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Libertat - previa v1

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Editorial<br />

Caro leitor,<br />

Esta é a primeira edição do jornal<br />

<strong>Libertat</strong>. A equipe decidiu fazer<br />

essa mudança ao sentir a necessidade<br />

de criar algo novo e unicamente<br />

nosso. Continuaremos<br />

tentando ao máximo produzir um<br />

jornal que seja importante na vida<br />

de nossos leitores, nossos colegas<br />

e amigos, seja na vida acadêmica<br />

ou na social. A equipe estará<br />

sempre aberta a novas sugestões<br />

vindas dos alunos, já que a <strong>Libertat</strong><br />

tem como objetivo ampliar a<br />

liberdade de expressão de todos.<br />

Índice<br />

3 Vestibular<br />

4 e 5 Interclasses<br />

6 e 7 Esportes<br />

8 e 9 Músicas de protesto<br />

10 Quilombo: Memórias<br />

11 Literatura Chicana<br />

12 Crônica<br />

13 Poema<br />

14 Charge<br />

15 Agenda cultural<br />

Expediente<br />

Editora-Chefe:<br />

Juliana Matsuura<br />

Vice Editor-Chefe:<br />

Vanderson E. Pedroso<br />

Escritores:<br />

Maria Clara<br />

Maria C. Amaral<br />

Caroline Cruz<br />

Othon Hilton<br />

Lucas Almir<br />

Olívia Funo<br />

Marco Polese<br />

Miguel Aguiar<br />

Diagramador:<br />

Felipe de Oliveira<br />

Orientadores:<br />

Mario Galvão<br />

Cecília Costa<br />

Coordenador<br />

PPU - Humanas:<br />

Bruno Augusto<br />

Diretora do CEJW:<br />

Irís Alves S. Ferreira<br />

2


Vestibular<br />

Gāokǎo: O Grande Vestibular Chinês<br />

Enquanto o ENEM é o maior<br />

vestibular do Brasil e o segundo<br />

do mundo, o Gāokǎo chinês<br />

é o maior, com 2 milhões de inscritos a<br />

mais que o brasileiro, superando 9 milhões<br />

de pessoas. Os estudantes chineses<br />

passam por diversos testes durante<br />

a vida escolar, sendo que o Gāokǎo é o<br />

último e mais importante deles, constituindo<br />

a principal entrada para as instituições<br />

de ensino superior da China.<br />

Para muitos, o exame também<br />

representa uma forma de ascensão<br />

social e a única oportunidade de obter<br />

um emprego bem remunerado.<br />

A grande demanda para poucas vagas<br />

nas universidades faz com que<br />

apenas 15% dos que realizam a prova<br />

sejam efetivamente aprovados. Em<br />

algumas províncias são utilizados drones<br />

para garantir que os vestibulandos<br />

não colem ou usem seus celulares.<br />

A preparação dos estudantes é proporcional<br />

à pressão e tensão vividas por eles,<br />

que até recorrem a injeções de aminoácidos<br />

a fim de terem mais energia para estudar.<br />

Num país em que as taxas de suicídio<br />

são preocupantes, principalmente<br />

entre os jovens (aproximadamente 250<br />

mil pessoas cometem suicídio todos os<br />

anos), especialistas culpam a antiga política<br />

do filho único e a fábrica de vestibulandos<br />

que é o sistema escolar chinês.<br />

Olívia Funo<br />

3


Entrevista<br />

Qual foi a expectativa de vocês<br />

quanto ao vôlei e ao futsal?<br />

“Sobre o vôlei, achávamos que ia<br />

ser mais fácil, porque o time treinou<br />

e tinha alguns que já jogavam fazia<br />

tempo.” - Raul<br />

“Tanto no vôlei quanto no futsal,<br />

nós entramos pra fazer a nossa parte,<br />

acho que a obrigação de ganhar<br />

é sempre do 2º e do 3º porque eles<br />

já tão há mais tempo, enquanto 1º<br />

ano geralmente só ta aí pra dar trabalho.”<br />

- Breno<br />

“Antes do jogo de futsal, que foi na<br />

quinta feira, a gente fez um combinado<br />

que mesmo que tomássemos<br />

muitos gols não iríamos nos entregar,<br />

íamos jogar com raça, e foi o<br />

que aconteceu, não deu mas jogamos<br />

com raça.” -Bruno<br />

E a expectativa quanto ao seu ano?<br />

“A gente ficou muito feliz da Palmares<br />

ter passado porque não achávamos<br />

que iria dar muito certo. O<br />

primeiro ano foi muito bom nessa<br />

