01 - Marcada

Tiamat World 

Elisabeth Naughton 

Guardiões Eternos 01 

Marcada 

Guardiões eternos - 01 


Quando a desordem ameaça o Inframundo, sete guerreiros imortais descendentes dos maiores heróis de 

toda a Antiga a Grécia podem ser a última esperança da humanidade. 

Theron - Cabelos escuros, comprometido com o dever e mortalmente enganador. É o líder dos 

Argonautas, um grupo de guardiães de elite que defendem o reino imortal das ameaças do Inframundo. 

Do momento em que entrou no clube, Casey soube que aquele cara era diferente. Os homens como ele 

simplesmente não existiam na vida real — cabelos sedosos até os ombros, peito incrivelmente largo e um 

jeito de predador que gritava apenas confusão e perigo. Estava procurando algo. A ela. 

Ela era a única. Tinha a marca. Casey tinha que morrer para que sua espécie pudesse viver, e era dever 

de Theron fazer isso. Mas, mesmo sendo um descendente de Hércules de 200 anos, não era forte o 

suficiente para resistir à tentação daqueles olhos insondáveis, para arrastar-se para longe do calor de seu 

corpo. 

Enquanto a guerra com o Inframundo se aproximava, alguém teria que fazer o último sacrifício. 

Disp em Esp: Kalosis 

Envio do arquivo: Gisa 

Revisão/Formatação: Joelma 

Revisão Final: France 

Tiamat - World 

Comentários de Revisores: 

Revisora Joelma: O livro é muito bom, desses que quando começamos a lê não conseguimos parar, com 

todos os ingredientes que gostamos, então respirem fundo e entrem no mundo dos Guardiões Eternos. 

Revisora France Medeiros: Adorei o livro, é tudo de bom, o mocinho é cheio de qualidades, fiel, forte, 

guerreiro, sexy e etc... e a mocinha é corajosa, audaciosa e adora tentar o rapaz e juntos deixam o livro com 

quê de quero mais. Vocês vão adorar. 

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Tiamat World 



CAPÍTULO 1 

Algumas noites, uma mulher só quer bater sua cabeça contra uma parede 

para não gritar. Para Casey Simopolous, aquela era uma dessas noites. 

— Eh, irmã! Minha língua não fica molhada sozinha — o loiro aspirante da 

fraternidade no outro extremo de sua seção levantou os braços longos com uma 

expressão em seu rosto de “pode ser mais estúpida?” — Vai nos trazer as bebidas 

ou o quê? 

Os dois idiotas sentados junto a ele na pequena mesa redonda começaram 

a rir e lhe deram um tapinha no ombro em um movimento “és o homem que fez 

Casey cerrar os dentes”. 

Oh, poderia pensar em um bom número de respostas para aquilo, mas, em 

vez disso, mordeu o lábio como se garota uma má não estivesse naquele antro 

de indecência. Colocou um sorriso congelado no rosto, deixou as cervejas na 

mesa onze e dirigiu se para os bagunceiros. 

Levantou a bandeja acima de sua cabeça enquanto ziguezagueava pelo 

XScream. Em torno dele, a ressonância opressiva ecoava dos alto-falantes 

escondidos nas paredes, o chão vibrava sob seus pés, salpicando seu cérebro 

contra o crânio no processo. Tinha uma dor de cabeça assassina, e aquele 

zumbido de baixo nível que estava experimentando durante os últimos trinta 

minutos estava causando estragos em seu estado de ânimo normalmente sereno. 

Se não tivesse comido recentemente, poderia ter atribuído isso a baixa de açúcar 

no sangue, mas já que Dana a obrigou a engolir um hambúrguer durante seu 

descanso, sabia que o caso não era esse. E, de qualquer forma, estava cansada 

de tentar descobrir o que estava errado com ela. 

Ainda com um mau humor acentuado, não é mesmo? Jesus… 

Jogou fora esse pensamento e abriu passagem para perto das mesas, 

passando pelos lenhadores, professores e até mesmo pelo prefeito da cidade. 

Não era ninguém para julgar aqueles que obtinham suas emoções em um lugar 

como aquele. A sua direita, Anna estava no palco, trabalhando para todos os 

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que valiam à pena e, pelo canto do olho, Casey viu um sutiã — ou era uma 

tanga? — voando pelo ar, mas ignorou isso também. Como fazia todas as noites. 

