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Caminho, Verdade e Vida - a era do espírito

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http://livroespirita.4shared.com/Coleção “Fonte Viva”1 o livro da Coleção “Fonte Viva”(Interpretação <strong>do</strong>s Textos Evangélicos)01 - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> (1948)02 - Pão Nosso (1950)03 - Vinha de Luz (1951)04 - Fonte Viva (1956)


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 2ÍndiceInterpretação <strong>do</strong>s Textos Sagra<strong>do</strong>s ...................................................... 71 O tempo ......................................................................................... 102 Segue-me tu................................................................................... 123 Examina-te..................................................................................... 144 Trabalho......................................................................................... 155 Bases ............................................................................................. 166 Esforço e oração ............................................................................ 177 Tu<strong>do</strong> novo ...................................................................................... 198 Jesus veio ...................................................................................... 219 Reuniões cristãs............................................................................. 2310 Mediunidade................................................................................. 2511 Conforto ....................................................................................... 2712 Educação no lar ........................................................................... 2813 Que é a carne? ............................................................................ 2914 Em ti mesmo ................................................................................ 3115 Conversão.................................................................................... 3316 Endireitai os caminhos ................................................................. 3517 Por Cristo ..................................................................................... 3718 Purificação íntima......................................................................... 3919 Na propaganda ............................................................................ 4020 O companheiro............................................................................. 4221 <strong>Caminho</strong>s retos ............................................................................ 4422 Que buscais? ............................................................................... 4623 Viver pela fé ................................................................................. 4724 O tesouro enferruja<strong>do</strong> .................................................................. 4825 Tende calma ................................................................................ 4926 Padecer........................................................................................ 5027 Negócios ...................................................................................... 5128 Escritores ..................................................................................... 5329 Contentar-se ................................................................................ 5430 O mun<strong>do</strong> e o mal.......................................................................... 5631 Coisas mínimas............................................................................ 5732 Nuvens......................................................................................... 5933 Recapitulações............................................................................. 6134 Comer e beber ............................................................................. 6335 Semeadura................................................................................... 6536 Heresias....................................................................................... 66


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 337 Honras vãs................................................................................... 6738 Pregações.................................................................................... 6839 Entra e coop<strong>era</strong>............................................................................ 6940 Tempo de confiança..................................................................... 7141 A Regra Áurea ............................................................................. 7342 Glória ao bem............................................................................... 7543 Consultas ..................................................................................... 7744 O cego de Jericó .......................................................................... 7845 Conversar..................................................................................... 8046 Quem és?..................................................................................... 8247 A grande pergunta........................................................................ 8348 Guardai-vos.................................................................................. 8549 Saber e fazer................................................................................ 8650 Conta de si................................................................................... 8751 Meninos espirituais ...................................................................... 8852 Dons............................................................................................. 8953 Paz............................................................................................... 9154 A videira ....................................................................................... 9355 As varas da videira....................................................................... 9556 Lucros .......................................................................................... 9657 Dinheiro........................................................................................ 9758 Ganhar ......................................................................................... 9859 Os ama<strong>do</strong>s................................................................................. 10060 Prática <strong>do</strong> bem ........................................................................... 10261 Ministérios.................................................................................. 10362 Parentela.................................................................................... 10463 Quem sois? ................................................................................ 10564 O tesouro maior ......................................................................... 10665 Pedir........................................................................................... 10866 Como pedes?............................................................................. 11067 Os vivos <strong>do</strong> Além ....................................................................... 11168 Além-túmulo ............................................................................... 11269 Comunicações ........................................................................... 11470 Poderes ocultos ......................................................................... 11571 Para testemunhar....................................................................... 11772 Transitoriedade .......................................................................... 11973 Oportunidade ............................................................................. 12074 Mãos limpas ............................................................................... 12175 Na casa de César ...................................................................... 12376 Edificações................................................................................. 124


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 477 Convém refletir........................................................................... 12578 <strong>Verdade</strong>s e fantasias.................................................................. 12679 A cada um.................................................................................. 12880 Opiniões..................................................................................... 12981 Ordenações humanas ................................................................ 13182 Madeiros secos .......................................................................... 13383 Aflições ...................................................................................... 13584 Levantemo-nos .......................................................................... 13685 Testemunho ............................................................................... 13786 Jesus e os amigos ..................................................................... 13987 Por que <strong>do</strong>rmis?......................................................................... 14188 Velar com Jesus......................................................................... 14389 O fracasso de Pedro .................................................................. 14590 Ensejo ao bem ........................................................................... 14791 Campo de sangue...................................................................... 14892 Madalena ................................................................................... 14993 Alegria cristã .............................................................................. 15194 Ao salvar-nos ............................................................................. 15395 O Amigo Oculto.......................................................................... 15596 A coroa....................................................................................... 15797 Amas o bastante? ...................................................................... 15898 Capas......................................................................................... 15999 Prometer .................................................................................... 160100 Auxílios <strong>do</strong> invisível.................................................................. 162101 Tu<strong>do</strong> em Deus.......................................................................... 164102 O cristão e o mun<strong>do</strong> ................................................................. 165103 Estima <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> ..................................................................... 167104 A espada simbólica .................................................................. 169105 Nem to<strong>do</strong>s................................................................................ 171106 Dar ........................................................................................... 173107 Vinda <strong>do</strong> Reino......................................................................... 174108 Reencarnação.......................................................................... 175109 Acharemos sempre .................................................................. 177110 <strong>Vida</strong>s sucessivas...................................................................... 179111 Orienta<strong>do</strong>res <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>............................................................ 181112 Como Lázaro............................................................................ 183113 Não te esqueças ...................................................................... 184114 As cartas <strong>do</strong> Cristo................................................................... 186115 Embaixa<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Cristo ........................................................... 188116 Agir de acor<strong>do</strong>.......................................................................... 190


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 5117 Terra proveitosa ....................................................................... 191118 O paralítico............................................................................... 193119 Glória cristã.............................................................................. 194120 Zelo próprio.............................................................................. 195121 Espinheiros .............................................................................. 197122 Frutos....................................................................................... 198123 Esp<strong>era</strong>r em Cristo .................................................................... 199124 Firmeza de fé ........................................................................... 201125 Filhos e servos ......................................................................... 203126 Í<strong>do</strong>los ....................................................................................... 204127 Enquanto é dia ......................................................................... 206128 Dádivas espirituais ................................................................... 207129 Origem das tentações .............................................................. 209130 Tristeza .................................................................................... 211131 Homens e anjos ....................................................................... 212132 Sempre adiante........................................................................ 213133 Hegemonia de Jesus................................................................ 214134 Basta pouco ............................................................................. 216135 O ouro intransferível................................................................. 218136 Coisas terrestres e celestiais ................................................... 220137 O banquete <strong>do</strong>s publicanos...................................................... 222138 Pretensões ............................................................................... 224139 Por amor .................................................................................. 226140 Para os montes ........................................................................ 228141 Pior para eles ........................................................................... 229142 Um só Senhor .......................................................................... 230143 Legião <strong>do</strong> mal........................................................................... 231144 Que temos com o Cristo?......................................................... 233145 Doutrinações ............................................................................ 235146 No trato com o invisível ............................................................ 237147 Um desafio ............................................................................... 238148 Cuida<strong>do</strong> de si ........................................................................... 239149 Propriedade.............................................................................. 241150 Aguilhões ................................................................................. 242151 Mocidade.................................................................................. 244152 Ciência e amor ......................................................................... 246153 Passes ..................................................................................... 248154 Renunciar................................................................................. 250155 Entre os cristãos ...................................................................... 252156 Intuição .................................................................................... 253


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 6157 Faze isso e viverás................................................................... 254158 Batismo .................................................................................... 256159 A quem segues? ...................................................................... 257160 O varão da Macedônia ............................................................. 258161 Aproveitemos ........................................................................... 259162 Esperemos ............................................................................... 261163 Não crer ................................................................................... 263164 Não perturbeis.......................................................................... 265165 Bens externos .......................................................................... 267166 Posses definitivas .................................................................... 269167 Na oração................................................................................. 271168 Na meditação ........................................................................... 273169 No quadro real ......................................................................... 275170 Domínio espiritual .................................................................... 277171 Palavras de mãe ...................................................................... 279172 Lágrimas .................................................................................. 281173 Zelo <strong>do</strong> bem ............................................................................. 282174 Pão de cada dia ....................................................................... 284175 Coop<strong>era</strong>ção.............................................................................. 286176 Lição viva ................................................................................. 288177 Opiniões convencionais ........................................................... 289178 A porta divina ........................................................................... 291179 O novo mandamento................................................................ 293180 Façamos nossa Luz ................................................................. 295


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 7Interpretação <strong>do</strong>s Textos Sagra<strong>do</strong>s“Saben<strong>do</strong> primeiramente isto: que nenhuma profeciada Escritura é de particular interpretação.” – (2ª Epístolaa Pedro, 1:20.)Jesus é o <strong>Caminho</strong>, a <strong>Verdade</strong> e a <strong>Vida</strong>. Sua luz imperecívelbrilha sobre os milênios terrestres, como o Verbo <strong>do</strong> princípio,penetran<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>, há quase vinte séculos.Lutas sanguinárias, guerras de extermínio, calamidades sociaisnão lhe modificaram um til nas palavras que se atualizam,cada vez mais, com a evolução multiforme da Terra. Tempestadesde sangue e lágrimas nada mais fiz<strong>era</strong>m que avivar-lhes a grandeza.Entretanto, sempre tardios no aproveitamento das oportunidadespreciosas, muitas vezes, no curso das existências renovadas,temos despreza<strong>do</strong> o <strong>Caminho</strong>, indiferentes ante os patrimônios da<strong>Verdade</strong> e da <strong>Vida</strong>.O Senhor, contu<strong>do</strong>, nunca nos deixou desampara<strong>do</strong>s.Cada dia, reforma os títulos de tolerância para com as nossasdívidas; todavia, é de nosso próprio interesse levantar o padrão davontade, estabelecer disciplinas para uso pessoal e reeducar a nósmesmos, ao contacto <strong>do</strong> Mestre Divino. Ele é o Amigo Generoso,mas tantas vezes lhe olvidamos o conselho que somos suscetíveisde atingir obscuras zonas de adiamento indefinível de nossa iluminaçãointerior para a vida eterna.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 8No propósito de valorizar o ensejo de serviço, organizamoseste humilde trabalho interpretativo 1 , sem qualquer pretensão aexegese.Concatenamos apenas modesto conjunto de páginas soltasdestinadas a meditações comuns.Muitos amigos estranhar-nos-ão talvez a atitude, isolan<strong>do</strong>versículos e conferin<strong>do</strong>-lhes cor independente <strong>do</strong> capítulo evangélicoa que pertencem. Em certas passagens, extraímos daí somentefrases pequeninas, proporcionan<strong>do</strong>-lhes fisionomia especial e, emdeterminadas circunstâncias, as nossas consid<strong>era</strong>ções desvaliosasparecem contrariar as disposições <strong>do</strong> capítulo em que se inspiram.Assim procedemos, porém, pond<strong>era</strong>n<strong>do</strong> que, num colar de pérolas,cada qual tem valor específico e que, no imenso conjunto deensinamentos da Boa Nova, cada conceito <strong>do</strong> Cristo ou de seuscolabora<strong>do</strong>res diretos adapta-se a determinada situação <strong>do</strong> Espírito,nas estradas da vida. A lição <strong>do</strong> Mestre, além disso, não constituitão-somente um impositivo para os misteres da a<strong>do</strong>ração. OEvangelho não se reduz a breviário para o genuflexório. É roteiroimprescindível para a legislação e administração, para o serviço epara a obediência. O Cristo não estabelece linhas divisórias entreo templo e a oficina. Toda a Terra é seu altar de oração e seucampo de trabalho, ao mesmo tempo. Por louvá-lo nas igrejas emenoscabá-lo nas ruas é que temos naufraga<strong>do</strong> mil vezes, pornossa própria culpa. To<strong>do</strong>s os lugares, portanto, podem ser consagra<strong>do</strong>sao serviço divino.Muitos discípulos, nas várias escolas cristãs, entregaram-se aperquirições teológicas, transforman<strong>do</strong> os ensinos <strong>do</strong> Senhor emrelíquia morta <strong>do</strong>s altares de pedra; no entanto, esp<strong>era</strong> o Cristo1 Algumas destas páginas, já publicadas na imprensa espiritista cristã,foram por nós revistas e simplificadas para maior clareza de interpretação.(Nota de Emmanuel.)


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 9venhamos to<strong>do</strong>s a converter-lhe o evangelho de Amor e Sabe<strong>do</strong>riaem companheiro da prece, em livro escolar no aprendiza<strong>do</strong> decada dia, em fonte inspira<strong>do</strong>ra de nossas mais humildes ações notrabalho comum e em código de boas maneiras no intercâmbiofraternal.Embora esclareça nossos singelos objetivos, noto, antecipadamente,ampla perplexidade nesse ou naquele grupo de crentes.Que fazer? Temos imensas distâncias a vencer no <strong>Caminho</strong>,para adquirir a <strong>Verdade</strong> e a <strong>Vida</strong> na significação integral.Compreendemos o respeito devi<strong>do</strong> ao Cristo, mas, pela própriaexemplificação <strong>do</strong> Mestre, sabemos que o labor <strong>do</strong> aprendizfiel constitui-se de a<strong>do</strong>ração e trabalho, de oração e esforço próprio.Quanto ao mais, consola-nos reconhecer que os Textos Sagra<strong>do</strong>ssão dádivas <strong>do</strong> Pai a to<strong>do</strong>s os seus filhos e, por isso mesmo,aqui nos reportamos às palavras sábias de Simão Pedro:“Saben<strong>do</strong> primeiramente isto: que nenhuma profecia da Escrituraé de particular interpretação.”EMMANUELPedro Leopol<strong>do</strong>, 2 de setembro de 1948.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 101O tempo“Aquele que faz caso <strong>do</strong> dia, para o Senhor o faz.” –Paulo. (Romanos, 14:6.)A maioria <strong>do</strong>s homens não percebe ainda os valores infinitos<strong>do</strong> tempo.Existem efetivamente os que abusam dessa concessão divina.Julgam que a riqueza <strong>do</strong>s benefícios lhes é devida por Deus.Seria justo, entretanto, interrogá-los quanto ao motivo de semelhantepresunção.Constituin<strong>do</strong> a Criação Universal patrimônio comum, é razoávelque to<strong>do</strong>s gozem as possibilidades da vida; contu<strong>do</strong>, de mo<strong>do</strong>g<strong>era</strong>l, a criatura não medita na harmonia das circunstâncias que seajustam na Terra, em favor de seu aperfeiçoamento espiritual.É lógico que to<strong>do</strong> homem conte com o tempo, mas, se essetempo estiver sem luz, sem equilíbrio, sem saúde, sem trabalho?Não obstante a oportunidade da indagação, importa consid<strong>era</strong>rque muito raros são aqueles que valorizam o dia, multiplican<strong>do</strong>-seem toda parte as fileiras <strong>do</strong>s que procuram aniquilá-lo dequalquer forma.A velha expressão popular “matar o tempo” reflete a inconsciênciavulgar, nesse senti<strong>do</strong>.Nos mais obscuros recantos da Terra, há criaturas exterminan<strong>do</strong>possibilidades sagradas. No entanto, um dia de paz, harmoniae iluminação, é muito importante para o concurso humano, naexecução das leis divinas.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 11Os interesses imediatistas <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> clamam que o “tempo édinheiro”, para, em seguida, recomeçarem todas as obras incompletasna esteira das reencarnações... Os homens, por isso mesmo,fazem e desfazem, constroem e destroem, aprendem levianamentee recapitulam com dificuldade, na conquista da experiência.Em quase to<strong>do</strong>s os setores de evolução terrestre, vemos o a-buso da oportunidade complican<strong>do</strong> os caminhos da vida; entretanto,desde muitos séculos, o apóstolo nos afirma que o tempo deveser <strong>do</strong> Senhor.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 122Segue-me tu“Disse-lhe Jesus: Se eu quero que ele fique até que euvenha, que te importa a ti? Segue-me tu.” – (João,21:22.)Nas comunidades de trabalho cristão, muitas vezes observamoscompanheiros altamente preocupa<strong>do</strong>s com a tarefa conferidaa outros irmãos de luta.É justo examinar, entretanto, como se elevaria o mun<strong>do</strong> secada homem cuidasse de sua parte, nos deveres comuns, comperfeição e sinceridade.Algum de nossos amigos foi convoca<strong>do</strong> para obrigações diferentes?Confortemo-lo com a legítima compreensão.Às vezes, surge um deles, modifica<strong>do</strong> ao nosso olhar. Há coop<strong>era</strong><strong>do</strong>resque o acusam. Muitos o consid<strong>era</strong>m porta<strong>do</strong>r de perigosastentações. Movimentam-se comentários e julgamentos àpressa.Quem penetrará, porém, o campo das causas? Estaríamos naelevada condição daquele que pode analisar um acontecimento,através de to<strong>do</strong>s os ângulos? Talvez o que pareça queda ou defecçãopode constituir novas resoluções de Jesus, relativamente àredenção <strong>do</strong> amigo que parece agora distante.O Bom Pastor permanece vigilante. Prometeu que das ovelhasque o Pai lhe confiou nenhuma se perderá.Convém, desse mo<strong>do</strong>, atendermos com perfeição aos deveresque nos foram deferi<strong>do</strong>s. Cada qual necessita conhecer as obrigaçõesque lhe são próprias.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 13Nesse padrão de conhecimento e atitude, há sempre muitotrabalho nobre a realizar.Se um irmão parece desvia<strong>do</strong> aos teus olhos mortais, faze opossível por ouvir as palavras de Jesus ao pesca<strong>do</strong>r de Cafarnaum:“Que te importa a ti? Segue-me tu.”


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 143Examina-te“Nada faças por contenda ou por vanglória, mas porhumildade.” - Paulo. (Filipenses, 2:3.)O serviço de Jesus é infinito. Na sua órbita, há lugar para todasas criaturas e para todas as idéias sadias em sua expressãosubstancial.Se, na ordem divina, cada árvore produz segun<strong>do</strong> a sua espécie,no trabalho cristão, cada discípulo contribuirá conforme suaposição evolutiva.A experiência humana não é uma estação de prazer. O homempermanece em função de aprendiza<strong>do</strong> e, nessa tarefa, érazoável que saiba valorizar a oportunidade de aprender, facilitan<strong>do</strong>o mesmo ensejo aos semelhantes.O apóstolo Paulo compreendeu essa verdade, afirman<strong>do</strong> quenada deveremos fazer por espírito de contenda e vanglória, mas,sim, por ato de humildade.Quan<strong>do</strong> praticares alguma ação que ultrapasse o quadro dasobrigações diárias, examina os móveis que a determinaram. Seresultou <strong>do</strong> desejo injusto de supremacia, se obedeceu somente àdisputa desnecessária, cuida de teu coração para que o caminho teseja menos ingrato. Mas se atendeste ao dever, ainda que hajassi<strong>do</strong> interpreta<strong>do</strong> como rigorista e exigente, incompreensivo einfiel, recebe as observações indébitas e passa adiante.Continua trabalhan<strong>do</strong> em teu ministério, recordan<strong>do</strong> que, porservir aos outros, com humildade, sem contendas e vanglórias,Jesus foi ti<strong>do</strong> por imprudente e rebelde, trai<strong>do</strong>r da lei e inimigo <strong>do</strong>povo, receben<strong>do</strong> com a cruz a coroa gloriosa.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 154Trabalho“E Jesus lhes respondeu: Meu Pai obra até agora, e eutrabalho também.” – (João, 5:17.)Em to<strong>do</strong>s os recantos observamos criaturas queixosas e insatisfeitas.Quase todas pedem socorro. Raras amam o esforço que lhesfoi conferi<strong>do</strong>. A maioria revolta-se contra o gênero de seu trabalho.Os que varrem as ruas querem ser comerciantes; os trabalha<strong>do</strong>res<strong>do</strong> campo prefeririam a existência na cidade.O problema, contu<strong>do</strong>, não é de gênero de tarefa, mas o decompreensão da oportunidade recebida.De mo<strong>do</strong> g<strong>era</strong>l, as queixas, nesse senti<strong>do</strong>, são filhas da preguiçainconsciente. É o desejo ingênito de conservar o que é inútile ruinoso, das quedas no pretérito obscuro.Mas Jesus veio arrancar-nos da “morte no erro”.Trouxe-nos a bênção <strong>do</strong> trabalho, que é o movimento incessanteda vida.Para que saibamos honrar nosso esforço, referiu-se ao Pai quenão cessa de servir em sua obra eterna de amor e sabe<strong>do</strong>ria e à suatarefa própria, cheia de imperecível dedicação à Humanidade.Quan<strong>do</strong> te sentires cansa<strong>do</strong>, lembra-te de que Jesus está trabalhan<strong>do</strong>.Começamos ontem nosso humilde labor e o Mestre seesforça por nós, desde quan<strong>do</strong>?


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 165Bases“Disse-lhe Pedro: Nunca me lavarás os pés. Respondeu-lheJesus: Se eu não te lavar, não tens parte comigo.”– (João, 13:8.)É natural vejamos, antes de tu<strong>do</strong>, na resolução <strong>do</strong> Mestre, aolavar os pés <strong>do</strong>s discípulos, uma demonstração sublime de humildadesantificante.Primeiramente, é justo examinarmos a interpretação intelectual,adiantan<strong>do</strong>, porém, a análise mais profunda de seus atosdivinos. É que, pela mensagem permanente <strong>do</strong> Evangelho, oCristo continua lavan<strong>do</strong> os pés de to<strong>do</strong>s os segui<strong>do</strong>res sinceros desua <strong>do</strong>utrina de amor e perdão.O homem costuma viver desinteressa<strong>do</strong> de todas as suas o-brigações superiores, muitas vezes aplaudin<strong>do</strong> o crime e a inconsciência.Todavia, ao contacto de Jesus e de seus ensinamentossublimes, sente que pisará sobre novas bases, enquanto que suasapreciações fundamentais da existência são muito diversas.Alguém proporciona leveza aos seus pés espirituais para quemarche de mo<strong>do</strong> diferente nas sendas evolutivas.Tu<strong>do</strong> se renova e a criatura compreende que não fora essa intervençãomaravilhosa e não poderia participar <strong>do</strong> banquete davida real.Então, como o apóstolo de Cafarnaum, experimenta novasresponsabilidades no caminho e, desejan<strong>do</strong> corresponder à expectativadivina, roga a Jesus lhe lave, não somente os pés, mastambém as mãos e a cabeça.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 176Esforço e oração“E, despedida a multidão, subiu ao monte a fim de o-rar, à parte. E, chegada já a tarde, estava ali só.” –(Mateus, 14:23.)De vez em quan<strong>do</strong>, surgem grupos religiosos que preconizamo absoluto retiro das lutas humanas para os serviços da oração.Nesse particular, entretanto, o Mestre é sempre a fonte <strong>do</strong>sensinamentos vivos. O trabalho e a prece são duas característicasde sua atividade divina.Jesus nunca se encerrou a distância das criaturas, com o fimde permanecer em contemplação absoluta <strong>do</strong>s quadros divinosque lhe iluminavam o coração, mas também cultivou a prece emsua altura celestial.Despedida a multidão, termina<strong>do</strong> o esforço diário, estabeleciaa pausa necessária para meditar, à parte, comungan<strong>do</strong> com o Pai,na oração solitária e sublime.Se alguém permanece na Terra, é com o objetivo de alcançarum ponto mais alto, nas expressões evolutivas, pelo trabalho quefoi convoca<strong>do</strong> a fazer. E, pela oração, o homem recebe de Deus oauxílio indispensável à santificação da tarefa.Esforço e prece completam-se no to<strong>do</strong> da atividade espiritual.A criatura que apenas trabalhasse, sem méto<strong>do</strong> e sem descanso,acabaria desesp<strong>era</strong>da, em horrível secura <strong>do</strong> coração; aquelaque apenas se mantivesse genuflexa, estaria ameaçada de sucumbirpela paralisia e ociosidade.A oração ilumina o trabalho, e a ação é como um livro de luzna vida espiritualizada.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 18Cuida de teus deveres porque para isso permaneces no mun<strong>do</strong>,mas nunca te esqueças desse monte, localiza<strong>do</strong> em teus sentimentosmais nobres, a fim de orares “à parte”, recordan<strong>do</strong> o Senhor.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 197Tu<strong>do</strong> novo“Assim é que, se alguém está. em Cristo, nova criaturaé: as coisas velhas já passaram; eis que tu<strong>do</strong> se fez novo.”– Paulo. (2ª Epístola aos Coríntios, 5:17.)É muito comum observarmos crentes inquietos, utilizan<strong>do</strong> recursossagra<strong>do</strong>s da oração para que se perpetuem situações injustificáveistão-só porque envolvem certas vantagens imediatas parasuas preocupações egoísticas.Semelhante atitude mental constitui resolução muito grave.Cristo ensinou a paciência e a tolerância, mas nunca determinouque seus discípulos estabelecessem acor<strong>do</strong> com os erros queinfelicitam o mun<strong>do</strong>. Em face dessa decisão, foi à cruz e legou oúltimo testemunho de não-violência, mas também de nãoacomodaçãocom as trevas em que se compraz a maioria dascriaturas.Não se engane o crente acerca <strong>do</strong> caminho que lhe compete.Em Cristo tu<strong>do</strong> deve ser renova<strong>do</strong>, O passa<strong>do</strong> delituoso estarámorto, as situações de dúvida terão chega<strong>do</strong> ao fim, as velhascogitações <strong>do</strong> homem carnal darão lugar a vida nova em espírito,onde tu<strong>do</strong> signifique sadia reconstrução para o futuro eterno.É contra-senso valer-se <strong>do</strong> nome de Jesus para tentar a continuaçãode antigos erros.Quan<strong>do</strong> notarmos a presença de um crente de boa palavra,mas sem o íntimo renova<strong>do</strong>, dirigin<strong>do</strong>-se ao Mestre como umprisioneiro carrega<strong>do</strong> de cadeias, estejamos certos de que esseirmão pode estar à porta <strong>do</strong> Cristo, pela sinceridade das intenções;


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 20no entanto, não conseguiu, ainda, a penetração no santuário de seuamor.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 218Jesus veio“Mas aniquilou-se a si mesmo, toman<strong>do</strong> a forma deservo, fazen<strong>do</strong>-se semelhante aos homens.” – Paulo.(Filipenses, 2:7.)Muitos discípulos falam de extremas dificuldades por estabelecerboas obras nos serviços de confraternização evangélica,alegan<strong>do</strong> o esta<strong>do</strong> infeliz de ignorância em que se compraz imensapercentagem de criaturas da Terra.Entretanto, tais reclamações não são justas.Para executar sua divina missão de amor, Jesus não contoucom a colaboração imediata de Espíritos aperfeiçoa<strong>do</strong>s e compreensivose, sim, “aniquilou-se a si mesmo, toman<strong>do</strong> a forma deservo, fazen<strong>do</strong>-se semelhante aos homens”.Não podíamos ir ter com o Salva<strong>do</strong>r, em sua posição sublime;todavia, o Mestre veio até nós, apagan<strong>do</strong> temporariamente a suaauréola de luz, de maneira a beneficiar-nos sem traços de sensacionalismo.O exemplo de Jesus, nesse particular, representa lição demasia<strong>do</strong>profunda.Ninguém alegue conquistas intelectuais ou sentimentais comorazão para desentendimento com os irmãos da Terra.Homem algum <strong>do</strong>s que passaram pelo orbe alcançou as culminâncias<strong>do</strong> Cristo. No entanto, vemo-lo à mesa <strong>do</strong>s peca<strong>do</strong>res,dirigin<strong>do</strong>-se fraternalmente a meretrizes, ministran<strong>do</strong> seu derradeirotestemunho entre ladrões.Se teu próximo não pode alçar-se ao plano espiritual em quete encontras, podes ir ao encontro dele, para o bom serviço da


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 22fraternidade e da iluminação, sem aparatos que lhe ofendam ainferioridade.Recorda a demonstração <strong>do</strong> Mestre Divino.Para vir a nós, aniquilou a si próprio, ingressan<strong>do</strong> no mun<strong>do</strong>como filho sem berço e ausentan<strong>do</strong>-se <strong>do</strong> trabalho glorioso, comoservo crucifica<strong>do</strong>.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 239Reuniões cristãs“Chegada, pois, a tarde daquele dia, o primeiro da semana,e cerradas as portas da casa onde os discípulos,com me<strong>do</strong> <strong>do</strong>s judeus, se tinham ajunta<strong>do</strong>, chegou Jesuse pôs-se no meio deles e disse-lhes: Paz seja convosco.”(João, 20:19.)Desde o dia da ressurreição gloriosa <strong>do</strong> Cristo, a Humanidadeterrena foi consid<strong>era</strong>da digna das relações com a espiritualidade.O Deuteronômio proibira terminantemente o intercâmbio comos que houvessem parti<strong>do</strong> pelas portas da sepultura, em vista danecessidade de afastar a mente humana de cogitações prematuras.Entretanto, Jesus, assim como suavizara a antiga lei da justiçainflexível com o perdão de um amor sem limites, aliviou as determinaçõesde Moisés, vin<strong>do</strong> ao encontro <strong>do</strong>s discípulos sau<strong>do</strong>sos.Cerradas as portas, para que as vibrações tumultuosas <strong>do</strong>s adversáriosgratuitos não perturbassem o coração <strong>do</strong>s que anelavamo convívio divino, eis que surge o Mestre muito ama<strong>do</strong>, dilatan<strong>do</strong>as esp<strong>era</strong>nças de to<strong>do</strong>s na vida eterna. Desde essa hora inolvidável,estava instituí<strong>do</strong> o movimento de troca, entre o mun<strong>do</strong> visívele o invisível. A família cristã, em seus vários departamentos,jamais passaria sem o <strong>do</strong>ce alimento de suas reuniões carinhosas eíntimas. Desde então, os discípulos se reuniriam, tanto nos cenáculosde Jerusalém, como nas catacumbas de Roma. E, nos temposmodernos, a essência mais profunda dessas assembléias ésempre a mesma, seja nas igrejas católicas, nos templos protestantesou nos centros espíritas.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 24O objetivo é um só: procurar a influenciação <strong>do</strong>s planos superiores,com a diferença de que, nos ambientes espiritistas, a almapode saciar-se, com mais abundância, em vôos mais altos, por seconservar afastada de certos prejuízos <strong>do</strong> <strong>do</strong>gmatismo e <strong>do</strong> sacerdócioorganiza<strong>do</strong>.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 2510Mediunidade“E nos últimos dias acontecerá, diz o Senhor, que <strong>do</strong>meu Espírito derramarei sobre toda carne; os vossos filhose as vossas filhas profetizarão, vossos mancebosterão visões e os vossos velhos sonharão sonhos.” – (Atos,2:17.)No dia de Pentecostes, Jerusalém estava repleta de forasteiros.Filhos da Mesopotâmia, da Frígia, da Líbia, <strong>do</strong> Egito, cretenses,árabes, partos e romanos se aglom<strong>era</strong>vam na praça extensa,quan<strong>do</strong> os discípulos humildes <strong>do</strong> Nazareno anunciaram a BoaNova, atenden<strong>do</strong> a cada grupo da multidão em seu idioma particular.Uma onda de surpresa e de alegria invadiu o espírito g<strong>era</strong>l.Não faltaram os cépticos, no divino concerto, atribuin<strong>do</strong> àloucura e à embriaguez a revelação observada. Simão Pedro destaca-see esclarece que se trata da luz prometida pelos céus àescuridão da carne.Desde esse dia, as claridades <strong>do</strong> Pentecostes jorraram sobre omun<strong>do</strong>, incessantemente.Até aí, os discípulos <strong>era</strong>m frágeis e indecisos, mas, dessa horaem diante, quebram as influências <strong>do</strong> meio, curam os <strong>do</strong>entes,levantam o espírito <strong>do</strong>s infortuna<strong>do</strong>s, falam aos reis da Terra emnome <strong>do</strong> Senhor.O poder de Jesus se lhes comunicara às energias reduzidas.Estabelec<strong>era</strong>-se a <strong>era</strong> da mediunidade, alicerce de todas as realizações<strong>do</strong> Cristianismo, através <strong>do</strong>s séculos.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 26Contra o seu influxo, trabalham, até hoje, os prejuízos moraisque avassalam os caminhos <strong>do</strong> homem, mas é sobre a mediunidade,gloriosa luz <strong>do</strong>s céus oferecida às criaturas, no Pentecostes,que se edificam as construções espirituais de todas as comunidadessinc<strong>era</strong>s da Doutrina <strong>do</strong> Cristo e é ainda ela que, dilatada <strong>do</strong>sapóstolos ao círculo de to<strong>do</strong>s os homens, ressurge no Espiritismocristão, como a alma imortal <strong>do</strong> Cristianismo redivivo.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 2711Conforto“Se alguém me serve, siga-me.” – Jesus. (João, 12:26.)Freqüentemente, as organizações religiosas e mormente asespiritistas, na atualidade, estão repletas de pessoas ansiosas porum conforto.De fato, a elevada Doutrina <strong>do</strong>s Espíritos é a divina expressão<strong>do</strong> Consola<strong>do</strong>r Prometi<strong>do</strong>. Em suas atividades resplendem caminhosnovos para o pensamento humano, cheios de profundasconsolações para os dias mais duros.No entanto, é imprescindível pond<strong>era</strong>r que não será justo quer<strong>era</strong>lguém confortar-se, sem se dar ao trabalho necessário...Muitos pedem amparo aos mensageiros <strong>do</strong> plano invisível;mas como recebê-lo, se chegaram ao cúmulo de aban<strong>do</strong>nar-se aosabor da ventania impetuosa que sopra, de rijo, nos resvala<strong>do</strong>uros<strong>do</strong>s caminhos?Conforto espiritual não é como o pão <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, que passa,mecanicamente, de mão em mão, para saciar a fome <strong>do</strong> corpo,mas, sim, como o Sol, que é o mesmo para to<strong>do</strong>s, penetran<strong>do</strong>,porém, somente nos lugares onde não se haja feito um redutofecha<strong>do</strong> para as sombras.Os discípulos de Jesus podem referir-se às suas necessidadesde conforto. Isso é natural. Todavia, antes disso, necessitam saberse estão servin<strong>do</strong> ao Mestre e seguin<strong>do</strong>-o. O Cristo nunca faltouàs suas promessas. Seu reino divino se ergue sobre consolaçõesimortais; mas, para atingi-lo, faz-se necessário seguir-lhe os passose ninguém ignora qual foi o caminho de Jesus, nas pedrasdeste mun<strong>do</strong>.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 2812Educação no lar“Vós fazeis o que também vistes junto de vosso pai.” –Jesus. (João, 8:38.)Preconiza-se na atualidade <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> uma educação pela liberdadeplena <strong>do</strong>s instintos <strong>do</strong> homem, olvidan<strong>do</strong>-se, pouco apouco, os antigos ensinamentos quanto à formação <strong>do</strong> caráter nolar; a coletividade, porém, ce<strong>do</strong> ou tarde, será compelida a reajustarseus propósitos.Os pais humanos têm de ser os primeiros mentores da criatura.De sua missão amorosa decorre a organização <strong>do</strong> ambientejusto. Meios corrompi<strong>do</strong>s significam maus pais entre os que, apeso de longos sacrifícios, conseguem manter, na invigilânciacoletiva, a segurança possível contra a desordem ameaça<strong>do</strong>ra. Atarefa <strong>do</strong>méstica nunca será uma válvula para gozos improdutivos,porque constitui trabalho e coop<strong>era</strong>ção com Deus. O homem ou amulher que desejam ao mesmo tempo ser pais e goza<strong>do</strong>res da vidaterrestre, estão cegos e terminarão seus loucos esforços, espiritualmentefalan<strong>do</strong>, na vala comum da inutilidade.Debalde se improvisarão sociólogos para substituir a educaçãono lar por sucedâneos abstrusos que envenenam a alma. Sóum espírito que haja compreendi<strong>do</strong> a paternidade de Deus, acimade tu<strong>do</strong>, consegue escapar à lei pela qual os filhos sempre imitarãoos pais, ainda quan<strong>do</strong> estes sejam perversos.Ouçamos a palavra <strong>do</strong> Cristo e, se tendes filhos na Terra,guardai a declaração <strong>do</strong> Mestre, como advertência.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 2913Que é a carne?“Se vivemos em Espírito, andemos também em Espírito.”– Paulo. (Gálatas, 5:25.)Quase sempre, quan<strong>do</strong> se fala de espiritualidade, apresentamsemuitas pessoas que se queixam das exigências da carne.É verdade que os apóstolos muitas vezes falaram de concupiscênciasda carne, de seus criminosos impulsos e nocivos desejos.Nós mesmos, freqüentemente, nos sentimos na necessidade deaproveitar o símbolo para tornar mais acessíveis as lições <strong>do</strong>Evangelho. O próprio Mestre figurou que o espírito, como elementodivino, é forte, mas que a carne, como expressão humana, éfraca.Entretanto, que é a carne?Cada personalidade espiritual tem o seu corpo fluídico e aindanão percebestes, porventura, que a carne é um composto defluí<strong>do</strong>s condensa<strong>do</strong>s? Naturalmente, esses fluí<strong>do</strong>s, em se reunin<strong>do</strong>,obedecerão aos imp<strong>era</strong>tivos da existência terrestre, no quedesignais por lei de hereditariedade; mas, esse conjunto é passivoe não determina por si. Podemos figurá-lo como casa terrestre,dentro da qual o espírito é dirigente, habitação essa que tomará ascaracterísticas boas ou más de seu possui<strong>do</strong>r.Quan<strong>do</strong> falamos em peca<strong>do</strong>s da carne, podemos traduzir aexpressão por faltas devidas à condição inferior <strong>do</strong> homem espiritualsobre o planeta.Os desejos aviltantes, os impulsos deprimentes, a ingratidão,a má-fé, o traço <strong>do</strong> trai<strong>do</strong>r, nunca foram da carne.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 30É preciso se instale no homem a compreensão de sua necessidadede auto<strong>do</strong>mínio, acordan<strong>do</strong>-lhe as faculdades de disciplina<strong>do</strong>re renova<strong>do</strong>r de si mesmo, em Jesus-Cristo.Um <strong>do</strong>s maiores absur<strong>do</strong>s de alguns discípulos é atribuir aoconjunto de células passivas, que servem ao homem, a paternidade<strong>do</strong>s crimes e desvios da Terra, quan<strong>do</strong> sabemos que tu<strong>do</strong> procede<strong>do</strong> espírito.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 3114Em ti mesmo“Tens fé? Tem-na em ti mesmo, diante de Deus.” –Paulo. (Romanos, 14:22.)No mecanismo das realizações diárias, não é possível esquec<strong>era</strong> criatura aquela expressão de confiança em si mesma, e quedeve manter na esf<strong>era</strong> das obrigações que tem de cumprir à facede Deus.Os que vivem na certeza das promessas divinas são os queguardam a fé no poder relativo que lhes foi confia<strong>do</strong> e, aumentan<strong>do</strong>-opelo próprio esforço, prosseguem nas edificações definitivas,com vistas à eternidade.Os que, no entanto, permanecem desalenta<strong>do</strong>s quanto às suaspossibilidades, esp<strong>era</strong>n<strong>do</strong> em promessas humanas, dão a idéia defragmentos de cortiça, sem finalidade própria, ao sabor das águas,sem roteiro e sem ancora<strong>do</strong>uro.Naturalmente, ninguém poderá viver na Terra sem confiar emalguém de seu círculo mais próximo; mas, a afeição, o laço amigo,o calor das dedicações elevadas não podem excluir a confiançaem si mesmo, diante <strong>do</strong> Cria<strong>do</strong>r.Na esf<strong>era</strong> de cada criatura, Deus pode tu<strong>do</strong>; não dispensa, porém,a coop<strong>era</strong>ção, a vontade e a confiança <strong>do</strong> filho para realizar.Um pai que fizesse, mecanicamente, o quadro de felicidades <strong>do</strong>sseus descendentes, exterminaria, em cada um, as faculdades maisbrilhantes.Por que te manterás indeciso, se o Senhor te conferiu este ouaquele trabalho justo? Faze-o retamente, porque se Deus tem


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 32confiança em ti para alguma coisa, deves confiar em ti mesmo,diante dEle.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 3315Conversão“E tu, quan<strong>do</strong> te converteres, confirma teus irmãos.” –Jesus. (Lucas, 22:32.)Não é tão fácil a conversão <strong>do</strong> homem, quanto afirmam osporta<strong>do</strong>res de convicções apressadas.Muitos dizem “eu creio”, mas poucos podem declarar “estoutransforma<strong>do</strong>”.As palavras <strong>do</strong> Mestre a Simão Pedro são muito simbólicas.Jesus proferiu-as, na vésp<strong>era</strong> <strong>do</strong> Calvário, na hora grave da últimareunião com os discípulos. Recomendava ao pesca<strong>do</strong>r de Cafarnaumconfirmasse os irmãos na fé, quan<strong>do</strong> se convertesse.Acresce notar que Pedro sempre foi o seu mais ativo companheirode apostola<strong>do</strong>. O Mestre preferia sempre a sua casa singelapara exercer o divino ministério <strong>do</strong> amor. Durante três anos sucessivos,Simão presenciou acontecimentos assombrosos. Viuleprosos limpos, cegos que voltavam a ver, loucos que recup<strong>era</strong>vama razão; deslumbrara-se com a visão <strong>do</strong> Messias transfigura<strong>do</strong>no labor, assistira à saída de Lázaro da escuridão <strong>do</strong> sepulcro,e, no entanto, ainda não estava converti<strong>do</strong>.Seriam necessários os trabalhos imensos de Jerusalém, os sacrifíciospessoais, as lutas enormes consigo mesmo, para quepudesse converter-se ao Evangelho e dar testemunho <strong>do</strong> Cristoaos seus irmãos.Não será por se maravilhar tua alma, ante as revelações espirituais,que estarás converti<strong>do</strong> e transforma<strong>do</strong> para Jesus. SimãoPedro presenciou essas revelações com o próprio Messias e custoumuito a obter esses títulos. Trabalhemos, portanto, por nos con-


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 34vertermos. Somente nessas condições estaremos habilita<strong>do</strong>s parao testemunho.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 3516Endireitai os caminhos“Endireitai o caminho <strong>do</strong> Senhor, como disse o profetaIsaías.” – João Batista. (João, 1:23.)A exortação <strong>do</strong> Precursor permanece no ar, convocan<strong>do</strong> oshomens de boa-vontade à regen<strong>era</strong>ção das estradas comuns.Em to<strong>do</strong>s os tempos observamos criaturas que se candidatamà fé, que anseiam pelos benefícios <strong>do</strong> Cristo. Clamam pela suapaz, pela presença divina e, por vezes, após transformarem osmelhores sentimentos em inquietação injusta, acabam desanimadase vencidas.Onde está Jesus que não lhes veio ao encontro <strong>do</strong>s rogos sucessivos?em que esf<strong>era</strong> longínqua permanecerá o Senhor, distantede suas amarguras? Não compreendem que, através de mensageirosgenerosos <strong>do</strong> seu amor, o Cristo se encontra, em cada dia, aola<strong>do</strong> de to<strong>do</strong>s os discípulos sinceros.Falta-lhes dedicação ao bem de si mesmos. Correm ao encalço<strong>do</strong> Mestre Divino, desatentos ao conselho de João: “endireitaios caminhos”.Para que alguém sinta a influência santifica<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> Cristo, épreciso retificar a estrada em que tem vivi<strong>do</strong>. Muitos choram emveredas <strong>do</strong> crime, lamentam-se nos resvala<strong>do</strong>uros <strong>do</strong> erro sistemático,invocam o céu sem o desapego às paixões avassala<strong>do</strong>ras <strong>do</strong>campo material. Em tais condições, não é justo dirigir-se a almaao Salva<strong>do</strong>r, que aceitou a humilhação e a cruz sem queixas dequalquer natureza.Se queres que Jesus venha santificar as tuas atividades, endireitaos caminhos da existência, regen<strong>era</strong> os teus impulsos. Desfa-


