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arqueologia do concelho de esposende - Visite Esposende

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ARQUEOLOGIA<br />

DO<br />

CONCELHO<br />

DE<br />

ESPOSENDE<br />

Esposen<strong>de</strong><br />

1995


FICHA TÉCNICA<br />

Coor<strong>de</strong>nação: Carlos A. Brocha<strong>do</strong> <strong>de</strong> Almeida<br />

Rui M. Cavalheiro da Cunha<br />

Textos: Eduar<strong>do</strong> Jorge<br />

João Antunes<br />

Desenhos e Arranjo Gráfico: Jorge Gue<strong>de</strong>s<br />

Edição: Serviços <strong>de</strong> Arqueologia<br />

Câmara Municipal <strong>de</strong> Esposen<strong>de</strong><br />

Financia<strong>do</strong> pelo FEOGA<br />

Capa: Tesouro <strong>de</strong> <strong>de</strong>nários republicanos <strong>do</strong> Câmbio da Era, provenientes <strong>do</strong><br />

castro <strong>de</strong> S. Lourenço - Vila Chão<br />

~.~


Localiza<strong>do</strong> na província <strong>do</strong> Minho, Esposen<strong>de</strong> é o <strong>concelho</strong> mais oci<strong>de</strong>ntal <strong>do</strong><br />

distrito <strong>de</strong> Braga. Compõem-no 15 freguesias que ocupam uma área que ronda os<br />

, 93 Km2.A Norte, na fronteira com o Alto Minho, é o rio Neivaque o separa<strong>do</strong><br />

distrito e <strong>concelho</strong> <strong>de</strong> Viana <strong>do</strong> Castelo; a Este e Sul são seus vizinhos os <strong>concelho</strong>s<br />

<strong>de</strong>, Barcelos e Póvoa <strong>de</strong> Varzim; a Oci<strong>de</strong>nte espraia-se o Océano Atl~tico.<br />

O clima é tempera<strong>do</strong>. Morfologicamente é uma terra <strong>de</strong> contrastes. O litoral,<br />

plano e arenoso, é bruscamente interrompi<strong>do</strong> por uma arriba fóssil retocada pelo<br />

mar que marca o aparecimento <strong>do</strong> planalto <strong>de</strong> Vila Chã e os vales abertos ou <strong>de</strong> tipo<br />

alveolar que caracterizam o interior <strong>do</strong> <strong>concelho</strong>.<br />

Uma re<strong>de</strong> maciça <strong>de</strong> linhas <strong>de</strong> água cobre a região, mas verda<strong>de</strong>iramente<br />

. significativos são o Neiva, que baliza a Norte, e o Cáva<strong>do</strong> que, no seu curso final, se<br />

apresenta com toda a imponência da sua ancestralida<strong>de</strong> ,hídrica.<br />

Esposen<strong>de</strong> é terra <strong>de</strong> História, esteja ela soterrada por camadas <strong>de</strong> terra ou<br />

reflectida nas fachadas <strong>do</strong>s seus monumentos.' É terra <strong>de</strong> gente simples e afável, que<br />

trabalha para arrancar o pão ao solo com o mesmo afinco e alegria com qu~ inicia a<br />

caminhada para a romaria ou se embrenha nos folgue<strong>do</strong>s em' honra <strong>do</strong>s santos da<br />

sua predilecção.<br />

Esposen<strong>de</strong> é terra <strong>de</strong> reminiscências.<br />

As marcas da passagem ou permanência <strong>do</strong>s homens; os sítios on<strong>de</strong> viveram,<br />

amaram e morreram. Os locais on<strong>de</strong> ergueram símbolos aos <strong>de</strong>uses ou em memória<br />

<strong>de</strong> outros homens, cativaram investiga<strong>do</strong>res e estimularam o interesse <strong>do</strong>s <strong>de</strong>mais.<br />

É neste cenário que temos <strong>de</strong> buscar os vestígios <strong>do</strong> passa<strong>do</strong> marca<strong>do</strong>s pelo<br />

Tempo e pelo Homem. E, percorren<strong>do</strong> a planície, trepan<strong>do</strong> aos montes ou ravinan<strong>do</strong><br />

as encostas, que teremos <strong>de</strong> sentir o pulsar <strong>do</strong>s mitos e das realida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> outras eras.<br />

Instrumentos líticos que remontam à fase inicial da ocupação, apareceram ao<br />

longo da orla litoral, nas imediações <strong>de</strong> antigas praias e ao longo das margens <strong>do</strong><br />

Cáva<strong>do</strong>.<br />

Mas é a Cultura Megalítica aquela qu'ê mais vincadamente espalhou as suas<br />

marcas. Pelo III milénio aC., povos cujos interesses sócio-económicos privilegiaram<br />

a pastorícia como activida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cúpula, ergueram os menhires <strong>de</strong> S. Bartolomeu <strong>do</strong><br />

Mar, <strong>de</strong> Forjães e <strong>de</strong> S. Paio <strong>de</strong> Antas e povoaram esta freguesia, mais o planalto <strong>de</strong><br />

Vila Chã, <strong>de</strong> antas ou "mamoas" provi<strong>do</strong>s <strong>de</strong> vasos <strong>de</strong>cora<strong>do</strong>s com protuber~ciãs<br />

mamilares, pontas <strong>de</strong> seta <strong>de</strong> base triangular e a<strong>do</strong>rnos, como a espiral <strong>de</strong> prata da<br />

"mamoínha" <strong>do</strong> Monte da Cerca.<br />

Contemporâneas ou séculos anda<strong>do</strong>s (III/II milénio a C.), são as cerâmicas<br />

