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Raymond raramente aparece.<br />
— Bem, mesmo assim. Devemos pelo menos tentar.<br />
Mas Danny não está ouvindo. Ele está desenhando um vestido com cinto e uma capa, que<br />
por sinal é lindo de morrer.<br />
— Continue desenhando então. Não se preocupe com o Raymond. Vou ficar de olho na<br />
tenda.<br />
— Estou liberado da tarefa? — Os olhos dele brilham. — Tá, vou pegar uma bebida. Te<br />
vejo depois. — Ele pega os desenhos, enfia-os em sua pasta de couro e sai dali.<br />
Quando ele desaparece, volto minha atenção às pessoas na tenda. Meus olhos estão<br />
estreitados e eu me sinto totalmente alerta. Danny diz que Raymond não vai aparecer, mas,<br />
e se ele aparecer? E se depender de mim descobrir o segredo? Se eu conseguisse descobrir<br />
isso, se conseguisse pelo menos obter alguma pista... talvez eu não me sentisse tão inútil.<br />
Confiro a foto de Raymond em meu celular e observo os rostos <strong>ao</strong> meu redor, mas não<br />
consigo vê-lo em lugar nenhum. Dou a volta na tenda algumas vezes, passando pela multidão,<br />
olhando para todos os vasos e pratos. Gosto bastante de uma tigela cor de creme com<br />
detalhes vermelhos, mas, quando me aproximo, vejo que ela se chama Carnificina, e meu<br />
estômago se revira. Esses detalhes vermelhos são...<br />
Ai, credo. Por que alguém faria isso? Por que alguém chamaria uma tigela de Carnificina?<br />
Meu Deus, os ceramistas são esquisitos.<br />
— Você gosta disso? — Uma mulher loira e magra com um avental aparece <strong>ao</strong> meu lado.<br />
— É a minha peça preferida. — Vejo uma credencial na qual está escrito Artista <strong>ao</strong> redor de<br />
seu pescoço, então acho que ela a fez. E isso significa que ela é Mona Dorsey.<br />
— Adorável! — digo educadamente. — E aquela é linda também. — Aponto para um vaso<br />
com faixas grandes e pretas. Acho que Luke iria gostar dele.<br />
— Essa é a Profanação. — Ela sorri para mim. — Vem em um conjunto com o<br />
Holocausto.<br />
Profanação e Holocausto?<br />
— Excelente! — digo, tentando parecer calma. — Absolutamente. Mas eu estava<br />
pensando... Você por acaso tem uma obra um pouco mais alegre?<br />
— Mais alegre?<br />
— Mais feliz. Sabe como é. Animada.<br />
Mona parece não ter entendido.<br />
— Tento dar sentido às minhas peças — explica ela. — Está tudo aqui dentro. — Ela me<br />
entrega um livreto no qual está escrito Festival Criativo de Wilderness: Guia dos Artistas.