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 36ze as sombras que te rodeiam e senti-Lo-ás, ao teu la<strong>do</strong>, com a suabênção.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 3717Por Cristo“E se te fez algum dano, ou te deve alguma coisa, põeisso à minha conta.” – Paulo. (Filemon, 1:18.)Envian<strong>do</strong> Onésimo a Filemon, Paulo, nas suas expressõesinspiradas e felizes, recomendava ao amigo lançasse ao seu débitoquanto lhe <strong>era</strong> devi<strong>do</strong> pelo porta<strong>do</strong>r.Afeiçoemos a exortação às nossas necessidades próprias.Em cada novo dia de luta, passamos a ser maiores deve<strong>do</strong>res<strong>do</strong> Cristo.Se tu<strong>do</strong> nos corre dificilmente, é de Jesus que nos chegam asprovidências justas. Se tu<strong>do</strong> se desenvolve retamente, é por seuamor que utilizamos as dádivas da vida e é em seu nome quedistribuímos esp<strong>era</strong>nças e consolações.Estamos empenha<strong>do</strong>s à sua inesgotável misericórdia.Somos dEle e nessa circunstância reside nosso título mais alto.Por que, então, o pessimismo e o desespero, quan<strong>do</strong> a calúniaou a ingratidão nos ataquem de rijo, trazen<strong>do</strong>-nos a possibilidadede mais vasta ascensão? Se estamos totalmente empenha<strong>do</strong>s aoamor infinito <strong>do</strong> Mestre, não será razoável compreendermos pelomenos alguma particularidade de nossa dívida imensa, dispon<strong>do</strong>nosa aceitar pequenina parcela de sofrimento, em memória de seunome, junto de nossos irmãos da Terra, que são seus tutela<strong>do</strong>sigualmente?Devemos refletir que quan<strong>do</strong> falamos em paz, em felicidade,em vida superior, agimos no campo da confiança, prometen<strong>do</strong> porconta <strong>do</strong> Cristo, porquanto só Ele tem para dar em abundância.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 38Em vista disso, caso sintas que alguém se converteu em deve<strong>do</strong>rde tua alma, não te entregues a preocupações inúteis, porqueo Cristo é também teu cre<strong>do</strong>r e deves colocar os danos <strong>do</strong>caminho em sua conta divina, passan<strong>do</strong> adiante.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 3918Purificação íntima“Alimpai as mãos, peca<strong>do</strong>res; e, vós de duplo ânimo,purificai os corações.” – (Tiago, 4:8.)Cada homem tem a vida exterior, conhecida e analisada pelosque o rodeiam, e a vida íntima, da qual somente ele próprio poderáfornecer o testemunho.O mun<strong>do</strong> interior é a fonte de to<strong>do</strong>s os princípios bons oumaus e todas as expressões exteriores guardam aí os seus fundamentos.Em regra g<strong>era</strong>l, to<strong>do</strong>s somos porta<strong>do</strong>res de graves deficiênciasíntimas, necessitadas de retificação.Mas o trabalho de purificar não é tão simples quanto parece.Será muito fácil ao homem confessar a aceitação de verdadesreligiosas, op<strong>era</strong>r a adesão verbal a ideologias edificantes... Outracoisa, porém, é realizar a obra da elevação de si mesmo, valen<strong>do</strong>seda auto-disciplina, da compreensão fraternal e <strong>do</strong> espírito desacrifício.O apóstolo Tiago entendia perfeitamente a gravidade <strong>do</strong> assuntoe aconselhava aos discípulos alimpassem as mãos, isto é,retificassem as atividades <strong>do</strong> plano exterior, renovassem suasações ao olhar de to<strong>do</strong>s, apelan<strong>do</strong> para que se efetuasse, igualmente,a purificação <strong>do</strong> sentimento, no recinto sagra<strong>do</strong> da consciência,apenas conheci<strong>do</strong> pelo aprendiz, na soledade indevassávelde seus pensamentos. O companheiro valoroso <strong>do</strong> Cristo, contu<strong>do</strong>,não se esqueceu de afirmar que isso é trabalho para os de duploânimo, porque semelhante renovação jamais se fará tão-somente àcusta de palavras brilhantes.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 4019Na propaganda“E dir-vos-ão: Ei-lo aqui, ou, ei-lo ali; não vades, nemos sigais.” – Jesus. (Lucas, 17:23.)As exortações <strong>do</strong> Mestre aos discípulos são muito precisaspara provocarem qualquer incerteza ou indecisão.Quan<strong>do</strong> tantas expressões sectárias requisitam o Cristo paraos seus desman<strong>do</strong>s intelectuais, é justo que os aprendizes novos,na luz <strong>do</strong> Consola<strong>do</strong>r, meditem a elevada significação deste versículode Lucas.Na propaganda genuinamente cristã não basta dizer onde estáo Senhor. Indispensável é mostrá-lo na própria exemplificação.Muitos percorrem templos e altares, procuran<strong>do</strong> Jesus.Mudar de crença religiosa pode ser modificação de caminho,mas pode ser também continuidade de perturbação.Torna-se necessário encontrar o Cristo no santuário interior.Cristianizar a vida não é imprimir-lhe novas feições exteriores.É reformá-la para o bem no âmbito particular.Os que afirmam apenas na forma verbal que o Mestre se encontraaqui ou ali, arcam com profundas responsabilidades. Apreocupação de proselitismo é sempre perigosa para os que seseduzem com as belezas sonoras da palavra sem exemplos edificantes.O discípulo sincero sabe que dizer é fácil, mas que é difícilrevelar os propósitos <strong>do</strong> Senhor na existência própria. É imprescindívelfazer o bem, antes de ensiná-lo a outrem, porque Jesus


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 41recomen<strong>do</strong>u ninguém seguisse os pregoeiros que somente dissessemonde se poderia encontrar o Filho de Deus.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 4220O companheiro“Não devias tu igualmente ter compaixão <strong>do</strong> teu companheiro,como eu também tive misericórdia de ti?” –Jesus. (Mateus, 18:33.)Em qualquer parte, não pode o homem agir isoladamente, emse tratan<strong>do</strong> da obra de Deus, que se aperfeiçoa em to<strong>do</strong>s os lugares.O Pai estabeleceu a coop<strong>era</strong>ção como princípio <strong>do</strong>s mais nobres,no centro das leis que regem a vida.No recanto mais humilde, encontrarás um companheiro de esforço.Em casa, ele pode chamar-se “pai” ou “filho”; no caminho,pode denominar-se “amigo” ou “camarada de ideal”.No fun<strong>do</strong>, há um só Pai que é Deus e uma grande família quese compõe de irmãos.Se o Eterno encaminhou ao teu ambiente um companheiromenos desejável, tem compaixão e ensina sempre.Eleva os que te rodeiam.Santifica os laços que Jesus promoveu a bem de tua alma e deto<strong>do</strong>s os que te cercam.Se a tarefa apresenta obstáculos, lembra-te das inúm<strong>era</strong>s vezesem que o Cristo já aplicou misericórdia ao teu espírito. Issoatenua as sombras <strong>do</strong> coração.Observa em cada companheiro de luta ou <strong>do</strong> dia uma bênçãoe uma oportunidade de atender ao programa divino, acerca de tuaexistência.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 43Há dificuldades e percalços, incompreensões e desentendimentos?Usa a misericórdia que Jesus já usou contigo, dan<strong>do</strong>-tenova ocasião de santificar e de aprender.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 4421<strong>Caminho</strong>s retos“E ele lhes disse: Lançai a rede para a banda direita <strong>do</strong>barco e achareis.” – (João, 21:6.)A vida deveria constituir, por parte de to<strong>do</strong>s nós, rigorosa observância<strong>do</strong>s sagra<strong>do</strong>s interesses de Deus.Freqüentemente, porém, a criatura busca sobrepor-se aos desígniosdivinos.Estabelece-se, então, o desequilíbrio, porque ninguém enganaráa Divina Lei. E o homem sofre, compulsoriamente, na tarefade reparação.Alguns companheiros desesp<strong>era</strong>m-se no bom combate pelaperfeição própria e lançam-se num verdadeiro inferno de sombrasinteriores. Queixam-se <strong>do</strong> destino, acusam a sabe<strong>do</strong>ria cria<strong>do</strong>ra,gesticulam nos abismos da maldade, esquecen<strong>do</strong> o capricho e aimprevidência que os fiz<strong>era</strong>m cair.Jesus, no entanto, há quase vinte séculos, exclamou:“Lançai a rede para a banda direita <strong>do</strong> barco e achareis.”Figuradamente, o espírito humano é um “pesca<strong>do</strong>r” <strong>do</strong>s valoresevolutivos, na escola regen<strong>era</strong><strong>do</strong>ra da Terra. A posição decada qual é o “barco”. Em cada novo dia, o homem se levantacom a sua “rede” de interesses. Estaremos lançan<strong>do</strong> a nossa “rede”para a “banda direita”?Fundam-se nossos pensamentos e atos sobre a verdadeira justiça?Convém consultar a vida interior, em esforço diário, porque oCristo, nesse ensinamento, recomendava, de mo<strong>do</strong> g<strong>era</strong>l, aos seus


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 45discípulos: “Dedicai vossa atenção aos caminhos retos e achareiso necessário.”


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 4622Que buscais?“E Jesus, voltan<strong>do</strong>-se e ven<strong>do</strong> que eles o seguiam, disselhes:Que buscais?” – (João, 1:38.)A vida em si é conjunto divino de experiências.Cada existência isolada oferece ao homem o proveito de novosconhecimentos. A aquisição de valores religiosos, entretanto,é a mais importante de todas, em virtude de constituir o movimentode iluminação definitiva da alma para Deus.Os homens, contu<strong>do</strong>, estendem a esse departamento divino asua viciação de sentimentos, no jogo inferior <strong>do</strong>s interesses egoísticos.Os templos de pedra estão cheios de promessas injustificáveise de votos absur<strong>do</strong>s.Muitos devotos entendem encontrar na Divina Providênciauma força subornável, eivada de privilégios e preferências. Outrosse socorrem <strong>do</strong> plano espiritual com o propósito de solucionarproblemas mesquinhos.Esquecem-se de que o Cristo ensinou e exemplificou.A cruz <strong>do</strong> Calvário é símbolo vivo.Quem deseja a liberdade precisa obedecer aos desígnios supremos.Sem a compreensão de Jesus, no campo íntimo, associadaaos atos de cada dia, a alma será sempre a prisioneira de inferiorespreocupações.Ninguém olvide a verdade de que o Cristo se encontra noumbral de to<strong>do</strong>s os templos religiosos <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, perguntan<strong>do</strong>,com interesse, aos que entram: “Que buscais?”


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 4723Viver pela fé“Mas o justo viverá pela fé.” – Paulo. (Romanos, 1:17.)Na epístola aos romanos, Paulo afirma que o justo viverá pelafé.Não poucos aprendizes interpretaram erradamente a assertiva.Supus<strong>era</strong>m que viver pela fé seria executar rigorosamente ascerimônias exteriores <strong>do</strong>s cultos religiosos.Freqüentar os templos, harmonizar-se com os sacer<strong>do</strong>tes, respeitara simbologia sectária, indicariam a presença <strong>do</strong> homemjusto. Mas nem sempre vemos o bom ritualista alia<strong>do</strong> ao bomhomem. E, antes de tu<strong>do</strong>, é necessário ser criatura de Deus, emtodas as circunstâncias da existência.Paulo de Tarso queria dizer que o justo será sempre fiel, viveráde mo<strong>do</strong> invariável, na verdadeira fidelidade ao Pai que estános céus.Os dias são ridentes e tranqüilos? tenhamos boa memória enão desdenhemos a mod<strong>era</strong>ção.São escuros e tristes? confiemos em Deus, sem cuja permissãoa tempestade não desabaria.Veio o aban<strong>do</strong>no <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>? o Pai jamais nos aban<strong>do</strong>na.Chegaram as enfermidades, os desenganos, a ingratidão e amorte? eles são to<strong>do</strong>s bons amigos, por trazerem até nós a oportunidadede sermos justos, de vivermos pela fé, segun<strong>do</strong> as disposiçõessagradas <strong>do</strong> Cristianismo.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 4824O tesouro enferruja<strong>do</strong>“O vosso ouro e a vossa prata se enferrujaram.” – (Tiago,5:3.)Os sentimentos <strong>do</strong> homem, nas suas próprias idéias apaixonadas,se dirigi<strong>do</strong>s para o bem, produziriam sempre, em conseqüência,os mais substanciosos frutos para a obra de Deus. Emquase toda parte, porém, desenvolvem-se ao contrário, impedin<strong>do</strong>a concretização <strong>do</strong>s propósitos divinos, com respeito à redençãodas criaturas.De mo<strong>do</strong> g<strong>era</strong>l, vemos o amor interpreta<strong>do</strong> tão-somente àconta de emoção transitória <strong>do</strong>s senti<strong>do</strong>s materiais, a beneficênciaproduzin<strong>do</strong> perturbação entre dezenas de pessoas para atender atrês ou quatro <strong>do</strong>entes, a fé organizan<strong>do</strong> guerras sectárias, o zelosagra<strong>do</strong> da existência crian<strong>do</strong> egoísmo fulminante. Aqui, o perdãofala de dificuldades para expressar-se; ali, a humildade pede aadmiração <strong>do</strong>s outros.To<strong>do</strong>s os sentimentos que nos foram conferi<strong>do</strong>s por Deus sãosagra<strong>do</strong>s. Constituem o ouro e a prata de nossa h<strong>era</strong>nça, mascomo assev<strong>era</strong> o apóstolo, deixamos que as dádivas se enferrujassem,no transcurso <strong>do</strong> tempo.Faz-se necessário trabalhemos, afanosamente, por eliminar a“ferrugem” que nos atacou os tesouros <strong>do</strong> espírito. Para isso, éindispensável compreendamos no Evangelho a história da renúnciaperfeita e <strong>do</strong> perdão sem obstáculos, a fim de que estejamoscaminhan<strong>do</strong>, verdadeiramente, ao encontro <strong>do</strong> Cristo.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 4925Tende calma“E disse Jesus: Mandai assentar os homens.” – (João,6:10.)Esta passagem <strong>do</strong> Evangelho de João é das mais significativas.Verifica-se quan<strong>do</strong> a multidão de quase cinco mil pessoastem necessidade de pão, no isolamento da natureza.Os discípulos estão preocupa<strong>do</strong>s.Filipe afirma que duzentos dinheiros não bastarão para atenderà dificuldade imprevista.André conduz ao Mestre um jovem que trazia consigo cincopães de cevada e <strong>do</strong>is peixes.To<strong>do</strong>s discutem.Jesus, entretanto, recebe a migalha sem descrer de sua preciosasignificação e manda que to<strong>do</strong>s se assentem, pede que hajaordem, que se faça harmonia. E distribuí o recurso com to<strong>do</strong>s,maravilhosamente.A grandeza da lição é profunda.Os homens esfomea<strong>do</strong>s de paz reclamam a assistência <strong>do</strong>Cristo. Falam nEle, suplicam-lhe socorro, aguardam-lhe as manifestações.Não conseguem, todavia, estabelecer a ordem em simesmos, para a recepção <strong>do</strong>s recursos celestes. Misturam Jesuscom as suas imprecações, suas ansiedades loucas e seus desejoscriminosos. Naturalmente se desesp<strong>era</strong>m, cada vez mais desorienta<strong>do</strong>s,porquanto não querem ouvir o convite à calma, não seassentam para que se faça a ordem, persistin<strong>do</strong> em manter o própriodesequilíbrio.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 5026Padecer“Nada temas das coisas que hás de padecer.” – (Apocalipse,2:10.)Uma das maiores preocupações <strong>do</strong> Cristo foi alijar os fantasmas<strong>do</strong> me<strong>do</strong> das estradas <strong>do</strong>s discípulos.A aquisição da fé não constitui fenômeno comum nas sendasda vida. Traduz confiança plena.Afinal, que significará “padecer”?O sofrimento de muitos homens, na essência, é muito semelhanteao <strong>do</strong> menino que perdeu seus brinque<strong>do</strong>s.Numerosas criaturas sentem-se eminentemente sofre<strong>do</strong>ras,por não lhes ser possível a prática <strong>do</strong> mal; revoltam-se outrasporque Deus não lhes atendeu aos caprichos perniciosos.A fim de prestar a devida coop<strong>era</strong>ção ao Evangelho, é justonos incorporemos à caravana fiel que se pôs a caminho <strong>do</strong> encontrocom Jesus, compreenden<strong>do</strong> que o amigo leal é o que não procuracontender e está sempre disposto à execução das boas tarefas.Participar <strong>do</strong> espírito de serviço evangélico é partilhar das decisões<strong>do</strong> Mestre, cumprin<strong>do</strong> os desígnios divinos <strong>do</strong> Pai que estános Céus.Não temamos, pois, o que possamos vir a sofrer.Deus é o Pai magnânimo e justo. Um pai não distribui padecimentos.Dá corrigendas e toda corrigenda aperfeiçoa.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 5127Negócios“E ele lhes disse: Por que me procuráveis? não sabíeisque me convém tratar <strong>do</strong>s negócios de meu Pai?” –(Lucas, 2:49.)O homem <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> está sempre preocupa<strong>do</strong> pelos negóciosreferentes aos seus interesses efêmeros.Alguns passam a existência inteira observan<strong>do</strong> a cotação dasbolsas. Absorvem-se outros no estu<strong>do</strong> <strong>do</strong>s merca<strong>do</strong>s.Os países têm negócios internos e externos. Nos serviços quelhes dizem respeito, utilizam-se maravilhosas atividades da inteligência.Entretanto, apesar de sua feição respeitável, quan<strong>do</strong> legítimas,to<strong>do</strong>s esses movimentos são precários e transitórios. Asbolsas mais fortes sofrerão crises; o comércio <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> é versátile, por vezes, ingrato.São muito raros os homens que se consagram aos seus interesseseternos. Freqüentemente, lembram-se disso, muito tarde,quan<strong>do</strong> o corpo permanece a morrer. Só então, quebram o esquecimentofatal.No entanto, a criatura humana deveria entender na iluminaçãode si mesma o melhor negócio da Terra, porquanto semelhanteop<strong>era</strong>ção representa o interesse da Providência Divina, a nossorespeito.Deus permitiu as transações no planeta, para que aprendamosa fraternidade nas expressões da troca, deixou que se processassemos negócios terrenos, de mo<strong>do</strong> a ensinar-nos, através deles,qual o maior de to<strong>do</strong>s. Eis por que o Mestre nos fala claramente,


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 52nas anotações de Lucas: – “Não sabíeis que me convém tratar <strong>do</strong>snegócios de meu Pai?”


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 5328Escritores“Guardai-vos <strong>do</strong>s escribas que gostam de andar comvestes compridas.” – Jesus. (Marcos, 12:38.)As letras <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> sempre estiv<strong>era</strong>m cheias de “escribas quegostam de andar com vestes compridas”.Jesus referia-se não só aos intelectuais ambiciosos, mas tambémaos escritores excêntricos que, a pretexto de novidade, envenenamos espíritos com as suas concepções <strong>do</strong>entias, oriundas daexcessiva preocupação de originalidade.É preciso fugir aos que matam a vida simples.O tóxico intelectual costuma arruinar numerosas existências.Há livros cuja função útil é a de manter aceso o archote davigilância nas almas de caráter solidifica<strong>do</strong> nos ideais mais nobresda vida. Ainda agora, quan<strong>do</strong> atravessamos tempos perturba<strong>do</strong>s edifíceis para o homem, o merca<strong>do</strong> de idéias apresenta-se repletode artigos deteriora<strong>do</strong>s, pedin<strong>do</strong> a intervenção <strong>do</strong>s postos de“higiene espiritual”.Podereis alimentar o corpo com substâncias apodrecidas?Vossa alma, igualmente, não poderá nutrir-se de ideais inferiores,na base da irreligião, <strong>do</strong> desrespeito, da desordem, da indisciplina.Observai os modelos de decadência intelectual e refleti comsinceridade na paz que desejais intimamente. Isso constituirá umauxílio forte, em favor da extinção <strong>do</strong>s desvios da inteligência.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 5429Contentar-se“Não digo isto como por necessidade, porque já aprendia contentar-me com o que tenho.” – Paulo. (Filipenses,4:11.)A vertigem da posse avassala a maioria das criaturas na Terra.A vida simples, condição da felicidade relativa que o planetapode oferecer, foi esquecida pela gen<strong>era</strong>lidade <strong>do</strong>s homens. Esmaga<strong>do</strong>rapercentagem das súplicas terrestres não consegue avançaralém <strong>do</strong> seu acanha<strong>do</strong> âmbito de origem.Pedem-se a Deus absur<strong>do</strong>s estranhos. Raras pessoas se contentamcom o material recebi<strong>do</strong> para a solução de suas necessidades,raríssimas pedem apenas o “pão de cada dia”, como símbolodas aquisições indispensáveis.O homem incoerente não procura saber se possui o menos paraa vida eterna, porque está sempre ansioso pelo mais nas possibilidadestransitórias. G<strong>era</strong>lmente, permanece absorvi<strong>do</strong> pelosinteresses perecíveis, insacia<strong>do</strong>, inquieto, sob o tormento angustiosoda desmedida ambição. Na corrida louca para o imediatismo,esquece a oportunidade que lhe pertence, aban<strong>do</strong>na o material quelhe foi concedi<strong>do</strong> para a evolução própria e atira-se a aventuras deconseqüências imprevisíveis, em face <strong>do</strong> seu futuro infinito.Se já compreendes tuas responsabilidades com o Cristo, examinaa essência de teus desejos mais íntimos. Lembra-te de quePaulo de Tarso, o apóstolo chama<strong>do</strong> por Jesus para a disseminaçãoda verdade divina, entre os homens, foi obriga<strong>do</strong> a aprender acontentar-se com o que possuía, penetran<strong>do</strong> o caminho de disciplinasacerbas.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 55Estarás, acaso, esp<strong>era</strong>n<strong>do</strong> que alguém realize semelhante a-prendiza<strong>do</strong> por ti?


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 5630O mun<strong>do</strong> e o mal“Não peço que os tires <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, mas que os livres <strong>do</strong>mal.” – Jesus. (João, 17:15.)Nos centros religiosos, há sempre grande número de pessoaspreocupadas com a idéia da morte. Muitos companheiros nãocrêem na paz, nem no amor, senão em planos diferentes da Terra.A maioria aguarda situações imaginárias e injustificáveis paraquem nunca levou em linha de conta o esforço próprio.O anseio de morrer para ser feliz é enfermidade <strong>do</strong> espírito.Oran<strong>do</strong> ao Pai pelos discípulos, Jesus rogou para que não fossemretira<strong>do</strong>s <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, e, sim, libertos <strong>do</strong> mal.O mal, portanto, não é essencialmente <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, mas dascriaturas que o habitam.A Terra, em si, sempre foi boa. De sua lama brotam lírios dedelica<strong>do</strong> aroma, sua natureza maternal é repositório de maravilhososmilagres que se repetem to<strong>do</strong>s os dias.De nada vale partirmos <strong>do</strong> planeta, quan<strong>do</strong> nossos males nãoforam extermina<strong>do</strong>s convenientemente. Em tais circunstâncias,assemelhamo-nos aos porta<strong>do</strong>res humanos das chamadas moléstiasincuráveis. Podemos trocar de residência; todavia, a mudançaé quase nada se as feridas nos acompanham. Faz-se preciso, pois,embelezar o mun<strong>do</strong> e aprimorá-lo, combaten<strong>do</strong> o mal que está emnós.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 5731Coisas mínimas“Pois se nem ainda podeis fazer as coisas mínimas, porque estais ansiosos pelas outras?” – Jesus. (Lucas,12:26.)Pouca gente conhece a importância da boa execução das coisasmínimas.Há homens que, com falsa superioridade, zombam das tarefashumildes, como se não fossem imprescindíveis ao êxito <strong>do</strong>s trabalhosde maior envergadura. Um sábio não pode esquecer-se deque, um dia, necessitou aprender com as letras simples <strong>do</strong> alfabeto.Além disso, nenhuma obra é perfeita se as particularidadesnão foram devidamente consid<strong>era</strong>das e compreendidas.De mo<strong>do</strong> g<strong>era</strong>l, o homem está sempre fascina<strong>do</strong> pelas situaçõesde grande evidência, pelos destinos dramáticos e empolgantes.Destacar-se, entretanto, exige muitos cuida<strong>do</strong>s. Os espinhostambém se destacam, as pedras salientam-se na estrada comum.Convém, desse mo<strong>do</strong>, atender às coisas mínimas da senda queDeus nos reservou, para que a nossa ação se fixe com real proveitoà vida.A sinfonia estará perturbada se faltou uma nota, o poema éobscuro quan<strong>do</strong> se omite um verso.Estejamos zelosos pelas coisas pequeninas. São parte integrantee inalienável <strong>do</strong>s grandes feitos. Compreenden<strong>do</strong> a importânciadisso, o Mestre nos interroga no Evangelho de Lucas: “Pois


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 58se nem podeis ainda fazer as coisas mínimas, por que estais ansiosospelas outras?”


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 5932Nuvens“E saiu da nuvem uma voz que dizia: Este é o meu a-ma<strong>do</strong> Filho, a ele ouvi.” – (Lucas, 9:35.)O homem, quase sempre, tem a mente absorvida na contemplaçãodas nuvens que lhe surgem no horizonte. São nuvens decontrariedades, de projetos frustra<strong>do</strong>s, de esp<strong>era</strong>nças desfeitas.Por vezes, desesp<strong>era</strong>-se envenenan<strong>do</strong> as fontes da própria vida.Desejaria, invariavelmente, um céu azul a distância, um Solbrilhante no dia e luminosas estrelas que lhe embelezassem anoite.No entanto, aparece a nuvem e a perplexidade o toma, de súbito.Conta-nos o Evangelho a formosa história de uma nuvem.Encontravam-se os discípulos deslumbra<strong>do</strong>s com a visão deJesus transfigura<strong>do</strong>, ten<strong>do</strong> junto de si Moisés e Elias, aureola<strong>do</strong>sde intensa luz.Eis, porém, que uma grande sombra comparece. Não maisdistinguem o maravilhoso quadro.Todavia, <strong>do</strong> manto de névoa espessa, clama a voz poderosada revelação divina: “Este é o meu ama<strong>do</strong> Filho, a ele ouvi!”Manifestava-se a palavra <strong>do</strong> Céu, na sombra temporária.A existência terrestre, efetivamente, impõe angústias inquietantese aflições amargosas. É conveniente, contu<strong>do</strong>, que as criaturasguardem serenidade e confiança, nos momentos difíceis.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 60As penas e os dissabores da luta planetária contêm esclarecimentosprofun<strong>do</strong>s, lições ocultas, apelos grandiosos. A voz sábiae amorosa de Deus fala sempre através deles.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 6133Recapitulações“Porque amavam mais a glória <strong>do</strong>s homens <strong>do</strong> que aglória de Deus.” – (João, 12:43.)Os séculos parecem reviver com seus resplen<strong>do</strong>res e decadências.Fornece o mun<strong>do</strong> a impressão dum campo onde as cenas serepetem constantemente.Tu<strong>do</strong> instável.A força e o direito caminham com alternativas de <strong>do</strong>mínio.Multidões esclarecidas regressam a novas alucinações. O espíritohumano, a seu turno, consid<strong>era</strong><strong>do</strong> insuladamente, demonstrarecapitular as más experiências, após alcançar o bom conhecimento.Como esclarecer a anomalia? A situação é estranhável porque,no fun<strong>do</strong>, to<strong>do</strong> homem tem sede de paz e fome de estabilidade.Importa reconhecer, porém, que, no curso <strong>do</strong>s milênios, ascriaturas humanas, em múltiplas existências, têm ama<strong>do</strong> mais aglória terrena <strong>do</strong> que a glória de Deus.Inúmeros homens se presumem redimi<strong>do</strong>s com a meditaçãocriteriosa <strong>do</strong> crepúsculo, mas... e o dia que já se foi? Na justiçamisericordiosa de suas decisões, Jesus concede ao trabalha<strong>do</strong>rhesitante uma oportunidade nova. O dia volta. Refunde-se a existência.Todavia, que aproveita ao operário valer-se tão-somente<strong>do</strong>s bens eternos, no crepúsculo cheio de sombras?Alguém lhe perguntará: que fizeste da manhã clara, <strong>do</strong> Solardente, <strong>do</strong>s instrumentos que te dei? Apenas a essa altura reconhecea necessidade de gloriar-se no To<strong>do</strong>-Poderoso. E homens e


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 62povos continuarão desfazen<strong>do</strong> a obra falsa para recomeçar oesforço outra vez.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 6334Comer e beber“Então, começareis a dizer: Temos comi<strong>do</strong> e bebi<strong>do</strong> natua presença e tens ensina<strong>do</strong> nas nossas ruas.” – Jesus.(Lucas, 13:26.)O versículo de Lucas, aqui anota<strong>do</strong>, refere-se ao pai de famíliaque cerrou a porta aos filhos ingratos.O quadro reflete a situação <strong>do</strong>s religiosos de to<strong>do</strong>s os matizesque apenas falaram, em demasia, reportan<strong>do</strong>-se ao nome de Jesus.No dia da análise minuciosa, quan<strong>do</strong> a morte abre, de novo, aporta espiritual, eis que dirão haver “comi<strong>do</strong> e bebi<strong>do</strong>” na presença<strong>do</strong> Mestre, cujos ensinamentos conhec<strong>era</strong>m e disseminaram nasruas.Com<strong>era</strong>m e beb<strong>era</strong>m apenas. Aproveitaram-se <strong>do</strong>s recursosegoisticamente. Com<strong>era</strong>m e acreditaram com a fé intelectual.Beb<strong>era</strong>m e transmitiram o que haviam aprendi<strong>do</strong> de outrem.Assimilar a lição na existência própria não lhes interessava amente inconstante.Conhec<strong>era</strong>m o Mestre, é verdade, mas não o revelaram emseus corações. Também Jesus conhecia Deus; no entanto, não selimitou a afirmar a realidade dessas relações. Viveu o amor aoPai, junto <strong>do</strong>s homens. Ensinan<strong>do</strong> a verdade, entregou-se à redençãohumana, sem cogitar de recompensa. Entendeu as criaturasantes que essas o entendessem, concedeu-nos supremo favor coma sua vinda, deu-se em holocausto para que aprendêssemos aciência <strong>do</strong> bem.Não bastará crer intelectualmente em Jesus. É necessário a-plicá-lo a nós próprios.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 64O homem deve cultivar a meditação no círculo <strong>do</strong>s problemasque o preocupam cada dia. Os irracionais também comem e bebem.Contu<strong>do</strong>, os filhos das nações nascem na Terra para umavida mais alta.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 6535Semeadura“Mas, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> semea<strong>do</strong>, cresce.” – Jesus. (Marcos,4:32.)É razoável que to<strong>do</strong>s os homens procurem compreender asubstância <strong>do</strong>s atos que praticam nas atividades diárias. Ainda queestejam obedecen<strong>do</strong> a certos regulamentos <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, que oscompelem a determinadas atitudes, é imprescindível examinar aqualidade de sua contribuição pessoal no mecanismo das circunstâncias,porquanto é da lei de Deus que toda semeadura se desenvolva.O bem semeia a vida, o mal semeia a morte. O primeiro é omovimento evolutivo na escala ascensional para a Divindade, osegun<strong>do</strong> é a estagnação.Muitos Espíritos, de corpo em corpo, permanecem na Terracom as mesmas recapitulações durante milênios. A semeaduraprejudicial condicionou-os à chamada “morte no peca<strong>do</strong>”.Atravessam os dias resgatan<strong>do</strong> débitos escabrosos e cain<strong>do</strong> denovo pela renovação da sementeira indesejável. A existência delesconstitui largo círculo vicioso, porque o mal os enraíza ao soloardente e ári<strong>do</strong> das paixões ingratas.Somente o bem pode conferir o galardão da liberdade suprema,representan<strong>do</strong> a chave única suscetível de abrir as portassagradas <strong>do</strong> Infinito à alma ansiosa.Haja, pois, suficiente cuida<strong>do</strong> em nós, cada dia, porquanto obem ou o mal, ten<strong>do</strong> si<strong>do</strong> semea<strong>do</strong>s, crescerão junto de nós, deconformidade com as leis que regem a vida.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 6636Heresias“E até importa que haja entre vós heresias, para que osque são sinceros se manifestem entre vós.” – Paulo. (1ªEpístola aos Coríntios, 11:19.)Recebamos os hereges com simpatia, falem livremente os materialistas,ninguém se insurja contra os que duvidam, que osdescrentes possuam tribunais e vozes.Isso é justo.Paulo de Tarso escreveu este versículo sob profunda inspiração.Os que condenam os desesp<strong>era</strong><strong>do</strong>s da sorte não ajuízam sobreo amor divino, com a necessária compreensão. Que dizer-se <strong>do</strong>pai que amaldiçoa o filho por haver regressa<strong>do</strong> a casa enfermo esem esp<strong>era</strong>nça?Quem não consegue crer em Deus está <strong>do</strong>ente. Nessa condição,a palavra <strong>do</strong>s desesp<strong>era</strong><strong>do</strong>s é sinc<strong>era</strong>, por partir de almasvazias, em gritos de socorro, por mais dissimula<strong>do</strong>s que essesgritos pareçam, sob a capa brilhante <strong>do</strong>s conceitos filosóficos oucientíficos <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Ainda que os infelizes dessa ordem nosataquem, seus esforços inúteis redundam a benefício de to<strong>do</strong>s,possibilitan<strong>do</strong> a seleção <strong>do</strong>s valores legítimos na obra iniciada.Quanto à suposta necessidade de ministrarmos fé aos nega<strong>do</strong>res,esqueçamos a presunção de satisfazê-los, guardan<strong>do</strong> conoscoa certeza de que Deus tem muito a dar-lhes. Recebamo-los comoirmãos e estejamos convictos de que o Pai fará o resto.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 6737Honras vãs“Em vão, porém, me honram, ensinan<strong>do</strong> <strong>do</strong>utrinas quesão mandamentos de homens.” – Jesus. (Marcos, 7:7.)A atualidade <strong>do</strong> Cristianismo oferece-nos lições profundas,relativamente à declaração acima mencionada.Ninguém duvida <strong>do</strong> sopro cristão que anima a civilização <strong>do</strong>Ocidente. Cumpre notar, contu<strong>do</strong>, que a essência cristã, em seusinstitutos, não passou de sopro, sem renovações substanciais,porque, logo após o ministério divino <strong>do</strong> Mestre, vi<strong>era</strong>m os homense lavraram ordenações e decretos na presunção de honrar oCristo, semean<strong>do</strong>, em verdade, separatismo e destruição.Os últimos séculos estão cheios de figuras notáveis de reis, dereligiosos e políticos que se afirmaram defensores <strong>do</strong> Cristianismoe apóstolos de suas luzes.To<strong>do</strong>s eles escrev<strong>era</strong>m ou ensinaram em nome de Jesus.Os príncipes expediram mandamentos famosos, os clérigospublicaram bulas e compêndios, os administra<strong>do</strong>res organizaramleis célebres. No entanto, em vão procuraram honrar o Salva<strong>do</strong>r,ensinan<strong>do</strong> <strong>do</strong>utrinas que são caprichos humanos, porquanto omun<strong>do</strong> de agora ainda é campo de batalha das idéias, qual notempo em que o Cristo veio pessoalmente a nós, apenas com adiferença de que o Farisaísmo, o Templo, o Sinédrio, o Pretório ea Corte de César possuem hoje outros nomes. Importa reconhecer,desse mo<strong>do</strong>, que, sobre o esforço de tantos anos, é necessáriorenovar a compreensão g<strong>era</strong>l e servir ao Senhor, não segun<strong>do</strong> oshomens, mas de acor<strong>do</strong> com os seus próprios ensinamentos.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 6838Pregações“E ele lhes disse: Vamos às aldeias vizinhas para queeu ali também pregue; porque para isso vim.” – (Marcos,1:38.)Neste versículo de Marcos, Jesus declara ter vin<strong>do</strong> ao mun<strong>do</strong>para a pregação. Todavia, como a significação <strong>do</strong> conceito temsi<strong>do</strong> erroneamente interpretada, é razoável recordar que, comsemelhante assertiva, o Mestre incluía no ato de pregar to<strong>do</strong>s osgestos sacrificiais de sua vida.G<strong>era</strong>lmente, vemos na Terra a missão de ensinar muito desmoralizada.A ciência oficial dispõe de cátedras, a política possui tribunas,a religião fala de púlpitos.Contu<strong>do</strong>, os que ensinam, com exceções louváveis, quasesempre se caracterizam por <strong>do</strong>is mo<strong>do</strong>s diferentes de agir. Exibemcertas atitudes quan<strong>do</strong> pregam e a<strong>do</strong>tam outras quan<strong>do</strong> em atividadediária. Daí resulta a perturbação g<strong>era</strong>l, porque os ouvintes sesentem à vontade para mudar a “roupa <strong>do</strong> caráter”.Toda dissertação moldada no bem é útil. Jesus veio ao mun<strong>do</strong>para isso, pregou a verdade em to<strong>do</strong>s os lugares, fez discursos derenovação, comentou a necessidade <strong>do</strong> amor para a solução denossos problemas. No entanto, misturou palavras e testemunhosvivos, desde a primeira manifestação de seu apostola<strong>do</strong> sublimeaté a cruz. Por pregação, portanto, o Mestre entendia igualmenteos sacrifícios da vida. Envian<strong>do</strong>-nos divino ensinamento, nessesenti<strong>do</strong>, conta-nos o Evangelho que o Mestre vestia uma túnicasem costura na hora suprema <strong>do</strong> Calvário.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 6939Entra e coop<strong>era</strong>“E ele, tremen<strong>do</strong> e atônito, disse: Senhor, que queresque eu faça? Respondeu-lhe o Senhor: – Levanta-te eentra na cidade e lá te será dito o que te convém fazer.”– (Atos, 9:6.)Esta particularidade <strong>do</strong>s Atos <strong>do</strong>s Apóstolos reveste-se degrande beleza para os que desejam compreensão <strong>do</strong> serviço com oCristo.Se o Mestre aparec<strong>era</strong> ao rabino apaixona<strong>do</strong> de Jerusalém, noesplen<strong>do</strong>r da luz divina e imortal, se lhe dirigira palavras diretas einolvidáveis ao coração, por que não terminou o esclarecimento,recomendan<strong>do</strong>-lhe, ao invés disso, entrar em Damasco, a fim deouvir o que lhe convinha saber? É que a lei da coop<strong>era</strong>ção entreos homens é o grande e generoso princípio, através <strong>do</strong> qual Jesussegue, de perto, a Humanidade inteira, pelos canais da inspiração.O Mestre ensina os discípulos e consola-os através deles próprios.Quanto mais o aprendiz lhe alcança a esf<strong>era</strong> de influenciação,mais habilita<strong>do</strong> estará para constituir-se em seu instrumentofiel e justo.Paulo de Tarso contemplou o Cristo ressuscita<strong>do</strong>, em suagrandeza imperecível, mas foi obriga<strong>do</strong> a socorrer-se de Ananiaspara iniciar a tarefa redentora que lhe cabia junto <strong>do</strong>s homens.Essa lição deveria ser bem aproveitada pelos companheirosque esp<strong>era</strong>m ansiosamente a morte <strong>do</strong> corpo, suplican<strong>do</strong> transferênciapara os mun<strong>do</strong>s superiores, tão-somente por haverem ouvi<strong>do</strong>maravilhosas descrições <strong>do</strong>s mensageiros divinos. Meditan<strong>do</strong> oensinamento, perguntem a si próprios o que fariam nas esf<strong>era</strong>smais altas, se ainda não se apropriaram <strong>do</strong>s valores educativos


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 70que a Terra lhes pode oferecer. Mais razoável, pois, se levantem<strong>do</strong> passa<strong>do</strong> e penetrem a luta edificante de cada dia, na Terra,porquanto no trabalho sincero da coop<strong>era</strong>ção fraternal receberãode Jesus o esclarecimento acerca <strong>do</strong> que lhes convém fazer.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 7140Tempo de confiança“E disse-lhes: Onde está a vossa fé?” – (Lucas, 8:25.)A tempestade estabelec<strong>era</strong> a perturbação no ânimo <strong>do</strong>s discípulosmais fortes. Desorienta<strong>do</strong>s, ante a fúria <strong>do</strong>s elementos,socorrem-se de Jesus, em altos bra<strong>do</strong>s.Atende-os o Mestre, mas pergunta depois:– Onde está a vossa fé?O quadro sugere pond<strong>era</strong>ções de vasto alcance. A interrogaçãode Jesus indica claramente a necessidade de manutenção daconfiança, quan<strong>do</strong> tu<strong>do</strong> parece obscuro e perdi<strong>do</strong>. Em tais circunstâncias,surge a ocasião da fé, no tempo que lhe é próprio.Se há ensejo para trabalho e descanso, plantio e colheita, revelar-se-áigualmente a confiança na hora adequada.Ninguém exercitará otimismo, quan<strong>do</strong> todas as situações seconjugam para o bem-estar. É difícil demonstrar-se amizade nosmomentos felizes.Aguardem os discípulos, naturalmente, oportunidades de lutamaior, em que necessitarão aplicar mais extensa e intensivamenteos ensinos <strong>do</strong> Senhor. Sem isso, seria impossível aferir valores.Na atualidade <strong>do</strong>lorosa, inúmeros companheiros invocam acoop<strong>era</strong>ção direta <strong>do</strong> Cristo. E o socorro vem sempre, porque éinfinita a misericórdia celestial, mas, vencida a dificuldade, esperema indagação:– Onde está a vossa fé?


