31.07.2015 Views

Ami Pro - 008-OB~1.SAM - Clube de Xadrez de Curitiba

Ami Pro - 008-OB~1.SAM - Clube de Xadrez de Curitiba

Ami Pro - 008-OB~1.SAM - Clube de Xadrez de Curitiba

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Ciclo <strong>de</strong> Palestras do <strong>Clube</strong> <strong>de</strong> <strong>Xadrez</strong> <strong>de</strong> <strong>Curitiba</strong> - 23 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011XADREZ OPERACIONAL - ENXADRÍSTICA DA POSIÇÃOO BÁSICO NA COORDENAÇÃO DAS PEÇASHenrique Marinhohsam@terra.com.brINTRODUÇÃOO foco na coor<strong>de</strong>nação das peças começa no século XVIIIcom Philidor: "os peões avançam com as peças na retaguarda".É retomado por Capablanca: "no meio jogo o principalé a coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> peças" (My Chess Career, 1920); e a seguirpor Lasker como "cooperação das peças" (Lasker's Manualof Chess, 1925). Depois: Spielmann, Pachman, Suetincada qual com sua versão: coor<strong>de</strong>nação, cooperação, harmonia,força conjunta; ora das peças, ora <strong>de</strong> forças.No estruturalismo da competição a coor<strong>de</strong>nação é assuntooperacional: 1- Infraestruturas Operacionais; 1.3- ConstanteOperacional; 1.4- Enxadrística da posição; 14.2- Coor<strong>de</strong>naçãodas peças; on<strong>de</strong> a coor<strong>de</strong>nação (14.2) é um dos agentesmanipuladores da constante operacional (1.3).CONCEITOS GERAISDefiniçãoCoor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> peças é a "harmonização eficaz das peças epeões relativamente a um objetivo ou curso <strong>de</strong> eventos"(Marinho 2004, p.291).Coor<strong>de</strong>nação, controle & domínioD1: Brancas ganham na vez <strong>de</strong> jogar ou nãoO objetivo estratégico é promover o peão a dama em e8para tanto o rei branco <strong>de</strong>ve afastar o negro da rota e2-e8.Não se fala em coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> peças porque trata-se <strong>de</strong>uma peça isolada (rei branco) contra outra peça isolada (reinegro). O assunto aqui é o controle e ou domínio pelo reibranco da linha <strong>de</strong> comunicação (coluna-e) por on<strong>de</strong> <strong>de</strong>verápassar o peão-e2 até sua promoção, uma supervantagem.Bateria"As peças mais firmemente coor<strong>de</strong>nadas são aquelas emforma <strong>de</strong> bateria" (Schiller 2000, p.217). Mas a USCF (Fe<strong>de</strong>raçãoAmericana <strong>de</strong> <strong>Xadrez</strong>) <strong>de</strong>fine bateria como a soma<strong>de</strong> duas ou mais peças atuando em linha reta (coluna, fila oudiagonal) sobre peça adversária. Com a peça da frente ameaça-sediretamente o objetivo, após as trocas, vem o ganho realizadocom a peça da retaguarda. A unida<strong>de</strong> da frente da baterianão po<strong>de</strong> ser o cavalo (pelo seu movimento não retilíneo)e o rei (por não ser trocável ou sacrificável).D2: Z.Efimenko (2702) - M.Sebenik (2518)Porto Carras GRE 2011Brancas aproveitam-se do a8 totalmente disperso paramontar uma bateria na ala <strong>de</strong> rei (Canhão <strong>de</strong> Alekhine) e assimchegar à <strong>de</strong>cisão tática da partida. D3: Bateria branca ("Canhão <strong>de</strong> Alekhine") na coluna hNesta posição negras abandonaram, mas do ponto <strong>de</strong> vista<strong>de</strong> "Houdini 1.5a w32", e quiçá mesmo das "engine" em geral,esta posição me parece servir para enten<strong>de</strong>r um poucomais como as máquinas processam seus lances.No diagrama D3, Houdini oferece cinco possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>lances para negras: 44...e7, 44...f7, 44...e7, 44...f7e 44..h8, todas mantendo uma coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong>fensiva no


