>de</strong> enchimento,


13sendo essas aparentemente espontâneas ou provocadas por ativida<strong>de</strong>s como caminhar outossir, po<strong>de</strong>ndo neste caso a incontinência urinária <strong>de</strong> urgência ser confundida com aincontinência urinária <strong>de</strong> esforço (POLDEN, 2002).Circunstancialmente, Souza (2002) faz a seguinte ressalva:“Esta condição <strong>de</strong>riva <strong>de</strong> uma lesãoparcial da medula espinhal ou do tronco cerebralque interrompe a maioria dos si<strong>na</strong>is inibitórios, oupor hipersensibilida<strong>de</strong> a acetilcoli<strong>na</strong>, aumento dasfibras sensitivas <strong>na</strong> submucosa, ativação dosreflexos medulares(...) Portanto, impulsosfacilitatórios passando continuamente ao longo damedula, mantêm os centros sacrais tão excitáveisque mesmo uma peque<strong>na</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> uri<strong>na</strong>provoca um reflexo da micção incontrolável...”A incontinência urinária mista é <strong>de</strong>finida como a combi<strong>na</strong>ção da incontinênciaurinária <strong>de</strong> esforço e <strong>de</strong> urgência. A hiperpressão abdomi<strong>na</strong>l e a contração não inibidado <strong>de</strong>trusor, que são as duas forças <strong>de</strong> expulsão, po<strong>de</strong>m superar as forças <strong>de</strong> retenção. Ea elevada freqüência da incontinência urinária mista é <strong>de</strong>corrente da fraquezaesfincteria<strong>na</strong>. A urgência miccio<strong>na</strong>l é clinicamente predomi<strong>na</strong>nte, sendo a mais<strong>de</strong>sconfortável socialmente (VIANA, 2001).A incontinência urinária por hiperfluxo po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>finida como a distensãoexcessiva da bexiga, apresentando uma varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> si<strong>na</strong>is e sintomas, que inclui ogotejamento freqüente ou constante, bem como si<strong>na</strong>is <strong>de</strong> incontinência urinária <strong>de</strong>esforço e <strong>de</strong> urgência (SOUZA, 2002).A incontinência urinária por hiperfluxo po<strong>de</strong> ser causada por obstrução da via <strong>de</strong>saída ou ser secundária a um músculo <strong>de</strong>strusor não contrátil ou hipocontrátil. Aobstrução <strong>de</strong> saída po<strong>de</strong> ser conseqüente a procedimentos cirúrgicos, procedimentouretral ou prolapso pélvico grave. A falta <strong>de</strong> contração do <strong>de</strong>trusor po<strong>de</strong> ser ocasio<strong>na</strong>dapelo uso <strong>de</strong> certos medicamentos, pela impactação fecal, após cirurgia pélvica radical edoenças neurológicas. A incontinência urinária <strong>de</strong> esforço, também conhecida como


14incontinência por estresse, é explicada através do mecanismo <strong>de</strong> hiperpressãoabdomi<strong>na</strong>l. O aumento <strong>de</strong> pressão abdomi<strong>na</strong>l referido ocorre através <strong>de</strong> manobras <strong>de</strong>esforço, como tossir, levantar peso, dar gargalhadas, espirrar, subir escadas, entre outros(VIANA, 2001).A incontinência urinária <strong>de</strong> urgência é caracterizada pela perda involuntária <strong>de</strong>uri<strong>na</strong>, via uretral, que ocorre simultaneamente a um forte <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> micção,acompanhada <strong>de</strong> contração do <strong>de</strong>trusor. Neste tipo <strong>de</strong> incontinência ocorre a contraçãoinvoluntária ou instabilida<strong>de</strong> do <strong>de</strong>trusor, bem como o relaxamento involuntário doesfíncter. As contrações que ocorrem no <strong>de</strong>trusor são involuntárias e durante a fase <strong>de</strong>enchimento vesical. Normalmente tais contrações não <strong>de</strong>veriam ocorrer ou a mulher<strong>de</strong>veria ser capaz <strong>de</strong> extinguir o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> micção por alguns minutos. O volume <strong>de</strong>uri<strong>na</strong> perdido no mecanismo <strong>de</strong> instabilida<strong>de</strong> vesical, outra <strong>de</strong>nomi<strong>na</strong>ção para aincontinência urinária <strong>de</strong> urgência, está diretamente relacio<strong>na</strong>do com a intensida<strong>de</strong> daurgência e o volume existente <strong>na</strong> bexiga (SOUZA, 2002).Segundo Guccione (2002), a incidência e a prevalência da incontinência uri<strong>na</strong>riasão extremamente variáveis, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da faixa etária e da população estudada.Consi<strong>de</strong>ra-se que a IU é um sintoma cuja prevalência é maior <strong>na</strong> população idosa, queten<strong>de</strong> a crescer <strong>na</strong> maioria dos países, tendo evoluído quanto em <strong>de</strong>senvolvimento, élícito supor que este problema ten<strong>de</strong> a se agravar. No Brasil, segundo as projeçõesestatísticas da Organização Mundial da Saú<strong>de</strong>, entre 1950 a 2025, a população <strong>de</strong> idososno país crescerá 16 vezes contra 5 vezes da população total, o que nos colocará emtermos absolutos com a sexta população <strong>de</strong> idosos do mundo. Vários trabalhoscorroboram um aumento da prevalência <strong>de</strong> IU com a ida<strong>de</strong>; apesar <strong>de</strong> haver diferenteopiniões quanto ao padrão <strong>de</strong>sse aumento. Com o avançar da ida<strong>de</strong> uma série <strong>de</strong>problemas <strong>de</strong> origem orgânica começa a surgir. Muitos <strong>de</strong>les estão implicados comocausadores ou facilitadores da IU, ficando por vezes difícil estabelecer uma relaçãocausa/efeito, em que pese o fato <strong>de</strong> que a IU é consi<strong>de</strong>rada hoje uma condiçãomultifatorial. Dentre os diversos aspectos sublinhados pelos autores, vale ressaltar queas mulheres experimentam a IU com uma freqüência duas vezes mais que os homens,com 15 a 30% das mulheres afetadas em todos os grupos etários e étnicos, visto que hárazões para a caracterização <strong>de</strong>stas como uma “população especial” frente aos sintomasda Incontinência Urinária. Sendo observados os seguintes dados relacio<strong>na</strong>dos ao perfildas mulheres que sofrem <strong>de</strong> incontinência urinária:


15Raça: Wilbur et al, avaliando características socio<strong>de</strong>mográficas, fatores biológicos esintomas em mulheres com ida<strong>de</strong> entre 35 e 69 anos, observaram <strong>na</strong>s <strong>de</strong> raça brancaum aumento significativo <strong>de</strong> queixas <strong>de</strong> perda urinária em relação às negras.Parida<strong>de</strong>: Milson e cols avaliaram 2.168 mulheres entre 36 e 46 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> eperceberam uma prevalência <strong>de</strong> 7,7% e 5,5 % <strong>de</strong> perda uri<strong>na</strong>ria entre nulíparas <strong>de</strong> 36e 46 anos. Quando observarão as mulheres com três ou mais partas (normais), essastaxas elevaram com o terceiro parto. Van Geelen et al19 verificaram, peloquestionário enviado a 2.157 mulheres com ida<strong>de</strong> entre 50 e 74 anos, que asmulheres histerectomizadas relatavam queixas urogenitais mo<strong>de</strong>radas e severas maisfreqüentemente do que as não histerectomizadas. Comparando-se esse estudoresultado aos dados encontrados por Milson15 com relação à parida<strong>de</strong> (11%), épossível inferir que a gravi<strong>de</strong>z a termo, por si só, predispõe a IUE. A prevalência emmulheres histerectomizadas (20,8%), comparativamente às não histerectomizadas(16,4%).Índice <strong>de</strong> Massa Corpórea: Existe uma correlação positiva entre o índice <strong>de</strong> massacorporal (IMC) e a prevalência <strong>de</strong> incontinência urinária. On<strong>de</strong> o índice <strong>de</strong> massacorporal foi significativamente maior no grupo <strong>de</strong> mulheres incontinentescomparados com as mulheres continentes. A obesida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser um possível fator<strong>de</strong> risco para a perda urinária, influindo negativamente sobre o controle da micção,uma vez que eleva a pressão exercida sobre o conteúdo vesical, potencializandoainda mais a ineficiência dos mecanismos <strong>de</strong> compensação do assoalho pélvico(Guccione, 2002).Menopausa: Há uma clara relação entre o aumento da prevalência <strong>de</strong> IU com aida<strong>de</strong>, não obstante fica difícil estabelecer se a maior prevalência é <strong>de</strong>corrente daqueda <strong>de</strong> estrógeno <strong>na</strong> menopausa ou ape<strong>na</strong>s parte do envelhecimento. O referidoautor a<strong>na</strong>lisou a influência da menopausa em mulheres <strong>de</strong> 46 e 56 anos que nãofaziam reposição hormo<strong>na</strong>l. Quando comparadas no geral, apresentavam a mesmaprevalência <strong>de</strong> IU (12,1 %). Entre 1.142 mulheres com 56 anos, ape<strong>na</strong>s 54 eram prémenopáusicas,comparadas com 1.257 <strong>de</strong> 1.416 mulheres com 46 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>(SOUZA, 2002).


16 Constipação: Os padrões intesti<strong>na</strong>is também po<strong>de</strong>m ser úteis no exame da IU,principalmente para i<strong>de</strong>ntificar qualquer constipação crônica que possa levar à<strong>de</strong>senervação muscular <strong>de</strong>vido ao estiramento excessivo do nervo pu<strong>de</strong>ndo,resultando em <strong>de</strong>smielinização. A constipação intesti<strong>na</strong>l crônica tem sido associadaà Incontinência Urinária, e a regularização <strong>de</strong> hábito intesti<strong>na</strong>l teria um provávelefeito benéfico sobre a continência urinária (Guccione, 2002).O processo <strong>de</strong> envelhecimento faz com que as pessoas fiquem mais vulneráveisàs doenças. E estes fatores somados acabam por trazer uma diminuição da qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>vida do idoso. Uma das alterações referidas nessa ida<strong>de</strong> é a incontinência urinária.Segundo a Inter<strong>na</strong>tio<strong>na</strong>l Continence Society (Socieda<strong>de</strong> Inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> Continência), aincontinência urinária é a perda involuntária <strong>de</strong> uri<strong>na</strong>. Essa condição, embora nãorepresente risco à vida, gera gran<strong>de</strong>s repercussões psicossociais <strong>na</strong>s pessoas portadoras,trazendo modificações negativas nos seus hábitos <strong>de</strong> vida, e po<strong>de</strong>ndo provocar até umisolamento social. A IU relacio<strong>na</strong>-se a comprometimento físico e psicossocial. Háevidências <strong>de</strong> que os incontinentes experimentam sentimentos <strong>de</strong> solidão, tristeza e<strong>de</strong>pressão mais expressivos que os continentes e que a influência da IU <strong>na</strong> qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>vida varia <strong>de</strong> acordo com o tipo <strong>de</strong> incontinência e com a percepção individual doproblema. Muitas mulheres <strong>na</strong> pós-menopausa acreditam que a incontinência urinária éinerente à ida<strong>de</strong>, não sendo passível <strong>de</strong> tratamento. Outras se sentem constrangidas pelaafecção e omitem seus sintomas dos familiares e dos médicos. Ainda assim, existemaquelas que procuram atendimento médico, porém, esbarram no custo ou <strong>na</strong><strong>de</strong>sinformação a respeito dos recursos diagnósticos e, não é raro receberem ape<strong>na</strong>stratamentos paliativos. As pacientes mais idosas po<strong>de</strong>m sofrer graves seqüelas queadvêm da perda <strong>de</strong> uri<strong>na</strong> constante, tais como escaras e celulites, sendo esta causafreqüente <strong>de</strong> inter<strong>na</strong>ção em casas <strong>de</strong> repouso (CARVALHO, 2000).A população idosa tem aumentado cada vez mais, principalmente pelo fato do<strong>de</strong>clínio das taxas <strong>de</strong> <strong>na</strong>talida<strong>de</strong> e mortalida<strong>de</strong> (transição <strong>de</strong>mográfica). Outro aspectoimportante é a mudança <strong>na</strong>s taxas <strong>de</strong> morbida<strong>de</strong> e mortalida<strong>de</strong>, isto é, as doençasinfecto-contagiosas estão dando lugar às doenças crônicas (transição epi<strong>de</strong>miológica).Portanto tor<strong>na</strong>-se cada vez mais importante pensar em prevenir problemas damusculatura do assoalho pélvico, abando<strong>na</strong>ndo o hábito <strong>de</strong> prestar atenção <strong>na</strong>sdisfunções quando os sintomas aparecem. Sabe-se que o número <strong>de</strong> pessoas com IUEvem acompanhando o aumento da longevida<strong>de</strong> da população, além disso, é freqüenteocorrer lesão dos músculos pélvicos durante um parto; redução dos níveis hormo<strong>na</strong>is da


17menopausa, <strong>de</strong>ntre outros citados. Esses músculos, ao contrário <strong>de</strong> outros em nossoorganismo, não movimentam um membro ou uma articulação, por esta razão suaatuação não é percebida e não se faz nenhuma ação no sentido <strong>de</strong> preservar a suasfunções (XHARDEZ, 2001).A prevenção visa à realização <strong>de</strong> exercícios que aumenta a força do esfíncterexterno da bexiga fortalecer a musculatura pélvica, mais especificadamente o músculoelevador do ânus; evitar contraturas; manter a tonicida<strong>de</strong> muscular; melhorar acapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> recrutamento da musculatura, melhorar a transmissão <strong>de</strong> pressões <strong>na</strong>uretra e também a coor<strong>de</strong><strong>na</strong>ção reflexa durante o esforço; reforçando assim omecanismo <strong>de</strong> continência e a coor<strong>de</strong><strong>na</strong>ção reflexa durante o esforço (XHARDEZ,2001).A reeducação pélvica perineal, a contração do intróito vagi<strong>na</strong>l contra aresistência, exercícios <strong>de</strong>scontraturantes; exercícios <strong>de</strong> Kegel e outros são algumastécnicas Fisioterapêuticas que po<strong>de</strong>m ser utilizadas <strong>de</strong> forma preventiva. Ofortalecimento <strong>de</strong>sses músculos é muito importante não só <strong>na</strong> gestão da incontinênciaurinária, mas sim durante toda a vida; pois os mesmos agem como uma re<strong>de</strong> para apoiaro útero, a bexiga, intestinos e outros órgãos do arcabouço pélvico (VIANA, 2001).Diversos estudos científicos indicam uma correlação positiva da Fisioterapia <strong>na</strong>abordagem <strong>de</strong> pacientes com IUE, <strong>de</strong>monstrando que esta é perfeitamente passível <strong>de</strong>tratamento conservador, sendo a primeira opção <strong>de</strong> escolha por 2/3 das mulheres comIUE se informadas sobre as alter<strong>na</strong>tivas não cirúrgicas e cirúrgicas. Essa modalida<strong>de</strong>terapêutica vem sendo utilizada como uma nova opção no tratamento da IU, seja no préoperatório<strong>de</strong> modo adjuvante, <strong>na</strong>queles casos <strong>de</strong> falhas do tratamento cirúrgico oucomo tratamento isolado <strong>na</strong> expectativa <strong>de</strong> uma melhor qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida. Ofisioterapeuta não está ape<strong>na</strong>s qualificado para cuidar do cliente individual, ele tambémpo<strong>de</strong> ser ativo <strong>na</strong> educação dos membros da comunida<strong>de</strong> sobre os mecanismos <strong>de</strong>continência e incontinência, e os possíveis fatores que possam interferir nestemecanismo, visto que a tendência contemporânea é a abordagem integral do paciente.Assim, o interesse em elaborar estratégias para resolver o problema, vem sendorenovado e buscando técnicas <strong>de</strong> baixo custo e menor risco para os pacientes(POLDEN, 2002).


