XXXVI Congresso Brasileiro <strong>de</strong> Engenharia AgrícolaBonito - MS, 30-7 a 2-8-2007diversas culturas (CASTANHO FILHO & CHABARIBERY, 1982), este trabalho tem como objetivoanalisar a eficiência energética <strong>da</strong> cultura do milho safrinha, no ano <strong>de</strong> 2006, em dois níveis <strong>de</strong>tecnologia, e confrontar os resulta<strong>dos</strong> energéticos com <strong>da</strong><strong>dos</strong> econômicos para avaliar em conjunto aviabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> na região.MATERIAL E MÉTODOS: As matrizes <strong>dos</strong> coeficientes energéticos foram elabora<strong>da</strong>s com baseem informações coleta<strong>da</strong>s, em agosto <strong>de</strong> 2006, junto aos técnicos <strong>da</strong> Cooperativa <strong>dos</strong> Cafeicultores <strong>da</strong>Média Sorocabana (COOPERMOTA), <strong>de</strong> Cândido Mota; Cooperativa Agropecuária <strong>de</strong> PedrinhasPaulista (CAP), <strong>de</strong> Pedrinhas Paulista e Coor<strong>de</strong>nadoria <strong>de</strong> Assistência Técnica e Integral (CATI), <strong>de</strong>Assis, além <strong>de</strong> produtores rurais representativos no uso <strong>de</strong> tecnologias mo<strong>da</strong>is <strong>da</strong> região do MédioParanapanema, Estado <strong>de</strong> São Paulo. Foram analisa<strong>dos</strong> dois níveis <strong>de</strong> tecnologias: a) sistema <strong>de</strong> altatecnologia, com produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong> média espera<strong>da</strong> <strong>de</strong> 4.000 kg ha -1 , plantio direto, aplicação <strong>de</strong> adubo emcobertura, tratamento <strong>de</strong> sementes com insetici<strong>da</strong>s diferencia<strong>dos</strong> e semeadura em época recomen<strong>da</strong><strong>da</strong>;b) sistema <strong>de</strong> média tecnologia, com produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> aproxima<strong>da</strong>mente 3.000 kg ha -1 , plantio direto,sem adubação <strong>de</strong> cobertura e semeadura após a época recomen<strong>da</strong><strong>da</strong>. Nos dois processos produtivos asoperações foram mecaniza<strong>da</strong>s. Os <strong>da</strong><strong>dos</strong> referentes à vi<strong>da</strong> útil <strong>dos</strong> maquinários, consumo <strong>de</strong>combustíveis, óleos lubrificantes e graxa foram obti<strong>dos</strong> no Instituto <strong>de</strong> Economia Agrícola eutiliza<strong>dos</strong> para mensurar a quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> energia não-renovável incorpora<strong>da</strong> nas máquinas eequipamentos. Os valores médios <strong>de</strong> peso <strong>dos</strong> maquinários foram forneci<strong>dos</strong> pelos fabricantes. A<strong>de</strong>man<strong>da</strong> específica <strong>de</strong> energia <strong>dos</strong> equipamentos motoriza<strong>dos</strong> foi <strong>de</strong> 1,667. 10 7 kcal t -1 e, <strong>dos</strong>equipamentos sem motores 1,367. 10 7 kcal t -1 (ULBANERE, 1998). A quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> energia conti<strong>da</strong>nos insumos foi converti<strong>da</strong> em valores calóricos, com base no po<strong>de</strong>r calorífico <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> produto ou doprincípio ativo prepon<strong>de</strong>rante (ROMANELLI, 2002). O resultado <strong>da</strong> eficiência energética (razãoentre a saí<strong>da</strong> e a entra<strong>da</strong> <strong>de</strong> energia) <strong>dos</strong> dois níveis <strong>de</strong> tecnologia foi comparado com os <strong>da</strong><strong>dos</strong> <strong>da</strong>eficiência econômica (relação entre a receita e o custo total <strong>de</strong> produção) disponibiliza<strong>dos</strong> emTsunechiro et al. (2006).RESULTADOS E DISCUSSÃO: As operações que apresentaram os maiores dispêndios energéticosna cultura do milho safrinha foram as que <strong>de</strong>man<strong>da</strong>ram mais horas <strong>de</strong> serviço (capina,semeadura/adubação e pulverizações) e utilizaram gran<strong>de</strong>s quanti<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> recursos não-renováveis(<strong>de</strong>fensivos e fertilizantes). No sistema <strong>de</strong> média tecnologia, a adubação <strong>de</strong> cobertura não foirealiza<strong>da</strong> e os fungici<strong>da</strong>s usa<strong>dos</strong> no tratamento <strong>de</strong> sementes, por serem menos energéticos, reduziramo consumo <strong>de</strong> energia durante o processo produtivo (Tabela 1).TABELA 1 – Energia utiliza<strong>da</strong> nas operações mecaniza<strong>da</strong>s e custos energéticos para a produção <strong>de</strong>milho safrinha, sistema <strong>de</strong> plantio