Ciclo <strong>de</strong> Palestras do <strong>Clube</strong> <strong>de</strong> <strong>Xadrez</strong> <strong>de</strong> <strong>Curitiba</strong> - 23 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011HENRIQUE MARINHO - O BÁSICO NA COORDENAÇÃO DAS PEÇASponto h7 com a avaliação +1.33. Os <strong>de</strong>mais lances per<strong>de</strong>m.Por exemplo, após 44...e7 (Houdini) este sugere uma série<strong>de</strong> lances exceto 45.hxg5, valorando todas as posições advindas<strong>de</strong> todos os seus lances também em +1.33. Diante dissochega-se à conclusão <strong>de</strong> que Houdini, com brancas, não sabeganhar na posição do diagrama D3!Somente quando ajudado com o lance 45.hxg5 é que Houdiniencontra a linha correta <strong>de</strong> ganho: 45...hxg5 46.xh7xh7 47.xh7 xh7 48.xh7+ xh7 49.d4!! ganhando.Será que com isto <strong>de</strong>scobrimos que o "horizonte <strong>de</strong> eventos"do "Houdini 1.5a w32" é <strong>de</strong> 8 meio-lances? Ou não disporiado conceito "variante forçada" (Guik 1999, p.14)? A saber!Houdini não viu o ganho da partida após 45.hxg5, mas osGMIs Efimenko e Sabenik viram e a partida terminou elegantemente.O inci<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>ixou exposta uma ferida no processamentodas "engines"!Bateria ou mera concentração <strong>de</strong> forçasD4: T. Zhongyi (2428) - G. Xiaobing (2369)Ningbo CHN 2011Nesta posição ocorre a <strong>de</strong>cisão tática: as peças b2, d2 ec5 formam uma bateria ou o estadio final da concentração<strong>de</strong> forças? A <strong>de</strong>cisão tática ocoreu assim:Da coor<strong>de</strong>nação à concentraçãoD5: Mate <strong>de</strong> LegalComo pela <strong>de</strong>finição da USCF o cavalo não entra na formação<strong>de</strong> uma bateria então o que temos nesta posição?Há uma concentração ofensiva <strong>de</strong> forças negras no pontof3: d4 e h5 contra o c3 cujo objetivo é dobrar os peõesbrancos e isolar o peão h3. Segundo Silman seria uma baterianegra, não segundo a USCF pelo cavalo tomando parte.Do lado branco, as linhas exteriores <strong>de</strong> comunicações contrao rei adversário propiciam o arremate surpreen<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>nominadoMate <strong>de</strong> Legal. Conclusão: há uma concentração<strong>de</strong> forças negra, foco no ponto f3, que não é bateria (pelo cavalo!)e não é eficaz (coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> peças!) porque brancasantes combinam (Mate <strong>de</strong> Legal) e ganham a partida após: O po<strong>de</strong>r do sacrifício <strong>de</strong> dama e da súbita concentraçãoofensiva <strong>de</strong> forças no ponto f7 negro! A força do sacrifício étão gran<strong>de</strong> que o dispositivo branco no diagrama D5 só não éuma bateria pela <strong>de</strong>finição da USCF. Pela súbita <strong>de</strong>cisão táticapo<strong>de</strong>ria ser o estádio final <strong>de</strong> uma concentração <strong>de</strong> forças!Força-tarefaEste termo foi criado em 1941 pelos estrategistas da Marinhados EUA. Está <strong>de</strong>finido como o "grupamento operativo<strong>de</strong> unida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> diferentes tipos, estabelecido temporariamente,sob comando único, com o fim <strong>de</strong> realizar uma tarefaespecífica, cuja execução exige que o grupamento procedacom certa in<strong>de</strong>pendência" (Dicionário Aurélio).No diag. D3 temos a <strong>de</strong>cisão tática com uma bateria (ausência<strong>de</strong> cavalo); igualmente nos diagramas D4 e D5 masaqui provenientes <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nação das peças em seu estágiofinal <strong>de</strong> concentração ofensiva <strong>de</strong> forças. Po<strong>de</strong>-se concluirque a bateria (também uma coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> peças com concentração<strong>de</strong> forças) é