181.1 - A Incontinência Urinária e o EnvelhecimentoO envelhecimento da população brasileira é um fenômeno relativamente novoem nosso país. Como ele é um evento multifatorial acarreta profundas transformações<strong>na</strong> vida das pessoas, especialmente <strong>na</strong> saú<strong>de</strong>, <strong>na</strong>s relações interpessoais, sociais,econômicas, entre outras. Tudo isso vem alterar a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida das pessoas emprocesso <strong>de</strong> envelhecimento, especialmente, no que tange a in<strong>de</strong>pendência e autonomia(GLASHAN, 2002).No Brasil, esse fenômeno <strong>de</strong> envelhecimento populacio<strong>na</strong>l vimos ocorrerespecialmente a partir da década <strong>de</strong> 50 do século passado. Segundo as projeçõesestatísticas da Organização Mundial <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> (OMS), realizadas em 1991, entre 1950 e2025 a população <strong>de</strong> idosos no Brasil crescerá 16 vezes, colocando o país, em termosabsolutos, como a sexta população <strong>de</strong> idosos no mundo. Se essas projeções seconfirmarem, o Brasil contará com mais <strong>de</strong> 32 milhões <strong>de</strong> pessoas com 60 anos oumais.Assim, a proporção <strong>de</strong> idosos, em relação ao total da população do país, passará <strong>de</strong>7,3%, em 1991 (11 milhões), para cerca <strong>de</strong> 15%, em 2025. Paralelamente ao aumentoda longevida<strong>de</strong> <strong>na</strong> população brasileira, verificamos uma crescente preocupação, porparte do governo, em criar políticas que atendam as <strong>de</strong>mandas <strong>de</strong>sse segmento dapopulação. Dados apresentados <strong>na</strong> Política Nacio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong> do Idoso, Portaria nº1.395/99, afirmam que, em menos <strong>de</strong> 40 anos, o Brasil passou <strong>de</strong> um perfil <strong>de</strong>morbimortalida<strong>de</strong> típico <strong>de</strong> uma população jovem, para um caracterizado porenfermida<strong>de</strong>s crônicas, próprias das faixas etárias mais avançadas, com custos diretos eindiretos mais elevados. Segundo informações contidas <strong>na</strong> Política Nacio<strong>na</strong>l <strong>de</strong> Saú<strong>de</strong>do Idoso (1999), essa mudança <strong>de</strong> perfil epi<strong>de</strong>miológico po<strong>de</strong> vir a gerar aumento <strong>de</strong><strong>de</strong>spesas médico-hospitalares, tor<strong>na</strong>ndo-se <strong>de</strong>sta forma, um gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>safio para asautorida<strong>de</strong>s sanitárias no sentido da criação <strong>de</strong> estratégias para enfrentamento doproblema (O COFFITO, 2002).Por outro lado, para o idoso, a sua saú<strong>de</strong> acaba sendo melhor estimada,conforme seu nível <strong>de</strong> in<strong>de</strong>pendência e autonomia. Segundo essa perspectiva, verificaseuma crescente necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> atenção especial à saú<strong>de</strong> do idoso, <strong>de</strong> tal forma quepromova uma assistência integral e lhe possibilite manter ou reabilitar suain<strong>de</strong>pendência e autonomia, tanto quanto possível. No entanto, vale lembrar que oenvelhecimento humano vem acompanhado <strong>de</strong> um <strong>de</strong>sgaste físico funcio<strong>na</strong>l do corpo e


19da mente, bem como <strong>de</strong> uma diminuição das respostas fisiológicas às ações do meio.Muitas alterações ficam bem evi<strong>de</strong>ntes: perda <strong>de</strong> peso, diminuição da estatura,mobilida<strong>de</strong> reduzida, pensamentos mais lentos e aprendizagem mais <strong>de</strong>morada. Essasalterações físicas e psicológicas geralmente acabam afetando a in<strong>de</strong>pendência do idoso,e contribuindo, assim, para uma qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida menor. Daí o motivo pelo qual oenvelhecimento é visto, muitas vezes, como doença, embora certas alteraçõesapresentadas pelo idoso sejam inerentes ao processo fisiológico do envelhecimento(GÉO, 2002).Os problemas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> consi<strong>de</strong>rados “típicos da terceira ida<strong>de</strong>”, e queapresentam uma alta taxa <strong>de</strong> prevalência, foram <strong>de</strong>nomi<strong>na</strong>dos por Ber<strong>na</strong>rd Isaacs comoos gigantes da geriatria: imobilida<strong>de</strong>, instabilida<strong>de</strong>, insuficiência cerebral, iatrogenia eincontinência”. Dentre as alterações citadas, comuns às pessoas idosas, dar-se-á foco, noprojeto <strong>de</strong> pesquisa que será apresentado a seguir, à incontinência urinária, que, além <strong>de</strong>possuir múltiplas etiologias gran<strong>de</strong> complexida<strong>de</strong> terapêutica, gera um enorme impactosobre a qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida <strong>de</strong>ssas pessoas. Sua abordagem, por esses motivos, também éconsi<strong>de</strong>rada um <strong>de</strong>safio para a fisioterapia (GLASHAN, 2002).A incontinência urinária traz ao indivíduo importantes repercussões físicas esociais, <strong>na</strong> forma como se manifesta, e segundo conceito da Inter<strong>na</strong>tio<strong>na</strong>l ContinenceSociety, trata-se <strong>de</strong> uma perda involuntária <strong>de</strong> uri<strong>na</strong>, que é um problema social ouhigiênico. Contudo, nem todos que possuem incontinência procuram ajuda profissio<strong>na</strong>l.Estima-se que uma a cada três pessoas que sofrem <strong>de</strong> incontinência sintam-seconstrangidas em falar sobre o assunto com familiares, amigos ou com um profissio<strong>na</strong>l<strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, fazendo com que essas pessoas convivam com o problema por muitos anos,sem procurar ajuda, e o consi<strong>de</strong>rem “normal”. Sabe-se, no entanto, que tais distúrbiosacabam por afetar diversos aspectos da vida, não só o físico, como também o social,psicológico, ocupacio<strong>na</strong>l, doméstico e sexual (GÉO, 2002).O trauma psicológico po<strong>de</strong> ser difícil <strong>de</strong> ser <strong>de</strong>tectado pelas pessoas próximas emesmo pelo indivíduo que se acostuma a conviver com o problema. É comum surgiremsensações <strong>de</strong> humilhação, ansieda<strong>de</strong>, solidão e culpa. Esses sentimentos po<strong>de</strong>m serreforçados pela reação dos amigos, médicos e enfermeiros, diante do problema. Muitosidosos acabam mudando sua roti<strong>na</strong> <strong>de</strong> vida diária e isolando-se. Deixam <strong>de</strong> freqüentarfestas, casas <strong>de</strong> amigos e familiares; muitas vezes impe<strong>de</strong>m visitas a sua própria casa,com receio <strong>de</strong> que as pessoas percebam o odor <strong>de</strong> uri<strong>na</strong>. Outro aspecto importante, éque os idosos com doenças crônicas po<strong>de</strong>m consi<strong>de</strong>rar a IU como um problema menor


20diante <strong>de</strong> sua saú<strong>de</strong> fragilizada, e muitos o encaram como <strong>de</strong>corrente do processo<strong>na</strong>tural <strong>de</strong> envelhecimento, inclusive os profissio<strong>na</strong>is da área da saú<strong>de</strong> poucoinformados (GLASHAN, 2002).A incontinência urinária leva, muitas vezes, à institucio<strong>na</strong>lização do idoso, ecalcula-se que esse distúrbio contribua para a inter<strong>na</strong>ção <strong>de</strong> até 50 a 60% dos pacientesque moram em casas <strong>de</strong> repouso, já que tor<strong>na</strong> muito difícil para as famílias continuaremcuidando do paciente em casa. Vários relatos indicam, consi<strong>de</strong>rando somente apopulação com mais <strong>de</strong> 60 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>, que 20 a 30% <strong>de</strong>la é constituída porportadores <strong>de</strong> incontinência urinária que moram em casa. Não há estabelecidas a realincidência e prevalência <strong>de</strong> IU no Brasil, todavia estima-se que nossos dados sejamsemelhantes aos dos EUA, em termos percentuais. Assim, acredita-se que a prevalência<strong>de</strong> IU em idosos seja <strong>de</strong> 15 a 30% <strong>na</strong> comunida<strong>de</strong> e 50% em instituições asilares. NosEUA, esses dados representam 12 milhões <strong>de</strong> pessoas, com gastos <strong>na</strong> or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 10bilhões <strong>de</strong> dólares por ano (GLASHAN, 2002).Embora a incontinência urinária não seja uma conseqüência normal doenvelhecimento, alterações do trato urinário relacio<strong>na</strong>das à ida<strong>de</strong> predispõem a pessoaidosa à incontinência. Os rins são os principais responsáveis pela regulação do volume<strong>de</strong> líquido e dos sólidos solúveis do corpo. É sabido que, com a ida<strong>de</strong>, ocorremmudanças <strong>na</strong> composição do corpo, diminuindo o conteúdo <strong>de</strong> água enquanto aumenta aconcentração <strong>de</strong> gordura. Os rins diminuem <strong>de</strong> tamanho e per<strong>de</strong>m a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong>concentrar a uri<strong>na</strong>, especialmente à noite. A bexiga apresenta menor capacida<strong>de</strong> e perdado tônus muscular. Ela po<strong>de</strong> não mais se esvaziar completamente durante o ato <strong>de</strong>uri<strong>na</strong>r. Com a ida<strong>de</strong>, a capacida<strong>de</strong> vesical diminuindo, aumentam as contraçõesinvoluntárias e, em especial para as mulheres, a redução fisiológica do estrogêniocontribui significativamente para a diminuição do tônus muscular. Essas alteraçõesfisiológicas acarretam alguns distúrbios urinários, incluindo a incontinência e ainfecção, sendo essas patologias responsáveis por gerarem muitos transtornos <strong>na</strong>qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida do idoso (GÉO, 2002).1.1.1 - A<strong>na</strong>tomia Funcio<strong>na</strong>l do Assoalho PélvicoO assoalho pélvico é um conjunto <strong>de</strong> partes moles que fecham a pelve, sendoformado por músculos, ligamentos e fáscias. Suas funções são <strong>de</strong> sustentar e suspen<strong>de</strong>r


21os órgãos pélvicos e abdomi<strong>na</strong>is, mantendo as continências urinária e fecal. Osmúsculos do assoalho pélvico também participam da função sexual e disten<strong>de</strong>m-se emsua porção máxima <strong>na</strong> passagem do produto conceptual. Atualmente, enten<strong>de</strong>-se comoassoalho pélvico todo o conjunto <strong>de</strong> estruturas que dá suporte às vísceras abdomi<strong>na</strong>is epélvicas. O assoalho pélvico consiste dos músculos coccígeos e elevadores do ânus, queconjuntamente são chamados <strong>de</strong> diafragma pélvico, que é atravessado à frente pelavagi<strong>na</strong> e uretra e ao centro pelo ca<strong>na</strong>l a<strong>na</strong>l. A musculatura estriada do assoalho pélvico,juntamente com a fáscia endopélvica, exerce papel fundamental no suporte dos órgãospélvicos e <strong>na</strong> manutenção da continência urinária (OLIVEIRA & LOPES, 2008).O músculo levantador do ânus se divi<strong>de</strong> em pubococcígeo, ileococcígeo epuborretal, os músculos bulbocavernoso, transverso superficial do períneo e oisquiocavernoso compõem o diafragma urogenital, e também a fáscia endopélvica que écomposta pelos ligamentos pubo-vesical, redondo do útero, úterossacro e ligamentocervical transverso e são importantes para manter a estruturas pélvicas em suasposições. Os músculos do assoalho pélvico são constituídos <strong>de</strong> 70% <strong>de</strong> fibras do tipo I(fibras <strong>de</strong> contração lenta) e 30% <strong>de</strong> fibras do tipo II (fibras <strong>de</strong> contração rápida). Assimas fibras do tipo I são responsáveis pela ação antigravitacio<strong>na</strong>l dos músculos doassoalho pélvico, mantendo o tônus constante e também <strong>na</strong> manutenção da continênciano repouso. E as do tipo II são recrutadas durante aumento súbito da pressão abdomi<strong>na</strong>lcontribuindo assim para o aumento da pressão <strong>de</strong> fechamento uretral (POLDEN, 2002).Segue abaixo a figura 01, on<strong>de</strong> se observa a musculatura do assoalho pélvico.FIGURA 01 – Períneo e Diafragma Urogenital: Sexo FemininoFonte - NETTER, F. H. Atlas Interativo <strong>de</strong> A<strong>na</strong>tomia Huma<strong>na</strong>, Artmed, 1999.


22A bexiga urinária está localizada posteriormente à sínfise púbica e anteriormenteao reto, e <strong>na</strong>s mulheres está em contato com o útero e a vagi<strong>na</strong>. A bexiga é um órgãopélvico muscular côncavo que possui quatro camadas: mucosa, submucosa, muscular eserosa (adventícia). A mucosa é composta <strong>de</strong> epitélio, que diminui em espessura quandoa bexiga enche-se e as células são distendidas. A camada submucosa serve para darsuporte à mucosa. A parte muscular é constituída por um músculo liso <strong>de</strong>nomi<strong>na</strong>do<strong>de</strong>trusor, e a camada serosa (exter<strong>na</strong>) é constituída <strong>de</strong> gordura e tecido conjuntivo, eaparece ape<strong>na</strong>s <strong>na</strong> face superior da bexiga. A uretra femini<strong>na</strong> apresenta em média quatrocentímetros <strong>de</strong> comprimento e também é composta por fibras musculares lisas (esfíncterinterno) e estriadas (esfíncter externo). As fibras lisas têm pouca varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> contraçãoespasmódica, possibilitando que se mantenha uma pressão <strong>de</strong> fechamento e, assim, acontinência urinária por período prolongado sem fadiga, e as fibras estriadas está sob ocontrole voluntário do sistema nervoso e po<strong>de</strong> ser usado para impedir conscientemente amicção, mesmo quando controles involuntários estão tentando esvaziar a bexiga(OLIVEIRA & LOPES, 2008).A submucosa constituída <strong>de</strong> tecido conjuntivo frouxo misturado com feixes <strong>de</strong>fibras musculares lisas é um elaborado plexo vascular, cria um efeito vital para omecanismo <strong>de</strong> continência. Sob o ponto <strong>de</strong> vista funcio<strong>na</strong>l, a integrida<strong>de</strong> da camada <strong>de</strong>músculo liso circundante mantém esse mecanismo, direcio<strong>na</strong>ndo as pressõessubmucosas <strong>de</strong> expansão para <strong>de</strong>ntro, em direção à mucosa. A integrida<strong>de</strong> do músculoliso e do tecido esponjoso vascular da uretra fornece uma importante contribuição parao mecanismo <strong>de</strong> fechamento, possuindo, portanto, gran<strong>de</strong> importância para acontinência urinária passiva normal. As fibras <strong>de</strong> músculo estriado, extrínsecas à uretrano nível do diafragma urogenital, fornecem ativida<strong>de</strong> esfincteria<strong>na</strong> reflexa e voluntária,contribuindo principalmente para a continência ativa (SIMÃO, 2001).Quando os músculos são mais requisitados do que o normal, eles são forçados aum trabalho extra para superar uma resistência ou carga. Este trabalho conduz a umaumento <strong>de</strong> força, pois o músculo se contrai e a síntese <strong>de</strong> proteí<strong>na</strong>s musculares éestimulada. Após um período <strong>de</strong> <strong>de</strong>scanso e recuperação, novas proteí<strong>na</strong>s sãoconstruídas tor<strong>na</strong>ndo as fibras musculares maiores em diâmetro e força (JUNQUEIRA,2004).


23Segue abaixo a figura 02 contendo a orientação e sustentação da bexiga.FIGURA 02 – Bexiga Urinária: Orientação e Sustentação.Fonte - NETTER, F. H. Atlas Interativo <strong>de</strong> A<strong>na</strong>tomia Huma<strong>na</strong>, Artmed, 1999.1.1.2 - Consi<strong>de</strong>rações Anátomofuncio<strong>na</strong>is da Fáscia Endopélvica e suasComplicaçõesA vagi<strong>na</strong> po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rada um tubo <strong>de</strong> tecido conjuntivo e fibromuscularcoberta inter<strong>na</strong>mente por mucosa vagi<strong>na</strong>l, e exter<strong>na</strong>mente pela fáscia endopélvica. Omecanismo <strong>de</strong> sustentação da vagi<strong>na</strong> provém <strong>de</strong> dois diferentes sistemas: a musculaturaestriada do assoalho pélvico que dá o suporte ativo (músculo elevador do ânus) e afáscia endopélvica que fornece o suporte passivo. A musculatura em situações <strong>de</strong>sobrecarga, como partos, aumento excessivo <strong>de</strong> peso etc, po<strong>de</strong> ser alongada, e a mucosavagi<strong>na</strong>l acompanha, mas a fáscia não possui elasticida<strong>de</strong>, portanto rompe-se ou


24<strong>de</strong>spren<strong>de</strong>-se <strong>de</strong> on<strong>de</strong> estava inserida, temos então a formação <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>iras hérnias,que <strong>na</strong>da mais são que os diferentes <strong>de</strong>feitos do assoalho pélvico (GOLDBERG, 2001).Existem três níveis <strong>de</strong> sustentação da vagi<strong>na</strong>, segundo Goldberg, 2001: Nível I – responsável pela sustentação da parte superior da vagi<strong>na</strong>, constituídopelo complexo cardi<strong>na</strong>l útero sacro inserido a ela em sentido vertical. Nível II - fixação da parte média da vagi<strong>na</strong> provém da fixação lateral da fásciapubocervical ao arco tendíneo da fáscia pélvica anteriormente e posteriormentepela fixação do septo reto vagi<strong>na</strong>l à fáscia do músculo ileococcígeo. Nivel III - A porção inferior é sustentada pela fusão da fáscia pubocervical aodiafragma urogenital e o septo reto vagi<strong>na</strong>l mistura-se ao corpo perineal,alémdisso lateralmente a vagi<strong>na</strong> está fixada à fáscia do pubococcígeo.Sendo assim uma ruptura no nível I resultaria num prolapso <strong>de</strong> cúpula vagi<strong>na</strong>l ouprolapso uterino e uma enterocele, segundo Goldberg, 2001:Uma lesão no nível II:• Se anterior uretro-cistocele• Se posterior retoceleNo nível III:• uretrocele ou <strong>de</strong>ficência do corpo perineal.Para enten<strong>de</strong>r como estas estruturas se dispõem espacialmente é necessárioestudar o conceito dos eixos vagi<strong>na</strong>is e conexões.I ) Eixo Vertical Superior :Seu trajeto passa quase que verticalmente da junção sacro ilíaca até a espinhaisquiática, seguindo alinhamento com os vasos ilíacos internos. A sustentação se fazpelo complexo ligamentar cardi<strong>na</strong>l útero sacro que tracio<strong>na</strong> o ápice da vagi<strong>na</strong>, a cérvicee o segmento inferior do útero posteriormente, em direção ao sacro posicio<strong>na</strong>ndo asvisceras sobre a placa dos elevadores.II) Eixo Horizontal Médio:Resultado do espessamento da fáscia endopélvica a fáscia paravagi<strong>na</strong>l a qual dásustentação horizontal à bexiga e 2/3 superiores <strong>de</strong> vagi<strong>na</strong> e reto. Na realida<strong>de</strong> se


25continua com o complexo cardi<strong>na</strong>l-úterossacro. Ao contrário das longas fibras <strong>de</strong>steúltimo as fibras paravagi<strong>na</strong>is são curtas e firmes conectando a fáscia endopélvica quecircunda bexiga, vagi<strong>na</strong> e reto ao arco tendíneo da fáscia pélvica (GOLDBERG, 2001).A fáscia endopélvica superiormente (entre bexiga e vagi<strong>na</strong>) é chamada fásciapubocervical e inferiormente (entre vagi<strong>na</strong> e reto) septo reto vagi<strong>na</strong>l.Sua inserção superior ao redor da porção supra vagi<strong>na</strong>l da cérvice forma o anelpericervical. A segunda plataforma horizontal é constituida pelo septo reto vagi<strong>na</strong>l oufáscia <strong>de</strong> Denonvilliers. O septo reto vagi<strong>na</strong>l se fun<strong>de</strong> inferiormente ao corpo perinealsuspen<strong>de</strong>ndo-o em direção ao sacro e superiormente ao anel pericervical e ligamentosútero sacros sua integrida<strong>de</strong> impe<strong>de</strong> a formação da retocele (GOLDBERG, 2001).III) Eixo Vertical Inferior:Eixo responsável pela orientação quase vertical da uretra, 1/3 inferior <strong>de</strong> vagi<strong>na</strong>e ca<strong>na</strong>l a<strong>na</strong>l. Atravessa perpendicularmente o hiato dos elevadores e períneo, incluindoambos os triângulos urogenital e a<strong>na</strong>l. O corpo perineal se encontra em posição centralentre os triângulos urogenital e a<strong>na</strong>l e serve <strong>de</strong> ponto <strong>de</strong> fusão para a fáscia <strong>de</strong> coberturae os músculos <strong>de</strong> compartimento superficial e profundo do triangulo urogenital o qualcontém estruturas <strong>de</strong> apoio para a uretra e vagi<strong>na</strong> distais (GOLDBERG, 2001).O septo reto vagi<strong>na</strong>l fun<strong>de</strong>-se ao corpo perineal , a integrida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste ajuda amanter a competência dos hiatos vagi<strong>na</strong>is. Quando a mulher está em pé os dois terçossuperiores da vagi<strong>na</strong> são mantidos pelos sistemas <strong>de</strong> sustentação próximo da posiçãohorizontal repousando sobre o músculo elevador do ânus (GOLDBERG, 2001).