direto, em dois níveis <strong>de</strong> tecnologias, por hectare, região do MédioParanapanema, Estado <strong>de</strong> São Paulo, ano 2006.OperaçãoAlta tecnologia Média tecnologiaKcal ha -1 % Kcal ha -1 %Dessecação 16.155,5 2,3 16.155,5 2,5Aplicação <strong>de</strong> calcário 23.678,4 3,4 23.678,4 3,6Semeadura/adubação 163.572,3 23,6 163.572,3 25,2Capina 179.595,8 25,9 179.528,5 27,6Adubação <strong>de</strong> cobertura 37.150,2 5,4 - -Aplicação <strong>de</strong> <strong>de</strong>fensivos 145.399,7 20,9 145.399,7 22,4Colheita 89.145,4 12,8 83.202,4 12,8Transporte interno 39.434,4 5,7 37.857,0 5,9Sub total A 694.131,8 100,0 649.393,8 100,0Fonte: Da<strong>dos</strong> <strong>de</strong> pesquisa, 2006Os valores energéticos <strong>dos</strong> nutrientes foram altos em <strong>de</strong>corrência <strong>da</strong> presença <strong>de</strong> nitrogênio na suaformulação. O óleo diesel representou, 20,5% e 29,8% do custo energético no sistema <strong>de</strong> alta e média
XXXVI Congresso Brasileiro <strong>de</strong> Engenharia AgrícolaBonito - MS, 30-7 a 2-8-2007tecnologia respectivamente, indicando a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> utilização <strong>de</strong> fontes energéticas alternativaspara a minimização <strong>dos</strong> gastos energéticos (Tabela 2).TABELA 2 – Energia utiliza<strong>da</strong> nos materiais e custos energéticos para a produção <strong>de</strong> milho safrinha,sistema <strong>de</strong> plantio direto, em dois níveis <strong>de</strong> tecnologias, por hectare, região do Médio Paranapanema,Estado <strong>de</strong> São Paulo, ano 2006.MaterialAlta tecnologia Média tecnologiaKcal ha -1 % Kcal ha -1 %Óleo diesel 636.626,5 20,5 596.492,4 29,8Óleo lubrificante 6.347,9 0,2 7.051,8 0,3Graxa 5.197,2 0,2 2.017,8 0,2Herbici<strong>da</strong>s 522.678,0 16,9 522.678,0 26,1Calcário 139.832,0 4,5 139.832,0 6,7Semente 66.420,0 2,1 66.420,0 3,3Fertilizantes 1.647.941,6 53,1 606.912,5 30,3Defensivos 29.917,1 1,0 24.614,0 1,2Máquinas e equipamentos 45.960,2 1,5 43.831,9 2,1Sub total B 3.100.920,5 100,0 2.009.850,3 100,0Fonte: Da<strong>dos</strong> <strong>de</strong> pesquisa, 2006A análise do índice <strong>de</strong> eficiência energética mostrou que o sistema <strong>de</strong> média tecnologia é maiseficiente energeticamente, apesar <strong>da</strong> produção ser inferior ao sistema <strong>de</strong> alta tecnologia. Já a análiseeconômica <strong>dos</strong> dois níveis tecnológicos indicou que o sistema <strong>de</strong> alta tecnologia é mais viável nomomento econômico analisado (Tabela 3).TABELA 3 – Indicadores <strong>da</strong> eficiência energética e econômica <strong>da</strong> cultura do milho safrinha, sistema<strong>de</strong> plantio direto, em dois níveis <strong>de</strong> tecnologias, por hectare, região do Médio Paranapanema, Estado<strong>de</strong> São Paulo, ano 2006.Indicador energético Uni<strong>da</strong><strong>de</strong> Alta tecnologia Média tecnologiaProdutivi<strong>da</strong><strong>de</strong> Kg ha -1 4.000,0 3.000,0Po<strong>de</strong>r calorífico Kcal kg -1 3.690,0 3.690,0Receita energética Kcal ha -1 14.760.000,0 11.070.000,0Custo <strong>de</strong> produção Kcal ha -1 3.100.920,5 2.014.877,1Resultado energético Kcal ha -1 11.659.079,5 9.055.122,9Eficiência energética % 3,8 4,5Indicador econômico Uni<strong>da</strong><strong>de</strong> Alta tecnologia Média tecnologiaPreço <strong>de</strong> ven<strong>da</strong> R$ saca -1 16,00 16,00Ren<strong>da</strong> Bruta R$ ha -1 1.067,20 800,00Custo Oper. Total R$ ha -1 831,76 651,00Ren<strong>da</strong> Liqui<strong>da</strong> R$ ha -1 235,44 149,00Eficiência econômica%28,3 22,9Fonte: Da<strong>dos</strong> <strong>de</strong> pesquisa e Tsunechiro et al.(2006)CONCLUSÕES: As origens <strong>da</strong>s fontes energéticas na cultura do milho safrinha precisam ser revistaspara que a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> se mantenha sustentável a longo prazo. Uma <strong>da</strong>s alternativas é a adoção <strong>de</strong>adubação orgânica e <strong>de</strong> combustível <strong>de</strong> origem biológica, como por exemplo, o biodiesel. Aviabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> cultura do milho safrinha sempre <strong>de</strong>ve ser analisa<strong>da</strong> do ponto <strong>de</strong> vista energético eeconômico, pois se observou que a eficiência positiva do indicador energético não correspon<strong>de</strong>u aosresulta<strong>dos</strong> econômicos apresenta<strong>dos</strong> pela cultura, levando em consi<strong>de</strong>ração a produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong>, o preço<strong>de</strong> ven<strong>da</strong> e o custo <strong>de</strong> produção avaliado neste trabalho.