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 72E outros obstáculos sobrevirão, até que o discípulo aprenda a<strong>do</strong>minar-se, a educar-se e a vencer, serenamente, com as liçõesrecebidas.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 7341A Regra Áurea“Amarás o teu próximo como a ti mesmo.” – Jesus.(Mateus, 22:39.)Incontestavelmente, muitos séculos antes da vinda <strong>do</strong> Cristojá <strong>era</strong> ensinada no mun<strong>do</strong> a Regra Áurea, trazida por embaixa<strong>do</strong>resde sua sabe<strong>do</strong>ria e misericórdia. Importa esclarecer, todavia,que semelhante princípio <strong>era</strong> transmiti<strong>do</strong> com maior ou menorexemplificação de seus expositores.Diziam os gregos: “Não façais ao próximo o que não desejaisreceber dele.”Afirmavam os persas: “Fazei como quereis que se vos faça.”Declaravam os chineses: “O que não desejais para vós, nãofaçais a outrem.”Recomendavam os egípcios: “Deixai passar aquele que fezaos outros o que desejava para si.”Doutrinavam os hebreus: “O que não quiserdes para vós, nãodesejeis para o próximo.”Insistiam os romanos: “A lei gravada nos corações humanos éamar os membros da sociedade como a si mesmo.”Na antigüidade, to<strong>do</strong>s os povos receb<strong>era</strong>m a lei de ouro damagnanimidade <strong>do</strong> Cristo.Profetas, administra<strong>do</strong>res, juizes e filósofos, porém, proced<strong>era</strong>mcomo instrumentos mais ou menos identifica<strong>do</strong>s com a inspiração<strong>do</strong>s planos mais altos da vida. Suas figuras apagaram-se norecinto <strong>do</strong>s templos iniciáticos ou confundiram-se na tela <strong>do</strong>tempo em vista de seus testemunhos fragmentários.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 74Com o Mestre, todavia, a Regra Áurea é a novidade divina,porque Jesus a ensinou e exemplificou, não com virtudes parciais,mas em plenitude de trabalho, abnegação e amor, à claridade daspraças públicas, revelan<strong>do</strong>-se aos olhos da Humanidade inteira.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 7542Glória ao bem“Glória, porém, e honra e paz a qualquer que obra obem.” – Paulo (Romanos, 2:10.)A malícia costuma conduzir o homem a falsas apreciações <strong>do</strong>bem, quan<strong>do</strong> não parta da confissão religiosa a que se dedica, <strong>do</strong>ambiente de trabalho que lhe é próprio, da comunidade familiarem que se integra.O egoísmo fá-lo crer que o bem completo só poderia nascerde suas mãos ou <strong>do</strong>s seus. Esse é <strong>do</strong>s característicos mais inferioresda personalidade.O bem flui incessantemente de Deus e Deus é o Pai de to<strong>do</strong>sos homens. E é através <strong>do</strong> homem bom que o Altíssimo trabalhacontra o sectarismo que lhe transformou os filhos terrestres emcombatentes contumazes, de ações estéreis e sanguinolentas.Por mais que as lições espontâneas <strong>do</strong> Céu convoquem as criaturasao reconhecimento dessa verdade, continuam os homensem atitudes de ofensiva, ameaça e destruição, uns para com osoutros.O Pai, no entanto, consagrará o bem, onde quer que o bem esteja.É indispensável não atentarmos para os indivíduos, mas, sim,observar e compreender o bem que o Supremo Senhor nos enviapor intermédio deles. Que importa o aspecto exterior desse oudaquele homem? que interessam a sua nacionalidade, o seu nome,a sua cor? Anotemos a mensagem de que são porta<strong>do</strong>res. Se permanecemconsagra<strong>do</strong>s ao mal, são dignos <strong>do</strong> bem que lhes pos-


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 76samos fazer, mas se são bons e sinceros, no setor de serviço emque se encontram, merecem a paz e a honra de Deus.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 7743Consultas“E na lei nos man<strong>do</strong>u Moisés que tais mulheres sejamapedrejadas. Tu, pois, que dizes?” – (João, 8:5.)Várias vezes o espírito de má fé cercou o Mestre, com interrogações,aguardan<strong>do</strong> determinadas respostas pelas quais o ridicularizasse.A palavra dEle, porém, <strong>era</strong> sempre firme, incontestável,cheia de sabor divino.Referimo-nos ao fato para consid<strong>era</strong>r que semelhantes anotaçõesconvidam o discípulo a consultar sempre a sabe<strong>do</strong>ria, o gestoe o exemplo <strong>do</strong> Mestre.Os ensinamentos e atos de Jesus constituem lições espontâneaspara todas as questões da vida.O homem costuma gastar grandes patrimônios financeiros nosinquéritos da inteligência. O parecer <strong>do</strong>s profissionais <strong>do</strong> direitocusta, por vezes, o preço de angustioso sacrifício.Jesus, porém, fornece opiniões decisivas e profundas, gratuitamente.Basta que a alma procure a oração, o equilíbrio e a quietude.O Mestre falar-lhe-á na Boa Nova da Redenção.Freqüentemente, surgem casos inesp<strong>era</strong><strong>do</strong>s, problemas de soluçãodifícil. Não ignora o homem o que os costumes e as tradiçõesmandam resolver, de certo mo<strong>do</strong>; no entanto, é indispensávelque o aprendiz <strong>do</strong> Evangelho pergunte, no santuário <strong>do</strong> coração:– Tu, porém, Mestre, que me dizes a isto?E a resposta não se fará esp<strong>era</strong>r como divina luz no grande silêncio.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 7844O cego de Jericó“Dizen<strong>do</strong>: Que queres que te faça? E ele respondeu: –Senhor, que eu veja.” – (Lucas, 18:41.)O cego de Jericó é das grandes figuras <strong>do</strong>s ensinamentos e-vangélicos.Informa-nos a narrativa de Lucas que o infeliz andava pelocaminho, mendigan<strong>do</strong>... Sentin<strong>do</strong> a aproximação <strong>do</strong> Mestre, põesea gritar, imploran<strong>do</strong> misericórdia.Irritam-se os populares, em face de tão insistentes rogativas.Tentam impedi-lo, recomendan<strong>do</strong>-lhe calar as solicitações. Jesus,contu<strong>do</strong>, ouve-lhe a súplica, aproxima-se dele e interroga comamor:– Que queres que te faça?À frente <strong>do</strong> magnânimo dispensa<strong>do</strong>r <strong>do</strong>s bens divinos, receben<strong>do</strong>liberdade tão ampla, o pedinte sincero responde apenasisto:Senhor, que eu veja!O propósito desse cego honesto e humilde deveria ser o nossoem todas as circunstâncias da vida.Mergulha<strong>do</strong>s na carne ou fora dela, somos, às vezes, essemendigo de Jericó, esmolan<strong>do</strong> às margens da estrada comum.Chama-nos a vida, o trabalho apela para nós, abençoa-nos a luz<strong>do</strong> conhecimento, mas permanecemos indecisos, sem coragem demarchar para a realização elevada que nos compete atingir. E,quan<strong>do</strong> surge a oportunidade de nosso encontro espiritual com oCristo, além de sentirmos que o mun<strong>do</strong> se volta contra nós, indu-


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 79zin<strong>do</strong>-nos à indiferença, é muito raro sabermos pedir sensatamente.Por isso mesmo, é muito valiosa a recordação <strong>do</strong> pobrezinhomenciona<strong>do</strong> no versículo de Lucas, porquanto não é preciso compareçamosdiante <strong>do</strong> Mestre com volumosa bagagem de rogativas.Basta lhe peçamos o <strong>do</strong>m de ver, com a exata compreensão dasparticularidades <strong>do</strong> caminho evolutivo. Que o Senhor, portanto,nos faça enxergar to<strong>do</strong>s os fenômenos e situações, pessoas ecoisas, com amor e justiça, e possuiremos o necessário à nossaalegria imortal.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 8045Conversar“Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, massó a que for boa para promover a edificação, para quedê graças aos que a ouvem.” – Paulo. (Efésios, 4:29.)O gosto de conversar retamente e as palestras edificantes caracterizamas relações de legítimo amor fraternal.As almas que se compreendem, nesse ou naquele setor da atividadecomum, estimam as conversações afetuosas e sábias, comoescrínios vivos de Deus, que permutam, entre si, os valores maispreciosos.A palavra precede to<strong>do</strong>s os movimentos nobres da vida. Teceos ideais <strong>do</strong> amor, estimula a parte divina, des<strong>do</strong>bra a civilização,organiza famílias e povos.Jesus legou o Evangelho ao mun<strong>do</strong>, conversan<strong>do</strong>. E quantosatingem mais eleva<strong>do</strong> plano de manifestação, prezam a palestraamorosa e esclarece<strong>do</strong>ra.Pela perda <strong>do</strong> gosto de conversar com alguém, pode o homemavaliar se está cain<strong>do</strong> ou se o amigo estaciona em desvios inesp<strong>era</strong><strong>do</strong>s.Todavia, além <strong>do</strong>s que se conservam em posição de superioridade,existem aqueles que desfiguram o <strong>do</strong>m sagra<strong>do</strong> <strong>do</strong> verbo,compelin<strong>do</strong>-o às maiores torpezas. São os amantes <strong>do</strong> ridículo, dazombaria, <strong>do</strong>s falsos costumes. A palavra, porém, é dádiva tãosanta que, ainda aí, revela aos ouvintes corretos a qualidade <strong>do</strong>espírito que a insulta e desfigura, colocan<strong>do</strong>-o, imediatamente, nobaixo lugar que lhe compete nos quadros da vida.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 81Conversar é possibilidade sublime. Não relaxes, pois, essaconcessão <strong>do</strong> Altíssimo, porque pela tua conversação serás conheci<strong>do</strong>.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 8246Quem és?“Há só um Legisla<strong>do</strong>r e um Juiz que pode salvar e destruir.Tu, porém, quem és, que julgas a outrem?” –(Tiago, 4:12.)Deveria existir, por parte <strong>do</strong> homem, grande cautela em emitiropiniões relativamente à incorreção alheia.Um parecer inconsciente ou leviano pode g<strong>era</strong>r desastres muitomaiores que o erro <strong>do</strong>s outros, converti<strong>do</strong> em objeto de exame.Naturalmente existem determinadas responsabilidades queexigem observações acuradas e pacientes daqueles a quem foramconferidas. Um administra<strong>do</strong>r necessita analisar os elementos decomposição humana que lhe integram a máquina de serviços. Ummagistra<strong>do</strong>, pago pelas economias <strong>do</strong> povo, é obriga<strong>do</strong> a examinaros problemas da paz ou da saúde sociais, delib<strong>era</strong>n<strong>do</strong> com serenidadee justiça na defesa <strong>do</strong> bem coletivo. Entretanto, importacompreender que homens como esses, entenden<strong>do</strong> a extensão e adelicadeza <strong>do</strong>s seus encargos espirituais, muito sofrem, quan<strong>do</strong>compeli<strong>do</strong>s ao serviço de regen<strong>era</strong>ção das peças vivas, desviadasou enfermiças, encaminhadas à sua responsabilidade.Na estrada comum, no entanto, verifica-se grande excesso depessoas viciadas na precipitação e na leviandade.Cremos seja útil a cada discípulo, quan<strong>do</strong> assedia<strong>do</strong> pelasconsid<strong>era</strong>ções insensatas, lembrar o papel exato que está representan<strong>do</strong>no campo da vida presente, interrogan<strong>do</strong> a si próprio, antesde responder às indagações tenta<strong>do</strong>ras: “Será este assunto de meuinteresse? Quem sou? Estarei, de fato, em condições de julgaralguém?”


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 8347A grande pergunta“E por que me chamais Senhor, Senhor, e não fazeis oque eu digo?” – Jesus. (Lucas, 6:46.)Em lamentável indiferença, muitas pessoas esp<strong>era</strong>m pelamorte <strong>do</strong> corpo, a fim de ouvirem as sublimes palavras <strong>do</strong> Cristo.Não se compreende, porém, o motivo de semelhante propósito.O Mestre permanece vivo em seu Evangelho de Amor e Luz.É desnecessário aguardar ocasiões solenes para que lhe ouçamosos ensinamentos sublimes e claros.Muitos aprendizes aproximam-se <strong>do</strong> trabalho santo, mas desejamrevelações diretas. Teriam mais fé, asseguram displicentes,se ouvissem o Senhor, de mo<strong>do</strong> pessoal, em suas manifestaçõesdivinas. Acreditam-se merece<strong>do</strong>res de dádivas celestes e acabamconsid<strong>era</strong>n<strong>do</strong> que o serviço <strong>do</strong> Evangelho é grande em demasiapara o esforço humano e põem-se à esp<strong>era</strong> de milagres imprevistos,sem perceberem que a preguiça sutilmente se lhes mistura àvaidade, anulan<strong>do</strong>-lhes as forças.Tais companheiros não sabem ouvir o Mestre Divino em seuverbo imortal. Ignoram que o serviço deles é aquele a que foramchama<strong>do</strong>s, por mais humildes lhes pareçam as atividades a que seajustam.Na qualidade de político ou de varre<strong>do</strong>r, num palácio ou numachoupana, o homem da Terra pode fazer o que lhe ensinouJesus.É por isso que a oportuna pergunta <strong>do</strong> Senhor deveria gravarsede maneira indelével em to<strong>do</strong>s os templos, para que os discípu-


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 84los, em lhe pronuncian<strong>do</strong> o nome, nunca se esqueçam de atender,sinc<strong>era</strong>mente, às recomendações <strong>do</strong> seu verbo sublime.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 8548Guardai-vos“Estes, porém, dizem mal <strong>do</strong> que ignoram; e, naquiloque naturalmente conhecem, como animais irracionaisse corrompem.” – (Judas, 1:10.)Em to<strong>do</strong>s os lugares, encontramos pessoas sempre dispostasao comentário desairoso e ingrato relativamente ao que não sabem.Almas levianas e inconstantes, não <strong>do</strong>minam os movimentosda vida, permanecen<strong>do</strong> subjugadas pela própria inconsciência.E são essas justamente aquelas que, em suas manifestaçõesinstintivas, se portam, no que sabem, como irracionais. Sua açãoparticular costuma corromper os assuntos mais sagra<strong>do</strong>s, insultaras intenções mais generosas e ridiculizar os feitos mais nobres.Guardai-vos das atitudes <strong>do</strong>s murmura<strong>do</strong>res irresponsáveis.Concedeu-nos o Cristo a luz <strong>do</strong> Evangelho, para que nossaanálise não esteja fria e obscura.O conhecimento com Jesus é a claridade transforma<strong>do</strong>ra davida, conferin<strong>do</strong>-nos o <strong>do</strong>m de entender a mensagem viva de cadaser e a significação de cada coisa, no caminho infinito.Somente os que ajuízam, acerca da ignorância própria, respeitan<strong>do</strong>o <strong>do</strong>mínio das circunstâncias que desconhecem, são capazesde produzir frutos de perfeição com as dádivas de Deus que jápossuem.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 8649Saber e fazer“Se sabeis estas coisas, bem-aventura<strong>do</strong>s sois se as fizerdes.”– Jesus. (João, 13:17.)Entre saber e fazer existe singular diferença. Quase to<strong>do</strong>s sabem,poucos fazem. Todas as seitas religiosas, de mo<strong>do</strong> g<strong>era</strong>l,somente ensinam o que constitui o bem. Todas possuem serventuários,crentes e propagandistas, mas os apóstolos de cada umaescasseiam cada vez mais.Há sempre vozes habilitadas a indicar os caminhos. É a palavra<strong>do</strong>s que sabem.Raras criaturas penetram valorosamente a vereda, muita vezem silêncio, aban<strong>do</strong>nadas e incompreendidas. É o esforço supremo<strong>do</strong>s que fazem.Jesus compreendeu a indecisão <strong>do</strong>s filhos da Terra e, transmitin<strong>do</strong>-lhesa palavra da verdade e da vida, fez a exemplificaçãomáxima, através de sacrifícios culminantes.A existência de uma teoria elevada envolve a necessidade deexperiência e trabalho. Se a ação edificante fosse desnecessária, amais humilde tese <strong>do</strong> bem deixaria de existir por inútil.João assinalou a lição <strong>do</strong> Mestre com sabe<strong>do</strong>ria. Demonstra oversículo que somente os que concretizam os ensinamentos <strong>do</strong>Senhor podem ser bem-aventura<strong>do</strong>s. Aí reside, no campo <strong>do</strong>serviço cristão, a diferença entre a cultura e a prática, entre sabere fazer.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 8750Conta de si“De maneira que cada um de nós dará conta de simesmo a Deus.” – Paulo. (Romanos, 14:12.)É razoável que o homem se consagre à solução de to<strong>do</strong>s osproblemas alusivos à esf<strong>era</strong> que o rodeia no mun<strong>do</strong>; entretanto, énecessário saiba a espécie de contas que prestará ao SupremoSenhor, ao termo das obrigações que lhe foram cometidas.Inquieta-se a maioria das criaturas com o destino <strong>do</strong>s outros,descuidadas de si mesmas. Homens existem que se desesp<strong>era</strong>mpela impossibilidade de op<strong>era</strong>r a melhoria de companheiros ou dedeterminadas instituições.Todavia, a quem pertencerão, de fato, os acervos patrimoniais<strong>do</strong> mun<strong>do</strong>? A resposta é clara, porque os senhores mais poderososdesprender-se-ão da economia planetária, entregan<strong>do</strong>-a a novosoperários de Deus para o serviço da evolução infinita.O argumento, contu<strong>do</strong>, suscitará certas perguntas <strong>do</strong>s cérebrosmenos avisa<strong>do</strong>s. Se a conta reclamada refere-se ao círculopessoal, que tem o homem a ver pelas contas de sua família, desua casa, de sua oficina? Cumpre-nos, então, esclarecer que oscompanheiros da intimidade <strong>do</strong>méstica, a posse <strong>do</strong> lar, as finalidades<strong>do</strong> agrupamento em que se trabalha, pertencem ao SupremoSenhor, mas o homem, na conta que lhe é própria, é obriga<strong>do</strong> arevelar sua linha de conduta para com a família, com a casa emque se asila, com a fonte de suas atividades comuns. Naturalmente,ninguém responderá pelos outros; todavia, cada espírito, emrelacionan<strong>do</strong> o esforço que lhe compete, será compeli<strong>do</strong> a esclarec<strong>era</strong> sua qualidade de ação nos menores departamentos darealização terrestre, onde foi chama<strong>do</strong> a viver.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 8851Meninos espirituais“Porque qualquer que ainda se alimenta de leite nãoestá experimenta<strong>do</strong> na palavra da justiça, pois é menino.”– Paulo. (Hebreus, 5:13.)Na apreciação <strong>do</strong>s companheiros de luta, que nos integram oquadro de trabalho diário, é útil não haja choques, quan<strong>do</strong>, inesp<strong>era</strong>damente,surgirem falhas e fraquezas. Antes da emissão dequalquer juízo, é conveniente conhecer o quilate <strong>do</strong>s valoresespirituais em exame.Jamais prescindamos da compreensão ante os que se desviam<strong>do</strong> caminho reto. A estrada percorrida pelo homem experiente estácheia de crianças dessa natureza. Deus cerca os passos <strong>do</strong> sábio,com as expressões da ignorância, a fim de que a sombra recebaluz e para que essa mesma luz seja glorificada. Nesse intercâmbiosubstancialmente divino, o ignorante aprende e o sábio cresce.Os discípulos de boa-vontade necessitam da sinc<strong>era</strong> atitude deobservação e tolerância. É natural que se regozijem com o alimentorico e substancioso com que lhes é da<strong>do</strong> nutrir a alma; no entanto,não desprezem outros irmãos, cujo organismo espiritualainda não tol<strong>era</strong> senão o leite simples <strong>do</strong>s primeiros conhecimentos.Toda criança é frágil e ninguém deve condená-la por isso.Se tua mente pode librar no vôo mais alto, não te esqueças<strong>do</strong>s que ficaram no ninho onde nasceste e onde estiveste longotempo, completan<strong>do</strong> a plumagem. Diante <strong>do</strong>s teus olhos deslumbra<strong>do</strong>s,alonga-se o infinito. Eles estarão contigo, um dia, e, porquea união integral esteja tardan<strong>do</strong>, não os aban<strong>do</strong>nes ao acaso,nem lhes recuses o leite que amam e de que ainda necessitam.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 8952Dons“Toda boa dádiva e to<strong>do</strong> <strong>do</strong>m perfeito vêm <strong>do</strong> Alto.” –(Tiago, 1:17.)Certifican<strong>do</strong>-se o homem de que coisa alguma possui de bom,sem que Deus lho conceda, a vida na Terra ganhará novos rumos.Diz a sabe<strong>do</strong>ria, desde a antigüidade:– Faze de tua parte e o Senhor te ajudará. Reconhecen<strong>do</strong> o e-leva<strong>do</strong> teor da exortação, somos compeli<strong>do</strong>s a reconhecer que, naprópria aquisição de títulos profissionais, o homem é o filho quese esforça, durante alguns anos, para que o Pai lhe confira umcertifica<strong>do</strong> de competência, através <strong>do</strong>s professores humanos.Qual ocorre no patrimônio das realizações materiais, aconteceno círculo das edificações <strong>do</strong> espírito.Indiscutivelmente, toda boa dádiva e to<strong>do</strong> <strong>do</strong>m perfeito vêmde Deus. Entretanto, para recebermos o benefício, faz-se preciso“bater” à porta para que ela se nos abra, segun<strong>do</strong> a recomendaçãoevangélica.Queres o <strong>do</strong>m de curar? começa aman<strong>do</strong> os <strong>do</strong>entes, interessan<strong>do</strong>-tepela solução de suas necessidades.Queres o <strong>do</strong>m de ensinar? faze-te amigo <strong>do</strong>s que ministram oconhecimento em nome <strong>do</strong> Senhor, através das obras e das palavrasedificantes.Esp<strong>era</strong>s o <strong>do</strong>m da virtude? disciplina-te.Pretendes falar com acerto? aprende a calar no momento o-portuno.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 90Desejas acesso aos círculos sagra<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Cristo? aproxima-tedEle, não só pela conversação elevada, mas também por atitudesde sacrifício, como foram as de sua vida.As qualidades excelentes são <strong>do</strong>ns que procedem de Deus;entretanto, cada qual tem a porta respectiva e pede uma chavediferente.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 9153Paz“Disse-lhes, pois, Jesus, outra vez: Paz seja convosco.”– (João, 20:21.)Muita gente inquieta, examinan<strong>do</strong> o intercâmbio entre os novosdiscípulos <strong>do</strong> Evangelho e os desencarna<strong>do</strong>s, interroga, ansiosamente,pelas possibilidades da colaboração espiritual, junto àsatividades humanas.Por que razão os emissários <strong>do</strong> invisível não proporcionamdescobertas sensacionais ao mun<strong>do</strong>?Por que não revelam os processos de cura das moléstias quedesafiam a Ciência?Como não evitam o <strong>do</strong>loroso choque entre as nações?Tais investiga<strong>do</strong>res, distancia<strong>do</strong>s das noções de justiça, nãocompreendem que seria terrível furtar ao homem os elementos detrabalho, resgate e elevação. Aborrecem-se, comumente, com asreit<strong>era</strong>das e afetuosas recomendações de paz das comunicações <strong>do</strong>Além-Túmulo, porque ainda não se harmonizaram com o Cristo.Vejamos o Mestre com os discípulos, quan<strong>do</strong> voltava a confortá-los,<strong>do</strong> plano espiritual. Não lhe observamos na palavraqualquer reca<strong>do</strong> torturante, não estabelece a menor expressão desensacionalismo, não se adianta em conceitos de revelação supernatural.Jesus demonstra-lhes a sobrevivência e deseja-lhes paz.Será isso insuficiente para a alma sinc<strong>era</strong> que procura a integraçãocom a vida mais alta? Não envolverá, em si, grande responsabilidadeo fato de reconhecerdes a continuação da existên-


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 92cia, além da morte, na certeza de que haverá exame <strong>do</strong>s compromissosindividuais?Trabalhar e sofrer constituem processos lógicos <strong>do</strong> aperfeiçoamentoe da ascensão. E que atendamos a esses imp<strong>era</strong>tivos daLei, com bastante paz, é o desejo amoroso e puro de Jesus-Cristo.Esforcemo-nos por entender semelhantes verdades, pois existemnumerosos aprendizes aguardan<strong>do</strong> os grandes sinais, como ospreguiçosos que respiram à sombra, à esp<strong>era</strong> <strong>do</strong> fogo-fátuo <strong>do</strong>menor esforço.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 9354A videira“Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o lavra<strong>do</strong>r.”– Jesus. (João, 15:1.)Deus é o Cria<strong>do</strong>r Eterno cujos desígnios permanecem insondáveisa nós outros. Pelo seu amor desvela<strong>do</strong> criam-se to<strong>do</strong>s osseres, por sua sabe<strong>do</strong>ria movem-se os mun<strong>do</strong>s no Ilimita<strong>do</strong>.Pequena e obscura, a Terra não pode perscrutar a grandezadivina. O Pai, entretanto, envolve-nos a to<strong>do</strong>s nas vibrações desua bondade gloriosa.Ele é a alma de tu<strong>do</strong>, a essência <strong>do</strong> Universo.Permanecemos no campo terrestre, de que Ele é <strong>do</strong>no e supremodispensa<strong>do</strong>r.No entanto, para que lhe sintamos a presença em nossa compreensãolimitada, concedeu-nos Jesus como sua personificaçãomáxima.Útil seria que o homem observasse no Planeta a sua imensaescola de trabalho; e to<strong>do</strong>s nós, p<strong>era</strong>nte a grandeza universal,devemos reconhecer a nossa condição de seres humildes, necessita<strong>do</strong>sde aprimoramento e iluminação.Dentro de nossa pequenez, sucumbiríamos de fome espiritual,estaciona<strong>do</strong>s na sombra da ignorância, não fosse essa videira daverdade e <strong>do</strong> amor que o Supremo Senhor nos concedeu em Jesus-Cristo. De sua seiva divina procedem todas as nossas realizaçõeselevadas, nos serviços da Terra. Alimenta<strong>do</strong>s por essa fonte sublime,compete-nos reconhecer que sem o Cristo as organizações<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> se perderiam por falta de base. NEle encontramos o pão


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 94vivo das almas e, desde o princípio, o seu amor infinito no orbeterrestre é o fundamento divino de todas as verdades da vida.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 9555As varas da videira“Eu sou a videira, vós as varas.” – Jesus. (João, 15:5.)Jesus é o bem e o amor <strong>do</strong> princípio. Todas as noções generosasda Humanidade nasc<strong>era</strong>m de sua divina influenciação. Comjustiça, asseverou aos discípulos, nesta passagem <strong>do</strong> Evangelho deJoão, que seu espírito sublime representa a árvore da vida e seussegui<strong>do</strong>res sinceros as frondes promissoras, acrescentan<strong>do</strong> que,fora <strong>do</strong> tronco, os galhos se secariam, caminhan<strong>do</strong> para o fogo dapurificação.Sem o Cristo, sem a essência de sua grandeza, todas as obrashumanas estão destinadas a perecer.A ciência será frágil e pobre sem os valores da consciência,as escolas religiosas estarão condenadas, tão logo se afastem daverdade e <strong>do</strong> bem.Infinita é a misericórdia de Jesus nos movimentos da vidaplanetária. No centro de toda expressão nobre da existência pulsaseu coração amoroso, repleto da seiva <strong>do</strong> perdão e da bondade.Os homens são varas verdes da árvore gloriosa. Quan<strong>do</strong> traemseus deveres, secam-se porque se afastam da seiva, rolam aochão <strong>do</strong>s desenganos, para que se purifiquem no fogo <strong>do</strong>s sofrimentosrepara<strong>do</strong>res, a fim de serem novamente toma<strong>do</strong>s por Jesus,à conta de sua misericórdia, para a renovação. É razoável,portanto, positivemos nossa fidelidade ao Divino Mestre, refletin<strong>do</strong>no eleva<strong>do</strong> número de vezes em que nos ressecamos, no passa<strong>do</strong>,apesar <strong>do</strong> imenso amor que nos sustenta em toda a vida.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 9656Lucros“E o que tens ajunta<strong>do</strong> para quem será?” – Jesus. (Lucas,12:20.)Em to<strong>do</strong>s os agrupamentos humanos, palpita a preocupaçãode ganhar. O espírito de lucro alcança os setores mais singelos.Meninos, mal saí<strong>do</strong>s da primeira infância, mostram-se interessa<strong>do</strong>sem amontoar egoisticamente alguma coisa. A atualidade contacom mães numerosas que aban<strong>do</strong>nam seu lar a desconheci<strong>do</strong>s,durante muitas horas <strong>do</strong> dia, a fim de experimentarem a minalucrativa. Nesse senti<strong>do</strong>, a maioria das criaturas converte a marchaevolutiva em corrida inquietante.Por trás <strong>do</strong> sepulcro, ponto de chegada de to<strong>do</strong>s os que saíram<strong>do</strong> berço, a verdade aguarda o homem e interroga:– Que trouxeste?O infeliz responderá que reuniu vantagens materiais, que seesforçou por assegurar a posição tranqüila de si mesmo e <strong>do</strong>sseus.Examinada, porém, a bagagem, verifica-se, quase sempre,que as vitórias são derrotas fragorosas. Não constituem valores daalma, nem trazem o selo <strong>do</strong>s bens eternos.Atingida semelhante equação, o viajor olha para trás e sentefrio. Prende-se, de maneira inexplicável, aos resulta<strong>do</strong>s de tu<strong>do</strong> oque amontoou na Crosta da Terra. A consciência inquieta enchesede nuvens e a voz <strong>do</strong> Evangelho soa-lhe aos ouvi<strong>do</strong>s: Pobre deti, porque teus lucros foram perdas desastrosas! “E o que tensajunta<strong>do</strong> para quem será?”


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 9757Dinheiro“Porque o amor <strong>do</strong> dinheiro é a raiz de toda espécie demales; e, nessa cobiça, alguns se desviaram da fé e setraspassaram a si mesmos com muitas <strong>do</strong>res.” – Paulo.(1ª Epístola a Timóteo, 6:10.)Paulo não nos diz que o dinheiro, em si mesmo, seja flagelopara a Humanidade.Várias vezes, vemos o Mestre em contacto com o assunto,contribuin<strong>do</strong> para que a nossa compreensão se dilate. Receben<strong>do</strong>certos alvitres <strong>do</strong> povo que lhe apresenta determinada moeda daépoca, com a efígie <strong>do</strong> imp<strong>era</strong><strong>do</strong>r romano, recomenda que o homemdê a César o que é de César, exemplifican<strong>do</strong> o respeito àsconvenções construtivas. Numa de suas mais lindas parábolas,emprega o símbolo de uma dracma perdida. Nos movimentos <strong>do</strong>Templo, aprecia o óbolo pequenino da viúva.O dinheiro não significa um mal. Todavia, o apóstolo <strong>do</strong>sgentios nos esclarece que o amor <strong>do</strong> dinheiro é a raiz de todaespécie de males. O homem não pode ser condena<strong>do</strong> pelas suasexpressões financeiras, mas, sim, pelo mau uso de semelhantesrecursos materiais, porquanto é pela obsessão da posse que oorgulho e a ociosidade, <strong>do</strong>is fantasmas <strong>do</strong> infortúnio humano, seinstalam nas almas, compelin<strong>do</strong>-as a desvios da luz eterna.O dinheiro que te vem às mãos, pelos caminhos retos, que sóa tua consciência pode analisar à claridade divina, é um amigoque te busca a orientação sadia e o conselho humanitário. Responderása Deus pelas diretrizes que lhe deres e ai de ti se materializaresessa força benéfica no sombrio edifício da iniqüidade!


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 9858Ganhar“Pois que aproveitaria ao homem ganhar to<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>e perder a sua alma?” – Jesus. (Marcos, 8:36.)As criaturas terrestres, de mo<strong>do</strong> g<strong>era</strong>l, ainda não aprend<strong>era</strong>ma ganhar. Entretanto, o espírito humano permanece no Planeta embusca de alguma coisa. É indispensável alcançar valores de aperfeiçoamentopara a vida eterna.Recomen<strong>do</strong>u Jesus aos seus tutela<strong>do</strong>s procurassem, insistissem...Significa isso que o homem se demora na Terra para ganharna luta enobrece<strong>do</strong>ra.Toda perturbação, nesse senti<strong>do</strong>, provém da mente viciadadas almas em desvio.O homem está sempre decidi<strong>do</strong> a conquistar o mun<strong>do</strong>, masnunca disposto a conquistar-se para uma esf<strong>era</strong> mais elevada.Nesse falso conceito, subverte a ordem, nas oportunidades decada dia. Se Deus lhe concede bastante saúde física, costuma usálana aquisição da <strong>do</strong>ença destrui<strong>do</strong>ra; se consegue amealharpossibilidades financeiras, tenta açambarcar os interesses alheios.O Mestre Divino não recomen<strong>do</strong>u que a alma humana devamovimentar-se despida de objetivos e aspirações de ganho; salientouapenas que o homem necessita conhecer o que procura, queespécie de lucros almeja, a que fins se propõe em suas atividadesterrestres.Se teus desejos repousam nas aquisições factícias, relativamentea situações passageiras ou a patrimônios fada<strong>do</strong>s ao apodrecimento,renova, enquanto é tempo, a visão espiritual, porque


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 99de nada vale ganhar o mun<strong>do</strong> que te não pertence e perderes a timesmo, indefinidamente, para a vida imortal.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 10059Os ama<strong>do</strong>s“Mas de vós, ó ama<strong>do</strong>s, esp<strong>era</strong>mos coisas melhores.” –Paulo. (Hebreus, 6:9.)Comenta-se com amargura o progresso aparente <strong>do</strong>s ímpios.Admira-se o crente da boa posição <strong>do</strong>s homens que desconhecemo escrúpulo, muita vez altamente coloca<strong>do</strong>s na esf<strong>era</strong>financeira.Muitos perguntam: “Onde está o Senhor que lhes não viu osprocessos escusos?”A interrogação, no entanto, evidencia mais ignorância quesensatez. Onde a finalidade <strong>do</strong> tesouro amoeda<strong>do</strong> <strong>do</strong> homemperverso? Ainda que experimentasse na Terra inalterável saúde decem anos, seria compeli<strong>do</strong> a aban<strong>do</strong>nar o patrimônio para recomeçaro aprendiza<strong>do</strong>.A eternidade confere reduzida importância aos bens exteriores.Aqueles que exclusivamente acumulam vantagens transitórias,fora de sua alma, plenamente esqueci<strong>do</strong>s da esf<strong>era</strong> interior,são dignos de piedade. Deixarão tu<strong>do</strong>, quase sempre, ao sabor dairresponsabilidade.Isso não acontece, porém, com os <strong>do</strong>nos da riqueza espiritual.Constituin<strong>do</strong> os ama<strong>do</strong>s de Deus, sentem-se identifica<strong>do</strong>s com oPai, em qualquer parte a que sejam conduzi<strong>do</strong>s. Na dificuldade ena tormenta guardam a alegria da h<strong>era</strong>nça divina que se lhesentesoura no coração.Do ímpio, é razoável esp<strong>era</strong>rmos a indiferença, a ambição, aavareza, a preocupação de amontoar irrefletidamente; <strong>do</strong> ignorante,é natural recebermos perguntas loucas. Entretanto, o apóstolo


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 101da gentilidade exclama com razão: “Mas de vós, ó ama<strong>do</strong>s, esp<strong>era</strong>moscoisas melhores.”


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 10260Prática <strong>do</strong> bem“Porque assim é a vontade de Deus que, fazen<strong>do</strong> obem, tapeis a boca à ignorância <strong>do</strong>s homens loucos.” –(1ª Epístola a Pedro, 2:15.)À medida que o espírito avulta em conhecimento, mais compreendeo valor <strong>do</strong> tempo e das oportunidades que a vida maiorlhe proporciona, reconhecen<strong>do</strong>, por fim, a imprudência de gastarrecursos preciosos em discussões estéreis e caprichosas.O apóstolo Pedro recomenda seja lembra<strong>do</strong> que é da vontadede Deus se faça o bem, impon<strong>do</strong> silêncio à ignorância e à loucura<strong>do</strong>s homens.Uma contenda pode perdurar por muitos anos, com gravesdesastres para as forças em litígio; todavia, basta uma expressãode renúncia para que a concórdia se estabeleça num dia.No serviço divino, é aconselhável não disputar, a não serquan<strong>do</strong> o esclarecimento e a energia traduzem caridade. Nessecaminho, a prática <strong>do</strong> bem é a bússola <strong>do</strong> ensino.Anteceden<strong>do</strong> qualquer disputa, convém dar algo de nós mesmos.Isso é útil e convincente.O bem mais humilde é semente sagrada.Convoca<strong>do</strong> a discutir, Jesus imolou-se.Por se haver transforma<strong>do</strong> ele próprio em divina luz, <strong>do</strong>minou-nosa treva da ignorância humana.Não parlamentou conosco. Ao invés disso, converteu-nos.Não reclamou compreensão. Entendeu a nossa loucura, localizou-nosa cegueira e amparou-nos ainda mais.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 10361Ministérios“Cada um administre aos outros o <strong>do</strong>m como o recebeu,como bons despenseiros da multiforme graça deDeus.” – (1ª Epístola a Pedro, 4:10.)Toda criatura recebe <strong>do</strong> Supremo Senhor o <strong>do</strong>m de servir comoum ministério essencialmente divino.Se o homem levanta tantos problemas de solução difícil, emsuas lutas sociais, é que não se capacitou, ainda, de tão eleva<strong>do</strong>ensinamento.O quadro da evolução terrestre apresenta divisão entre os quedenominais “magnatas” e “proletários”, porquanto, de mo<strong>do</strong>g<strong>era</strong>l, não se entendeu até agora no mun<strong>do</strong> a dignidade <strong>do</strong> trabalhohonesto, por mais humilde que seja.É imprescindível haja sempre profissionais de limpeza pública,desbrava<strong>do</strong>res de terras insalubres, chefes de fábricas, trabalha<strong>do</strong>resde imprensa.Os homens não compreend<strong>era</strong>m, ainda, que a oportunidade decoop<strong>era</strong>r nos trabalhos da Terra transforma-os em despenseiros dagraça de Deus. Chegará, contu<strong>do</strong>, a época em que to<strong>do</strong>s se sentirãoricos. A noção de “capitalista” e “operário” estará renovada.Entender-se-ão ambos como eficientes servi<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Altíssimo.O jardineiro sentirá que o seu ministério é irmão da tarefaconfiada ao gerente da usina.Cada qual ministrará os bens recebi<strong>do</strong>s <strong>do</strong> Pai, na sua própriaesf<strong>era</strong> de ação, sem a idéia egoística de ganhar para enriquecer naTerra, mas de servir com proveito para enriquecer em Deus.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 10462Parentela“E disse-lhe: Sai de tua terra e dentre a tua parentela edirige-te à terra que eu te mostrar.” – (Atos, 7:3.)Nos círculos da fé, vários candidatos à posição de discípulosde Jesus queixam-se da sistemática oposição <strong>do</strong>s parentes, comrespeito aos princípios que esposaram para as aquisições de ordemreligiosa.Nem sempre os laços de sangue reúnem as almas essencialmenteafins. Freqüentemente, pelas imposições da consangüinidade,grandes inimigos são obriga<strong>do</strong>s ao abraço diuturno, sob omesmo teto.É razoável sugerir-se uma divisão entre os conceitos de “família”e “parentela”. O primeiro constituiria o símbolo <strong>do</strong>s laçoseternos <strong>do</strong> amor, o segun<strong>do</strong> significaria o cadinho de lutas, porvezes acerbas, em que devemos diluir as imperfeições <strong>do</strong>s sentimentos,fundin<strong>do</strong>-os na liga divina <strong>do</strong> amor para a eternidade. Afamília não seria a parentela, mas a parentela converter-se-ia,mais tarde, nas santas expressões da família.Recordamos tais conceitos a fim de acordar a vigilância <strong>do</strong>scompanheiros menos avisa<strong>do</strong>s.A caminho de Jesus, será útil aban<strong>do</strong>nar a esf<strong>era</strong> de maledicênciase incompreensões da parentela e pautar os atos na execução<strong>do</strong> dever mais sublime, sem esmorecer na exemplificação,porquanto, assim, o aprendiz fiel estará exortan<strong>do</strong>-a, sem palavras,a participar <strong>do</strong>s direitos da família maior, que é a de Jesus-Cristo.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 10563Quem sois?“Mas o espírito maligno lhes respondeu: Conheço a Jesuse bem sei quem é Paulo; mas vós, quem sois?” – (Atos,19:15.)Qualquer expressão de comércio tem sua base no poder aquisitivo.Para obter, é preciso possuir.No intercâmbio <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is mun<strong>do</strong>s, terrestre e espiritual, o fenômenoobedece ao mesmo princípio.Nas op<strong>era</strong>ções comerciais de César, requerem-se moedas ouexpressões fiduciárias com efígies e identificações que lhes digamrespeito. Nas op<strong>era</strong>ções de permuta espiritual requisitam-se valoresindividualíssimos, com os sinais <strong>do</strong> Cristo.O dinheiro de Jesus é o amor. Sem ele, não é lícito aventurarsealguém ao sagra<strong>do</strong> comércio das almas.O versículo aqui nomea<strong>do</strong> constitui benéfica advertência aquantos, para o esclarecimento <strong>do</strong>s outros, invocam o Mestre, semtítulos vivos de sua escola sacrificial.Mormente no que se refere às relações com o plano invisível,manten<strong>do</strong> cuida<strong>do</strong> por evitar afirmativas a esmo, não vos aventureisao movimento, sem o poder aquisitivo <strong>do</strong> amor de Jesus.O Mestre é igualmente conheci<strong>do</strong> de seus infelizes adversários.Os discípulos sinceros <strong>do</strong> Senhor são observa<strong>do</strong>s por elestambém. Os inimigos da luz reconhecem-lhes o sublime valor.Quan<strong>do</strong> vos dispuserdes, portanto, a esse gênero de trabalho,não olvideis vossa própria identificação, porque, provavelmente,sereis interpela<strong>do</strong>s pelos representantes <strong>do</strong> mal, que vos perguntarãoquem sois.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 10664O tesouro maior“Porque, onde estiver o vosso tesouro, ali estará tambémo vosso coração.” – Jesus. (Lucas, 12:34.)No mun<strong>do</strong>, os templos da fé religiosa, desde que consagra<strong>do</strong>sà Divindade <strong>do</strong> Pai, são departamentos da casa infinita de Deus,onde Jesus ministra os seus bens aos corações da Terra, independentementeda escola de crença a que se filiam.A essas subdivisões <strong>do</strong> eterno santuário comparecem os tutela<strong>do</strong>s<strong>do</strong> Cristo, em seus diferentes graus de compreensão. Cadaqual, instintivamente, revela ao Senhor onde coloca seu tesouro.Muitas vezes, por isso mesmo, nos recintos diversos de suacasa, Jesus recebe, sem resposta, as súplicas de inúmeros crentesde mentalidade infantil, contraditórias ou contraproducentes.O egoísta fala de seu tesouro, exaltan<strong>do</strong> as posses precárias; oavarento refere-se a mesquinhas preocupações; o goza<strong>do</strong>r demonstraapetites insaciáveis; o fanático repete pedi<strong>do</strong>s loucos.Cada qual apresenta seu capricho feri<strong>do</strong> como sen<strong>do</strong> a <strong>do</strong>rmaior.Cristo ouve-lhes as solicitações e esp<strong>era</strong> a oportunidade dedar-lhes a conhecer o tesouro imperecível. Ouve em silêncio,porque a erva tenra pede tempo destina<strong>do</strong> ao processo evolutivo, eesp<strong>era</strong>, confiante, porquanto não prescinde da colaboração <strong>do</strong>sdiscípulos resolutos e sinceros para a extensão <strong>do</strong> divino apostola<strong>do</strong>.No momento adequa<strong>do</strong>, surgem esses, ao seu influxo sublime,e a paisagem <strong>do</strong>s templos se modifica. Não são apenas crentesque comparecem para a rogativa, são trabalha<strong>do</strong>res decidi<strong>do</strong>s quechegam para o trabalho. Cheios de coragem, dispostos a morrer