26CAPÍTULO 2 – INCONTINÊNCIA URINÁRIA DE ESFORÇOA incontinência urinária <strong>de</strong> esforço é a perda involuntária da uri<strong>na</strong> resultante <strong>de</strong>qualquer ativida<strong>de</strong> que leve a um aumento da pressão intra-abdomi<strong>na</strong>l exce<strong>de</strong>ndo apressão <strong>de</strong> fechamento uretral. O termo incontinência <strong>de</strong> “esforço” foi cunhadoinicialmente por Sir Eardley, o qual <strong>de</strong>finiu essa condição como “perda <strong>de</strong> uri<strong>na</strong>através da uretra intacta, sob certas condições que causam aumento da pressão intraabdomi<strong>na</strong>l”(FREITAS, 2006).A incontinência urinária <strong>de</strong> esforço é uma situação bastante comum, entremulheres, particularmente durante e após as gestações. Ao contrário do quepopularmente se acredita, a incontinência urinária não é incomum entre a populaçãofemini<strong>na</strong> com menos <strong>de</strong> 40 anos. Atualmente, esse termo é empregado para <strong>de</strong>screvertanto um sintoma quanto um diagnóstico. Como sintoma, se refere meramente à perdada uri<strong>na</strong> associada a qualquer ativida<strong>de</strong> que aumente a pressão intra-abdomi<strong>na</strong>l, taiscomo tosse, espirro ou realização <strong>de</strong> esforços (SILVEIRA, 2002).Atualmente, esse termo é empregado para <strong>de</strong>screver tanto um sintoma quantoum diagnóstico. Como sintoma, se refere meramente à perda da uri<strong>na</strong> associada aqualquer ativida<strong>de</strong> que aumente a pressão intra-abdomi<strong>na</strong>l, tais como tosse, espirro ourealização <strong>de</strong> esforços. Quando se refere a um diagnóstico, po<strong>de</strong> significar qualquer tipo<strong>de</strong> disfunção miccio<strong>na</strong>l, incluindo a incontinência urinária <strong>de</strong> esforço verda<strong>de</strong>ira, ainstabilida<strong>de</strong> do <strong>de</strong>trusor, a incontinência por transbordamento, a hipotonicida<strong>de</strong> do<strong>de</strong>trusor e a instabilida<strong>de</strong> uretral. O termo incontinência urinária <strong>de</strong> esforço verda<strong>de</strong>ira éutilizado nos casos em que existe dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> enchimento da bexiga, cuja etiologia éunicamente uretral, ou seja, o enchimento da bexiga é impedido pela falha nomecanismo <strong>de</strong> fechamento uretral (MARTINS, 2000).Quando se refere a um diagnóstico, po<strong>de</strong> significar qualquer tipo <strong>de</strong> disfunçãomiccio<strong>na</strong>l, incluindo a incontinência urinária <strong>de</strong> esforço verda<strong>de</strong>ira, a instabilida<strong>de</strong> do<strong>de</strong>trusor, a incontinência por transbordamento, a hipotonicida<strong>de</strong> do <strong>de</strong>trusor e ainstabilida<strong>de</strong> uretral. O termo incontinência urinária <strong>de</strong> esforço verda<strong>de</strong>ira é utilizadonos casos em que existe dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> enchimento da bexiga, cuja etiologia éunicamente uretral, ou seja, o enchimento da bexiga é impedido pela falha nomecanismo <strong>de</strong> fechamento uretral (RIBEIRO E ROSSI, 2000).


27A incontinência urinária <strong>de</strong> esforço é a causa mais freqüente <strong>de</strong> incontinênciaurinária, com incidência variando <strong>de</strong> 14 a 52%. Estima-se que cerca <strong>de</strong> 40% dapopulação femini<strong>na</strong> apresenta algum tipo <strong>de</strong> incontinência urinária. Dentre estas, cerca<strong>de</strong> 50% tem incontinência urinária <strong>de</strong> esforço. A prevalência <strong>de</strong> incontinência urinária<strong>de</strong> esforço aumenta com a ida<strong>de</strong> e parida<strong>de</strong> <strong>de</strong> forma in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, e diversos fatorespo<strong>de</strong>m contribuir para agravar o quadro, além <strong>de</strong> <strong>de</strong>stacarem que as condições queproduzem aumento crônico <strong>na</strong> pressão intra-abdomi<strong>na</strong>l predispõem a todas as formas <strong>de</strong>distúrbio do assoalho pélvico, sobrecarregando os tecidos já danificados. Os fatores <strong>de</strong>risco incluem constipação, tosse crônica do fumante ou doença pulmo<strong>na</strong>r, obesida<strong>de</strong> eocupações que exigem levantamento crônico <strong>de</strong> peso (RIBEIRO E ROSSI, 2000).2.1 - Classificação da Incontinência Urinária <strong>de</strong> EsforçoA incontinência urinária <strong>de</strong> esforço, historicamente, era classificada em duascategorias: congênita e adquirida. A gran<strong>de</strong> maioria das pacientes se encaixava <strong>na</strong>última categoria, <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> subgrupos tais como pós-parto, pós-menopausa e pósoperatória.As causas congênitas da incontinência urinária <strong>de</strong> esforço são constituídaspelas raras <strong>de</strong>formida<strong>de</strong>s uretrais. Mais recentemente, <strong>na</strong> tentativa <strong>de</strong> se criar umaclassificação mais quantitativa e passível <strong>de</strong> reprodução, incorporaram-se os achadosurodinâmicos a esses esquemas, como visto <strong>na</strong>s classificações <strong>de</strong> McGuire e <strong>de</strong> Blaivase Olsson conforme abaixo <strong>na</strong> tabela 1.Tabela 1 – Classificação da Incontinência Urinária <strong>de</strong> Esforço.TipoTipo 0McGuireAusência <strong>de</strong> IUE verda<strong>de</strong>ira.Blaivas e OlssonColo vesical e uretra abertos sem evidênciasobjetivas <strong>de</strong> IUE.TIPO ITIPO IIIUE com mínima hipermobilida<strong>de</strong> dauretra, pressão <strong>de</strong> fechamento uretral >20cmH2O <strong>na</strong> posição supi<strong>na</strong> em repouso, comou sem a coexistência <strong>de</strong> cistocele.IUE com marcante hipermobilida<strong>de</strong> uretral,com prolapso e rotação, resultando emposicio<strong>na</strong>mento horizontal da uretra duranteo esforço, pressão <strong>de</strong> fechamento uretral>20 cmH2O <strong>na</strong> posição supi<strong>na</strong> em repouso.IUE objetiva <strong>de</strong>monstrada, colovesical e uretraabertos, que sofrem um prolapso <strong>de</strong> menos <strong>de</strong> 2cm durante o esforço, cistocele mínima ou ausente.a) IUE objetiva <strong>de</strong>monstrada, colo vesical e uretraabertos, que sofrem um prolapso <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 2 cmdurante o esforço, com cistocele.b) IUE objetiva <strong>de</strong>monstrada, colo vesical e uretraabaixo da sínfise em repouso, que po<strong>de</strong>m ou nãosofrer maior com o esforço.TIPO IIIIncapacida<strong>de</strong> prévia <strong>de</strong> suspensão do colovesical, ou pressão <strong>de</strong> fechamento uretral


28Raz et al. (apud WEI et al., 1999) propuseram uma classificação maisclinicamente relevante para a incontinência urinária <strong>de</strong> esforço. Consiste <strong>de</strong> duascategorias: alterações a<strong>na</strong>tômicas e disfunção esfincteria<strong>na</strong> intrínseca. No grupoa<strong>na</strong>tômico estão as pacientes que apresentam mau posicio<strong>na</strong>mento <strong>de</strong> uma unida<strong>de</strong>esfincteria<strong>na</strong> intacta, e no grupo da disfunção esfincteria<strong>na</strong> intrínseca estão as pacientescom disfunção do esfíncter, que po<strong>de</strong> ou não ser acompanhada <strong>de</strong> hipermobilida<strong>de</strong>.Gran<strong>de</strong> parte das pacientes apresenta algum componente <strong>de</strong> alteração a<strong>na</strong>tômicae <strong>de</strong> disfunção esfincteria<strong>na</strong> intrínseca, mas alguns casos possuem predomínio doprimeiro mecanismo e outros, do segundo. Toma-se como exemplo uma mulher quesofreu uma lesão pélvica inicial durante o parto. Na época, ela adquiriu essa alteraçãoa<strong>na</strong>tômica <strong>de</strong>vido ao enfraquecimento pélvico, mas pô<strong>de</strong> não manifestar incontinênciaurinária <strong>de</strong> esforço durante várias décadas. Ocorrerá incontinência urinária <strong>de</strong> esforçoquando houver progressão do componente <strong>de</strong> disfunção esfincteria<strong>na</strong> intrínseca(GOMES, 2000).Várias manobras <strong>de</strong> esforço, como a tosse, levantar peso ou subir escada, levamao aumento da pressão intra-abdomi<strong>na</strong>l e, por continuida<strong>de</strong> a<strong>na</strong>tômica, ao aumento dapressão <strong>na</strong> bexiga. Nestas situações <strong>de</strong> estresse, o aumento súbito e momentâneo dapressão do conteúdo vesical tem que ser correspondido por aumento concomitante eproporcio<strong>na</strong>l da pressão <strong>de</strong> fechamento uretral. Quando isso não ocorre, há perdainvoluntária <strong>de</strong> uri<strong>na</strong>. Um dos mecanismos pelo qual a uretra procura compensar esseaumento pressórico súbito é com a rápida contração da musculatura estriada <strong>de</strong> seuesfíncter externo, porém <strong>na</strong> mulher esse mecanismo não tem tanta eficiência quanto nohomem. A mulher se vale <strong>de</strong> outros mecanismos, <strong>de</strong>ntre eles a transmissão da pressãointra-abdomi<strong>na</strong>l também à uretra, transmissão essa facilitada pela localizaçãorelativamente intra-abdomi<strong>na</strong>l da uretra. Dessa forma equilibram-se as pressõesintravesical e <strong>de</strong> fechamento uretral, não permitindo a saída da uri<strong>na</strong>. Quando essesmecanismos <strong>de</strong> compensação uretral não funcio<strong>na</strong>m, há <strong>de</strong>sequilíbrio entre as pressões,permitindo haver escape da uri<strong>na</strong> pela uretra e <strong>de</strong>vido ao seu mecanismo esfincterianouretral, a mulher é mais sujeita a ter esse tipo <strong>de</strong> disfunção do que o homem (RIBEIROE ROSSI, 2000).A incontinência urinária <strong>de</strong> esforço ocorre em duas situações distintas. Naprimeira situação, que correspon<strong>de</strong> à gran<strong>de</strong> maioria dos casos, a uretra conserva afunção <strong>de</strong> esfíncter. Em repouso, a pressão uretral é maior que a pressão vesical,


29mantendo acontinência. No entanto, durante os esforços ocorre um aumento da pressãointraabdomi<strong>na</strong>l que não é transmitido igualmente para a uretra e para a bexiga, <strong>de</strong>maneira que a pressão vesical tor<strong>na</strong>-se maior que a pressão uretral, ocorrendo perdaurinária. A transmissão <strong>de</strong>sigual da pressão intra-abdomi<strong>na</strong>l ocorre <strong>de</strong>vido àhipermobilida<strong>de</strong> do colo vesical e da uretra proximal, que <strong>de</strong>corre do relaxamento doassoalho pélvico ou <strong>de</strong>feitos do suporte pélvico. Na segunda condição, ocorre a lesão domecanismo esfincteriano próprio da uretra. A pressão uretral é constantemente baixa e aperda da urinária ocorre geralmente aos mínimos esforços. Nesta situação, po<strong>de</strong> nãoexistir hipermobilida<strong>de</strong> do colo vesical, que em geral se encontra fixo com a uretrafibrosada (SILVEIRA, 2002).De acordo com Ribeiro e Rossi (2000), essa condição caracteriza-se por umaalteração no fechamento uretral, que po<strong>de</strong> ser diagnosticada por pressão <strong>de</strong> perdainferior a 60 cmH2O (ou pressão máxima <strong>de</strong> fechamento uretral inferior a 20 cmH2O).Várias condições po<strong>de</strong>m <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>r insuficiência esfincteria<strong>na</strong>: fibrose por cirurgiaspara correção <strong>de</strong> incontinência urinária <strong>de</strong> esforço, trauma, radiação, lesão congênita(meningomielocele, epispádias) e <strong>de</strong>ficiência estrogênica.A hipermobilida<strong>de</strong> do colo vesical é a causa <strong>de</strong> incontinência urinária <strong>de</strong> esforçoem 90% dos casos e o restante <strong>de</strong>corre da insuficiência esfincteria<strong>na</strong> associada ou não àhipermobilida<strong>de</strong>. A fonte mais comum <strong>de</strong> <strong>de</strong>ficiência do suporte pélvico parece estarrelacio<strong>na</strong>da ao trauma <strong>na</strong> infância e/ou histerectomia. O parto está associado a 2-6% dataxa <strong>de</strong> incontinência <strong>de</strong> esforço a longo prazo, e o parto vagi<strong>na</strong>l está relacio<strong>na</strong>do a umaincidência significativamente maior <strong>de</strong> incontinência urinária <strong>de</strong> esforço emcomparação ao parto cesáreo Do mesmo modo, as mulheres que apresentam rupturas <strong>de</strong>períneo e episiotomias possuem chances 3,8 vezes maiores <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolverincontinência. A cirurgia ginecológica e a cirurgia pélvica radical po<strong>de</strong>m levar aoprolapso dos órgãos pélvicos ou à <strong>de</strong>nervação da unida<strong>de</strong> esfincteria<strong>na</strong>. Alguns autoresenfatizaram a importância da <strong>de</strong>nervação da musculatura do assoalho pélvico <strong>na</strong> gênesedo relaxamento pélvico (RIBEIRO e ROSSI, 2000).Tem-se atribuído a IUE à ausência <strong>de</strong> pulsações vasculares uretrais em umpequeno grupo <strong>de</strong> pacientes. Essa explicação é adicio<strong>na</strong>lmente comprovada pelo achado<strong>de</strong> que o uso <strong>de</strong> estrogênio aumenta o diâmetro do lúmen vascular uretral e suaspulsações e esse po<strong>de</strong> ser em parte o mecanismo pelo qual esse hormônio po<strong>de</strong> diminuira incontinência em algumas pacientes. As mulheres nulíparas po<strong>de</strong>m apresentar


30sintomas gênito-urinários relacio<strong>na</strong>dos ao relaxamento do assoalho pélvico <strong>de</strong>vido àatrofia tecidual pós-menopausa. O fato <strong>de</strong> a incontinência urinária <strong>de</strong> esforço e outrasmanifestações do comprometimento do suporte pélvico ocorrerem com maiorfreqüência durante ou após a menopausa, ao invés <strong>de</strong> <strong>na</strong> época do trauma obstétrico ouginecológico, implica adicio<strong>na</strong>lmente alterações tróficas advindas <strong>de</strong> mudançashormo<strong>na</strong>is <strong>na</strong> perda do suporte pélvico (SILVEIRA, 2002).O reparo cirúrgico dos problemas uretrais po<strong>de</strong> por si só resultar em lesão domecanismo esfincteriano. A uretrotomia inter<strong>na</strong> e a uretroplastia são procedimentos quepo<strong>de</strong>m levar à incontinência (MOREIRA, 2001).2.1.1– Avaliação Pré-operatória do Prolapso <strong>de</strong> Cúpula Vagi<strong>na</strong>lUrodinâmicaA urodinâmica é <strong>de</strong>finida como o estudo dos fatores normais e anormais <strong>na</strong>armaze<strong>na</strong>gem, transporte e esvaziamento <strong>de</strong> uri<strong>na</strong> da bexiga e uretra por meio <strong>de</strong>qualquer método apropriado. A avaliação urodinâmica serve primordialmente paradistinguir a incontinência <strong>de</strong> esforço pura <strong>de</strong> outras varieda<strong>de</strong>s associadas comcontrações do <strong>de</strong>trusor (LINSENMEYER e STONE, 2002).UrofluxometriaA urofluxometria me<strong>de</strong> o volume <strong>de</strong> uri<strong>na</strong> elimi<strong>na</strong>do por unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tempo(fluxo urinário), sendo geralmente expresso em ml/s. O fluxo urinário (F) <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> dapressão vesical e da resistência uretral. A pressão vesical po<strong>de</strong> ser afetada por contração<strong>de</strong>trusora e/ou elevação da pressão intra-abdomi<strong>na</strong>l. Na mulher, a resistência uretral<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> basicamente do calibre e da extensão da zo<strong>na</strong> <strong>de</strong> resistência uretral ao fluxo, ocolo vesical e a uretra (GOMES, 2000).A urofluxometria é uma maneira simples e não invasiva <strong>de</strong> integrar a ativida<strong>de</strong>vesical e uretral <strong>na</strong> fase <strong>de</strong> esvaziamento. Na avaliação específica <strong>de</strong> queixa <strong>de</strong>incontinência, esse exame, por si só, tem pouco valor, po<strong>de</strong>ndo indicar algumaanormalida<strong>de</strong> miccio<strong>na</strong>l coexistente ou causadora da incontinência (GOMES, 2000).


