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Página 8<br />
Já que estamos no outubro rosa,<br />
nada mais importante <strong>do</strong> que falarmos<br />
sobre esse mal que assombra<br />
terrivelmente as mulheres<br />
mun<strong>do</strong> afora: Câncer de Mama.<br />
Não há como pensarmos numa <strong>do</strong>ença<br />
tão avassala<strong>do</strong>ra e desconsiderarmos<br />
os aspectos psicológicos que essa <strong>do</strong>ença<br />
apresenta, como também, nos aspectos<br />
psicológicos que contribuíram para o início<br />
da mesma. No Brasil, temos deficiência de<br />
pesquisas nessa área. No entanto, minha<br />
experiência direta com pacientes oncológicos,<br />
chamou minha atenção para algumas<br />
características em comum entre os pacientes.<br />
Faço um paralelo entre as vicissitudes<br />
da vida e o aparecimento <strong>do</strong> câncer.<br />
O trauma causa<strong>do</strong> pelo diagnóstico<br />
<strong>do</strong> câncer, causa um impacto psicológico<br />
muito forte na vida das pacientes, uma vez<br />
que o câncer de mama, atua diretamente<br />
na autoestima da mulher, ela passa a se ver<br />
fragilizada, não desejada, com olhar de piedade<br />
<strong>do</strong>s demais e isso tu<strong>do</strong> além da própria<br />
<strong>do</strong>ença é como se ela recebesse uma<br />
sentença de morte: Morre a vaidade, morre<br />
a mulher que há dentro dela. Fica apenas<br />
um ser <strong>do</strong>ente, inicialmente sem forças<br />
e cheia de questionamentos e me<strong>do</strong>s.<br />
Questionamentos estes que vão desde<br />
a se perguntarem: Por que comigo? O que<br />
eu fiz de tão ruim? Quan<strong>do</strong> eu errei? Porque<br />
Deus me aban<strong>do</strong>nou?<br />
JORNAL <strong>do</strong> REBOUÇAS<br />
Quan<strong>do</strong> a alma cala e o corpo fala<br />
São essas e muitas outras perguntas<br />
semelhantes que a paciente oncológica se<br />
questiona quan<strong>do</strong> fica ciente de seu diagnóstico.<br />
No entanto, passa<strong>do</strong> esse primeiro<br />
momento de questionamento e revolta,<br />
um bom acompanhamento psicológico é<br />
fundamental para que a paciente faça uma<br />
boa adesão ao tratamento, para que ela<br />
compreenda seus me<strong>do</strong>s, suas angustias,<br />
e até mesmo ressignificar sua vida . Esse<br />
acompanhamento é fundamental para que<br />
ela reestabeleça a sua saúde no senti<strong>do</strong><br />
mais amplo possível .<br />
A paciente passa por várias fases após<br />
o diagnóstico da <strong>do</strong>ença, essas fases vão<br />
desde a negação até a esperança da cura,<br />
a adesão ao tratamento vai depender da<br />
sua maturidade emocional e da maneira<br />
que essa paciente lida com sua própria vida<br />
em to<strong>do</strong>s os aspectos. Neste momento de<br />
fragilidade é necessário que essa mulher<br />
se sinta acolhida pelo profissional, assim<br />
como também a família tem um papel muito<br />
importante neste momento. Cada caso,<br />
tem suas peculiaridades, no entanto, em<br />
to<strong>do</strong>s os casos o acolhimento é essencial!<br />
Muitas mulheres após serem diagnosticas<br />
com câncer de mama tendem a<br />
entrarem em depressão, acreditan<strong>do</strong> que a<br />
vida está sen<strong>do</strong> injusta com elas, que não<br />
possuem mais motivos para lutarem, quan<strong>do</strong><br />
os familiares perceberem esse tipo de<br />
comportamento ou a busca pelo isolamento<br />
social da paciente, é hora de procurarem<br />
um psicólogo para que este possa ajuda-la<br />
a superar este momento. Devolven<strong>do</strong>-lhe<br />
sua autoestima, sua confiança, suas metas.<br />
Acolhen<strong>do</strong> esse sofrimento e deixan<strong>do</strong> –a<br />
ciente que ela não está sozinha nesta árdua<br />
caminhada.<br />
Normalmente alguns aspectos psicológicos<br />
que contribuem no desencadear<br />
da <strong>do</strong>ença já são a própria depressão e o<br />
estresse, devi<strong>do</strong> a baixa imunidade que o<br />
organismo apresenta, assim como a queda<br />
OUT/2016<br />
na qualidade de vida nesses momentos na<br />
vida <strong>do</strong> sujeito, A pessoa passa por uma<br />
alta tensão e não coloca em palavras, absorve<br />
tu<strong>do</strong> o que lhe acontece, tentan<strong>do</strong><br />
manter-se forte, porém, ninguém consegue<br />
ser forte o tempo to<strong>do</strong> e então o corpo<br />
fala por si só!<br />
Cada sujeito é único, portanto cada<br />
pessoa desenvolve seus próprios recursos<br />
emocionais para o enfrentamento da<br />
<strong>do</strong>ença. São esses recursos que interferem<br />
diretamente na adesão ao tratamento,<br />
na aceitação <strong>do</strong> diagnostico e de seus<br />
sintomas, assim como no esclarecimento<br />
de suas angustias e seus me<strong>do</strong>s. Cada vez<br />
mais percebe-se a necessidade da díade<br />
tratamento médico / tratamento psicológico.<br />
Para manter um equilíbrio emocional<br />
e uma qualidade de vida neste perío<strong>do</strong> é<br />
necessário que a família também passe<br />
por acompanhamento psicológico afim de<br />
dar to<strong>do</strong> o suporte que a mulher necessita,<br />
aumentan<strong>do</strong> assim, sua rede de apoio e de<br />
acolhimento. É completamente aceitável<br />
que inicialmente a mulher passe por um<br />
perío<strong>do</strong> de depressão e de angustia, porem,<br />
com essa rede de apoio estabelecida,<br />
será muito mais fácil superar esse momento<br />
de sua vida.<br />
A mulher fica muito vulnerável com<br />
essa nova realidade que a cerca, pensar<br />
na possibilidade da retirada da mama, na<br />
sombra da morte, tu<strong>do</strong> isso a assusta. Principalmente,<br />
porque ela devera se preparar<br />
para um novo olhar sobre seu corpo, seu<br />
eu interior. E, principalmente, deverá se<br />
reconhecer e se aceitar nessa nova posição,<br />
mesmo que transitória! Neste momento,<br />
também se faz necessário o acompanhamento<br />
psicológico para o casal (caso<br />
ela seja casada), para desmistificar para<br />
ambos a deformação <strong>do</strong> corpo, o me<strong>do</strong> de<br />
toca-lo, a sexualidade fragilizada. Fortalecen<strong>do</strong><br />
assim, a relação de cumplicidade e<br />
companheirismo entre ambos .É neste momento<br />
que ela mais precisará da sua rede<br />
de apoio já estabelecida para encarar sua<br />
nova condição de vida!<br />
Devi<strong>do</strong> a singularidade <strong>do</strong> ser humano,<br />
cada mulher reage de uma maneira ao receber<br />
o diagnostico e ao próprio tratamento,<br />
independente de quão serio seja seu<br />
caso, nunca perca a esperança!<br />
Algumas <strong>do</strong>enças se estabelecem para<br />
que possamos dar uma pausa na vida, pois,<br />
quan<strong>do</strong> não queremos pausa-la, a vida se<br />
encarrega de nos parar!