"tipo Penha" que se esten<strong>de</strong>m da planáltica Vila Chã às planuras <strong>de</strong> Gandra. Ao II<br />

milénio a C. pertencem os macha<strong>do</strong>s <strong>do</strong> tipo, plano e a espada argárica outrora<br />

recolhi<strong>do</strong>s na pedregosa vertente <strong>do</strong>' Monte <strong>do</strong> Crasto <strong>de</strong> S. BartololÍleu <strong>do</strong> Mar.<br />

A fase terminal da Ida<strong>de</strong><strong>do</strong> .Bronze (lI/. milénio a C.) são <strong>de</strong> atribuir. um interessante<br />

conjunto <strong>de</strong> vasos <strong>do</strong> tipo "largo bor<strong>do</strong> horizontal" provenientes <strong>de</strong> necrópoles<br />

localizadas em S. Paio <strong>de</strong> Anras, Curvos e Marinhas e que se vulgarizaram na altura<br />

em consonância com certos povoa<strong>do</strong>s abertos <strong>de</strong> vocação agrícola.<br />

Séculos volvi<strong>do</strong>s, em plena Ida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Ferro {I milénio a C.) os povos acantonaram-se<br />

no cimo <strong>do</strong>s montes ou em esporões que se <strong>de</strong>bruçam sobre as linhas <strong>de</strong><br />

água ou <strong>do</strong>minam locais <strong>de</strong>'interesse estratégico. Protegem-se com muralhas, cavam<br />

fossos e talu<strong>de</strong>s, erguem habitàções <strong>de</strong> tendência circular, pastoreiam e agricultam


terrenos sedia<strong>do</strong>s nas vizinhanças. Guerreiam-se, partem à aventura quan<strong>do</strong> outros<br />

povos e outros interesseS lhes <strong>de</strong>spertam a ambição da fama e da riqueza.<br />

Um dia viram <strong>de</strong>sfilar pela orla litoral os solda<strong>do</strong>s <strong>de</strong> Décimus Junius Brutus e<br />

ao largo vogarem, a caminho <strong>do</strong> Cabo Finisterra, as embarcações <strong>de</strong> Júlio César.<br />

Com os romanos chegou uma outra mentalida<strong>de</strong>, uma nova forma <strong>de</strong> comunicar,<br />

diferentes maneiras <strong>de</strong> encarar a economia e a socieda<strong>de</strong>.<br />

Os velhos. habitats castrejos, sacudi<strong>do</strong>s pelos ventos da mudança, a<strong>do</strong>ptaram<br />

urbanizações <strong>de</strong> tipo ortogonal; as casas passaram a privilegiar as formas esquadriadas,<br />

a aumentarem o espaço e a cobrirem-se <strong>de</strong> telha (tégula). A roda <strong>de</strong> oleiro acelerou<br />

a produção cerâmica, a moeda circulavae era objecto <strong>de</strong> entesouramento, o incremento<br />

<strong>do</strong> consumo <strong>do</strong> pão obrigou à procura <strong>de</strong> novos espaços agricultáveis.<br />

Nestes séculos <strong>de</strong> mudanças (I a C. - I d C.), lenta mas progressivamente, as<br />

populações da "Subida<strong>de</strong>" <strong>de</strong> Belinho, Monte Crasto, S. Lourenço ou Senhor <strong>do</strong>s<br />

Desampara<strong>do</strong>s, <strong>do</strong> alto <strong>do</strong>s seus habitats ou <strong>de</strong>scen<strong>do</strong> para as encostas e vales foram<br />

<strong>de</strong>sbravan<strong>do</strong>, <strong>de</strong>smatan<strong>do</strong>, secan<strong>do</strong> pântanos, traçan<strong>do</strong> caminhos. e vias, erguen<strong>do</strong><br />

pontes, moldan<strong>do</strong> o espaço que hoje tão bem conhecemos e usufruimos.<br />

Símbolos <strong>de</strong>sta mudança, marcos <strong>de</strong> uma romanização que se propagou para lá<br />

<strong>do</strong> <strong>do</strong>mínio romano (reino Suevo-Visigótico), são as ocupaçõ"es <strong>de</strong> características<br />

vincadamente romanas da Quinta <strong>de</strong> Belinho, igreja das Marinhas, Paço <strong>de</strong> Fonte<br />

Boa e a tão celebrada "vila menendi" da Apúlia.<br />

Sofren<strong>do</strong> as guerras <strong>de</strong> quem está no caminho das invasões ou vive <strong>de</strong>masia<strong>do</strong><br />

perto <strong>do</strong> mat a pontos <strong>de</strong> <strong>de</strong>spertar a cobiça da pirataria, a região <strong>de</strong> Esposen<strong>de</strong><br />

acor<strong>do</strong>u com a Reconquista. Torna-se terra <strong>de</strong> presúria e <strong>de</strong> comunida<strong>de</strong>s que se<br />

organizam à volta das suas ecclesias,lançan<strong>do</strong> os fundamentos das futuras freguesias.<br />

Marcas <strong>de</strong>ste tempo (sécs. IXIXI) é a sepultura cavada na rocha <strong>de</strong> Eira d'Ana<br />

(Palmeira <strong>de</strong> Faro), o túmulo com tampa em estola <strong>de</strong> Forjães e a fase inicial da<br />

necrópole das Barreiras em Fão.<br />

Com o início da Nacionalida<strong>de</strong> reaproveitou-se o cume rochoso <strong>do</strong> antigo<br />

castro <strong>de</strong> S. Lourenço, adaptan<strong>do</strong>-o a "castelo" e construin<strong>do</strong>-lhe uma muralha em<br />

pedra <strong>do</strong> la<strong>do</strong> <strong>do</strong> mar.<br />

Ali~erçada a in<strong>de</strong>pendência, <strong>de</strong>sterra<strong>do</strong>s os Vikings para os mares <strong>do</strong> Norte e<br />

bani<strong>do</strong>s os Mouros, os inimigos passaram a ser a opressão, a fome, as <strong>do</strong>enças e a<br />

insipi<strong>de</strong>z <strong>de</strong> um conjunto <strong>de</strong> técnicas incapazes <strong>de</strong> gerarem pão é trabalho.<br />