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 107para que outros alcancem a vida, exemplificam a renúncia e odesinteresse, revelam a Vontade <strong>do</strong> Pai em si próprios e, com isso,ampliam no mun<strong>do</strong> a compreensão <strong>do</strong> tesouro maior, sintetiza<strong>do</strong>na conquista da luz eterna e <strong>do</strong> amor universal, que já lhes enriqueceo espírito engrandeci<strong>do</strong>.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 10865Pedir“Jesus, porém, responden<strong>do</strong>, disse: Não sabeis o quepedis.” – (Mateus, 20:22.)A maioria <strong>do</strong>s crentes dirige-se às casas de oração, no propósitode pedir alguma coisa.Raros os que aí comparecem, na verdadeira atitude <strong>do</strong>s filhosde Deus, interessa<strong>do</strong>s nos sublimes desejos <strong>do</strong> Senhor, quanto àmelhoria de conhecimentos, à renovação de valores íntimos, aoaproveitamento espiritual das oportunidades recebidas de MaisAlto.A rigor, os homens deviam reconhecer nos templos o lugarsagra<strong>do</strong> <strong>do</strong> Altíssimo, onde deveriam aprender a fraternidade, oamor, a coop<strong>era</strong>ção no seu programa divino. Quase to<strong>do</strong>s, porém,preferem o ato de insistir, de teimar, de se imporem ao paternalcarinho de Deus, no senti<strong>do</strong> de lhe subornarem o Poder Infinito.Pedinchões invet<strong>era</strong><strong>do</strong>s, aban<strong>do</strong>nam, na maior parte das vezes, otraça<strong>do</strong> reto de suas vidas, em virtude da rebeldia suprema nasrelações com o Pai. Tanto reclamam, que lhes é concedida a experiênciadesejada.Sobrevêm desastres. Surgem as <strong>do</strong>res. Em seguida, aparece otédio, que é sempre filho da incompreensão <strong>do</strong>s nossos deveres.Provocamos certas dádivas no caminho, adiantamo-nos na solicitaçãoda h<strong>era</strong>nça que nos cabe, exigin<strong>do</strong> prematuras concessões<strong>do</strong> Pai, à maneira <strong>do</strong> filho pródigo, mas o desencanto constitui-seem veneno da imprevidência e da irresponsabilidade.O tédio representará sempre o fruto amargo da precipitaçãode quantos se atiram a patrimônios que lhes não competem.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 109Tenhamos, pois, cuida<strong>do</strong> em pedir, porque, acima de tu<strong>do</strong>,devemos solicitar a compreensão da vontade de Jesus a nossorespeito.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 11066Como pedes?“Até agora, nada pedistes em meu nome; pedi, e recebereis,para que o vosso gozo se cumpra.” – Jesus. (João,16:24.)Em muitos recantos, encontramos criaturas desencantadas daoração.Não prometeu Jesus a resposta <strong>do</strong> Céu aos que pedissem noseu nome? Muitos corações permanecem desalenta<strong>do</strong>s porque amorte lhes roubou um ente amigo, porque desastres imprevistoslhes surgiram na estrada comum.Entretanto, repitamos, o Mestre Divino ensinou que o homemdeveria solicitar em seu nome.Por isso mesmo, a alma crente, convicta da própria fragilidade,deveria interrogar a consciência sobre o conteú<strong>do</strong> de suasrogativas ao Supremo Senhor, no mecanismo das manifestaçõesespirituais.Estará suplican<strong>do</strong> em nome <strong>do</strong> Cristo ou das vaidades <strong>do</strong>mun<strong>do</strong>? Reclamar, em virtude <strong>do</strong>s caprichos que obscurecem oscaminhos <strong>do</strong> coração, é atirar ao Divino Sol a poeira das inquietaçõesterrenas; mas pedir, em nome de Jesus, é aceitar-lhe a vontadesábia e amorosa, é entregar-se-lhe de coração para que nos sejaconcedi<strong>do</strong> o necessário.Somente nesse ato de compreensão perfeita <strong>do</strong> seu amor sublimeencontraremos o gozo completo, a infinita alegria.Observa a substância de tuas preces. Como pedes? Em nome<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> ou em nome <strong>do</strong> Cristo? Os que se revelam desanima<strong>do</strong>scom a oração confessam a infantilidade de suas rogativas.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 11167Os vivos <strong>do</strong> Além“E eis que estavam falan<strong>do</strong> com ele <strong>do</strong>is varões, que<strong>era</strong>m Moisés e Elias.” – (Lucas, 9:30.)Várias escolas religiosas, defenden<strong>do</strong> talvez determina<strong>do</strong>s interesses<strong>do</strong> sacerdócio, asseguram que o Evangelho não apresentabases ao movimento de intercâmbio entre os homens e os espíritosdesencarna<strong>do</strong>s que os preced<strong>era</strong>m na jornada <strong>do</strong> Mais Além...Entretanto, nesta passagem de Lucas, vemos o Mestre <strong>do</strong>sMestres confabulan<strong>do</strong> com duas entidades egressas da esf<strong>era</strong>invisível de que o sepulcro é a porta de acesso.Aliás, em diversas circunstâncias encontramos o Cristo emcontacto com almas perturbadas ou perversas, alivian<strong>do</strong> os padecimentosde infortuna<strong>do</strong>s persegui<strong>do</strong>s. Todavia, a mentalidade<strong>do</strong>gmática encontrou aí a manifestação de Satanás, inimigo eternoe insaciável.Aqui, porém, trata-se de sublime acontecimento no labor.Não vemos qualquer demonstração diabólica e, sim, <strong>do</strong>is espíritosgloriosos em conversação íntima com o Salva<strong>do</strong>r. E não podemossituar o fenômeno em associação de gen<strong>era</strong>lidades, porquanto os“amigos <strong>do</strong> outro mun<strong>do</strong>”, que falaram com Jesus sobre o monte,foram devidamente identifica<strong>do</strong>s. Não se registrou o fato, declaran<strong>do</strong>-se,por exemplo, que se tratava da visita de um anjo, mas deMoisés e <strong>do</strong> companheiro, dan<strong>do</strong>-se a entender claramente que os“mortos” voltam de sua nova vida.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 11268Além-túmulo“E, se não há ressurreição de mortos, também o Cristonão ressuscitou.” – Paulo. (1ª Epístola aos Coríntios,15:13.)Teólogos eminentes, tentan<strong>do</strong> harmonizar interesses temporaise espirituais, obscurec<strong>era</strong>m o problema da morte, impon<strong>do</strong>sombrias perspectivas à simples solução que lhe é própria.Muitos deles situaram as almas em determinadas zonas depunição ou de expurgo, como se fossem absolutos senhores <strong>do</strong>selementos indispensáveis à análise definitiva. Declararam outrosque, no instante da grande transição, submerge-se o homem numsono indefinível até o dia derradeiro consagra<strong>do</strong> ao Juízo Final.Hoje, no entanto, reconhece a inteligência humana que a lógicaevolveu com todas as possibilidades de observação e raciocínio.Ressurreição é vida infinita. <strong>Vida</strong> é trabalho, júbilo e criaçãona eternidade.Como qualificar a pretensão daqueles que designam vizinhose conheci<strong>do</strong>s para o inferno ilimita<strong>do</strong> no tempo? como acreditarpermaneçam a<strong>do</strong>rmeci<strong>do</strong>s milhões de criaturas, aguardan<strong>do</strong> ominuto decisivo de julgamento, quan<strong>do</strong> o próprio Jesus se afirmaem atividade incessante?Os argumentos teológicos são respeitáveis; no entanto, nãodeveremos desprezar a simplicidade da lógica humana.Comentan<strong>do</strong> o assunto, portas a dentro <strong>do</strong> esforço cristão,somos compeli<strong>do</strong>s a reconhecer que os nega<strong>do</strong>res <strong>do</strong> processoevolutivo <strong>do</strong> homem espiritual, depois <strong>do</strong> sepulcro, definem-se


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 113contra o próprio Evangelho. O Mestre <strong>do</strong>s Mestres ressuscitou emtrabalho edificante. Quem, desse mo<strong>do</strong>, atravessará o portal damorte para cair em ociosidade incompreensível? Somos almas, emfunção de aperfeiçoamento, e, além <strong>do</strong> túmulo, encontramos acontinuação <strong>do</strong> esforço e da vida.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 11469Comunicações“Ama<strong>do</strong>s, não creiais a to<strong>do</strong> espírito, mas provai se osespíritos são de Deus.” – (1 João, 4:1.)Os novos discípulos <strong>do</strong> Evangelho, em seus agrupamentos deintercâmbio com o mun<strong>do</strong> espiritual, quase sempre manifestamansiedade em estabelecer claras e perfeitas comunicações com oAlém.Se muitas vezes aparecem fracassos, nesse particular, se asexperimentações são falhas de êxito, é que, na maioria <strong>do</strong>s casos,o indaga<strong>do</strong>r obedece muito mais ao egoísmo próprio que ao imp<strong>era</strong>tivoedificante.O propósito de exclusividade, nesse senti<strong>do</strong>, abre larga portaao engano. Através dela, malfeitores com instrumentos nocivospodem penetrar o templo, de vez que o aprendiz cerrou os olhosao horizonte das verdades eternas.Bela e humana a dilatação <strong>do</strong>s laços de amor que unem o homemencarna<strong>do</strong> aos familiares que o preced<strong>era</strong>m na jornada deAlém-Túmulo, mas é inaceitável que o estudante obrigue quemlhe serviu de pai ou de irmão a interferir nas situações particularesque lhe dizem respeito.Haverá sempre quem dispense luz nas assembléias de homenssinceros. O programa de semelhante assistência, contu<strong>do</strong>, nãopode ser substancialmente organiza<strong>do</strong> pelas criaturas, muita vezinscientes das necessidades próprias. Em virtude disso, recomen<strong>do</strong>uo apóstolo que o discípulo atente, não para quem fale, maspara a essência das palavras, a fim de certificar-se se o visitantevem de Deus.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 11570Poderes ocultos“E onde quer que ele entrava, fosse nas cidades, nasaldeias ou nos campos, depunham os enfermos naspraças e lhe rogavam que os deixasse tocar ao menosna orla de seu vesti<strong>do</strong>; e to<strong>do</strong>s os que nele tocavam, saravam.”– (Marcos, 6:56.)Não raro, surgem nas fileiras espiritualistas estudiosos afoitosa procurarem, de qualquer mo<strong>do</strong>, a aquisição de poderes ocultosque lhes confira posição de evidência. Comumente, em tais circunstâncias,enchem-se das afirmativas de grande alcance.O anseio de melhorar-se, o desejo de equilíbrio, a intenção demanter a paz, constituem belos propósitos; no entanto, é recomendávelque o aprendiz não se entregue a preocupações denotoriedade, deven<strong>do</strong> palmilhar o terreno dessas cogitações com acautela possível.Ainda aqui, o Mestre Divino oferece a melhor exemplificação.Ninguém reuniu sobre a Terra tão elevadas expressões de recursosdesconheci<strong>do</strong>s quanto Jesus. Aos <strong>do</strong>entes, bastava tocarlheas vestiduras para que se curassem de enfermidades <strong>do</strong>lorosas;suas mãos devolviam o movimento aos paralíticos, a visão aoscegos. Entretanto, no dia <strong>do</strong> Calvário, vemos o Mestre feri<strong>do</strong> eultraja<strong>do</strong>, sem recorrer aos poderes que lhe constituíam apanágiodivino, em benefício da própria situação. Haven<strong>do</strong> cumpri<strong>do</strong> a leisublime <strong>do</strong> amor, no serviço <strong>do</strong> Pai, entregou-se à sua vontade,em se tratan<strong>do</strong> <strong>do</strong>s interesses de si mesmo. A lição <strong>do</strong> Senhor ébastante significativa.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 116É compreensível que o discípulo estude e se enriqueça de e-nergias espirituais, recordan<strong>do</strong>-se, porém, de que, antes <strong>do</strong> nosso,permanece o bem <strong>do</strong>s outros e que esse bem, distribuí<strong>do</strong> no caminhoda vida, é a voz que falará por nós a Deus e aos homens, hojeou amanhã.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 11771Para testemunhar“E vos acontecerá isto para testemunho.” – Jesus. (Lucas,21:13.)Naturalmente que o Mestre não folgará de ver seus discípulosmergulha<strong>do</strong>s no sofrimento. Consid<strong>era</strong>n<strong>do</strong>, porém, as necessidadesextensas <strong>do</strong>s homens da Terra, compreende o caráter indispensáveldas provações e <strong>do</strong>s obstáculos.A pedagogia moderna está repleta de esforços seletivos, deconcursos de capacidade, de testes da inteligência.O Evangelho oferece situações semelhantes.O amigo <strong>do</strong> Cristo não deve ser uma criatura sombria, à esp<strong>era</strong>de padecimentos; entretanto, conhecen<strong>do</strong> a sua posição detrabalho, num plano como a Terra, deve contar com dificuldadesde toda sorte.Para os gozos falsifica<strong>do</strong>s <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, o Planeta está cheio decondutores engana<strong>do</strong>s.Como invocar o Salva<strong>do</strong>r para a continuidade de fantasias?Quan<strong>do</strong> chama<strong>do</strong>s para o Cristo, é para que aprendamos a executaro trabalho em favor da esf<strong>era</strong> maior, sem olvidarmos que oserviço começa em nós mesmos.Existem muitos homens de valor cultural que se constituíramem mentores <strong>do</strong>s que desejam mentirosos regalos no plano físico.No Evangelho, porém, não acontece assim. Quan<strong>do</strong> o Mestreconvida alguém ao seu trabalho, não é para que chore em desalentoou repouse em satisfação ociosa.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 118Se o Senhor te chamou, não te esqueças de que já te consid<strong>era</strong>digno de testemunhar.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 11972Transitoriedade“Eles perecerão, mas tu permanecerás; e to<strong>do</strong>s eles,como roupa, envelhecerão.” – Paulo. (Hebreus, 1:11.)Fala-nos o Eclesiastes das vaidades e da aflição <strong>do</strong>s homens,no torvelinho das ambições desvairadas da Terra.Desde os primeiros tempos da família humana, existem criaturasconfundidas nos falsos valores <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Entretanto, bastariameditar alguns minutos na transitoriedade de tu<strong>do</strong> o que palpitano campo das formas para compreender-se a sob<strong>era</strong>nia <strong>do</strong>espírito.Consultai a pompa <strong>do</strong>s museus e a ruína das civilizações mortas.Com que fim se levantaram tantos monumentos e arcos detriunfo? Tu<strong>do</strong> funcionou como roupagem <strong>do</strong> pensamento. A idéiaevoluiu, enriqueceu-se o espírito e os envoltórios antigos permanecema distância.As mãos calejadas na edificação das colunas brilhantes a-prend<strong>era</strong>m com o trabalho os luminosos segre<strong>do</strong>s da vida. Todavia,quantas amarguras experimentaram os loucos que disputaram,até à morte para possuí-las?Valei-vos de todas as ocasiões de serviço, como sagradas o-portunidades na marcha divina para Deus.Valiosa é a escassez, porque traz a disciplina. Preciosa é aabundância, porque multiplica as formas <strong>do</strong> bem. Uma e outra,contu<strong>do</strong>, perecerão algum dia. Na esf<strong>era</strong> carnal, a glória e a misériaconstituem molduras de temporária apresentação. Ambaspassam. Somente Jesus e a Lei Divina persev<strong>era</strong>m para nós outros,como portas de vida e redenção.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 12073Oportunidade“Disse-lhes, pois, Jesus: Ainda não é chega<strong>do</strong> o meutempo, mas o vosso tempo está pronto.” – (João, 7:6.)O mau trabalha<strong>do</strong>r está sempre queixoso. Quan<strong>do</strong> não atribuisua falta aos instrumentos em mão, lamenta a chuva, não tol<strong>era</strong> ocalor, amaldiçoa a geada e o vento.Esse é um cego de aproveitamento difícil, porquanto somenteenxerga o la<strong>do</strong> arestoso das situações.O bom trabalha<strong>do</strong>r, no entanto, compreende, antes de tu<strong>do</strong>, osenti<strong>do</strong> profun<strong>do</strong> da oportunidade que recebeu. Valoriza to<strong>do</strong>s oselementos coloca<strong>do</strong>s em seus caminhos, como respeita as possibilidadesalheias. Não depende das estações. Planta com o mesmoentusiasmo as frutas <strong>do</strong> frio e <strong>do</strong> calor. É amigo da Natureza,aproveita-lhe as lições, tem bom ânimo, encontra na aspereza dasemeadura e no júbilo da colheita igual contentamento.Nesse senti<strong>do</strong>, a lição <strong>do</strong> Mestre reveste-se de maravilhosasignificação. No torvelinho das incompreensões <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, nãodevemos aguardar o reino <strong>do</strong> Cristo como realização imediata,mas a oportunidade <strong>do</strong>s homens é permanente para a colaboraçãoperfeita no Evangelho, a fim de edificá-lo.Os cegos de espírito continuarão queixosos; no entanto, osque acordaram para Jesus sabem que sua época de trabalho redentorestá pronta, não passou, nem está por vir. É o dia de hoje, é oensejo bendito de servir, em nome <strong>do</strong> Senhor, aqui e agora...


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 12174Mãos limpas“E Deus pelas mãos de Paulo fazia maravilhas extraordinárias.”– (Atos, 19:11.)O Evangelho não nos diz que Paulo de Tarso fazia maravilhas,mas que Deus op<strong>era</strong>va maravilhas extraordinárias por intermédiodas mãos dele.O Pai fará sempre o mesmo, utilizan<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s os filhos que lheapresentarem mãos limpas.Muitos espíritos, mais convencionalistas que propriamente religiosos,encontraram nessa notícia <strong>do</strong>s Atos uma informaçãosobre determina<strong>do</strong>s privilégios que teriam si<strong>do</strong> concedi<strong>do</strong>s aoApóstolo.Antes de tu<strong>do</strong>, porém, é preciso saber que semelhante concessãonão é exclusiva. A maioria <strong>do</strong>s crentes prefere fixar o Paulosantifica<strong>do</strong> sem apreciar o trabalha<strong>do</strong>r militante.Quanto custou ao Apóstolo a limpeza das mãos? Raros indagamrelativamente a isso.Recordemos que o amigo da gentilidade fora rabino famosoem Jerusalém, movimentara-se entre eleva<strong>do</strong>s encargos públicos,detiv<strong>era</strong> <strong>do</strong>mina<strong>do</strong>ras situações; no entanto, para que o To<strong>do</strong>-Poderoso lhe utilizasse as mãos, sofreu todas as humilhações edispôs-se a to<strong>do</strong>s os sacrifícios pelo bem <strong>do</strong>s semelhantes. Ensinouo Evangelho sob zombarias e açoites, aflições e pedradas.Apesar de escrever luminosas epístolas, jamais aban<strong>do</strong>nou o tearhumilde até à velhice <strong>do</strong> corpo.Consid<strong>era</strong> as particularidades <strong>do</strong> assunto e observa que Deusé sempre o mesmo Pai, que a misericórdia divina não se modifi-


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 122cou, mas pede mãos limpas para os serviços edificantes, junto àHumanidade. Tal exigência é lógica e necessária, pois o trabalho<strong>do</strong> Altíssimo deve resplandecer sobre os caminhos humanos.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 12375Na casa de César“To<strong>do</strong>s os santos vos saúdam, mas principalmente osque são da casa de César.” – Paulo. (Filipenses, 4:22.)Muito comum ouvirmos observações descabidas de determina<strong>do</strong>sirmãos na crença, relativamente aos companheiros chama<strong>do</strong>sa tarefas mais difíceis, entre as possibilidades <strong>do</strong> dinheiro ou<strong>do</strong> poder.A piedade falsa está sempre disposta a criticar o amigo que,aceitan<strong>do</strong> laborioso encargo público, vai encontrar nele muitomais aborrecimentos que notas de harmonia. A análise desvirtuadatu<strong>do</strong> repara maliciosamente. Se o irmão é compeli<strong>do</strong> a participarde grandes representações sociais, costuma-se estigmatizá-locomo trai<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Cristo.É necessário despender muita vigilância nesses julgamentos.Nos tempos apostólicos, os cristãos de vida pura <strong>era</strong>m chama<strong>do</strong>s“santos”. Paulo de Tarso, humilha<strong>do</strong> e persegui<strong>do</strong> emRoma, teve ocasião de conhecer numerosas almas nessas condições,e o que é mais de admirar – conviveu com diversos discípulosde semelhante posição, relaciona<strong>do</strong>s com a habitação palacianade César. Deles recebeu atenções e favores, assistência e carinho.Escreven<strong>do</strong> aos filipenses, faz menção especial desses amigos<strong>do</strong> Cristo.Não julgues, pois, a teu irmão pela sua fortuna aparente oupelos seus privilégios políticos. Antes de tu<strong>do</strong>, lembra-te de quehavia santos na casa de Nero e nunca olvides tão grandiosa lição.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 12476Edificações“Vós sois a luz <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>; não se pode esconder umacidade edificada sobre um monte.” – Jesus. (Mateus,5:14.)O Evangelho está repleto de amorosos convites para que oshomens se edifiquem no exemplo <strong>do</strong> Senhor.Nem sempre os segui<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Cristo compreendem essegrande imp<strong>era</strong>tivo da iluminação própria, em favor da harmoniana obra a realizar. Esmaga<strong>do</strong>ra percentagem de aprendizes, antesde tu<strong>do</strong>, permanece atenta à edificação <strong>do</strong>s outros, menosprezan<strong>do</strong>o ensejo de alcançar os bens supremos para si.Naturalmente, é muito difícil encontrar a oportunidade entregratificações da existência humana, porquanto o recurso benditode iluminação se esconde, muitas vezes, nos obstáculos, perplexidadese sombras <strong>do</strong> caminho.O Mestre foi muito claro em sua exposição. Para que os discípulossejam a luz <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, simbolizarão cidades edificadassobre a montanha, onde nunca se ocultem. A fim de que o operáriode Jesus funcione como expressão de claridade na vida, éindispensável que se eleve ao monte da exemplificação, apesardas dificuldades da subida angustiosa, apresentan<strong>do</strong>-se a to<strong>do</strong>s nacategoria de construção cristã. Tal cometimento é imperecível.O vaivém das paixões não derruba a edificação dessa natureza,as pedradas deixam-na intacta e, se alguém a dilac<strong>era</strong>, seusfragmentos constituem a continuidade da luz, em sublime rastilho,por toda parte, porque foi assim que os primeiros mártires <strong>do</strong>Cristianismo semearam a fé.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 12577Convém refletir“Mas to<strong>do</strong> homem seja pronto para ouvir, tardio parafalar, tardio para se irar.” – (Tiago, 1:19.)Analisar, refletir, pond<strong>era</strong>r são modalidades <strong>do</strong> ato de ouvir.É indispensável que a criatura esteja sempre disposta a identificaro senti<strong>do</strong> das vozes, sugestões e situações que a rodeiam.Sem observação é impossível executar a mais simples tarefano ministério <strong>do</strong> bem. Somente após ouvir, com atenção, pode ohomem falar de mo<strong>do</strong> edificante na estrada evolutiva.Quem ouve, aprende. Quem fala, <strong>do</strong>utrina. Um guarda, outroespalha.Só aquele que guarda, na boa experiência, espalha com êxito.O conselho <strong>do</strong> apóstolo é, portanto, de imorre<strong>do</strong>ura oportunidade.E forçoso é convir que, se o homem deve ser pronto nas observaçõese comedi<strong>do</strong> nas palavras, deve ser tardio em irar-se.Certo, o caminho humano oferece, diariamente, varia<strong>do</strong>s motivosà ação enérgica; entretanto, sempre que possível, é útil adiara expressão colérica para o dia seguinte, porquanto, por vezes,surge a ocasião de exame mais sensato e a razão da ira desaparece.Tenhamos em mente que to<strong>do</strong> homem nasce para exercer umafunção definida. Ouvin<strong>do</strong> sempre, pode estar certo de que atingiráserenamente os fins a que se destina, mas, falan<strong>do</strong>, é possível queaban<strong>do</strong>ne o esforço ao meio e, iran<strong>do</strong>-se, provavelmente nãorealizará coisa alguma.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 12678<strong>Verdade</strong>s e fantasias“Mas, porque vos digo a verdade, não me credes.” –Jesus. (João, 8:45.)O mun<strong>do</strong> sempre distingue rui<strong>do</strong>samente os expositores defantasias.É comum observar-se, quase em toda parte, a vitória <strong>do</strong>s homenspalavrosos, que prometem milagres e maravilhas. Essesmerecem das criaturas grande crédito. Basta encobrirem a enfermidade,a fraqueza, a ignorância ou o defeito <strong>do</strong>s homens, parareceberem acatamento. Não acontece o mesmo aos cultiva<strong>do</strong>resda verdade, por mais simples que esta seja. Através de to<strong>do</strong>s ostempos, para esses últimos, a sociedade reservou a fogueira, oveneno, a cruz, a punição implacável.Tentan<strong>do</strong> fugir à angustiosa situação espiritual que lhe é própria,inventou o homem a “buena-dicha”, impon<strong>do</strong>, contu<strong>do</strong>, aosadivinha<strong>do</strong>res o disfarce <strong>do</strong>ura<strong>do</strong> das realidades negras e duras. Ocharlatão mais hábil na fabricação de mentiras brilhantes será osenhor da clientela mais numerosa e luzida.No intercâmbio com a esf<strong>era</strong> invisível, urge que os novos discípulosse precatem contra os perigos desse jaez.A técnica <strong>do</strong> elogio, a disposição de parecer melhor, o pruri<strong>do</strong>de caminhar à frente <strong>do</strong>s outros, a presunção de converterconsciências alheias, são grandes fantasias. É necessário não crernisso. Mais razoável é compreender que o serviço de iluminação édifícil, a principiar <strong>do</strong> esforço de regen<strong>era</strong>ção de nós mesmos.Nem sempre os amigos da verdade são aceitos. G<strong>era</strong>lmente sãoconsid<strong>era</strong><strong>do</strong>s fanáticos ou mistifica<strong>do</strong>res, mas... apesar de tu<strong>do</strong>,


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 127para a nossa felicidade, faz-se preciso atender à verdade enquantoé tempo.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 12879A cada um“Levanta-te direito sobre os teus pés.” – Paulo. (Atos,14:10.)De mo<strong>do</strong> g<strong>era</strong>l, quan<strong>do</strong> encarna<strong>do</strong>s no mun<strong>do</strong> físico, apenasenxergamos os aleija<strong>do</strong>s <strong>do</strong> corpo, os que perd<strong>era</strong>m o equilíbriocorporal, os que se arrastam penosamente no solo, suportan<strong>do</strong>escabrosos defeitos. Não possuímos suficiente visão para identificaros <strong>do</strong>entes <strong>do</strong> espírito, os coxos <strong>do</strong> pensamento, os aniquila<strong>do</strong>sde coração.Onde existissem somente cegos, acabaria a criatura perden<strong>do</strong>o interesse e a lembrança <strong>do</strong> aparelho visual; pela mesma razão,na Crosta da Terra, onde esmaga<strong>do</strong>ra maioria de pessoas se constituemde almas paralíticas, no que se refere à virtude, raros homensconhecem a desarmonia de saúde espiritual que lhes dizrespeito, conscientes de suas necessidades incontestes.Infere-se, pois, que a missão <strong>do</strong> Evangelho é muito mais belae mais extensa que possamos imaginar. Jesus continua derraman<strong>do</strong>bênçãos to<strong>do</strong>s os dias. E os prodígios ocultos, op<strong>era</strong><strong>do</strong>s nosilêncio de seu amor infinito, são maiores que os verifica<strong>do</strong>s emJerusalém e na Galiléia, porquanto os cegos e leprosos cura<strong>do</strong>s,segun<strong>do</strong> as narrativas apostólicas, voltaram mais tarde a enfermare morrer. A cura de nossos espíritos <strong>do</strong>entes e paralíticos é maisimportante, porquanto se efetua com vistas à eternidade.É indispensável que não nos percamos em conclusões ilusórias.Agucemos os ouvi<strong>do</strong>s, guardan<strong>do</strong> a palavra <strong>do</strong> apóstolo aosgentios. Imprescindível é que nos levantemos, individualmente,sobre os próprios pés, pois há muita gente esp<strong>era</strong>n<strong>do</strong> as asas deanjo que lhe não pertencem.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 12980Opiniões“Ai de vós, quan<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s os homens de vós disserembem, porque assim faziam seus pais aos falsos profetas.”– Jesus. (Lucas, 6:26.)Indubitavelmente, muitas pessoas existem de parecer estimável,às quais podemos recorrer nos momentos oportunos, mas queninguém despreze a opinião da própria consciência, porquanto avoz de Deus, comumente, nos esclarecerá nesse santuário divino.Rematada loucura é o propósito de contar com a aprovaçãog<strong>era</strong>l ao nosso esforço.Quan<strong>do</strong> Jesus pronunciou a sublime exortação desta passagemde Lucas, agiu com absoluto conhecimento das criaturas.Sabia o Mestre que, num plano de contrastes chocantes como aTerra, não será possível agradar a to<strong>do</strong>s simultaneamente.O homem da verdade será compreendi<strong>do</strong> apenas, em tempoadequa<strong>do</strong>, pelos espíritos que se fizerem verdadeiros. O prudentenão receberá aplauso <strong>do</strong>s imprudentes.O Mestre, em sua época, não reuniu as simpatias comuns. Sefoi ama<strong>do</strong> por criaturas sinc<strong>era</strong>s e simples, sofreu impie<strong>do</strong>soataque <strong>do</strong>s convencionalistas. Para Maria de Magdala <strong>era</strong> Ele oSalva<strong>do</strong>r; para Caifás, todavia, <strong>era</strong> o revolucionário perigoso.O tempo foi a única força de esclarecimento g<strong>era</strong>l.Se te encontras em serviço edificante, se tua consciência teaprova, que te importam as opiniões levianas ou insinc<strong>era</strong>s?Cumpre o teu dever e caminha.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 130Examina o material <strong>do</strong>s ignorantes e calunia<strong>do</strong>res como proveitosaadvertência e recorda-te de que não é possível conciliar odever com a leviandade, nem a verdade com a mentira.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 13181Ordenações humanas“Sujeitai-vos, pois, a toda ordenação humana, por a-mor <strong>do</strong> Senhor.” – (1ª Epístola a Pedro, 2:13.)Certos temp<strong>era</strong>mentos impulsivos, aproximan<strong>do</strong>-se das lições<strong>do</strong> Cristo, presumem no Evangelho um trata<strong>do</strong> de princípiosdestrui<strong>do</strong>res da ordem existente no mun<strong>do</strong>. Há quem figure noMestre um anarquista vigoroso, inflama<strong>do</strong> de cól<strong>era</strong>s sublimes.Jesus, porém, nunca será patrono da desordem. A novidadeque transborda <strong>do</strong> Evangelho não aconselha ao espírito maishumilha<strong>do</strong> da Terra a a<strong>do</strong>ção de armas contra irmãos, mas, sim,que se humilhe ainda mais, toman<strong>do</strong> a cruz, a exemplo <strong>do</strong> Salva<strong>do</strong>r.Claro está que a Boa Nova não ensina a genuflexão ante a tiraniainsolente; entretanto, pede respeito às ordenações humanas,por amor ao Mestre Divino.Se o detentor da autoridade exige mais <strong>do</strong> que lhe compete,transforma-se num déspota que o Senhor corrigirá, através dascircunstâncias que lhe expressam os desígnios, no momento oportuno.Essa certeza é mais um fator de tranqüilidade para o servocristão que, em hipótese alguma, deve quebrar o ritmo da harmonia.Não te faças, pois, indiferente às ordenações da máquina detrabalho em que te encontras. É possível que, muita vez, não tecorrespondam aos desejos, mas lembra-te de que Jesus é o SupremoOrdena<strong>do</strong>r na Terra e não te situaria o esforço pessoal ondeo teu concurso fosse desnecessário.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 132Tens algo de sagra<strong>do</strong> a fazer onde respiras no dia de hoje.Com expressões de revolta, tua atividade será negativa. Recordatede semelhante verdade e submete-te às ordenações humanas poramor ao Senhor Divino.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 13382Madeiros secos“Porque, se ao madeiro verde fazem isto, que se fará aoseco?” – Jesus. (Lucas, 23:31.)Jesus é a videira eterna, cheia de seiva divina, espalhan<strong>do</strong>ramos fartos, perfumes consola<strong>do</strong>res e frutos substanciosos entreos homens, e o mun<strong>do</strong> não lhe ofereceu senão a cruz da flagelaçãoe da morte infamante.Desde milênios remotos é o Salva<strong>do</strong>r, o puro por excelência.Que não devemos esp<strong>era</strong>r, por nossa vez, criaturas endividadasque somos, representan<strong>do</strong> galhos ainda secos na árvore davida?Em cada experiência, necessitamos de processos novos noserviço de reparação e corrigenda.Somos madeiros sem vida própria, que as paixões humanasinutilizaram, em sua fúria destrui<strong>do</strong>ra.Os homens <strong>do</strong> campo metem a vara punitiva nos pessegueiros,quan<strong>do</strong> suas frondes raquíticas não produzem. O efeito ébenéfico e compensa<strong>do</strong>r.O martírio <strong>do</strong> Cristo ultrapassou os limites de nossa imaginação.Como tronco sublime da vida, sofreu por desejar transmitirnossua seiva fecundante.Como lenhos ressequi<strong>do</strong>s, ao calor <strong>do</strong> mal, sofremos por necessidade,em favor de nós mesmos.O mun<strong>do</strong> organizou a tragédia da cruz para o Mestre, por espíritode maldade e ingratidão; mas, nós outros, se temos cruzesna senda redentora, não é porque Deus seja rigoroso na execução


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 134de suas leis, mas por ser Amoroso Pai de nossas almas, cheio desabe<strong>do</strong>ria e compaixão nos processos educativos.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 13583Aflições“Mas alegrai-vos no fato de serdes participantes das a-flições <strong>do</strong> Cristo.” – (1ª Epístola a Pedro, 4:13.)É inegável que em vosso aprendiza<strong>do</strong> terrestre atravessareisdias de inverno ríspi<strong>do</strong>, em que será indispensável recorrer àsprovisões armazenadas no íntimo, nas colheitas <strong>do</strong>s dias de equilíbrioe abundância.Contemplareis o mun<strong>do</strong>, na desilusão de amigos muito ama<strong>do</strong>s,como templo em ruínas, sob os embates de tormenta cruel.As esp<strong>era</strong>nças fenec<strong>era</strong>m distantes, os sonhos permanecempisa<strong>do</strong>s pelos ingratos. Os afeiçoa<strong>do</strong>s desaparec<strong>era</strong>m, uns pelaindiferença, outros porque preferiram a integração no quadro <strong>do</strong>sinteresses fugitivos <strong>do</strong> plano material.Quan<strong>do</strong> surgir um dia assim em vossos horizontes, compelin<strong>do</strong>-vosà inquietação e à amargura, certo não vos será proibi<strong>do</strong>chorar. Entretanto, é necessário não esquecerdes a divina companhia<strong>do</strong> Senhor Jesus.Supondes, acaso, que o Mestre <strong>do</strong>s Mestres habita uma esf<strong>era</strong>inacessível ao pensamento <strong>do</strong>s homens? julgais, porventura, nãoreceba o Salva<strong>do</strong>r ingratidões e apo<strong>do</strong>s, por parte das criaturashumanas, diariamente? Antes de conhecermos o alheio mal quenos aflige, Ele conhecia o nosso e sofria pelos nossos erros.Não olvidemos, portanto, que, nas aflições, é imprescindíveltomar-lhe a sublime companhia e prosseguir avante com a suaserenidade e seu bom ânimo.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 13684Levantemo-nos“Levantai-vos, vamo-nos daqui.” – Jesus. (João, 14:31.)Antes de retirar-se para as orações supremas no Horto, falouJesus aos discípulos longamente, esclarecen<strong>do</strong> o senti<strong>do</strong> profun<strong>do</strong>de sua exemplificação.Relacionan<strong>do</strong> seus pensamentos sublimes, fez o formosoconvite inserto no Evangelho de João:– “Levantai-vos, vamo-nos daqui.”O apelo é altamente significativo.Ao toque de erguer-se, o homem <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> costuma procuraro movimento das vitórias fáceis, atiran<strong>do</strong>-se à luta sequioso desupremacia ou trocan<strong>do</strong> de <strong>do</strong>micilio, na expectativa de melhoriaefêm<strong>era</strong>.Com Jesus, entretanto, ocorreu o contrário.Levantou-se para ser dilac<strong>era</strong><strong>do</strong>, logo após, pelo gesto de Judas.Distanciou-se <strong>do</strong> local em que se achava a fim de alcançar,pouco depois, a flagelação e a morte.Naturalmente partiu para o glorioso destino de reencontrocom o Pai, mas precisamos destacar as escalas da viagem...Ergueu-se e saiu, em busca da glória suprema. As estações demarcha são eminentemente educativas: – Getsêmani, o Cárcere, oPretório, a Via Dolorosa, o Calvário, a Cruz constituem pontos deobservação muito interessantes, mormente na atualidade, queapresenta inúmeros cristãos aguardan<strong>do</strong> a possibilidade da viagemsobre as almofadas de luxo <strong>do</strong> menor esforço.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 13785Testemunho“Respondeu-lhe Jesus: – Dizes isso de ti mesmo ou foramoutros que to diss<strong>era</strong>m de mim?” – (João, 18:34.)A pergunta <strong>do</strong> Cristo a Pilatos tem significação mais extensiva.Compreendemo-la, aplicada às nossas experiências religiosas.Quan<strong>do</strong> encaramos no Mestre a personalidade <strong>do</strong> Salva<strong>do</strong>r,por que o afirmamos? estaremos agin<strong>do</strong> como discos fonográficos,na repetição pura e simples de palavras ouvidas?É necessário conhecer o motivo pelo qual atribuímos títulosamoráveis e respeitosos ao Senhor. Não basta redizer encanta<strong>do</strong>raslições <strong>do</strong>s outros, mas viver substancialmente a experiênciaíntima na fidelidade ao programa divino.Quan<strong>do</strong> alguém se refere nominalmente a um homem, essehomem pode indagar quanto às origens da referência.Jesus não é símbolo legendário; é um Mestre Vivo.As preocupações superficiais <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> chegam, educam oespírito e passam, mas a experiência religiosa permanece.Nesse capítulo, portanto, é ilógico recorrermos, sistematicamente,aos patrimônios alheios.É útil a to<strong>do</strong> aprendiz testificar de si mesmo, iluminar o coraçãocom os ensinos <strong>do</strong> Cristo, observar-lhe a influência excelsanos dias tranqüilos e nos tormentosos.Reconheçamos, pois, atitude louvável no esforço <strong>do</strong> homemque se inspira na exemplificação <strong>do</strong>s discípulos fiéis; contu<strong>do</strong>,não nos esqueçamos de que é contraproducente repousarmos em


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 138edificações que não nos pertencem, olvidan<strong>do</strong> o serviço que nos épróprio.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 13986Jesus e os amigos“Ninguém tem maior amor <strong>do</strong> que este: de dar alguéma vida pelos seus amigos.” – Jesus. (João, 15:13.)Na localização histórica <strong>do</strong> Cristo, impressiona-nos a realidadede sua imensa afeição pela Humanidade.Pelos homens, fez tu<strong>do</strong> o que <strong>era</strong> possível em renúncia e dedicação.Seus atos foram celebra<strong>do</strong>s em assembléias de confraternizaçãoe de amor. A primeira manifestação de seu apostola<strong>do</strong> verificou-sena festa jubilosa de um lar. Fez companhia aos publicanos,sentiu sede da perfeita compreensão de seus discípulos. Era amigofiel <strong>do</strong>s necessita<strong>do</strong>s que se socorriam de suas virtudes imortais.Através das lições evangélicas, nota-se-lhe o esforço para serentendi<strong>do</strong> em sua infinita capacidade de amar. A última ceiarepresenta uma paisagem completa de afetividade integral. Lavaos pés aos discípulos, ora pela felicidade de cada um...Entretanto, ao primeiro embate com as forças destrui<strong>do</strong>ras,experimenta o Mestre o supremo aban<strong>do</strong>no. Em vão, seus olhosprocuram a multidão <strong>do</strong>s afeiçoa<strong>do</strong>s, beneficia<strong>do</strong>s e segui<strong>do</strong>res.Os leprosos e cegos, cura<strong>do</strong>s por suas mãos, haviam desapareci<strong>do</strong>.Judas entregou-o com um beijo.Simão, que lhe gozara a convivência <strong>do</strong>méstica, negou-o trêsvezes.João e Tiago <strong>do</strong>rmiram no Horto.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 140Os demais preferiram estacionar em acor<strong>do</strong>s apressa<strong>do</strong>s comas acusações injustas. Mesmo depois da Ressurreição, Toméexigiu-lhe sinais.Quan<strong>do</strong> estiveres na “porta estreita”, dilatan<strong>do</strong> as conquistasda vida eterna, irás também só. Não aguardes teus amigos. Não tecompreenderiam; no entanto, não deixes de amá-los. São crianças.E toda criança teme e exige muito.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 14187Por que <strong>do</strong>rmis?“E disse-lhes: Por que estais <strong>do</strong>rmin<strong>do</strong>? Levantai-vos eorai, para que não entreis em tentação.” – (Lucas,22:46.)Nos ensinos fundamentais de Jesus, é imperioso evitar as situaçõesacomodatícias, em detrimento das atividades <strong>do</strong> bem.O Evangelho de Lucas, nesta passagem, conta que os discípulos“<strong>do</strong>rmiam de tristeza”, enquanto o Mestre orava fervorosamenteno Horto. Vê-se, pois, que o Senhor não justificou nemmesmo a inatividade oriunda <strong>do</strong> choque ante as grandes <strong>do</strong>res.O aprendiz figurará o mun<strong>do</strong> como sen<strong>do</strong> o campo de trabalho<strong>do</strong> Reino, onde se esforçará, operoso e vigilante, compreenden<strong>do</strong>que o Cristo prossegue em serviço redentor para o resgatetotal das criaturas.Recordan<strong>do</strong> a prece em Getsêmani, somos obriga<strong>do</strong>s a lembrarque inúm<strong>era</strong>s comunidades de alicerces cristãos permanecem<strong>do</strong>rmin<strong>do</strong> nas convivências pessoais, nos mesquinhos interesses,nas vaidades efêm<strong>era</strong>s. Falam <strong>do</strong> Cristo, referem-se à sua imperecívelexemplificação, como se fossem sonâmbulos, inconscientes<strong>do</strong> que dizem e <strong>do</strong> que fazem, para despertarem tão-só no instanteda morte corporal, em soluços tardios.Ouçamos a interrogação <strong>do</strong> Salva<strong>do</strong>r e busquemos a edificaçãoe o trabalho, onde não existem lugares vagos para o que sejainútil e ruinoso à consciência.Quanto a ti, que ainda te encontras na carne, não durmas emespírito, desatenden<strong>do</strong> aos interesses <strong>do</strong> Redentor. Levanta-te e


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 142esforça-te, porque é no sono da alma que se encontram as maisperigosas tentações, através de pesadelos ou fantasias.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 14388Velar com Jesus“E voltan<strong>do</strong> para os seus discípulos, achou-os a<strong>do</strong>rmeci<strong>do</strong>se disse a Pedro: Então, nem uma hora pudestevelar comigo?” – (Mateus, 26:40.)Jesus veio à Terra acordar os homens para a vida maior.É interessante lembrar, todavia, que, em sentin<strong>do</strong> a necessidadede alguém para acompanhá-lo no supremo testemunho, nãoconvi<strong>do</strong>u segui<strong>do</strong>res tími<strong>do</strong>s ou beneficia<strong>do</strong>s da vésp<strong>era</strong> e, sim, osdiscípulos conscientes das próprias obrigações. Entretanto, essesmesmos <strong>do</strong>rmiram, intensifican<strong>do</strong> a solidão <strong>do</strong> Divino Envia<strong>do</strong>.É indispensável rememoremos o texto evangélico para consid<strong>era</strong>rque o Mestre continua em esforço incessante e prossegueconvocan<strong>do</strong> coop<strong>era</strong><strong>do</strong>res devota<strong>do</strong>s à colaboração necessária.Claro que não confia tarefas de importância fundamental a Espíritosinexperientes ou ignorantes; mas, é imperioso reconhecer oreduzi<strong>do</strong> número daqueles que não a<strong>do</strong>rmecem no mun<strong>do</strong>, enquantoJesus aguarda resulta<strong>do</strong>s da incumbência que lhes foicometida.Olvidan<strong>do</strong> o mandato de que são porta<strong>do</strong>res, inquietam-se pelaexecução <strong>do</strong>s próprios desejos, a observarem em grande contaos dias rápi<strong>do</strong>s que o corpo físico lhes oferece. Esquecem-se deque a vida é a eternidade e que a existência terrestre não passasimbolicamente de “uma hora”. Em vista disso, ao despertarem narealidade espiritual, os obreiros distraí<strong>do</strong>s choram sob o látego daconsciência e anseiam pelo reencontro da paz <strong>do</strong> Salva<strong>do</strong>r, masecoam-lhes ao ouvi<strong>do</strong> as palavras endereçadas a Pedro: Então,nem por uma hora pudeste velar comigo?


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 144E, em verdade, se ainda não podemos permanecer com oCristo, ao menos uma hora, como pretendermos a divina uniãopara a eternidade?


