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38<br />

Novembro/Dezembro de 2016<br />

PARCEIROS<br />

Angus@newS<br />

Quanto pode custar uma prenhez?<br />

Por Marcelo<br />

Maronna Dias<br />

Os incrementos de produtividade<br />

em gado de<br />

corte estão intimamente<br />

relacionados com a eficiência<br />

reprodutiva dos rebanhos<br />

gerando um maior número de<br />

vacas prenhes e maior lucratividade.<br />

A viabilidade econômica<br />

de um sistema de produção<br />

de carne passa por uma reprodução<br />

eficiente. Os rebanhos<br />

que apresentam baixas taxas<br />

de prenhez, estão associados<br />

a baixos índices de produtividade,<br />

onde o manejo de cada<br />

propriedade é fundamental<br />

para que as vacas tenham uma<br />

adequada condição nutricional<br />

no pré e pós-parto, visto que, o<br />

meio exerce grande influência<br />

sobre os resultados.<br />

Entendemos, ser fundamental<br />

emprenhar vacas, no<br />

entanto, é necessário conhecer<br />

os custos deste processo para<br />

analisar sua produtividade e<br />

falar sobre viabilidade econômica.<br />

Existem dois caminhos<br />

para emprenhar vacas e um<br />

deles é o uso da inseminação<br />

artificial onde o Prof. Dr. Pietro<br />

S. Baruselli (2016), mos-<br />

tra no Gráfico 1, o crescimento<br />

das inseminações a tempo fixo<br />

(IATF) sobre o total das inseminações<br />

nos últimos anos<br />

ultrapassando a marca de 10<br />

milhões em 2015, visto que, a<br />

técnica elimina a necessidade<br />

de observação de cios e aumenta<br />

a eficiência reprodutiva<br />

pela sua facilidade de manejo.<br />

Porém, dos quase 80 milhões<br />

de fêmeas em idade reprodutiva<br />

(Anualpec 2014),<br />

insemina-se ao redor de 12%<br />

(Asbia 2015), mostrando que<br />

o touro desempenha um papel<br />

fundamental na reprodução<br />

nacional sendo uma opção<br />

utilizada em vários rebanhos.<br />

Surge então a velha pergunta:<br />

quanto custa uma prenhez<br />

de Touro ou de inseminação?<br />

Não queremos discutir as vantagens<br />

do uso da IATF ou suas<br />

limitações, e tão pouco, porque<br />

utilizar apenas touros na monta,<br />

e sim estabelecer um raciocínio<br />

para tentar quantificar o<br />

valor de uma prenhez obtida<br />

por touro ou pelo uso da inseminação<br />

artificial em tempo<br />

fixo (IATF) em gado de corte.<br />

Sendo assim, vamos criar<br />

uma ideia de custos na utilização<br />

de IATF ou Touro.<br />

Partindo do princípio que na<br />

IATF estima-se um índice de<br />

prenhez ao redor de 50%, vamos<br />

acompanhar o exemplo a<br />

seguir:<br />

Dose de sêmen R$ 20,00<br />

Protocolo com implante e<br />

hormônios R$ 14,00<br />

Inseminador (1kg de vaca)<br />

R$ 4,50<br />

Serviço veterinário R$<br />

15,00<br />

Bainhas e luvas R$ 0,50.<br />

Isto gera um custo de R$<br />

52,00, que ao considerar 50%<br />

de prenhez, resultará em R$<br />

104,00 por prenhez da IATF.<br />

Evidentemente que conforme<br />

utilizarmos um sêmen mais<br />

caro, teremos que considerar<br />

esta variável, bem como, se o<br />

veterinário e o inseminador<br />

não são terceirizados.<br />

No entanto, ao falarmos no<br />

touro, os fatores que interferem<br />

no cálculo do custo parecem<br />

mais complicadas e muito<br />

variáveis para cada realidade.<br />

Tentaremos, da mesma forma,<br />

estabelecer um exemplo<br />

dentro de preços comerciais:<br />

Digamos que um valor histórico<br />

para um touro seja de<br />

1.500kg de boi e ao adquirir<br />

este touro, exista uma comissão<br />

na compra de 5%. Isto resultará<br />

em 1.500kg x R$ 5,00<br />

= R$ 7.500,00 + 5% + R$<br />

7.875,00.<br />

Este valor serve para este<br />

caso, e evidentemente, assim<br />

como podemos usar um sêmen<br />

de R$ 50,00 a dose, é possível<br />

comprar um touro por mais de<br />

R$ 10.000,00, ou seja, o importante<br />

aqui é a linha de raciocínio<br />

para comparar custos.<br />

Vamos estabelecer que este<br />

touro, que custou R$ 7.875,00,<br />

irá trabalhar por 5 temporadas<br />

consecutivas e que representará<br />

uma taxa de descarte<br />

de 20%. Aplicando um método<br />

de depreciação linear, digamos<br />

que este touro seja vendido no<br />

final de sua vida reprodutiva<br />

com 800 kg a R$ 4,00/kg<br />

(geralmente o touro descarte<br />

acompanha o preço da vaca)<br />

= R$ 3.200,00. Esta diferença<br />

de R$ 4.675,00 será dividida<br />

pelos 5 anos de serviço = R$<br />

935,00 (187 kg de boi) por<br />

ano de depreciação. Cabe lembrar<br />

que um touro trabalhando<br />

menos que 5 temporadas, terá<br />

um custo anual maior.<br />

Anualmente, um touro tem<br />