Os séculos que se seguiram foram um contínuo labutar que nós, os actuais,<br />

po<strong>de</strong>remos perscrutar nas capelas e igrejas, solares e casas <strong>de</strong> lavoura, azenhas e<br />

moínhos, pontes e caminhos, barcos e artes marítimas, fachos e fortalezas, festas e<br />

romarias e porque não, no imaginário - herança colecti~a <strong>de</strong> um povo.<br />

NOTA:<br />

O espólio arqueológico <strong>do</strong> Concelho <strong>de</strong> Esposen<strong>de</strong> encontra-se espalha<strong>do</strong> pelos<br />

seguintes Museus Nacionais:<br />

* Museu NaCional <strong>de</strong> Arqueologia e Etnologia - Lisboa<br />

Museu da Socieda<strong>de</strong> Martins Sarmento - Guimarães<br />

Museu <strong>de</strong> Antropologia "Dr. Men<strong>de</strong>s Corrêa" - Porto<br />

* Museu Pio XII - Braga<br />

* Museu Aba<strong>de</strong> <strong>de</strong> Baçal - Bragança<br />

* Museu "Municipal <strong>de</strong> Esposen<strong>de</strong><br />

* Serviços <strong>de</strong> Arqueologia da Câmara Municipal <strong>de</strong> Esposen<strong>de</strong><br />

Dr. Carlos A. Brocha<strong>do</strong> <strong>de</strong> Almeida<br />

Assistente da FL UP


COMO<br />

SE CONSTRÓI<br />

UMA ANTA<br />

4<br />

A


MAMOA DO RAPIDO - VILA cHÁ<br />

A-I


A mamo a <strong>do</strong> Rapi<strong>do</strong> encontra-se na freguesia <strong>de</strong> Vila<br />

Chã, perto da estrada camarária que liga esta freguesia à <strong>de</strong><br />

S. Paio <strong>de</strong> Antas. Está inserida num conjunto megalítico<br />

forma<strong>do</strong> por três mamoas.<br />

Trata-se <strong>de</strong> um monumento constituí<strong>do</strong> por uma mamo a<br />

<strong>de</strong> terra cobrin<strong>do</strong> um dólmen, bem conserva<strong>do</strong>, <strong>de</strong> reduzidas<br />

dimensões. É forma<strong>do</strong> por uma pequena câmara funerária,<br />

<strong>de</strong>finida por nove esteios, com um corre<strong>do</strong>r, bastante baixo,<br />

que apresenta, ainda, duas das lajes <strong>de</strong> cobertura.<br />

Alguns <strong>do</strong>s seus esteios revelam vestígios <strong>de</strong> gravuras.<br />

A escavação recente <strong>de</strong>ste monumento (1989/90) forneceu<br />

fragmentos <strong>de</strong> cerâmica e outro espólio lítico.<br />

É um <strong>do</strong>s monumentos pré-históricos mais interessantes<br />

<strong>do</strong> <strong>concelho</strong>.


MAMOADA PORTELAGEM- VILA cHÁ<br />

A-2


A mamoa da Portelagem está situada nas imediações <strong>do</strong><br />

lugar da Abelheira e quase no extremo oci<strong>de</strong>ntal da freguesia<br />

<strong>de</strong> Vila Chão<br />

É um <strong>do</strong>s monumentos <strong>do</strong> litoral norte português mais<br />

vezes referencia<strong>do</strong>s na bibliografia especializada. Nomes<br />

como Vera Leisner e Martins Sarmento estão-lhe associa<strong>do</strong>s.<br />

As escavações recentes datam <strong>de</strong> 1989, sob a responsabilida<strong>de</strong><br />

<strong>do</strong> Dr. Eduar<strong>do</strong> Jorge.<br />

Apresenta uma câmara funerária constituída por nove<br />

esteios graníticos e parte da laje <strong>de</strong> cobertura. Possui restos<br />

<strong>de</strong> um pequeno corre<strong>do</strong>r ro<strong>de</strong>an<strong>do</strong> as lajes da câmara são<br />

visíveis as pequenas pedras <strong>do</strong> contraforte. Revelou ténues<br />

vestígios <strong>de</strong> insculturas rupestres. -<br />

Do seu espólio é <strong>de</strong> referir um vaso cerâmico, exposto<br />

no Museu da Socieda<strong>de</strong> Martins Sarmento (Guimarães),<br />

bem como pontas <strong>de</strong> seta, algumas das quais po<strong>de</strong>m ser<br />

observadas no Museu Municipal <strong>de</strong> Esposen<strong>de</strong>.


