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Hazaqá - Ano 1 - Número 2

A Revista dos Judeus Hispano-Portugueses no Brasil

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O exercício da medicina lhe proporcionou<br />

notoriedade, e Maimônides se tornou médico<br />

pessoal do Grão Vizir Alfadhil, e posteriormente<br />

do Sultão Saladino.<br />

Em 1177, Maimônides já havia conquistado<br />

enorme respeito por causa de suas obras sobre<br />

medicina, astronomia e lógica. Nesse ano, foi<br />

convidado a assumir o posto de Ga’on (“rabino<br />

chefe”) da comunidade judaica no Cairo, que à<br />

época era muito importante e influente.<br />

Durante os dez anos em que esteve à frente da<br />

comunidade judaica do Cairo, em meio a tantas<br />

responsabilidades, Maimônides conseguiu<br />

completar os 14 livros e 982 capítulos da Mishnê<br />

Torá. Após isso, concluiria outra obra<br />

importantíssima: o seu tratado filosófico<br />

denominado Moré Nebukhím, o Guia dos<br />

Perplexos, além de outras obras importantes.<br />

Tal como seu pai, Rabi Maimom, Maimônides veio<br />

a falecer em Fóstat, no ano de 1204. Foi<br />

enterrado em Tiberíades, na terra de Israel.<br />

Maimônides também foi um dos principais sábios<br />

a contribuir para que a tradição sefaradita clássica<br />

fosse firmada no racionalismo, e pautada em<br />

conhecimentos sólidos e legitimamente judaicos.<br />

Mas, não seria apenas entre os judeus hispanoportugueses<br />

que a obra de Maimônides ganharia<br />

destaque. Curiosamente, seu legado também seria<br />

preservado entre os judeus do Iêmen.<br />

Tudo começou quando o Hakham Jacob ben<br />

Netanel ibn al-Fayyumi escreveu uma carta a<br />

Maimônides pedindo conselhos sobre como lidar<br />

com a situação dos judeus iemenitas, que estavam<br />

cometendo suicídio e até matando seus próprios<br />

filhos, numa tentativa desesperada de evitar a<br />

conversão forçada.<br />

Maimônides responde com a famosa Epístola ao<br />

Iêmen. A carta surtiu um efeito tão profundo de<br />

manter os judeus do Iêmen firmes em sua fé, que<br />

até hoje os judeus iemenitas ainda preservam a<br />

tradição de se conduzirem conforme o<br />

ensinamento da Mishnê Torá.<br />

Ao se referirem aos sefaraditas hispanoportugueses,<br />

os judeus iemenitas dizem: “Os<br />

outros judeus do Rambam.”<br />

Hoje, a Epístola ao Iêmen é um dos fundamentos<br />

que elucida a situação dos descendentes dos<br />

judeus da Inquisição, esclarecendo que, em boa<br />

parte dos casos, a conversão não é necessária.<br />

Além de médico, astrônomo, filósofo e profundo<br />

conhecedor da halakhá, Maimônides também<br />

pode ser considerado o maior expoente do<br />

Judaísmo desde o exílio.<br />

Sua monumental contribuição ao codificar a Lei<br />

Judaica o faz frequentemente ser equiparado a<br />

Moisés. E por isso, costuma-se dizer: “De Moshé a<br />

Moshé, nunca houve alguém como Moshé”<br />

A MISHNÊ TORÁ<br />

Além de ser a base da halakhá para os judeus<br />

hispano-portugueses e iemenitas, a Mishnê Torá<br />

é também a única compilação que traz as leis<br />

referentes a viver na terra de Israel, quando<br />

findar a Diáspora.<br />

Composta de 14 volumes e 74 seções, a obra é<br />

escrita numa linguagem simples e acessível.<br />

Outros compêndios posteriores de halakhá,<br />

como o Shul’han Arukh, ainda se fundamentam<br />

primordialmente nela.<br />

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