custos de exame andrológico<br />

(12 kg de boi), vacinas, vermífugos,<br />

minerais (20 kg de boi),<br />

custo do campo onde um touro<br />

corresponde a 1,5 unidade animal<br />

(UA) e ocupa 2 hectares/<br />

mês (2 hectares x 12 meses<br />

do ano = 24 hectares x 4 kg<br />

de boi (mês) = 96 kg de boi/<br />

ano) e 60 dias de suplementação<br />

(ou pastagem de inverno)<br />

comendo 0,5% dos 800 kg<br />

de peso vivo (4kg x 60dias =<br />

240kg de ração a R$ 1,00 =<br />

R$ 240,00 / 5,00 = 48kg de<br />

boi) gerando uma despesa de:<br />

187 + 12 + 20 + 96 + 48 =<br />

363 kg de boi x R$ 5,00/kg =<br />

R$ 1.815,00 por ano.<br />

Considerando que este<br />

touro seria utilizado em 25<br />

vacas, teríamos um custo de<br />

R$ 1.815,00/ 25 vacas = R$<br />

72,60, mas o custo por prenhez<br />

deve ser calculado pelo índice<br />

de prenhez do gado com cria<br />

(índice geral da fazenda) onde<br />

o touro trabalhou, ou seja, se<br />

a propriedade tiver um índice<br />

geral de 75% de prenhez, teremos<br />

que dividir o valor anual<br />

do touro por 19 vacas efetivamente<br />

prenhas (19/25) o que<br />

resulta em R$ 95,52 por vaca<br />

prenha por touro.<br />

Estes custos variam entre<br />

propriedades e não estamos<br />

aqui comparando vantagens<br />

sanitárias, de manejo, em época<br />

de nascimentos, peso de<br />

terneiros desmamados, ganho<br />

genético por determinados<br />

DEP´s, mas tentando exercitar<br />

um raciocínio para que possamos<br />

analisar melhor nossos<br />

custos de produção relacionados<br />

a taxa de prenhez.<br />

Nestas simulações chegamos<br />

a um custo de R$ 104,00<br />

por prenhez pela IATF e R$<br />

95,52 por prenhez de touro.<br />

Nossa simulação aproxima-se<br />

com Corsetti et. al (2015), que<br />

apurou um custo de R$ 109,37<br />

para IATF e R$ 91,07 para<br />

prenhezes de touro. Em outro<br />

trabalho, Cutaia et. al (2003),<br />

chegaram em um custo anual<br />

para touros de 584 kg, resultando<br />

em 23,36 kg por vaca<br />

entourada na proporção de<br />

4% correspondendo a R$<br />

116,80 por prenhez de touro.<br />

Em comparações semelhantes<br />

na publicação da Genex<br />

Beef Horizons, Thorson<br />

(2016), mostra que nos Estados<br />

Unidos a prenhez por inseminação<br />

pode ser de U$ 69,58<br />

ao considerar 65% de concepção<br />

na inseminação contra U$<br />

71,94 considerando um touro<br />

para cada 30 vacas com 90%<br />

de prenhez. A autora concorda<br />

que emprenhar vacas por<br />

inseminação ou touro tem um<br />

custo semelhante, mas devemos<br />

considerar as vantagens<br />

de uma genética aditiva com<br />

partos fáceis em novilhas,<br />

mais sincronizados, ocorrendo<br />

no início da temporada de parição,<br />

além do ganho genético<br />

de usar touros provados.<br />

Esperamos que estes exemplos<br />

aqui citados sirvam para<br />

que os senhores dentro de suas<br />

realidades possam estabelecer<br />

uma linha de raciocínio que<br />

ajude de alguma forma a interpretar<br />

seus custos na reprodução<br />

e possam investir com<br />

tranquilidade no ganho genético<br />

do gado de cria. Particularmente,<br />

acredito que a IATF,<br />

deva crescer auxiliando no ganho<br />

genético dos rebanhos e<br />

na eficiência reprodutiva dos<br />

mesmos aliada a uma criteriosa<br />

utilização de touros melhoradores<br />

no repasse.<br />

Referências Bibliográficas:<br />

Anualpec: Anuário da pecuária brasileira.<br />

São Paulo: Instituto FNP, 2014.<br />

BARUSELLI, P. S. IATF Supera dez milhões<br />

de procedimentos e amplia o mercado<br />

de trabalho. Revista do Conselho Federal de<br />

Medicina Veterinária. v. 69, p. 57-60. Brasília,<br />

Abril a Junho de 2016.<br />

CORSETTI, A.; ZANATTA, G.; BOR-<br />

GES, L. F. K.; SIQUEIRA, L.; CARVALHO, A.;<br />

FURIAN, D. Análise dos custos de diferentes<br />

sistemas de acasalamento de bovinos de corte:<br />

parte III. XX Seminário Interinstitucional de<br />

Ensino, Pesquisa e Extensão. UNICRUZ, Cruz<br />

Alta, Agosto de 2015.<br />

CUTAIA, L.; ALISIO L.; BÓ, G.A. Análisis<br />

de Costos en Programas de Inseminación<br />

Artificial a Tiempo Fijo. Jornadas en Reproducción<br />

de Bovinos de Carne. Programa de<br />

Educación Continua en Grandes Animales.<br />

Universidad Nacional del Centro de la Provincia<br />

de Buenos Aires, p. 34-37. Tandil, 30 de<br />

agosto de 2003<br />

THORSON, S. The A.I. Advantage A.I.<br />

vs The Bull. Genex Beef Horizons. v. 20, n.1,<br />

p.18-19. Shawano, Spring 2016.<br />

Méd. Veterinário, supervisor da CRI<br />

Genética Brasil no RS/SC.

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