MAMOADE CIMO DE VIlA - PALMEIRA<br />

A-3


o lugar <strong>de</strong> T erroso da freguesia <strong>de</strong> Palmeira <strong>de</strong> Faro é<br />

um sítio arqueologicamente privilegia<strong>do</strong>. No seu aro há um<br />

habitat da Ida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Ferro (castro <strong>do</strong> Senhor <strong>do</strong>s Desampara<strong>do</strong>s)<br />

e indícios da presença <strong>de</strong> uma necrópole proto-<br />

-histórica no interior da Quinta <strong>de</strong> Mereces ou Cimo <strong>de</strong><br />

Vila.<br />

É, aliás, na proximida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sta necrópole e junto ao muro<br />

que envolve aquela proprieda<strong>de</strong> que está um <strong>do</strong>s dólmens<br />

mais importantes <strong>do</strong> <strong>concelho</strong>.<br />

Trata-se <strong>de</strong> um monumento megalítico constituí<strong>do</strong> por<br />

restos <strong>de</strong> uma extensa mamoa <strong>de</strong> ~erra e por quatro gran<strong>de</strong>s<br />

lajes graníticas, as únicas que restaram da câmara funerária,<br />

<strong>de</strong>vi<strong>do</strong> a violações antigas, bem como parte da tampa. Dois<br />

<strong>de</strong>stes esteios revelaram vestígios <strong>de</strong> gravuras rupestres; um<br />

outro fragmento granítico (actualmente exposto no Museu<br />

Municipal <strong>de</strong> Esposen<strong>de</strong>) mostrou restos <strong>de</strong> pintura <strong>de</strong> cor<br />

branca.<br />

O espólio encontra<strong>do</strong> é constituí<strong>do</strong> quase que exclusivamente<br />

por materiais cerâmicos. Originalmente, este<br />

dólmen, intervenciona<strong>do</strong> em 1989 (pelo GIAN - Grupo<br />

<strong>de</strong> Investigação Arqueológica <strong>do</strong> Norte sob a responsabilida<strong>de</strong><br />

<strong>do</strong> Dr. Eduar<strong>do</strong> Jorge), seria um <strong>do</strong>s <strong>de</strong> maior porte<br />

<strong>de</strong> quantos se distribuem no <strong>concelho</strong> <strong>de</strong> Esposen<strong>de</strong>.<br />

Sobre ele, um belíssimo exemplar <strong>de</strong> marco da Casa <strong>de</strong><br />

Bragança a qual possuía no <strong>concelho</strong> avultadas proprieda<strong>de</strong>s.


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MAMOA DE ARRIBADAS - VILA cHÁ<br />

A-4


Por Cruzinha ou Arribada <strong>de</strong>nominam-se uns terrenos<br />

<strong>de</strong> mato situa<strong>do</strong>s por trás da igreja paroquial <strong>de</strong> Vila Chã,<br />

perto da Quinta <strong>de</strong> S. Givas.<br />

A mamoa é <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s dimensões. As escavações recentes<br />

<strong>de</strong> que foi objecto, por parte da equipa <strong>de</strong> investiga<strong>do</strong>res<br />

li<strong>de</strong>rada pelo Dr. Eduar<strong>do</strong> Jorge, entre 1993 e 1995 viriam<br />

a revelar um monumento <strong>de</strong> características ímpares, pelo<br />

facto <strong>de</strong> apresentar sob a mesma calote <strong>de</strong> terras <strong>do</strong>is<br />

d6lmenes, <strong>do</strong>s quais um intacto. Este, <strong>de</strong> menores dimensões,<br />

foi o primeiro a ser intervenciona<strong>do</strong>, e ainda apresenta a<br />

laje <strong>de</strong> cobertura (tampa). O segun<strong>do</strong> d6lmen, já viola<strong>do</strong>; é<br />

<strong>de</strong> maiores dimensões e ainda se encontra em estu<strong>do</strong>.


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COMO<br />

SE CONSTRÓI<br />

UM MENHIR<br />

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(Adaptação <strong>de</strong> <strong>de</strong>senhos <strong>de</strong> M Mane, ín Science et Víe)


MENHIR DE S. PAIO DE ANTAS<br />

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Situa<strong>do</strong> num pequeno outeiro sobranceiro à igreja<br />

paroquial da freguesia <strong>de</strong> S. Paio <strong>de</strong> Antas, este monumento<br />

pré-hist6rico sobressai numa zona rica' em vestígios<br />

arqueol6gicos a que a pr6pria toponímia da região não é<br />

alheia (por ANT AS <strong>de</strong>nominam-se as típicas arquitecturas<br />

tumulares da cultura megalítica).<br />

Este exemplar monolítico, à semelhança <strong>do</strong>s seus<br />

congéneres existentes nas freguesias <strong>de</strong> Mar e <strong>de</strong> Forjães,<br />

carece <strong>de</strong> datação específica, já que a cronologia da cultura<br />

on<strong>de</strong> habitualmente está inseri<strong>do</strong> é dada pela amplitu<strong>de</strong><br />

temporal que caracteriza o horizonte N eolítico e a Ida<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />

Bronze <strong>do</strong> Noroeste Peninsular.<br />

Estamos perante um cilindro granítico, bem talha<strong>do</strong>,<br />

que emerge 1,65 m acima <strong>do</strong> nível <strong>do</strong> solo e que tem a<br />

particularida<strong>de</strong> <strong>de</strong> estar inclina<strong>do</strong> para sul, acentuan<strong>do</strong> a<br />

sua forma eminentemente fálica. Os investiga<strong>do</strong>res teorizam<br />

amplamente a carga simb6lica <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> monumento,<br />

relacionan<strong>do</strong>-o frequentemente com ritos <strong>de</strong> fertilida<strong>de</strong>'<br />

humana.


