Cotas raciais_A Matematica do problema_portfolio

Escola Estadual Ângelo Scarabucci
Cotas raciais – A matemática do problema
Portfólio
Justificativa
A atuação efetiva do jovem em sua comunidade mais próxima (sua escola e seu bairro) e,
progressivamente, em sua comunidade mais abrangente (cidade, estado, país), de forma consciente,
crítica, engajada e fundamentada em princípios de justiça, dignidade e liberdade constituem um dos mais
importantes objetivos dessa instituição escolar.
Sabedores da irredutibilidade dos conhecimentos conceituais, procedimentais e atitudinais constantes nos
currículos expresso e oculto de nossa instituição, para a realização efetiva dessa proposta e da vivência
concreta no interior do espaço escolar, como forma privilegiada para a construção do saber pela
experiência, iniciamos a elaboração deste projeto.
Assim, considerando o caráter das disciplinas eletivas, que objetivam oferecer:
e
um espaço privilegiado para a experimentação, a interdisciplinaridade e o aprofundamento dos estudos.
(...) propiciar o desenvolvimento das diferentes linguagens, plástica, verbal, matemática, gráfica e corporal, além
de proporcionar a expressão e comunicação de ideias e a interpretação e a fruição de produções culturais.
(Diretrizes do Programa de Ensino Integral, p. 29)
e, considerando a importância de se desenvolver amplamente as capacidades de análise e intervenção
sobre a realidade, especialmente pela leitura consciente e crítica dos diferentes dados veiculados todos os
dias nas diferentes mídias e esferas de circulação social, propõe-se por meio desse projeto a análise dos
diferentes discursos e dados estatísticos referentes às desigualdades sociais, fundamentadas em fatores
étnicos e a produção de um documentário, por meio do qual os alunos possam defender a tese construída,
ao longo das experiências de leitura e investigação, acerca do sistema de cotas nas universidades, como
ação afirmativa, com vistas a alterar o cenário social ora verificável.
A escolha do recorte temático se justifica pela relevância social do tema, pelo interesse pessoal da
comunidade, dada a diversidade de sua composição e da aproximação do período dos vestibulares,
diretamente afetados por essa política pública.
Área de conhecimento/disciplinas
Língua Portuguesa, Matemática.
Professores
Analice Aparecida da Silva, Juliana Cristina Rocha Damando Soares
2

Objetivos
Gerais
Dominar a norma-padrão da Língua Portuguesa e fazer uso das linguagens matemática, artística e
científica.
Construir e aplicar conceitos das várias áreas do conhecimento para a compreensão de fenômenos de
processos histórico-geográficos e das manifestações artísticas.
Selecionar, organizar, relacionar, interpretar dados e informações representados de diferentes formas,
para tomar decisões e enfrentar situações-problema.
Relacionar informações, representadas em diferentes formas, e conhecimentos disponíveis em
situações concretas, para construir argumentação consistente.
Recorrer aos conhecimentos desenvolvidos na escola para elaborar propostas de intervenção solidária
na realidade, respeitando os valores humanos e considerando a diversidade sociocultural.
Específicos
Interpretar (atribuir sentido ou significado) e assumir uma autoria, em princípio individual e durante a
produção do documentário, coletiva;
Assimilar experiências ou conteúdos disciplinares (e modos de sua produção) na construção e
expressão de uma tese;
Empregar o raciocínio hipotético-dedutivo que possibilita a compreensão de fenômenos históricosociais
em discussão;
Antecipar, de forma comprometida, a ação para intervir nos referidos fenômenos e resolver os
problemas dele decorrentes.
Dominar, durante o processo de produção, os inúmeros formatos que a solução do problema
comporta.
Ser capaz de escutar, supor, informar-se, relacionar, comparar as diferentes informações e
perspectivas referentes ao tema;
Utilizar a fala, a escrita, a manipulação de vídeos e outros objetos culturais para expressar a defesa ou
a reconstrução de argumentos – com liberdade, mas observando regras e assumindo
responsabilidades.
Descrever, compreender, e sobretudo, argumentar a respeito de um fenômeno, sendo capaz de realizar
a antecipação de uma intervenção sobre ele, com a tomada de decisões a partir de uma escala de
valores.
Formular um plano para essa intervenção e hipóteses sobre os meios mais eficientes para garantir
resultados a partir da escala de valores adotada.
Aprender a criticar, respeitar e propor projetos valiosos para toda a sociedade e, por intermédio deles,
aprender a ler e a escrever as coisas do mundo atual, relacionando ações locais com a visão global,
por meio de atuação solidária.
3