Os estudantes universitários jogaram suas babaquices a noite toda gritando 

de alegria e berrando ao ver Anna se virar com um sorriso sensual, dobrando a 

cintura e meneando o traseiro tamanho zero. Obviamente não percebiam que a 

piscada sedutora de Anna e o lamber de lábios eram motivados por nada mais 

do às notas de dólares, mas isso não era exatamente uma surpresa. Aqueles 

grossos eram qualquer coisa menos estudiosos de Rhodes. 

Mal dirigiram um olhar para Casey quando ela se aproximou, o que era 

muito bom para ela. O mine conjunto de colegial que Karl insistia em fazer todas 

as garçonetes usarem não era o conjunto que mais favorecia seu corpo de metro 

setenta e sete de altura, e ela mal podia esperar para terminar seu turno para 

poder tirá-lo o mais rápido possível. 

Pôs a primeira cerveja na mesa em frente ao bagunceiro número um, 

passou por trás do loiro que estava movendo a cabeça em um movimento, “sim 

querida” enquanto salivava com Anna, e pegava a próxima cerveja de sua 

bandeja. Mas antes que pudesse envolver os dedos ao redor do vidro gelado, um 

corpo bateu contra ela de um lado, empurrando as bebidas e a ela e 

derramando o líquido dourado em cima de sua bandeja. 

— Ei! — Exclamou, tentando endireitar a bandeja antes de perder tudo 

sobre a mesa ao seu lado. — Cuidado! 

Aquele zumbido em sua cabeça parou e, antes mesmo que as palavras 

saíssem, uma sensação de formigamento castigou seus quadris irradiando para 

fora pela parte inferior de suas costas e dificultou muito seu equilíbrio. 

Casey cambaleou, estendeu a mão para a mesa, mas só alcançou a borda 

com a ponta dos dedos. Teve um momento de “OH, merda!” enquanto caía, 

ouviu cadeiras arrastando-se no chão sujo e os gritos de surpresa dos estudantes 

universitários. Mas antes que seu corpo batesse no chão, um braço de aço que 

pareceu surgir do nada se envolveu ao redor de seu torso, e outro foi 

rapidamente lançado para resgatar a bandeja da queda. 

Não teve tempo para fazer nada mais do que ofegar. O homem misterioso 

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Tiamat World 



que quase a jogou no chão a pegou em seu braço como se não pesasse mais 

que uma pena e a colocou de pé. Entregou a bandeja a ela, assentiu com a 

cabeça e disse com forte sotaque: 

— Perdão. 

E Casey perdeu toda capacidade para falar. 

Era enorme. Facilmente, um metro e noventa e oito de altura e pelo menos 

cento e quinze quilos de músculos firmes. Suas pernas eram como troncos de 

árvore, com o peito tão largo que era tudo o que podia ver. E aquele rosto? Um 

deus grego veio a sua mente, com aquela pele cor de oliva, os cabelos da cor 

da meia-noite na altura dos ombros e aqueles olhos negros como o pecado. Mas 

foi a maneira que a olhava que realmente a fez baixar a guarda. Como se a 

reconhecesse, mas não conseguisse saber de onde. Como se eles tivessem se 

conhecido, embora esse pensamento não o emocionasse. Como se ela fosse a 

última pessoa no planeta que ele quisesse ver nesse momento. 

— Jesus — exclamou um dos universitários atrás dela. —Você é burra ou o 

quê? 

OH, maldição. Aqueles estudantes universitários imbecis. 

Estava a ponto de virar-se para acalmar a situação, quando o deus grego 

que tinha batido nela, lançou contra eles um olhar fulminante que poderia ter 

convertido suas carnes em pedra. A boca do presunçoso se fechou, e os 

comentários morreram atrás dela. Nenhum de seus amigos ousou zombar mais 

dela. 

E, pela primeira vez em toda a noite, um pouco de sua dor de cabeça foi 

dissipada. Queria virar-se e olhar para as expressões atordoadas nas caras dos 

arruaceiros, mas não conseguia desviar os olhos do homem diante dela. Ele devia 

ter notado seu olhar, porque lhe lançou outro olhar desconcertante a sua 

maneira, balançou rapidamente sua cabeça e se dirigiu para o outro lado do 

clube. 

E só depois que ele cruzou toda a sala e que ela finalmente respirou. 

Deus do céu. O que foi isso? 

Seus pulmões repentinamente pareceram ser de um tamanho muito 

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pequeno. Respirou fundo, passou uma mão pela testa e tentou regular a 

respiração enquanto continuava olhando-o fixamente. Ele parou em uma cabine 

perto da parede do fundo, e embora Casey não pudesse ver seu rosto, era 

evidente que estava falando com alguém sentado em frente a ele. 

