A POLÍTICA ECONÓMICA E SOCIAL NA GUINÉ- BISSAU – 1974 – 2016
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WP 146/<strong>2016</strong><br />
A revolução de Abril de <strong>1974</strong> em Portugal, decorrente de um golpe de Estado<br />
militar que pôs fim ao regime político, leva ao reconhecimento da independência da<br />
Guiné <strong>–</strong> Bissau e à entrega formal do poder político ao PAIGC (que já tinha declarado a<br />
independência unilateralmente em 1973).<br />
Durante a guerra, o PAIGC reivindica a criação de estruturas administrativas,<br />
jurídicas, sociais e culturais, para além das militares e políticas, nas zonas onde o exército<br />
português não conseguia impor a autoridade colonial, como a criação de unidades de<br />
saúde nas tabancas e de escolas nas tabancas das zonas libertadas, internatos, Escola<br />
Piloto e Instituto Amizade (Koudawo, F., 1996). Mas não pensamos que se possa afirmar<br />
existirem condições organizacionais, físicas e humanas para que as medidas tomadas<br />
fossem consideradas um conjunto de políticas económicas e sociais. Eram sim medidas<br />
de governação em tempo de guerra, orientadas para o apoio aos guerrilheiros em ação e<br />
para a motivação da população, através de um tipo de práticas que o partido pensava<br />
implementar após a independência.<br />
2- O PERÍODO DOS PLANOS DE DESENVOLVIMENTO DE INICIATIVA<br />
<strong>NA</strong>CIO<strong>NA</strong>L, <strong>1974</strong> - 1986<br />
A guerra pela independência terminada em <strong>1974</strong> encontrou o país com um grau<br />
de desenvolvimento extremamente baixo, sejam quais forem os indicadores utilizados;<br />
isso significa que as estruturas físicas, os recursos humanos e financeiros não permitiam<br />
um processo autónomo de acumulação para uma estratégia de desenvolvimento<br />
acelerado, tendo sempre que recorrer a grandes ajudas externas.<br />
O III Congresso do PAIGC em 1977 definiu orientações de política económica,<br />
que o governo acatou, quanto ao modelo de desenvolvimento a seguir. Sob o lema<br />
genérico do "fim da exploração do homem pelo homem" pretendia-se a "Reconstrução<br />
Nacional" com prioridade para a agricultura, infraestruturas e pequena indústria,<br />
educação e saúde.<br />
Mas a industrialização, as infraestruturas de transportes e comunicações e a<br />
administração pública do país (centralizada em Bissau) foram na prática os sectores<br />
prioritários, através de um programa de investimentos públicos, com secundarização da<br />
agricultura.<br />
Configurou-se uma estratégia de desenvolvimento com um modelo político de<br />
centralização da governação no aparelho central do Estado, com a formação de um Sector<br />
Mais Working Papers CEsA / CSG disponíveis em<br />
http://pascal.iseg.utl.pt/~cesa/index.php/menupublicacoes/working-papers<br />
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