primeira fase.” - Raul<br />

1°ano responde:<br />

pectativas sobre<br />

Salas que você achou que iriam ganhar<br />

e foram uma decepção?<br />

“A Valois, por exemplo. Achei que<br />

ela iria ganhar mas não ganhou.”<br />

- Raul<br />

Na segunda fase, quem vocês<br />

acham que leva?<br />

“No vôlei feminino a gente acha que<br />

vai dar Valois, mas vamos torcer pra<br />

Palmares. No fut dizem que a sala<br />

forte é a Hanôver, mas prefiro a sala<br />

do 2º, a Menés.” - Breno<br />

Qual foi a sensação quanto a torcida?<br />

Seu apoio melhorou o jogo?<br />

“Melhora bastante, motiva também.<br />

Além de que quando a Palmares<br />

tava perdendo de uns 13 gols a<br />

gente tava zuando, ninguém parava<br />

de apoiar.” - Bruno<br />

Turma Mandela<br />

4


opiniões e exo<br />

interclasses.<br />

Qual é a opinião de vocês sobre o<br />

seu jogo de futsal?<br />

“ A gente achou que iria ser mais<br />

difícil por se tratar de uma sala do<br />

segundo ano que é muito boa, entramos<br />

com a ideia de perder de<br />

5X0, mas nós estávamos unidas e<br />

sabíamos que independentemente<br />

do resultado a sala estaria unida<br />

também. Parabenizando todo<br />

mundo porque eles foram muito<br />

bem e até que não foi tão difícil<br />

como a gente esperava, foi até para<br />

os pênaltis.” -Beatriz<br />

“ Foi a primeira vez que nós estávamos<br />

no campo juntas.” -Bruna<br />

“ As nossas aula de Educação Física<br />

são na quinta, daí a gente perdeu<br />

muita aula por causa de provas, feriados<br />

e as meninas nem sempre tinham<br />

disponibilidade para treinar<br />

juntas, e no fim acabou que nos<br />

treinos que nós faziamos só iam 4<br />

ou 5 meninas e não conseguiamos<br />

treinar junta, o jogo foi uma surpresa<br />

pra gente porque achavamos<br />

que iria dar muito errado.” -Yamila<br />

Vocês gostaram da atitude da torcida?<br />

“ A única coisa que nós achamos<br />

chato foi na hora dos pênaltis, que<br />

começaram a zuar muito e isso atrapalhou<br />

bastante porque você já está<br />

nervosa e cobrar um pênalti é uma<br />

responsabilidade muito grande, aí a<br />

torcida começa a colocar mais pressão,<br />

então isso fica chato.” - Beatriz<br />

“Foi uma falta de respeito com as<br />

jogadoras, já que nós estavamos lá<br />

para dar o nosso melhor.» -Yamila<br />

Qual foi a sensação de estar jogando<br />

pela primeira vez?<br />

“ Foi legal, o apoio da torcida também,<br />

porque tinha ,muita gente torcendo.”<br />

-Beatriz<br />

“ Foi muito bom, várias vezes na<br />

hora em que eu estava no meio do<br />

jogo eu tinha vontade de parar e<br />

cantar junto com a torcida, era muito<br />

legal.” -Yamila<br />

Caroline Cruz<br />

Marco Polese<br />

5


Esporte<br />

O apogeu do Handebol:<br />

Por que somente nas<br />

escolas?<br />

Não há como negar que o Brasil é uma<br />

pátria consideravelmente movida pelo<br />

esporte. A prática esportiva, tanto profissional<br />

como em função do lazer, vem sendo<br />

constantemente difundida entre a população,<br />

sendo que a ampla diversidade e as muitas opções<br />

em relação a qual esporte praticar atendem<br />

os mais variados gostos e necessidades.<br />

Porém, meio a essa variabilidade torna-se<br />

indiscutível que há uma preferência por alguns<br />

esportes, afinal, como não destacar o futebol?<br />

Seguindo o ranking fornecido pelo portal R7,<br />

tem-se que o esporte considerado paixão nacional<br />

encontra-se de fato como o mais praticado,<br />

possuindo mais de 30 milhões de federados, seguido<br />

por voleibol, com 15 milhões e por tênis<br />

de mesa, possuindo 12 milhões de praticantes<br />

oficiais.<br />

Tais dados podem refletir em parte a real<br />

preferência nacional, entretanto vale a pena<br />

adequar as informações a diferentes realidades<br />

e perspectivas para se avaliar a popularidade de<br />

cada esporte. Deve-se colocar a importância do<br />