um caso particular <strong>de</strong> força-tarefa!A coor<strong>de</strong>nação manipula a constante operacionalD6: Primeiro exemplo <strong>de</strong> LaskerNo diagrama o objetivo estratégico é promover um peãonegro, entretanto "negras não po<strong>de</strong>m vencer pois não estãoaptas para avançar aos seus peões" (Lasker 1960, p.232). Po<strong>de</strong>mosver essa questão <strong>de</strong> duas maneiras:(a) as peças negras estão <strong>de</strong>scoor<strong>de</strong>nadas relativamenteao objetivo <strong>de</strong> promover um <strong>de</strong> seus peões, portanto estãoem situação <strong>de</strong> dispersão <strong>de</strong> forças; e(b) as peças brancas (+) impe<strong>de</strong>m o avanço dospeões negros por estarem coor<strong>de</strong>nadas no controle do complexo<strong>de</strong> casas negras, impe<strong>de</strong>m o avanço por essas casas porse apresentam como uma concentração <strong>de</strong>fensiva <strong>de</strong> forças.2


Ciclo <strong>de</strong> Palestras do <strong>Clube</strong> <strong>de</strong> <strong>Xadrez</strong> <strong>de</strong> <strong>Curitiba</strong> - 23 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011HENRIQUE MARINHO - O BÁSICO NA COORDENAÇÃO DAS PEÇASAs peças brancas não formam uma bateria como <strong>de</strong>finidopela USCF, mas por trabalharem coor<strong>de</strong>nadamente em função<strong>de</strong> um objetivo constituem uma força-tarefa.Por exemplo, se "1...d4 2.b2 e3 3.c1 e4 4.a5d4 5.b2 c5 6.a3. O bispo em h5 está totalmente inativo,os peões o privaram <strong>de</strong> todo trabalho útil. O bispo estámorto, a posição é rígida" (Lasker).Agora vejamos a seguinte posição:D7: Segundo exemplo <strong>de</strong> Lasker"Que diferença entre esta posição e a prece<strong>de</strong>nte! O bisponegro e os peões se complementam cada um ao outro, elestrabalham em harmonia. Negras ganham facilmente: 1.d1g4+ 2.c1 d3. Brancas per<strong>de</strong>m em Zugswang" (Lasker): + negros estão coor<strong>de</strong>nados ao complexo branco.A "coor<strong>de</strong>nação" é entre o rei e o bispo no avanço dos peões,po<strong>de</strong> haver "cooperação" entre bispo e peões.MANIPULAÇÕES COM A COORDENAÇÃOD8: GM Yuri Shulman - MI Mackenzie MolnerUS Chess League, Internet Chess Club 2011A posição do diagrama surgiu após 30.e5 on<strong>de</strong> brancasameaçam 31.e6, um peão passado e apoiado.Descoor<strong>de</strong>nar as peças adversáriasOs próximos lances negros são todos eles tentativas para<strong>de</strong>scoor<strong>de</strong>nar as peças brancas do objetivo peão e6. Ambos não per<strong>de</strong>mtempos na luta pela iniciativa. É a coor<strong>de</strong>nação das peças("o principal", segundo Capablanca) manipulando essa iniciativae a constante operacional do plano <strong>de</strong> jogo.Realizar o objetivo alternativoQuando a coor<strong>de</strong>nação das peças (como bateria ou forçatarefa)não realizar o objetivo principal, sempre restará o objetivoalternativo ... se houver! Neste caso há e para evitar opeão e6 passado e apoiado, negras conce<strong>de</strong>m (concessão <strong>de</strong><strong>de</strong>fesa) o peão d5 apenas passado. Des<strong>de</strong> já ameaçandod7-d8 ganhando a qualida<strong>de</strong>. Novamentea ameaça era d7-d8 <strong>de</strong>vido ao duplo f7+. O avançodo peão está contando apenas com o apoio do cavalo.Construir uma força-tarefaAgora a torre entra em cena para se coor<strong>de</strong>nar com o cavalono avanço do peão-d: este é um exemplo <strong>de</strong> força-tarefa,conjunto <strong>de</strong> peças na realização <strong>de</strong> um objetivo específicoe comum a elas, no caso a promoção do peão-d. Resumo do que fazerNa busca da coor<strong>de</strong>nação das peças (força-tarefa) nada impe<strong>de</strong>o jogador na