25.10.2016 Views

EM BUSCA DA CONSCIÊNCIA QUE ESTÁ POR VIR

ANAIS_I_SIMPOSIO_INTERNACIONAL_SOBRE_CONSCIENCIA_2006

ANAIS_I_SIMPOSIO_INTERNACIONAL_SOBRE_CONSCIENCIA_2006

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Em busca da Consciência que está por vir<br />

DI BIASE, Francisco (Org.)<br />

P REFÁCIO DO O R GANIZADOR<br />

Francisco Di Biase, Grand PhD<br />

Esta obra reproduz os trabalhos apresentados pelos autores em forma de<br />

conferências, durante o I Simpósio Nacional sobre Consciência: em busca da<br />

consciência que está por vir, organizado pela Fundação OCID<strong>EM</strong>NTE e realizado<br />

no Centro de Convenções da Bahia, em Salvador, no período de 8 a 10 de setembro<br />

de 2006. São abordados, em seu conjunto, diferentes visões científicas e filosóficas<br />

acerca do fenômeno da Consciência, proporcionando uma perspectiva atual,<br />

transdisciplinar e holística sobre este tema tão atual.<br />

O estudo da Consciência fora banido desde o século XVII do domínio da<br />

ciência, quando Descartes separou o homem de seu espírito, relegando o assunto<br />

às discussões teológicas. Com este seu célebre engano Descartes originou um<br />

grave erro de percepção na filosofia ocidental, provocando uma esquizofrenia<br />

cultural geradora de um paradigma materialista em nossa civilização ocidental que<br />

se infiltrou e se disseminou progressivamente, nas áreas acadêmicas de nossas<br />

universidades. Essa dicotomia cartesiana, reforçada pela grande síntese da física<br />

clássica realizada por Sir Isaac Newton no século XVIII, subjaz ainda hoje na visão<br />

de mundo mecanicista e reducionista predominante em nossa época. Além de dividir<br />

o homem em mente e corpo, este paradigma cartesiano-newtoniano separou<br />

também o homem do universo e de sua fonte espiritual.<br />

O psiquiatra Ronald Lang, um dos pais do movimento conhecido em medicina<br />

como anti-psiquiatria, expressou brilhantemente esta crítica em seu diálogo com<br />

Fritjof Capra e Stanislav Grof na conferência de Saragoza:<br />

Essa situação provém de algo que ocorreu na consciência européia na época de<br />

Galileu e Giordano Bruno. Estes dois homens são epítomes de dois paradigmas:<br />

Bruno, torturado e queimado na fogueira por afirmar que havia um número<br />

infinito de mundos, e Galileu, dizendo que o método científico consistia em<br />

estudar este mundo como se nele não houvesse consciência ou criaturas vivas.<br />

Galileu chegou a afirmar que somente os fenômenos quantificáveis eram<br />

admitidos no domínio da ciência. Ele disse: ‘aquilo que não pode ser medido e<br />

quantificado não é científico’; e na ciência pós-galilaica, isso passou a significar<br />

‘o que não pode ser quantificado não é real’. Este foi o mais profundo<br />

corrompimento da concepção grega da natureza como physis, que é algo vivo,<br />

sempre em transformação e não divorciado de nós. O programa de Galileu nos<br />

oferece um mundo morto, desvinculado da visão, da audição, do paladar, do tato<br />

e do olfato – e junto com isso se relegou a sensibilidade e a estética, os valores,<br />

a qualidade, a alma, a consciência, o espírito. É certo que nada modificou tanto<br />

nosso mundo nos últimos quatrocentos anos quanto o audacioso programa de<br />

Galileu. Tivemos de destruir o mundo em teoria, antes que pudéssemos destruílo<br />

na prática.<br />

Nos anos 90 do século XX, o surgimento de novas tecnologias digitais de<br />

captação de imagem do cérebro humano em tempo real, reviveram o interesse nas<br />

4

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!