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 14589O fracasso de Pedro“E Pedro o seguiu, de longe, até ao pátio <strong>do</strong> sumosacer<strong>do</strong>tee, entran<strong>do</strong>, assentou-se entre os cria<strong>do</strong>s paraver o fim.” – (Mateus, 26:58.)O fracasso, como qualquer êxito, tem suas causas positivas.A negação de Pedro sempre constitui assunto de palpitante interessenas comunidades <strong>do</strong> Cristianismo.Enquadrar-se-ia a queda moral <strong>do</strong> generoso amigo <strong>do</strong> Mestrenum plano de fatalidade? Por que se negaria Simão a coop<strong>era</strong>rcom o Senhor em minutos tão difíceis?Útil, nesse particular, é o exame de sua invigilância.O fracasso <strong>do</strong> amoroso pesca<strong>do</strong>r reside aí dentro, na desatençãopara com as advertências recebidas.Grande número de discípulos modernos participam das mesmasnegações, em razão de continuarem desatenden<strong>do</strong>.Informa o Evangelho que, naquela hora de trabalhos supremos,Simão Pedro seguia o Mestre “de longe”, ficou no “pátio <strong>do</strong>sumo-sacer<strong>do</strong>te”, e “assentou-se entre os cria<strong>do</strong>s” deste, para “vero fim”.Leitura cuida<strong>do</strong>sa <strong>do</strong> texto esclarece-nos o entendimento e reconhecemosque, ainda hoje, muitos amigos <strong>do</strong> Evangelho prosseguemcain<strong>do</strong> em suas aspirações e esp<strong>era</strong>nças, por acompanharemo Cristo a distância, receosos de perderem gratificações imediatistas;quan<strong>do</strong> chama<strong>do</strong>s a testemunho importante, demoram-senas vizinhanças da arena de lutas redentoras, entre os servos dasconvenções utilitaristas, assestan<strong>do</strong> binóculos de exame, a fim deobservarem como será o fim <strong>do</strong>s serviços alheios.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 146To<strong>do</strong>s os aprendizes, nessas condições, naturalmente fracassarãoe chorarão amargamente.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 14790Ensejo ao bem“Jesus, porém, lhe disse: Amigo, a que vieste? – Então,aproximan<strong>do</strong>-se, lançaram mão de Jesus e o prend<strong>era</strong>m.”– (Mateus, 26:50.)É significativo observar o otimismo <strong>do</strong> Mestre, prodigalizan<strong>do</strong>oportunidades ao bem, até ao fim de sua gloriosa missão deverdade e amor, junto <strong>do</strong>s homens.Cientificara-se o Cristo, com respeito ao desvio de Judas,comentara amorosamente o assunto, na derradeira reunião maisíntima com os discípulos, não guardava qualquer dúvida relativamenteaos suplícios que o esp<strong>era</strong>vam; no entanto, em se aproximan<strong>do</strong>,o coop<strong>era</strong><strong>do</strong>r transvia<strong>do</strong> beija-o na face, identifican<strong>do</strong>-op<strong>era</strong>nte os verdugos, e o Mestre, com sublime serenidade, recebelhea saudação carinhosamente e indaga: Amigo, a que vieste?Seu coração misericordioso proporcionava ao discípulo inquietoo ensejo ao bem, até ao derradeiro instante.Embora notasse Judas em companhia <strong>do</strong>s guardas que lhe efetuariama prisão, dá-lhe o título de amigo. Não lhe retira a confiança<strong>do</strong> minuto primeiro, não o maldiz, não se entrega a queixasinúteis, não o recomenda à posteridade com acusações ou conceitosmenos dignos.Nesse gesto de inolvidável beleza espiritual, ensinou-nos Jesusque é preciso oferecer portas ao bem, até à última hora dasexperiências terrestres, ainda que, ao término da derradeira oportunidade,nada mais reste além <strong>do</strong> caminho para o martírio oupara a cruz <strong>do</strong>s supremos testemunhos.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 14891Campo de sangue“Por isso foi chama<strong>do</strong> aquele campo, até ao dia de hoje,Campo de Sangue.” – (Mateus, 27:8.)Desorienta<strong>do</strong>, em vista das terríveis conseqüências de sua irreflexão,Judas procurou os sacer<strong>do</strong>tes e restituiu-lhes as trintamoedas, atiran<strong>do</strong>-as, a esmo, no recinto <strong>do</strong> Templo.Os mentores <strong>do</strong> Judaísmo concluíram, então, que o dinheiroconstituía preço de sangue e, buscan<strong>do</strong> desfazer-se rapidamentede sua posse, adquiriram um campo destina<strong>do</strong> ao sepulcro <strong>do</strong>sestrangeiros, denomina<strong>do</strong>, desde então, Campo de Sangue.Profunda a expressão simbólica dessa recordação e, com asua luz, cabe-nos reconhecer que a maioria <strong>do</strong>s homens continua airrefletida ação de Judas, permutan<strong>do</strong> o Mestre, inconscientemente,por esp<strong>era</strong>nças injustas, por vantagens materiais, por privilégiospassageiros. Quan<strong>do</strong> podem examinar a extensão <strong>do</strong>s enganosa que se acolh<strong>era</strong>m, procuram, desesp<strong>era</strong><strong>do</strong>s, os comparsas desuas ilusões, tentan<strong>do</strong> devolver-lhes quanto lhes coube nos criminososmovimentos em que se compromet<strong>era</strong>m na luta humana;todavia, com esses frutos amargos apenas conseguem adquirir ocampo de sangue das expiações <strong>do</strong>lorosas e ásp<strong>era</strong>s, para sepulcro<strong>do</strong>s cadáveres de seus pesadelos delituosos, estranhos ao idealdivino da perfeição em Jesus-Cristo.Irmão em humanidade, que ainda não pudeste sair <strong>do</strong> campomilenário das reencarnações, em luta por enterrar os pretéritoscrimes que não se coadunam com a Lei Eterna, não troques oCristo Imperecível por um punha<strong>do</strong> de cinzas misérrimas, porque,<strong>do</strong> contrário, continuarás circunscrito à região escura da carnesangrenta.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 14992Madalena“Disse-lhe Jesus: Maria! – Ela, voltan<strong>do</strong>-se, disse-lhe:Mestre!” - (João, 20:16.)Dos fatos mais significativos <strong>do</strong> Evangelho, a primeira visitade Jesus, na ressurreição, é daqueles que convidam à meditaçãosubstanciosa e acurada.Por que razões profundas deixaria o Divino Mestre tantas figurasmais próximas de sua vida para surgir aos olhos de Madalena,em primeiro lugar?Somos naturalmente compeli<strong>do</strong>s a indagar por que não teriaapareci<strong>do</strong>, antes, ao coração abnega<strong>do</strong> e amoroso que lhe servirade Mãe ou aos discípulos ama<strong>do</strong>s...Entretanto, o gesto de Jesus é profundamente simbólico emsua essência divina.Dentre os vultos da Boa Nova, ninguém fez tanta violência asi mesmo, para seguir o Salva<strong>do</strong>r, como a inesquecível obsidiadade Magdala. Nem mesmo “morta” nas sensações que op<strong>era</strong>m aparalisia da alma; entretanto, bastou o encontro com o Cristo paraaban<strong>do</strong>nar tu<strong>do</strong> e seguir-lhe os passos, fiel até ao fim, nos atos denegação de si própria e na firme resolução de tomar a cruz que lhecompetia no calvário redentor de sua existência angustiosa.É compreensível que muitos estudantes investiguem a razãopela qual não apareceu o Mestre, primeiramente, a Pedro ou aJoão, à sua Mãe ou aos amigos. Todavia, é igualmente razoávelreconhecermos que, com o seu gesto inesquecível, Jesus ratificoua lição de que a sua <strong>do</strong>utrina será, para to<strong>do</strong>s os aprendizes esegui<strong>do</strong>res, o código de ouro das vidas transformadas para a gló-


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 150ria <strong>do</strong> bem. E ninguém, como Maria de Magdala, houv<strong>era</strong> transforma<strong>do</strong>a sua, à luz <strong>do</strong> Evangelho redentor.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 15193Alegria cristã“Mas a vossa tristeza se converterá em alegria.” – Jesus.(João, 16:20.)Nas horas que preced<strong>era</strong>m a agonia da cruz, os discípulos nãoconseguiam disfarçar a <strong>do</strong>r, o desapontamento. Estavam tristes.Como pessoas humanas, não entendiam outras vitórias que nãofossem as da Terra. Mas Jesus, com vigorosa serenidade, exortava-os:“Na verdade, na verdade, vos digo que vós chorareis e voslamentareis; o mun<strong>do</strong> se alegrará e vós estareis tristes, mas avossa tristeza se converterá em alegria.”Através de séculos, viu-se no Evangelho um conjunto de notícias<strong>do</strong>lorosas – um Salva<strong>do</strong>r abnega<strong>do</strong> e puro conduzi<strong>do</strong> aomadeiro destina<strong>do</strong> aos infames, discípulos debanda<strong>do</strong>s, perseguiçõessem conta, martírios e lágrimas para to<strong>do</strong>s os segui<strong>do</strong>res...No entanto, essa pesada bagagem de sofrimentos constitui osalicerces de uma vida superior, repleta de paz e alegria. Essas<strong>do</strong>res representam auxílio de Deus à terra estéril <strong>do</strong>s coraçõeshumanos. Chegam como adubo divino aos sentimentos das criaturasterrestres, para que de pântanos despreza<strong>do</strong>s nasçam lírios deesp<strong>era</strong>nça.Os inquietos salva<strong>do</strong>res da política e da ciência, na CrostaPlanetária, receitam repouso e prazer a fim de que o espírito choredepois, por tempo indetermina<strong>do</strong>, atira<strong>do</strong> aos desvãos sombrios daconsciência ferida pelas atitudes criminosas. Cristo, porém, evidencian<strong>do</strong>suprema sabe<strong>do</strong>ria, ensinou a ordem natural para aaquisição das alegrias eternas, demonstran<strong>do</strong> que fornecer caprichossatisfeitos, sem advertência e medida, às criaturas <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>,no presente esta<strong>do</strong> evolutivo, é depor substâncias perigosas em


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 152mãos infantis. Por esse motivo, reservou trabalhos e sacrifíciosaos companheiros ama<strong>do</strong>s, para que se não perdessem na ilusão echegassem à vida real com valioso patrimônio de estáveis edificações.Eis por que a alegria cristã não consta de prazeres da inconsciência,mas da sublime certeza de que todas as <strong>do</strong>res são caminhospara júbilos imortais.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 15394Ao salvar-nos“Salva-te a ti mesmo e desce da cruz.” – (Marcos,15:30.)Esse grito de ironia <strong>do</strong>s homens maliciosos continua vibran<strong>do</strong>através <strong>do</strong>s séculos.A criatura humana não podia compreender o sacrifício <strong>do</strong>Salva<strong>do</strong>r. A Terra apenas conhecia vence<strong>do</strong>res que chegavambrandin<strong>do</strong> armas, cobertos de glórias sanguinolentas, heróis dadestruição e da morte, a caminho de altares e monumentos depedra.Aquele Messias, porém, distanciara-se <strong>do</strong> padrão habitual.Para conquistar, dava de si mesmo; a fim de possuir, nada pretendia<strong>do</strong>s homens para si próprio; no propósito de enriquecer a vida,entregava-se à morte.Em vista disso, não faltaram os escarnece<strong>do</strong>res no momentoextremo, interpelan<strong>do</strong> o Divino Triunfa<strong>do</strong>r, com mordaz expressão.Nesse testemunho, ensinou-nos o Mestre que, ao nos salvarmos,no campo da maldade e da ignorância ouviremos o grito damalícia g<strong>era</strong>l, nas mesmas circunstâncias.Se nos demoramos cola<strong>do</strong>s à ilusão <strong>do</strong> destaque, se somostrabalha<strong>do</strong>res exclusivamente interessa<strong>do</strong>s em nosso engrandecimentotemporário na esf<strong>era</strong> carnal, com esquecimento das necessidadesalheias, há sempre muita gente que nos consid<strong>era</strong> privilegia<strong>do</strong>se vitoriosos; se pond<strong>era</strong>mos, no entanto, as nossas responsabilidadesgraves no mun<strong>do</strong>, chama-nos loucos e, quan<strong>do</strong> nossurpreende em experiências culminantes, revestidas da <strong>do</strong>r sagra-


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 154da que nos arrebata a esf<strong>era</strong>s sublimes, passa junto de nós exibin<strong>do</strong>gestos irônicos e, recordan<strong>do</strong> os altos princípios esposa<strong>do</strong>s pornossa vida, exclama, desdenhosa: – “Salva-te a ti mesmo e desceda cruz.”


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 15595O Amigo Oculto“Mas os olhos deles estavam como que fecha<strong>do</strong>s, paraque o não conhecessem.” – (Lucas, 24:16.)Os discípulos, a caminho de Emaús, comentavam, amargura<strong>do</strong>s,os acontecimentos terríveis <strong>do</strong> Calvário.Permaneciam sob a tormenta da angústia. A dúvida penetrava-lhesa alma, levan<strong>do</strong>-os ao abatimento, à negação.Um homem desconheci<strong>do</strong>, porém, alcançou-os na estrada.Oferecia o aspecto de mísero peregrino. Sem identificar-se, esclareceuas verdades da Escritura, exaltou a cruz e o sofrimento.Ambos os companheiros, que se haviam emaranha<strong>do</strong> no cipoalde contradições ingratas, experimentaram agradável bem-estar,ouvin<strong>do</strong> a argumentação conforta<strong>do</strong>ra.Somente ao termo da viagem, em se sentin<strong>do</strong> fortaleci<strong>do</strong>s notépi<strong>do</strong> ambiente da hospedaria, perceb<strong>era</strong>m que o desconheci<strong>do</strong><strong>era</strong> o Mestre.Ainda existem aprendizes na “estrada simbólica de Emaús”,to<strong>do</strong>s os dias. Atingem o Evangelho e espantam-se em face <strong>do</strong>ssacrifícios necessários à eterna iluminação espiritual. Não entendemo ambiente divino da cruz e procuram “paisagens mentais”distantes... Entretanto, chega sempre um desconheci<strong>do</strong> que caminhaao la<strong>do</strong> <strong>do</strong>s que vacilam e fogem. Tem a forma de um viandanteincompreendi<strong>do</strong>, de um companheiro inesp<strong>era</strong><strong>do</strong>, de umvelho generoso, de uma criança tímida. Sua voz é diferente dasoutras, seus esclarecimentos mais firmes, seus apelos mais <strong>do</strong>ces.Quem partilha, por um momento, <strong>do</strong> banquete da cruz, jamaispoderá olvidá-la. Muitas vezes, partirá mun<strong>do</strong> a fora, demoran<strong>do</strong>-


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 156se nos trilhos escuros; no entanto, minuto virá em que Jesus, demaneira imprevista, busca esses viajores transvia<strong>do</strong>s e não osdesampara enquanto não os contempla, seguros e livres, na hospedariada confiança.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 15796A coroa“E vestiram-no de púrpura, e tecen<strong>do</strong> uma coroa deespinhos, lha pus<strong>era</strong>m na cabeça.” – (Marcos, 15:17.)Quase incrível o grau de invigilância da maioria <strong>do</strong>s discípulos<strong>do</strong> Evangelho, na atualidade, ansiosos pela coroa <strong>do</strong>s triunfosmundanos. Desde longo tempo, as Igrejas <strong>do</strong> Cristianismo deturpa<strong>do</strong>se comprazem nos grandes espetáculos, através de enormesdemonstrações de força política. E forçoso é reconhecer quegrande número das agremiações espiritistas cristãs, ainda tãorecentes no mun<strong>do</strong>, tendem às mesmas inclinações.Individualmente, os prosélitos pretendem o bem-estar, o caminhosem obstáculos, as consid<strong>era</strong>ções honrosas <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, orespeito de to<strong>do</strong>s, o fiel reconhecimento <strong>do</strong>s eleva<strong>do</strong>s princípiosque esposaram na vida, por parte <strong>do</strong>s estranhos. Quan<strong>do</strong> essabagagem de facilidades não os bafeja no serviço edificante, sentem-sepersegui<strong>do</strong>s, contraria<strong>do</strong>s, desditosos.Mas... e o Cristo? não bastaria o quadro da coroa de espinhospara atenuar-nos a inquietação?Naturalmente que o Mestre trazia consigo a Coroa da <strong>Vida</strong>;entretanto, não quis perder a oportunidade de revelar que a coroada Terra ainda é de espinhos, de sofrimento e trabalho incessantepara os que desejem escalar a montanha da Ressurreição Divina.Ao tempo em que o Senhor inaugurou a Boa Nova entre os homens,os romanos coroavam-se de rosas; mas, legan<strong>do</strong>-nos asublime lição, Jesus dava-nos a entender que seus discípulos fiéisdeveriam contar com distintivos de outra natureza.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 15897Amas o bastante?“Perguntou-lhe terceira vez: Simão, filho de Jonas,amas-me?” – (João, 21:17.)Aos aprendizes menos avisa<strong>do</strong>s é estranhável que Jesus houvesseindaga<strong>do</strong> <strong>do</strong> apóstolo, por três vezes, quanto à segurança deseu amor. O próprio Simão Pedro, ouvin<strong>do</strong> a interrogação repetida,entristec<strong>era</strong>-se, supon<strong>do</strong> que o Mestre suspeitasse de seussentimentos mais íntimos.Contu<strong>do</strong>, o ensinamento é mais profun<strong>do</strong>.Naquele instante, confiava-lhe Jesus o ministério da coop<strong>era</strong>çãonos serviços redentores. O pesca<strong>do</strong>r de Cafarnaum ia contribuirna elevação de seus tutela<strong>do</strong>s <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, ia apostolizar, alcançan<strong>do</strong>valores novos para a vida eterna.Muito significativa, portanto, a pergunta <strong>do</strong> Senhor nesse particular.Jesus não pede informação ao discípulo, com respeito aosraciocínios que lhe <strong>era</strong>m peculiares, não deseja inteirar-se <strong>do</strong>sconhecimentos <strong>do</strong> colabora<strong>do</strong>r, relativamente a Ele, não reclamacompromisso formal. Pretende saber apenas se Pedro o ama,deixan<strong>do</strong> perceber que, com o amor, as demais dificuldades seresolvem. Se o discípulo possui suficiente provisão dessa essênciadivina, a tarefa mais dura converte-se em apostola<strong>do</strong> de bênçãospromissoras.É imperioso, desse mo<strong>do</strong>, reconhecer que as tuas conquistasintelectuais valem muito, que tuas indagações são louváveis, masem verdade somente serás efetivo e eficiente coop<strong>era</strong><strong>do</strong>r <strong>do</strong> Cristose tiveres amor.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 15998Capas“E ele, lançan<strong>do</strong> de si a sua capa, levantou-se e foi tercom Jesus.” – (Marcos, 10:50.)O Evangelho de Marcos apresenta interessante notícia sobre acura de Bartimeu, o cego de Jericó.Para receber a bênção da divina aproximação, lança fora de sia capa, corren<strong>do</strong> ao encontro <strong>do</strong> Mestre, alcançan<strong>do</strong> novamente avisão para os olhos apaga<strong>do</strong>s e tristes.Não residirá nesse ato precioso símbolo?As pessoas humanas exibem no mun<strong>do</strong> as capas mais diversas.Existem mantos de reis e de mendigos. Há muitos amigos <strong>do</strong>crime que dão preferência a “capas de santos”. Raros os que nãocolam ao rosto a máscara da própria conveniência. Alega-se que aluta humana permanece repleta de requisições variadas, que éimprescindível atender à movimentação <strong>do</strong> século; entretanto, sealguém deseja sinc<strong>era</strong>mente a aproximação de Jesus, para a recepçãode benefícios dura<strong>do</strong>uros, lance fora de si a capa <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>transitório e apresente-se ao Senhor, tal qual é, sem a ruinosapreocupação de manter a pretensa intangibilidade <strong>do</strong>s títulosefêmeros, sejam os da fortuna material ou os da exag<strong>era</strong>da noçãode sofrimento. A manutenção de falsas aparências, diante <strong>do</strong>Cristo ou de seus mensageiros, complica a situação de quemnecessita. Nada peças ao Senhor com exigências ou alegaçõesdescabidas. Despe a tua capa mundana e apresenta-te a Ele, semmais nem menos.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 16099Prometer“Prometen<strong>do</strong>-lhes liberdade, sen<strong>do</strong> eles mesmos servosda corrupção – (2ª Epístola a Pedro, 2:19.)É indispensável desconfiar de todas as promessas de facilidadessobre o mun<strong>do</strong>.Jesus, que podia abrir os mais vastos horizontes aos olhos assombra<strong>do</strong>sda criatura, prometeu-lhe a cruz sem a qual não poderiaafastar-se da Terra para colocar-se ao seu encontro.Em toda parte, existem discípulos descuida<strong>do</strong>s que aceitam ologro de aventureiros inconscientes. É que ainda não aprend<strong>era</strong>ma lição viva <strong>do</strong> trabalho próprio a que foram chama<strong>do</strong>s para desenvolv<strong>era</strong>tividade particular.Os faze<strong>do</strong>res de revoluções e os <strong>do</strong>nos de projetos absur<strong>do</strong>sprometem maravilhas. Mas, se são vítimas da ambição, servos depropósitos inferiores, escravos de terríveis enganos, como poderãorealizar para os outros a liberdade ou a elevação de que seconservam distantes?Não creias em salva<strong>do</strong>res que não demonstrem ações queconfirmem a salvação de si mesmos.Deves saber que foste cria<strong>do</strong> para gloriosa ascensão, mas quesó é fácil descer. Subir exige trabalho, paciência, persev<strong>era</strong>nça,condições essenciais para o encontro <strong>do</strong> amor e da sabe<strong>do</strong>ria.Se alguém te fala em valor das facilidades, não acredites; épossível que o aventureiro esteja descen<strong>do</strong>. Mas quan<strong>do</strong> te façamver perspectivas consola<strong>do</strong>ras, através <strong>do</strong> suor e <strong>do</strong> esforço pessoal,aceita os alvitres com alegria. Aquele que compreende o tesou-


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 161ro oculto nos obstáculos e dele se vale para enriquecer a vida, estásubin<strong>do</strong> e é digno de ser segui<strong>do</strong>.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 162100Auxílios <strong>do</strong> invisível“E, depois de passarem a primeira e segunda guarda,chegaram à porta de ferro, que dá para a cidade, aqual se lhes abriu por si mesma; e, ten<strong>do</strong> saí<strong>do</strong>, percorr<strong>era</strong>muma rua e logo o anjo se apartou dele.” – (Atos,12:10.)Os homens esp<strong>era</strong>m sempre ansiosamente o auxílio <strong>do</strong> planoespiritual. Não importa o nome pelo qual se designe esse amparo.Na essência é invariavelmente o mesmo, embora seja conheci<strong>do</strong>entre os espiritistas por “proteção <strong>do</strong>s guias” e nos círculos protestantespor “manifestações <strong>do</strong> Espírito Santo”.As denominações apresentam interesse secundário. Essencialé consid<strong>era</strong>rmos que semelhante colaboração constitui elementovital nas atividades <strong>do</strong> crente sincero.No entanto, a contribuição recebida por Pedro, no cárcere, representalição para to<strong>do</strong>s.Sob cadeias pesadíssimas, o pesca<strong>do</strong>r de Cafarnaum vê aproximar-seo anjo <strong>do</strong> Senhor, que o liberta, atravessa em sua companhiaos primeiros perigos na prisão, caminha ao la<strong>do</strong> <strong>do</strong> mensageiro,ao longo de uma rua; contu<strong>do</strong>, o emissário afasta-se, deixan<strong>do</strong>-onovamente entregue à própria liberdade, de maneira anão desvalorizar-lhe as iniciativas.Essa exemplificação é típica.Os auxílios <strong>do</strong> invisível são incontestáveis e jamais falhamem suas multiformes expressões, no momento oportuno; mas éimprescindível não se vicie o crente com essa espécie de coop<strong>era</strong>ção,aprenden<strong>do</strong> a caminhar sozinho, usan<strong>do</strong> a independência e a


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 163vontade no que é justo e útil, convicto de que se encontra nomun<strong>do</strong> para aprender, não lhe sen<strong>do</strong> permiti<strong>do</strong> reclamar <strong>do</strong>s instrutoresa solução de problemas necessários à sua condição dealuno.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 164101Tu<strong>do</strong> em Deus“Eu não posso de mim mesmo fazer coisa alguma.” –Jesus. (João, 5:30.)Constitui ótimo exercício contra a vaidade pessoal a meditaçãonos fatores transcendentes que regem os mínimos fenômenosda vida.O homem nada pode sem Deus.To<strong>do</strong>s temos visto personalidades que surgem <strong>do</strong>mina<strong>do</strong>rasno palco terrestre, afirman<strong>do</strong>-se poderosas sem o amparo <strong>do</strong>Altíssimo; entretanto, a única realização que conseguem efetivamenteé a dilatação ilusória pelo sopro <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, esvazian<strong>do</strong>-seaos primeiros contactos com as verdades divinas. Quan<strong>do</strong> aparecem,temíveis, esses gigantes de vento espalham ruínas materiaise aflições de espírito; todavia, o mesmo mun<strong>do</strong> que lhes conferepedestal projeta-os no abismo <strong>do</strong> desprezo comum; a mesmamultidão que os assopra incumbe-se de repô-los no lugar que lhescompete.Os discípulos sinceros não ignoram que todas as suas possibilidadesprocedem <strong>do</strong> Pai amigo e sábio, que as oportunidades deedificação na Terra, com a excelência das paisagens, recursos decada dia e bênçãos <strong>do</strong>s seres ama<strong>do</strong>s, vi<strong>era</strong>m de Deus que osconvida, pelo espírito de serviço, a ministérios mais santos; agirão,desse mo<strong>do</strong>, aman<strong>do</strong> sempre, aproveitan<strong>do</strong> para o bem eesclarecen<strong>do</strong> para a verdade, retifican<strong>do</strong> caminhos e acenden<strong>do</strong>novas luzes, porque seus corações reconhecem que nada poderãofazer de si próprios e honrarão o Pai, entran<strong>do</strong> em santa coop<strong>era</strong>çãonas suas obras.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 165102O cristão e o mun<strong>do</strong>“Primeiro a erva, depois a espiga e, por último, o grãocheio na espiga.” – Jesus. (Marcos, 4:28.)Ninguém julgue fácil a aquisição de um título referente à elevaçãoespiritual. O Mestre recorreu sabiamente aos símbolosvivos da Natureza, favorecen<strong>do</strong>-nos a compreensão.A erva está longe da espiga, como a espiga permanece distanciada<strong>do</strong>s grãos maduros.Nesse capítulo, o mais forte adversário da alma que desejaseguir o Salva<strong>do</strong>r, é o próprio mun<strong>do</strong>.Quan<strong>do</strong> o homem comum descansa nas vulgaridades e inutilidadesda existência terrestre, ninguém lhe examina os passos.Suas atitudes não interessam a quem quer que seja. Todavia, emlhe surgin<strong>do</strong> no coração a erva tenra da fé retifica<strong>do</strong>ra, sua vidapassa a constituir objeto de curiosidade para a multidão. Milharesde olhos, que o não viram quan<strong>do</strong> desvia<strong>do</strong> na ignorância e naindiferença, seguem-lhe, agora, os gestos mínimos com acentuadavigilância. O pobre aspirante ao título de discípulo <strong>do</strong> Senhorainda não passa de folhagem promissora e já lhe reclamam espigasdas obras celestes; conserva-se ainda longe da primeira penugemdas asas espirituais e já se lhe exigem vôos supremos sobreas misérias humanas.Muitos aprendizes desanimam e voltam para o lo<strong>do</strong>, onde oscompanheiros não os vejam.Esquece-se o mun<strong>do</strong> de que essas almas ansiosas ainda se a-cham nas primeiras esp<strong>era</strong>nças e, por isso mesmo, em disputasmais ásp<strong>era</strong>s por rebentar o casulo das paixões inferiores na aspi-


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 166ração de subir; dentro da velha ignorância, que lhe é característica,a multidão só entende o homem na animalidade em que secompraz ou, então, se o companheiro pretende elevar-se, lheexige, de pronto, credenciais positivas <strong>do</strong> céu, olvidan<strong>do</strong> queninguém pode trair o tempo ou enganar o espírito de seqüência daNatureza. Resta ao cristão cultivar seus propósitos sublimes eouvir o Mestre: Primeiro a erva, depois a espiga e, por último, ogrão cheio na espiga.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 167103Estima <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>“Se chamaram Belzebu ao pai de família, quanto maisaos seus <strong>do</strong>mésticos?” – Jesus. (Mateus, 10:25.)Muitos discípulos <strong>do</strong> Evangelho existem, ciosos de suas predileçõese pontos de vista, no campo individual.Falsas concepções ensombram-lhes o olhar.Quase sempre se inquietam pelo reconhecimento público dasvirtudes que lhes exornam o caráter, guardam o secreto propósitode obter a admiração de to<strong>do</strong>s e sentem-se prejudica<strong>do</strong>s se asautoridades transitórias <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> não lhes conferem apreço.Agem esqueci<strong>do</strong>s de que o Reino de Deus não vem com aparênciaexterior; não percebem que, por enquanto, somente osvultos destaca<strong>do</strong>s, nas vanguardas financeiras ou políticas, arvoram-seem detentores de prerrogativas terrestres, senhores quaseabsolutos das homenagens pessoais e <strong>do</strong>s necrológios brilhantes.Os filhos <strong>do</strong> Reino Divino sobressaem raramente e, de mo<strong>do</strong>g<strong>era</strong>l, enchem o mun<strong>do</strong> de benefícios sem que o homem os veja, àfeição <strong>do</strong> que ocorre com o próprio Pai.Se Jesus foi chama<strong>do</strong> feiticeiro, crucifica<strong>do</strong> como malfeitor earrebata<strong>do</strong> de sua amorosa missão para o madeiro afrontoso, quenão devem esp<strong>era</strong>r seus aprendizes sinceros, quan<strong>do</strong> verdadeiramentedevota<strong>do</strong>s à sua causa?O discípulo não pode ignorar que a permanência na Terra decorreda necessidade de trabalho proveitoso e não <strong>do</strong> uso de vantagensefêm<strong>era</strong>s que, em muitos casos, lhe anulariam a capacidadede servir. Se a força humana torturou o Cristo, não deixará de


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 168torturá-lo também. É ilógico disputar a estima de um mun<strong>do</strong> que,mais tarde, será compeli<strong>do</strong> a regen<strong>era</strong>r-se para obter a redenção.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 169104A espada simbólica“Não cuideis que vim trazer a paz à Terra; não vimtrazer a paz, mas a espada.” – Jesus. (Mateus, 10:34.)Inúmeros leitores <strong>do</strong> Evangelho perturbam-se ante essas a-firmativas <strong>do</strong> Mestre Divino, porquanto o conceito de paz, entreos homens, desde muitos séculos foi visc<strong>era</strong>lmente vicia<strong>do</strong>. Naexpressão comum, ter paz significa haver atingi<strong>do</strong> garantias exteriores,dentro das quais possa o corpo vegetar sem cuida<strong>do</strong>s,rodean<strong>do</strong>-se o homem de servi<strong>do</strong>res, apodrecen<strong>do</strong> na ociosidade eausentan<strong>do</strong>-se <strong>do</strong>s movimentos da vida.Jesus não poderia en<strong>do</strong>ssar tranqüilidade desse jaez e, emcontraposição ao falso princípio estabeleci<strong>do</strong> no mun<strong>do</strong>, trouxeconsigo a luta regen<strong>era</strong><strong>do</strong>ra, a espada simbólica <strong>do</strong> conhecimentointerior pela revelação divina, a fim de que o homem inicie abatalha <strong>do</strong> aperfeiçoamento em si mesmo. O Mestre veio instalaro combate da redenção sobre a Terra. Desde o seu ensinamentoprimeiro, foi formada a frente da batalha sem sangue, destinada àiluminação <strong>do</strong> caminho humano. E Ele mesmo foi o primeiro ainaugurar o testemunho pelos sacrifícios supremos.Há quase vinte séculos vive a Terra sob esses impulsos renova<strong>do</strong>res,e ai daqueles que <strong>do</strong>rmem, estranhos ao processo santificante!Buscar a mentirosa paz da ociosidade é desviar-se da luz, fugin<strong>do</strong>à vida e precipitan<strong>do</strong> a morte. No entanto, Jesus é tambémchama<strong>do</strong> o Príncipe da Paz.Sim, na verdade o Cristo trouxe ao mun<strong>do</strong> a espada renova<strong>do</strong>rada guerra contra o mal, constituin<strong>do</strong> em si mesmo a divinafonte de repouso aos corações que se unem ao seu amor; esses,


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 170nas mais perigosas situações da Terra, encontram, nEle, a serenidadeinalterável. É que Jesus começou o combate de salvação paraa Humanidade, representan<strong>do</strong>, ao mesmo tempo, o sustentáculo dapaz sublime para to<strong>do</strong>s os homens bons e sinceros.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 171105Nem to<strong>do</strong>s“E aconteceu que, quase oito dias depois destas palavras,tomou consigo a Pedro, a João e a Tiago, e subiuao monte a orar.” – (Lucas, 9:28.)Digna de notar-se a atitude <strong>do</strong> Mestre, convidan<strong>do</strong> apenasSimão e os filhos de Zebedeu para presenciarem a sublime manifestação<strong>do</strong> monte, quan<strong>do</strong> Moisés e outro emissário divino estariamem contacto direto com Jesus, aos olhos <strong>do</strong>s discípulos.Por que não convocou os demais companheiros? Acaso Filipeou André não teriam prazer na sublime revelação? Não <strong>era</strong> Toméum companheiro indaga<strong>do</strong>r, ansioso por equações espirituais? Noentanto, o Mestre sabia a causa de suas decisões e somente Elepoderia <strong>do</strong>sar, convenientemente, as dádivas <strong>do</strong> conhecimentosuperior.O fato deve ser lembra<strong>do</strong> por quantos desejem forçar a porta<strong>do</strong> plano espiritual.Certo, o intercâmbio com esse ou aquele núcleo de entidades<strong>do</strong> Além é possível, mas nem to<strong>do</strong>s estão prepara<strong>do</strong>s, a um sótempo, para a recepção de responsabilidades ou benefícios.Não se confia, imprudentemente, um aparelho de produçãopreciosa, cujo manejo dependa de competência prévia, ao primeirohomem que surja, toma<strong>do</strong> de bons desejos. Não se atraiçoaimpunemente a ordem natural. Nem to<strong>do</strong>s os aprendizes e estudiososreceberão <strong>do</strong> Além, num pronto, as grandes revelações. Cadanúcleo de atividade espiritualizante deve ser presidi<strong>do</strong> pelo melhorsenso de harmonia, esforço e afinidade. Nesse mister, alémdas boas intenções é indispensável a apresentação da ficha debons trabalhos pessoais. E, no mun<strong>do</strong>, toda gente permanece


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 172disposta a querer isso ou aquilo, mas raríssimas criaturas se prontificama servir e a educar-se.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 173106Dar“E dá a qualquer que te pedir; e, ao que tomar o que éteu, não lho tornes a pedir.” – Jesus. (Lucas, 6:30.)O ato de dar é <strong>do</strong>s mais sublimes nas op<strong>era</strong>ções da vida; entretanto,muitos homens são displicentes e incompreensíveis naexecução dele.Alguns distribuem esmolas levianamente, outros se esquecemda vigilância, entregan<strong>do</strong> seu trabalho a malfeitores.Jesus é nosso Mestre nas ocorrências mínimas. E se ouvimolorecomendan<strong>do</strong> estejamos prontos a dar “a qualquer” que pedir,vemo-lo atenden<strong>do</strong> a todas as criaturas <strong>do</strong> seu caminho, não deacor<strong>do</strong> com os caprichos, mas segun<strong>do</strong> as necessidades.Concedeu bem-aventuranças aos aflitos e advertências aosvendilhões. Certo, os merca<strong>do</strong>res de má-fé, no íntimo, rogavamlhea manutenção <strong>do</strong> “status quo”, mas sua resposta foi eloqüente.Deu alegrias nas bodas de Caná e repreensões em assembléias <strong>do</strong>sdiscípulos. Proporcionou a cada situação e a cada personalidade oque necessitavam e, quan<strong>do</strong> os ingratos lhe tomaram o direito daprópria vida, aos olhos da Humanidade, não voltou o Cristo apedir-lhes que o deixassem na obra começada.Deu tu<strong>do</strong> o que se coadunava com o bem. E deu com abundância,salientan<strong>do</strong>-se que, sob o peso da cruz, conferiu sublimecompreensão à ignorância g<strong>era</strong>l, sem reclamação de qualquernatureza, porque sabia que o ato de dar vem de Deus e nada maissagra<strong>do</strong> que colaborar com o Pai que está nos céus.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 174107Vinda <strong>do</strong> Reino“O reino de Deus não vem com aparência exterior.” –Jesus. (Lucas, 17:20.)Os agrupamentos religiosos no mun<strong>do</strong> permanecem, quasesempre, preocupa<strong>do</strong>s pelas conversões alheias. Os crentes maisentusiastas anseiam por transformar as concepções <strong>do</strong>s amigos.Em vista disso, em toda parte somos defronta<strong>do</strong>s por irmãosaflitos pela dilatação <strong>do</strong> proselitismo em seus círculos de estu<strong>do</strong>.Semelhante atividade nem sempre é útil, porquanto, em muitasocasiões, pode perturbar eleva<strong>do</strong>s projetos em realização.Afirma Jesus que o Reino de Deus não vem com aparênciaexterior. É sempre ruinosa a preocupação por demonstrar pompase números vai<strong>do</strong>samente, nos grupos da fé. Expressões transitóriasde poder humano não atestam o Reino de Deus. A realizaçãodivina começará <strong>do</strong> íntimo das criaturas, constituin<strong>do</strong> gloriosa luz<strong>do</strong> templo interno. Não surge à comum apreciação, porque amaioria <strong>do</strong>s homens transitam semicegos, através <strong>do</strong> túnel dacarne, sepultan<strong>do</strong> os erros <strong>do</strong> passa<strong>do</strong> culposo.A carne é digna e venerável, pois é vaso de purificação, receben<strong>do</strong>-nospara o resgate preciso; entretanto, para os espíritosredimi<strong>do</strong>s significa “morte” ou “transformação permanente”. Ohomem carnal, em vista das circunstâncias que lhe governam oesforço, pode ver somente o que está “morto” ou aquilo que “vaimorrer”. O Reino de Deus, porém, divino e imortal, escapa naturalmenteà visão <strong>do</strong>s humanos.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 175108Reencarnação“Portanto, se a tua mão ou o teu pé te escandalizar,corta-o e atira-o para longe de ti; melhor te é entrar navida, coxo ou aleija<strong>do</strong>, <strong>do</strong> que, ten<strong>do</strong> duas mãos ou <strong>do</strong>ispés, seres lança<strong>do</strong> no fogo eterno.” – Jesus. (Mateus,18:8.)Unicamente a reencarnação esclarece as questões <strong>do</strong> ser, <strong>do</strong>sofrimento e <strong>do</strong> destino. Em muitas ocasiões, falou-nos Jesus deseus belos e sábios princípios.Esta passagem de Mateus é sumamente expressiva.É indispensável consid<strong>era</strong>r que o Mestre se dirigia a uma sociedadeestagnada, quase morta.No concerto das lições divinas que recebe, o cristão, a rigor,apenas conhece, de fato, um gênero de morte, a que sobrevém àconsciência culpada pelo desvio da Lei; e os contemporâneos <strong>do</strong>Cristo, na maioria, <strong>era</strong>m criaturas sem atividade espiritual edificante,de alma endurecida e coração paralítico. A expressão “melhorte é entrar na vida” representa solução fundamental. Acaso,não <strong>era</strong>m os ouvintes pessoas humanas? Referia-se, porém, oSenhor à existência contínua, à vida de sempre, dentro da qualto<strong>do</strong> espírito despertará para a sua gloriosa destinação de eternidade.Na elevada simbologia de suas palavras, apresenta-nos Jesuso motivo determinante <strong>do</strong>s renascimentos <strong>do</strong>lorosos, em queobservamos aleija<strong>do</strong>s, cegos e paralíticos de berço, que pedemsemelhantes provas como perío<strong>do</strong>s de refazimento e regen<strong>era</strong>çãoindispensáveis à felicidade porvin<strong>do</strong>ura.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 176Quanto à imagem <strong>do</strong> “fogo eterno”, inserta nas letras evangélicas,é recurso muito adequa<strong>do</strong> à lição, porque, enquanto não sedispuser a criatura a viver com o Cristo, será impelida a fazê-lo,através de mil meios diferentes; se a rebeldia perdurar por infinidadede séculos, os processos purifica<strong>do</strong>res permanecerão igualmentecomo o fogo material, que existirá na Terra enquanto seuconcurso perdurar no tempo, como utilidade indispensável à vidafísica.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 177109Acharemos sempre“Porque qualquer que pede, recebe; e quem busca, a-cha.” – Jesus. (Lucas, 11:10.)Ao experimentar o crente a necessidade de alguma coisa, recordamaquinalmente a promessa <strong>do</strong> Mestre, quan<strong>do</strong> assegurouresposta adequada a qualquer que pedir.Importa, contu<strong>do</strong>, saber o que procuramos. Naturalmente, receberemossempre, mas é imprescindível conhecer o objeto denossa solicitação.Asseverou Jesus: “Quem busca, acha.”Quem procura o mal encontra-se com o mal igualmente.Existe perfeita correspondência entre nossa alma e a alma dascoisas. Não expendemos uma hipótese, examinamos uma lei.Para os que procuram ladrões, escutan<strong>do</strong> os falsos apelos <strong>do</strong>mun<strong>do</strong> interior que lhes é próprio, to<strong>do</strong>s os homens serão desonestos.Assim ocorre aos que possuem aspirações de crença,acercan<strong>do</strong>-se, desconfia<strong>do</strong>s, <strong>do</strong>s agrupamentos religiosos. Nuncasurpreendem a fé, porque tu<strong>do</strong> analisam pela má-fé a que se acolhem.Tanto experimentam e insistem, manejan<strong>do</strong> os propósitosinferiores de que se nutrem, que nada encontram, efetivamente,além das desilusões que esp<strong>era</strong>vam.A fim de encontrarmos o bem, é preciso buscá-lo to<strong>do</strong>s os dias.Inegavelmente, num campo de lutas chocantes como a esf<strong>era</strong>terrestre, a caçada ao mal é imediatamente coroada de êxito, pelapreponderância <strong>do</strong> mal entre as criaturas. A pesca <strong>do</strong> bem não é


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 178tão fácil; no entanto, o bem será encontra<strong>do</strong> como valor divino eeterno.É indispensável, pois, muita vigilância na decisão de buscarmosalguma coisa, porquanto o Mestre afirmou: “Quem busca,acha”; e acharemos sempre o que procuramos.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 179110<strong>Vida</strong>s sucessivas“Não te maravilhes de te haver dito: Necessário vos énascer de novo.” – Jesus. (João, 3:7.)A palavra de Jesus a Nicodemos foi suficientemente clara.Desviá-la para interpretações descabidas pode ser compreensívelno sacerdócio organiza<strong>do</strong>, atento às injunções da luta humana,mas nunca nos espíritos amantes da verdade legítima.A reencarnação é lei universal.Sem ela, a existência terrena representaria turbilhão de desordeme injustiça; à luz de seus esclarecimentos, entendemos to<strong>do</strong>sos fenômenos <strong>do</strong>lorosos <strong>do</strong> caminho.O homem ainda não percebeu toda a extensão da misericórdiadivina, nos processos de resgate e reajustamento.Entre os homens, o criminoso é envia<strong>do</strong> a penas cruéis, sejapela condenação à morte ou aos sofrimentos prolonga<strong>do</strong>s.A Providência, todavia, corrige, aman<strong>do</strong>... Não encaminha osréus a prisões infectas e úmidas. Determina somente que os comparsasde dramas nefastos troquem a vestimenta carnal e voltemao palco da atividade humana, de mo<strong>do</strong> a se redimirem, uns àfrente <strong>do</strong>s outros.Para a Sabe<strong>do</strong>ria Magnânima nem sempre o que errou é umcel<strong>era</strong><strong>do</strong>, como nem sempre a vítima é pura e sinc<strong>era</strong>. Deus nãovê apenas a maldade que surge à superfície <strong>do</strong> escândalo; conheceo mecanismo sombrio de todas as circunstâncias que provocaramum crime.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 180O algoz integral como a vítima integral são desconheci<strong>do</strong>s <strong>do</strong>homem; o Pai, contu<strong>do</strong>, identifica as necessidades de seus filhos ereúne-os, periodicamente, pelos laços de sangue ou na rede <strong>do</strong>scompromissos edificantes, a fim de que aprendam a lei <strong>do</strong> amor,entre as dificuldades e as <strong>do</strong>res <strong>do</strong> destino, com a bênção de temporárioesquecimento.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 181111Orienta<strong>do</strong>res <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>“Respondeu-lhe Jesus: És mestre em Israel e não sabesisto?” – (João, 3:10.)É muito comum nos círculos religiosos, notadamente nos arraiaisespiritistas, o aparecimento de orienta<strong>do</strong>res <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>,reclaman<strong>do</strong> provas da existência da alma.Tempo virá em que semelhantes inquirições serão consid<strong>era</strong>daspueris, porque, afinal, esses mentores da política, da educação,da ciência, estão perguntan<strong>do</strong>, no fun<strong>do</strong>, se eles própriosexistem.A resposta de Jesus a Nicodemos, embora se refira ao problemada reencarnação, enquadra-se perfeitamente ao assunto, devez que os condutores da atualidade prosseguem indagan<strong>do</strong> sobrerealidades essenciais da vida.Peçamos a Deus auxilie o homem para que não continue tentan<strong>do</strong>penetrar a casa <strong>do</strong> progresso pelo telha<strong>do</strong>.O médico leviano, até que verifique a verdade espiritual, serádefronta<strong>do</strong> por experiências <strong>do</strong>lorosas no campo das realizaçõesque lhe dizem respeito. O professor, apenas teórico, precipitar-seámuitas vezes nas ilusões. O administra<strong>do</strong>r improvisa<strong>do</strong> permaneceráexposto a erros tremen<strong>do</strong>s, até que se ajuste à responsabilidadeque lhe é própria.Por esse motivo, a resposta de Jesus aplica-se, com acerto, àsinterrogações <strong>do</strong>s instrutores modernos. Transforma<strong>do</strong>s em investiga<strong>do</strong>res,dirigem-se a nós outros, muita vez com ironia, reclaman<strong>do</strong>a certeza sobre a existência <strong>do</strong> espírito; entretanto, elesorientam os outros e se introduzem na vida <strong>do</strong>s nossos irmãos em