ofensiva estabelecer, nos momentos finaisdo <strong>de</strong>senvolvimento do plano, uma bateria (nos termos daUSCF) para <strong>de</strong>cidir o plano, como no diag. D3.Para o jogador na <strong>de</strong>fesa há duas opções: manter a coor<strong>de</strong>naçãodas peças na retaguarda no que resultará uma <strong>de</strong>fesapassiva (diag. D6) Ou, <strong>de</strong>scoor<strong>de</strong>nar suas peças para tentaruma <strong>de</strong>fesa ativa ameaçando pontos adversários sob a égi<strong>de</strong>da razão minimax da compensação, como no exemplo a seguir.Cada um <strong>de</strong>stes métodos tem suas indicações e contraindicaçõestudo <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo da situação em tempo real.D9: E. Geller - V. SmyslovPalma <strong>de</strong> Majorca 1970Jogam brancas que têm um peão a mais, estão na ofensivae, evi<strong>de</strong>ntemente, jogam para ganhar. Nestes termos existe apossibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> brancas ganharem um segundo peão em trêsvariantes que se iniciam com b6, xe5 ou g6. "Uma ilustração <strong>de</strong> livro texto da regra clássica:o <strong>de</strong>senvolvimento ativo das peças é mais importante que avantagem material" (Geller 1994, p.188).Chama atenção Geller não usar termos como "coor<strong>de</strong>naçãodas peças", "bateria" e "força-tarefa"! Assim como3


Ciclo <strong>de</strong> Palestras do <strong>Clube</strong> <strong>de</strong> <strong>Xadrez</strong> <strong>de</strong> <strong>Curitiba</strong> - 23 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011HENRIQUE MARINHO - O BÁSICO NA COORDENAÇÃO DAS PEÇAStambém chama atenção o emprego do termo "<strong>de</strong>senvolvimento"na fase do final, quando sabemos que é um termopróprio da fase <strong>de</strong> abertura.Tudo isto se justifica quando percebemos que o mestreestá querendo dizer "coor<strong>de</strong>nação das peças." De fato no diagramaD9 há uma <strong>de</strong>scoor<strong>de</strong>nação entre a torre e o rei brancoenquanto o rei e a torre negras estão, pela proximida<strong>de</strong>,em tese coor<strong>de</strong>nadas para a <strong>de</strong>fesa passiva.Como brancas estão na ofensiva, sabem que a situação requera criação <strong>de</strong> uma força-tarefa (+) para apoiar a promoção<strong>de</strong> um <strong>de</strong> seus peões. Esta é a razão pela qual Gellermostrou gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>sconfiança em capturar mais um peão aumentandosua vantagem material.Segundo Geller, a captura imediata <strong>de</strong> qualquer <strong>de</strong>stes peõescolocaria em risco sua vitória pelo contrajogo negro (<strong>de</strong>fesaativa) com chances <strong>de</strong> empate. Geller dá três variantes:Primeira variante <strong>de</strong> Geller"Após 46.b6 a8 47.xb5 a3 negras capturam o peãoc3 e suas peças estão em colocações excelentes" (Geller).Houdini confirma o empate com 48.c5 xc3 49.c6h5 50.b5 b3 51.b6 g5 52.f3 h4 53.xc4 xb6 54. e4d6 55.g4 b5 56.xg5 b7 57.g4 h7 58.a4 xd559.g1 h6 60.f2 h7 61.g4 e6 62.e3 d5 63.a4 g7 64.g4 h7 65.a4 g7 66.a5+ d6 67.a6+d5 68.f2 f7 69.a5+ e6 70.a4 h7 71.e3 f572.b4 g7 73.g4 h7 e a posição não avança. Po<strong>de</strong>mosobservar em toda a variante que brancas estão na ofensivamas não formaram uma força-tarefa. Negras <strong>de</strong>sdobraram suaspeças em <strong>de</strong>fesa ativa impedindo brancas <strong>de</strong> avançar, o queestá <strong>de</strong> acordo com os dois exemplos <strong>de</strong> Lasker.Segunda variante <strong>de</strong> Geller"Finalmente 46.xe5 d6 47.e3 g5!; também não estáclaro após 48.e6+ xd5 49.xh6 e4 ou 48.g3 f8 49.g2 xd5" (Geller). Houdini confirma que a variante <strong>de</strong>Geller leva ao empate, mas em lugar <strong>de</strong> 48.e6+ ou 48.g3(ambos <strong>de</strong> Geller) oferece 