III_carta_brasilia
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
<strong>III</strong> CARTA DE BRASÍLIA<br />
FÓRUM CIÊNCIA E SOCIEDADE<br />
SEGURANÇA ALIMENTAR<br />
E NUTRICIONAL<br />
E AGROECOLOGIA<br />
2016
<strong>III</strong> CARTA DE BRASÍLIA
Apresentação<br />
É com enorme satisfação que apresentamos a<br />
<strong>III</strong> CARTA DE BRASÍLIA, documento que registra a síntese<br />
dos debates propostos durante o Fórum Ciência e<br />
Sociedade 2016, que abordou o tema “Segurança Alimentar<br />
e Nutricional e Agroecologia”.<br />
O objetivo desta publicação é compartilhar com<br />
estudantes e profissionais da educação do ensino médio,<br />
técnico e superior; pesquisadores e demais interessados<br />
pelos temas tratados, os resultados da reflexão realizada<br />
pelos jovens, no âmbito do Fórum Ciência e Sociedade.<br />
Esperamos que o texto aqui apresentado possa servir<br />
como pretexto para novas discussões, que levante dúvidas<br />
e desperte a vontade de saber mais, obter informações<br />
e refletir sobre as discussões que aconteceram<br />
durante o Fórum em Brasília.<br />
O Fórum Ciência e Sociedade 2016 foi a vigésima<br />
nona edição do Evento. Entre 2002 e 2016, foram<br />
realizados 08 fóruns no Rio de Janeiro - RJ, 10 fóruns<br />
em Brasília, DF. Em 2005, realizamos o Fórum Ciência e<br />
Sociedade em Paris e em 2008 aconteceu o primeiro Fórum<br />
no Languedoc Roussillon, França. Cinco Fóruns já<br />
ocorreram em Petrolina, PE, Brasil, (2008, 2009, 2010,<br />
2011 e 2012) e dois em Macapá, sendo um regional<br />
(2008) e o <strong>III</strong> Fórum Internacional França-Brasil (2009).<br />
Em 2010 trabalhamos o tema Juventudes: Prazeres e<br />
riscos, 2011 foi o ano de reflexão sobre a tecnologia FCS<br />
quando abordamos a temática Contribuições da educação<br />
não-formal para a promoção da saúde e a popularização<br />
da ciência e tecnologia, em 2012 aconteceu o<br />
IV Fórum Ciência e Sociedade Internacional com o tema<br />
Sustentabilidade e Erradicação da Miséria, em 2013 o<br />
tema gerador foi Juventude pela Saúde – Programa<br />
de Saúde na Escola, o ano de 2014 foi dedicado para<br />
repensar a tecnologia, em 2015 aconteceu o V Fórum<br />
Ciência e Sociedade Internacional com o tema Agroecologia<br />
e finalmente 2016 trabalhamos o tema Segurança<br />
Alimentar e Nutricional e Agroecologia.<br />
O Fórum Ciência e Sociedade 2016 reuniu 93<br />
jovens, 11 educadores, 12 pesquisadores e 37 convidados<br />
nos dias 09, 10 e 11 de novembro de 2016, no auditório<br />
do Instituto Federal Brasília, Campus Gama. Foram<br />
ao total 153 participantes.<br />
O evento buscou sensibilizar educadores, educandos<br />
e pesquisadores para a importância de multiplicar<br />
interfaces entre especialistas e comunidade escolar e<br />
de promover a participação social no debate sobre a implicação<br />
do conhecimento e da tecnologia na qualidade<br />
de vida. Trouxe ainda a riqueza das apresentações culturais<br />
dos jovens e apresentação de projetos de pesquisa.<br />
Vale ressaltar que o tema Segurança Alimentar e Nutricional<br />
foi abordado na Semana Nacional de Ciência e<br />
Tecnologia, motivo pelo qual decidimos trabalhar também<br />
no Fórum Ciência e Sociedade.<br />
Inserir foto coordenação<br />
4<br />
Coordenação do Fórum Ciência e Sociedade
Rap do Fórum<br />
Segurança<br />
alimentar e<br />
nutricional<br />
Bem vindos ao Fórum Ciência e Sociedade<br />
Onde cada pessoa traz sua contribuição<br />
Espaço de debate para desconstruir verdades<br />
E o pensamento voa em outra percepção<br />
É participação, é musica é dança<br />
É ciência com curiosidade de uma criança<br />
Que sonha, com a cabeça cheia de “por que?”<br />
Como Sapere Aude busca ousar saber<br />
O Time Azul me disse que a situação tá mal<br />
População vive sem segurança nutricional<br />
Indústria usa fertilizante que é veneno constatado<br />
Mas aqui no Brasil continua sendo usado<br />
Por isso questionamos, a gente se organiza<br />
Pra poder defender essa terra que a gente pisa<br />
Sentir a brisa, projetar, sonhar com o amanhã<br />
Aprendendo agroecologia com a equipe AgroSan<br />
Também me fez lembrar que tive medo<br />
E como foi bom arrumar o primeiro emprego<br />
Depois de tantos currículos e tantas entrevistas<br />
Conseguir uma assinatura na carteira trabalhista<br />
Aprendi com a discussão sobre Revolução Verde<br />
Que é preciso enxergar, romper com as paredes<br />
Burocráticas dessa opressora estrutura,<br />
que criam a doença pra depois vender a cura<br />
envenenam rios, frutas e verduras<br />
desmatam até deixar as terras na secura<br />
A Solários pesquisou e disse o que nos resta<br />
Transformar campos de volta em agrofloresta<br />
não precisa de veneno pra garantir a colheita<br />
com a terra distribuída a gente já se ajeita<br />
pois ela tem que estar na mão de quem a cultiva e a respeita<br />
estabelecendo com a mãe terra uma relação perfeita<br />
Ver na solidariedade a forma de ser feliz<br />
E lutar se faz mais que uma necessidade<br />
Pra não sermos sócios, sermos comunidade<br />
Como se diz: Quem planta e colhe é quem finca raíz<br />
Gratidão ao PECS da Fiocruz Brasilia<br />
Que trabalha pra promover a partilha<br />
Pra que a Educação Cultura e Saúde<br />
Seja um oceano e não uma ilha<br />
Autor: Fernando Gomes da Rocha<br />
5
O desenrolar<br />
do Fórum e a<br />
construção da Carta<br />
O Fórum realizou-se durante seis dias e<br />
meio, sendo quatro dedicados a visitas de campo e<br />
dois dias e meio voltados para as mesas redondas,<br />
palestras, debates, trabalhos em grupos, apresentações<br />
culturais, projetos científicos e a plenária final.<br />
No dia 10 de outubro foi o primeiro encontro<br />
entre os jovens estudantes das quatro escolas<br />
participantes do FCS. Os educandos foram organizados<br />
em quatro grupos que reuniam representantes<br />
de todas as escolas, com o objetivo de promover a<br />
interação entre os jovens. Ainda no primeiro encontro<br />
tivemos o momento História de Vida, onde o professor<br />
José Geraldo Felipe da Silva, do IFB, fez um<br />
relato da sua trajetória pessoal e profissional.<br />
6
Em nosso segundo encontro, os jovens foram<br />
recebidos pela pesquisadora Caroline Pinheiro Reyes, na<br />
Embrapa hortaliças, para debater o tema Agroecologia.<br />
Na nossa terceira saída de campo, visitamos o<br />
Sitio Geranium, onde os jovens conheceram na prática<br />
as tecnologias aplicadas na área de permacultura e agroecologia,<br />
guiados pela equipe de monitores e educadores<br />
ambientais do Sítio.