MENHIR DE S. BARTOLOMEU DO MAR<br />

B-2


(Desenho <strong>de</strong> Fernan<strong>do</strong> Barbosa<br />

in JORGE, Vítor Oliveira et allii.<br />

O Menhir <strong>de</strong> S. Bartolomeu <strong>do</strong> Mar<br />

[Esposen<strong>de</strong> ],<br />

Boletim Cultural <strong>de</strong> Esposen<strong>de</strong>,<br />

n.O 9/10, Esposen<strong>de</strong>, 1986)<br />

Esta pedra intencionalmente fincada no solo, <strong>de</strong>staca-se<br />

no campo <strong>de</strong> cultivo on<strong>de</strong> se encontra implantada, a escassos<br />

metros da igreja <strong>de</strong>dicada a S. Bartolomeu, na freguesia <strong>de</strong><br />

Mar e é um <strong>do</strong>s vários exemplares <strong>de</strong> vestígios pré-históricos<br />

existentes no <strong>concelho</strong> <strong>de</strong> Esposen<strong>de</strong>.<br />

Conheci<strong>do</strong> familiarmente no local com o nome <strong>de</strong><br />

"padrão", este monólito <strong>de</strong> 2,10 m <strong>de</strong> altura visível a partir<br />

<strong>do</strong> solo, que cobriu uma antiga praia, enquadra-se na tradição<br />

cultural megalítica e é um <strong>do</strong>s motivos emblemáticos da<br />

região.<br />

A observação da sua forma pelo la<strong>do</strong> sul, lembra um<br />

antropomorfismo incipiente que os investiga<strong>do</strong>res questionam<br />

como sen<strong>do</strong> a evolução hipotética <strong>de</strong> <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> tipo<br />

<strong>de</strong> monumento ritual, cujo significa<strong>do</strong> permanece obscuro.<br />

'h,


MENHIR DE FORJÃES<br />

B-3


~<br />

o menhir está situa<strong>do</strong> no lugar<br />

da Enfia, na <strong>de</strong>nominada "Bouça<br />

<strong>do</strong>s Marcos". Está int~gra<strong>do</strong> num.<br />

conjunto <strong>de</strong> quatro marcos que<br />

representam, respectivamente, a<br />

Casa <strong>de</strong> Bragança, a Comenda da<br />

Or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> Cristo e a actual linha<br />

divisória entre a vila <strong>de</strong> Forjães e a<br />

freguesia <strong>de</strong> S. Romão <strong>do</strong> Neiva,<br />

bem como o <strong>concelho</strong><br />

<strong>de</strong> Esposen<strong>de</strong> e o <strong>de</strong><br />

Viana <strong>do</strong> Castelo.<br />

O actual marco <strong>de</strong> divisão tem gravadas as letras SR e a<br />

data 1814, altura em que houve uma <strong>de</strong>finição <strong>do</strong>s limites<br />

administrativos entre as duas freguesias. Anteriormente o<br />

marco <strong>de</strong> divisão fora o menhir, que a partir <strong>de</strong>ssa altura foi<br />

relega<strong>do</strong> para um papel secundário.<br />

O menhir tem 1,80 m <strong>de</strong> altura e foi afeiçoa<strong>do</strong> num<br />

bloco granítico <strong>de</strong> grão médio, matéria-prima que abunda<br />

na região. Possui as características essenciais <strong>do</strong>s menhires<br />

já conheci<strong>do</strong>s num aro que abrange os <strong>concelho</strong>s <strong>de</strong><br />

Esposen<strong>de</strong> e Barcelos. São elas o cariz fálico, o enrugamento<br />

bem perceptível na parte média <strong>do</strong> corpo, a inclinação no<br />

se;'ti<strong>do</strong> meridional e cabeça a<strong>de</strong>lgaçada. A presença <strong>de</strong><br />

covinhas ou "fossetes" está atestada, apesar das dificulda<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> análise levantadas pela abundância <strong>de</strong> líquenes, pela erosão<br />

e pelas mutilações assaz evi<strong>de</strong>ntes na cabeça.<br />

Tem similitu<strong>de</strong> garantida com o menhir <strong>de</strong> S. Paio <strong>de</strong><br />

Antas (Esposen<strong>de</strong>) e com os <strong>do</strong>is <strong>do</strong> planalto da Figueiró,<br />

localiza<strong>do</strong>s no limite das freguesias <strong>do</strong>s Feitos e <strong>de</strong> Palme<br />

(Barcelos) e com o <strong>de</strong> Vila Cova (Barcelos), este quase na<br />

confluência com a freguesia <strong>de</strong> Palmeira <strong>de</strong> Faro pertencente<br />

ao <strong>concelho</strong> <strong>de</strong> Esposen<strong>de</strong>.


CASTROS<br />

c


CASTRO DE S. LOURENÇO - VIlA cHÁ<br />

C-I


Este povoa<strong>do</strong> da Ida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Ferro situa-se numa das várias<br />

elevações que constituem a arriba fóssil - uma ca<strong>de</strong>ia<br />

rochosa <strong>de</strong> montes que se esten<strong>de</strong> paralelamente à costa.<br />

A <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong>ste habitat era assegurada por duas or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong><br />

muralhas em pedra, reforçadas a Este por um talu<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

terra. Na sua antiga acrópole ergue-se hoje a capela <strong>de</strong>dicada<br />

a S. Lourenço e nas suas vertentes a <strong>de</strong>vastação provocada<br />

pelos agentes humanos está bem assinalada com as gran<strong>de</strong>s<br />

áreas <strong>de</strong>sflorestadas, pela recolha <strong>de</strong> pedra, arruamentos e<br />

terraplanage~ para a construção <strong>do</strong>s coretos.<br />

Objecto <strong>de</strong> várias campanhas <strong>de</strong> escavação, o castro<br />

mostra presentemente, na encosta virada ao mar, <strong>do</strong>is núcleos<br />

habitacionais compostos, ten<strong>do</strong>, cada um, três construções<br />

individualizadas. Cada família ocuparia um núcleo e distribuiria<br />

as funções <strong>do</strong> quotidiano pela compartimentação<br />

espacial <strong>de</strong> que dispunha. O povoa<strong>do</strong>, que se foi <strong>de</strong>senvolven<strong>do</strong><br />