âmbito da prática esportiva na difusão e na preferência<br />

do esporte em questão, considerando<br />

fatores que possam justificar a conclusão final.<br />

Todavia, ao observarmos a popularidade dos<br />

esportes nas escolas, por exemplo, nos defrontamos<br />

com uma situação de coerência duvidosa<br />

em relação ao ranking nacional. Perante ao<br />

âmbito escolar, nota-se uma predominância de<br />

4 esportes, todos coletivos sendo eles o futsal,<br />

como uma derivação do futebol devido a estrutura<br />

fornecida pela maioria das escolas, o voleibol,<br />

o handebol e o basquetebol. Em nosso colégio, tal<br />

preferência e evidenciada pelas participações em<br />

competições internas, como o interclasses, e externas<br />

como a copa Jovem Pan, a qual o Juarez se<br />

sagrou campeão neste domingo (04/06).<br />

Essa divergência ocorrente entre a preferência<br />

esportiva do âmbito escolar e oficial, induz uma<br />

reflexão relacionada a ascensão de um determinado<br />

esporte. Considerando a escola como uma<br />

instituição que de fato auxilia na difusão de certas<br />

práticas esportivas, pode-se concluir que a escola<br />

como um todo é de fundamental importância em<br />

tornar frequente e popular a prática de certo esporte<br />

por um grupo definido por faixa de idade,<br />

estrutura e até mesmo por gênero, embora esse<br />

paradigma venha sendo quebrado nas próprias<br />

instituições de ensino, através da pratica de esportes<br />

tanto em modalidades femininas quanto<br />

masculinas.<br />

Através dessa questão, podemos dar ênfase<br />

a um esporte que se encontra com um número<br />

muito próximo de praticantes em ambos os gêneros.<br />

Em nosso colégio, por exemplo, o handebol<br />

é praticado, de certa forma, igualmente tanto por<br />

meninas quanto por meninos.<br />

Considerando esse esporte como um ponto de<br />

convergência, podemos destacar sua popularidade<br />

em si, comparando sua prática profissional com<br />

a frequência do esporte no âmbito escolar. A ascensão<br />

do handebol em termos de popularidade<br />

chama a atenção justamente neste ponto referente<br />

a sua prática por parte de uma maior diversidade<br />

de pessoas. Esse fator concede ao esporte uma<br />

condição de presente crescimento, principalmen-<br />

6


te nas escolas, assim como é refletida essa realidade<br />

em nosso colégio, todavia vale destacar que<br />

o handebol continua consideravelmente distante<br />

de alcançar, por exemplo, o futsal ou até mesmo<br />

o vôlei em termos de preferências.<br />

Entretanto, ao compararmos a preferência/<br />

popularidade do handebol em âmbitos oficiais,<br />

como por exemplo no número de federados, pode-se<br />

observar uma significativa divergência, pois<br />

o esporte não se encontra presente entre os 10<br />

esportes mais praticados do Brasil, enquanto em<br />

nossa escola, pode-se dizer que a preferência por<br />

tal prática fica atrás apenas do futsal (futebol) e<br />

voleibol.<br />

Em uma entrevista realizada pela nossa equipe,<br />

a ex-aluna Amanda Medeiros, jogadora de<br />

handebol, ao ser perguntada se o esporte de fato<br />

enfrenta dificuldades em ganharem mais público<br />

devido à forte presença do futebol como “paixão<br />

nacional” baseou sua argumentação em interessante<br />

fator que deve ser considerado ao se analisar<br />

o crescimento de um determinado esporte.<br />

Em sua resposta, Amanda deixou claro que realmente<br />

há uma grande dificuldade de ascensão<br />

do handebol e outros esportes perante ao futebol,<br />

porém essa realidade vem sendo alterada<br />

com base nos últimos anos em razão, por exemplo,<br />

da queda de desempenho de nossa seleção<br />

brasileira de futebol principal, mas mesmo com<br />

esse relativo decaimento não bastou para que<br />

houvessem bruscas mudanças no quadro de preferência<br />

e portanto o futebol continua, sem sombra<br />