Habilidades
Saber reconhecer relações de proporcionalidade direta, inversa, direta com o quadrado, entre outras,
representando-as por meio de funções;
Saber calcular probabilidades de eventos em diferentes situações-problema, recorrendo a raciocínios
combinatórios gerais, sem a necessidade de aplicação de fórmulas específicas;
Saber construir e interpretar tabelas e gráficos de frequências a partir de dados obtidos em pesquisas
por amostras estatísticas;
Saber calcular e interpretar medidas de dispersão de uma distribuição de dados: desvio padrão;
Saber analisar e interpretar índices estatísticos de diferentes tipos;
Reconhecer a língua portuguesa como realidade histórica, social e geográfica, como manifestação do
pensamento, da cultura e identidade de um indivíduo, de um povo e de uma comunidade;
Elaborar estratégias de leitura e de produção de textos diversos (verbais e não verbais), respeitando as
suas diferentes características de gênero e os procedimentos de coesão e coerência textuais;
Posicionar-se criticamente diante do texto do outro, defendendo ponto de vista coerente a partir de
argumentos;
Construir sentido pela comparação entre textos a partir de diferentes relações intertextuais;
Relacionar – em artigos de opinião e anúncios publicitários – opiniões, temas, assuntos, recursos
linguísticos, identificando o diálogo entre as ideias e o embate dos interesses existentes na sociedade;
Utilizar procedimentos iniciais para a elaboração do texto: estabelecer o tema; pesquisar ideias e
dados; planejar a estrutura; formular projeto de texto digital;
Executar a produção de texto digital – documentário.
Conteúdo
Proporcionalidades: direta, inversa, direta com o quadrado;
Probabilidade simples;
Gráficos estatísticos: cálculo e interpretação de índices estatísticos;
A língua e a constituição psicossocial do indivíduo;
Aspectos linguísticos específicos da construção do gênero;
Construção da textualidade;
Comunicação e relações sociais;
A linguagem e a crítica de valores sociais;
Discurso e valores pessoais e sociais.
Metodologia
Fruição estética de diferentes obras artísticas de contestação social, relacionadas ao tema;
Leitura formal e interpretativa de diferentes documentários, com vistas à apropriação do gênero e
ampliação dos conhecimentos sobre o tema;
Leitura e análise de textos legais, jornalísticos (notícias e artigos de opinião) e de divulgação,
impressos ou digitais;
Realização de debates regrados;
Elaboração do projeto de documentário, inicialmente, em pequenos grupos, a se reunirem em torno de
um projeto único;
Realização de pesquisas, coletas de dados e entrevistas para fundamentar a tese defendida em
documentário;
Seleção (coletiva) dos objetos culturais, textos, ordem das apresentações e demais detalhes da
composição do vídeo;
Planejamento e execução do evento de culminância do projeto.
4

Recursos didáticos
Mídias Digitais: Notebook (com acesso à internet), datashow, aparelhos celulares, textos impressos.
Avaliação
Participação dos alunos nas atividades em grupo e seu desempenho nas atividades individuais (atividades
orais e escritas).
Culminância
Apresentação de documentário produzido pelos alunos, com vistas a responder à questão: Cotas
raciais: promoção de igualdade ou intensificação das diferenças?
Exposição dos trabalhos produzidos ao longo do percurso (Exposição de textos verbais, não verbais e
fotografias).
Referências bibliográficas
São Paulo (Estado) Secretaria da Educação. Currículo do Estado de São Paulo: Linguagens, códigos e
suas tecnologias / Secretaria da Educação; coordenação geral, Maria Inês Fini; coordenação de área,
Alice Vieira. – São Paulo : SEE, 2010.
São Paulo (Estado) Secretaria da Educação. Currículo do Estado de São Paulo: Matemática e suas
tecnologias / Secretaria da Educação; coordenação geral, Maria Inês Fini; coordenação de área, Nilson
José Machado. – 1. ed. atual. – São Paulo : SE, 2011.
São Paulo (Estado) Secretaria da Educação. Diretrizes do Programa Ensino Integral: Caderno do Gestor/
Secretaria da Educação; – São Paulo: SE, 2014.
GOMES, Nilma Lino. Cultura negra e educação. Revista Brasileira de Educação. Rio de Janeiro, nº23,
2003. Disponível em:http://www.inep.gov.br/pesquisa/bbeonline/det.asp?cod=59624&type=P
LIMA, Célia Terezinha Grochovski de. Matemática e história e cultura afro-brasileira. Disponível em:
www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/412-4.pdf
UNB (DF). Análise do Sistema de Cotas Para Negros da Universidade de Brasília Período: 2º semestre
de 2004 ao 1º semestre de 2013
5