Finalizando as nossas saídas de campo,<br />
visitamos o Banco de Alimentos da Centrais de<br />
Abastecimento do Distrito Federal S/A – CEASA-<br />
-DF e o Centro de Referência em Agroecologia e<br />
Tecnologias Sociais – CRATS.<br />
Nos dias 09, 10 e 11 a programação seguiu com quatro<br />
(04) Mesas-Redondas, Grupos de trabalho, apresentações<br />
das discussões, apresentações de projetos científicos<br />
e apresentações culturais. O programa do Fórum<br />
Ciência e Sociedade propôs abordar a questão da Segurança<br />
Alimentar e Nutricional e Agroecologia.<br />
Foi importante o trabalho em grupo nas tardes dos primeiros<br />
dias, visando sintetizar as discussões para iniciar<br />
o trabalho de redação da <strong>III</strong> Carta de Brasília. Na manhã<br />
do dia 11, ultimo dia, os temas discutidos em cada grupo<br />
foram apresentados na plenária final.<br />
A <strong>III</strong> Carta de Brasília é fruto dos relatórios dos grupos<br />
de trabalho: SOLÁRIUS, TEAM AZUL, AGROSAN e SAPE-<br />
RE AUDE. A Carta apresenta as discussões e debates dos<br />
participantes em torno do grande tema da Segurança<br />
Alimentar e Nutricional e Agroecologia.
Síntese dos<br />
temas e conceitos<br />
em debate<br />
A plenária final marca um momento importante<br />
no fórum, onde os grupos compostos por estudantes<br />
que representam as escolas participantes apresentam a<br />
síntese da discussão a respeito dos temas levantados.<br />
Organizamos, a seguir, os resultados das apresentações<br />
segundo os registros dos grupos de trabalho.<br />
Relato da experiência<br />
dos grupos de trabalho:<br />
Grupo Team Azul<br />
A nossa trajetória no fórum começa com uma<br />
palestra de cunho motivacional, sendo apresentada pelo<br />
professor de biologia José Geraldo. Sua biografia nos cativa<br />
e emociona, uma vez que sua história possuía todo<br />
um contexto para que desse errado, mas a persistência<br />
conseguiu levá-lo para um lugar em que apenas os<br />
privilegiados economicamente chegam, geralmente. Sua<br />
mensagem de preservação da mente e de valorização<br />
do potencial dos jovens foi-nos atingida e é com essa<br />
determinação que seguimos a nossa jornada de trabalho<br />
e pesquisa.<br />
Assim a nossa primeira parada foi na Embrapa<br />
Hortaliças, na qual aprendemos que o processo da<br />
agricultura passou por diversas mudanças, o campo que<br />
antes alimentava algumas famílias, agora, tem a capacidade<br />
de alimentar o equivalente a uma cidade. As áreas<br />
dos campos crescem de tamanho, de modo que a agricultura<br />
se torna especializada, com foco em produzir<br />
grandes quantidades de um determinado produto (monocultura).<br />
Toda essa renovação foi difundida pela revolução<br />
verde (necessidade de aumentar a quantidade de<br />
alimentos para comercialização). Esses últimos 40 anos<br />
vem causando grande instabilidade ambiental, grave insustentabilidade.<br />
E com o intuito de minimizar esses impactos<br />
ambientais, foram criadas diversas técnicas, uma<br />
delas foi a introdução da sustentabilidade, na qual é a<br />
capacidade que o ambiente tem de manter disponível, os<br />
seus recursos, ao longo do tempo, e tem como principais<br />
aspectos, para reduzir a devastação:<br />
Não liberar substâncias nocivas no solo, na<br />
água superficial ou subterrânea;<br />
Usar a água de forma que permita sua recarga,<br />
uso por parte da população humana e outros<br />
elementos do ecossistema;<br />
Usar os recursos dentro do agroecossistema<br />
com conhecimento ecológico;<br />
Valorizar e conservar a diversidade biológica.<br />
9
Transição agroecológica: Sistema simples - Sistema<br />
Complexo (Diversidade de plantas e animais)<br />
No sistema complexo da agroecologia é necessário:<br />
Manter as áreas de preservação permanente<br />
(APP);<br />
Regenerar as áreas degradadas;<br />
Manter o ambiente natural, manejar as plantas<br />
de cobertura natural (ervas espontâneas). Elas<br />
ajudam a manter a água no solo, minimizando<br />
a evaporação e necessidade de irrigação.<br />
Promove a saúde do solo, economiza água e<br />
insumos.<br />
Estratégias de convívio, períodos de competição, capina<br />
em faixas, estratégias de manejo.<br />
Produção diversificada – Cultivo de diferentes<br />
espécies e separar em “lotes” o plantio da mesma,<br />
faz com que as pragas tenham dificuldade<br />
de chegar na outra produção.<br />
Cordões de contorno (muros verdes). Extrato<br />
alto, principalmente, para proteger o cultivo<br />
das hortaliças do vento. Esses cordões de contorno<br />
podem ser produtivos, por exemplo: Bananeiras,<br />
cafezais, milho, mandioca. Além de<br />
darem produto, protegem a horta.<br />
Sementes e mudas adaptadas ao local e tolerantes<br />
a pragas e doenças.<br />
Solo: manter a saúde do solo. Na agricultura orgânica<br />
e sustentável, mantém-se a nutrição do solo para<br />
a planta, não como com o uso de fertilizantes que<br />
alimentam apenas a planta e depois que a mesma é<br />
arrancada é removido do solo. Adubação verde: leguminosas<br />
que se associam a rizóbios em raiz alimentam<br />
a terra. Auxiliam na fixação do nitrogênio por<br />
inoculação.<br />
É possível conhecer os produtores da região através do<br />
certificado de produtor orgânico ou pelo selo no produto.<br />
No nosso percurso chegamos ao sítio Geranium, um ambiente<br />
que abriga árvores de diversas espécies em comunhão com<br />