de dúvidas, como o esporte mais praticado<br />

nas diversas localidades no território brasileiro.<br />

Em relação a questão focada nas características<br />

que o handebol possui, além de citar o fator<br />

de equilíbrio da prática por ambos os gêneros<br />

(já citado nessa matéria), a entrevistada destacou<br />

aspectos como o dinamismo presente em<br />

uma partida, juntamente com o intenso contato<br />

físico ocorrente, tornando o esporte atrativo e<br />

empolgante. Fora isso foi citado o fator de que o<br />

esporte disponibiliza uma ampla acessibilidade,<br />

podendo ser praticado por pessoas baixas, altas,<br />

fortes, rápidas, sendo que no esporte cada característica<br />

pessoal pode ser aproveitada.<br />

Mesmo com tais pontos favoráveis ao crescimento<br />

da preferência pelo handebol, o quase<br />

monopólio tanto da mídia, quanto da estrutura<br />

e dos investimentos por parte do futebol se tornam<br />

mais um obstáculo para o próprio desenvolvimento<br />

do esporte. A entrevistada utilizou o<br />

campeonato paulista de handebol, liga onde ela<br />

atua como jogadora profissional, como exemplo<br />

para evidenciar certa precariedade nas condições<br />

para o crescimento do esporte. Ela destacou que<br />

a presença de apenas 11 clubes inscritos para participar<br />

o ano inteiro da competição escancara a<br />

falta de recursos destinados a pratica do esporte<br />

por vários municípios, onde na maioria das vezes<br />

não há a possibilidade de se manter um clube, as<br />

dependências e o salário dos atletas.<br />

Por mais que se note grande presença do handebol<br />

em âmbito escolar, a queda da preferência<br />

pelo esporte fora desse ambiente indiscutivelmente<br />

está ligada a rara abordagem feita pelas<br />

mídias esportivas. Mesmo após o primeiro título<br />

mundial da seleção feminina de handebol conquistado<br />

no dia 22 de dezembro de 2013, ainda<br />

se pode perceber que a divulgação midiática do<br />

esporte é outro fator que contribui absolutamente<br />

para a superioridade do futebol em relação a<br />

popularidade.<br />

Enfim, podemos considerar que para a ascensão<br />

do handebol e outros esportes perante a quase<br />

supremacia da preferência pelo futebol, inúmeros<br />

fatores estão envolvidos, como sua divulgação<br />

realizada pela mídia, o desempenho da categoria<br />

profissional brasileira e também o próprio incentivo,<br />

tanto governamental como proveniente de<br />

demais instituições, como a escola por exemplo,<br />

sendo que são de extrema importância para o<br />

aumento da preferência por um determinado esporte,<br />

ou até mesmo para a estabilidade de sua<br />

popularidade.<br />

Lucas Almir<br />

Othon Hilton<br />

7


CAPA<br />

Rebeldia musical: A história<br />

contada pelos opositores<br />

Vários elementos marcam as suas respectivas<br />

décadas, de forma que acabam sendo<br />

um fator que identifica o estilo, a cultura e<br />

até o pensamento popular acerca de vários assuntos.<br />

Dessa forma, a música, em específico a com teor crítico,<br />

caracteriza todos esses fatores marcantes para<br />

suas décadas, enquanto, ao mesmo tempo, transcende<br />

sua própria época e entra para história. Sendo assim,<br />

apresentamos aos nossos leitores uma cronologia<br />

sobre as músicas de protesto. Partiremos dos anos<br />

60, época em que as críticas sociais ganharam força.<br />

O início da década de 60 foi uma continuação e realização<br />

de ideologias e culturas iniciadas na década de<br />

50. Podemos dividi-la em duas metades: a primeira tem<br />

um caráter mais lírico em manifestações socioculturais,<br />

com evidente idealismo no ramo da política e espírito<br />

de luta da população, o que pode ser visto na música<br />

Blowin’ in the Wind de Bob Dylan, lançada em 1962,<br />

que coloca muitas perguntas sobre paz, guerra e liberdade.<br />

Já a segunda metade se caracteriza por um tom<br />