Atividades desenvolvidas
Nesse dia, apresentamos a proposta da disciplina eletiva, a partir da exibição dos vídeos “As
bonecas”; Campanha Criança Esperança sobre racismo; opiniões contra e a favor das cotas
raciais: Hélio de La Peña, Jair Bolsonaro, Pedro Cardoso e Leandro Karnal.
26/08
Abrimos este encontro com a fruição da música Identidade de Jorge Aragão, com vistas a
iniciar as primeiras reflexões sobre a temática a ser discutida. A seguir, para aproximarmo-nos
do tema, realizamos a leitura do curta “Vista a minha pele”, e refletimos sobre as relações
psicossociais, marcadas por um processo histórico de dominação e desigualdade, por meio da
inversão de papeis (alteridade), com vistas a lançar os primeiros questionamentos sobre a raiz
do problema social em discussão.
02/09
6

Neste dia, realizamos a leitura e a escuta da música “Sou negão” – Rappin Hood e apresentamos
o atual sistema de cotas nas universidades federais e o percurso do sistema de cotas na UNB, no
período do 2º semestre de 2004 a 1º semestre de 2013, promovendo o debate, por meio da
leitura e análise de infográfico e tabelas.
09/09
Neste encontro, realizamos uma atividade de cálculo, possibilitando ao aluno simular a contagem de
vagas destinadas a cada grupo constituinte do sistema de cotas estudado. Além disso, realizamos a
leitura do documentário “Os sessenta e cinco anos da lei Afonso Arinos – um marco contra o racismo”
(Arquivo N);
16/09
7

Nesta data, construímos uma roda de conversa, a partir da leitura e escuta da música “O tudo é
uma coisa só” (O teatro mágico) e promovemos análise e pesquisa, a partir das tabelas de dados
do IBGE do atual sistema de cotas nas universidades federais e do percurso do sistema de cotas
na UNB.
23/09
Nesse encontro, fruímos as canções Lágrimas do sul (Milton Nascimento) e Fé cega, faca amolada
(Milton Nascimento e Berimbrown) e realizamos a leitura do documentário “Raça Humana”, refletindo
sobre suas características estruturais e discursivas, sobre a análise do conteúdo e debatemos as ideias
apresentadas.
30/09
Nessa data, fruímos o vídeo/canção Gritaram-me negra e a canção Olhos coloridos (Sandra de
Sá) e promovemos o debate regrado: Você é contra ou a favor das cotas raciais.
07/10
8

Nesse encontro, fruímos o excerto de Bons dias (Machado de Assis) e exibimos o filme “Crash – no
limite”.
21/10
04/11
Nessa data, concluímos a exibição do filme: Crash no limite.
Nesse encontro, debatemos os efeitos psicossociais do racismo, a partir da discussão sobre o filme
Crash – no limite e sobre artigos da Constituição Federal e realizamos a prévia das atividades de
produção do roteiro.
11/11
Nesse dia, realizamos uma visita monitorada à exposição permanente de Abdias Nascimento, na Casa
da Cultura e do Artista Francano. Lá, realizamos uma roda de conversa, revisitando percursos e
analisando posicionamentos sobre o tema Cotas Raciais.
18/11
9

Nesse dia, os alunos apresentaram seu roteiro planejado e demos início à execução, por meio da
seleção de vídeo, músicas, entrevistados,
entrevistadores e questões de entrevista.
25/11
No encontro desse dia, dividimos os alunos em grupos, com vistas a executar o roteiro
planejado. Além disso, iniciamos a discussão acerca da organização do evento de culminância.
Uma das duplas, nesse dia, retornou à Casa da Cultura e do Artista Francano para entrevistar a
presidente do COMDECON Mariana Coelho Rosa.
02/12
Nesse dia, os alunos entregaram os textos e vídeos a serem utilizados na produção do vídeo para
finalizar o roteiro. Um grupo pequeno foi à casa do professor e poeta francano Carlos
Assumpção para realizar sua última entrevista. Na sequência, finalizaram os detalhes para o
evento de culminância previsto.
09/12
10

A apresentação dessa disciplina eletiva, em evento de culminância, foi realizada na sala de
pesquisa da escola. Os pais e demais convidados foram acomodados em mesas circulares e
assistiram ao documentário de doze minutos produzido pelos alunos. A seguir, deixaram a eles
sua posição ou uma mensagem a respeito do tema, em cartaz destinado à sua participação. Ao
final, receberam, como lembrança dessa vivência, um chaveiro de barbante, com as cores do
logo da disciplina, produzido por uma de nossas alunas.
13/12
11

12