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Jornal do Rebouças - Edição Out.2016

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Página 8<br />

Já que estamos no outubro rosa,<br />

nada mais importante <strong>do</strong> que falarmos<br />

sobre esse mal que assombra<br />

terrivelmente as mulheres<br />

mun<strong>do</strong> afora: Câncer de Mama.<br />

Não há como pensarmos numa <strong>do</strong>ença<br />

tão avassala<strong>do</strong>ra e desconsiderarmos<br />

os aspectos psicológicos que essa <strong>do</strong>ença<br />

apresenta, como também, nos aspectos<br />

psicológicos que contribuíram para o início<br />

da mesma. No Brasil, temos deficiência de<br />

pesquisas nessa área. No entanto, minha<br />

experiência direta com pacientes oncológicos,<br />

chamou minha atenção para algumas<br />

características em comum entre os pacientes.<br />

Faço um paralelo entre as vicissitudes<br />

da vida e o aparecimento <strong>do</strong> câncer.<br />

O trauma causa<strong>do</strong> pelo diagnóstico<br />

<strong>do</strong> câncer, causa um impacto psicológico<br />

muito forte na vida das pacientes, uma vez<br />

que o câncer de mama, atua diretamente<br />

na autoestima da mulher, ela passa a se ver<br />

fragilizada, não desejada, com olhar de piedade<br />

<strong>do</strong>s demais e isso tu<strong>do</strong> além da própria<br />

<strong>do</strong>ença é como se ela recebesse uma<br />

sentença de morte: Morre a vaidade, morre<br />

a mulher que há dentro dela. Fica apenas<br />

um ser <strong>do</strong>ente, inicialmente sem forças<br />

e cheia de questionamentos e me<strong>do</strong>s.<br />

Questionamentos estes que vão desde<br />

a se perguntarem: Por que comigo? O que<br />

eu fiz de tão ruim? Quan<strong>do</strong> eu errei? Porque<br />

Deus me aban<strong>do</strong>nou?<br />

JORNAL <strong>do</strong> REBOUÇAS<br />

Quan<strong>do</strong> a alma cala e o corpo fala<br />

São essas e muitas outras perguntas<br />

semelhantes que a paciente oncológica se<br />

questiona quan<strong>do</strong> fica ciente de seu diagnóstico.<br />

No entanto, passa<strong>do</strong> esse primeiro<br />

momento de questionamento e revolta,<br />

um bom acompanhamento psicológico é<br />

fundamental para que a paciente faça uma<br />

boa adesão ao tratamento, para que ela<br />

compreenda seus me<strong>do</strong>s, suas angustias,<br />

e até mesmo ressignificar sua vida . Esse<br />

acompanhamento é fundamental para que<br />

ela reestabeleça a sua saúde no senti<strong>do</strong><br />

mais amplo possível .<br />

A paciente passa por várias fases após<br />

o diagnóstico da <strong>do</strong>ença, essas fases vão<br />

desde a negação até a esperança da cura,<br />

a adesão ao tratamento vai depender da<br />

sua maturidade emocional e da maneira<br />

que essa paciente lida com sua própria vida<br />

em to<strong>do</strong>s os aspectos. Neste momento de<br />

fragilidade é necessário que essa mulher<br />

se sinta acolhida pelo profissional, assim<br />

como também a família tem um papel muito<br />

importante neste momento. Cada caso,<br />

tem suas peculiaridades, no entanto, em<br />

to<strong>do</strong>s os casos o acolhimento é essencial!<br />

Muitas mulheres após serem diagnosticas<br />

com câncer de mama tendem a<br />

entrarem em depressão, acreditan<strong>do</strong> que a<br />

vida está sen<strong>do</strong> injusta com elas, que não<br />

possuem mais motivos para lutarem, quan<strong>do</strong><br />

os familiares perceberem esse tipo de<br />

comportamento ou a busca pelo isolamento<br />

social da paciente, é hora de procurarem<br />

um psicólogo para que este possa ajuda-la<br />

a superar este momento. Devolven<strong>do</strong>-lhe<br />

sua autoestima, sua confiança, suas metas.<br />

Acolhen<strong>do</strong> esse sofrimento e deixan<strong>do</strong> –a<br />

ciente que ela não está sozinha nesta árdua<br />

caminhada.<br />

Normalmente alguns aspectos psicológicos<br />

que contribuem no desencadear<br />

da <strong>do</strong>ença já são a própria depressão e o<br />

estresse, devi<strong>do</strong> a baixa imunidade que o<br />

organismo apresenta, assim como a queda<br />

OUT/2016<br />

na qualidade de vida nesses momentos na<br />

vida <strong>do</strong> sujeito, A pessoa passa por uma<br />

alta tensão e não coloca em palavras, absorve<br />

tu<strong>do</strong> o que lhe acontece, tentan<strong>do</strong><br />

manter-se forte, porém, ninguém consegue<br />

ser forte o tempo to<strong>do</strong> e então o corpo<br />

fala por si só!<br />

Cada sujeito é único, portanto cada<br />

pessoa desenvolve seus próprios recursos<br />

emocionais para o enfrentamento da<br />

<strong>do</strong>ença. São esses recursos que interferem<br />

diretamente na adesão ao tratamento,<br />

na aceitação <strong>do</strong> diagnostico e de seus<br />

sintomas, assim como no esclarecimento<br />

de suas angustias e seus me<strong>do</strong>s. Cada vez<br />

mais percebe-se a necessidade da díade<br />

tratamento médico / tratamento psicológico.<br />

Para manter um equilíbrio emocional<br />

e uma qualidade de vida neste perío<strong>do</strong> é<br />

necessário que a família também passe<br />

por acompanhamento psicológico afim de<br />

dar to<strong>do</strong> o suporte que a mulher necessita,<br />

aumentan<strong>do</strong> assim, sua rede de apoio e de<br />

acolhimento. É completamente aceitável<br />

que inicialmente a mulher passe por um<br />

perío<strong>do</strong> de depressão e de angustia, porem,<br />

com essa rede de apoio estabelecida,<br />

será muito mais fácil superar esse momento<br />

de sua vida.<br />

A mulher fica muito vulnerável com<br />

essa nova realidade que a cerca, pensar<br />

na possibilidade da retirada da mama, na<br />

sombra da morte, tu<strong>do</strong> isso a assusta. Principalmente,<br />

porque ela devera se preparar<br />

para um novo olhar sobre seu corpo, seu<br />

eu interior. E, principalmente, deverá se<br />

reconhecer e se aceitar nessa nova posição,<br />

mesmo que transitória! Neste momento,<br />

também se faz necessário o acompanhamento<br />

psicológico para o casal (caso<br />

ela seja casada), para desmistificar para<br />

ambos a deformação <strong>do</strong> corpo, o me<strong>do</strong> de<br />

toca-lo, a sexualidade fragilizada. Fortalecen<strong>do</strong><br />

assim, a relação de cumplicidade e<br />

companheirismo entre ambos .É neste momento<br />

que ela mais precisará da sua rede<br />

de apoio já estabelecida para encarar sua<br />

nova condição de vida!<br />

Devi<strong>do</strong> a singularidade <strong>do</strong> ser humano,<br />

cada mulher reage de uma maneira ao receber<br />

o diagnostico e ao próprio tratamento,<br />

independente de quão serio seja seu<br />

caso, nunca perca a esperança!<br />

Algumas <strong>do</strong>enças se estabelecem para<br />

que possamos dar uma pausa na vida, pois,<br />

quan<strong>do</strong> não queremos pausa-la, a vida se<br />

encarrega de nos parar!

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