mais ácido e psicodélico, com composições sobre experiências<br />

com drogas, perda de inocência, revolução<br />

sexual e protestos juvenis contra seus respectivos governos.<br />

Os Beatles passaram por ambas as fases dessa<br />

década, sendo evidente a troca de melodias doces de<br />

seus primeiros discos por melodias psicodélicas. Lennon,<br />

em 1968, colocou no papel suas ideias e sentimentos<br />

sobre o hiato entre o movimento hippie e tumultos<br />

políticos, protestos e repressão na canção “Revolution”.<br />

Já no Brasil, o grande alvo das críticas era a ditadura<br />

militar, iniciada em 1964. Músicas como “Para<br />

não dizer que não falei das flores” de Geraldo Vandré e<br />

“Roda viva” de Chico Buarque, ambas de 1968, ilustram<br />

o início de uma resistência contra os militares. “Roda<br />

viva”, por meio da ambiguidade de sua composição<br />

consegue mascarar-se como uma música inocente,<br />

porém que carrega um significado oculto crítico ao<br />

sistema da época, em que versos como “ a gente<br />

toma a iniciativa/ viola na rua à cantar” e “a gente<br />

vai contra a corrente/ até não poder resistir” revelam<br />

a oposição implícita da música a ditadura. Geraldo<br />

Vandré, por outro lado, arrisca-se um pouco mais<br />

e torna sua canção um símbolo do antagonismo ao<br />

governo militar, tendo versos de sua música, como “<br />

vem, vamos embora, que esperar não é saber/ quem<br />

sabe faz a hora, não espera acontecer” e “ Nos quartéis<br />

lhes [aos soldados] ensinam uma antiga lição/<br />

de morrer pela pátria e viver sem razão”, ganhado<br />

grande uso nos protestos contra o Estado autoritário.<br />

Na década de 70, há uma troca de interesses no<br />

ramo sociocultural. O progresso humanístico não<br />

está mais voltado para o interesse das potências, com<br />

a corrida espacial e armamentista por exemplo, e sim<br />

no interesse da humanidade como um todo. A música<br />

Get Up, Stand Up, de Bob Marley e Peter Tosh,<br />

lançada em 1973, deixa claro esse interesse abordando<br />

questões como superação, vivencia, deixando<br />

claro os ideais pacifistas da época, o que marcou a<br />

história do Reggea. Além desses temas, haviam muitas<br />

músicas que protestavam contra seus respectivos<br />

governos, como a canção “Sólo Le pido a Dios” de<br />

León Gieco, lançada em 1978, mostrando o temor<br />

pelo conflito bélico próximo de acontecer no Chile<br />

e na Argentina, durante suas ditaduras militares.<br />

Assim como na Argentina e no Chile, no Brasil, as<br />

críticas contra o governo ditatorial se intensificaram<br />

nos anos 70. Nesta década, em 1973, foi composta<br />

por Chico Buarque “Cálice”, música que, a partir do<br />

jogo de sentido com a palavra “cálice” e “cale-se”<br />

gerou uma inteligentíssima e discreta, num primeiro<br />

8


momento, reprovação à ditadura militar. A canção repercutiu<br />

de tal forma que, até hoje, é considerada o<br />

maior símbolo da resistência ao governo militar. Já em<br />

1979, com a explosão do movimento pedindo anistia<br />

aos exilados políticos, o fim da tortura e a liberdade<br />

aos que ainda eram mantidos presos sobre o regime<br />

vigente, Elis Regina interpretou “O bêbado e o equilibrista”,<br />

música que, subjetivamente, manifestou todo<br />

um pensamento anti-ditatorial popular, em que, de<br />

forma metafórica, crítica tudo aquilo que o povo se<br />

opunha durante essa fase violenta da ditadura militar.<br />

Já nos anos 80, o mundo vivia uma série de guerras<br />

e conflitos, como a Guerra Fria e o conflito Israel<br />

x Palestina. Os Estados Unidos estiveram, indiretamente<br />

ou diretamente, comprometidos com vários<br />

conflitos na América Central e do Sul, com a intenção<br />

de se acabar com a disseminação do comunismo e<br />

por fim ao tráfico de drogas. Esse tema é tratado na<br />

música Bullet the Blue Sky, da banda U2, criticando<br />

