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Trabalho e saúde mental dos profissionais da saúde

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mento; não há medicação, não há soro, faltam recursos adequa<strong>dos</strong> para a boa<br />

prática médica. 16<br />

Neste contraponto está o sistema de <strong>saúde</strong> brasileiro, no qual o profissional<br />

médico exerce suas ativi<strong>da</strong>des laborativas, quer seja para o SUS, com salários<br />

indignos e falta de estrutura para atender com digni<strong>da</strong>de ao paciente, quer<br />

para as empresas operadoras de <strong>saúde</strong> suplementar com pagamentos ínfimos<br />

pelos serviços presta<strong>dos</strong>, como também a exploração <strong>da</strong> pessoa jurídica (PJ)<br />

do profissional médico.<br />

Diversas vezes tive a oportuni<strong>da</strong>de de ouvir relatos <strong>dos</strong> <strong>profissionais</strong> médicos<br />

que, mesmo com filhos ou familiares doentes, não podem deixar de trabalhar<br />

para não perder a ren<strong>da</strong> mensal, que já é pequena. Alguns médicos,<br />

mesmo estando doentes, sem condições humanas de prestar cui<strong>da</strong>do adequado<br />

aos pacientes, não deixam de fazê-lo. 34<br />

Medicina é uma profissão ou sacerdócio?<br />

Entre os <strong>profissionais</strong> médicos tem-se que a vocação para a Medicina é<br />

um “chamado”, do qual os membros não conseguem separar sua vi<strong>da</strong>. É seguramente<br />

esse humanismo médico que sempre considera o paciente como<br />

indivíduo com direito ao respeito e sempre ressalta as exigências imensas que<br />

a arte de curar, como um sacerdócio, impõe aos seus melhores curas. 8<br />

Existem <strong>profissionais</strong> médicos que, “tendo atendido ao chamado”, sentem-se<br />

obriga<strong>dos</strong> a vivê-lo. Já no exercício <strong>da</strong> profissão, no encontro com o<br />

sofrimento humano e com a grandeza e privilégio de acudi-lo. Percebe-se,<br />

então, que para o profissional que se torna médico, significa comprometer-se<br />

a passar to<strong>da</strong> a vi<strong>da</strong> aprendendo, atualizando-se, principalmente porque a<br />

Medicina avança de modo notável e, para além desse domínio intelectivo, o<br />

exercício <strong>da</strong> profissão reclama com veemência o concurso de atributos excepcionais<br />

do caráter. 35<br />

Os <strong>profissionais</strong> médicos clamam por atenção e respeito. Apontam as<br />

precárias condições de trabalho, com jorna<strong>da</strong>s extenuantes, multiplici<strong>da</strong>de de<br />

ativi<strong>da</strong>des, desgaste profissional e redução <strong>dos</strong> salários. 33 Alça<strong>da</strong> à condição <strong>da</strong><br />

mais sublime <strong>da</strong>s profissões, com exigências técnicas e humanitárias proporcionais<br />

a essa soberania, a Medicina é vista como uma profissão sacerdotal,<br />

quase divina. 5 A prática médica comporta um caráter de morali<strong>da</strong>de, de desinteresse,<br />

de abnegação e de sacrifício, que merece ser identifica<strong>da</strong> e consagra<strong>da</strong> a<br />

sua originali<strong>da</strong>de profissional. Quando exerci<strong>da</strong> em sua completude, acalenta,<br />

conforta e enobrece o profissional médico. 15<br />

Há um consenso popular entre as pessoas que compreendem que essa<br />

ativi<strong>da</strong>de deve ser exerci<strong>da</strong> com nobreza de caráter e sacrifícios, mesmo tendo<br />

decorri<strong>dos</strong> tantos séculos de exercício <strong>da</strong> Medicina, o enfermo sempre espera<br />

7 Consequências do trabalho na <strong>saúde</strong> <strong>mental</strong> do médico<br />

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