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 182humanidade. Consid<strong>era</strong>n<strong>do</strong> essa circunstância e em se tratan<strong>do</strong> deproblema tão essencial para si próprios, é razoável que não perguntem,porque devem saber.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 183112Como Lázaro“E o defunto saiu, ten<strong>do</strong> as mãos e os pés liga<strong>do</strong>s comfaixas e o seu rosto envolto num lenço. Disse-lhes Jesus:Desligai-o e deixai-o ir.” – (João, 11:44.)O regresso de Lázaro à vida ativa representa grandioso símbolopara to<strong>do</strong>s os trabalha<strong>do</strong>res da Terra.Os criminosos arrependi<strong>do</strong>s, os peca<strong>do</strong>res que se voltam parao bem, os que “trincaram” o cristal da consciência, entendem amaravilhosa característica <strong>do</strong> verbo recomeçar.Lázaro não podia ser feliz tão-só por revestir-se novamenteda carne perecível, mas, sim, pela possibilidade de reiniciar aexperiência humana com valores novos. E, na faina evolutiva,cada vez que o espírito alcança <strong>do</strong> Mestre Divino a oportunidadede regressar à Terra, ei-lo desenfaixa<strong>do</strong> <strong>do</strong>s laços vigorosos...exon<strong>era</strong><strong>do</strong> da angústia, <strong>do</strong> remorso, <strong>do</strong> me<strong>do</strong>... A sensação <strong>do</strong>túmulo de impressões em que se encontrava <strong>era</strong> venda forte acobrir-lhe o rosto...Jesus, compadeci<strong>do</strong>, exclamou para o mun<strong>do</strong>:– Desligai-o, deixai-o ir.Essa passagem evangélica é assinalada de profunda beleza.Preciosa é a existência de um homem, porque o Cristo lhepermitiu o desligamento <strong>do</strong>s laços criminosos com o pretérito,deixan<strong>do</strong>-o encaminhar-se, de novo, às fontes da vida humana, demaneira a reconstituir e santificar os elos de seu destino espiritual,na dádiva suprema de começar outra vez.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 184113Não te esqueças“Porque muitos <strong>do</strong>s judeus, por causa dele, iam e criamem Jesus.” – (João, 12:11.)Narra o Evangelho de João que muita gente, encaminhan<strong>do</strong>separa Betânia, buscava acercar-se <strong>do</strong> Mestre, não somente paravê-lo, mas para contemplar também a figura de Lázaro, retira<strong>do</strong><strong>do</strong> sepulcro. Nessa movimentação, muitos iam e voltavam transforma<strong>do</strong>s,irritan<strong>do</strong> os círculos farisaicos.Essa lembrança <strong>do</strong> Apóstolo é preciosa.A situação, todavia, é idêntica nos dias atuais.A alma voltada para o Cristo quase sempre foi ressuscitadapor seu amor, escapan<strong>do</strong> à sombra <strong>do</strong>s pesadelos intelectuais queop<strong>era</strong>m a morte <strong>do</strong> sentimento...Muitos homens estão mortos, soterra<strong>do</strong>s nos sepulcros da indiferença,<strong>do</strong> egoísmo, da negação. Quan<strong>do</strong> um companheiro,como Lázaro, tem a felicidade de ser toca<strong>do</strong> pelo Cristo, eis quese estabelece a curiosidade g<strong>era</strong>l em torno de suas atitudes. To<strong>do</strong>sdesejam conhecer-lhe as modificações.Se és, portanto, um beneficia<strong>do</strong> de Jesus; se o Senhor já te levantou<strong>do</strong> pó terrestre para o conhecimento da vida infinita, recorda-tede que teus amigos, na maioria, têm noticias <strong>do</strong> Mestre;todavia, ainda não estão prepara<strong>do</strong>s a compreendê-lo integralmente.Serás, como Lázaro, o ponto de observação direta para to<strong>do</strong>seles. Somente começarão a receber a claridade da crença sinc<strong>era</strong>por ti, reconhecen<strong>do</strong> o poder de Jesus pela transformação queestejas demonstran<strong>do</strong>. Se já foste, pois, chama<strong>do</strong> pelo Senhor da


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 185<strong>Vida</strong>, está em tuas mãos continuares nos recintos da morte oulevantares para a edificação <strong>do</strong>s que te rodeiam.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 186114As cartas <strong>do</strong> Cristo“Porque já é manifesto que sois a carta <strong>do</strong> Cristo, ministradapor nós, e escrita, não com tinta, mas com oEspírito de Deus Vivo, não em tábuas de pedra, masnas tábuas de carne <strong>do</strong> coração.” – Paulo. (2ª Epístolaaos Coríntios, 3:3.)É singular que o Mestre não haja lega<strong>do</strong> ao mun<strong>do</strong> um compêndiode princípios escritos pelas próprias mãos.As figuras notáveis da Terra sempre assinalam sua passagemno planeta, endereçan<strong>do</strong> à posteridade a sua mensagem de sabe<strong>do</strong>riae amor, seja em tábuas de pedra, seja em <strong>do</strong>cumentos envelheci<strong>do</strong>s.Com Jesus, porém, o processo não foi o mesmo.O Mestre como que fez questão de escrever sua <strong>do</strong>utrina aoshomens, gravan<strong>do</strong>-a no coração <strong>do</strong>s companheiros sinceros. Seutestamento espiritual constitui-se de ensinos aos discípulos e nãoforam grafa<strong>do</strong>s por ele mesmo.Recursos humanos seriam insuficientes para revelar a riquezaeterna de sua Mensagem. As letras e raciocínios, propriamentehumanos, na maioria das vezes costumam dar margem a controvérsias.Em vista disso, Jesus gravou seus ensinamentos nos coraçõesque o rodeavam e até hoje os aprendizes que se lhe conservamfiéis são as suas cartas divinas dirigidas à Humanidade.Esses <strong>do</strong>cumentos vivos <strong>do</strong> santificante amor <strong>do</strong> Cristo palpitamem todas as religiões e em to<strong>do</strong>s os climas. São os vanguardeirosque conhecem a vida superior, experimentam o sublime


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 187contacto <strong>do</strong> Mestre e transformam-se em sua mensagem para oshomens.Podem surgir muitas contendas em torno das páginas mais célebrese formosas; todavia, p<strong>era</strong>nte a alma que se converteu emcarta viva <strong>do</strong> Senhor, quan<strong>do</strong> não haja vibrações superiores dacompreensão, haverá sempre o divino silêncio.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 188115Embaixa<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Cristo“De sorte que somos embaixa<strong>do</strong>res da parte <strong>do</strong> Cristo.”– Paulo. (2ª Epístola aos Coríntios, 5:20.)Na catalogação <strong>do</strong>s valores sociais, to<strong>do</strong> homem de trabalhohonesto é porta<strong>do</strong>r de determinada delegação.Se os políticos e administra<strong>do</strong>res guardam responsabilidades<strong>do</strong> Esta<strong>do</strong>, os operários recebem encargos naturais das oficinas aque emprestam seus esforços.Cada homem de bem é mensageiro <strong>do</strong> centro de realizaçõesonde atende ao movimento da vida, em atividade enobrece<strong>do</strong>ra.As ruas estão cheias de emissários das repartições, das fábricas,<strong>do</strong>s institutos, <strong>do</strong>s órgãos de fiscalização, produção, amparo eensino, cujos interesses conjuga<strong>do</strong>s op<strong>era</strong>m a composição daharmonia social.É necessário, contu<strong>do</strong>, não esquecermos que os valores da vidaeterna não permaneceriam no mun<strong>do</strong> sem representantes.Cristo possui embaixa<strong>do</strong>res permanentes em seus discípulossinceros.Importa consid<strong>era</strong>r que na presente afirmativa de Paulo deTarso não vemos alusão ao sacerdócio presunçoso.To<strong>do</strong>s os colabora<strong>do</strong>res leais de Jesus, em qualquer situaçãoda vida e no lugar mais longínquo da Terra, são conheci<strong>do</strong>s nasede espiritual <strong>do</strong>s serviços divinos. É com eles, coop<strong>era</strong><strong>do</strong>resdevota<strong>do</strong>s e muita vez desconheci<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s beneficiários <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>,que se movimenta o Mestre, cada dia, estenden<strong>do</strong> o Evangelhoaplica<strong>do</strong> entre as criaturas terrestres, até à vitória final.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 189Entenden<strong>do</strong> esta verdade, consulta as próprias tendências, a-tos e pensamentos. Repara a quem serves, porque, se já recebestea Boa Nova da Redenção, é tempo de te tornares embaixa<strong>do</strong>r desua luz.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 190116Agir de acor<strong>do</strong>“Confessam que conhecem a Deus, mas negam-no comas obras, sen<strong>do</strong> abomináveis e desobedientes, e reprova<strong>do</strong>spara toda boa obra.” – Paulo. (Tito, 1:16.)O Espiritismo, em sua feição de Cristianismo redivivo, tempapel muito mais alto que o de simples campo para novas observaçõestécnicas da ciência instável <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>.A Terra, até agora, no que se refere às organizações religiosas,tem vivi<strong>do</strong> repleta <strong>do</strong>s que confessam a existência de Deus,negan<strong>do</strong>-O, porém, através das obras individuais.O intercâmbio <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is mun<strong>do</strong>s, visível e invisível, de maneiradireta objetiva esse reajustamento sentimental, para que a luzdivina se manifeste nas relações comuns <strong>do</strong>s homens.Como conciliar o conhecimento de Deus com o menosprezoaos semelhantes?As antigas escolas religiosas, à força de se arregimentaremcomo agrupamentos políticos <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, sob o controle <strong>do</strong> sacerdócio,acabaram por estagnar os impulsos da fé, em exterioridadesque aviltam as forças vivas <strong>do</strong> espírito.A <strong>do</strong>utrina consola<strong>do</strong>ra da sobrevivência e da comunicaçãoentre os habitantes da Terra e <strong>do</strong> Infinito, com bases profundas eamplas no Evangelho, floresce entre as criaturas com característicasde nova revelação, para que o homem seja, nas atividadesvulgares, real afirmação <strong>do</strong> bem que nasce da fé viva.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 191117Terra proveitosa“Porque a terra que embebe a chuva, que cai muitasvezes sobre ela, e produz erva proveitosa para aquelespor quem é lavrada, recebe a bênção de Deus.” – Paulo.(Hebreus, 6:7.)Os discípulos <strong>do</strong> Cristo encontrarão sempre grandes lições,em contacto com o livro da Natureza.O converti<strong>do</strong> de Damasco refere-se aqui à terra proveitosaque produz abundantemente, embeben<strong>do</strong>-se da chuva que cai,incessante, na sua superfície, representan<strong>do</strong> o vaso predileto derecepção das bênçãos de Deus.Transportemos o símbolo ao país <strong>do</strong>s corações. Somente a-queles espíritos atentos aos benefícios espirituais, que chovemdiariamente <strong>do</strong> céu, são suscetíveis de produzir as utilidades <strong>do</strong>serviço divino, guardan<strong>do</strong> as bênçãos <strong>do</strong> Senhor.Não que o Pai estabeleça prerrogativas injustificáveis. Suaproteção misericordiosa estende-se a to<strong>do</strong>s, indistintamente, masnem to<strong>do</strong>s a recebem, isto é, inúm<strong>era</strong>s criaturas se fecham noegoísmo e na vaidade, envolven<strong>do</strong> o coração em sombras densas.Deus dá em to<strong>do</strong> tempo, mas nem sempre os filhos recebem,de pronto, as dádivas paternais. Apenas os corações que se abremà luz espiritual, que se deixam embeber pelo orvalho divino,correspondem ao ideal <strong>do</strong> Lavra<strong>do</strong>r Celeste.O Altíssimo é o Senhor <strong>do</strong> Universo, sumo dispensa<strong>do</strong>r debênçãos a todas as criaturas. No planeta terreno, Jesus é o SublimeCultiva<strong>do</strong>r. O coração humano é a terra.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 192Cumpre-nos, portanto, compreender que não se lavra o solosem retificá-lo ou sem feri-lo e que somente a terra tratada produziráerva proveitosa, alimentan<strong>do</strong> e benefician<strong>do</strong> na Casa de Deus,atenden<strong>do</strong>, destarte, a esp<strong>era</strong>nça <strong>do</strong> horticultor.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 193118O paralítico“E não poden<strong>do</strong> aproximar-se dele, por causa da multidão,destelharam a casa onde Jesus estava e, feitauma abertura, baixaram o leito em que jazia o paralítico.”– (Marcos, 2:4.)Muitas pessoas confessam sua necessidade <strong>do</strong> Cristo, masfreqüentemente alegam obstáculos que lhes impedem a sublimeaproximação.Uns não conseguem tempo para a meditação, outros experimentamcertas inquietudes que lhes parecem intermináveis.Todavia, para que nos sintamos na vizinhança <strong>do</strong> Mestre,como legítimos interessa<strong>do</strong>s em seus benefícios imortais, faz-seimprescindível estender a capacidade, dilatar os recursos própriose marchar ao encontro dEle, sob a luz da fé viva.Relata-nos o Evangelho de Marcos a curiosa decisão <strong>do</strong> paralíticoque, localizan<strong>do</strong> a casa em que se achava o Senhor, plenamentesitiada pela multidão, longe de perder a oportunidade,amparou-se no auxílio <strong>do</strong>s amigos, deixan<strong>do</strong>-se resvalar por umburaco, leva<strong>do</strong> a efeito no telha<strong>do</strong>, de maneira a beneficiar-se nocontacto <strong>do</strong> Salva<strong>do</strong>r, aproveitan<strong>do</strong> fervorosamente o ensejodivino.Recorda o paralítico de Cafarnaum e, na hipótese de encontraresgrandes dificuldades para gozar a presença <strong>do</strong> Cristo, pelosteus impedimentos de ordem material, dirige-te para o Alto, como amparo de teus amigos espirituais, e deixa-te cair aos seus pésdivinos, receben<strong>do</strong> forças novas que te restabeleçam a paz e obom ânimo.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 194119Glória cristã“Porque a nossa glória é esta: o testemunho da nossaconsciência.” – Paulo. (2ª Epístola aos Coríntios, 1:12.)Desde as tribos selvagens, que preced<strong>era</strong>m a organização dasfamílias humanas, tem si<strong>do</strong> a Terra grande palco utiliza<strong>do</strong> naexibição das glórias passageiras.A concorrência intensificou a procura de títulos honoríficostransitórios.O mun<strong>do</strong> desde muito conhece glórias sangrentas da luta homicida,glórias da avareza nos cofres da fortuna morta, <strong>do</strong> orgulhonos pergaminhos brasona<strong>do</strong>s e inúteis, da vaidade nos prazeresmentirosos que precedem o sepulcro; a ciência cristaliza as quelhe dizem respeito nas academias isoladas; as religiões sectaristasnas pompas externas e nas expressões <strong>do</strong> proselitismo.Num plano onde campeiam tantas glórias fáceis, a <strong>do</strong> cristãoé mais profunda, mais difícil. A vitória <strong>do</strong> segui<strong>do</strong>r de Jesus équase sempre no la<strong>do</strong> inverso <strong>do</strong>s triunfos mundanos. É o la<strong>do</strong>oculto. Raros conseguem vê-lo com olhos mortais.Entretanto, essa glória é tão grande que o mun<strong>do</strong> não a proporciona,nem pode subtraí-la. É o testemunho da consciênciaprópria, transformada em tabernáculo <strong>do</strong> Cristo vivo.No instante divino dessa glorificação, deslumbra-se a almaante as perspectivas <strong>do</strong> Infinito. É que algo de estranho aconteceuaí dentro, na cripta misteriosa <strong>do</strong> coração: o filho achou seu Paiem plena eternidade.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 195120Zelo próprio“Olhai por vós mesmos, para que não percais o vossotrabalho, mas antes recebais o inteiro galardão.” – (2ªEpístola à João, 1:8.)A natureza física, não obstante a deficiência de suas expressõesem face da grandeza espiritual da vida, fornece vasto repositóriode lições, alusivas ao zelo próprio.A fim de que o Espírito receba o sagra<strong>do</strong> ensejo de aprenderna Terra, receberá um corpo equivalente a verdadeiro santuário,Os órgãos e os senti<strong>do</strong>s são as suas potências; mas, semelhantetabernáculo não se ergueria sem as dedicações maternas e, quan<strong>do</strong>a criatura toma conta de si, gastará grande percentagem de tempona limpeza, conservação e defesa <strong>do</strong> templo de carne em que semanifesta. Precisará cuidar da epiderme, da boca, <strong>do</strong>s olhos, dasmãos, <strong>do</strong>s ouvi<strong>do</strong>s.Que acontecerá se algum departamento <strong>do</strong> corpo for esqueci<strong>do</strong>?Excrescências e sujidades trarão veneno à vida.Se o quadro fisiológico, passageiro e mortal, exige tu<strong>do</strong> isso,que não requer de nossa dedicação o Espírito com os seus valoreseternos?Se já recebeste alguma luz, desvela-te em não perdê-la.Intensifica-a em ti.Lava os teus pensamentos em esforço diário, nas fontes <strong>do</strong>Cristo; corrige os teus sentimentos, renova as aspirações colocan<strong>do</strong>-asna direção de Mais Alto.Não te cristalizes.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 196Movimenta-te no trabalho <strong>do</strong> zelo próprio, pois há “micróbiosintangíveis” que podem atacar a alma e paralisá-la durante séculos.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 197121Espinheiros“Nem se vindimam uvas <strong>do</strong>s abrolhos.” – Jesus. (Lucas,6:44.)O cristão é um combatente ativo.Despertan<strong>do</strong> no campo <strong>do</strong> Senhor, aturde-se-lhe a visão coma amplitude e complexidade <strong>do</strong> trabalho.Dificuldades, tropeços, cipoais, ervas daninhas...E o Evangelho, com propriedade de conceituação, elucida quenão se pode vindimar nos espinheiros.Entretanto, teria Jesus assumi<strong>do</strong> a paternidade de semelhanteafirmativa para que cruzemos os braços em falsa beatitude?Se o terreno permanece absorvi<strong>do</strong> pelos abrolhos, o discípulorecebeu inúm<strong>era</strong>s ferramentas <strong>do</strong> Mestre <strong>do</strong>s mestres.Indispensável, pois, enfrentar o serviço.O Cristo encarou, face a face, o sacrifício pela Humanidadeinteira.Será a existência de alguns espinheiros a causa de nossos obstáculosinsuperáveis?Não. Se hoje é impossível a vindima, ataquemos o chão duro.Lavremos o solo ári<strong>do</strong>. Adubemos com suor e lágrimas.Haverá sempre chuvas fecundantes <strong>do</strong> Céu ou generosos mananciaisda Terra, abençoan<strong>do</strong>-nos o esforço.A Divina Providência reside em toda parte. Não olvidemos oimp<strong>era</strong>tivo <strong>do</strong> trabalho e, depois, em lugar <strong>do</strong>s abrolhos, colheremoso fruto suave e <strong>do</strong>ce da videira.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 198122Frutos“Portanto, pelos seus frutos os conhecereis.” – Jesus.(Mateus, 7:20.)O mun<strong>do</strong> atual, em suas elevadas características de inteligência,reclama frutos para examinar as sementes <strong>do</strong>s princípios.O cristão, em razão disso, necessita aprender com a boa árvoreque recebe os elementos da Providência Divina, através daseiva, e converte-os em utilidades para as criaturas.Convém o esforço de auto-análise, a fim de identificarmos aqualidade das próprias ações.Muitas palavras sonoras proporcionam simplesmente a impressãodaquela figueira condenada.É indispensável conhecermos os frutos de nossa vida, de mo<strong>do</strong>a saber se beneficiam os nossos irmãos.A vida terrestre representa oportunidade vastíssima, cheia deportas e horizontes para a eterna luz. Em seus círculos, pode ohomem receber diariamente a seiva <strong>do</strong> Alto, transforman<strong>do</strong>-a emfrutos de natureza divina.Indiscutivelmente, a atualidade reclama ensinos edificantes,mas nada compreenderá sem demonstrações práticas, mesmoporque, desde a antigüidade, consid<strong>era</strong> a sabe<strong>do</strong>ria que a realizaçãomais difícil <strong>do</strong> homem, na esf<strong>era</strong> carnal, é viver e morrer fielao supremo bem.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 199123Esp<strong>era</strong>r em Cristo“Se esp<strong>era</strong>mos em Cristo só nesta vida, somos os maismiseráveis de to<strong>do</strong>s os homens.” – (1ª Epístola aos Coríntios,15:19.)O exame <strong>do</strong> versículo fornece ao estudioso explicações muitoclaras.É natural confiar em Cristo e aguardar nEle, mas que dizer daangústia da alma atormentada no círculo de cuida<strong>do</strong>s terrestres,esp<strong>era</strong>n<strong>do</strong> egoisticamente que Jesus lhe venha satisfazer os caprichosimediatos?Seria razoável contar com o Senhor tão-só nas expressõespassageiras da vida fragmentária?É indispensável descobrir a grandeza <strong>do</strong> conceito de “vida”,sem confundi-lo com “uma vida”.Existir não é viajar da zona de infância, com escalas pela juventude,madureza e velhice, até ao porto da morte; é participarda Criação pelo sentimento e pelo raciocínio, é ser alguém ealguma coisa no concerto <strong>do</strong> Universo.Na condição de encarna<strong>do</strong>s, raros assuntos confundem tantocomo os da morte, interpretada erroneamente como sen<strong>do</strong> o fimdaquilo que não pode desaparecer.É imprescindível, portanto, esp<strong>era</strong>r em Cristo com a noçãoreal da eternidade. A filosofia <strong>do</strong> imediatismo, na Terra, transformaos homens em crianças.Não vos prendais à idade <strong>do</strong> corpo físico, às circunstâncias econdições transitórias. Indagai da própria consciência se permaneceiscom Jesus. E aguardai o futuro, aman<strong>do</strong> e realizan<strong>do</strong> com o


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 200bem, convicto de que a esp<strong>era</strong>nça legítima não é repouso e, sim,confiança no trabalho incessante.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 201124Firmeza de fé“E os que estão sobre a pedra, estes são os que, ouvin<strong>do</strong>a palavra, a recebem com alegria; mas, como nãotêm raiz, apenas crêem por algum tempo, e, na épocada tentação, se desviam.” – Jesus. (Lucas, 8:13.)A palavra “pedra”, entre nós, costuma simbolizar rigidez eimpedimento; no entanto, convém não esquecer que Jesus, de vezem quan<strong>do</strong>, a ela recorria para significar a firmeza. Pedro foichama<strong>do</strong> pelo Mestre, certa vez, a “rocha viva da fé”.O Evangelho de Lucas fala-nos daqueles que estão sobre pedra,os quais receberão a palavra com alegria, mas que, por ausênciade raiz, caem, fatalmente, na época das tentações.Não são poucos os que estranham essa promessa de tentações,que, aliás, devem ser consid<strong>era</strong>das como experiências imprescindíveis.Na organização <strong>do</strong>méstica, os pais cuidarão excessivamente<strong>do</strong>s filhos, em pequeninos, mas a demasia de ternura é imprópriano tempo em que necessitam demonstrar o esforço de si mesmos.O chefe de serviço ensinará os auxiliares novos com paciênciae, depois, exigirá, com justiça, expressões de trabalho próprio.Reconhecemos, assim, pelo apontamento de Lucas, que nasexperiências religiosas não é aconselhável repousar alguém sobrea firmeza espiritual <strong>do</strong>s outros; enquanto o imprevidente descansaem bases estranhas, provavelmente estará tranqüilo, mas, se nãopossui raízes de segurança em si mesmo, desviar-se-á nas épocasdifíceis, com a finalidade de procurar alicerces alheios.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 202Tu<strong>do</strong> convida o homem ao trabalho de seu aperfeiçoamento eiluminação.Respeitemos a firmeza de fé, onde ela existir, mas não olvidemosa edificação da nossa, para a vitória estável.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 203125Filhos e servos“Ora, o servo não fica para sempre na casa; o filho ficapara sempre.” – Jesus. (João, 8:35.)Na sua exemplificação, ensinou-nos Jesus como alcançar o títulode filiação a Deus.O trabalho ativo e incessante, o desprendimento <strong>do</strong>s interessesinferiores <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, a perfeita submissão aos desígnios divinos,constituíram traços fundamentais de suas lições na Terra.Muitos homens, notáveis pela bondade, pelo caráter adamantino,sacer<strong>do</strong>tes dignos e crentes sinceros, poderão ser dedica<strong>do</strong>sservos <strong>do</strong> Altíssimo. Mas o Cristo induziu-nos a ser mais algumacoisa. Convi<strong>do</strong>u-nos a ser filhos, esclarecen<strong>do</strong> que esses ficam“para sempre na casa”.E os servos? esses, muita vez, experimentam modificações.Nem sempre permanecerão, ao la<strong>do</strong> <strong>do</strong> Pai.Mas não é a Terra, igualmente, uma dependência, ainda quehumilde, da casa de Deus? Aí palpita a essência da lição.O Mestre aludiu aos servos como pessoas suscetíveis de váriosinteresses próprios. Os filhos, todavia, possuem interesses emcomum com o Pai. Os primeiros, servin<strong>do</strong> a Deus e a si mesmos,porque como servi<strong>do</strong>res aguardam remun<strong>era</strong>ção, podem sofr<strong>era</strong>nsiedades, aflições, delírios e <strong>do</strong>res ásp<strong>era</strong>s. Os filhos, porém,estão sempre “na casa”, isto é, permanecerão em paz, superioresàs circunstâncias mais duras, porquanto reconhecem, acima detu<strong>do</strong>, que pertencem a Deus.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 204126Í<strong>do</strong>los“Que vos abstenhais das coisas sacrificadas aos í<strong>do</strong>los.”– (Atos, 15:29.)Os ambientes religiosos não perceb<strong>era</strong>m ainda toda a extensão<strong>do</strong> conceito de i<strong>do</strong>latria.Quan<strong>do</strong> nos referimos a í<strong>do</strong>los, tu<strong>do</strong> parece indicar exclusivamenteas imagens materializadas nos altares de pedra. Essa é,porém, a face mais singela <strong>do</strong> problema.Necessitam os homens exterminar, antes de tu<strong>do</strong>, outros í<strong>do</strong>losmais perigosos, que lhes perturbam a visão e o sentimento.Demora-se a alma, muitas vezes, em a<strong>do</strong>ração mentirosa.Refere-se o versículo às “coisas sacrificadas aos í<strong>do</strong>los” e ohomem está rodea<strong>do</strong> de coisas da vida. Movimentan<strong>do</strong>-as, a criaturaenriquece o patrimônio evolutivo. Ë necessário, no entanto,diferenciar as que se encontram consagradas a Deus das sacrificadasaos í<strong>do</strong>los.A ambição de alcançar os valores espirituais, de acor<strong>do</strong> comJesus, chama-se virtude; o propósito de atingir vantagens transitóriasno campo carnal, no plano da inquietação injusta, chama-seinsensatez.Os “primeiros lugares”, que o Mestre nos recomen<strong>do</strong>u evitemos,representam í<strong>do</strong>los igualmente. Não consagrar, portanto, ascoisas da vida e da alma ao culto <strong>do</strong> imediatismo terrestre, éescapar de grosseira posição a<strong>do</strong>rativa.Quan<strong>do</strong> te encontres, pois, preocupa<strong>do</strong> com os insucessos edesgostos, no círculo individual, não olvides que o Cristo, acei-


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 205tan<strong>do</strong> a cruz, ensinou-nos o recurso de eliminar a i<strong>do</strong>latria mantidaem nosso caminho por nós mesmos.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 206127Enquanto é dia“Convém que eu faça as obras dAquele que me enviou,enquanto é dia.” – Jesus. (João, 9:4.)Sabemos que o labor divino <strong>do</strong> Mestre é incessante e efetuasenum dia perene e resplandecente de oportunidades; no entanto,para gravar-nos no entendimento o valor real da passagem naTerra, fala-nos Jesus de sua conveniência em aproveitar o ensejo<strong>do</strong> contacto direto com as criaturas.Se semelhante atitude constitui motivo de preocupação para oMestre, que não dizer de nós mesmos, nos círculos carnais ou nasesf<strong>era</strong>s que lhes são imediatas, dentro das obrigações que noscompetem na sagrada realização <strong>do</strong> bem eterno?Cristo não se refere à necessidade de falar das obras de Deus,mas, sim, de construí-las a seu tempo.Não ignoramos que, sen<strong>do</strong> Ele o Envia<strong>do</strong> <strong>do</strong> Altíssimo nomun<strong>do</strong>, os discípulos da Boa Nova são, a seu turno, os mensageiros<strong>do</strong> seu amor, nos mais recônditos lugares <strong>do</strong> orbe terrestre. Osque vibram de coração volta<strong>do</strong> para o Evangelho são, efetivamente,emissários da Divina Lição entre os companheiros da vidamaterial, onde quer que estejam, e bem-aventura<strong>do</strong>s serão to<strong>do</strong>saqueles que aproveitarem o dia generoso, realizan<strong>do</strong> em si própriose em derre<strong>do</strong>r de seus passos as obras santificadas dAqueleque os enviou.Jamais desdenhes, desse mo<strong>do</strong>, a posição em que te encontrares.Busca valorizá-la, através de to<strong>do</strong>s os meios ao teu alcance, afim de que teu esforço seja uma fonte de bênçãos para os outros epara teu próprio círculo. Nunca te esqueças de aproveitar o tempona aquisição de luz, enquanto é dia.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 207128Dádivas espirituais“E, descen<strong>do</strong> eles <strong>do</strong> monte, Jesus lhes ordenou, dizen<strong>do</strong>:A ninguém conteis a visão, até que o Filho <strong>do</strong> homemressuscite dentre os mortos.” – (Mateus, 17:9.)Se o homem necessita de grande prudência nos atos da vidacomum, maior vigilância se exige da criatura, no trato com aesf<strong>era</strong> espiritual.É o próprio Mestre Divino quem no-lo exemplifica.Ten<strong>do</strong> conduzi<strong>do</strong> Tiago, Pedro e João às maravilhosas revelações<strong>do</strong> Tabor, onde se transfigurou ao olhar <strong>do</strong>s companheiros,junto de gloriosos emissários <strong>do</strong> plano superior, recomenda solícito:“A ninguém conteis a visão, até que o Filho <strong>do</strong> homem sejaressuscita<strong>do</strong> <strong>do</strong>s mortos.”O Mestre não determinou a mentira, entretanto, aconselhou seguardasse a verdade para ocasião oportuna.Cada situação reclama certa cota de conhecimento.Sabia Jesus que a narrativa prematura da sublime visão poderiadespertar incompreensões e sarcasmos nas conversações vulgarese ociosas.Não esqueçamos que to<strong>do</strong>s nós estamos marchan<strong>do</strong> paraDeus, salientan<strong>do</strong>-se, porém, que os caminhos não são os mesmospara to<strong>do</strong>s.Se guardas contigo preciosa experiência espiritual, indubitavelmentepoderás usá-la, to<strong>do</strong>s os dias, utilizan<strong>do</strong>-a em <strong>do</strong>sesapropriadas, a fim de auxiliares a cada um <strong>do</strong>s que te cercam, naposição particularizada em que se encontram; mas não barateies oque a esf<strong>era</strong> mais alta te concedeu, entregan<strong>do</strong> a dádiva às incom-


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 208preensões criminosas, porque tu<strong>do</strong> o que se conquista <strong>do</strong> Céu érealização intransferível.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 209129Origem das tentações“Mas cada um é tenta<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong> atraí<strong>do</strong> e engoda<strong>do</strong>pela sua própria concupiscência.” – (Tiago, 1:14.)G<strong>era</strong>lmente, ao surgirem grandes males, os participantes daqueda imputam a Deus a causa que lhes determinou o desastre.Lembram-se, tardiamente de que o Pai é To<strong>do</strong>-Poderoso e alegamque a tentação somente poderia ter vin<strong>do</strong> <strong>do</strong> Divino Desígnio.Sim, Deus é o Absoluto Amor e tanto é assim que os decaí<strong>do</strong>sse conservam de pé, contan<strong>do</strong> com os eternos valores <strong>do</strong> tempo,ampara<strong>do</strong>s por suas mãos compassivas. As tentações, todavia, nãoprocedem da Paternidade Celestial.Seria, porventura, o estadista humano responsável pelos atosdesrespeitosos de quantos inquinam a lei por ele criada?As referências <strong>do</strong> Apóstolo estão profundamente tocadas pelaluz <strong>do</strong> céu.“Cada um é tenta<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong> atraí<strong>do</strong> pela própria concupiscência.”Examinemos particularmente ambos os substantivos “tentação”e “concupiscência”. O primeiro exterioriza o segun<strong>do</strong>, queconstitui o fun<strong>do</strong> vicia<strong>do</strong> e perverso da natureza humana primitivista.Ser tenta<strong>do</strong> é ouvir a malícia própria, é abrigar os inferioresalvitres de si mesmo, porquanto, ainda que o mal venha <strong>do</strong> exterior,somente se concretiza e persev<strong>era</strong> se com ele afinamos, naintimidade <strong>do</strong> coração.Finalmente, destaquemos o verbo “atrair”. Verificaremos aextensão de nossa inferioridade pela natureza das coisas e situaçõesque nos atraem.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 210A observação de Tiago é roteiro certo para analisarmos a origemdas tentações.Recorda-te de que cada dia tem situações magnéticas específicas.Consid<strong>era</strong> a essência de tu<strong>do</strong> o que te atraiu no curso dashoras e eliminarás os males próprios, atenden<strong>do</strong> ao bem que Jesusdeseja.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 211130Tristeza“Porque a tristeza, segun<strong>do</strong> Deus, op<strong>era</strong> arrependimentopara a salvação, o qual não traz pesar; mas atristeza <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> g<strong>era</strong> a morte.” – Paulo. (2ª Epístolaaos Coríntios, 7:10.)Conforme observamos na advertência de Paulo, há “uma tristezasegun<strong>do</strong> Deus” e outra “segun<strong>do</strong> a Terra”. A primeira solucionaproblemas atinentes à vida verdadeira, a segunda é caminhopara a morte, como símbolo de estagnação, no desvio <strong>do</strong>s sentimentos.Muita gente consid<strong>era</strong> virtudes a lamentação incessante e otédio continua<strong>do</strong>. Encontramos os tristes pela ausência de dinheiroadequa<strong>do</strong> aos excessos; vemos os tortura<strong>do</strong>s que se lastimampela impossibilidade de praticar o mal; ouvimos os vicia<strong>do</strong>s naqueixa <strong>do</strong>entia, incapazes <strong>do</strong> prazer de servir sem aguilhões. Essaé a tristeza <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> que prende o Espírito à teia de reencarnaçõescorretivas e perigosas.Raros homens se tocam da “tristeza segun<strong>do</strong> Deus”. Muitopoucos contemplam a si próprios, consid<strong>era</strong>n<strong>do</strong> a extensão dasfalhas que lhes dizem respeito, em marcha para a restauração davida, no presente e no porvir. Quem avança por esse caminhoredentor, se chora jamais atinge o plano <strong>do</strong> soluço enfermiço e dainutilidade, porque sabe reajustar-se, valen<strong>do</strong>-se <strong>do</strong> tempo, agolpes benditos de esforço para as novas edificações <strong>do</strong> destino.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 212131Homens e anjos“Enquanto os anjos, sen<strong>do</strong> maiores em força e poder,não pronunciam contra eles juízo blasfemo diante <strong>do</strong>Senhor.” – (2ª Epístola a Pedro, 2:11.)É lastimável observar o grande número de pessoas que estãosempre dispostas a proferir sentenças blasfematórias, umas paracom as outras. A leviandade <strong>do</strong>mina-lhes as conversações, amesquinhez corrompe-lhes as atividades nos mais diversos setoresda vida.Exceção feita aos sinceros cultiva<strong>do</strong>res da luz religiosa, quaseto<strong>do</strong>s os homens se conservam à porta de situações ásp<strong>era</strong>s emque o esforço difamatório lhes envenena a vida. Alimentam antipatiasinjustas para com os irmãos de atividade profissional, pelopróximo que lhes não aceita as idéias, pelos companheiros que senão afinam com os seus princípios. E como a lei é de compensaçãoe troca, receberão <strong>do</strong>s colegas e <strong>do</strong>s vizinhos as mesmasvibrações destrui<strong>do</strong>ras.Guerras silenciosas, nesse senti<strong>do</strong>, têm, por vezes, secular duração.Entretanto, o homem jactancioso está sempre rodea<strong>do</strong> pelaação benéfica de Espíritos ilumina<strong>do</strong>s e generosos, que, quantomais revesti<strong>do</strong>s de poder divino, mais se compadecem das fragilidadeshumanas, estenden<strong>do</strong>-lhes mãos acolhe<strong>do</strong>ras para o caminhoe jamais pronuncian<strong>do</strong> juízos condenatórios diante <strong>do</strong> Senhor.Toda vez que fores compeli<strong>do</strong> a analisar os esforços alheios,recorda a palavra de Pedro. Não te esqueças de que as entidadesangélicas, mananciais vivos e sublimes de força e poder, nuncaenunciam sentenças acusatórias contra ti, diante de Deus.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 213132Sempre adiante“Porque de quem alguém é venci<strong>do</strong>, <strong>do</strong> tal faz-se tambémescravo.” - (2ª Epístola a Pedro, 2:19.)O Espírito encarna<strong>do</strong>, a fim de alcançar os altos objetivos davida, precisa reconhecer sua condição de aprendiz, extrain<strong>do</strong> oproveito de cada experiência, sem escravizar-se.O dinheiro ou a necessidade material, a <strong>do</strong>ença e a saúde <strong>do</strong>corpo são condições educativas de imenso valor para os que saibamaproveitar o ensejo de elevação em sua essência legitima.Infelizmente, porém, de maneira g<strong>era</strong>l, a criatura apenas reconhecesemelhantes verdades quan<strong>do</strong> se abeira da transformaçãopela morte <strong>do</strong> corpo terrestre.Raras pessoas transitam de uma situação para outra com adignidade devida. Comumente, se um rico é transferi<strong>do</strong> a lugar deescassez, dá-se a tão extremas lamentações que acaba venci<strong>do</strong>,como servo miserável da mendicância; se o pobre é conduzi<strong>do</strong> aelevada posição financeira, não raro se transforma em ordena<strong>do</strong>rinsensato, escravizan<strong>do</strong>-se à extravagância e à tirania.É imprescindível muito cuida<strong>do</strong> para que as posições transitóriasnão paralisem os vôos da alma.Guarda a retidão de consciência e atira-te ao trabalho edificante;então, a teus olhos, toda situação representará oportunidadede atingir o “mais alto” e o “mais além”.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 214133Hegemonia de Jesus“Disse-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digoque, antes que Abraão existisse, eu sou.” – (João, 8:58.)É impossível localizar o Cristo na História, à maneira dequalquer personalidade humana.A divina revelação de que foi Emissário Excelso e o harmoniosoconjunto de seus exemplos e ensinos falam mais alto que amensagem instável <strong>do</strong>s mais eleva<strong>do</strong>s filósofos que visitaram omun<strong>do</strong>.Antes de Abraão, ou preceden<strong>do</strong> os grandes vultos da sabe<strong>do</strong>riae <strong>do</strong> amor na história mundial, o Cristo já <strong>era</strong> o luminosocentro das realizações humanas. De sua misericórdia partiram osmissionários da luz que, lança<strong>do</strong>s ao movimento da evoluçãoterrestre, cumpriram, mais ou menos bem, a tarefa redentora quelhes competia entre as criaturas, anteceden<strong>do</strong> as eternas edificações<strong>do</strong> Evangelho.A localização histórica de Jesus recorda a presença pessoal <strong>do</strong>Senhor da Vinha. O Envia<strong>do</strong> de Deus, o Tutor Amoroso e Sábio,veio abrir caminhos novos e estabelecer a luta salva<strong>do</strong>ra para queos homens reconheçam a condição de eternidade que lhes é própria.Os filósofos e amigos ilustres da Humanidade falaram às criaturas,revelan<strong>do</strong> em si uma luz refratada, como a <strong>do</strong> satélite queilumina as noites terrenas; os apelos desses embaixa<strong>do</strong>res dignose esclareci<strong>do</strong>s são formosos e edificantes; todavia, nunca se furtamà mescla de sombras.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 215A vinda <strong>do</strong> Cristo, porém, é diversa. Em sua presença divinatemos a fonte da verdade positiva, o sol que resplandece.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 216134Basta pouco“Disse-lhe Judas: Senhor, <strong>do</strong>nde vem que te hás demanifestar a nós e não ao mun<strong>do</strong>?” – (João, 14:22.)Um <strong>do</strong>s fatos mais surpreendentes <strong>do</strong> Cristianismo é a posiçãoescolhida pelo Salva<strong>do</strong>r, a fim de anunciar as verdades eternas.Não aparece Jesus em decretos sensacionais, em troféus revolucionáriosou em situações de <strong>do</strong>mínio. Chega em paz à manje<strong>do</strong>urasimples, exemplifica o trabalho, conversa com alguns homensobscuros de uma aldeota singela e, só com isso, prepara atransformação da Humanidade inteira.Para o mun<strong>do</strong> inferior, todavia, a pergunta de Tadeu ainda éde plena atualidade.As criaturas vulgares só entendem os que se impõem aos demais,ainda que, para isso, sejam compelidas a ouvir sentençastirânicas, proferidas em tribunas sanguinolentas; apenas compreendemespetáculos que ferem a visão e gestos teatrais <strong>do</strong>s que<strong>do</strong>minam por um dia para sofrerem amanhã o mesmo processotransforma<strong>do</strong>r imposto ao mun<strong>do</strong> transitório ao qual se dirigem.Jesus, todavia, falou à alma imortal. Por esse motivo, suas revelaçõesnunca morrem. Além disso provou não ser necessária aevidência social ou econômica para o serviço de utilidade a Deus,demonstran<strong>do</strong>, ainda, não ser para isso indispensável a cidadecom as arregimentações e recursos faustosos. Bastarão os princípiosedificantes e simples, uma aldeota sem nome e alguns poucosamigos.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 217O porta<strong>do</strong>r da boa-vontade sabe que foi esse o material comque o Cristo iniciou a remodelação da vida terrestre.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 218135O ouro intransferível“Aconselho-te que de mim compres ouro prova<strong>do</strong> nofogo, para que te enriqueças.” – (Apocalipse, 8:18.)Sempre vulgares as aquisições de custo fácil.Nada difícil ao homem comum perseguir as possibilidades financeiras,aliciar interesses mesquinhos, inventar mil recursospara atingir os fins inferiores; entretanto, os que a<strong>do</strong>tam semelhantenorma desconhecem o caráter sagra<strong>do</strong> <strong>do</strong> mais humildepatrimônio que lhes vai às mãos, abusan<strong>do</strong> da posse para sentirem-se,depois, mais empobreci<strong>do</strong>s que nunca.A recomendação divina é suficientemente clara.Para que um homem se enriqueça, deve adquirir o ouro prova<strong>do</strong>no fogo, fortuna essa que procede das mãos generosas <strong>do</strong>Altíssimo.Somente essa riqueza espiritual, adquirida nas situações detrabalho árduo, de profunda compreensão, de vitória sobre simesmo, de esforço incessante, conferirá ao Espírito a posição deascendência legítima, de bem-estar permanente, além das transformaçõesimpostas pelo sepulcro, e apenas levará a efeito tãoelevada conquista após entregar-se totalmente ao Pai para a grandeza<strong>do</strong> Divino Serviço.O homem mobiliza<strong>do</strong> pelo homem poderá, sem dúvida, recebervolumosos salários. Convenhamos, porém, que esses bens setransformam sempre ou algum dia serão transferi<strong>do</strong>s a outrempelo detentor provisório. No entanto, quan<strong>do</strong> o trabalha<strong>do</strong>r gastasuas possibilidades nos trabalhos <strong>do</strong> bem, com esquecimento <strong>do</strong>egoísmo, desinteressa<strong>do</strong> de si próprio, colocan<strong>do</strong> acima <strong>do</strong>s capri-


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 219chos da personalidade os objetivos da Obra de Deus, lutan<strong>do</strong>,aman<strong>do</strong>, sofren<strong>do</strong> e entregan<strong>do</strong>-se a Ele, adquire, indiscutivelmente,o ouro eterno e intransferível.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 220136Coisas terrestres e celestiais“Se vos tenho fala<strong>do</strong> de coisas terrestres, e não me credes,como crereis se vos falar das celestiais? – Jesus.(João, 3:12.)No intercâmbio com o mun<strong>do</strong> espiritual, é freqüente a reclamaçãode certos estudiosos, relativamente à ausência de informaçõesdas entidades comunicantes, no que se refere às particularidadesalusivas às atividades em que se movimentam.Por que não se fazem mais explícitos os desencarna<strong>do</strong>s quantoao novo gênero de vida a que foram chama<strong>do</strong>s? como serãosuas cidades, suas casas, seus processos de relações comuns?através de que meios se organizam hi<strong>era</strong>rquicamente? terão governosnos moldes terrestres?Indagam outros, relativamente às razões pelas quais os cientistaslibertos <strong>do</strong> plano físico não voltam aos antigos centros depesquisas e realizações, vulgarizan<strong>do</strong> méto<strong>do</strong>s de cura para aschamadas moléstias incuráveis ou revelan<strong>do</strong> invenções novas queacelerem o progresso mundial.São esses os argumentos apressa<strong>do</strong>s da preguiça humana.Se os Espíritos comunicantes têm trata<strong>do</strong> quase que somente<strong>do</strong> material existente em torno das próprias criaturas terrenas,num curso metódico de introdução a tarefas mais altas e ainda nãopud<strong>era</strong>m ser integralmente ouvi<strong>do</strong>s, que viria a acontecer se olvidassemcompromissos graves, dan<strong>do</strong>-se ao gosto de comentáriosprematuros?