a intervenção norte-americana em El Salvador. Bruce<br />

Springsteen também não deixou de poupar sua<br />

crítica ao povo norte-americano com seu álbum e<br />

música de mesmo nome, Born in the U.S.A., lançado<br />

em 1984, colocando em evidência os efeitos da guerra<br />

do Vietnã sobre a população dos Estados Unidos.<br />

Enquanto isso, o Brasil encontrava-se perdido<br />

pós ditadura militar, não tendo, teoricamente, mais<br />

porque lutar. A juventude da década de 80 se encontrava<br />

afogada no princípio “Drogas, sexo e Rock<br />

N Roll”, porém uma nova geração de músicos apareceu<br />

para reacender a chama ativista da população.<br />

Músicas como “Que país é esse? ”, 1987, do Legião<br />

Urbana e “Ideologia”, 1988, do Cazuza estremeceram<br />

a recém-formada estrutura social com letras<br />

ácidas e um tanto irônicas, além de influenciarem<br />

um novo estilo de música de protesto, com letras e<br />

temas atemporais, expressando uma realidade política<br />

que, para muitos, é uma situação contemporânea.<br />

Nos anos 90, em meio a um contexto de imperialismo<br />

capitalista na economia e ápice na desigualdade<br />

social, a música Killing in the Name, da banda<br />

Rage Against the Machine, discute o racismo nas<br />

instituições e polícia norte americana, que possuíam<br />

membros da Ku Klux Klan, grupo extremamente radical<br />

e racista, beneficiando os brancos na sociedade.<br />

A canção “Do the Evolution”, do Pearl Jam, também<br />

contextualiza a década de 90, representando um período<br />

de questionamentos com fortes mensagens que<br />

retratam toda a desgraça causada pela humanidade<br />

até os dias atuais, podendo ser visíveis tanto pela<br />

letra como pelo clipe, que fez um enorme sucesso.<br />

Seguindo o estilo de crítica atemporal iniciado na<br />

década anterior, a música brasileira dos anos 90 abriu<br />

espaço para o hip hop e o rap, abordando temas como<br />

desigualdade social, miséria e violência. O rapper Gabriel,<br />

“O pensador”, por exemplo, consolidou-se durante<br />

toda a década com músicas com temas fortes<br />

e contemporâneos, sendo uma das mais chocantes a<br />

canção “O resto do mundo”, em que, a partir de versos<br />

como “Eu queria morar numa favela/ meu sonho<br />

é morar numa favela” e “Eu não tenho nome/ Eu não<br />

tenho identidade/ Eu não tenho nem certeza se eu<br />

sou gente de verdade”, expressa a realidade da exclusão<br />

social na qual os mendigos se inserem, ao ponto<br />

desses terem como sonho a moradia em um local também,<br />

porém menos, excluído socialmente. Da mesma<br />

forma, a banda O Rappa, com a música “Minha alma”<br />

aborda o comodismo da sociedade frente a violência,<br />

o que pode ser facilmente visto nos versos “As grades<br />

do condomínio/ São para trazer proteção/ Mas<br />

também trazem a dúvida/ Se é você que está nessa<br />

prisão” e “ Pois paz sem voz/ não é paz, é medo”, em<br />

que o cantor critica e duvida da “paz” e da “segurança”<br />

que a sociedade tenta passar para a população.<br />

Todas estas músicas marcaram não só suas respectivas<br />

décadas, mas também a história. Porém a história<br />

não é contada somente dessa forma, ela é expressa de<br />

várias formas diferentes. Uma dessas formas é a apresentação<br />

”Décadas” realizada pelos alunos da segunda<br />

série. Este ano, “Décadas” ocorrerá no dia 24 de Junho,<br />

para a primeira série, e no dia 25 de Junho para os pais.<br />

Marco Polese<br />

Vanderson E. Pedroso<br />

9


Cultura<br />

Memórias de um Quilombo:<br />

A lenda de Ogum<br />

Uma cultura que ainda sofre muito com o preconceito. Desde a colonização, em<br />

que afrodescendentes são obrigados a renegar suas origens. Atualmente seus<br />

costumes prevalecem, mas junto o preconceito. Nas próximas edições estaremos<br />

trazendo parte da Cultura Africana para que nossos leitores possam tomar conhecimento<br />