31As pacientes <strong>de</strong>vem se apresentar para o exame com a bexiga confortavelmentecheia. Os valores <strong>de</strong> fluxo variam com o volume vesical, <strong>de</strong> tal forma que, em adultas,volumes <strong>de</strong> 200 a 400 ml resultam em valores mais confiáveis. Quando o enchimentovesical é inferior a 150 ml, o valor do exame é reduzido (GOMES, 2000).Na tabela 02, encontram-se os parâmetros fluxométricos normais.Tabela 02 – Parâmetros Fluxométricos NormaisFluxo urinárioPressão <strong>de</strong> micçãoUri<strong>na</strong> residualContração voluntária e mantida do <strong>de</strong>trusor> 15 ml/s< 50 cmH2O< 50 mlFonte: RIBEIRO, R. M.; ROSSI, P. Incontinência urinária <strong>de</strong> esforço. In: HALBE, H. W. Tratado <strong>de</strong>Ginecologia. 3ª ed. São Paulo: Roca, 2000.De um modo geral, o fluxo urinário é normal e contínuo até a bexiga estar vazia;a velocida<strong>de</strong> máxima do fluxo <strong>de</strong>ve exce<strong>de</strong>r <strong>de</strong> 15 ml/s. Mesmo com a verda<strong>de</strong>iraincontinência urinária <strong>de</strong> esforço, po<strong>de</strong> existir alguma variação, e a interpretação <strong>de</strong>veser feita consi<strong>de</strong>rando-se todos os dados físicos. Por exemplo, a presença <strong>de</strong> umacistocele po<strong>de</strong> interferir com o esvaziamento normal da bexiga, e produzir velocida<strong>de</strong>sdiminuídas do fluxo (LINSENMEYER e STONE, 2002).CistometriaA cistometria é a modalida<strong>de</strong> urodinâmica mais importante em pacientes comincontinência urinária, exami<strong>na</strong>ndo a fase <strong>de</strong> enchimento/reservatório vesical. Consiste<strong>na</strong> medição simultânea da pressão vesical (Pves) e do volume infundido, gerando curvaspressão-volume vesical. A Pves é a pressão total <strong>de</strong>ntro da bexiga, e correspon<strong>de</strong> à somada pressão gerada por eventos da pare<strong>de</strong> vesical (P<strong>de</strong>t) à pressão advinda <strong>de</strong> fontesextravesicais (Pabd) (LINSENMEYER e STONE, 2002).A P<strong>de</strong>t é influenciada por mecanismos ativos (contração <strong>de</strong>trusora) e passivos(resultantes da elasticida<strong>de</strong> da pare<strong>de</strong> vesical), nem sempre facilmente diferenciados, já


32que alterações da elasticida<strong>de</strong> vesical po<strong>de</strong>m ocorrer em virtu<strong>de</strong> da contração <strong>de</strong>trusora(GOMES, 2000).As técnicas da cistometria compreen<strong>de</strong>m <strong>de</strong>s<strong>de</strong> um exame simples à beira doleito a sofisticados estudos vi<strong>de</strong>ourodinâmicos com medição simultânea em múltiplosca<strong>na</strong>is. A cistometria feita no leito, após a micção, envolve encher a bexiga com águaatravés <strong>de</strong> uma sonda <strong>de</strong> Foley. Esta é geralmente presa por meio <strong>de</strong> um conector Y aum manômetro, que é usado para avaliar a elevação <strong>na</strong> pressão da água. Durante oenchimento vesical, a paciente é orientada para não uri<strong>na</strong>r nem tentar inibir a micção(LINSENMEYER e STONE, 2002).Na tabela 03 po<strong>de</strong>m ser observados os valores normais dos parâmetrosCistométricosTabela 03 – Parâmetros Cistométricos Normais.Primeiro <strong>de</strong>sejo150 – 250 mlForte <strong>de</strong>sejoSomente após 250 mlCapacida<strong>de</strong> cistométrica máxima400 – 600 mlComplacência20 – 100 cmH2OAusência <strong>de</strong> contrações não inibidasAusência <strong>de</strong> perda aos esforçosÀs manobrasAusência <strong>de</strong> perda por urgênciaProvocativaFonte: RIBEIRO, R. M.; ROSSI, P. Incontinência urinária <strong>de</strong> esforço. In: HALBE, H. W. Tratado <strong>de</strong>Ginecologia. 3ª ed. São Paulo: Roca, 2000.De regra, a prova <strong>de</strong> função do <strong>de</strong>trusor é normal, e se caracterizará por umajuste ao volume vesical crescente, enquanto mantém baixa a pressão intravesical, aausência <strong>de</strong> contrações involuntárias do <strong>de</strong>trusor e a capacida<strong>de</strong> para iniciarvoluntariamente a micção pela contração do <strong>de</strong>trusor; durante a micção a pressãoverda<strong>de</strong>ira do <strong>de</strong>trusor aumentará para 40-50 cmH2O (LINSENMEYER e STONE,2002).A sensibilida<strong>de</strong> da bexiga também <strong>de</strong>ve ser normal, segundo os mesmos autores.A paciente será capaz <strong>de</strong> perceber alterações da temperatura intravesical, o primeiro<strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> uri<strong>na</strong>r ocorrerá quase sempre com cerca <strong>de</strong> 150 ml, e uma forte premênciapara uri<strong>na</strong>r ocorrerá quando a capacida<strong>de</strong> da bexiga alcançar mais ou menos 450 ml. A


33verda<strong>de</strong>ira pressão do <strong>de</strong>trusor <strong>de</strong>ve permanecer baixa durante o enchimento da bexiga,e qualquer ativida<strong>de</strong> do <strong>de</strong>trusor que ocorra à medida que a bexiga alcança suacapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve ser voluntariamente suprimida (RIBEIRO e ROSSI, 2000).Residual Pós-micçãoUm dos testes <strong>de</strong> análise mais simples para avaliar o esvaziamento da bexiga é oresidual pós-micção; contudo, não <strong>de</strong>ve ser usado para caracterizar um tipo específico<strong>de</strong> disfunção <strong>de</strong> micção. O teste <strong>de</strong> uri<strong>na</strong> residual po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>do comcateterização ou ultra-som <strong>de</strong> bexiga (LINSENMEYER e STONE, 2002).O esvaziamento da bexiga é quase sempre normal, e a uri<strong>na</strong> residual geralmenteé pouca ou nula. Por outro lado, mesmo entre as pacientes com verda<strong>de</strong>ira incontinência<strong>de</strong> esforço, a presença <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> cistocele po<strong>de</strong> estar associada com umesvaziamento vesical <strong>de</strong>ficiente e uma elevada uri<strong>na</strong> residual (RIBEIRO e ROSSI,2000).Perfil UretralO comprimento total da uretra e, sobretudo, o comprimento funcio<strong>na</strong>l écaracteristicamente diminuído <strong>na</strong> verda<strong>de</strong>ira incontinência <strong>de</strong> esforço, em geral bemabaixo <strong>de</strong> 3 cm. A pressão uretral máxima estará diminuída não só <strong>na</strong> posição <strong>de</strong><strong>de</strong>cúbito dorsal como ereta (GOMES, 2000).O exame é realizado por tração mecânica contínua do cateter <strong>de</strong> pressão dabexiga através da uretra, com velocida<strong>de</strong> constante <strong>de</strong> 1 mm/s, mantendo-se umainfusão mínima <strong>de</strong> líquido pelo cateter, para que a pressão seja transmitidaa<strong>de</strong>quadamente. O estudo é repetido durante a manobra <strong>de</strong> esforço, observando seocorre um reforço da pressão. A resposta fisiológica do aumento da pressãointraabdomi<strong>na</strong>l é o aumento da pressão uretral (RIBEIRO e ROSSI, 2000).Como teste isolado seu valor é pequeno, uma vez que a pressão uretral diminuiapós a menopausa, não necessariamente levando a incontinência urinária <strong>de</strong> esforço. Operfil uretral é um exame estático, enquanto que a incontinência urinária <strong>de</strong> esforço é


34uma alteração dinâmica, apresentando baixa especificida<strong>de</strong> no diagnóstico <strong>de</strong>incontinência urinária <strong>de</strong> esforço. Quando a pressão uretral máxima é muito baixa (< 20– 30 cmH2O) po<strong>de</strong> auxiliar no diagnóstico <strong>de</strong> insuficiência intrínseca do esfíncter(GOMES, 2000).2.1.2 - Classificação dos Defeitos do Assoalho PélvicoA história sugere, mas não fornece diagnóstico diferencial dos <strong>de</strong>feitosexistentes. Uma paciente que relate uma protrusão ou o aparecimento <strong>de</strong> uma “bola” aosesforços ou ao evacuar, incontinência urinária aos esforços ou ainda a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>reduzir com os <strong>de</strong>dos uma massa posterior para evacuar nos levam ao exameginecológico cuidadoso avaliando cada compartimento separadamente (MOREIRA,2001).Existem várias classificações possíveis <strong>de</strong> serem adotadas para sistematizar ograu <strong>de</strong> lesão dos <strong>de</strong>feitos do assoalho pélvico, a maioria das classificações se baseia nograu <strong>de</strong> prolapso da cúpula vagi<strong>na</strong>l ou do útero. Tais classificações levam em conta oaspecto a<strong>na</strong>tômico e às vezes funcio<strong>na</strong>l dos prolapsos. Porém, parece mais importantei<strong>de</strong>ntificar qual <strong>de</strong>feito do aparelho <strong>de</strong> sustentação que causa <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>da alteração, doque simplesmente classificar o grau <strong>de</strong> prolapso (RAMOS, 2000).Para facilitar, os <strong>de</strong>feitos do assoalho pélvico po<strong>de</strong>m ser classificados, segundoRamos, 2000, da seguinte forma:• Anterior - ruptura da fáscia pubocervical (uretrocele e cistocele ) – Figura 3• Posterior - ruptura do septo reto vagi<strong>na</strong>l (retocele) – Figura 4.• Apical - ruptura do complexo ligamentar cardi<strong>na</strong>l útero sacral do anelpericervical. (prolapso uterino ou cúpula vagi<strong>na</strong>l, enterocele) – Figura 5.• Distal - (alargamento do hiato vagi<strong>na</strong>l e <strong>de</strong>struição do corpo perineal),diminuição da distância vagi<strong>na</strong>-ânus, mudança <strong>na</strong> orientação da placa doselevadores, eixo do útero apontando para o hiato, facilitando o <strong>de</strong>scenso –Figura 6.


35Deve-se sempre lembrar que o exame clínico é completamente diferente <strong>na</strong>paciente em repouso ou <strong>na</strong> paciente em posição semi-sentada (ângulo do encosto entre40 a 60 graus), esta última nos parece a mais a<strong>de</strong>quada para a avaliação (FEBRASGO,2004).Durante a laparoscopia após a realização do pneumoperitônio o aumento dapressão intra-abdomi<strong>na</strong>l promove uma exacerbação dos <strong>de</strong>feitos observadospreviamente <strong>na</strong> avaliação pré-operatória (FEBRASGO, 2004).Figura 03 - Defeito anteriorFonte: www.endoscopiaemginecologia.com.br/consensoUtilizando-se uma válvula <strong>de</strong> um espéculo para afastar a pare<strong>de</strong> vagi<strong>na</strong>lposterior é possível avaliar melhor o compartimento anterior(CURI, 2004). Existem 3<strong>de</strong>feitos no compartimento anterior que po<strong>de</strong>m resultar em cistouretrocele- Defeito CentralRuptura da fáscia pubocervical em sentido longitudi<strong>na</strong>l <strong>de</strong>baixo da bexiga, aolongo da pare<strong>de</strong> vagi<strong>na</strong>l anterior, resultando <strong>na</strong> herniação da bexiga através <strong>de</strong>sta falhatecidual. Neste tipo <strong>de</strong> cistocele a rugosida<strong>de</strong> habitual da pare<strong>de</strong> vagi<strong>na</strong>l <strong>de</strong>saparece.Quando este tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>feito é suspeitado po<strong>de</strong>mos fazer o teste do cateter, que consiste<strong>na</strong> introdução <strong>de</strong> sonda <strong>de</strong> nelaton vesical e palpação da base vesical e uretra on<strong>de</strong>temos a sensação que existe ape<strong>na</strong>s mucosa vagi<strong>na</strong>l entre o <strong>de</strong>do que exami<strong>na</strong> e ocateter, não se percebendo nenhuma outra estrutura mais consistente. Colocando-se umapinça <strong>de</strong> De Lee com as hastes abertas nos sulcos vagi<strong>na</strong>is e empurrando-se a vagi<strong>na</strong>


36acima, se observarmos ao esforço da paciente a <strong>de</strong>scida da pare<strong>de</strong> anterior existe <strong>de</strong>feitocentral (FEBRASGO, 2004).- Defeito Lateral ou Paravagi<strong>na</strong>lÉ resultado da separação da fáscia pubocervical da pare<strong>de</strong> pélvica (arco tendíneoda fáscia pélvica), é seguramente o tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>feito mais comum, <strong>na</strong> gênese da cistocele.Este <strong>de</strong>feito po<strong>de</strong> ser uni ou bilateral. Repetindo-se a manobra da Pinça <strong>de</strong> DeLee,porém colocando-a agora fechada <strong>na</strong> região central da pare<strong>de</strong> vagi<strong>na</strong>l anterior (suburetral)e elevando-a se com o esforço a pare<strong>de</strong> volta a <strong>de</strong>scer, temos um <strong>de</strong>feitoparavagi<strong>na</strong>l, uni ou bilateral. Além disso, a palpação e lateralização da uretra duranteesforço po<strong>de</strong>m dar uma idéia da existência do <strong>de</strong>feito paravagi<strong>na</strong>l (CURI, 2004).- Defeito TransversoÉ a separação da fáscia pubocervical do anel pericervical. O colo vesicalnormalmente tem um bom suporte neste tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>feito, a base da bexiga po<strong>de</strong> herniarobliterando o fundo vagi<strong>na</strong>l anterior. Este <strong>de</strong>feito não interfere com a mobilida<strong>de</strong> docolo vesical, sendo assim este tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>feito não está relacio<strong>na</strong>do à incontinênciaurinária e sim à dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> esvaziamento vesical. A diferenciação entre estes trêstipos <strong>de</strong> <strong>de</strong>feitos é importante para o planejamento cirúrgico (CURI, 2004).Figua 04 - Defeito posteriorFonte: www.endoscopiaemginecologia.com.br/consenso


37Proce<strong>de</strong>-se ao exame conforme <strong>de</strong>scrito acima ape<strong>na</strong>s rodando-se a válvula doespéculo para a pare<strong>de</strong> anterior da vagi<strong>na</strong>.Retocele AltaA pare<strong>de</strong> vagi<strong>na</strong>l posterior é sustentada pela fáscia <strong>de</strong> Denonvillier ou septo retovagi<strong>na</strong>l o qual se liga acima com a base do complexo cardino útero sacral e peritônio dofundo <strong>de</strong> saco <strong>de</strong> Douglas e <strong>de</strong> cada lado com a fascia do m. levantador do ânus, quandoa ruptura ocorre neste nível teremos uma retocele alta , a qual po<strong>de</strong> se associar à umaenterocele (CURI, 2004).Retocele BaixaÉ causada pela separação do septo reto vagi<strong>na</strong>l do corpo perineal. Quandointacto o septo reto vagi<strong>na</strong>l sustenta o fundo <strong>de</strong> saco e a pare<strong>de</strong> vagi<strong>na</strong>l posteriorprevenindo a formação <strong>de</strong> enterocele e retocele (CURI, 2004).Figura 05 - Defeito apicalFonte: www.endoscopiaemginecologia.com.br/consensoRuptura da inserção do complexo cardi<strong>na</strong>l útero sacral do anel pericervicallevando ao prolapso uterino ou <strong>de</strong> cúpula vagi<strong>na</strong>l, por trás <strong>de</strong>ste po<strong>de</strong> haver umaenterocele. Frequentemente o prolapso <strong>de</strong> cúpula vagi<strong>na</strong>l está associado e escondido poruma gran<strong>de</strong> cistocele ou retocele (FEBRASGO, 2004).Enterocele po<strong>de</strong>, em geral, ser diagnosticada por exame retovagi<strong>na</strong>l e aparececomo um saco acima da retocele, quando se realiza a manobra <strong>de</strong> Valsalva o mesmo é


38evi<strong>de</strong>nciado. Elevando-se o útero ou a cúpula vagi<strong>na</strong>l e <strong>de</strong>primindo-se a pare<strong>de</strong>posterior enquanto a paciente faz força a enterocele salta no fundo <strong>de</strong> saco posterior. Oexame retal permite avaliar a existência <strong>de</strong> retocele, sentindo-se a frouxidão da pare<strong>de</strong>vagi<strong>na</strong>l posterior e a procidência do reto para <strong>de</strong>ntro da vagi<strong>na</strong> quando se faz força(FEBRASGO, 2004).Figura 06 - Defeito DistalFonte: www.endoscopiaemginecologia.com.br/consenso- Alargamento do Hiato Vagi<strong>na</strong>l e Cestruição do Corpo PerinealOcorre nestes casos uma <strong>de</strong>struição do corpo perineal, com mudança <strong>na</strong>orientação da placa dos elevadores e eixo do útero apontando para o hiato, aumentandoas chances <strong>de</strong> <strong>de</strong>scenso. Quando a retocele ocorrer por separação do corpo perineal dosepto reto vagi<strong>na</strong>l, ocorre uma <strong>de</strong>scida do corpo perineal ao esforço <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> 3 cm porhipermobilida<strong>de</strong>. O exame do corpo perineal é importante para se diferenciar umaretocele verda<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> uma pseudoretrocele, à qual é causada por uma <strong>de</strong>ficiência docorpo perineal (FEBRASGO, 2004).O entendimento que múltiplos <strong>de</strong>feitos po<strong>de</strong>m ocorrer em mais <strong>de</strong> umcompartimento, leva a resultados melhores no pós-operatório. De modo geral a correção