o plantio de verduras e legumes, além de propiciar um clima<br />
agradável é uma comprovação prática da possibilidade de implantação<br />
da agrofloresta. Observamos a aplicação de diversos<br />
métodos de preservação e conservação do meio ambiente tais<br />
como: o cultivo de abelhas nativas, uma vez que enaltece a<br />
biodiversidade brasileira, enquanto contribui para a polinização das<br />
plantas cultivadas; a minhocultura, um processo simples, fácil,<br />
natural e ricamente nutritivo e orgânico para o solo; o quiosque,<br />
um projeto sustentável e com responsabilidade ambiental<br />
para captação de água da chuva; um banheiro seco que não<br />
Glicídica (leguminosa). A poda é adubo para<br />
cultivo em aleias.<br />
10
utiliza água para descarga, reaproveita a matéria orgânica<br />
para a adubação do solo, utilizando para isso os conceitos<br />
de compostagem, bactérias e associação de fezes e urinas<br />
(ricos em nitrogênio) e serragem (rico em carbono) evitando<br />
o mau cheiro; e por último, a horta orgânica. Enfim o sítio<br />
lembra um oásis em meio à bagunça e a população urbana,<br />
onde é possível escutar o canto dos pássaros em contraste<br />
com o barulho dos carros que passam na rodovia em frente<br />
à propriedade.<br />
Por último, chegamos ao Banco de Alimentos (BA) que<br />
se localiza na Ceasa, é um equipamento público que serve<br />
para garantir a Segurança Alimentar e Nutricional (SAN) e<br />
evitar o desperdício, distribuindo alimentos a instituições<br />
que atendem pessoas em estado de vulnerabilidade, como:<br />
creches, escolas, centros de reabilitação, asilos entre outros,<br />
além disso o monitoramento segue um ciclo contínuo de<br />
visitas às instituições credenciadas, há processos de capacitação<br />
de como manusear e transportar o alimento para que<br />
chegue em um bom estado de consumo e também uma<br />
oficina de cardápios saudáveis.<br />
As fontes de arrecadação dos alimentos são:<br />
• Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), do<br />
governo Federal em parceria com o governo do<br />
DF para comprar, através de chamada pública, dos<br />
produtores de agricultura familiar da região. Para<br />
garantir que seja produtor de agricultura familiar,<br />
exige-se o documento de cadastro na PRONAF;<br />
• Doações da CONAB;<br />
• Programa Desperdício Zero (PDZ). Doação dos alimentos<br />
dos feirantes da CEASA (permissionários)<br />
que não estão mais em estado comercial, mas estão<br />
em qualidade para consumo;<br />
• Programa de Doação Simultânea – Alimentos que<br />
são arrecadados através de programas para doação<br />
a entidades carentes, são coletados pelo BA para<br />
entregar às instituições;<br />
As instituições beneficiárias recebem o valor de 200g per<br />
capta de alimento por cada beneficiário cadastrado. A instituição<br />
que é responsável por buscar o alimento uma vez<br />
por semana (de acordo com o calendário de agendamento).<br />
11
DEBATE<br />
(09/11/2016):<br />
A segunda etapa do fórum foi composta pela<br />
exposição de trabalhos na mostra cultural, projetos e debate<br />
sobre os conhecimentos adquiridos nesse curso. Nesse<br />
sentido, tivemos a ilustre presença de pesquisadores<br />
compondo a mesa, como: André Fenner - representante<br />
da FIOCRUZ, Karen Friedrich - representante da ENSP, Vicente<br />
Almeida - representante da Embrapa Hortaliças e o<br />
Eduardo - representante do grupo AGROSAN.<br />
APRESENTAÇÃO DO GRUPO AGROSAN:<br />
Na abertura foi apresentada uma peça, para dar<br />
início ao seminário em que foi destacado o conceito de<br />
agroecologia envolvendo as técnicas ecológicas de cultivo<br />
com sustentabilidade social.<br />
AGRONEGÓCIO, AGROTÓXICOS E IMPACTOS SOCIAIS<br />
AMBIENTAIS (Palestrante: Vicente Almeida)<br />
Com o avanço da tecnologia deveria reduzir o<br />
número de agrotóxicos utilizados no campo, mas não é o<br />
que acontece hoje, por exemplo, se em uma mesa estávamos<br />
usando um copo de agrotóxicos, agora estamos usando<br />
dois copos.<br />
Para o IBGE, sem o uso de agrotóxicos não conseguiríamos<br />
produzir os alimentos, a quantidade de agrotóxicos<br />
cresceu mais de 10% nos seres humanos. O tomate apesar de<br />
apresentar 1% de agrotóxicos, tem 114,51 em agrotóxicos por<br />
hectares e até 2012 estava em 1° lugar no ranking; o Goiás é<br />
Estado onde a concentração de agrotóxicos é maior, no Brasil.<br />
AGROTÓXICOS NO BRASIL (Palestrante: Karen Friedrich)<br />
Agroecologia e reforma agraria lutam pela mesma<br />
causa. O Brasil só proibiu o agrotóxico ENDOSULFAN em<br />
2013, mas no Rio de Janeiro já tinha sido proibido por causa<br />
da mortandade de peixes no Rio Paraíba do Sul.<br />
AGROTÓXICOS USADOS NO BRASIL:<br />
434 ingredientes de química ativa, 1079 produtos<br />
comerciais diferentes e ainda usamos agrotóxicos<br />
proibidos em outros países, sendo 7,2 per capta<br />
no Brasil de agrotóxicos, ou seja, mais de bilhão<br />
de agrotóxicos.<br />
12
Depois, uma segunda mesa foi composta,<br />
pelos pesquisadores: Ana Maria - UnB, Mariella Silva<br />
- FIOCRUZ, Bruna Pedroso - FIOCRUZ e a Débora –<br />
representando o grupo SOLÁRIOS.<br />
APRESENTAÇÃO DO GRUPO SOLÁRIOS:<br />
Foi destacada a questão de as pessoas acreditarem<br />
nas informações da mídia como uma verdade,<br />
sem pensamento crítico.<br />
EVOLUÇÃO DA COMUNICAÇÃO:<br />
INTERNET X MÍDIA:<br />