dessa identidade.<br />

Ogum lutava sem cessar contra os reinos<br />

vizinhos. Ele trazia sempre um rico espólio<br />

em suas expedições, além de numerosos<br />

escravos. Todos estes bens conquistados,<br />

ele entregava a Odúduá, seu pai, rei de Ifé.<br />

Ogum continuou suas guerras. Durante<br />

uma delas, ele tomou Irê. Antigamente,<br />

esta cidade era formada por sete aldeias.<br />

Por isto chamam-no, ainda hoje, Ogum mejejê<br />

lodê Irê - “Ogum das sete partes de Irê”.<br />

Ogum matou o rei, Onirê e o substituiu<br />

pelo próprio filho, conservando<br />

para si o título de Rei. Ele é saudado<br />

como Ogum Onirê! - “Ogum Rei de Irê!”<br />

Entretanto, ele foi autorizado a usar<br />

apenas uma pequena coroa, “akorô”.<br />

Daí ser chamado, também, de Ogum<br />

Alakorô - “Ogum dono da pequena coroa”.<br />

Após instalar seu filho no trono de<br />

Irê, Ogum voltou a guerrear por muitos<br />

anos. Quando voltou a Irê, após<br />

longa ausência, ele não reconheceu o<br />

lugar. Por infelicidade, no dia de sua<br />

A Lenda de Ogum<br />

chegada, celebrava-se uma cerimônia,<br />

na qual todo mundo devia guardar silêncio<br />

completo. Ogum tinha fome e sede.<br />

Ele viu as jarras de vinho de palma,<br />

mas não sabia que elas estavam vazias.<br />

O silêncio geral pareceu-lhe sinal de desprezo.<br />

Ogum, cuja paciência é curta,<br />

encolerizou-se. Quebrou as jarras com<br />

golpes de espada e cortou a cabeça das<br />

pessoas. A cerimônia tendo acabado,<br />

apareceu, finalmente, o filho de Ogum e<br />

ofereceu-lhe seus pratos prediletos: caracóis<br />

e feijão, regados com dendê, tudo<br />

acompanhado de muito vinho de palma.<br />

Ogum, arrependido e calmo, lamentou<br />

seus atos de violência, e disse que já vivera<br />

bastante, que viera agora o tempo de repousar.<br />

Ele baixou, então, sua espada e desapareceu<br />

sob a terra. Ogum tornara-se um Orixá.<br />

Caroline Cruz<br />

10


Literatura<br />

Literatura Chícana: A expressão<br />

latina em solo americano<br />

No dia 22 de abril desse ano, morreu<br />

em Brasília o escritor Salim Miguel,<br />

ganhador de um prêmio Machado<br />

de Assis, um prêmio Juca Pato, entre<br />

outras condecorações da literatura nacional.<br />

O autor libanês, que passou a maior parte da<br />

vida no Brasil, é um bom exemplo de presença<br />

estrangeira na cultura de um país, sendo<br />

testemunha de boa parte da história brasileira<br />

no século XX, incluindo o Regime Militar.<br />

A influência de estrangeiros já foi presente<br />

em situações similares em diversos países, com<br />

maior notoriedade no sul dos Estados Unidos.<br />

Após o fim da Guerra Mexicano-Americana em<br />

1848, cerca de metade do território mexicano<br />

passou a pertencer aos Estados Unidos, e<br />

com ele a sua população, que se viu obrigada<br />

a viver em um país cuja língua e cultura eram<br />

desconhecidas, lidando com preconceitos e<br />

com a falta de individualidade, sem pertencer<br />

completamente a um país nem a outro. Da<br />

dualidade única desse povo, nasceram seus<br />

descendentes que vieram se integrar por definição<br />

ao grupo étnico conhecido como “chicanos”,<br />

indivíduos estadunidenses de origem<br />

hispânico-mexicana que carregam consigo uma<br />

vasta herança cultural de seus antepassados.<br />

Essa grande herança cultural, por sua vez,<br />

veio a se manifestar com o objetivo de conceder<br />

aos estadunidenses um senso de consciência<br />

coletiva e uma crítica ao recorrente preconceito<br />

relacionado à indivíduos de origem hispânica.<br />

Um segmento dessa manifestação cultural foi<br />

a literatura, que embora não seja forte a ponto<br />

de ser um fenômeno notório a todos, é uma<br />

maneira significativa de desenvolver a personalidade<br />

da produção chicana, sendo que muitos<br />

autores fazem uso de uma linguagem que<br />

mistura a língua inglesa com expressões em<br />

espanhol, o que torna suas obras únicas e carregadas<br />

com um intertexto de culturas. Dentro<br />

de literatura chicana é possível ainda separar<br />

as produções teatrais das líricas e em prosa.<br />

O teatro chicano, cujas narrativas costumam<br />

refletir sobre a presença da segregação<br />

racial presente entre os norte-americanos e<br />

sobre o conflito da cultura mestiça com a cultura<br />

tradicional do país, conta com diretores<br />

como Luis Valdez, que trata de comentários<br />

sociais e políticos em suas obras fazendo uso<br />

do humor para atingir o público e educá-lo,<br />

além dos grupos e festivais teatrais presentes<br />

ao longo dos EUA, embora sejam minoritários.<br />

Quanto à produção lírica, é marcada pela presença<br />

de autores como José Montoya e Corky<br />

González, sendo este o autor de um poema<br />

muito conhecido entre os chicanos chamado<br />