39somente <strong>de</strong> um compartimento po<strong>de</strong> levar ao agravamento e/ou aparecimento <strong>de</strong> outraslesões. A correta i<strong>de</strong>ntificação dos <strong>de</strong>feitos leva <strong>na</strong> maioria dos casos à correçãomúltipla <strong>de</strong> <strong>de</strong>feitos <strong>de</strong> sustentação do assoalho pélvico (CURI, 2004).2.2 – Tratamento CirúrgicoA cirurgia <strong>de</strong> reconstrução pélvica tem sido consi<strong>de</strong>rada como um dos maiores<strong>de</strong>safios <strong>de</strong>ntro das patologias benig<strong>na</strong>s. Deve buscar três objetivos interligados, porémdistintos: restaurar a a<strong>na</strong>tomia, manter ou restaurar a função urinária e vesical normal emanter a capacida<strong>de</strong> da vagi<strong>na</strong> para o relacio<strong>na</strong>mento sexual (MOREIRA, 2001).O tratamento cirúrgico da Incontinência urinária <strong>de</strong> esforço baseia-se <strong>na</strong>correção da hipermobilida<strong>de</strong> do colo vesical quando houver alteração a<strong>na</strong>tômica dosoalho pélvico, ou no aumento da resistência uretral quando houver lesão esfincteria<strong>na</strong>intrínseca da uretra. Po<strong>de</strong> haver também a associação <strong>de</strong> ambos, exigindo o uso <strong>de</strong>técnicas para a correção conjunta dos dois componentes da incontinência (RIBEIRO EROSSI, 2000).Na correção da hipermobilida<strong>de</strong> do colo vesical, o objetivo é manter o colovesical em posição intra-abdomi<strong>na</strong>l, seja através <strong>de</strong> sua suspensão ou através do reforçodo soalho pélvico (RIBEIRO E ROSSI, 2000).Existem três abordagens diferentes:• Via Vagi<strong>na</strong>l - A correção <strong>de</strong> distopias através da via vagi<strong>na</strong>l pela cirurgia <strong>de</strong>Kelly-Kennedy é largamente difundida e baseia-se <strong>na</strong> plicatura do tecido parauretral,com índices <strong>de</strong> sucesso progressivamente menores durante o seguimento. Atualmenteadmite-se que o suporte do soalho pélvico tor<strong>na</strong>-se novamente i<strong>na</strong><strong>de</strong>quado em médioprazo após a utilização <strong>de</strong>sta técnica (BARACHO, 2002).• Via Suprapúbica - Representada por duas técnicas. Na técnica <strong>de</strong> Marshall-Marchetti-Krantz realiza-se a sutura do tecido periuretral e da bexiga ao periósteo dopúbis. O sucesso referido é da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> 85% durante seguimento prolongado,admitindo-se como principais inconvenientes a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> angulação e aconseqüente obstrução uretral, e, mais raramente, o comprometimento do mecanismo


40esfincteriano pelas suturas periuretrais e a osteíte do púbis. A outra técnica érepresentada pela Colpossuspensão a Burch, que se baseia <strong>na</strong> realização <strong>de</strong> suturasenvolvendo a fáscia perivagi<strong>na</strong>l e a pare<strong>de</strong> vagi<strong>na</strong>l distante da uretra, as quais sãoancoradas no ligamento <strong>de</strong> Cooper. Dessa forma, as complicações potenciais <strong>de</strong>scritascom a técnica anterior seriam evitadas. De maneira geral, os índices <strong>de</strong> sucesso obtidossão semelhantes (BARACAT e MONTELLATO, 2000).• Via Combi<strong>na</strong>da sob Controle Endoscópico - Baseia-se <strong>na</strong> confecção <strong>de</strong>suturas <strong>de</strong> apoio envolvendo seja a pare<strong>de</strong> vagi<strong>na</strong>l ou os tecidos periuretrais, seguidas <strong>de</strong>ancoragem em nível da aponeurose do músculo reto abdomi<strong>na</strong>l, utilizando-se agulhasespeciais para a tração dos fios. Assim, obtêm-se o alongamento da uretra e a suspensãodo colo vesical, que é mantido fixo durante o esforço abdomi<strong>na</strong>l. O controleendoscópico permite a i<strong>de</strong>ntificação <strong>de</strong> perfurações vesicais i<strong>na</strong>dvertidas, além daavaliação da tração i<strong>de</strong>al sobre o colo vesical (BARACHO, 2002).Representantes <strong>de</strong>ssa modalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> correção são as técnicas <strong>de</strong> Stamey, Raz eGittes. Todas têm em comum a ancoragem da suspensão <strong>na</strong> pare<strong>de</strong> vagi<strong>na</strong>l sujeita alacerações <strong>na</strong> <strong>de</strong>pendência <strong>de</strong> alterações tróficas hormônio-<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntes ou secundáriasa cirurgias anteriores. Apesar <strong>de</strong> satisfatórios no início, os resultados se mostraram<strong>de</strong>sapontadores no seguimento com prazos entre cinco e sete anos, com índices <strong>de</strong> curapor volta <strong>de</strong> 50% (BARACAT e MONTELLATO, 2000).Injeções Periuretrais - Po<strong>de</strong>m ser utilizadas no tratamento da incontinênciaurinária <strong>de</strong> esforço esfincteria<strong>na</strong> sem hipermobilida<strong>de</strong> do colo vesical associada. Oobjetivo do tratamento é a injeção <strong>de</strong> substâncias biocompatíveis entre a submucosauretral e o envelope muscular da uretra a fim <strong>de</strong> produzir coaptação uretral. Assubstâncias mais utilizadas para esse fim são a pasta <strong>de</strong> teflon, o colágeno bovinopurificado e estabilizado, a lipoinjeção autóloga e, mais recentemente, os balõesperiuretrais (BARACHO, 2002).“Slings” - Os “slings” pubovagi<strong>na</strong>is foram <strong>de</strong>scritos há muito tempo comoalter<strong>na</strong>tiva para o aumento da resistência uretral. A tensão, propositadamente colocadaao nível da uretra, foi responsável pela alta incidência <strong>de</strong> retenção urinária pósoperatória.Recentemente, a utilização <strong>de</strong> retalhos mais longos <strong>de</strong> aponeurose, bemcomo a utilização <strong>de</strong> materiais sintéticos ou absorvíveis, permitiu a abordagem


41combi<strong>na</strong>da por via abdomi<strong>na</strong>l e vagi<strong>na</strong>l, simplificando o procedimento e melhorando osresultados. Com essa técnica, obtém-se uma alça pubovagi<strong>na</strong>l ou “sling” que dará apoioposterior e coaptará a mucosa uretral quando da sua <strong>de</strong>scida fisiológica durante oesforço. É importante não tracio<strong>na</strong>r a alça para evitar retenção urinária no pósoperatório<strong>de</strong>vido à compressão da junção uretrovesical, melhorando assim osresultados obtidos (BARACAT e MONTELLATO, 2000).Tendo em vista os bons resultados obtidos com os “slings” aponeuróticos noscasos complexos <strong>de</strong> incontinência urinária <strong>de</strong> esforço, acredita-se que <strong>de</strong>va ser essa aconduta <strong>de</strong> escolha nos casos <strong>de</strong> incontinência urinária <strong>de</strong> esforço por lesãoesfincteria<strong>na</strong> intrínseca, bem como <strong>na</strong>queles casos cujo risco <strong>de</strong> insucesso é gran<strong>de</strong>,como <strong>na</strong>s pacientes obesas, com doença pulmo<strong>na</strong>r obstrutiva crônica e radioterapiapélvica (BARACHO, 2002).Recentemente simplificações dos “slings” têm sido realizadas, <strong>de</strong>stacando-se osuporte tendíneo vagi<strong>na</strong>l (STV), no qual uma fita aponeurótica sintética é ancorada aosarcos tendíneos bilateralmente, sem necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> perfurar a fáscia endopélvica. Outraopção <strong>de</strong> procedimento microinvasivo e passível <strong>de</strong> ser realizada com anestesia local eem nível ambulatorial é o TVT (“Tension-free vagi<strong>na</strong>l tape”). Trata-se <strong>de</strong> uma fita <strong>de</strong>prolen que possui uma agulha em cada extremida<strong>de</strong> passada da região vagi<strong>na</strong>l para asuprabúbica ao nível do terço médio da uretra, conforme mostram as figuras 08 e 09,<strong>de</strong>ixando livre o colo vesical para se abrir durante a micção (MOREIRA, 2001).Não há necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se fixar a fita <strong>na</strong> aponeurose dos retos e tampouco <strong>de</strong>cateter uretral no pós-operatório. Trata-se <strong>de</strong> um procedimento inovador com bonsresultados no seguimento inicial (BARACHO, 2002).Figura 08 - Sling Pubovagi<strong>na</strong>l.Fonte: www.miklosandmoore.com/images/tvtcough.jpg


42Figura 09 – Procedimento para Implantação do Sling Pubovagi<strong>na</strong>l.Fonte: www.miklosandmoore.com/images/tvtcough.jpg


432.2.1 - Correção Cirúrgica do Prolapso <strong>de</strong> Cúpula Vagi<strong>na</strong>lO prolapso <strong>de</strong> cúpula vagi<strong>na</strong>l é evento com incidência variável entre 0,2 a 4,5%,acredita-se que a causa mais comum <strong>de</strong>ste <strong>de</strong>feito do assoalho pélvico seja a fraquezainerente ao tecido conjuntivo ou uma lesão pós-traumática (FEBRASGO, 2004).A incapacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> o cirurgião fazer a<strong>de</strong>quada suspensão da cúpula vagi<strong>na</strong>l apósrealizar a histerectomia, certamente é outro importante fator. Ao cirurgião cabediagnosticar e corrigir no ato operatório, os <strong>de</strong>feitos por ventura existentes, assim comoprever o aparecimento <strong>de</strong> futuros <strong>de</strong>feitos realizando sua prevenção (CURI, 2004).Os princípios cirúrgicos que orientam a correção do prolapso uterino ou doprolapso <strong>de</strong> cúpula vagi<strong>na</strong>l são os mesmos. Habitualmente a remoção do útero érealizada no tratamento do prolapso, mas não é obrigatória, (exceto <strong>na</strong> histerectomiavagi<strong>na</strong>l) <strong>de</strong>ve-se levar em consi<strong>de</strong>ração o <strong>de</strong>sejo da paciente preservar seu útero, nãoobstante a ida<strong>de</strong>, a manutenção do útero ao contrário do que se possa pensar não pioraos resultados cirúrgicos (FEBRASGO, 2004).Estratégias Cirúrgicas para Correção do Prolapso.Cirurgias abdomi<strong>na</strong>is e vagi<strong>na</strong>is para esse fim po<strong>de</strong>m oferecer à pacienteexcelente chance <strong>de</strong> cura. Nenhuma via sozinha é perfeita como em geral estamosdiante <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> um <strong>de</strong>feito, nos parece que maior sucesso será alcançado com aassociação <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> uma via (CURI, 2004).A colpectomia e a colpoclise po<strong>de</strong>m ser utilizadas <strong>na</strong> paciente idosa, seminteresse em preservar a ativida<strong>de</strong> sexual. Já a colpopexia sacral abdomi<strong>na</strong>l e a fixaçãovagi<strong>na</strong>l ao ligamento sacro espinhoso são atualmente os padrões cirúrgicos <strong>na</strong> correçãodo prolapso <strong>de</strong> cúpula vagi<strong>na</strong>l (RAMOS, 2000).A fixação ao ligamento sacro espinhoso foi <strong>de</strong>scrita inicialmente por Se<strong>de</strong>rl(1958), introduzida nos EUA por Randall e Nichols em 1971 e popularizada em 1982,quando da publicação por Nichols <strong>de</strong> um estudo retrospectivo com 163 pacientes e comíndice <strong>de</strong> sucesso <strong>de</strong> 97%. Em 1988, Morley e DeLancey relataram resultados <strong>de</strong> 90%<strong>de</strong> sucesso em 100 mulheres submetidas ao procedimento (DEL ROY, 2005)Arthure e Savage (1957) <strong>de</strong>screveram a fixação da cúpula vagi<strong>na</strong>l diretamenteao sacro e Lane (1962) <strong>de</strong>screveu a suspensão da vagi<strong>na</strong> até o sacro por meio <strong>de</strong> uma


44ponte <strong>de</strong> material <strong>de</strong> prótese arterial. Des<strong>de</strong> então vários materiais foram utilizados, taiscomo fáscia do reto abdomi<strong>na</strong>l, fáscia lata, Dacron, Marlex,Gortex, Mercilene. Emcomparação com a sacrocolpopexia abdomi<strong>na</strong>l que a fixação vagi<strong>na</strong>l ao sacro espinhaltem as seguintes vantagens, segundo Del Roy, 2005;• Menor tempo <strong>de</strong> hospitalização• Menor porte da cirurgia• Evita-se incisão abdomi<strong>na</strong>l• Possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> correção <strong>de</strong> cistocele e retocele pela mesma via• Resultados comparáveis aos procedimentos abdomi<strong>na</strong>is.Vantagens da colpopexia sacral:• Posição a<strong>na</strong>tômica mais correta da vagi<strong>na</strong>• Acesso a outros procedimentos abdomi<strong>na</strong>is como Burch, correção do <strong>de</strong>feitoparavagi<strong>na</strong>l e correção <strong>de</strong> enteroceles.A culdoplastia <strong>de</strong> McCall parece ser o procedimento mais completo pois reparao anel pericervical por sutura dos cotos encurtados do complexo cardi<strong>na</strong>l útero-sacro aosepto reto vagi<strong>na</strong>l. Permitindo a obliteração do Douglas, a suspensão da vagi<strong>na</strong> no seusegmento superior resultando uma vagi<strong>na</strong> <strong>de</strong> comprimento a<strong>de</strong>quado (DEL ROY,2005).2.2.2 Justificativa Para a Realização LaparoscópicaA laparoscopia permite i<strong>de</strong>ntificar com vantagens as linhas fasciais e estruturasa serem dissecadas e reconectadas. É menos invasiva e permite que se realizem todos osprocedimentos que antes exigiam uma laparotomia com a mesma eficácia. Comosabemos a coexistência <strong>de</strong> múltiplos <strong>de</strong>feitos é regra sendo assim a laparoscopia nospermite associar a colpopexia a outros procedimentos tais como a colpossuspensãoretropúbica, a correção do reparo paravagi<strong>na</strong>l e das enteroceles <strong>de</strong> modo eficaz(NIEMINEN, 2001).


45As técnicas acima citadas, Colpofixação ao ligamento sacro espinhoso eColpopexia sacral e McCall, po<strong>de</strong>m ser realizadas por via laparoscópica. Mas exigemdo cirurgião domínio <strong>de</strong> técnica <strong>de</strong> sutura laparoscópica sendo cirurgias com alto grau<strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> execução (RAMOS, 2000).Na figura 10 observa-se a técnica <strong>de</strong> suspensão com fixação laparoscópica.Figura 10 - Suspensão laparoscópica com fixação ao ligamento sacroespinhosoFonte: www.endoscopiaemginecologia.com.br/consensoApós visualização laparoscópica o cirurgião palpa através <strong>de</strong> toque bi digital aespinha isquiática direita então laparoscopicamente localiza-se o ligamento sacroespinhoso. Coloca-se então o probe retal e leva-se o reto para a esquerda, faz-se entãouma incisão longitudi<strong>na</strong>l no peritônio que está sobre o ligamento sacro espinhoso.Disseca-se o espaço para retal à direita em direção ao sacro. Usa-se então fioi<strong>na</strong>bsorvível número 1 (Prolene) passando pela vagi<strong>na</strong> tendo a certeza <strong>de</strong> estar passandopelo septo reto vagi<strong>na</strong>l (fáscia e não somente pela mucosa) o fio então é passado peloligamento sacro espinhoso 2 a 3 cm mediais á espinha isquiática para se evitar lesão dosvasos e nervos pu<strong>de</strong>ndos realiza-se dupla passada por cada estrutura. Realiza-se nó extracorpóreo, enquanto se aperta o nó através do empurrador <strong>de</strong> nó, o assistente suspen<strong>de</strong> avagi<strong>na</strong> em direção à espinha isquiática, diminuindo a tensão e facilitando assim o


46trabalho do cirurgião. Habitualmente a correção é realizada por via vagi<strong>na</strong>l cominstrumental a<strong>de</strong>quado (NIEMINEN, 2001).Colpopexia Sacral LaparoscópicaA colpopexia sacroespinhal foi inicialmente <strong>de</strong>scrita <strong>na</strong> Europa em meados doséculo passado e posteriormente difundida nos Estados Unidos. Apesar <strong>de</strong> ter sidoorigi<strong>na</strong>lmente proposta para tratamento do prolapso <strong>de</strong> cúpula vagi<strong>na</strong>l póshisterectomia,também tem sido sugerido seu emprego durante a histerectomia vagi<strong>na</strong>lpara tratamento do prolapso uterovagi<strong>na</strong>l, pois nestes casos o encurtamento dosparamétrios durante a histerectomia po<strong>de</strong> ser insuficiente para a suspensão a<strong>de</strong>quada dacúpula. Assim, atualmente a maioria dos trabalhos preconiza a utilização da colpopexiasacroespinhal tanto <strong>na</strong> correção do prolapso <strong>de</strong> cúpula, como <strong>de</strong> forma adjuvante notratamento do prolapso uterovagi<strong>na</strong>l (GUNER, 2001).Segue abaixo <strong>de</strong>scrição da técnica, segundo Guner, 2001:1 - Preparação da Vagi<strong>na</strong>:A vagi<strong>na</strong> é empurrada em direção cranial e abre-se o peritônio que recobre avagi<strong>na</strong> até se localizar a fáscia pubocervical e o septo reto vagi<strong>na</strong>l, a bexiga é dissecadaanteriormente e o reto posteriomente até que se consiga a exposição <strong>de</strong> 3 a 4 cm <strong>de</strong>vagi<strong>na</strong> (fáscia).2 - Preparação da Área Sacral:O sigmói<strong>de</strong> é puxado para o lado esquerdo. O peritônio que recobre opromontório é incisado longitudi<strong>na</strong>lmente. O espaço pré sacral é exposto e localizam-seos ligamentos úterosacros.