(Palestrante: Mariella Silva)<br />
• Direito à informação e à comunicação:<br />
A informação em saúde gera a possibilidade<br />
de escolha (ou pelo menos, é o que as pessoas<br />
acham);<br />
• Comunicação e alimentação:<br />
Muitas vezes somos influenciados pela opinião<br />
de outros, seja de um familiar ou de um amigo.<br />
• Como é realizada a comunicação?<br />
Muitas pessoas que seguimos nas redes<br />
sociais dizem o que devemos fazer<br />
ou comer (ou para perder peso ou<br />
para ganhar massa muscular).<br />
METODOLOGIA:<br />
Pesquisa realizada no Jornal folha de São Paulo sobre<br />
como o tema da alimentação é abordado nestes veículos<br />
de comunicação, itens analisados:<br />
ANÁLISE DO DISCURSO:<br />
O que informa?<br />
Para quê?<br />
RESULTADOS DA PESQUISA:<br />
1167 Textos<br />
107 Falam sobre saúde da mulher<br />
7 Específicos sobre alimentação<br />
VOZES DO DISCURSO IDENTIFICADOS NO JORNAL:<br />
A ciência predomina<br />
A necessidade de mudar de hábitos para uma alimentação<br />
saudável também<br />
A mulher vem em segundo plano<br />
RISCO ONIPRESENTE:<br />
Reduzir estômago eleva risco de ‘’gravidez’’<br />
Precisei ficar ‘presa’ no hospital para parar de comer<br />
Cesária pode ser causa de obesidade<br />
PÍLULAS MÁGICAS:<br />
Agora estou fazendo dieta, mas está sendo difícil. É<br />
bem mais fácil só<br />
tomar um comprimido.<br />
Procurei um endocrínico e disse que meu objetivo<br />
era emagrecer.<br />
Comecei a tomar a subtrania e o efeito foi imediato.<br />
13
DEBATE<br />
(10/11/2016):<br />
Mesa Redonda 01:<br />
AGROECOLOGIA<br />
APRESENTAÇÃO DO GRUPO SAPERE AUDE:<br />
Com destaque para o tema da agroecologia, foi<br />
apresentada uma paródia.<br />
Esse debate teve início com a apresentação da<br />
pesquisadora Eusângela Antônia. Ela discorreu sobre a<br />
ciência da Agroecologia e a respeito de seu projeto de<br />
cultivo, com rotação de culturas, uso de adubo verde<br />
e cordões verdes. A viabilidade desse tipo de plantio para<br />
produtores rurais é um ponto de destaque, além dos<br />
chamados cultivos de verão e de inverno. Ademais, foram<br />
elencados os benefícios do plantio direto e do estudo<br />
da agroecologia como algo abrangente e necessário<br />
para o desenvolvimento sustentável do agronegócio.<br />
Em seguida, o professor Cláudio Augusto Rodrigues<br />
fez apontamentos históricos sobre a evolução<br />
da agricultura e como o homem passou de um cultivo<br />
em agrofloresta para a monocultura. Ressaltou também<br />
o papel da agricultura familiar para o abastecimento interno<br />
do país, uma vez que ela possui apenas 20% das<br />
terras cultivadas, mas emprega 80% da mão de obra<br />
do campo e fornece 70% da composição geral da cesta<br />
básica brasileira. Além disso, ele proporcionou uma reflexão<br />
sobre como a agricultura em certas partes da África<br />
acontece, com a utilização de mão de obra infantil,<br />
com o incentivo governamental, e de mulheres que não<br />
recebem por seu trabalho no meio rural. Ademais, o<br />
professor realizou questionamentos sobre o consumismo<br />
exagerado, que tem se universalizado, e o custo que<br />
essa utilização excessiva de recursos pode ter sobre as<br />
futuras gerações.<br />
14
Mesa redonda 02:<br />
SEGURANÇA ALIMENTAR E NUTRICIONAL<br />
APRESENTAÇÃO DO TEAM AZUL:<br />
Foi realizado um mapa conceitual de forma lúdica, em<br />
que traça os caminhos seguidos pela segurança alimentar<br />
e nutricional, logo em seguida os conceitos foram<br />
explicados.<br />
O debate em questão teve início com a fala do<br />
nutricionista Rafael Rioja. Ele abordou o custo do produto<br />
cultivado na agricultura orgânica. Ainda hoje, boa<br />
parte da população não consome esse tipo de alimento<br />
por falta de informação (sobre pontos de venda, por<br />
exemplo) e/ou por acharem que o preço será maior do<br />
que o do produzido de maneira convencional. A diferença,<br />
na verdade, encontra-se nos estabelecimentos que<br />
vendem o alimento. Geralmente, os preços em mercados<br />
são muitas vezes superiores aos dos produtos vendidos<br />
feiras. Tendo em vista isso, aplicativos foram desenvolvidos<br />
para divulgar pontos de venda de alimentos orgânicos<br />
por uma quantia justa tanto para o consumidor,<br />
quanto para o produtor.<br />
A segunda apresentação foi feita pela professora<br />
Patrícia Diniz. Ela tratou sobre resíduos e contaminantes<br />
e maneira como a mídia trata informações sobre<br />
isso. Patrícia destacou que a maior parte do que ingerimos<br />
possui contaminantes, todavia existem limites de<br />
tolerância que muitas vezes não são explicitados em reportagens<br />
sensacionalistas, por exemplo. Ela citou como<br />
exemplo a presença de micotoxinas no milho, dando<br />
destaque à fumonisinas. A professora defendeu também<br />
que o uso correto de agrotóxicos pode sim ser benéfico,<br />
de acordo com os parâmetros farmacológicos que muitas<br />
vezes são ignorados pelos grandes produtores.<br />
Portanto, nossa jornada no fórum foi bastante<br />
edificante, significativa e uma experiência enriquecedora,<br />
pois tivemos uma visão ampliada do quão importante<br />
é a agroecologia e os seus impactos em vários<br />
campos, espera-se que a partir de agora possamos ser<br />
multiplicadores desses conhecimentos adquiridos e possamos<br />
ao menos tentar mudar um pouco.<br />
15
Grupo<br />
Sapere<br />
Aude<br />