48.h4 xd5 49.hxg5 hxg5 50.g3 (brancas restabelecem sua força-tarefa ou coor<strong>de</strong>naçãorei e torre. O lance 47.e3 <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> a base c3 da ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong>peões estabilizando a ala <strong>de</strong> dama e corta as linhas interiores<strong>de</strong> comunicações do rei negro relativamente à zona <strong>de</strong> pressõesoperacionais, a ala <strong>de</strong> rei. Tudo isso, pensado nos termosda solução filosófica, tem a presunção <strong>de</strong> vitória, confirmadopelo cálculo bruto <strong>de</strong> Houdini: 50...f8 51.e2 f552.g4 f7 53.f3 g7 54.e8 a7 55. g3 g7 56.c8 d657.c5 b7 58.xg5 a bateria se impõe, brancas ganham.Terceira variante <strong>de</strong> Geller"Tentando 46.g6 a8 47.xg7+ d6 48.g6+ xd549.xh6 a3 permite o peão c4 negro tornar-se muito perigoso;enquanto em caso <strong>de</strong> 48.g3 negras não respon<strong>de</strong>mcom 48...xd5? 49.e3 seguido <strong>de</strong> g3-f3 e g2-g4, mascom 48...a2! <strong>de</strong>struindo a coor<strong>de</strong>nação das peças brancas"(Geller). Neste caso, Houdini propõe, em vez <strong>de</strong> 47.xg7+(Geller), exatamente "o <strong>de</strong>senvolvimento ativo das peças"(Geller), ou seja, o básico na coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> peças pela formaçãoda força-tarefa + com: 47.g3 a3 48.f3xc3+ 49.e4 c2 50.xg7+ d6 51.g6+ d7 52.xe5 brancas conseguem sua força-tarefa!) 52...e2+53.d4 xf2 54.xh6 xg2 55.c5 c3 56.d6+ e857.xb5 g3 58. c6 xh3 59. a6 c2 60.xc2 a3+61.b7 ganhando. O avanço do rei branco em direção aocentro resultou exatamente na idéia <strong>de</strong> Geller <strong>de</strong> "<strong>de</strong>senvolvimentoativo das peças ".Emprego da solução filosóficaSe todos estes cálculos são inviáveis no tempo real da partida,seja pela falta <strong>de</strong> tempo, seja pela complexida<strong>de</strong> das variantesou seja pelas situações hipercríticas como na segundavariante <strong>de</strong> Geller quando <strong>de</strong> 48.h4 (Houdini), não há dúvidas<strong>de</strong> que resta a solução filosófica.Especificamente nas condições do D9 em tempo real o jogadormonitora o resultado esportivo da partida pelo empregoda solução filosófica, seja no ataque ou na <strong>de</strong>fesa, para si epara o adversário. Nestes termos, como vimos, é realizável oganho imediato do peão com 46.xe5.Também nestes termos, 46.g3, como foi jogado na partida,tem a idéia <strong>de</strong> coor<strong>de</strong>nar as forças (força-tarefa +)e, como lance, uma aplicação da Regra <strong>de</strong> Makogonov (melhorara posição da pior peça), neste caso a posição do rei,mesmo às custas da entrega <strong>de</strong> peões como na histórica partidaCapablanca - Tartakower, New York 1924.Coor<strong>de</strong>nação/Descoor<strong>de</strong>naçãoBrancas optaram pela coor<strong>de</strong>nação das peças (força-tarefa+); e negras pela <strong>de</strong>fesa ativa (ataques aos peões brancos)fundamentado no minimax da compensação, com <strong>de</strong>scoor<strong>de</strong>nação<strong>de</strong> suas peças. Tais escolhas po<strong>de</strong>m surgir a todo momentodo <strong>de</strong>senvolvimento do plano <strong>de</strong> jogo. Negras sabem que diante da coor<strong>de</strong>naçãodas peças brancas em força-tarefa a melhor resistênciaé o ataque isolado <strong>de</strong> sua torre aos peões adversários embusca da simplificação numa posição <strong>de</strong> empate. Regras:(a) na ofensiva, procurar criar uma força-tarefa (coor<strong>de</strong>naçãodas peças), como ocorreu na partida e sugerido naterceira variante <strong>de</strong> Geller-Houdini;(b) na <strong>de</strong>fesa passiva, manter a coor<strong>de</strong>nação das peçasà espera do esgotamento ofensivo adversário e, se for o caso,contra-atacar quando <strong>de</strong>spontar um hiato operacional; e(c) na <strong>de</strong>fesa ativa, buscar a iniciativa mesmo que em<strong>de</strong>trimento da coor<strong>de</strong>nação, atacando as <strong>de</strong>bilida<strong>de</strong>s adversáriascom peças isoladas (minimax da compensação), como naprimeira variante <strong>de</strong> Geller.D104