473 - Sutura da Tela Sintética:Na pare<strong>de</strong> vagi<strong>na</strong>l posterior com fio i<strong>na</strong>bsorvivel ou grampeador pegando tecidovagi<strong>na</strong>l <strong>de</strong> modo substancial sem pegar a mucosa. Pelo menos 3 a 5 suturas separadassão necessárias para pren<strong>de</strong>r a tela à vagi<strong>na</strong>4 - Sutura da Tela ao Ligamento Longitudi<strong>na</strong>l Pré-sacral:São necessários 3 a 5 pontos separados <strong>de</strong> material i<strong>na</strong>bsorvível ou grampos parase fixar a tela ao sacro.5 - Fechamento do Peritônio <strong>na</strong> Região Sacral:O peritônio é fechado acima da tela que pren<strong>de</strong> a vagi<strong>na</strong> ao sacro, para prevenira formação <strong>de</strong> a<strong>de</strong>rências <strong>de</strong>nsas. A colpopexia sacral é mais trabalhosa e apresentamaior incidência <strong>de</strong> complicações quando comparada a outras técnicas (osteomielite dosacro, rejeição ao material utilizado para se fixar a vagi<strong>na</strong> ao sacro, sangramentosimportantes <strong>de</strong> vasos pré–sacrais).Cirurgia <strong>de</strong> McCallInicia-se o procedimento dissecando-se os ureteres bilateralmente, separando-oslateralmente e com isso i<strong>de</strong>ntificando-se em posição medial, a estes os ligamentos úterosacros. Coloca-se um probe vagi<strong>na</strong>l elevando-se a vagi<strong>na</strong> e permitindo a i<strong>de</strong>ntificação etratamento prévio <strong>de</strong> enterocele caso exista. O ligamento útero sacro esquerdo é entãosuturado com fio i<strong>na</strong>bsorvível <strong>de</strong> nº 1 (prolene), sutura contínua não ancorada e à seguirsegue–se com a mesma sutura passando-se pela vagi<strong>na</strong> após dissecar-se o peritônio querecobre o saco herniário e localizar-se a fáscia ( septo reto vagi<strong>na</strong>l) , após segue-se coma mesma sutura para o ligamento útero sacro direito (CURI, 2004). Tal procedimentopo<strong>de</strong> ser observado <strong>na</strong> figura 11, abaixo:


48Figura 11 – Técnica Cirúrgica <strong>de</strong> McCall.Fonte: www.endoscopiaemginecologia.com.br/consensoRealizam-se mais duas suturas idênticas aproximadamente 0,5 e 1,0 cmsuperiores em direção ao fundo vagi<strong>na</strong>l, a sutura passa então novamente através doperitônio das fossas para-retais direita e esquerda e retor<strong>na</strong> ao útero sacro esquerdo.Aperta-se a sutura e realiza-se um nó extra-corpóreo. Nas pacientes com prolapsouterino, po<strong>de</strong>-se ou não realizar-se previamente a histerectomia laparoscópica. Deve-sesalientar que a presença ou ausência do útero em <strong>na</strong>da altera a técnica acima <strong>de</strong>scrita(CURI, 2004).A colpopexia sacral é mais trabalhosa e apresenta maior incidência <strong>de</strong>complicações quando comparada às outras técnicas (osteomielite do sacro, rejeição aomaterial utilizado para se fixar a vagi<strong>na</strong> ao sacro, sangramentos importantes <strong>de</strong> vasospré–sacrais). Quanto à colposuspensão ao sacro espinhoso, apesar <strong>de</strong> ser exeqüível porvia laparoscópica é menos a<strong>na</strong>tômica proporcio<strong>na</strong>ndo, <strong>de</strong>svio e encurtamentoimportantes da vagi<strong>na</strong> (CURI, 2004).Entre todas as técnicas <strong>de</strong>scritas, parece ser a técnica <strong>de</strong> McCall a que preservamais a a<strong>na</strong>tomia, além <strong>de</strong> apresentar seguintes vantagens: segurança, posição maisfisiológica da vagi<strong>na</strong>, e manutenção da profundida<strong>de</strong> vagi<strong>na</strong>l. Conforme citadoanteriormente, os <strong>de</strong>feitos são em geral múltiplos sendo assim raramente os cirurgiões


49<strong>de</strong>ixam <strong>de</strong> fazer além da correção do <strong>de</strong>feito apical (prolapso <strong>de</strong> cúpula),a correçãoassociada dos <strong>de</strong>feitos das porções médias e inferiores da vagi<strong>na</strong> (RAMOS, 2000).Terço MédioDuas estruturas <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>radas: a fáscia pubocervical e o septo retovagi<strong>na</strong>l. Se a fáscia pubocervical está separada lateralmente do arco tendíneo énecessário reparar o <strong>de</strong>feito para-vagi<strong>na</strong>l, sutura em pontos separados <strong>de</strong> fioi<strong>na</strong>bsorvível nº1. Se houver separação do septo reto vagi<strong>na</strong>l da fáscia abaixo da linha doileococcígeo o mesmo <strong>de</strong>ve ser suturado para não haver o risco <strong>de</strong> aparecimento <strong>de</strong> umaretocele. A correção da retocele evi<strong>de</strong>ntemente pela sua localização é realizada <strong>de</strong> formaeficaz e mais facilmente por via vagi<strong>na</strong>l (CURI, 2004).Terço InferiorSeparações da fáscia pubocervical da borda medial do músculo pubococcígeo edo septo reto vagi<strong>na</strong>l do corpo perineal, são melhor realizadas por via vagi<strong>na</strong>l (CURI,2004).


50CAPÍTULO 3 - ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA NA INCONTINÊNCIAURINÁRIA DE ESFORÇODes<strong>de</strong> 1999 a Organização Mundial da Saú<strong>de</strong> (OMS) recomenda a assistênciafisioterapêutica em pacientes com incontinência urinária <strong>de</strong> esforço <strong>de</strong> leve a mo<strong>de</strong>radacomo primeiro tratamento, sendo que após a intervenção fisioterapêutica, poraproximadamente três meses, é que se <strong>de</strong>ve avaliar a necessida<strong>de</strong> das alter<strong>na</strong>tivascirúrgicas ou farmacológicas. (O COFFITO, 2002).A força muscular é a quantida<strong>de</strong> máxima <strong>de</strong> força que um músculo ou grupomuscular po<strong>de</strong> gerar em um padrão específico <strong>de</strong> movimento e em uma <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>davelocida<strong>de</strong>. O termo trei<strong>na</strong>mento <strong>de</strong> força tem sido usado para <strong>de</strong>screver um tipo <strong>de</strong>exercício que requer que os músculos se movam (ou tentem se mover). O grau <strong>de</strong>benefício que um programa <strong>de</strong> trei<strong>na</strong>mento <strong>de</strong> força po<strong>de</strong> transferir para o <strong>de</strong>sempenho<strong>de</strong> um exercício e está muito relacio<strong>na</strong>do ao trei<strong>na</strong>mento <strong>de</strong> potência muscular e esteestá em função da velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong> execução <strong>de</strong> movimento e da força <strong>de</strong>senvolvida pelomúsculo, caracterizando assim a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> potência como sendo a velocida<strong>de</strong> em quese <strong>de</strong>sempenha o trabalho, sendo esta altamente <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte da força. Muitos são ostrabalhos que evi<strong>de</strong>nciam a importância da força e potência muscular. Os trei<strong>na</strong>mentos<strong>de</strong>stas variáveis têm-se <strong>de</strong>monstrado efetivos <strong>na</strong> melhoria <strong>de</strong> várias capacida<strong>de</strong>s físicas,bem como o aumento da massa muscular (SIMÃO, 2001).Então esses trei<strong>na</strong>mentos visam a melhora <strong>na</strong> coor<strong>de</strong><strong>na</strong>ção muscular e <strong>na</strong>flexibilida<strong>de</strong> o que garantirá menor risco <strong>de</strong> lesão E esses ganhos <strong>de</strong> força ocorrem<strong>de</strong>vido à capacida<strong>de</strong> dos músculos <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolverem tensão e do sistema nervoso <strong>de</strong>ativá-los, o que <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ará um maior recrutamento <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s motora. O diâmetrodo músculo correspon<strong>de</strong> ao volume da fibra e são através <strong>de</strong> exercícios elaboradosespecificamente para <strong>de</strong>senvolver força que o tamanho <strong>de</strong>ssas fibras muscularesesqueléticas po<strong>de</strong> ser aumentado. Isso é chamado <strong>de</strong> hipertrofia (JUNQUEIRA,RIBEIRO & SCIANNI, 2004).Todos os exercícios <strong>de</strong> fortalecimento promovem: hipertrofia <strong>de</strong>vido ao aumentono tamanho das fibras musculares, que acontece por aumento <strong>na</strong> síntese protéica ediminuição da <strong>de</strong>gradação <strong>de</strong> proteí<strong>na</strong>s, fenômeno que leva <strong>de</strong> seis a oito sema<strong>na</strong>s paraocorrer; maior eficiência <strong>de</strong> recrutamento <strong>de</strong> fibras musculares pelos mecanismos <strong>de</strong>neurofacilitação (ou aprendizado motor); aumento da capacida<strong>de</strong> oxidativa e volume


51das mitocôndrias; aumento da <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> óssea, do conteúdo mineral ósseo e <strong>de</strong>hidroxiproli<strong>na</strong>; alterações <strong>na</strong>s células do corno anterior da medula espinhal e aumentoda resistência <strong>de</strong> tendões e ligamentos. Como as fibras do tipo I (que representa 70% damusculatura do assoalho pélvico) são responsáveis pela ação antigravitacio<strong>na</strong>l dosmúsculos do assoalho pélvico e as do tipo II (que representa os restantes 30%) sãorecrutadas durante aumento súbito da pressão abdomi<strong>na</strong>l contribuindo assim para oaumento da pressão <strong>de</strong> fechamento uretral, os exercícios que trabalham com essamusculatura po<strong>de</strong>m melhorar sua função e essa sustentação do fortalecimento muscularse <strong>de</strong>ve à mudança funcio<strong>na</strong>l das fibras musculares. A força muscular é então adquiridaatravés da prática <strong>de</strong> exercícios específicos para o assoalho pélvico baseados no preceito<strong>de</strong> que os movimentos voluntários repetidos proporcio<strong>na</strong>m aumento da força muscular eseus efeitos benéficos incluem <strong>de</strong>senvolvimento, melhora, restauração ou manutençãoda força, da resistência, da mobilida<strong>de</strong>, da flexibilida<strong>de</strong>, do relaxamento, dacoor<strong>de</strong><strong>na</strong>ção e da habilida<strong>de</strong> através dos movimentos (MACHADO, 2008).O fisioterapeuta tem sido um membro importante da equipe <strong>de</strong> obstetríciadurante anos, <strong>na</strong> verda<strong>de</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1912. Assim a terapeuta Mennie Randall junto com oobstetra J. S. Fairbairn no Hospital St. Thomas <strong>de</strong>senvolveram interesses especiais notratamento da gravi<strong>de</strong>z, parto e puerpério. Mais tar<strong>de</strong> o campo <strong>de</strong> interesse esten<strong>de</strong>u-sea casos ginecológicos. Por volta dos anos 50, Arnold Kegel, médico ginecologista, foi oprimeiro a introduzir o trei<strong>na</strong>mento da musculatura do assoalho pélvico feminino paratratar a incontinência urinária. Em seu primeiro estudo ele obteve 84% <strong>de</strong> cura <strong>de</strong>mulheres com incontinência urinária, on<strong>de</strong> o protocolo incluía palpação vagi<strong>na</strong>l eobservação clínica da contração voluntária da musculatura do assoalho pélvico e o usodo biofeedback para mensurar a pressão vagi<strong>na</strong>l durante os exercícios. Hoje existe umavarieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> aparelhos <strong>de</strong> biofeedback usados <strong>na</strong> prática clínica para ajudar notrei<strong>na</strong>mento da musculatura do assoalho pélvico feminino (POLDEN, 2002).3.1 - CinesioterapiaO exercício terapêutico é uma das ferramentas-chave que um fisioterapeuta usapara restaurar e melhorar o bem-estar musculoesquelético ou cárdiopulmo<strong>na</strong>r dopaciente. Uma meta importante que po<strong>de</strong> ser alcançada através do exercício terapêuticoé o <strong>de</strong>senvolvimento, melhora ou manutenção da força, que é a habilida<strong>de</strong> que tem um


52músculo ou grupo muscular para <strong>de</strong>senvolver tensão e força resultantes em um esforçomáximo, tanto dinâmica quanto estaticamente, em relação às <strong>de</strong>mandas feitas a ele(KISNER e COLBY, 2005).A resistência do músculo à fadiga, que é a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um músculo <strong>de</strong>contrair-se repetidamente ou gerar tensão e sustentar aquela tensão em um períodoprolongado <strong>de</strong> tempo, po<strong>de</strong> também ser melhorada ou mantida com o exercícioterapêutico. À medida que a resistência aumenta, um músculo estará apto a<strong>de</strong>sempenhar um número maior <strong>de</strong> contrações ou sustentações contra carga em umperíodo extenso <strong>de</strong> tempo (KISNER e COLBY, 2005).Os exercícios <strong>de</strong>vem fazer parte <strong>de</strong> um programa <strong>de</strong> tratamento com prescriçãoapropriada e que resulte em melhora da função muscular. Os exercícios utilizados comoterapia baseiam-se <strong>na</strong> hipótese <strong>de</strong> que os músculos se adaptam as sobrecargas a que sãosubmetidos. Desta forma, para que ocorra um aumento <strong>na</strong> força, este músculo <strong>de</strong>ve serrequisitado repetidamente contra uma resistência cada vez maior, sem produzir trauma.O propósito fi<strong>na</strong>l <strong>de</strong> um programa <strong>de</strong> exercícios é melhorar a função ou atuação <strong>de</strong> ummúsculo ou grupo muscular (STEPHENSSON, 2004).A mais antiga menção da cinesioterapia para o tratamento da incontinênciaurinária ocorreu num texto médico <strong>na</strong> Swedish Work publicado em 1861, mas não eram<strong>de</strong>scritos os exercícios utilizados. Arnold Kegel foi o primeiro a <strong>de</strong>screver, <strong>de</strong> modosistemático, um método <strong>de</strong> avaliação e um programa <strong>de</strong> exercícios para o fortalecimentodos músculos do assoalho pélvico (MOREIRA, 2000-2001).Os exercícios perineais, também conhecidos como exercícios <strong>de</strong> Kegel,constituem uma opção simples e barata, porém é preciso salientar a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong>motivação para a obtenção <strong>de</strong> bons resultados (POLDEN, 2002).Kegel, acreditando que a musculatura do assoalho pélvico era responsiva amedidas que promovessem sua contração, estudou e aplicou clinicamente por 17 anos oque <strong>de</strong>nominou <strong>de</strong> terapia fisiológica. Esta consistia em exercícios para o fortalecimento<strong>de</strong>ssa musculatura. Kegel ainda enfatizava a importância da motivação da paciente<strong>de</strong>vido a necessida<strong>de</strong> dos exercícios serem realizados diariamente. Para isso, utilizava operineômetro por este fornecer resultados visíveis do esforço realizado pela pacientedurante o exercício. A paciente era orientada a realizar os exercícios diariamentedurante vinte minutos, três vezes ao dia e a manter anotações diárias dos períodos <strong>de</strong>exercícios e dos valores registrados no manômetro. Segundo ele, um aumento <strong>de</strong> 2 a 5mm <strong>na</strong> leitura do manômetro era indicativo <strong>de</strong> um excelente progresso. A paciente


53<strong>de</strong>veria ser bem orientada e adquirir consciência da musculatura perineal, para evitarcontrações acessórias <strong>de</strong> músculos abdomi<strong>na</strong>is, adutores <strong>de</strong> quadril e glúteos(MOREIRA, 2000-2001).Amaro e Gameiro, 2001 <strong>de</strong>monstraram que uma supervisão a<strong>de</strong>quada po<strong>de</strong>melhorar os resultados obtidos pelos exercícios perineais; já que existe, segundo eles,uma relação <strong>de</strong> <strong>de</strong>pendência entre os exercícios perineais e a continência urinária, ouseja, os insucessos são maiores <strong>na</strong>s pacientes que não seguem a<strong>de</strong>quadamente oprotocolo dos exercícios.O primeiro passo para realizar os exercícios perineais é a i<strong>de</strong>ntificação dosmúsculos responsáveis pela interrupção do jato urinário. A maneira <strong>de</strong> ensi<strong>na</strong>r essepasso à paciente consiste em orientá-la a sentar no vaso sanitário, iniciar a micção econtrair os músculos para interrompê-la. Caso não consiga da primeira vez, a paciente<strong>de</strong>ve ser estimulada a tentar novamente, até obter sucesso. O erro mais comum nessesexercícios é a contração dos músculos errados, geralmente os abdomi<strong>na</strong>is, os adutoresou glúteos. Para evitá-lo, a paciente po<strong>de</strong> ser orientada a introduzir um ou dois <strong>de</strong>dos <strong>na</strong>vagi<strong>na</strong> e contrair os músculos perineais, percebendo que eles estão “apertando” seus<strong>de</strong>dos. A outra mão <strong>de</strong>ve ser colocada sobre o abdome para ajudar a mantê-lo relaxado(POLDEN, 2002).Quando não for possível interromper o jato ou quando a paciente não sentir acontração dos músculos ao redor dos <strong>de</strong>dos introduzidos <strong>na</strong> vagi<strong>na</strong>, provavelmente amusculatura encontra-se muito enfraquecida. Portanto, a paciente precisará exercitar-sepor um período mais prolongado até obter os resultados esperados (PORTER, 2005). Aorientação verbal, <strong>na</strong> primeira sessão, <strong>de</strong>ve ser seguida por acompanhamento freqüente,além da monitorização do uso do grupo muscular certo, pois em até 30% das pacientes acontração é feita <strong>de</strong> forma incorreta, caracterizando a manobra contrária – Valsalva(RIBEIRO e ROSSI, 2000).A cinesioterapia é então, uma terapia através dos movimentos, on<strong>de</strong> estes sãoutilizados como forma <strong>de</strong> tratamento, tendo como base <strong>de</strong> que os movimentosvoluntários repetidos proporcio<strong>na</strong>m o aumento da força muscular, uma resistência àfadiga, melhorando a mobilida<strong>de</strong>, a flexibilida<strong>de</strong> e a coor<strong>de</strong><strong>na</strong>ção muscular. E baseadoneste preceito das contrações repetidas, esses exercícios têm sido indicados em algunscasos <strong>de</strong> incontinência urinária, <strong>de</strong>vido ao aumento do tônus das fibras musculareslentas ou tipo I (que constituem 70% e que promovam sustentação e resistência <strong>na</strong>