Significado do nome Sapere<br />
Aude: No livro O que é esclarecimento?<br />
de Immanuel Kant, é dito que para alguém<br />
se torne esclarecido é necessário<br />
que ele ouse buscar conhecimento sem<br />
a tutela de outro, isto é, sair da sua minoridade.<br />
Uma pessoa deve não somente<br />
processar informações, mas também<br />
deve refletir a respeito delas. Kant disse:<br />
Sapere Aude, que significa Ouse saber<br />
ou atreva-se a saber, e o grupo escolheu<br />
esse nome justamente por ele representar<br />
a proposta do Fórum Ciência e Sociedade<br />
para cada um de nós: despertar<br />
a reflexão crítica a respeito dos temas<br />
abordados.<br />
Poema<br />
E agora? O que vai acontecer?<br />
Será que nós vamos morrer?<br />
Será um furacão?<br />
Uma tempestade em meu coração?<br />
Terra seca, sedenta<br />
Ou cheiro de terra molhada?<br />
Essa é a diferença<br />
Uns morrem na seca<br />
Outros com alma afogada<br />
A lei se estabelece<br />
A natureza não se esquece<br />
Dos mal tratos a revolta<br />
O que vai, sempre volta<br />
Uma eternidade<br />
Uma árvore a proteger<br />
Essa é a árvore da vida<br />
Viva deve permanecer<br />
Se não cuidarmos do mundo<br />
Todos vamos morrer<br />
Sonhos desaparecer<br />
E agora? O que você vai fazer?<br />
Autoria: Márcia Rodrigues Dias – Grupo Sapere Aude<br />
16
Música<br />
Tire o agrotóxico<br />
Ele não serve para comer<br />
Não é me contaminado assim<br />
Que com saúde vou viver...<br />
A agroecologia, até isso pode reverter<br />
Você pode até duvidar<br />
Mas tudo vai se resolver<br />
Será só alimentação<br />
Será que só deles vamos comer?<br />
Será que falar disso é em vão?<br />
Será que vamos conseguir vencer?<br />
Nos perdemos entre monstros<br />
Do nosso própria plantação?<br />
Serão dias inteiros<br />
Talvez por medo da extinção<br />
Ficaremos acordados<br />
Imaginando alguma solução<br />
Para que esse nosso egoísmo<br />
Não destrua nossa alimentação<br />
Brigar pra quê?<br />
Vamos fazer<br />
Quem é que vai nos proteger?<br />
Será que vamos ter<br />
Que resolver<br />
Pelos erros a mais<br />
Eu e você?<br />
Releitura da música “Será” do grupo Legião Urbana<br />
Grupo Sapere Aude<br />
17
Esse mês participando do fórum foi extremamente<br />
proveitoso e tivemos a oportunidade de adquirir<br />
informações que serão de suma importância para toda a<br />
nossa vida. Uma alimentação saudável é direito de todos<br />
e deveria ser algo natural, presente na vida de todas as<br />
pessoas. Constatamos que uma agricultura mais consciente<br />
e saudável não é algo tão distante de nossas realidades<br />
e devemos disseminar essa ideia.<br />
Aprendemos que a Segurança Alimentar e Nutricional<br />
é orientada por dois princípios, são eles: a Soberania<br />
Alimentar e o direito humano à alimentação. O<br />
primeiro princípio está relacionado com a liberdade dos<br />
povos de criar políticas públicas e modelos de produção<br />
que utilizem os recursos naturais de forma racional, visando<br />
à distribuição dos produtos alimentícios para que<br />
se garanta a alimentação da população, ou seja, o poder<br />
de decisão sobre o que se produz para a alimentação.<br />
O segundo princípio está relacionado com direito de as<br />
pessoas acessarem alimentos com qualidade e em quantidade<br />
suficiente, de forma que esses produtos sejam<br />
seguros para o consumo e sejam produzidos respeitando<br />
o contexto ecológico, sócio cultural e econômico de<br />
cada indivíduo.<br />
A produção industrial especializada de alimentos<br />
utiliza um modelo baseado na manutenção de<br />
monoculturas para o cultivo de apenas uma espécie de<br />
planta. Isso gerou uma simplificação da agricultura prejudicando<br />
a biodiversidade. Também há o uso de agrotóxicos<br />
na produção de alimentos, que é uma realidade<br />
preocupante, visto que as quantidades recomendadas<br />
em lei destes produtos químicos são violadas constantemente<br />
pelos produtores, causando problemas em curto<br />
e longo prazo para o meio ambiente e para a saúde da<br />
população. Já a agricultura orgânica usa e desenvolve<br />
novas tecnologias que respeitam o ecossistema. Esse<br />
modo de produção não utiliza agrotóxicos para que não<br />
haja a contaminação do produto, do produtor, do consumidor<br />
ou da natureza. Promove, também a sustentabilidade<br />
e a agricultura familiar.<br />
O modelo de produção predominante atualmente<br />
tem sua manutenção justificada pela alta demanda<br />
de alimentos e sua suposta maior viabilidade econômica.<br />
A questão é que quando se faz uma comparação<br />
minuciosa desse modelo com a produção orgânica de<br />
alimentos constata-se que os alimentos orgânicos geram<br />
muito mais lucro para o produtor e não causam<br />
complicações na saúde do consumidor e na preservação<br />
do meio ambiente.<br />
Sustentabilidade está diretamente relacionada<br />
às decisões racionais tomados acerca dos recursos naturais<br />
disponíveis para que o seu uso não comprometa<br />
a disponibilidade dos mesmos para as gerações futuras.<br />
Para que haja sustentabilidade na agricultura alguns requisitos<br />
devem ser cumpridos, como por exemplo, a não<br />
liberação de substâncias tóxicas no meio ambiente, a<br />
manutenção da saúde ecológica, a valorização e conser-<br />
18
vação da diversidade biológica, uso racional dos recursos<br />
naturais bem como o conhecimento ecológico a respeito<br />