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 221É necessário compreenda o homem que Deus concede os auxílios;entretanto, cada Espírito é obriga<strong>do</strong> a talhar a própriaglória.A grande tarefa <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> espiritual, em seu mecanismo derelações com os homens encarna<strong>do</strong>s, não é a de trazer conhecimentossensacionais e extemporâneos, mas a de ensinar os homensa ler os sinais divinos que a vida terrestre contém em simesma, iluminan<strong>do</strong>-lhes a marcha para a espiritualidade superior.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 222137O banquete <strong>do</strong>s publicanos“E os fariseus, ven<strong>do</strong> isto, diss<strong>era</strong>m aos seus discípulos:Por que come o vosso Mestre com os publicanos e peca<strong>do</strong>res?”– (Mateus, 9:11.)De maneira g<strong>era</strong>l, a comunidade cristã, em seus diversos setores,ainda não percebeu toda a significação <strong>do</strong> banquete <strong>do</strong> Mestre,entre publicanos e peca<strong>do</strong>res.Não só a última ceia com os discípulos mais íntimos se revestiude singular importância. Nessa reunião de Jerusalém, ocorridana Páscoa, revela-nos Jesus o caráter sublime de suas relaçõescom os amigos de apostola<strong>do</strong>. Trata-se de ágape íntimo e familiar,solenizan<strong>do</strong> despedida afetuosa e divina lição ao mesmo tempo.No entanto, é necessário recordar que o Mestre atendia a essecírculo em derradeiro lugar, porquanto já se havia banquetea<strong>do</strong>carinhosamente com os publicanos e peca<strong>do</strong>res. Partilhava a ceiacom os discípulos, num dia de alta vibração religiosa, mas comungarao júbilo daqueles que viviam a distância da fé, reunin<strong>do</strong>os,generoso, e conferin<strong>do</strong>-lhes os mesmos bens nasci<strong>do</strong>s de seuamor.O banquete <strong>do</strong>s publicanos tem especial significa<strong>do</strong> na história<strong>do</strong> Cristianismo. Demonstra que o Senhor abraça a to<strong>do</strong>s osque desejem a excelência de sua alimentação espiritual nos trabalhosde sua vinha, e que não só nas ocasiões de fé permanecepresente entre os que o amam; em qualquer tempo e situação, estápronto a atender as almas que o buscam.O banquete <strong>do</strong>s peca<strong>do</strong>res foi ofereci<strong>do</strong> antes da ceia aos discípulos.E não nos esqueçamos de que a mesa divina prossegue


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 223em sublime serviço. Resta aos comensais o aproveitamento daconcessão.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 224138Pretensões“Eu plantei, Apolo regou; mas Deus deu o crescimento.”– Paulo. - (1ª Epístola aos Coríntios, 3:6.)A igreja de Corinto estava cheia de alegações <strong>do</strong>s discípulosinquietos.Certos componentes da instituição imprimiam maior valoraos esforços de Paulo, enquanto outros conferiam privilégios deedificação a Apolo.O advoga<strong>do</strong> <strong>do</strong>s gentios foi divinamente inspira<strong>do</strong>, comentan<strong>do</strong>o assunto em sua carta.Por que pretensões individuais numa obra da qual somos to<strong>do</strong>sbeneficiários <strong>do</strong> mesmo Senhor?Na atualidade, é louvável o exame da recomendação de Pauloaos Coríntios, porquanto já não são os usufrutuários da organizaçãocristã que se rejubilam pela recepção das bênçãos <strong>do</strong> Evangelhoatravés desse ou daquele <strong>do</strong>s trabalha<strong>do</strong>res <strong>do</strong> Cristo, mas osoperários da causa que, por vezes, chegam ao campo de serviçoexibin<strong>do</strong>-se por vultos destaca<strong>do</strong>s dessa ou daquela obra <strong>do</strong> bem.A certeza de que “toda boa dádiva vem de Deus” constituiexcelente exercício para os trabalhos comuns.É interessante observar como está sempre disposto o homema se apropriar de circunstâncias que o elevem no alheio conceitocom facilidade. Sempre inclina<strong>do</strong> a destacar-se nos círculos <strong>do</strong>bem que ainda lhe não pertence de mo<strong>do</strong> substancial, raramenteassume a paternidade <strong>do</strong>s erros que comete. Essa é uma das singularescontradições da criatura.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 225Não te esqueças. O serviço é de to<strong>do</strong>s. Uns plantam, outrosadubam. Vive contente no setor de trabalho confia<strong>do</strong> às tuas mãosou à tua inteligência e serve sem pretensões, porque o homemprepara a terra e organiza a semeadura, por misericórdia da Providência,mas é Deus quem põe as flores nas frondes e concede osfrutos, segun<strong>do</strong> o merecimento.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 226139Por amor“Cegou-lhes os olhos e endureceu-lhes o coração, a fimde que não vejam com os olhos e compreendam no coraçãoe se convertam e eu os cure.” – (João, 12:40.)Os planos mais humildes da Natureza revelam a ProvidênciaDivina, em sob<strong>era</strong>na expressão de desvelo e amor.Os lírios não tecem, as aves não guardam provisões e misteriosaforça fornece-lhes o necessário.A observação sobre a vida <strong>do</strong>s animais demonstra os extremosde ternura com que o Pai vela pela Criação desde o princípio:aqui, uma asa; acolá, um dente a mais; ali, desconheci<strong>do</strong> poder dedefesa.Afirma-se a grande revelação de amor em tu<strong>do</strong>.No entanto, quan<strong>do</strong> o Pai convoca os filhos à coop<strong>era</strong>ção nassuas obras, eis que muita vez se salientam os ingratos, que convertemos favores recebi<strong>do</strong>s, não em deveres nobres e construtivos,mas em novas exigências; então, faz-se preciso que o coraçãose lhes endureça cada vez mais, porque, fora <strong>do</strong> equilíbrio, encontrarãoo sofrimento na restauração indispensável das leis externasdesse mesmo amor divino. Quan<strong>do</strong> nada enxergam além <strong>do</strong>saspectos materiais da paisagem transitória, sobrevém, inopinadamente,a luta depura<strong>do</strong>ra.É quan<strong>do</strong> Jesus chega e op<strong>era</strong> a cura.Só então torna o ingrato à compreensão da MagnanimidadeDivina.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 227O amor equilibra, a <strong>do</strong>r restaura. É por isso que ouvimos muitasvezes: “Nunca teria acredita<strong>do</strong> em Deus se não houvessesofri<strong>do</strong>.”


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 228140Para os montes“Então, os que estiverem na Judéia, fujam para osmontes.” - Jesus. (Mateus, 24:16.)Referin<strong>do</strong>-se aos instantes <strong>do</strong>lorosos que assinalariam a renovaçãoplanetária, aconselhou o Mestre aos que estivessem naJudéia procurar os montes. A advertência é profunda, porque, pelotermo “Judéia”, devemos tomar a “região espiritual” de quantos,pelas aspirações íntimas, se aproximem <strong>do</strong> Mestre para a supremailuminação.E a atualidade da Terra é <strong>do</strong>s mais fortes quadros nesse gênero.Em to<strong>do</strong>s os recantos, estabelecem-se lutas e ruínas. Venenosmortíferos são inocula<strong>do</strong>s pela política inconsciente nas massaspopulares. A baixada está repleta de nevoeiros tremen<strong>do</strong>s. Oslugares santos permanecem cheios de trevas abomináveis. Algunshomens caminham ao sinistro clarão de incêndios. Aduba-se ochão com sangue e lágrimas, para a semeadura <strong>do</strong> porvir.É chega<strong>do</strong> o instante de se retirarem os que permanecem naJudéia para os “montes” das idéias superiores. É indispensávelmanter-se o discípulo <strong>do</strong> bem nas alturas espirituais, sem aban<strong>do</strong>nara coop<strong>era</strong>ção elevada que o Senhor exemplificou na Terra;que aí consolide a sua posição de colabora<strong>do</strong>r fiel, invencível napaz e na esp<strong>era</strong>nça, convicto de que, após a passagem <strong>do</strong>s homensda perturbação, porta<strong>do</strong>res de destroços e lágrimas, são os filhos<strong>do</strong> trabalho que semeiam a alegria, de novo, e reconstroem oedifício da vida.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 229141Pior para eles“Então começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu esta Escrituraem vossos ouvi<strong>do</strong>s.” – (Lucas, 4:21.)Toman<strong>do</strong> lugar junto <strong>do</strong>s habitantes de Nazaré, exclamou Jesus,após ler algumas promessas de Isaias: “Hoje se cumpriu estaEscritura em vossos ouvi<strong>do</strong>s.”Os agrupamentos religiosos são procura<strong>do</strong>s, quase sempre,por investiga<strong>do</strong>res curiosos que, à primeira vista, parecem vagabun<strong>do</strong>sitin<strong>era</strong>ntes; todavia, é forçoso reconhecer que há sempreascendentes espirituais compelin<strong>do</strong>-lhes o espírito ao exame e àconsulta; eles próprios não saberiam definir essa convocação sutile silenciosa que os obriga a ouvir, por vezes, grandes preleções,longas palestras, exposições e elucidações que, aparentemente,não os interessam.Em várias circunstâncias, afirmam tol<strong>era</strong>r o assunto, em vista<strong>do</strong> código de gentileza e <strong>do</strong> respeito mútuo; entretanto, não éassim. Existe algo mais forte, além das boas maneiras que oscompelem a ouvir. É que soou o momento da revelação espiritualpara eles.Muitos continuam indiferentes, irônicos, recalcitrantes, mas aresponsabilidade <strong>do</strong> conhecimento já lhes pesa nos ombros e, sepudessem sentir a verdade com mais clareza, albergariam a carinhosaadmoestação <strong>do</strong> Mestre no íntimo da alma: “Hoje se cumpreesta Escritura em vossos ouvi<strong>do</strong>s.”A misericórdia foi dispensada. Deu Jesus alguma coisa de suabondade infinita. Cumpriu-se a divina palavra. Se os interessa<strong>do</strong>snão se beneficiarem com ela, pior para eles.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 230142Um só Senhor“Nenhum servo pode servir a <strong>do</strong>is senhores.” – Jesus.(Lucas, 16:13.)Se os cristãos de to<strong>do</strong>s os tempos encontraram <strong>do</strong>lorosas situaçõesde perplexidade nas estradas <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, é que, depois <strong>do</strong>sapóstolos e <strong>do</strong>s mártires, a maioria tem coop<strong>era</strong><strong>do</strong> na divulgaçãode falsos sentimentos, com respeito ao Senhor a quem devemservir.Como o Reino <strong>do</strong> Cristo ainda não é da Terra, não se pode satisfaz<strong>era</strong> Jesus e ao mun<strong>do</strong>, a um só tempo. O vício e o dever nãose aliam na marcha diária.Que dizer de um homem que pretenda dirigir <strong>do</strong>is centros deatividade antagônica, em simultâneo esforço?Cristo é a linha central de nossas cogitações.Ele é o Senhor único, depois de Deus, para os filhos da Terra,com direitos inalienáveis, porquanto é a nossa luz <strong>do</strong> primeiro diaevolutivo e adquiriu-nos para a redenção com os sacrifícios de seuamor.Somos servos dEle. Precisamos atender-lhe aos interesses sublimes,com humildade. E, para isso, é necessário não fugir <strong>do</strong>mun<strong>do</strong>, nem das responsabilidades que nos cercam, mas, sim,transformar a parte de serviço confiada ao nosso esforço, noscírculos de luta, em célula de trabalho <strong>do</strong> Cristo.A tarefa primordial <strong>do</strong> discípulo é, portanto, compreender ocaráter transitório da existência carnal, consagrar-se ao Mestrecomo centro da vida e oferecer aos semelhantes os seus divinosbenefícios.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 231143Legião <strong>do</strong> mal“E perguntou-lhe: Qual é o teu nome? – Ao que elerespondeu: Legião é o meu nome, porque somos muitos.”– (Marcos, 5:9.)O Mestre legou inolvidável lição aos discípulos nesta passagem<strong>do</strong>s Evangelhos.Dispensa<strong>do</strong>r <strong>do</strong> bem e da paz, aproxima-se Jesus <strong>do</strong> Espíritoperverso que o recebe em desesp<strong>era</strong>ção.O Cristo não se impacienta e indaga carinhosamente de seunome, responden<strong>do</strong>-lhe o interpela<strong>do</strong>:“Chamo-me Legião, porque somos muitos.”Os aprendizes que o seguiam não soub<strong>era</strong>m interpretar a cena,em toda a sua expressão simbólica.E até hoje pergunta-se pelo conteú<strong>do</strong> da ocorrência com justificávelestranheza.É que o Senhor desejava transmitir imortal ensinamento aoscompanheiros de tarefa redentora.À frente <strong>do</strong> Espírito delinqüente e perturba<strong>do</strong>, Ele <strong>era</strong> apenasum; o interlocutor, entretanto, denominava-se “Legião”, representavamaioria esmaga<strong>do</strong>ra, personificava a massa vastíssima dasintenções inferiores e criminosas. Revelava o Mestre que, porindetermina<strong>do</strong> tempo, o bem estaria em proporção diminuta compara<strong>do</strong>ao mal em aludes arrasa<strong>do</strong>res.Se te encontras, pois, a serviço <strong>do</strong> Cristo na Terra, não te esqueçasde persev<strong>era</strong>r no bem, dentro de todas as horas da vida,convicto de que o mal se faz sentir em derre<strong>do</strong>r, à maneira de


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 232legião ameaça<strong>do</strong>ra, exigin<strong>do</strong> funda serenidade e grande confiançano Cristo, com trabalho e vigilância, até à vitória final.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 233144Que temos com o Cristo?“Ah! que temos contigo, Jesus Nazareno? vieste destruir-nos?Bem sei quem és: o Santo de Deus.” – (Marcos,1:24.)Grande erro supor que o Divino Mestre houvesse termina<strong>do</strong> oserviço ativo, no Calvário.Jesus continua caminhan<strong>do</strong> em todas as direções <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>;seu Evangelho redentor vai triunfan<strong>do</strong>, palmo a palmo, no terreno<strong>do</strong>s corações.Semelhante circunstância deve ser lembrada porque tambémos Espíritos maléficos tentam repelir o Senhor diariamente.Refere-se o evangelista a entidades perversas que se assenhoreavam<strong>do</strong> corpo da criatura.Entretanto, essas inteligências infernais prosseguem <strong>do</strong>minan<strong>do</strong>vastos organismos <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>.Na edificação da política, erguida para manter os princípiosda ordem divina, surgem sob os nomes de discórdia e tirania; nocomércio, forma<strong>do</strong> para estabelecer a fraternidade, aparecem comos apeli<strong>do</strong>s de ambição e egoísmo; nas religiões e nas ciências,organizações sagradas <strong>do</strong> progresso universal, acodem pelasdenominações de orgulho, vaidade, <strong>do</strong>gmatismo e intolerânciasectária.Não somente o corpo da criatura humana padece a obsessãode Espíritos perversos. Os agrupamentos e instituições <strong>do</strong>s homenssofrem muito mais.E quan<strong>do</strong> Jesus se aproxima, através <strong>do</strong> Evangelho, pessoas eorganizações indagam com pressa:


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 234“Que temos com o Cristo? que temos a ver com a vida espiritual?”É preciso permanecer vigilante à frente de tais sutilezas, porquantoo adversário vai penetran<strong>do</strong> também os círculos <strong>do</strong> Espiritismoevangélico, vesti<strong>do</strong> nas túnicas brilhantes da falsa ciência.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 235145Doutrinações“Mas não vos alegreis porque se vos sujeitem os espíritos;alegrai-vos, antes, por estarem os vossos nomes escritosnos céus.” – Jesus. (Lucas, 10:20.)Freqüentemente encontramos novos discípulos <strong>do</strong> Evangelhoexultan<strong>do</strong> de contentamento, porque os Espíritos perturba<strong>do</strong>s selhes sujeitam.Narram, com alegria, os resulta<strong>do</strong>s de sessões empolgantes,nas quais <strong>do</strong>utrinaram, com êxito, entidades muita vez ignorantese perversas.Perdem-se muitos no emaranha<strong>do</strong> desses deslumbramentos etocam a multiplicar os chama<strong>do</strong>s “trabalhos práticos”, sequiosospor orientar, em contactos mais diretos, os amigos inconscientesou infelizes <strong>do</strong>s planos imediatos à esf<strong>era</strong> carnal.Recomen<strong>do</strong>u Jesus o remédio adequa<strong>do</strong> a situações semelhantes,em que os aprendizes, quase sempre interessa<strong>do</strong>s emensinar os outros, esquecem, pouco a pouco, de aprender emproveito próprio.Que os <strong>do</strong>utrina<strong>do</strong>res sinceros se rejubilem, não por submeteremcriaturas desencarnadas, em desespero, convictos de que emtais circunstâncias o bem é ministra<strong>do</strong>, não propriamente por eles,em sua feição humana, mas por emissários de Jesus, cari<strong>do</strong>sos esolícitos, que os utilizam à maneira de canais para a MisericórdiaDivina; que esse regozijo nasça da oportunidade de servir ao bem,de consciência sintonizada com o Mestre Divino, entre as certezas<strong>do</strong>ces da fé, solidamente guardada no coração.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 236A palavra <strong>do</strong> Mestre aos companheiros é muito expressiva epode beneficiar amplamente os discípulos inquietos de hoje.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 237146No trato com o invisível“E, chaman<strong>do</strong>-os a si, disse-lhes por parábolas: Comopode Satanás expulsar Satanás?” – (Marcos, 3:23.)Esta passagem <strong>do</strong> Evangelho é sumamente esclarece<strong>do</strong>ra paraos companheiros da atualidade que, nas tarefas <strong>do</strong> Espiritismocristão, se esforçam por auxiliar desencarna<strong>do</strong>s infelizes a seequilibrarem no caminho redentor.Ninguém aguarde êxito imediato, ao procurar amparar os quese perd<strong>era</strong>m na desorientação.É impossível dispensar a colaboração <strong>do</strong> tempo para que seesclareçam as personagens das tragédias humanas e, segun<strong>do</strong>sabemos, nem mesmo os apóstolos conseguiram, de pronto, convenc<strong>era</strong>s entidades perturbadas, quanto ao realismo de sua perigosasituação. Todavia, sem atitudes esterilizantes, muito podefazer o discípulo no setor dessas atividades iluminativas. Naatualidade, companheiros devota<strong>do</strong>s ao serviço ainda sofrem aperseguição <strong>do</strong>s adversários da luz, que lhes atribuem sombriopacto com poderes perversos. O sectarismo religioso cognominaossequazes de Satanás, impon<strong>do</strong>-lhes torturas e humilhações.No entanto, as mesmas objurgatórias e recriminações descabidasforam atiradas ao Mestre Divino pelo sacerdócio organiza<strong>do</strong>de seu tempo. Atenden<strong>do</strong> aos enfermos e obsidia<strong>do</strong>s, entregues adestrutivas forças da sombra, recebeu Jesus o título de feiticeiro,filho de Belzebu. Isso constitui significativa recordação que,naturalmente, infundirá muito conforto aos discípulos novos.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 238147Um desafio“E agora por que te deténs?” – (Atos, 22:16.)Relatan<strong>do</strong> à multidão sua inesquecível experiência às portasde Damasco, o Apóstolo <strong>do</strong>s gentios conta que, em face da perplexidadeque o defrontara, perguntou-lhe Ananias, em advertênciafraterna:“E agora por que te deténs?”A interrogação merece meditada por to<strong>do</strong>s os que já receb<strong>era</strong>mconvites, apelos, dádivas ou socorros <strong>do</strong> plano espiritual.Inumeráveis beneficiários <strong>do</strong> Evangelho prendem-se a obstáculosde toda sorte na província nebulosa da queixa.Se felicita<strong>do</strong>s pela luz da fé, lastimam não haver conheci<strong>do</strong> averdade na juventude ou nos dias de abastança; contu<strong>do</strong>, na idademadura ou na dificuldade material, sustentam as mesmas tendênciasinferiores. Nas palavras, exteriorizam sempre grande boavontade;entretanto, quan<strong>do</strong> chama<strong>do</strong>s ao serviço ativo, queixamseimediatamente da falta de dinheiro, de saúde, de tempo, deforças.São operários contraditórios que, ao tempo <strong>do</strong> equilíbrio orgânico,exigem repouso e, na época de enfermidade corporal,alegam saudades <strong>do</strong> serviço.É indispensável combater essas expressões destrutivas da personalidade.Em qualquer posição e em qualquer tempo, estamos cerca<strong>do</strong>spelas possibilidades de serviço com o Salva<strong>do</strong>r. E, para to<strong>do</strong>s nós,que recebemos as dádivas divinas, de mil mo<strong>do</strong>s diversos, foipronuncia<strong>do</strong> o sublime desafio: “E agora por que te deténs?”


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 239148Cuida<strong>do</strong> de si“Tem cuida<strong>do</strong> de ti mesmo e da <strong>do</strong>utrina: persev<strong>era</strong>nestas coisas; porque, fazen<strong>do</strong> isto, te salvarás, tanto ati mesmo como aos que te ouvem.” – Paulo. (1ª Epístolaa Timóteo, 4:16.)Em toda parte há pelotões <strong>do</strong> exército <strong>do</strong>s pessimistas, debraços cruza<strong>do</strong>s, em desalento.Não compreendem o trabalho e a confiança, a serenidade e afé viva, e costumam a<strong>do</strong>tar frases de grande efeito, condenan<strong>do</strong>situações e criaturas.Às vezes, esses solda<strong>do</strong>s negativos são pessoas que assumirama responsabilidade de orientar.Todavia, embora a importância de suas atribuições, permanecemengana<strong>do</strong>s.As dificuldades terrestres efetivamente são enormes e os seusobstáculos reclamam grande esforço das almas nobres em trânsitono planeta, mas é imprescindível não perder cada discípulo ocuida<strong>do</strong> consigo próprio. É indispensável vigiar o campo interno,valorizar as disciplinas e aceitá-las, bem como examinar as necessidades<strong>do</strong> coração. Esse procedimento conduz o espírito a horizontesmais vastos, efetuan<strong>do</strong> imensa amplitude de compreensão,dentro da qual abrigamos, no íntimo, santo respeito por to<strong>do</strong>s oscírculos evolutivos, dilatan<strong>do</strong>, assim, o patrimônio da esp<strong>era</strong>nçaconstrutiva e <strong>do</strong> otimismo renova<strong>do</strong>r.Ter cuida<strong>do</strong> consigo mesmo é trabalhar na salvação própria ena redenção alheia. Esse o caminho lógico para a aquisição devalores eternos.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 240Circunscrever-se o aprendiz aos excessos teóricos, furtan<strong>do</strong>seàs edificações <strong>do</strong> serviço, é descansar nas margens <strong>do</strong> trabalho,situan<strong>do</strong>-se, pouco a pouco, no terreno ingrato da critica satânicasobre o que não foi objeto de sua atenção e de sua experiência.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 241149Propriedade“E o mancebo, ouvin<strong>do</strong> esta palavra, retirou-se triste,porque possuía muitas propriedades.” – (Mateus,19:22.)O instinto de propriedade tem provoca<strong>do</strong> grandes revoluções,ensangüentan<strong>do</strong> os povos. Nas mais diversas regiões <strong>do</strong> planetarespiram homens inquietos pela posse material, ciosos de suasexpressões temporárias e dispostos a morrer em sua defesa.Isso demonstra que o homem ainda não aprendeu a possuir.Com esta argumentação, não desejamos induzir a criatura aesquecer a formiga previdente, a<strong>do</strong>tan<strong>do</strong> por modelo a cigarradescui<strong>do</strong>sa. Apenas convidamos, a quem nos lê, a examinar aprecariedade das posses efêm<strong>era</strong>s.Cada conquista terrestre deveria ser aproveitada pela alma,como força de elevação.O homem ganhará impulso santificante, compreenden<strong>do</strong> quesó possui verdadeiramente aquilo que se encontra dentro dele, noconteú<strong>do</strong> espiritual de sua vida. Tu<strong>do</strong> o que se relaciona com oexterior – como sejam: criaturas, paisagens e bens transitórios –pertence a Deus, que lhos concederá de acor<strong>do</strong> com os seus méritos.Essa realidade sentida e vivida constitui brilhante luz no caminho,ensinan<strong>do</strong> ao discípulo a sublime lei <strong>do</strong> uso, para que apropriedade não represente fonte de inquietações e tristeza, comoaconteceu ao jovem <strong>do</strong>s ensinamentos de Jesus.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 242150Aguilhões“Duro é para ti recalcitrar contra o aguilhão.” – Jesus.(Atos, 9:5.)O caminho evolutivo está sempre repleto de aguilhões.De outro mo<strong>do</strong>, não enxergaríamos a porta redentora.Entrega-se Deus aos filhos da Criação inteira, reparte com to<strong>do</strong>sos tesouros de seu amor infinito, estimula-os a se elevarem,através de mil mo<strong>do</strong>s diferentes; entretanto, existem círculosnumerosos como a Terra, em que as criaturas não se apercebemdessas realidades gloriosas e paralisam a marcha, <strong>do</strong>rmin<strong>do</strong> noleito da ilusão.P<strong>era</strong>nte tal inércia, os mensageiros da Providência, aos quaisse confiou a tarefa de iluminação <strong>do</strong>s que estacionam na sombra,promovem recursos para que se verifique o despertar.Cientes de que Deus dá tu<strong>do</strong> – a vida, os caminhos, os bensinfinitos, os gênios inspira<strong>do</strong>res – e só pede às criaturas se lhedirijam aos braços paternais, esses divinos emissários organizamos aguilhões, por amor aos seus tutela<strong>do</strong>s.Nesse programa, criou Jesus os mais nobres incitamentos, paraa esf<strong>era</strong> terrestre. A riqueza e a pobreza, a fealdade e a formosura,o sofrimento e a luta são aguilhões ou oportunidades instituí<strong>do</strong>spelo Cristo, a benefício <strong>do</strong>s homens.Cada existência e cada pessoa tem a sua dificuldade particular,simbolizan<strong>do</strong> ensejo bendito.Analisa a tua vida, situa teus aguilhões e não te voltes contraeles.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 243Se um espírito da grandeza de Paulo de Tarso não podia recalcitrar,imagina o que se pedirá <strong>do</strong> nosso esforço.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 244151Mocidade“Foge também <strong>do</strong>s desejos da mocidade; e segue a justiça,a fé, o amor e a paz com os que, de coração puro,invocam o Senhor.” – Paulo. (2ª Epístola a Timóteo,2:22.)Quase sempre os que se dirigem à mocidade lhe atribuem tamanhospoderes que os jovens terminam em franca desorientação,engana<strong>do</strong>s e distraí<strong>do</strong>s. Costuma-se esp<strong>era</strong>r deles a salvaguardade tu<strong>do</strong>.Concordamos com as suas vastas possibilidades, mas não podemosesquecer que essa fase da existência terrestre é a que apresentamaior número de necessidades no capítulo da direção.O moço poderá e fará muito se o espírito envelheci<strong>do</strong> na experiêncianão o desamparar no trabalho. Nada de novo conseguiráerigir, caso não se valha <strong>do</strong>s esforços que lhe preced<strong>era</strong>m as atividades.Em tu<strong>do</strong>, dependerá de seus antecessores.A juventude pode ser comparada a esp<strong>era</strong>nçosa saída de umbarco para viagem importante. A infância foi a preparação, avelhice será a chegada ao porto. Todas as fases requisitam aslições <strong>do</strong>s marinheiros experientes, aprenden<strong>do</strong>-se a organizar e aterminar a viagem com o êxito desejável.É indispensável amparar convenientemente a mentalidade juvenile que ninguém lhe ofereça perspectivas de <strong>do</strong>mínio ilusório.Nem sempre os desejos <strong>do</strong>s mais moços constituem o índiceda segurança no futuro.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 245A mocidade poderá fazer muito, mas que siga, em tu<strong>do</strong>, “ajustiça, a fé, o amor e a paz com os que, de coração puro, invocamo Senhor”.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 246152Ciência e amor“A ciência incha, mas o amor edifica.” – Paulo. (1ª E-pístola aos Coríntios, 8:1.)A ciência pode estar cheia de poder, mas só o amor beneficia.A ciência, em todas as épocas, conseguiu inúm<strong>era</strong>s expressõesevolutivas. Vemo-la no mun<strong>do</strong>, exibin<strong>do</strong> realizações que pareciamquase inatingíveis. Máquinas enormes cruzam os ares e ofun<strong>do</strong> <strong>do</strong>s oceanos. A palavra é transmitida, sem fios, a longasdistâncias. A imprensa difunde raciocínios mundiais. Mas, paraessa mesma ciência pouco importa que o homem lhe use os frutospara o bem ou para o mal. Não compreende o desinteresse, nem asfinalidades santas.O amor, porém, aproxima-se de seus labores e retifica-os,conferin<strong>do</strong>-lhe a consciência <strong>do</strong> bem. Ensina que cada máquinadeve servir como utilidade divina, no caminho <strong>do</strong>s homens paraDeus, que somente se deveria transmitir a palavra edificante comodádiva <strong>do</strong> Altíssimo, que apenas seria justa a publicação <strong>do</strong>sraciocínios eleva<strong>do</strong>s para o esforço redentor das criaturas.Se a ciência descobre explosivos, esclarece o amor quanto àutilização deles na abertura de estradas que liguem os povos; se aprimeira confecciona um livro, ensina o segun<strong>do</strong> como gravar averdade consola<strong>do</strong>ra. A ciência pode concretizar muitas obrasúteis, mas só o amor institui as obras mais altas. Não duvidamosde que a primeira, bem interpretada, possa <strong>do</strong>tar o homem de umcoração corajoso; entretanto, somente o segun<strong>do</strong> pode dar umcoração ilumina<strong>do</strong>.O mun<strong>do</strong> permanece em obscuridade e sofrimento, porque aciência foi assalariada pelo ódio, que aniquila e perverte, e só


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 247alcançará o porto de segurança quan<strong>do</strong> se render plenamente aoamor de Jesus-Cristo.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 248153Passes“E rogava-lhe muito, dizen<strong>do</strong>: Minha filha está moribunda;rogo-te que venhas e lhe imponhas as mãos paraque sare, e viva.” – (Marcos, 5:23.)Jesus impunha as mãos nos enfermos e transmitia-lhes osbens da saúde. Seu amoroso poder conhecia os menores desequilíbriosda Natureza e os recursos para restaurar a harmonia indispensável.Nenhum ato <strong>do</strong> Divino Mestre é destituí<strong>do</strong> de significação.Reconhecen<strong>do</strong> essa verdade, os apóstolos passaram a impor asmãos fraternas em nome <strong>do</strong> Senhor e tornavam-se instrumentos daDivina Misericórdia.Atualmente, no Cristianismo redivivo, temos, de novo, o movimentosocorrista <strong>do</strong> plano invisível, através da imposição dasmãos. Os passes, como transfusões de forças psíquicas, em quepreciosas energias espirituais fluem <strong>do</strong>s mensageiros <strong>do</strong> Cristopara os <strong>do</strong>a<strong>do</strong>res e beneficiários, representam a continuidade <strong>do</strong>esforço <strong>do</strong> Mestre para atenuar os sofrimentos <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>.Seria audácia por parte <strong>do</strong>s discípulos novos a expectativa deresulta<strong>do</strong>s tão sublimes quanto os obti<strong>do</strong>s por Jesus junto aosparalíticos, perturba<strong>do</strong>s e agonizantes.O Mestre sabe, enquanto nós outros estamos aprenden<strong>do</strong> aconhecer. É necessário, contu<strong>do</strong>, não desprezar-lhe a lição, continuan<strong>do</strong>,por nossa vez, a obra de amor, através das mãos fraternas.Onde exista sinc<strong>era</strong> atitude mental <strong>do</strong> bem, pode estender-seo serviço providencial de Jesus.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 249Não importa a fórmula exterior. Cumpre-nos reconhecer queo bem pode e deve ser ministra<strong>do</strong> em seu nome.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 250154Renunciar“E to<strong>do</strong> aquele que tiver deixa<strong>do</strong> casas, irmãos, irmãs,pai, mãe, mulher, filhos ou terras, por amor <strong>do</strong> meunome, receberá cem vezes tanto e herdará a vida eterna.”– Jesus (Mateus, 19:29.)Neste versículo <strong>do</strong> Evangelho de Mateus, o Mestre Divinonos induz ao dever de renunciar aos bens <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> para alcançara vida eterna. Há necessidade, proclama o Messias, de aban<strong>do</strong>narpai e mãe, mulher e irmãos <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. No entanto, é necessárioesclarecer como renunciar.Jesus explica que o êxito pertencerá aos que assim procederempor amor de seu nome.A primeira vista, o alvitre divino parece contra-senso.Como olvidar os sagra<strong>do</strong>s deveres da existência, se o Cristoveio até nós para santificá-los?Os discípulos precipita<strong>do</strong>s não soub<strong>era</strong>m atingir o senti<strong>do</strong> <strong>do</strong>texto, nos tempos mais antigos.Numerosos irmãos de ideal recolh<strong>era</strong>m-se à sombra <strong>do</strong> claustro,esquecen<strong>do</strong> obrigações superiores e inadiáveis.Fácil, porém, reconhecer como o Cristo renunciou.Aos companheiros que o aban<strong>do</strong>naram aparece, glorioso, naressurreição. Não obstante as hesitações <strong>do</strong>s amigos, divide comeles, no cenáculo, os júbilos eternos. Aos homens ingratos que ocrucificaram oferece sublime roteiro de salvação com o Evangelhoe nunca se descui<strong>do</strong>u um minuto das criaturas.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 251Observemos, portanto, o que representa renunciar por amorao Cristo. É perder as esp<strong>era</strong>nças da Terra, conquistan<strong>do</strong> as <strong>do</strong>Céu.Se os pais são incompreensíveis, se a companheira é ingrata,se os irmãos parecem cruéis, é preciso renunciar à alegria de têlosmelhores ou perfeitos, unin<strong>do</strong>-nos, ainda mais, a eles to<strong>do</strong>s, afim de trabalhar no aperfeiçoamento com Jesus.Acaso, não encontras compreensão no lar? os amigos e irmãossão indiferentes e rudes?Permanece ao la<strong>do</strong> deles, mesmo assim, esp<strong>era</strong>n<strong>do</strong> para maistarde o júbilo de encontrar os que se afinam perfeitamente contigo.Somente desse mo<strong>do</strong> renunciarás aos teus, fazen<strong>do</strong>-lhes to<strong>do</strong> obem por dedicação ao Mestre, e, somente com semelhante renúncia,alcançarás a vida eterna.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 252155Entre os cristãos“Mas entre vós não será assim.” – Jesus. (Marcos,10:43.)Desde as <strong>era</strong>s mais remotas, trabalham os agrupamentos religiosospela obtenção <strong>do</strong>s favores celestes.Nos tempos mais antigos, recordava-se da Providência tão-sónas ocasiões <strong>do</strong>lorosas e graves. Os crentes ofereciam sacrifíciospela felicidade <strong>do</strong>méstica, quan<strong>do</strong> a enfermidade lhes invadia acasa; as multidões edificavam templos, em surgin<strong>do</strong> calamidadespúblicas.Deus <strong>era</strong> compreendi<strong>do</strong> apenas através <strong>do</strong>s dias felizes.A tempestade purifica<strong>do</strong>ra pertencia aos gênios perversos.Cristo, porém, inaugurou uma nova época. A humildade foi oseu caminho, o amor e o trabalho o seu exemplo, o martírio a suapalma de vitória. Deixou a compreensão de que, entre os seusdiscípulos, o princípio de fé jamais será o da conquista fácil defavores <strong>do</strong> céu, mas o de esforço ativo pela iluminação própria epela execução <strong>do</strong>s desígnios de Deus, através das horas calmas outempestuosas da vida.A maior lição <strong>do</strong> Mestre <strong>do</strong>s mestres é a de que ao invés deformularmos votos e sacrifícios convencionais, promessas e açõesmecânicas, como a escapar <strong>do</strong>s deveres que nos competem, constitui-nosobrigação primária entregarmo-nos, humildes, aos sábiosimp<strong>era</strong>tivos da Providência, submeten<strong>do</strong>-nos à vontade justa emisericordiosa de Deus, para que sejamos aprimora<strong>do</strong>s em suasmãos.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 253156Intuição“Porque a profecia jamais foi produzida por vontadede homem algum, mas os homens santos de Deus falaraminspira<strong>do</strong>s pelo Espírito Santo.” – (2ª Epístola aPedro, 1:21.)To<strong>do</strong>s os homens participam <strong>do</strong>s poderes da intuição, no divinotabernáculo da consciência, e to<strong>do</strong>s podem desenvolver suaspossibilidades nesse senti<strong>do</strong>, no <strong>do</strong>mínio da elevação espiritual.Não são fundamentalmente necessárias as grandes manifestaçõesfenomênicas da mediunidade para que se estabeleçam movimentosde intercâmbio entre os planos visível e invisível.Todas as noções que dignificam a vida humana vi<strong>era</strong>m da esf<strong>era</strong>superior. E essas idéias nobilitantes não se produziram porvontade de homem algum, porque os raciocínios propriamenteterrestres sempre se inclinam para a materialidade em seu arraiga<strong>do</strong>egoísmo.A revelação divina, significan<strong>do</strong> o que a Humanidade possuide melhor, é coop<strong>era</strong>ção da espiritualidade sublime, trazida àscriaturas pelos colabora<strong>do</strong>res de Jesus, através da exemplificação,<strong>do</strong>s atos e das palavras <strong>do</strong>s homens retos que, a golpes de esforçopróprio, quebram o círculo de vulgaridades que os rodeia, tornan<strong>do</strong>-seinstrumentos de renovação necessária.A faculdade intuitiva é instituição universal. Através de seusrecursos, recebe o homem terrestre as vibrações da vida mais alta,em contribuições religiosas, filosóficas, artísticas e científicas,amplian<strong>do</strong> conquistas sentimentais e culturais, colaboração essaque se verifica sempre, não pela vontade da criatura, mas pelaconcessão de Deus.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 254157Faze isso e viverás“E disse-lhe: Respondeste bem; faze isso, e viverás.” –(Lucas, 10:28.)O caso daquele <strong>do</strong>utor da Lei que interpelou o Mestre a respeito<strong>do</strong> que lhe competia fazer para herdar a vida eterna, revestesede grande interesse para quantos procuram a bênção <strong>do</strong> Cristo.A palavra de Lucas é altamente elucidativa.Não se surpreende Jesus com a pergunta e, conhecen<strong>do</strong> a elevadacondição intelectual <strong>do</strong> consulente, indaga acerca da suaconcepção da Lei e fá-lo sentir que a resposta à interrogação já seachava nele mesmo, insculpida na tábua mental de seus conhecimentos.Respondeste bem, diz o Mestre. E acrescenta:Faze isso, e viverás.Semelhante afirmação destaca-se singularmente, porque oCristo se dirigia a um homem em plena força de ação vital, declaran<strong>do</strong>entretanto: Faze isso, e viverás.É que o viver não se circunscreve ao movimento <strong>do</strong> corpo,nem à exibição de certos títulos convencionais. Estende-se a vidaa esf<strong>era</strong>s mais altas, a outros campos de realização superior com aespiritualidade sublime.A mesma cena evangélica diariamente se repete em muitossetores. Grande número de aprendizes, plenamente integra<strong>do</strong>s noconhecimento <strong>do</strong> dever que lhes compete, tocam a pedir orientação<strong>do</strong>s Mensageiros Divinos, quanto à melhor maneira de agir naTerra... A resposta, porém, está neles mesmos, em seus coraçõesque temem a responsabilidade, a decisão e o serviço áspero...