54contração muscular) e das fibras musculares rápidas ou tipo II (os 30% restantes, quepromovem contrações fortes e breves) (AMARO & GAMEIRO, 2001).Mas com o passar do tempo os exercícios para o assoalho pélvico foram sendoesquecidos. A partir daí as cirurgias foram a melhor opção para o tratamento <strong>de</strong>incontinência urinária, porém as recidivas foram aparecendo com freqüênciasubmetendo assim as pacientes as mesmas condições iniciais <strong>de</strong> perda urinária, ou atémesmo a piora do prognóstico. Até que no ano <strong>de</strong> 1992, a Socieda<strong>de</strong> Inter<strong>na</strong>cio<strong>na</strong>l <strong>de</strong>Continência validou cientificamente as técnicas <strong>de</strong> reabilitação do assoalho pélvico paratratamento <strong>de</strong> distúrbios perineais, e como conseqüência o reconhecimento e avalorização foram crescendo cada vez mais (MORENO, 2004).A atuação do fisioterapeuta <strong>na</strong> reeducação perineal do assoalho pélvico, temcomo fi<strong>na</strong>lida<strong>de</strong> melhorar a força <strong>de</strong> contração das fibras musculares, promover areeducação abdomi<strong>na</strong>l e um rearranjo estático lombopélvico através <strong>de</strong> exercícios,aparelhos e técnicas. Assim estes po<strong>de</strong>rão ajudar a fortalecer os músculos necessáriospara manter a continência urinária (SOUZA, 2002). A reeducação da musculatura doassoalho pélvico tor<strong>na</strong>-se imperativo no programa <strong>de</strong> exercícios atribuídos parapacientes vindos sob forma preventiva ou até mesmo curativa da patologia, além <strong>de</strong>melhorar a função sexual. Porém, os melhores resultados do tratamento fisioterapêuticoda incontinência urinária são obtidos nos casos leve ou mo<strong>de</strong>rado (POLDEN, 2002).A cinesioterapia do assoalho pélvico compreen<strong>de</strong> basicamente <strong>na</strong> realização dosexercícios <strong>de</strong> Kegel que objetiva trabalhar a musculatura perineal para o tratamento dahipotonia do assoalho pélvico. Mas estudos mostram que 30% das mulheres nãoconseguem exercitar corretamente a musculatura do assoalho pélvico, então sepreconizou que os músculos abdomi<strong>na</strong>is, glúteos e adutores, <strong>de</strong>vem ficar em repouso ouem tensão constante <strong>na</strong> tentativa <strong>de</strong> evitar a contração conjunta (POLDEN, 2002).Segundo Santos (2008), a maioria das mulheres é incapaz <strong>de</strong> realizar umacontração somente pela simples instrução verbal, por isso é importante um controlepalpatório intravagi<strong>na</strong>l e a presença <strong>de</strong> um fisioterapeuta. A informação e aconscientização representam uma fase essencial <strong>na</strong> reeducação. A contração correta dosmúsculos do assoalho pélvico, principalmente os elevadores do ânus, tem sido muitoeficaz no tratamento <strong>de</strong> incontinência urinária, apresentando melhora no controleesfincteriano, no aumento do recrutamento das fibras musculares tipo I e II, no estímuloda funcio<strong>na</strong>lida<strong>de</strong> inconsciente <strong>de</strong> contração simultânea do diafragma pélvico


55aumentando assim o suporte das estruturas pélvicas e abdomi<strong>na</strong>is prevenindo futurasdistopias genitais.De acordo com Souza (2002), a cinesioterapia para o assoalho pélvico é isenta<strong>de</strong> efeitos colaterais e morbida<strong>de</strong>, ao contrário das cirurgias. Por isso, hoje o tratamentofisioterapêutico está sendo cada vez mais utilizado <strong>de</strong>vido ao seu resultado positivo notratamento da incontinência urinária femini<strong>na</strong>, porém <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong> uma boa avaliação dopaciente e da escolha da técnica e parâmetro <strong>de</strong> tratamento para cada tipo <strong>de</strong> patologiaque será tratada.Existem várias formas <strong>de</strong> aplicação da cinesioterapia para o tratamento daincontinência urinária femini<strong>na</strong>, <strong>de</strong>ntre eles o trabalho com a bola suíça. A bola suíça éum instrumento utilizado para o retrei<strong>na</strong>mento dos músculos enfraquecidos como ahipotonia dos músculos do assoalho pélvico. Os exercícios são funcio<strong>na</strong>is e po<strong>de</strong>m serrealizados <strong>de</strong> várias maneiras, pois a bola suíça é consi<strong>de</strong>rada como um instrumentoindispensável e intermediário i<strong>de</strong>al para os movimentos no treino <strong>de</strong>ssa musculatura(POLDEN, 20002).Já o biofeedback <strong>de</strong>scrito por Kegel em 1948 é essencialmente toda e qualquerabordagem que o fisioterapeuta utiliza para conscientizar um paciente <strong>de</strong> seu corpo esuas funções, sejam estímulos táteis, visuais, auditivos ou elétricos (perineômetro, toquedigital ou cones vagi<strong>na</strong>is). Então é um aparelho que mensura, avalia e trata asdisfunções neuromusculares, sendo eficiente <strong>na</strong> avaliação dos músculos do assoalhopélvico por monitorar o tônus em repouso, a força, a sustentação e outros padrões <strong>de</strong>ativida<strong>de</strong>, mostrando-se efetivo <strong>na</strong> orientação da paciente a melhorar as contraçõesvoluntárias <strong>de</strong>ssa musculatura, favorecendo também o treino do relaxamento. Enfim, acinesioterapia para o assoalho pélvico compreen<strong>de</strong> exercícios para a normalização dotônus muscular, sendo empregada tanto para o fortalecimento <strong>de</strong> áreas hipotônicas comopara o relaxamento <strong>de</strong> áreas hipertônicas (MORENO, 2004).3.1.1 - Exercícios para a Musculatura do Assoalho Pélvico.Exercícios <strong>de</strong> PropriocepçãoEsse tipo <strong>de</strong> exercício consiste <strong>na</strong> conscientização da musculatura envolvida, jáque ela não é usualmente trei<strong>na</strong>da pelas mulheres. Esse procedimento facilitará a


56realização, <strong>de</strong>sempenho e sucesso nos exercícios <strong>de</strong> fortalecimento da musculaturapélvica. Um exemplo simples <strong>de</strong> exercício <strong>de</strong> propriocepção nesse caso é uma mulhersentada ou em pé imagi<strong>na</strong>r que está uri<strong>na</strong>ndo e procurar segurar o jato urinário para não<strong>de</strong>ixar que a uri<strong>na</strong> escape (POLDEN, 2002).Exercícios Perineais (Exercícios <strong>de</strong> Kegel)Introduzidos por Kegel <strong>na</strong> década <strong>de</strong> 40, consistem em contrações controladas esistematizadas dos músculos do assoalho pélvico (sem contrair outros músculoscorporais) que permitem o aumento da capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> contração reflexa e voluntária dosgrupos musculares, melhorando a função esfincteria<strong>na</strong>. As contrações <strong>de</strong>vem ser fortese repetitivas, sendo mantidas pelo maior tempo possível; enquanto o fisioterapeutaavalia a ausência ou não <strong>de</strong> contração dos músculos abdomi<strong>na</strong>is, quadris e glúteos.Quanto ao tratamento, acrescenta Souza (2002):“Como acontece com toda reeducação, apaciente precisa <strong>de</strong> estímulo regular paraaumentar a extensão, intensida<strong>de</strong> e número <strong>de</strong>contrações repetidas. Deve ser usado um certonúmero <strong>de</strong> posições, trabalhando as mais difíceis.Para obter o melhor resultado possível(...) precisa ser realizado <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> um período <strong>de</strong>três a seis meses”Segue abaixo <strong>de</strong>scrição dos exercícios <strong>de</strong> Kegel e suas respectivas ilustrações,conforme <strong>de</strong>scrito em www.ef<strong>de</strong>portes.com/efd76/mulheres.htm.1. Em pé, per<strong>na</strong>s semiflexio<strong>na</strong>das e pouco afastadas mãos <strong>na</strong>s ná<strong>de</strong>gas, pressioná-lasenquanto realiza contração da musculatura pélvica.


572. Em pé, per<strong>na</strong>s afastadas e semiflexio<strong>na</strong>das, permanecer em contração estática ouisométrica da musculatura pélvica.3. Com cotovelos e joelhos apoiados, realizar contração isométrica da musculaturapélvica.4. Com joelhos e mãos apoiadas, realizar contração isométrica ou estática damusculatura pélvica. No momento da contração, as costas <strong>de</strong>verão curvar-se, e nomomento do relaxamento voltar à sua posição normal.


585. Sentada com a colu<strong>na</strong> ereta e as per<strong>na</strong>s cruzadas, contrair a musculatura pélvica.Exercícios Específicos Para a Musculatura Pélvica1. Decúbito dorsal, per<strong>na</strong>s semifletidas, pés no chão, expirar, colocar a pelve emretroversão e em seguida elevar as ná<strong>de</strong>gas mantendo a retroversão. Repousarlentamente inspirando, <strong>de</strong>senrolando lentamente a região lombar até o solo.2. Decúbito dorsal, ná<strong>de</strong>gas ligeiramente elevadas com uma almofada, per<strong>na</strong>sflexio<strong>na</strong>das e cruzadas, pés no chão; sustentar entre as faces inter<strong>na</strong>s do joelho umabola:• Elevar assento o mais alto possível expirando,• Voltar à posição <strong>de</strong> partida inspirando


593. Decúbito dorsal, ná<strong>de</strong>gas apoiadas no chão, colocar entre as per<strong>na</strong>s uma bola e elevaras duas per<strong>na</strong>s semi-estendidas.4. Decúbito dorsal, ná<strong>de</strong>gas ligeiramente elevadas, per<strong>na</strong> <strong>de</strong> apoio flexio<strong>na</strong>da e que faráa elevação estendida. Realizar o exercício com as duas per<strong>na</strong>s.5. Em pé, com uma bola entre as faces inter<strong>na</strong>s da coxa, ficar <strong>na</strong> ponta dos pés,contraindo o períneo e relaxando-o ao voltar com as plantas dos pés no chão.6. Sentada com as duas per<strong>na</strong>s estendidas realizar contrações da musculatura perineal.7. Em pé, encontrada em uma pare<strong>de</strong> realizar retroversão da pelve com a musculaturapélvica contraída.


603.1.2 - EletroestimulaçãoAs primeiras utilizações da estimulação elétrica no tratamento da incontinênciaurinária datam dos anos 60. Tratava-se <strong>de</strong> estimuladores implantáveis, e seus resultadoseram relativamente mo<strong>de</strong>stos. Foi principalmente a escola sueca, com os trabalhos <strong>de</strong>M. Fall, que lançou as bases experimentais da eletroestimulação <strong>na</strong>s incontinênciasurinárias no início dos anos 70. Essa técnica é um dos componentes do trabalhoreeducativo global e suas modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m do diagnóstico e da evolução dapaciente. Foi nesse contexto que a estimulação se revelou um meio muito eficaz para aconscientização do assoalho pélvico, mesmo que sua fi<strong>na</strong>lida<strong>de</strong> principal seja a inibiçãodo <strong>de</strong>trusor e o reforço muscular (GROSSE e SENGLER, 2002).Recentemente, a estimulação tornou-se popular no tratamento da IUE através <strong>de</strong>eletroestimuladores pequenos e práticos, intravagi<strong>na</strong>is ou transa<strong>na</strong>is. Aeletroestimulação é um meio utilizado para propiciar a contração passiva damusculatura perineal, também apresenta gran<strong>de</strong> importância <strong>na</strong> conscientização dacontração <strong>de</strong>sta musculatura em pacientes que têm dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificar a mesma.Po<strong>de</strong> ser realizada através <strong>de</strong> eletrodos endovagi<strong>na</strong>is conectados a um gerador <strong>de</strong>impulsos elétricos, os quais promovem a contração do períneo (MOREIRA et al,2000-2001).O mecanismo <strong>de</strong> ação pelo qual a estimulação elétrica age sobre o assoalhopélvico ainda não está completamente esclarecido. Observa-se que impulsos eferentesdos nervos pu<strong>de</strong>ndos promovem contração reflexa da musculatura estriada que envolvea uretra e, concomitantemente, acompanha-se <strong>de</strong> reflexo inibitório da contração domúsculo <strong>de</strong>trusor. É obviamente necessário que a inervação pu<strong>de</strong>nda esteja total ouparcialmente íntegra para que haja condução do estímulo nervoso até o efetor. É <strong>de</strong>scritaa participação <strong>de</strong> fibras eferentes do plexo hipogástrico (simpático), causando inibiçãoda musculatura vesical e estimulando a musculatura lisa periuretral, agindo, portanto,sinergicamente no mecanismo <strong>de</strong> continência (LOW, 2001).Quando aplicados estímulos com freqüências inferiores a 30 Hz (fibras lentas),não há necessida<strong>de</strong> fisiológica <strong>de</strong> tempo <strong>de</strong> repouso e a corrente po<strong>de</strong> ser permanente.Para qualquer freqüência superior a 30 Hz (fibras rápidas) <strong>de</strong>ve haver necessariamenteuma alternância entre o tempo <strong>de</strong> passagem da corrente e o tempo <strong>de</strong> repouso.Atualmente, <strong>na</strong> reeducação perineal, a eletroestimulação para fortalecer os músculosutiliza uma corrente <strong>de</strong> tensão média nula alter<strong>na</strong>da ou bifásica com uma freqüência <strong>de</strong>


6150 Hz e uma largura <strong>de</strong> pulso <strong>de</strong> 0,2 a 0,5 ms. O tempo <strong>de</strong> repouso correspon<strong>de</strong>, noinício, a pelo menos duas vezes o tempo <strong>de</strong> passagem da corrente. (GROSSE eSENGLER, 2002).A eletroestimulação também tem apresentado resultados satisfatórios quandoassociada a outras técnicas. Num estudo feito em 1992, foram tratadas 36 pacientesportadoras <strong>de</strong> IUE com seis sessões <strong>de</strong> eletroestimulação e seis sessões <strong>de</strong> biofeedback.A resposta subjetiva positiva, após 16 sema<strong>na</strong>s, foi <strong>de</strong> 89%. (LOW, 2001).Num estudo com sete pacientes submetidas a um tratamento <strong>de</strong>eletroestimulação endovagi<strong>na</strong>l e cinesioterapia por 14 sema<strong>na</strong>s, Amaro et al (2002),obtiveram 50% <strong>de</strong> bons resultados, sendo que em 33% dos casos houve<strong>de</strong>saparecimento das perdas urinárias, e em 17% persistiram ape<strong>na</strong>s perdas eventuais.As contra-indicações para o tratamento com eletroestimulação endovagi<strong>na</strong>l são:gravi<strong>de</strong>z, infecções vagi<strong>na</strong>is, diminuição da percepção sensorial da vagi<strong>na</strong>, infecçãourinária, arritmia cardíaca e menstruação (LOW, 2001).Parâmetros Elétricos Para a Eletroestimulação:- Freqüência: varia <strong>de</strong> acordo com os sintomas; <strong>de</strong> 50 a 100 Hz para aumentar otônus do assoalhopélvico, enquanto que os reflexos inibitórios do <strong>de</strong>trusor são obtidoscom freqüências em 5 e 20 Hz.- Intensida<strong>de</strong> da corrente: 30 a 100 ma (máxima).- Largura <strong>de</strong> pulso: 0,2 a 0,5 ms.- Tempo: 20 a 30 minutos, uma a três vezes ao dia, no período <strong>de</strong> quatro a 12sema<strong>na</strong>s (RAMOS, 2006).Inicialmente a eletroestimulação era utilizada com baixa intensida<strong>de</strong> em longosperíodos, sendo substituída por menores intensida<strong>de</strong>s em espaços <strong>de</strong> tempo menores.Apesar dos resultados promissores <strong>na</strong> porcentagem <strong>de</strong> cura ou melhora parcial –incontinência leve (71%), mo<strong>de</strong>rada (33%) e grave (25%) – e dos poucos efeitoscolaterais, o uso clínico ainda é utilizado em peque<strong>na</strong> escala. Além <strong>de</strong> todos os métodos<strong>de</strong>scritos, existem medidas complementares que po<strong>de</strong>m acelerar o procedimento <strong>de</strong>cura, segundo afirma Tar<strong>na</strong>y (2002) apud. Ramos [et al.] (2006):