em direcção às agras <strong>de</strong> cultivo, posicionava-se<br />

pela encosta em socalcos limita<strong>do</strong>s por eficientes muros <strong>de</strong><br />

contenção <strong>de</strong> terras.<br />

A sua progressiva romanização torna-se evi<strong>de</strong>nte pela<br />

análise <strong>do</strong> espólio recolhi<strong>do</strong> on<strong>de</strong>, a par <strong>do</strong> característico<br />

material que i<strong>de</strong>ntifica a cultura castreja, salientam-se os<br />

numerosos fragmentos <strong>de</strong> cerâmica <strong>de</strong> importação, o tesouro<br />

republicano <strong>de</strong> 19 moedas em prata, o peso <strong>de</strong> balança<br />

romano e uma ara <strong>de</strong>dicada à DEA. SANCTA. O acha<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> um numisma da época <strong>de</strong> Constantino (séc. N d c.)<br />

coloca a funcionalida<strong>de</strong> <strong>do</strong> povoa<strong>do</strong> numa data avançada<br />

<strong>do</strong> I milénio.


CASTRODE BELINHO - S. PAIO DE ANTAS<br />

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C-2


Situa<strong>do</strong> numa elevação <strong>de</strong> reduzida altitu<strong>de</strong>, sobranceira<br />

à Quinta <strong>de</strong> Belinho, ergue-se um povoa<strong>do</strong> proto-histórico<br />

conheci<strong>do</strong> popularmente por Subida<strong>de</strong>. Este habitat foi<br />

parcialmente escava<strong>do</strong> nos anos 20 pelo poeta A. Correia<br />

<strong>de</strong> Oliveira e <strong>de</strong>s<strong>de</strong> então não foi objecto <strong>de</strong> qualquer outro<br />

estu<strong>do</strong> mais sistemático.<br />

Trata-se <strong>de</strong> um castro protegi<strong>do</strong> por três or<strong>de</strong>ns <strong>de</strong><br />

muralhas a Sul e a Nascente, sen<strong>do</strong> a da coroa a única que<br />

merece especial <strong>de</strong>staque pelas suas características <strong>de</strong><br />

execução. Presentemente a vegetação que cobriu em parte<br />

as escavações, escon<strong>de</strong> várias casas <strong>de</strong> planta circular ou<br />

sub-circular típicas <strong>de</strong>sta cultura da Ida<strong>de</strong> <strong>do</strong> Ferro, além<br />

<strong>de</strong> uma que foi classificada <strong>de</strong> sub-rectangular e que po<strong>de</strong><br />

atestar a progressiva romanização <strong>do</strong> povoa<strong>do</strong>.<br />

O espólio exuma<strong>do</strong> na campanha <strong>de</strong> 1924 encontra-se<br />

distribuí<strong>do</strong> pelo Museu Nacional <strong>de</strong> Arqueologia e Etnologia,<br />

Museu Municipal <strong>de</strong> Penafiel e pela própria Quinta <strong>de</strong><br />

Belinho. Do conjunto <strong>de</strong> materiais conheci<strong>do</strong>s <strong>de</strong>stacam-se<br />

as mós circulares e as prisões <strong>de</strong> ga<strong>do</strong> em granito, varia<strong>do</strong>s<br />

fragmentos <strong>de</strong> cerâmica com ou sem <strong>de</strong>coração e uma fíbula<br />

em bronze (a<strong>de</strong>reço prático <strong>de</strong> vestuário).<br />

Estu<strong>do</strong>s futuros po<strong>de</strong>rão ajudar a esclarecer a organização<br />

e as características <strong>de</strong>sta subida<strong>de</strong> que constitui um<br />

<strong>do</strong>s numerosos exemplos da cultura castreja <strong>do</strong> Noroeste<br />

Peninsular.


o ENTERRAMENTO MEDIEVAL<br />

o


Os coveiros <strong>de</strong> Tornai enterram as vítimas da peste na cida<strong>de</strong> (1350).<br />

Iluminura da Bíblia <strong>de</strong> S. Luís, <strong>do</strong> séc. XII/, em que se po<strong>de</strong> observar um presbítero prestan<strong>do</strong><br />

os auxílios espirituais a um moribun<strong>do</strong> no momento em que entrega a sua alma ao Cria<strong>do</strong>r.


o<br />

TúMULO COM TAMPAEM ESTOLA- FORJÃES<br />

1.° ,..<br />

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(Desenho in BARROCA, Mário Jorge<br />

Necrópoles e Sepulturas Medievais <strong>de</strong> Entre-Douro-e-Minho<br />

[sécs, V a XVJ, Porto, 1987)<br />

D-l


Santa Marinha, a virgem e mártir <strong>de</strong> Antioquia, on<strong>de</strong><br />

foi martirizada no séc. IV, é a padroeira da vila <strong>de</strong> Forjães.<br />

O seu culto, introduzi<strong>do</strong> na Península Ibérica a partir<br />

<strong>do</strong> séc. VIII, difundiu-se com especial incidência no Noroeste<br />

da Península e acompanhou o nascimento <strong>de</strong> uma série <strong>de</strong><br />

villas-ecclesiasno <strong>de</strong>correr da Reconquista Cristã.<br />

Forjães é uma <strong>de</strong>las que no Norte <strong>de</strong> Portugal, entre<br />

capelas e se<strong>de</strong>s <strong>de</strong> freguesias, ostentam o nome <strong>de</strong> Marinha<br />

como sua padroeira.<br />

Documentalmente Forjães remonta a mea<strong>do</strong>s <strong>do</strong> séc. XI<br />

e na origem <strong>do</strong> seu nome estará um presor da Reconquista.<br />

Deste perío<strong>do</strong> é o túmulo com tampa em estola resguarda<strong>do</strong><br />

junto ao canto nor<strong>de</strong>ste <strong>do</strong> adro da igreja e uma série <strong>de</strong><br />

sepulturas feitas com pedras avulsas que foram <strong>de</strong>smanteladas<br />

na altura <strong>do</strong> arranjo <strong>do</strong> adro. Mas se estes vestígios são<br />