dos mesmos. O solo é um dos recursos mais essenciais<br />
para a manutenção da agricultura, portanto, seu manejo<br />
também deve ser feito da maneira adequada para evitar<br />
o seu desgaste ou sua desertificação, o que inviabilizaria<br />
o seu uso para o cultivo.<br />
Agroecologia é um conjunto de conhecimentos<br />
científicos utilizados para a análise de agroecossistemas,<br />
com o objetivo de possibilitar o desenvolvimento de<br />
uma agricultura sustentável. Quando tratamos de agroecologia<br />
no campo temos duas preocupações principais:<br />
o ambiente e a produção. Dentre essas preocupações a<br />
que devemos dar mais importância é o ambiente. Deve-<br />
-se promover a manutenção das áreas de preservação; a<br />
regeneração das áreas degradadas; a proteção, conservação<br />
e o uso racional dos recursos naturais; a cobertura<br />
do solo (evitando a evaporação de água); o manejo<br />
adequado e a alimentação do solo quando necessário.<br />
Podemos perceber que a Agroecologia é uma<br />
alternativa para a resolução dos problemas atuais de<br />
produção e é completamente viável e eficaz. Portanto<br />
devemos lutar por uma maior valorização dessa possibilidade<br />
e buscar uma maior representatividade politicamente<br />
no sentido de se conseguir maior investimento do<br />
estado para a manutenção de um modelo de produção<br />
Agroecológico no país.<br />
Frases do grupo<br />
Sapere Aude<br />
“Uma alimentação saudável é a base do meu bemestar...“<br />
“A vida é feita de escolhas, não aos agrotóxicos...”<br />
“Transgênicos para que? Se temos os orgânicos. ”<br />
“Muda! Que quando a gente muda o mundo muda<br />
com a gente. ” (Gabriel, O Pensador)<br />
“A alimentação saudável é o remédio para todas as<br />
enfermidades...”<br />
“Nós não queremos mais dinheiro, queremos vida”<br />
(Vicente, Embrapa)<br />
“O melhor medicamento é a conscientização”<br />
19
Grupo<br />
AGROSAN<br />
Nos dois dias de debate foram discutidos e<br />
abordados todos os temas que foram vistos ao longo do<br />
fórum, sendo alguns assuntos mais recorrentes, como é<br />
o caso da revolução verde, da utilização dos agrotóxicos,<br />
da forma como a informação chega as pessoas, a agroecologia,<br />
os alimentos orgânicos, a segurança alimentar,<br />
redistribuição de alimentos e contaminação. A revolução<br />
verde foi um tema muito discutido, pois dependendo da<br />
idealização e do ponto de vista pode ser uma coisa boa<br />
ou ruim, o que está diretamente ligado à forma como a<br />
informação chega as pessoas, a qual muitas vezes acaba<br />
sofrendo manipulação e/ou distorção. Porém para estudiosos<br />
da área, a revolução verde não saiu de uma<br />
idealização, pois o uso indiscriminado dos agrotóxicos<br />
ainda está presente na agricultura atual.<br />
Outra linha de discussão estabelecida no Fórum<br />
foram os processos produtivos. O processo produtivo<br />
está diretamente ligado a fome no mundo, pois é possível<br />
chegar à conclusão de que a fome no mundo não<br />
está relacionada ao nível de produção, ou seja, a quantidade<br />
de alimento produzido e sim da má distribuição,<br />
conservação e desperdício. Com relação aos agrotóxicos,<br />
durante os debates foi mencionado os efeitos nocivos<br />
no metabolismo humano e para o meio ambiente, bem<br />
como a falta de testes que comprovem sua toxicidade<br />
real. Um dado que chamou muito atenção é que de<br />
56 agrotóxicos proibidos no exterior, 29 ainda são utilizados<br />
no Brasil, esse é um dado alarmante que nos<br />
convida a refletir sobre a segurança alimentar dos alimentos<br />
consumidos no país. O principal agrotóxico que<br />
apareceu foi o glifosato, sendo que o mesmo apresenta<br />
diversas ações negativas ao ser humano, os sintomas<br />
mais comuns são dores de cabeça, irritação da pele e dos<br />
olhos, alergias, elevação da pressão arterial, dentre outros,<br />
além de também estar ligados a mutações, problemas<br />
de reprodução e câncer. Dessa forma, confirma-se a<br />
fragilidade dos órgãos de fiscalização, o que torna o DF<br />
a sexta unidade em uso de agrotóxicos, e sendo o DF um<br />
dos principais produtores de hortaliças, essa informação<br />
deixa a população assustada, o que nos leva de volta a<br />
veracidade das informações passadas pela imprensa e a<br />
forma como são interpretadas. Das culturas citadas o<br />
tomate é a cultura que recebe a maior quantidade de<br />
agrotóxico por hectare.<br />
Agroecologia e alimentos orgânicos, por terem<br />
significados parecidos e estarem interligados, muitas vezes<br />
foram confundidos e por isso foram temas recorrentes.<br />
A agroecologia é uma ciência e está voltada também<br />
para a valorização do ser humano e não apenas ao sistema<br />
de produção, além de abordar a diversidade. O<br />
20
termo orgânico em alguns casos vem sendo substituído<br />
pelo termo agroecológico, já que a produção orgânica<br />
vem perdendo seu conceito inicial e se tornando uma<br />
“produção em massa” com grande foco no mercado,<br />
sendo apenas um produto sem veneno. Outra questão<br />
abordada foi em relação ao consumo, preço e acessibilidade<br />
aos produtos orgânicos, o que implica em um menor<br />
consumo dos mesmos, o que nos leva ao conceito<br />
de segurança alimentar, o qual aponta que alimentação<br />
adequada e saudável é um direito humano. E novamente<br />
os meios de comunicação possuem total ligação ao<br />