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 255Se já foste banha<strong>do</strong> pela claridade da fé viva, se foste beneficia<strong>do</strong>pelos princípios da salvação, executa o que aprendeste <strong>do</strong>nosso Divino Mestre: Faze isso, e viverás.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 256158Batismo“E os que ouviram foram batiza<strong>do</strong>s em nome <strong>do</strong> SenhorJesus.” – (Atos, 19:5.)Nos vários departamentos da atividade cristã, em to<strong>do</strong>s ostempos, surgem controvérsias relativamente aos problemas <strong>do</strong>batismo na fé.O sacerdócio criou, para isso, cerimoniais e sacramentos. Hábatismos de recém-natos, na Igreja Romana; em outros centrosevangélicos, há batismo de pessoas adultas. No entanto, o crentepoderia analisar devidamente o assunto, extrain<strong>do</strong> melhores ilaçõescom a ascendência da lógica. A renovação espiritual não severificará tão-só com o fato de se aplicar mais água ou menoságua ou com a circunstância de processar-se a solenidade exteriornessa ou naquela idade física <strong>do</strong> candidato.Determinadas cerimônias materiais, nesse senti<strong>do</strong>, <strong>era</strong>m compreensíveisnas épocas recuadas em que foram empregadas.Sabemos que o curso primário, na instrução infantil, necessitade colaboração de figuras para que a memória da criança atravesseos umbrais <strong>do</strong> conhecimento.O Evangelho, porém, nas suas luzes ocultas, faz imensa claridadesobre a questão <strong>do</strong> batismo.“E os que ouviram foram batiza<strong>do</strong>s em nome de Jesus.”Aí reside a sublime verdade. A bendita renovação da almapertence àqueles que ouviram os ensinamentos <strong>do</strong> Mestre Divino,exercitan<strong>do</strong>-lhes a prática. Muitos recebem notícias <strong>do</strong> Evangelho,to<strong>do</strong>s os dias, mas somente os que ouvem estarão transforma<strong>do</strong>s.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 257159A quem segues?“Mas vós não aprendestes assim a Cristo.” – Paulo. (Efésios,4:20.)O homem, como é natural, encontrará diversas sugestões nocaminho. Não somente <strong>do</strong> plano material receberá certos alvitrestendentes a desviá-lo das realizações mais nobres. A esf<strong>era</strong> invisível,imediata ao círculo de suas cogitações, igualmente podeoferecer-lhe determinadas perspectivas que se não coadunam comos deveres eleva<strong>do</strong>s que a existência implica em si mesma.Na consid<strong>era</strong>ção desse problema, os discípulos sinceros compreendema necessidade de sua centralização em Jesus-Cristo.Quan<strong>do</strong> esse imp<strong>era</strong>tivo é esqueci<strong>do</strong>, as maiores perturbaçõespodem ocorrer.O aprendiz menos centraliza<strong>do</strong> nos ensinos <strong>do</strong> Mestre acreditaque pode servir a <strong>do</strong>is senhores e, por vezes, chega a admitirque é possível atender a to<strong>do</strong>s os desvairamentos <strong>do</strong>s senti<strong>do</strong>s,sem prejudicar a paz de sua alma. Justifica-se, para isso, em <strong>do</strong>utrinasnovas, filhas das novidades científicas <strong>do</strong> século; vale-se decertos filósofos improvisa<strong>do</strong>s que conferem demasia<strong>do</strong> valor aosinstintos; mas, chega<strong>do</strong> a esse ponto, prepare-se para os grandesfracassos porque a necessidade de edificação espiritual permaneceviva e cada vez mais imperiosa. Poderá recorrer aos conceitos <strong>do</strong>spretensos sábios <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, entretanto, Jesus não ensinou assim.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 258160O varão da Macedônia“E Paulo teve de noite uma visão em que se apresentou,em pé, um varão da Macedônia e lhe rogou: Passaà Macedônia e ajuda-nos!” – (Atos, 16:9.)Além das atividades diárias na vida de relação, participam oshomens de vasto movimento espiritual, cujas fases de intercâmbionem sempre podem ser registradas pela memória vulgar.Não só os que demandam o sepulcro se comunicam pelo processodas vibrações psíquicas.Os espíritos encarna<strong>do</strong>s fazem o mesmo, em identidade decircunstâncias, desde que se achem aptos a semelhantes realizações.Mais tarde, a gen<strong>era</strong>lidade das criaturas terrestres ampliaráessas possibilidades, perceben<strong>do</strong>-lhes o admirável valor.Isso, aliás, não constitui novidade, pois, segun<strong>do</strong> vemos, Paulode Tarso, em Tróade, recebe a visita espiritual de um varão daMacedônia, que lhe pede auxílio.A narração apostólica é muito clara. O amigo <strong>do</strong>s gentios temuma visão em que lhe não surge uma figura angélica ou um mensageirodivino. Trata-se de um homem da Macedônia que o ex<strong>do</strong>utorde Tarso identifica pelo vestuário e pelas palavras.É útil recordar semelhante ocorrência para que se consolidenos discípulos sinceros a certeza de que o Evangelho é porta<strong>do</strong>rde to<strong>do</strong>s os ensinamentos essenciais e necessários, sem nos impora necessidade de recorrer a nomenclaturas difíceis, distantes dasimplicidade com que o Mestre nos legou a carta de redenção, naqual nos pede atenção amorosa e não teorias complicadas.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 259161Aproveitemos“E destas coisas sois vós testemunhas.” – (Lucas,24:48.)Jesus sempre aproveitou o mínimo para produzir o máximo.Com três anos de apostola<strong>do</strong> acendeu luzes para milênios.Congregan<strong>do</strong> pequena assembléia de <strong>do</strong>ze companheiros, renovouo mun<strong>do</strong>.Com uma pregação na montanha inspirou milhões de almaspara a vida eterna.Converte a esmola de uma viúva em lição imperecível de solidariedade.Corrigin<strong>do</strong> alguns espíritos perturba<strong>do</strong>s, transforma o sistemajudiciário da Terra, erigin<strong>do</strong> o “amai-vos uns aos outros” para afelicidade humana.De cinco pães e <strong>do</strong>is peixes, retira o alimento para milharesde famintos.Da ação de um Zaqueu bem-intenciona<strong>do</strong>, traça programa e-dificante para os mor<strong>do</strong>mos da fortuna material.Da atitude de um fariseu orgulhoso, extrai a verdade que confundeos crentes menos sinceros.Curan<strong>do</strong> alguns <strong>do</strong>entes, institui a medicina espiritual parato<strong>do</strong>s os centros da Terra.Faz dum grão de mostarda maravilhoso símbolo <strong>do</strong> Reino deDeus.De uma dracma perdida, forma ensinamento inesquecível sobreo amor espiritual.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 260De uma cruz grosseira, grava a maior lição de Divindade naHistória.De tu<strong>do</strong> isso somos testemunhas em nossa condição de beneficiários.Em razão de nosso conhecimento, convém ouvirmos aprópria consciência. Que fazemos das bagatelas de nosso caminho?Estaremos aproveitan<strong>do</strong> nossas oportunidades para faz<strong>era</strong>lgo de bom?


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 261162Esperemos“Não esmagará a cana quebrada e não apagará o morrãoque fumega, até que faça triunfar o juízo.” – (Mateus,12:20.)Evita as sentenças definitivas, em face <strong>do</strong>s quadros forma<strong>do</strong>spelo mal.Da lama <strong>do</strong> pântano, o Supremo Senhor aproveita a fertilidade.Da pedra ásp<strong>era</strong>, vale-se da solidez.Da areia seca, retira utilidades valiosas.Da substância amarga, extrai remédio salutar.O criminoso de hoje pode ser prestimoso companheiro amanhã.O malfeitor, em certas circunstâncias, apresenta qualidadesnobres, até então ignoradas, de que a vida se aproveita para gravarpoemas de amor e luz.Deus não é autor de esmagamento.É Pai de misericórdia.Não destrói a cana quebrada, nem apaga o morrão que fumega.Suas mãos reparam estragos, seu hálito divino recompõe e renovasempre.Não desprezes, pois, as luzes vacilantes e as virtudes imprecisas.Não aban<strong>do</strong>nes a terra pantanosa, nem desampares o arvore<strong>do</strong>sufoca<strong>do</strong> pela erva daninha.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 262Trabalha pelo bem e ajuda incessantemente.Se Deus, Senhor Absoluto da Eternidade, esp<strong>era</strong> com paciência,por que motivo, nós outros, servos imperfeitos <strong>do</strong> trabalhorelativo, não poderemos esp<strong>era</strong>r?


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 263163Não crer“Mas quem não crer será condena<strong>do</strong>.” – Jesus. (Marcos,16:16.)Os que não crêem são os que ficam. Para eles, todas as expressõesda vida se reduzem a sensações finitas, destinadas àescura voragem da morte.Os que alçam o coração para a vida mais alta estão salvos.Seus dias de trabalho são degraus de infinita escada de luz. Acusta de valoroso esforço e pesada luta, distanciam-se <strong>do</strong>s semelhantese, apesar de reconhecerem a própria imperfeição, classificama paisagem em torno e identificam os caminhos evolutivos.Toma<strong>do</strong>s de bom ânimo, sentem-se na tarefa laboriosa de ascensãoà montanha <strong>do</strong> amor e da sabe<strong>do</strong>ria.No entanto, os que não crêem limitam os próprios horizontese nada enxergam senão com os olhos destina<strong>do</strong>s ao sepulcro,a<strong>do</strong>rmeci<strong>do</strong>s quanto à reflexão e ao discernimento.Afirmou Jesus que eles se encontram condena<strong>do</strong>s.À primeira vista, semelhante declaração parece em desacor<strong>do</strong>com a magnanimidade <strong>do</strong> Mestre.Condena<strong>do</strong>s a que e por quem?A justiça de Deus conjuga-se à misericórdia e o inferno semfimé imagem <strong>do</strong>gmática.Todavia, é imperioso reconhecer que quantos não crêem, nagrandeza <strong>do</strong> próprio destino, sentenciam a si mesmos às maisbaixas esf<strong>era</strong>s da vida. Pelo hábito de apenas admitirem o visível,permanecerão beijan<strong>do</strong> o pó, em razão da voluntária incapacidade


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 264de acesso aos planos superiores, enquanto os outros caminhampara a certeza da vida imortal.A crença é lâmpada amiga, cujo clarão é manti<strong>do</strong> pelo infinitosol da fé. O vento da negação e da dúvida jamais consegueapagá-la.A descrença, contu<strong>do</strong>, só conhece a vida pelas sombras queos seus movimentos projetam e nada entende além da noite e <strong>do</strong>pântano a que se condena por delib<strong>era</strong>ção própria.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 265164Não perturbeis“Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem.”– Jesus. (Mateus, 19:6.)A palavra divina não se refere apenas aos casos <strong>do</strong> coração.Os laços afetivos caracterizam-se por alicerces sagra<strong>do</strong>s e oscompromissos conjugais ou <strong>do</strong>mésticos sempre atendem a superioresdesígnios. O homem não ludibriará os impositivos da lei,abusan<strong>do</strong> de facilidades materiais para lisonjear os senti<strong>do</strong>s.Quebran<strong>do</strong> a ordem que lhe rege os caminhos, desorganizará aprópria existência. Os princípios equilibrantes da vida surgirãosempre, corrigin<strong>do</strong> e restauran<strong>do</strong>...A advertência de Jesus, porém, apresenta para nós significaçãomais vasta.“Não separeis o que Deus ajuntou” corresponde também ao“não perturbeis o que Deus harmonizou”.Ninguém alegue desconhecimento <strong>do</strong> propósito divino. O dever,por mais duro, constitui sempre a Vontade <strong>do</strong> Senhor. E aconsciência, sentinela vigilante <strong>do</strong> Eterno, a menos que esteja ohomem <strong>do</strong>rmin<strong>do</strong> no nível <strong>do</strong> bruto, permanece apta a discernir oque constitui “obrigação” e o que representa “fuga”.O Pai criou seres e reuniu-os. Criou igualmente situações ecoisas, ajustan<strong>do</strong>-as para o bem comum.Quem desarmoniza as obras divinas, prepare-se para a recomposição.Quem lesa o Pai, algema o próprio “eu” aos resulta<strong>do</strong>sde sua ação infeliz e, por vezes, gasta séculos, desatan<strong>do</strong>grilhões...


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 266Na atualidade terrestre, esmaga<strong>do</strong>ra percentagem <strong>do</strong>s homensconstitui-se de milhões em serviço repara<strong>do</strong>r, depois de haveremsepara<strong>do</strong> o que Deus ajuntou, perturban<strong>do</strong>, com o mal, o que aProvidência estabelec<strong>era</strong> para o bem.Prestigiemos as organizações <strong>do</strong> Justo Juiz que a noção <strong>do</strong>dever identifica para nós em to<strong>do</strong>s os quadros <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Àsvezes, é possível perturbar-lhe as obras com sorrisos, mas seremosinvariavelmente força<strong>do</strong>s a repará-las com suor e lágrimas.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 267165Bens externos“A vida de um homem não consiste na abundância dascoisas que possui.” – Jesus. (Lucas, 12:15.)“A vida de um homem não consiste na abundância das coisasque possui.”A palavra <strong>do</strong> Mestre está cheia de oportunidade para quaisquercírculos de atividade humana, em to<strong>do</strong>s os tempos.Um homem poderá reter vasta porção de dinheiro. Porém, quefará dele?Poderá exercer extensa autoridade. Entretanto, como se comportarádentro dela?Poderá dispor de muitas propriedades. Todavia, de que mo<strong>do</strong>utiliza os patrimônios provisórios?Terá muitos projetos eleva<strong>do</strong>s. Quantos edificou?Poderá guardar inúmeros ideais de perfeição. Mas estará a-tenden<strong>do</strong> aos nobres princípios de que é porta<strong>do</strong>r?Terá escrito milhares de páginas. Qual a substância de sua o-bra?Contará muitos anos de existência no corpo. No entanto, quefez <strong>do</strong> tempo?Poderá contar com numerosos amigos. Como se conduz p<strong>era</strong>nteas afeições que o cercam?Nossa vida não consiste da riqueza numérica de coisas e graças,aquisições nominais e títulos exteriores. Nossa paz e felicidadedependem <strong>do</strong> uso que fizermos, onde nos encontramos hoje,


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 268aqui e agora, das oportunidades e <strong>do</strong>ns, situações e favores, recebi<strong>do</strong>s<strong>do</strong> Altíssimo.Não procures amontoar levianamente o que deténs por empréstimo.Mobiliza, com critério, os recursos deposita<strong>do</strong>s em tuasmãos.O Senhor não te identificará pelos tesouros que ajuntaste, pelasbênçãos que retiveste, pelos anos que viveste no corpo físico.Reconhecer-te-á pelo emprego <strong>do</strong>s teus <strong>do</strong>ns, pelo valor de tuasrealizações e pelas obras que deixaste, em torno <strong>do</strong>s próprios pés.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 269166Posses definitivas“Eu vim para que tenham vida, e a tenham em abundância.”– Jesus. (João, 10:10.)Se a paz da criatura não consiste na abundância <strong>do</strong> que possuina Terra, depende da abundância de valores definitivos de que aalma é possuída.Em razão disso, o Divino Mestre veio até nós para que sejamosporta<strong>do</strong>res de vida transbordante, repleta de luz, amor eeternidade.Em favor de nós mesmos, jamais deveríamos esquecer os<strong>do</strong>ns substanciais a serem amealha<strong>do</strong>s em nosso próprio espírito.No jogo de forças exteriores jamais encontraremos a iluminaçãonecessária.Maravilhosa é a primav<strong>era</strong> terrena, mas o inverno virá depoisdela.A mocidade <strong>do</strong> corpo é fase de embriagantes prazeres; no entanto,a velhice não tardará.O vaso físico mais íntegro e harmonioso experimentará, umdia, a enfermidade ou a morte.Toda manifestação de existência na Terra é processo de transformaçãopermanente.É imprescindível construir o castelo interior, de onde possamoserguer sentimentos aos campos mais altos da vida.Encheu-nos Jesus de sua presença sublime, não para que possuamosfacilidades efêm<strong>era</strong>s, mas para sermos possuí<strong>do</strong>s pelasriquezas imperecíveis; não para que nos cerquemos de favores


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 270externos e, sim, para concentrarmos em nós as aquisições definitivas.Sejamos porta<strong>do</strong>res da vida imortal.Não nos visitou o Cristo, como <strong>do</strong>a<strong>do</strong>r de benefícios vulgares.Veio ligar-nos a lâmpada <strong>do</strong> coração à usina <strong>do</strong> Amor deDeus, converten<strong>do</strong>-nos em luzes inextinguíveis.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 271167Na oração“Senhor, ensina-nos a orar... – (Lucas, 11:1.)A prece, nos círculos <strong>do</strong> Cristianismo, caracteriza-se por gradaçãoinfinita em suas manifestações, porque existem crentes deto<strong>do</strong>s os matizes nos vários cursos da fé.Os segui<strong>do</strong>res inquietos reclamam a realização de propósitosinconstantes.Os egoístas exigem a solução de caprichos inferiores.Os ignorantes <strong>do</strong> bem chegam a rogar o mal para o próximo.Os tristes pedem a solidão com ociosidade.Os desesp<strong>era</strong><strong>do</strong>s suplicam a morte.Inúmeros beneficiários <strong>do</strong> Evangelho imploram isso ou aquilo,com alusão à boa marcha <strong>do</strong>s negócios que lhes interessam avida física. Em suma, buscam a fuga. Anelam somente a distânciada dificuldade, <strong>do</strong> trabalho, da luta digna.Jesus suporta, paciente, todas as fileiras de candidatos <strong>do</strong> seuserviço, de sua iluminação, estenden<strong>do</strong>-lhes mãos benignas, tol<strong>era</strong>n<strong>do</strong>-lhesas queixas descabidas e as lágrimas inaceitáveis.Todavia, quan<strong>do</strong> aceita alguém no discipula<strong>do</strong> definitivo, algoacontece no íntimo da alma contemplada pelo Senhor.Cessam as rogativas rui<strong>do</strong>sas. Acalmam-se os desejos tumultuários.Converte-se a oração em trabalho edificante. O discípulonada reclama. E o Mestre, responden<strong>do</strong>-lhe às orações, modificalhea vontade, to<strong>do</strong>s os dias, alijan<strong>do</strong>-lhe <strong>do</strong> pensamento os objetivosinferiores.O coração uni<strong>do</strong> a Jesus é um servo alegre e silencioso.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 272Disse-lhe o Mestre: Levanta-te e segue-me. E ele ergueu-se eseguiu.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 273168Na meditação“E foram sós num barco para um lugar deserto.” –(Marcos, 6:32.)Tuas mãos permanecem extenuadas por fazer e desfazer.Teus olhos, naturalmente, estão cheios da angústia recolhidanas perturbações ambientes.Doem-te os pés nas recapitulações <strong>do</strong>lorosas.Teus sentimentos vão e vêm, através de impulsos tumultuários,influencia<strong>do</strong>s por mil pessoas diversas.Tens o coração atormenta<strong>do</strong>.É natural. Nossa mente sofre sede de paz, como a terra secatem necessidade de água fria.Vem a um lugar à parte, no país de ti mesmo, a fim de repousarum pouco. Esquece as fronteiras sociais, os controles <strong>do</strong>mésticos,as incompreensões <strong>do</strong>s parentes, os assuntos difíceis, osproblemas inquietantes, as idéias inferiores.Retira-te <strong>do</strong>s lugares comuns a que ainda te prendes.Concentra-te, por alguns minutos, em companhia <strong>do</strong> Cristo,no barco de teus pensamentos mais puros, sobre o mar das preocupaçõescotidianas...Ele te lavará a mente eivada de aflições.Balsamizará tuas úlc<strong>era</strong>s.Dar-te-á salutares alvitres.Basta que te cales e sua voz falará no sublime silêncio.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 274Oferece-lhe um coração valoroso na fé e na realização, e seusbraços divinos farão o resto.Regressarás, então, aos círculos de luta, revigora<strong>do</strong>, forte efeliz.Teu coração com Ele, a fim de agires, com êxito, no vale <strong>do</strong>serviço.Ele contigo, para escalares, sem cansaço, a montanha da luz.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 275169No quadro real“Dei-lhes a tua palavra, e o mun<strong>do</strong> os aborreceu, porquenão são <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, assim como eu <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> nãosou.” – Jesus. (João, 17:14.)Aprendizes <strong>do</strong> Evangelho, à esp<strong>era</strong> de facilidades humanas,constituirão sempre assembléias <strong>do</strong> engano voluntário.O Senhor não prometeu aos companheiros senão continua<strong>do</strong>esforço contra as sombras até à vitória final <strong>do</strong> bem.O cristão não é flor de ornamento para igrejas isoladas. É “salda Terra”, força de preservação <strong>do</strong>s princípios divinos no santuário<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> inteiro.A palavra de Jesus, nesse particular, não padece qualquer dúvida:“Se alguém quiser vir após mim, renuncie a si mesmo, tome asua cruz e siga-me.Amai vossos inimigos.Orai pelos que vos perseguem e caluniam.Bendizei os que vos maldizem.Emprestai sem nada esp<strong>era</strong>rdes.Não julgueis para não serdes julga<strong>do</strong>s.Entre vós, o maior seja servo de to<strong>do</strong>s.Buscai a porta estreita.Eis que vos envio como ovelhas ao meio <strong>do</strong>s lobos.No mun<strong>do</strong>, tereis tribulações.”


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 276Mediante afirmativas tão claras, é impossível aguardar emCristo um <strong>do</strong>a<strong>do</strong>r de vida fácil. Ninguém se aproxime dEle sem odesejo sincero de aprender a melhorar-se. Se Cristianismo é esp<strong>era</strong>nçasublime, amor celeste e fé restaura<strong>do</strong>ra, é também trabalho,sacrifício, aperfeiçoamento incessante.Comprovan<strong>do</strong> suas lições divinas, o Mestre Supremo viveuservin<strong>do</strong> e morreu na cruz.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 277170Domínio espiritual“Não estou só, porque o Pai está comigo.” – Jesus. (João,16:32.)Nos transes aflitivos a criatura demonstra sempre onde se localizamas forças exteriores que lhe subjugam a alma.Nas grandes horas de testemunho, no sofrimento ou na morte,os avarentos clamam pelas posses efêm<strong>era</strong>s, os arbitrários exigema obediência de que se julgam cre<strong>do</strong>res, os supersentimentalistasreclamam o objeto de suas afeições.Jesus, todavia, no campo supremo das últimas horas terrestres,mostra-se absoluto senhor de si mesmo, ensinan<strong>do</strong>-nos asublime identificação com os propósitos <strong>do</strong> Pai, como o maisavança<strong>do</strong> recurso de <strong>do</strong>mínio próprio.Liga<strong>do</strong> naturalmente às mais diversas forças, no dia <strong>do</strong> Calvárionão se prendeu a nenhuma delas.Atendia ao governo humano lealmente, mas Pilatos não o a-temoriza.Respeitava a lei de Moisés; entretanto, Caifás não o impressiona.Amava enternecidamente os discípulos; contu<strong>do</strong>, as razõesafetivas não lhe <strong>do</strong>minam o coração.Cultivava com admirável devotamento o seu trabalho de instruire socorrer, curar e consolar; no entanto, a possibilidade depermanecer não lhe seduz o espírito.O ato de Judas não lhe arranca maldições.A ingratidão <strong>do</strong>s beneficia<strong>do</strong>s não lhe provoca desespero.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 278O pranto das mulheres de Jerusalém não lhe entibia o ânimofirme.O sarcasmo da multidão não lhe quebra o silêncio.A cruz não lhe alt<strong>era</strong> a serenidade.Suspenso no madeiro, roga desculpas para a ignorância <strong>do</strong>povo.Sua lição de <strong>do</strong>mínio espiritual é profunda e imperecível. Revelaa necessidade de sermos “nós mesmos”, nos transes maisescabrosos da vida, de consciência tranqüila elevada à DivinaJustiça e de coração fiel dirigi<strong>do</strong> pela Divina Vontade.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 279171Palavras de mãe“Sua mãe disse aos serventes: Fazei tu<strong>do</strong> quanto elevos disser.” - (João, 2:5.)O Evangelho é roteiro ilumina<strong>do</strong> <strong>do</strong> qual Jesus é o centro divino.Nessa Carta da Redenção, rodean<strong>do</strong>-lhe a figura celeste,existem palavras, lembranças, dádivas e indicações muito amadas<strong>do</strong>s que lhe foram legítimos colabora<strong>do</strong>res no mun<strong>do</strong>.Recebemos aí recordações amigas de Paulo, de João, de Pedro,de companheiros outros <strong>do</strong> Senhor, e que não poderemosesquecer.Temos igualmente, no Documento Sagra<strong>do</strong>, reminiscênciasde Maria. Examinemos suas preciosas palavras em Caná, cheiasde sabe<strong>do</strong>ria e amor materno.G<strong>era</strong>lmente, quan<strong>do</strong> os filhos procuram a carinhosa intervençãode mãe é que se sentem órfãos de ânimo ou necessita<strong>do</strong>s dealegria. Por isso mesmo, em to<strong>do</strong>s os lugares <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, é comumobservarmos filhos discutin<strong>do</strong> com os pais e choran<strong>do</strong> ante coraçõesmaternos.Interpretada com justiça por anjo tutelar <strong>do</strong> Cristianismo, àsvezes é com imensas aflições que recorremos a Maria.Em verdade, o versículo <strong>do</strong> apóstolo João não se refere a paisagens<strong>do</strong>lorosas. O episódio ocorre numa festa de bodas, maspodemos aproveitar-lhe a sublime expressão simbólica.Também nós estamos na festa de noiva<strong>do</strong> <strong>do</strong> Evangelho coma Terra. Apesar <strong>do</strong>s quase vinte séculos decorri<strong>do</strong>s, o júbilo aindaé de noiva<strong>do</strong>, porquanto não se verificou até agora a perfeitaunião... Nesse grande concerto da idéia renova<strong>do</strong>ra, somos ser-


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 280ventes humildes. Em muitas ocasiões, esgota-se o vinho da esp<strong>era</strong>nça.Sentimo-nos extenua<strong>do</strong>s, desiludi<strong>do</strong>s... Imploramos ternuramaternal e eis que Maria nos responde: Fazei tu<strong>do</strong> quanto ele vosdisser.O conselho é sábio e profun<strong>do</strong> e foi coloca<strong>do</strong> no princípio <strong>do</strong>strabalhos de salvação.Escutan<strong>do</strong> semelhante advertência de Mãe, meditemos se realmenteestaremos fazen<strong>do</strong> tu<strong>do</strong> quanto o Mestre nos disse.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 281172Lágrimas“Vinde a mim, to<strong>do</strong>s os que estais cansa<strong>do</strong>s e oprimi<strong>do</strong>s,e eu vos aliviarei.” – Jesus. (Mateus, 11:28.)Ninguém como Cristo espalhou na Terra tanta alegria e fortalezade ânimo. Reconhecen<strong>do</strong> isso, muitos discípulos amontoamargumentos contra a lágrima e abominam as expressões de sofrimento.O Paraíso já estaria na Terra se ninguém tivesse razões parachorar. Consid<strong>era</strong>n<strong>do</strong> assim, Jesus, que <strong>era</strong> o Mestre da confiançae <strong>do</strong> otimismo, chamava ao seu coração to<strong>do</strong>s os que estivessemcansa<strong>do</strong>s e oprimi<strong>do</strong>s sob o peso de desenganos terrestres.Não amaldiçoou os tristes: convocou-os à consolação.Muita gente acredita na lágrima sintoma de fraqueza espiritual.No entanto, Maria soluçou no Calvário; Pedro lastimou-se,depois da negação; Paulo mergulhou-se em pranto às portas deDamasco; os primeiros cristãos choraram nos circos de martírio...mas, nenhum deles derramou lágrimas sem esp<strong>era</strong>nça. Prantearame seguiram o caminho <strong>do</strong> Senhor, sofr<strong>era</strong>m e anunciaram a BoaNova da Redenção, padec<strong>era</strong>m e morr<strong>era</strong>m leais na confiançasuprema.O cansaço experimenta<strong>do</strong> por amor ao Cristo converte-se emfortaleza, as cadeias levadas ao seu olhar magnânimo transformam-seem laços divinos de salvação.Caracterizam-se as lágrimas através de origens específicas.Quan<strong>do</strong> nascem da <strong>do</strong>r sinc<strong>era</strong> e construtiva, são filtros de redençãoe vida; no entanto, se procedem <strong>do</strong> desespero, são venenosmortais.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 282173Zelo <strong>do</strong> bem“E qual é aquele que vos fará mal, se fordes zelosos <strong>do</strong>bem?” – (1ª Epístola a Pedro, 3:13.)Temer os que praticam o mal é demonstrar que o bem aindanão se nos radicou na alma convenientemente.A interrogação de Pedro reveste-se de enorme senti<strong>do</strong>.Se existe sóli<strong>do</strong> propósito <strong>do</strong> bem nos teus caminhos, se éscuida<strong>do</strong>so em sua prática, quem mobilizará tamanho poder paraanular as edificações de Deus?O problema reside, entretanto, na necessidade de entendimento.Somos ainda incapazes de examinar to<strong>do</strong>s os aspectos de umaquestão, to<strong>do</strong>s os contornos de uma paisagem. O que hoje nosparece a felicidade real pode ser amanhã cruel desengano. Nossosdesejos humanos modificam-se aos jorros purifica<strong>do</strong>res da fonteevolutiva. Urge, pois, afeiçoarmo-nos à Lei Divina, refletir-lhe osprincípios sagra<strong>do</strong>s e submeter-nos aos Superiores Desígnios,trabalhan<strong>do</strong> incessantemente para o bem, onde estivermos.Os melindres pessoais, as falsas necessidades, os preconceitoscristaliza<strong>do</strong>s, op<strong>era</strong>m muita vez a cegueira <strong>do</strong> espírito. Procedemdaí imensos desastres para to<strong>do</strong>s os que guardam a intenção debem fazer, dan<strong>do</strong> ouvi<strong>do</strong>s, porém, ao personalismo inferior.Quem cultiva a obediência ao Pai, no coração, sabe encontraras oportunidades de construir com o seu amor.Os que alcançam, portanto, a compreensão legítima não podemtemer o mal. Nunca se perdem na secura da exigência nemnos desvios <strong>do</strong> sentimentalismo. Para essas almas, que encontraramno íntimo de si próprias o prazer de servir sem indagar, os


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 283insucessos, as provas, as enfermidades e os obstáculos são simplesmentenovas decisões das Forças Divinas, relativamente àtarefa que lhes dizem respeito, destinadas a conduzi-las para avida maior.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 284174Pão de cada dia“Dá-nos cada dia o nosso pão.” – Jesus. (Lucas, 11:3.)Já pensaste no pão de cada dia?À força de possuí-lo, em abundância, o homem costuma desvalorizá-lo,à maneira da criatura irrefletida que somente meditana saúde, ao sobrevir a enfermidade.Se a maioria <strong>do</strong>s filhos da Terra estivessem à altura de atenderà gratidão nos seus aspectos reais, bastaria o pão cotidianopara que não faltassem às coletividades terrestres perfeitas noçõesda existência de Deus. Tão magnânima é a bondade celestial que,promoven<strong>do</strong> recursos para a manutenção <strong>do</strong>s homens, escapa àadmiração das criaturas, a fim de que compreendam melhor avida, integran<strong>do</strong>-se nas responsabilidades que lhes dizem respeito,nas organizações de trabalho a que foram chamadas, com a finalidadede realizarem o aprimoramento próprio.O Altíssimo deixa aos homens a crença de que o pão terrestreé conquista deles, para que se aperfeiçoem convenientemente no<strong>do</strong>m de servir. Em verdade, no entanto, o pão de cada dia, paratodas as refeições <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, procede da Providência Divina.O homem cavará o solo, espalhará as sementes, defenderá oserviço e coop<strong>era</strong>rá com a Natureza, mas a germinação, o crescimento,a florescência e a frutificação pertencem ao To<strong>do</strong>-Misericordioso.No alimento de cada dia prevalece sublime ensinamento decolaboração entre o Cria<strong>do</strong>r e a criatura, que raras pessoas sedispõem a observar. Esforça-se o homem e o Senhor lhe concedeas utilidades.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 285O servo trabalha e o Altíssimo lhe abençoa o suor.É nesse processo de íntima coop<strong>era</strong>ção e natural entendimentoque o Pai esp<strong>era</strong> colher, um dia, os <strong>do</strong>ces frutos da perfeição noespírito <strong>do</strong>s filhos.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 286175Coop<strong>era</strong>ção“E ele respondeu: Como poderei entender se alguémme não ensinar?” – (Atos, 8:31.)Desde a vinda de Jesus, o movimento de educação renova<strong>do</strong>rapara o bem é <strong>do</strong>s mais impressionantes no seio da Humanidade.Em toda parte, ergu<strong>era</strong>m-se templos, divulgaram-se livrosporta<strong>do</strong>res de princípios sagra<strong>do</strong>s.Percebe-se em toda essa atividade a atuação sutil e magnânima<strong>do</strong> Mestre que não perde ocasião de atrair as criaturas de Deuspara o Infinito Amor. Desse quadro bendito de trabalho destacase,porém, a coop<strong>era</strong>ção fraternal que o Cristo nos deixou, comonorma imprescindível ao des<strong>do</strong>bramento da iluminação eterna <strong>do</strong>mun<strong>do</strong>.Ninguém guarde a presunção de elevar-se sem o auxílio <strong>do</strong>soutros, embora não deva buscar a condição parasitária para aascensão. Referimo-nos à solidariedade, ao amparo proveitoso, aoconcurso edificante. Os que aprendem alguma coisa sempre sevalem <strong>do</strong>s homens que já passaram, e não seguem além se lhesfalta o interesse <strong>do</strong>s contemporâneos, ainda que esse interesse sejamínimo.Os apóstolos necessitaram <strong>do</strong> Cristo que, por sua vez, fezquestão de prender os ensinamentos, de que <strong>era</strong> o divino emissário,às antigas leis.Paulo de Tarso precisou de Ananias para entender a própriasituação.Observemos o versículo acima, extraí<strong>do</strong> <strong>do</strong>s Atos <strong>do</strong>s Apóstolos.Filipe achava-se despreocupa<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong> um anjo <strong>do</strong> Senhor


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 287o man<strong>do</strong>u para o caminho que descia de Jerusalém para Gaza. Odiscípulo atende e aí encontra um homem que lia a Lei sem compreendê-la.E entram ambos em santifica<strong>do</strong> esforço de coop<strong>era</strong>ção.Ninguém permanece aban<strong>do</strong>na<strong>do</strong>. Os mensageiros <strong>do</strong> Cristosocorrem sempre nas estradas mais desertas. É necessário, porém,que a alma aceite a sua condição de necessidade e não despreze oato de aprender com humildade, pois não devemos esquecer,através <strong>do</strong> texto evangélico, que o mendigo de entendimento <strong>era</strong> omor<strong>do</strong>mo-mor da rainha <strong>do</strong>s etíopes, superintendente de to<strong>do</strong>s osseus tesouros. Além disso, ele ia de carro e Filipe, a pé.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 288176Lição viva“Duro é este discurso; quem o pode ouvir?” – (João,6:60.)O Cristianismo é a suprema religião da verdade e <strong>do</strong> amor,convocan<strong>do</strong> corações para a vida mais alta.Em vista de religião traduzir religamento, é primordial voltarmo-nospara Deus, tornarmos ao campo da Divindade.Jesus apresentou a sua plataforma de princípios imortais.Rasgou os caminhos. Não enganou a ninguém, relativamente àsdificuldades e obstáculos.É necessário, esclareceu o Senhor, negarmos a vaidade própria,arrependermo-nos de nossos erros e convertermo-nos aobem.O evangelista assinalou a observação de muitos <strong>do</strong>s discípulos:“Duro é este discurso; quem o pode ouvir?”Sim, efetivamente é indispensável romper com as alianças daqueda e assinar o pacto da redenção.É imprescindível seguir nos caminhos dAquele que é a luz denossa vida.Para isso, as palavras brilhantes e os artifícios intelectuais nãobastam. O problema é de “quem pode ouvir” a Divina Mensagem,compreenden<strong>do</strong>-a com o Cristo e seguin<strong>do</strong>-lhe os passos.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 289177Opiniões convencionais“A multidão respondeu: Tens demônio; quem procuramatar-te?” – (João, 7:20.)Não te prendas excessivamente aos juízos da multidão. Oconvencionalismo e o hábito possuem sobre ela forças vigorosas.Se tol<strong>era</strong>s ofensas com amor, chama-te covarde.Se per<strong>do</strong>as com desinteresse, consid<strong>era</strong>-te tolo.Se sofres com paciência, nega-te valor.Se espalhas o bem com abnegação, acusa-te de louco.Se adquires característicos <strong>do</strong> amor sublime e santificante,julga-te <strong>do</strong>ente.Se desestimas os gozos vulgares, classifica-te de anormal.Se te mostras pie<strong>do</strong>so, assev<strong>era</strong> que te envelheceste e cansasteantes <strong>do</strong> tempo.Se a<strong>do</strong>tas a simplicidade por norma, ironiza-te às ocultas.Se respeitas a ordem e a hi<strong>era</strong>rquia, qualifica-te de bajula<strong>do</strong>r.Se reverencias a Lei, aponta-te como medroso.Se és prudente e digno, chama-te fanático e perturba<strong>do</strong>.No entanto, essa mesma multidão, pela voz de seus maiorais,ensina o amor aos semelhantes, o culto da legalidade e a religião<strong>do</strong> dever. Em seus círculos, porém, o excesso de palavras nãopermite, por enquanto, o reina<strong>do</strong> da compreensão.É indispensável suportar-lhe a inconsciência para atendermoscom proveito às nossas obrigações p<strong>era</strong>nte Deus.Não te irrites, nem desanimes.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 290O próprio Jesus foi alvo, sem razão de ser, <strong>do</strong>s sarcasmos daopinião pública.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 291178A porta divina“Eu sou a porta; se alguém entrar por mim, salvar-seá.”– Jesus. (João, 10:9.)Nos caminhos da vida, cada companheiro porta<strong>do</strong>r de expressãointelectual um pouco mais alta converte-se naturalmente emvoz imperiosa para os nossos ouvi<strong>do</strong>s. E cada pessoa que segue àfrente de nós abre portas ao nosso espírito.Os inconforma<strong>do</strong>s abrem estradas à rebelião e à indisciplina.Os velhacos oferecem passagem para o cativeiro em que e-xerçam <strong>do</strong>minação.Os escritores de futilidades fornecem passaporte para a província<strong>do</strong> tempo perdi<strong>do</strong>.Os maledicentes encaminham quem os ouve a fontes envenenadas.Os viciosos quebram as barreiras benéficas <strong>do</strong> respeito fraternal,desvendan<strong>do</strong> despenhadeiros onde o perigo é incessante.Os preguiçosos conduzem à guerra contra o trabalho construtivo.Os perversos escancaram os precipícios <strong>do</strong> crime.Ainda que não percebas, várias pessoas te abrem portas, cadadia, através da palavra falada ou escrita, da ação ou <strong>do</strong> exemplo.Examina onde entras com o sagra<strong>do</strong> depósito da confiança.Muita vez, perderás longo tempo para retomar o caminho que te épróprio.Não nos esqueçamos de que Jesus é a única porta de verdadeiralibertação.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 292Através de muitas estações no campo da Humanidade, é provávelrecebamos proveitosas experiências, amealhan<strong>do</strong>-as à custade desenganos terríveis, mas só em Cristo, no clima sagra<strong>do</strong> deaplicação <strong>do</strong>s seus princípios, é possível encontrar a passagemabençoada de definitiva salvação.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 293179O novo mandamento“Um novo mandamento vos <strong>do</strong>u: que vos ameis uns aosoutros, como eu vos amei.” – Jesus. (João, 13:34.)A leitura despercebida <strong>do</strong> texto induziria o leitor a sentir nessaspalavras <strong>do</strong> Mestre absoluta identidade com o seu ensinamentorelativo à regra áurea.Entretanto, é preciso salientar a diferença.O “ama a teu próximo como a ti mesmo” é diverso <strong>do</strong> “quevos ameis uns aos outros como eu vos amei”.O primeiro institui um dever, em cuja execução não é razoávelque o homem cogite da compreensão alheia. O aprendiz amaráo próximo como a si mesmo.Jesus, porém, engrandeceu a fórmula, crian<strong>do</strong> o novo mandamentona comunidade cristã. O Mestre refere-se a isso na derradeirareunião com os amigos queri<strong>do</strong>s, na intimidade <strong>do</strong>s corações.A recomendação “que vos ameis uns aos outros como eu vosamei” assegura o regime da verdadeira solidariedade entre osdiscípulos, garante a confiança fraternal e a certeza <strong>do</strong> entendimentorecíproco.Em todas as relações comuns, o cristão amará o próximo comoa si mesmo, reconhecen<strong>do</strong>, contu<strong>do</strong>, que no lar de sua fé contacom irmãos que se amparam efetivamente uns aos outros.Esse é o novo mandamento que estabeleceu a intimidade legítimaentre os que se entregaram ao Cristo, significan<strong>do</strong> que, emseus ambientes de trabalho, há quem se sacrifique e quem com-


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 294preenda o sacrifício, quem ame e se sinta ama<strong>do</strong>, quem faz o beme quem saiba agradecer.Em qualquer círculo <strong>do</strong> Evangelho, onde essa característicanão assinala as manifestações <strong>do</strong>s companheiros entre si, os argumentosda Boa Nova podem haver atingi<strong>do</strong> os cérebros indaga<strong>do</strong>res,mas ainda não penetraram o santuário <strong>do</strong>s corações.


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 295180Façamos nossa Luz“Assim resplandeça a vossa luz diante <strong>do</strong>s homens.” –Jesus. (Mateus, 5:16.)Ante a glória <strong>do</strong>s mun<strong>do</strong>s evolvi<strong>do</strong>s, das esf<strong>era</strong>s sublimes quepovoam o Universo, o estreito campo em que nos agitamos, naCrosta Planetária, é limita<strong>do</strong> círculo de ação.Se o problema, no entanto, fosse apenas o de espaço, nada teríamosa lamentar.A casa pequena e humilde, iluminada de Sol e alegria, é paraísode felicidade.A angústia de nosso plano procede da sombra.A escuridão invade os caminhos em todas as direções. Trevasque nascem da ignorância, da maldade, da insensatez, envolven<strong>do</strong>povos, instituições e pessoas. Nevoeiros que assaltam consciências,raciocínios e sentimentos.Em meio da grande noite, é necessário acendamos nossa luz.Sem isso é impossível encontrar o caminho da libertação. Sem airradiação brilhante de nosso próprio ser, não poderemos servistos com facilidade pelos Mensageiros Divinos, que ajudam emnome <strong>do</strong> Altíssimo, e nem auxiliaremos efetivamente a quem querque seja.É indispensável organizar o santuário interior e iluminá-lo, afim de que as trevas não nos <strong>do</strong>minem.É possível marchar, valen<strong>do</strong>-nos de luzes alheias. Todavia,sem claridade que nos seja própria, padeceremos constante ameaçade queda. Os proprietários das lâmpadas acesas podem afastar-


Francisco Cândi<strong>do</strong> Xavier - <strong>Caminho</strong>, <strong>Verdade</strong> e <strong>Vida</strong> - pelo Espírito Emmanuel 296se de nós, convoca<strong>do</strong>s pelos montes de elevação que ainda nãomerecemos.Vale-te, pois, <strong>do</strong>s luzeiros <strong>do</strong> caminho, aplica o pavio da boavontadeao óleo <strong>do</strong> serviço e da humildade e acende o teu archotepara a jornada. Agradece ao que te ilumina por uma hora, poralguns dias ou por muitos anos, mas não olvides tua candeia, senão desejas resvalar nos precipícios da estrada longa!...O problema fundamental da redenção, meu amigo, não se resumea palavras faladas ou escritas. É muito fácil pronunciarbelos discursos e prestar excelentes informações, guardan<strong>do</strong>,embora, a cegueira nos próprios olhos.Nossa necessidade básica é de luz própria, de esclarecimentoíntimo, de auto-educação, de conversão substancial <strong>do</strong> “eu” aoReino de Deus.Podes falar maravilhosamente acerca da vida, argumentarcom brilho sobre a fé, ensinar os valores da crença, comer o pãoda consolação, exaltar a paz, recolher as flores <strong>do</strong> bem, aproveitaros frutos da generosidade alheia, conquistar a coroa efêm<strong>era</strong> <strong>do</strong>louvor fácil, amontoar títulos diversos que te exornem a personalidadeem trânsito pelos vales <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>...Tu<strong>do</strong> isso, em verdade, pode fazer o espírito que se demora,indefinidamente, em certos ângulos da estrada.Todavia, avançar sem luz é impossível.--- Fim ---http://livroespirita.4shared.com/

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