Ciclo <strong>de</strong> Palestras do <strong>Clube</strong> <strong>de</strong> <strong>Xadrez</strong> <strong>de</strong> <strong>Curitiba</strong> - 23 <strong>de</strong> Novembro <strong>de</strong> 2011HENRIQUE MARINHO - O BÁSICO NA COORDENAÇÃO DAS PEÇASEsta posição D10 é o reverso da D9. No diagrama D10 sãobrancas que estão coor<strong>de</strong>nadas, possuem a força-tarefa +em ação, e negras <strong>de</strong>scoor<strong>de</strong>nadas.A força-tarefa branca, muito ofensiva, impe<strong>de</strong> a aproximaçãodo rei negro da <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong> seu peão-b5 e ataque aopeão-d5, em ambos os casos, cortado em suas linhas exteriorese interiores <strong>de</strong> comunicações pela g6. Negras jogam em função da buscada máxima compensação pelo material inferior que possuem.Po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>rado uma forma <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa ativa masque, necessariamente em compensação, exige a <strong>de</strong>scooor<strong>de</strong>naçãoentre seu rei e torre. Para ganhar tempo no relógio.Esta partida foi suspensa duas vezes.Um peão passado que avança, última tentativ a <strong>de</strong> reverte r oresultado, mas apenas um fragmento da <strong>de</strong>fesa ativa.D11Como po<strong>de</strong>mos observar brancas mantém sua força-tarefaágil tanto no ataque como na <strong>de</strong>fesa, e assim continuam avançoem direção à promoção <strong>de</strong> um peão.Para o lado das negras impera a <strong>de</strong>scoor<strong>de</strong>nação entre rei etorre, mas este é o resultado da opção pela <strong>de</strong>fesa ativa queaqui tem o objetivo <strong>de</strong> atingir um daqueles finais elementares<strong>de</strong> torres e peões teoricamente empatado.Está se cumprindo o seguinte roteiro:(a) brancas na ofensiva mantém a coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> suaspeças materializada na força-tarefa + cujo objetivo é apromoção <strong>de</strong> um <strong>de</strong> seus peões.(b) negras na <strong>de</strong>fensiva optaram pela <strong>de</strong>fesa ativa baseadaem atacar com torre os peões brancos com a idéia <strong>de</strong> chegara um final elementar <strong>de</strong> torres e peões empatado.A alternativa negra (a <strong>de</strong>fensiva é sempre mais rica que aofensiva!) seria manter a coor<strong>de</strong>nação <strong>de</strong> suas peças estabelecendouma força-tarefa <strong>de</strong>fensiva (o normal é a força-tarefaser ofensiva), o que seria a opção pela <strong>de</strong>fesa passiva. "O número <strong>de</strong> peões novamente não é importante.Mais significativo é o fato que o rei negro não alcançariad6 após 66.xb5" (Geller). Segundo Geller a partida foi adiada pelasegunda vez quando então Smyslov abandonou: "Após 79...d1+ 80.e6 e1+ 81.f6 f1+ 82.g6 g1+ 83.h7d1 84.d7 e per<strong>de</strong> a torre" (Geller).BIBLIOGRAFIACAPABLANCA, J.R.; My Chess Career; Dover Publication;New York 1966.GELLER, E.; The Application of Chess Theory; Cadogan; London1994.GUIK, I.; <strong>Xadrez</strong> e Computadores; Campo das Letras Editores;Porto 1999.LASKER, E.; Lasker's Manual of Chess; Dover Publications;New York 1960.MARINHO, H.; Maiorias Qualitativas nas Defesas Índias; Ibrasa;São Paulo 2004.USCF: http://main.uschess.org/content/view/11468/645SCHILLER, E.; Encyclopedia of Chess Wisdom; Cardoza Publishing;New York 2000.5

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!