tema, pois dependendo do veículo de comunicação, os<br />
produtos orgânicos são apontados como caros e de difícil<br />
acesso, principalmente quando se trata de mercados,<br />
enquanto em outros veículos é apontado a simplicidade<br />
e o preço mais acessível quando comprado diretamente<br />
na mão do produtor, em feiras.<br />
A redistribuição de alimentos e direitos humanos<br />
está diretamente ligada à segurança alimentar, que<br />
possui como significado o cumprimento do direito de<br />
todos terem acesso regular e permanente em quantidade<br />
e qualidade suficiente de alimentos, o que nos leva<br />
apensar sobre a logística, conservação e desperdício de<br />
alimentos. Outro tema relacionado à segurança alimentar<br />
que também foi citado durante os debates é a contaminação<br />
de alimentos, que muitas vezes ocorrem por<br />
falta de cuidado e higiene. Levantando em consideração<br />
também a forma como as informações chegam às pessoas,<br />
pois se mal interpretada pode levar muitas pessoas<br />
a deixarem de consumir determinado alimento e nem<br />
sempre uma pequena contaminação pode fazer mal ao<br />
organismo, o que também nos leva a reflexão de que<br />
tudo em excesso se torna veneno.<br />
Diante de tudo isso é possível chegar ao consenso<br />
de que os assuntos abordados estão diretamente<br />
ligados às comunicações sociais e aos direitos que devem<br />
ser assegurados a cada pessoa. A segurança alimentar<br />
e nutricional não é apenas uma questão política e<br />
econômica, mas também é uma questão social e cultural,<br />
que deve estar entrelaçada a agroecologia para que<br />
se tenha uma política mais sustentável, que respeite o<br />
meio ambiente e sua diversidade para que as gerações<br />
futuras tenham condições adequadas de vida. Além disso,<br />
é preciso uma maior disseminação de informações<br />
corretas para a população pois só com informação, só<br />
com conhecimento se pode mudar o mundo.<br />
21
Grupo<br />
SOLárius<br />
Durante todo o fórum, forma abordados os<br />
temas de agroecologia e segurança alimentar e nutricional.<br />
A Agroecologia promove os estudos sobre tecnologias<br />
para sistemas orgânicos de produção ou em<br />
transição agroecológica que possibilitam benefícios<br />
ambientais, sociais e econômicos. Com esse sistema as<br />
produções de soja, milho e outros aumentaram, assim,<br />
diversificando mais os produtos, o que fez surgir um<br />
novo processo de modernização. O sitio Geranium é<br />
uma referência de lugar que aplica os conhecimentos<br />
agroecológicos, pois produzem alimentos orgânicos<br />
aplicando estudos e técnicas agroecológicas. O solo foi<br />
um elemento bastante importante para produzir esses<br />
alimentos, ou seja, esse elemento deve ser bem cuidado<br />
para continuar produzindo ao longo dos anos. Portanto<br />
a agroecologia passa de um sistema simples para<br />
um sistema mais complexo, pois, o ambiente que foi<br />
bem cuidado consegue se manter ao longo do tempo,<br />
produzindo novas matérias primas.<br />
A segurança alimentar e nutricional promove o<br />
direito dos povos a terem alimentos nutritivos e culturalmente<br />
adequados, acessíveis, produzidos de forma sustentável<br />
e ecológica. Um programa que segue tal segurança é<br />
o Banco de Alimentos que foi criado em 2012 e se localiza<br />
no CEASA, esse programa é uma associação civil que contém<br />
alguns programas como (PDZ) Programa Desperdício<br />
Zero, (PDS) Programa Doação Simultânea e (PAA) Programa<br />
e Aquisição de Alimentos, que atuam com o objetivo<br />
de minimizar os efeitos da fome e combater o desperdício<br />
de alimentos, permitindo que instituições e pessoas vulneráveis<br />
tenham acesso a alimentos básicos e de qualidade,<br />
promovendo a segurança alimentar e nutricional. Este<br />
projeto é realizado pela distribuição dos alimentos recebidos<br />
pelos agricultores familiares, não tendo como fim<br />
lucrativo. O Banco de Alimentos foi se espalhando, cerca<br />
de 40 instituições e mais de 22 mil pessoas são ajudadas,<br />
além disso, conscientizam pessoas a como manipular adequadamente<br />
os alimentos e a evitar o descarte de partes<br />
com alto valor nutricional.<br />
22
Após a palestra da Mariane Carvalho Vidal (que<br />
ocorreu na 2ª saída de campo), foi aberto um tempo para<br />
dúvidas, nossa equipe (SOLárius) questionou o porquê<br />
de até hoje não produzirmos com quantidade, qualidade,<br />
com segurança alimentar e ainda temos a necessidade<br />
de importar alguns tipos de alimentos. A palestrante<br />
Mariane Vidal respondeu que já produzimos em qualidade,<br />
mas ainda não em quantidade, pois o espaço para as<br />
possíveis plantações e cultivos dos frutos ainda é pequeno<br />
em comparação a quantidade de pessoas que existem<br />
e sobre a importação dos alimentos ela não respondeu,<br />
mas levando em consideração a resposta chegamos à<br />
conclusão de que pelo fato de não ter espaço para plantação<br />
temos que importar alimentos para conseguir dar<br />
conta da demanda de alimentos necessária e desejada<br />
pelos consumidores.<br />
Outra questão que foi abordada no fórum e que<br />
tivemos a chance de refletir foi a influência da mídia em<br />
relação a alimentos que são divulgados com a proposta<br />
de ter efeitos desejados e como nós, sociedade brasileira,<br />
reagimos e aceitamos esses conhecimentos que<br />