62“Algumas medidas gerais po<strong>de</strong>m serrecomendadas como auxiliares no tratamento dosdiversos distúrbios que levam à IU.Deve-se corrigir a obesida<strong>de</strong> e tratareventuais doenças predisponentes, como a bronquitecrônica.Modificações dietéticas, como diminuição doconsumo <strong>de</strong> cafeí<strong>na</strong> e bebidas alcoólicas, <strong>de</strong>vem serestimuladas. Restrição hídrica a<strong>de</strong>quada àsnecessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cada paciente, no caso <strong>de</strong> patologiascrônicas, po<strong>de</strong> ajudar no controle urinário.”Segue abaixo a figura 11, on<strong>de</strong> se vê o aparelho para eletroestimulação e seucorreto posicio<strong>na</strong>mento no ca<strong>na</strong>l vagi<strong>na</strong>l, conforme www.santalucia.com.br/urologia.Figura 11 - Aparelho para eletroestimulação e seu correto posicio<strong>na</strong>mento no ca<strong>na</strong>lvagi<strong>na</strong>l.Fonte: www.santalucia.com.br/urologia


633.2 – Recursos Reparadores e Avaliadores <strong>de</strong> Força do Assoalho Pélvico.- Cones Vagi<strong>na</strong>isEste método foi <strong>de</strong>senvolvido por Plevnik em 1985. Ele <strong>de</strong>monstrou que amulher po<strong>de</strong> melhorar o tônus da musculatura pélvica introduzindo <strong>na</strong> cavida<strong>de</strong> vagi<strong>na</strong>lcones <strong>de</strong> material sintético, exercitando a musculatura do períneo <strong>na</strong> tentativa <strong>de</strong> reter oscones e aumentando progressivamente o peso dos mesmos (POLDEN, 2002).Os cones consistem <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> cinco a nove cilindros pequenos, <strong>de</strong> pesovariável, que vão <strong>de</strong> 20 a 100g. Eles são feitos <strong>de</strong> chumbo coberto com plástico e são dotamanho aproximado <strong>de</strong> um tampão com um cordão <strong>de</strong> nylon ligado a uma ponta umtanto afilada (figura 12). Os fabricantes alegam que o cone age forçando para baixo osmúsculos do assoalho pélvico, e essa sensação <strong>de</strong> soltar o cone faz os músculos secontraírem em torno <strong>de</strong>le, para retê-lo (POLDEN, 2002).Quando o cone <strong>de</strong> peso a<strong>de</strong>quado é inserido <strong>na</strong> vagi<strong>na</strong>, ele ten<strong>de</strong> a<strong>de</strong>slizar causando uma sensação <strong>de</strong> perda que irá proporcio<strong>na</strong>r um biofeedback tátil ecinestésico, fazendo com que o assoalho pélvico se contraia <strong>de</strong> forma reflexa <strong>na</strong>tentativa <strong>de</strong> retê-lo. O uso <strong>de</strong> cones vagi<strong>na</strong>is além <strong>de</strong> aumentar força muscular tor<strong>na</strong> aativida<strong>de</strong> fisiológica do assoalho pélvico mais coor<strong>de</strong><strong>na</strong>da com contrações, aumentandoassim o recrutamento <strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s motoras, tanto do tipo I quanto do tipo II. Asindicações para este tratamento são: IU <strong>de</strong> esforço, urge-incontinência, assoalho pélvicofraco, pós-parto, disfunção sexual, pouca propriocepção pélvica e incoor<strong>de</strong><strong>na</strong>ção dacontração pélvica. As contra-indicações são: presença <strong>de</strong> infecções no trato-urogenital,durante a menstruação, paciente com distúrbio psiquiátrico, durante ou imediatamenteapós relação sexual, gravi<strong>de</strong>z, retenção/obstrução urinária (SOUZA, 2002).Figura 12 - Cones vagi<strong>na</strong>isFonte: GROSSE, D.; SENGLER, J. Reeducação perineal. 1.ed. São Paulo: Manole, 2002.


64A Escolha do Cone A<strong>de</strong>quadoO cone mais leve é inserido <strong>na</strong> vagi<strong>na</strong> pela mulher, <strong>na</strong> posição semi-abaixada ou<strong>de</strong>itada <strong>de</strong> lado, ou em pé com um pé sobre uma ca<strong>de</strong>ira, com a ponta afilada do cone eo cordão apontando para baixo. O cone <strong>de</strong>ve ser inserido bastante afastado para ficarverticalmente acima do nível do assoalho pélvico. Uma vez estando o cone em umaposição, a paciente começa a andar. Se o cone pu<strong>de</strong>r ficar retido por um minuto, apaciente passa para o cone seguinte, que é um pouco mais pesado, e assim por diante atéque um cone saia, após <strong>de</strong>corrido um minuto. O cone mais pesado que pu<strong>de</strong>r ficar retidopor um minuto é usado para o exercício (POLDEN, 2002).A Sessão <strong>de</strong> TratamentoDuas vezes por dia a paciente insere um cone, e anda durante 15 minutos. Se ocone sair, ele é empurrado <strong>de</strong> volta. Des<strong>de</strong> que o cone possa ficar retido durante 15minutos sem sair, passa-se para o cone seguinte. É recomendado fazer isso durante ummês (POLDEN, 2002).- BiofeedbackEm 1970, Basmajan <strong>de</strong>finiu o biofeedback como uma "técnica que utiliza umequipamento habitualmente eletrônico para revelar aos seres humanos, <strong>de</strong> maneiracontínua e instantânea, alguns acontecimentos fisiológicos internos normais ouanormais, em forma <strong>de</strong> si<strong>na</strong>is visuais ou auditivos. Ele consiste, então, em apren<strong>de</strong>r amanipular esses acontecimentos involuntários ou inconscientes, manipulando os si<strong>na</strong>isrepresentados" (WILSON, apud FREITAS, MENKE e RIVOIRE, 2002).O objetivo do biofeedback é, portanto, modificar uma resposta fisiológicai<strong>na</strong><strong>de</strong>quada ou propiciar a aquisição <strong>de</strong> uma nova resposta fisiológica. Em pacientescom IUE, o método é empregado para o reconhecimento da musculatura esqueléticaenvolvida no relaxamento e <strong>na</strong> contração uretral e da musculatura indiretamenteenvolvida no ato da micção (abdome, ná<strong>de</strong>gas e coxas) (GROSSE e SENGLER, 2002).


65A maioria dos equipamentos existentes dispõe <strong>de</strong> um sensor eletrônico que éintroduzido <strong>na</strong> vagi<strong>na</strong> para registrar a ativida<strong>de</strong> dos músculos pélvicos e eletrodos quesão colados <strong>na</strong> pare<strong>de</strong> abdomi<strong>na</strong>l para monitorizar sua ativida<strong>de</strong> e informar se essamusculatura está relaxada. Assim, quando a paciente contrai corretamente a musculaturaperineal haverá uma representação auditiva ou visual (por exemplo, acen<strong>de</strong>ndo luzes)informando se os músculos corretos estão sendo contraídos, e também a intensida<strong>de</strong> dascontrações (FREITAS, MENKE e RIVOIRE, 2002).Com o auxílio do biofeedback, a aprendizagem será feita em três etapas. Aprimeira é a <strong>de</strong>tecção, amplificação <strong>de</strong> uma função pela aparelhagem e. tradução em umsi<strong>na</strong>l visual e/ou sonoro imediatamente disponível para o paciente. A segunda etapaconsiste em mostrar ao paciente que ele po<strong>de</strong>, por um ato voluntário, reforçar, atenuarou manter a função que lhe é mostrada pelos si<strong>na</strong>is visuais ou auditivos. Essa função, <strong>de</strong>que ele não tem conhecimento (assoalho pélvico) lhe é mostrada por si<strong>na</strong>is que elepo<strong>de</strong>, então, manipular. É a etapa <strong>de</strong> conscientização, papel essencial, e mesmoexclusivo do biofeedback. A terceira etapa é a automatização <strong>de</strong>ssa função, obtida pelotrabalho manual <strong>de</strong> bloqueio perineal sob esforço. Nessa fase, o biofeedback é umcontrole rápido e confortável da integração da função (assoalho pélvico) ao esquemacorporal da paciente. Os resultados aparecem <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> 5 sema<strong>na</strong>s, com exercíciosrealizados uma ou duas vezes por sema<strong>na</strong>. Em alguns países existem mo<strong>de</strong>los maissimples e portáteis que po<strong>de</strong>m completar o tratamento em nível domiciliar (GROSSE eSENGLER, 2002).- Cateter Foley ou TampãoUm cateter com manga e inflado é usado por alguns fisioterapeutas, como ummeio <strong>de</strong> fornecer à mulher um biofeedback para as contrações do assoalho pélvico. Aidéia é <strong>de</strong> que, além do estímulo provocado pela presença do cateter <strong>na</strong> vagi<strong>na</strong> e ameaça<strong>de</strong> retirada, uma tração suave po<strong>de</strong> ser aplicada para forçar e estirar os músculos doassoalho pélvico, e ser correlacio<strong>na</strong>do com uma contração voluntária, para atuar comouma resistência. Um cateter com manga inflado (por exemplo, um cateter Foley,conforme mostra a figura13) é inserido <strong>na</strong> vagi<strong>na</strong>, <strong>de</strong> preferência pela própria mulher.Ela é então instruída a enrijecer os músculos do seu assoalho pélvico para resistir àretirada do cateter pelo fisioterapeuta. A tração é suave <strong>de</strong> início, mas é aumentada <strong>de</strong>acordo com a tensão que a paciente é capaz <strong>de</strong> criar. Além disso, po<strong>de</strong>m-se fazer


66tentativas para reter o cateter em posição durante aquelas ativida<strong>de</strong>s que possam causarvazamento urinário, por exemplo, tosse, incli<strong>na</strong>ção do corpo ou levantamento <strong>de</strong> peso,reforçando assim o conselho para contrair o assoalho pélvico antes <strong>de</strong> tais ativida<strong>de</strong>s(GROSSE e SENGLER, 2002).Figura 13 – Cateter FoleyFonte: www.medici<strong>na</strong>geriatrica.com.br/.../07/sonda.JPGTeste do Absorvente ou “Pad-test” ou Teste da AlmofadaEste teste consiste <strong>na</strong> utilização <strong>de</strong> absorventes para <strong>de</strong>monstrar e quantificar aperda urinária. A paciente, após a micção, coloca um absorvente com fundoimpermeável, previamente pesado, e ingere 500 ml <strong>de</strong> líquido em um período <strong>de</strong> até 15minutos. Após 15 minutos sentada, <strong>de</strong>ve andar, subir e <strong>de</strong>scer <strong>de</strong>graus por 15 minutos.No tempo restante, <strong>de</strong>ve sentar e levantar-se 10 vezes, tossir 10 vezes, correr no mesmolugar por um minuto, pegar objetos no solo e lavar as mãos em água corrente por umminuto para observar sensação <strong>de</strong> urgência com este estímulo sensorial. Ao fi<strong>na</strong>l <strong>de</strong> umahora <strong>de</strong> teste, o absorvente é pesado novamente e a paciente uri<strong>na</strong> espontaneamente,com medida da uri<strong>na</strong> residual (RIBEIRO e ROSSI, 2000).Um acréscimo <strong>de</strong> até duas gramas no peso fi<strong>na</strong>l do absorvente é consi<strong>de</strong>radonormal, po<strong>de</strong>ndo ser causado por transpiração ou secreção vagi<strong>na</strong>l. Perdas urinárias <strong>de</strong> 2a 10 gramas são consi<strong>de</strong>radas leves a mo<strong>de</strong>radas, 10 a 50 gramas severas e acima <strong>de</strong> 50muito severas (RIBEIRO e ROSSI, 2000).Recentemente, um teste <strong>de</strong> almofada <strong>de</strong> 24 e 48 horas foi concebido no qual apaciente usa almofadas perineais previamente pesadas continuamente por 24 a 48 horas,


67retirando-se somente para uri<strong>na</strong>r ou trocá-las. As almofadas <strong>de</strong>scartadas são colocadasdiretamente em sacos <strong>de</strong> plástico autovedantes individuais, e estes po<strong>de</strong>m ser pesadosimediatamente pela paciente usando-se uma balança <strong>de</strong> molas ou ser levados à clínica.A paciente po<strong>de</strong> também ser solicitada a manter um diário miccio<strong>na</strong>l. Fora isto, apaciente prossegue em suas ativida<strong>de</strong>s normais. Este testetem algumas vantagens aomedir a paciente em circunstâncias mais normais e sobre um longo período <strong>de</strong> tempo(POLDEN, 2002).Teste do Cotonete ou “Q-tip Test” ou Teste <strong>de</strong> ChrystlePermite a avaliação do grau <strong>de</strong> mobilida<strong>de</strong> do colo vesical. A sua realizaçãoobe<strong>de</strong>ce às seguintes seqüências e padronização: paciente em posição ginecológica;anti-sepsia dos órgãos genitais externos, principalmente o meato uretral; introdução daextremida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cotonete estéril, lubrificado com gel anestésico, no meato uretralexterno até ultrapassar o colo vesical; medida do ângulo <strong>de</strong> incli<strong>na</strong>ção da haste emrelação ao plano horizontal; manobra <strong>de</strong> esforço realizada pela paciente, observando-sea mudança do ângulo aferida em graus (RIBEIRO e ROSSI, 2000).Não há uma referência para a interpretação do resultado, porém consi<strong>de</strong>ra-se, <strong>de</strong>acordo com os mesmos autores, que um ângulo inferior a 30º em repouso/esforço sugereintegrida<strong>de</strong> do suporte a<strong>na</strong>tômico e superior a 30º hipermobilida<strong>de</strong> do colo vesical. Umângulo maior <strong>de</strong> 20º indica hipermobilida<strong>de</strong>. Nos casos normais o ângulo é inferior a 20graus. Estes valores <strong>de</strong>vem ser a<strong>na</strong>lisados em conjunto aos dados clínicos, uma vez queo teste tem 20 a 30% <strong>de</strong> resultados falsos-positivos, ou seja, mulheres continentes comhipermobilida<strong>de</strong> (RIBEIRO e ROSSI, 2000).Teste <strong>de</strong> Estresse em PéA paciente <strong>de</strong>ve estar com a bexiga completamente repleta, <strong>de</strong> pé sobre umafolha <strong>de</strong> papel ou toalha, com os pés afastados como a distância entre os ombros, apaciente é solicitada a tossir repetidamente, a fazer força como numa evacuação e arealizar movimentos únicos e fortes <strong>de</strong> tosse, ver figura 07 (RETZKY e ROGERS,1995).


68Uma perda imediata <strong>de</strong> uri<strong>na</strong> confirma o diagnóstico <strong>de</strong> incontinência genuí<strong>na</strong>por estresse, <strong>na</strong> ausência <strong>de</strong> contração vesical. Se nenhum vazamento <strong>de</strong> uri<strong>na</strong> forobservado, a bexiga da paciente po<strong>de</strong> não estar suficientemente cheia. O atraso novazamento e o vazamento prolongado sugerem um tipo <strong>de</strong> instabilida<strong>de</strong> do <strong>de</strong>trusorprovocada pela tosse e a paciente <strong>de</strong>ve fazer testes mais complexos (RETZKY eROGERS, 1995).Figura 07 – Teste <strong>de</strong> estresse em pé.Fonte:RETZKY, S. S.; ROGERS, R. M. A incontinência urinária <strong>na</strong> mulher. Clinical Symposia, vol. 47, n. 3,1995.Teste <strong>de</strong> BonneyConsiste <strong>na</strong> elevação digital do colo vesical, através <strong>de</strong> toque vagi<strong>na</strong>l, estando apaciente com a bexiga cheia. Se, durante o esforço, a manobra impedir a perda da uri<strong>na</strong>,o teste é positivo. No entanto, Bathia e Bergman (apud RIBEIRO e ROSSI, 2000)contestaram a eficiência <strong>de</strong>ste teste. Com o objetivo <strong>de</strong> <strong>de</strong>termi<strong>na</strong>r a valida<strong>de</strong> do teste <strong>na</strong>IUE, estes autores estudaram as funções uretral e uretrovesical em repouso e esforço. Osresultados obtidos foram semelhantes quando a paciente se sujeitava ao teste ou a umaoclusão uretral intencio<strong>na</strong>l. Depreen<strong>de</strong>-se que a perda não ocorria pela oclusão da uretradurante o toque vagi<strong>na</strong>l.


69CONCLUSÃOA incontinência urinária é uma condição muito freqüente em nossa socieda<strong>de</strong>,atingindo milhões <strong>de</strong> pessoas, principalmente mulheres, que por diversos fatores, taiscomo ida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>ficiência estrogênica, multiparida<strong>de</strong>, entre outros, acabam por<strong>de</strong>senvolver esta patologia.Como discutido anteriormente, a resolução <strong>de</strong>ste problema muitas vezes é fácil,mas <strong>na</strong> maioria das vezes não ocorre <strong>de</strong>vido ao fato <strong>de</strong> as próprias pacientessubestimarem o problema, aceitando-o como uma condição normal do envelhecimento;em outros casos, por medo ou ignorância, as pacientes acabam não procurando ajudados profissio<strong>na</strong>is <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, passando a conviver com os constrangimentos gerados pelaincontinência.A fisioterapia dispõe <strong>de</strong> muitos recursos para combater a IUE, e tem<strong>de</strong>monstrado ser muito eficaz no tratamento <strong>de</strong>sta patologia. Além disso, a eficácia dotratamento fisioterapêutico parece ultrapassar os limites fisiológicos e trazer benefíciostambém no campo sócio-psicológico, influenciando no bem-estar, <strong>na</strong> auto-estima e <strong>na</strong>qualida<strong>de</strong> <strong>de</strong> vida das pacientes.Desta forma, po<strong>de</strong>-se concluir que este estudo veio a confirmar que o exercíciocinesioterapêutico é um método barato, simples e satisfatório para curar, ou ao menos,melhorar significativamente a incontinência urinária <strong>de</strong> esforço em mulheres idosas; eque os exercícios do assoalho pélvico são eficazes no tratamento da incontinênciaurinária <strong>de</strong> esforço femini<strong>na</strong>.Entretanto, é importante salientar que muitos estudos ainda são necessários, afim<strong>de</strong> melhor compreen<strong>de</strong>r esta patologia e <strong>de</strong> encontrar formas cada vez mais eficazes <strong>de</strong>tratá-la. Para isto, é preciso que sejam realizadas pesquisas sérias, com metodologiaa<strong>de</strong>quada e resultados comprovados, para que os protocolos e técnicas sejamcientificamente comprovados.


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