<strong>do</strong>cumentos comprovativos <strong>de</strong> que no séc. X a ecclesia <strong>de</strong><br />

Sancta Marina já existia, a ocupação <strong>do</strong> sítio, essa é bem<br />

anterior.<br />

T égula (telha <strong>de</strong> tipo romano), cerâmicas, m6s manuais<br />

que se po<strong>de</strong>m conotar com o mun<strong>do</strong> tar<strong>do</strong>-romano e Alta<br />

Ida<strong>de</strong> Média aparecem dissemina<strong>do</strong>s pelos terrenos confinantes<br />

e especial incidência para o adro e residência paroquial.<br />

Tal facto convida a pensar que a primeira igreja <strong>de</strong><br />

Santa Marinha <strong>de</strong> Forjães foi erguida bem no centro da<br />

actual freguesia e que a mesma resultou da junção <strong>de</strong> duas<br />

villas-ecclesiasmais importantes da altura - Sancta Marina<br />

e Forgiaes - às quais se juntaram Ramal<strong>de</strong>, Vegi<strong>de</strong>, Pinheiro<br />

e outros lugares <strong>de</strong> menor peso s6cio-econ6mico.


SEPULTURA CAVADA NA ROCHA<br />

EIRA D' ANA - PALMEIRA<br />

0-2


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Este exemplar <strong>de</strong> túmulo alti-medievo aberto num<br />

pene<strong>do</strong> granítico, situa-s~ no lugar <strong>de</strong> Eira d'Ana, pertencente<br />

à freguesia <strong>de</strong> Palmeira <strong>de</strong> Faro e é o único referencia<strong>do</strong> no<br />

<strong>concelho</strong> <strong>de</strong> Esposen<strong>de</strong>.<br />

Primitivamente este local, agora protegi<strong>do</strong> pelos muros<br />

<strong>de</strong> uma residência particular, situava-se junto da antiga e<br />

concorrida estrada Esposen<strong>de</strong>-Barcelos. A localização junto<br />

a uma via <strong>de</strong> comunicação é típica <strong>de</strong>ste tipo <strong>de</strong> sepulturas<br />

que apelava frequentemente à oração <strong>do</strong> passante ou pelo<br />

menos à reflexão sobre a fragilida<strong>de</strong> da vida humana.<br />

O túmulo, <strong>de</strong> 1,94 m por 0,45 m, cuja cavida<strong>de</strong> interior<br />

a nível da cabeceira apresenta sinais <strong>de</strong> antropomorfismo,<br />

carece <strong>de</strong> tampa, mas conserva o rego envolvente que facili-<br />

tava o escoamento das águas pluviais.


NECRÓPOLEDAS BARREIRAS- FÁO<br />

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D-3


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Abrigada por uma área <strong>de</strong> paisagem protegida, junto ao<br />

caminho que dá acesso ao Facho <strong>de</strong> N.a S!a da Bonança,<br />

esta necrópole é um <strong>do</strong>s testemunhos <strong>de</strong> localização da<br />

comunida<strong>de</strong> medieval da vila <strong>de</strong> Fão.<br />

As sepulturas distribuem-se por uma área <strong>de</strong> 336 m2 e<br />

encontram-se canonicamente orientadas no senti<strong>do</strong> W-E.<br />

Observam-se aqui vários tipos <strong>de</strong> túmulos <strong>de</strong> diferente<br />

concepção, em xisto e granito, cuja cronologia aproximada<br />

oscila entre os séculos XI e XIV. Distinguem-se algumas<br />

inumações com vestígios <strong>de</strong> antromorfismo da<strong>do</strong>s pelos<br />

fragmentos <strong>de</strong> telha coloca<strong>do</strong>s à altura da cabeceira, com a<br />

função <strong>de</strong> manter a cabeça <strong>do</strong> cadáver na direcção <strong>do</strong> N ascente<br />

- localização <strong>de</strong> Jerusalém.<br />

Na área <strong>de</strong>ste" campo santo" estão ainda implanta<strong>do</strong>s<br />

os restos <strong>de</strong> um edifício com vários compartimentos, cuja<br />

escavação forneceu fragmentos cerâmicos e moedas que<br />

confirmam a medievalida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sta estação arqueológica.


INSCRIÇÃO MEDIEVAL DA IGREJA<br />

S. PAIO DE ANTAS<br />

0-4


Junto <strong>do</strong> outeiro on<strong>de</strong> emerge o menhir pré-histórico<br />

da freguesia <strong>de</strong> Autas, nas vizinhanças <strong>do</strong> castro e necrópole<br />

proto-histórica <strong>de</strong> T alhoz, está construída a igreja <strong>de</strong>dicada<br />

a S. Paio.<br />

Este edifício <strong>de</strong> traça contemporânea ostenta no alça<strong>do</strong><br />

sul uma lápi<strong>de</strong> epigrafada que nos recorda a construção <strong>de</strong><br />

um templo data<strong>do</strong> <strong>do</strong> séc. XII. A inscrição é a única memória<br />

que testemunha a voz da tradição popular segun<strong>do</strong> a qual o<br />

sítio teria si<strong>do</strong> escolhi<strong>do</strong> para a construção <strong>de</strong> um mosteiro.<br />

lHEI\A,A C\'"11tt.1Jl~k.'\.~~nq~i\ SIJA<br />

''\1Sf UHDlf1I1et'C)l'eTUl'S«AMf)\<br />

Inscrição:<br />

IN ERA MCLXXXXIII. X KALENDAS MAGII ABAS<br />

SUA / RIUS FUNDAVIT OPERA ISTA MER.<br />

Leitura:<br />

Na era <strong>de</strong> 1193 (1155). 10 dias anda<strong>do</strong>s das Kalendas<br />

<strong>de</strong> Maio, o aba<strong>de</strong> Suario fun<strong>do</strong>u esta obra...