são divulgados, sejam eles verdadeiros ou falsos. Alguns<br />
membros do grupo já participaram de algumas palestras<br />
e outros já até fizeram trabalhos relacionado a essa<br />
questão, entretanto, paramos para refletir com todo o<br />
grupo e ficamos assustados em como a mídia tem influência<br />
sobre a sociedade, e apesar de muitas informações<br />
que são divulgadas serem falsas, muitos acabam fazendo/<br />
testando/ usando/ tomando/ comendo, arriscando<br />
a vidas.<br />
23
Créditos<br />
Comitê de Organização<br />
Ana Schramm - Fiocruz-Brasília<br />
Bruna Thomaz Oliveira - Fiocruz-Brasília<br />
Felipe Medeiros Pereira - Fiocruz-Brasília<br />
Fernando Gomes da Rocha - Fiocruz-Brasília<br />
Karina Fernandes dos Santos - Fiocruz-Brasília<br />
Luciana Sepúlveda Köptcke - Fiocruz-Brasília<br />
Maria Regina Araújo de Vasconcelos Padrão - Fiocruz-Brasília<br />
Mariella Silva de Oliveira-Costa - Fiocruz-Brasília<br />
Simone Armond Serrão - Fiocruz-Brasília<br />
Sther Maria Lenza Greco – Instituto Federal Brasília<br />
Equipe docente<br />
Edileusa Costa Silva de Carvalho<br />
João Batista Andrade Santos<br />
José Barbosa de Oliveira<br />
Lorena Mendonça Tavares Oliveira<br />
Mamede Rodrigues Ramos<br />
Rosana de Andrade<br />
Sandra Enoe de Lima Silva<br />
Sergio Mariani<br />
Sidival Silva<br />
Sther Maria Lenza Greco<br />
Verônica Maria Teixeira<br />
Escolas Participantes<br />
Centro de Ensino Médio Integral do Gama – CEMI Gama<br />
Centro Ensino Médio 02 do Gama – CEM 02 Gama<br />
Centro Educacional 06 do Gama – CED 06 Gama<br />
Instituto Federal Brasília – IFB Campus Gama<br />
Educandos participantes<br />
CED 06 Gama<br />
Aline Mendes do Nascimento<br />
Byanca Cabral dos Santos<br />
Carlos Eduardo Rocha Vieira<br />
Daniel Lima Julião<br />
Eduarda N. Alves da Silva<br />
Gabrielly Oliveira Silva<br />
Gustavo Alex Rodrigues de Carvalho<br />
Igor Sampaio Coatio<br />
Jennyffe Aparecida Riques Nunes<br />
Júlia Beatriz Marques Ferreira<br />
Kimberlly Farias dos Santos<br />
Laís Alves Alexandre<br />
Layana Caroliny da Silva<br />
Margarete Aprígios dos Santos<br />
Maria Wliana da Silva Ferreira<br />
Pollyana Medeiros R. da Rocha<br />
Raissa Regina<br />
Renata Silva<br />
Rian Mendes Rocha<br />
Tayane Fonseca Ferreira<br />
Thais Cardoso Veras dos Santos<br />
Verônica Ianara Soares Rocha<br />
Victor Brenno Gomes dos Santos<br />
Vynicios Ferreira Silva<br />
24
CEM 02 Gama<br />
Ana Luiza Batista da Silva<br />
Fernando Diego Rodrigues Santos<br />
Gabriel Alexandre Lenza Melo<br />
Higor Candido de Souza<br />
Hudson Macedo Nunes Ludgero<br />
Igor Andrade de Araújo<br />
Ináxia yohanna Dias de Abreu<br />
Indiara Soares Ribeiro Aragão<br />
Marcelo da Cruz Silva<br />
Rebeca Araújo Bastos<br />
Suellen de Oliveira Marques<br />
Suellen Valéria Cassiano Silva<br />
Syllas Gomes Ferreira<br />
Taís da C. Souza<br />
CEMI Gama<br />
Ágatha Kareane Oliveira Carvalho<br />
Ana Beatriz Salerno Freire<br />
Anna Beatriz Silva Oliveira<br />
Clara Costa Silva<br />
Débora Letícia Lacerda<br />
Felipe Antunes Arcanjo de Souza<br />
Helen Marinho Rodrigues Ribeiro<br />
Helisia de Sousa Trega<br />
Isadora Leticia Freitas do Carmo<br />
João dos Santos Gonçalves<br />
João Gabriel de Moura<br />
Juliana Martins de Souza<br />
Lívia Sousa dos Anjos<br />
Lucas Cabral de Paulo<br />
Márcia Rodrigues Dias<br />
Maria Clara Teixeira Leitão<br />
Maria Eduarda Martins Guedes Nunes<br />
Matheus Bernardes de oliveira<br />
Milleny Ester dos Santos Moura<br />
Nathália Evangelista de Lima<br />
Suzy Ellen da Silva<br />
IFB Campus Gama<br />
Alfred William Carneiro Passos Meneses<br />
Ana Carolina Araújo Cintra<br />
Camilla Thainan Lima Farias<br />
Dalila da Silva Lopes<br />
Elisabeth Dias de Sousa<br />
Fernanda Raquel Gomes de Sousa<br />
Gabriel Cavalcante Oliveira<br />
Giovanna Bianca Vieira Goretti<br />
Hávila Monteiro Nunes<br />
Ingrid Costa Mesquita Pereira dos Santos<br />
Isabelly Borges Duarte Pereira<br />
Jeniffer Lúcia da Silva Santos<br />
Kássia Hellen Oliveira Alves<br />
Kathleen Pâmela Rodrigues Pereira<br />
Laura Christine Pereira do Nascimento<br />
Leonardo Marques Miranda<br />
Lidya Bianca Martins dos Santos<br />
Lucas César de Almeida Rezende Borges<br />
Maria Eduarda Oliveira Carneiro<br />
Maria Luisa Moreira da Silva<br />
Maryhellem Gomes da Costa<br />
Matheus Henrique Evangelista Cruz<br />
Milena Santos Durão<br />
Myerson dos Santos Barros<br />
Mylena de Pereira Arruda<br />
Nayane Alves Ribeiro<br />
Sarah Caroline Amaral Monteiro<br />
Thaís Vitória Lima Silva<br />
25
Pesquisadores participantes<br />
Ana Maria Maya<br />
Cláudio Augusto Rodrigues da Silva<br />
Eusangela Costa<br />
Karen Friedrich<br />
Mariella Silva de Oliveira Costa<br />
Patrícia Diniz Andrade<br />
Rafael Rioja Arantes<br />
Vicente Almeida<br />
Debatedores<br />
André Fenner<br />
Armênio da Costa Britto Neto<br />
Bruna Thomaz Oliveira<br />
Sther Maria Lenza Greco<br />
Carta de Brasília<br />
Edição do texto:<br />
Maria Regina Araújo de Vasconcelos Padrão<br />
Revisão técnica:<br />
Felipe Medeiros Pereira - Fiocruz-Brasília<br />
Luciana Sepúlveda Köptcke - Fiocruz-Brasília<br />
Revisão final e seleção de imagens<br />
Ana Carolina de Oliveira Monteiro dos Santos – Fiocruz Brasília<br />
Diagramação:<br />
Carlos Antônio Sarina<br />
Fotografia<br />
Fernanda Miranda<br />
Mariella Silva de Oliveira Costa<br />
Nathállia Gameiro<br />
26