Lar Cristão
Edição 154 - janeiro/fevereiro 2017
Edição 154 - janeiro/fevereiro 2017
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Comunicação & Ação<br />
É POSSÍVEL BRIGAR,<br />
MAS VAMOS BRIGAR LIMPO<br />
“Quando a pessoa se sente compreendida, ela se abre e se<br />
faz compreender melhor” (Paul Tournier)<br />
Comunicar com habilidade não é tarefa das mais<br />
simples entre os seres humanos. Muitos diálogos,<br />
que começaram mansos e tranquilos, terminaram<br />
em discussões acaloradas e até em agressões físicas,<br />
inclusive no ambiente familiar. Neste nosso mundo<br />
rápido, do qual esperamos soluções instantâneas, nos<br />
irritamos quando expressamos o que pensamos e sentimos<br />
e não somos entendidos e atendidos de imediato.<br />
Nosso mundo é líquido, nas palavras do sociólogo<br />
Zygmunt Bauman, e num mundo líquido, muita coisa<br />
importante escorre entre os nossos dedos, o que acaba<br />
aumentando a ansiedade nas relações entre as pessoas.<br />
E a comunicação não foge à regra. Nem sempre nos comunicamos<br />
bem, pois geralmente somos superficiais ao<br />
expressarmos ideias e sentimentos no processo de enviar<br />
e receber informações.<br />
Que elementos atrapalham a comunicação na família<br />
e quais podem facilitar nosso entendimento? Sem ter a<br />
intenção de dar a última palavra no assunto, é possível<br />
perceber que algumas ações prejudicam diretamente a<br />
saúde de nossa comunicação e outras podem fazer com<br />
que a troca de ideias e sentimentos no ambiente familiar<br />
dê um salto de qualidade.<br />
Vamos chamar os elementos que atrapalham a boa<br />
comunicação de briga suja, e os elementos que ajudam<br />
a boa comunicação de briga limpa.<br />
A briga suja – É comunicar com preconceito, buscando<br />
controlar o outro, usando estratégias prontas, sentir-se<br />
superior na discussão e especialmente pensar que já tem<br />
a resposta pronta. Nessa briga não há espaço para diálogo<br />
(dia + logos = palavras através de). Diálogo é um fluxo<br />
de palavras que trafega entre as pessoas que conversam,<br />
não é a exposição de fatos entre duas partes. Se um lado<br />
está bloqueado, é intransigente e tem absoluta certeza de<br />
que apenas seus pensamentos e sentimentos são corretos,<br />
essa será uma briga suja, provocará uma competição<br />
constante, e no final um lado entenderá que venceu e o<br />
outro se sentirá derrotado, gerando rancor e outros maus<br />
sentimentos. Mas, na verdade, ambos fracassaram na<br />
tentativa de encontrar a melhor solução.<br />
A briga limpa – Começa com a autoestima elevada e<br />
leva as partes a “negociar” as diferenças de forma construtiva,<br />
sem abrir mão de convicções e valores. Procura,<br />
de forma desarmada, ouvir com o ouvido e com o coração<br />
a fala e o sentimento do outro, observando as vantagens<br />
e desvantagens possíveis para o assunto em discussão. É<br />
a busca por uma terceira opção, em geral não percebida<br />
pelas partes em diálogo, mas que será encontrada se for<br />
buscada de forma adequada. Após uma briga limpa, as<br />
partes envolvidas podem experimentar profunda satisfação<br />
e um crescimento significativo no processo de<br />
comunicação.<br />
38 <strong>Lar</strong> <strong>Cristão</strong> | janeiro/fevereiro 2017