""""'fh"'"-<br />

IDADE MODERNA<br />

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g;;;J\ a tfL-<br />

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CO/Jd...<br />

E


Cartas extraidas fÚ «Topografia da Provincia fÚ Entre Douro e Minho»,<br />

Biblioteca Pública Municipal <strong>do</strong> Porto


~.<br />

FACHO DA SENHORA DA BONANÇA - FÁO<br />

E-I


o facho construí<strong>do</strong> no reina<strong>do</strong> <strong>de</strong> D. João 111partilha a<br />

mesma duna on<strong>de</strong> está implantada a pequena capela da<br />

Senhora da Bonança.<br />

Este edifício quinhentista com planta simples <strong>de</strong> 6x4 m,<br />

encontra-se actualmente em acelera<strong>do</strong> processo <strong>de</strong> <strong>de</strong>gradação~<br />

A sua porta em arco, <strong>de</strong> arestas chanfradas, coroada<br />

pela pedra <strong>de</strong> armas reais é o único pormenor que ainda<br />

sobressai no conjunto cuja traça primitiva terá si<strong>do</strong> objecto<br />

<strong>de</strong> sucessivas alterações provocadas por obras <strong>de</strong> manutenção.<br />

Os Fachos foram durante séculos o único apoio à<br />

navegação que se aproximava perigosamente da costa. Estes<br />

antepassa<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s faróis sinalizavam o litoral, localizan<strong>do</strong>-se<br />

preferencialmente junto <strong>de</strong> aci<strong>de</strong>ntes geológicos que<br />

inspirassem cuida<strong>do</strong>s à navegação.<br />

Deste mo<strong>do</strong>, a função primordial <strong>de</strong>sta construção era<br />

<strong>de</strong> aviso perante a linha traiçoeira <strong>de</strong> roche<strong>do</strong>s conhecida<br />

por Cavalos <strong>de</strong> Fão que, localizada perto da barra <strong>do</strong> Cáva<strong>do</strong>,<br />

se ,apresentava como um obstáculo capaz <strong>de</strong> fazer soçobrar<br />

qualquer embarcação menos alertada. Durante a noite ou<br />

nos dias em que as condições climatéricas forçassem o seu<br />

funcionamento, a lanterna alimentada a óleo ou gordura<br />

era acesa e erguida no alto <strong>de</strong> um poste <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira pela<br />

guarnição <strong>do</strong> farol.<br />

A utilização <strong>do</strong> Facho da Bonança foi-se esbaten<strong>do</strong>,<br />

cren<strong>do</strong>-se inclusivamente que terá si<strong>do</strong> aproveita<strong>do</strong> para<br />

pequeno presídio, até que o seu total aban<strong>do</strong>no tenha<br />

apressa<strong>do</strong> a presente ruína.


FORTE DE S. JOÃO BAPTISTA- ESPOSENDE<br />

E-2


D<br />

Na margem norte da Foz <strong>do</strong> Cáva<strong>do</strong>, <strong>de</strong>bruça<strong>do</strong> sobre<br />

as águas <strong>do</strong> rio, ergue-se o Forte <strong>de</strong> S. João Baptista. Manda<strong>do</strong><br />

construir por D. Pedro 11,a obra inicia-se em 1699 e<br />

terminará cinco anos mais tar<strong>de</strong>.<br />

O Forte foi mais uma das medidas régias <strong>de</strong> protecção e<br />

<strong>de</strong>fesa das populações ribeirinhas que, até ao séc. XIX foram<br />

sofren<strong>do</strong> os ataques da pirataria que assolava as costas<br />

portuguesas. A segurança da barra <strong>do</strong> Cáva<strong>do</strong> foi mantida<br />

<strong>de</strong>ste mo<strong>do</strong> por uma pequena construção <strong>de</strong> planta em<br />

estrela on<strong>de</strong> pontificavam cinco baluartes. A Oeste, pelo<br />

la<strong>do</strong> <strong>do</strong> mar, a cortina <strong>de</strong>fensiva <strong>do</strong> edifício albergou uma<br />

bateria <strong>de</strong> artilharia.<br />

Dan<strong>do</strong> abrigo a uma reduzida guarnição que se<br />

aquartelava numa parada <strong>de</strong> 27x15 m, a manutenção <strong>de</strong>ste<br />

bastião <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa contra o corso foi aguenta<strong>do</strong> e impedin<strong>do</strong><br />

o avanço e formação da duna sobre a margem norte da foz.<br />

Presentemente o monumento que invoca S. João Baptista<br />

encontra-se parcialmente <strong>de</strong>smantela<strong>do</strong>. A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

sinalização da costa que o potente farol e respectivos serviços<br />

<strong>de</strong> apoio vieram cumprir, <strong>de</strong>scaracterizaram-no, sem que,<br />

apesar disso, tenha perdi<strong>do</strong> a dignida<strong>de</strong> e a lembrança da<br />

sua função protectora perante a região esposen<strong>de</strong>nse.<br />

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