“Yo soy Joaquin”, que reflete sobre as perdas<br />

mexicanas sob as imposições estadunidenses<br />

após a guerra Mexicano-Americana, através<br />

de um eu-lírico que se sente, parafraseando o<br />

poema, “perdido em um mundo de confusão,<br />

envolvidos no redemoinho de uma sociedade<br />

gringa, confundido pelas regras, desprezado<br />

pelas atitudes, sufocado por manipulações<br />

e destroçado pela sociedade moderna”.<br />

A literatura chicana acaba por ser, no fim,<br />

a manifestação de um povo que foi feito invisível<br />

e continua a sobreviver enquanto luta<br />

para obter seu merecido reconhecimento.<br />

Miguel Aguilar<br />

11


Crônica<br />

O mundo e suas ironias<br />

Eu, logo eu que minha mãe se orgulhava<br />

tanto em dizer ”esse menino<br />

não tem medo da vida, é pau para<br />

toda obra, faz o que for necessário e encara<br />

a vida de frente”, estou perdido,com medo.<br />

Perdido? Mas perdido de onde? Essa é<br />

uma pergunta que não sei responder, pois<br />

não tenho a mínima ideia de onde estou ou<br />

em que ponto da vida me encontro. Há horas<br />

que me sinto um homem e um adulto<br />

pronto para o que der e vier, há horas que<br />

me sinto um criança que não pode dar os<br />

próprios passos sem quase se matar.<br />

Medo, é estou com medo, medo da<br />

vida, medo da humanidade e dos rumos<br />

que ela há de tomar. Eu gostaria de ser<br />

nobre e dizer que temo pelas pessoas que<br />

amo, se é que elas existem, ou pelas pessoas<br />

que sofrem, mas seria uma mentira<br />

deslavada. Eu temo por mim e por como o<br />

rumo do mundo e da vida se implicam em<br />

mim. É, não é nobre e tão pouco de todo<br />

sincero, mas é o que é.<br />

É deveras patético pensar nisso tudo,<br />

mas em minha arrogância e petulância<br />

eu ouso pensar em coisas patéticas, afinal<br />

o que hei de ser se não as horas de meus<br />

pensamentos?<br />

Sim, sou patético e ainda por cima propositalmente,<br />

pois nos meus momentos<br />

mais patéticos é que as realidades e os sentimentos,<br />

bons ou ruins, ganham sentido.<br />

Porém é quando tenho a noção do que estou<br />

fazendo tudo volta para a monotonia<br />

da chamada felicidade<br />

É triste perceber que para que eu me<br />

torne feliz, ou para que eu sinta, precise<br />

parar de pensar, gostaria que fosse simples<br />

tal tarefa. Logo eu que tenho na matemática<br />

meu algoz, tenho uma mente<br />

como uma exata função, o problema? É<br />

que eu nunca entendi função. Como irei<br />

entender minha mente? É, não faço ideia<br />

Nesse ponto é que você questiona minha<br />

humildade, vou poupar seu esforço.<br />

Sou um tremendo arrogante, sou precipitado<br />

em minhas decisões, afoito em meus<br />

amores e extremamente cego a opiniões<br />

adversas quando elas questionam as minhas<br />

verdades.<br />

Agora você deve querer saber quem<br />

é esse idiota que vos fala, julga e pensa<br />

tanto. Não se preocupe, esse homem te<br />

conhece bem, conhece a todos como ninguém,<br />

só falta conhecer a si mesmo, afinal<br />

é mais fácil enxergar os defeitos alheios<br />

aos seus.<br />

Matheus L. Sebastião<br />

12


Poema<br />

.migo<br />

Falando sério<br />

A quem tô querendo enganar<br />

Na angústia de mentir pra<br />

mim mesmo<br />

Até o ponto em que me afogar<br />

Quem dera poder viver este<br />

sonho<br />

Em que existe algo por trás<br />

do espelho<br />

Onde a saudade está ausente<br />

E que acordar não é um pesadelo<br />

Acelero enquanto paro no<br />

tempo<br />

Acabo não saindo ao menos<br />

do lugar<br />

Lembranças lançadas ao vento<br />

Uma lágrima escondida sobre<br />

o brilho do olhar<br />

Paz e amor andando de mãos<br />

dadas<br />

A procura que garante o encontrar<br />

Vales e rios como obstáculos<br />

da estrada<br />

Afinal lhe dão histórias pra<br />

contar<br />

Quando os caminhos simplesmente<br />

se divergem<br />

E o tempo parece não passar<br />

Com o objetivo de seguir em<br />

frente<br />

Qualquer dia a gente vai se<br />

encontrar<br />

Lucas Almir<br />

13


Humor<br />

14


Cultura<br />

Agenda Cultural<br />

Data Evento Local<br />

Até 30/06<br />

Exposição Detalhes<br />

Cine Santana - Av. Rui Barbosa,<br />

2005 - SJC/SP<br />

26/06 - 14h Projeto Museu Vivo<br />

Museu do Folclore - Av. Olivo<br />

Gomes, 100 - SJC/SP<br />

25/06 - 20h<br />

17/06 - 19h<br />

30/06 - 19h30<br />

Show Quarteto Brasileiro<br />

de Violões<br />

Sarau “(R)existência<br />

Poética” com George<br />

Furlan<br />

Diálogo cinematográfico:<br />

Uma Usina de<br />

Sonhos em Dois Córregos<br />

Sesi - Av. Cidade Jardim,4389<br />

- SJC/SP<br />

Casa de Cultura TIm Lopes<br />

- Av. Ouro Fino, 2520 - SJC/<br />

SP<br />

Sesi - Av. Cidade Jardim,<br />

4389 - SJC/SP<br />

15

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