Esse alguém era uma mulher, loira e delicada e que tinha entrado sozinha 

há meia hora escondendo-se entre as sombras para ver o espetáculo. 

Naquele momento, Casey não tinha dado muita importância para a mulher. 

De vez em quando as mulheres entravam sozinhas no clube. Mas agora dava. 

Agora que seu herói de preto estava concentrado na beleza loira, Casey 

definitivamente queria saber mais sobre cada um deles. 

— Vai ficar aí, olhando a noite toda ou vai começar a trabalhar? 

A voz que vinda de trás dela tirou a névoa que estava se formando em sua 

cabeça. Virando-se, voltou sua atenção para os três jovens universitários, que a 

estudavam como se ela fosse completamente retardada, sua irritação com ela, 

obviamente, usurpando a intimidação anterior do homem misterioso. A bandeja 

vacilou em sua mão, mas ela a apanhou antes que as taças semi-vazias 

derramassem de novo. 

— Sinto muito — murmurou Casey, pegando um pano de sua bandeja e 

enxugando o que havia derramado na mesa. O que estava acontecendo com 

ela?— Desculpem-me. 

— Droga — murmurou o loiro, sacudindo a cerveja de seus dedos. —. Tem 

uma doença mental ou algo assim? 

Casey ignorou o comentário e terminou de limpar a mesa. 

— Trarei mais três cervejas, cortesia da casa, é claro. 

— Bem — retrucou o único que estava a sua direita, enquanto se virava 

para olhar para a stripper dançando a alguns metros dele no palco. 

Ignorou isso também enquanto pegava as garrafas vazias, então olhou para 

a sombra gigantesca há várias mesas de distância. 

— Aqueles rapazes estão lhe causando algum problema? — perguntou Nick 

Blades enquanto ela se aproximava. 

— Não mais problemas que o normal. 

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Cuidadosamente, Casey pegou os guardanapos amassados da mesa e os 

deixou cair em sua bandeja. Ele era quase tão grande quanto o deus grego, mas 

era aí que as semelhanças acabavam. Os cabelos loiros de Nick eram cortados 

em estilo militar, ostentando uma estranha série de tatuagens e piercings, e era 

difícil não olhar para a cicatriz que ele tinha do lado esquerdo da face, da 

têmpora até a mandíbula. Ele sempre se sentava em seu setor, e embora ela 

houvesse se dito mil vezes que ele era inofensivo, uma parte dela não conseguia 

se convencer disso. Tinha estado ali. Tinha visto o que ele podia fazer. E, embora 

se sentisse agradecida, não queria voltar a vê-lo. 

Ele a observou atentamente, mas ela não olhou para ele. 

— Parecia um pouco distraída. 

A mão de Casey fez uma pausa enquanto ela recordava do gigantesco 

deus grego, e o calor se propagou até sua face enquanto voltava a limpar a 

mesa de Nick. Fazia sentido que um cara como aquele a olhasse de passagem e 

depois se fixasse em uma mulher como a do canto. Os homens não se fixavam 

em mulheres amazonas 1 magras quando loiras curvilíneas e pequenas estavam 

por perto. 

— Quer outra, Nick? 

Por seu silêncio, Casey finalmente levantou os olhos, e foi então que 

percebeu que Nick não a estava observando, mas sim olhava através do clube 

com os olhos entrecerrados e a mandíbula apertada. Com os olhos fixos no deus 

grego e sua loira explosiva. Embora não estivesse olhando com admiração ou 

curiosidade, nem sequer ciúmes. Não, Nick estava olhando com rancor e era um 

reconhecimento muito claro. 

Curioso. Como alguém como Nick conhecia um cara assim? 

— Nick? 

Nick afastou os olhos do canto, seu rosto tornando-se impassível. 

— Outra dessa seria boa. 

Aquele formigamento se intensificou outra vez na parte baixa das costas de 

Casey quando ela se afastou de sua mesa. 

1 

Amazonas – mulheres guerreiras. 

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— Vou buscá-la e volto. 

Deixou-o sentado no mesmo lugar e dirigiu se para o balcão, lembrando a si 

mesma o caminho todo que não queria saber o que Nick Blades pensava de 

ninguém. Tinha bastante problemas próprios com que se preocupar. Com um 

longo suspiro, colocou a bandeja sobre a superfície brilhante e entregaram a 

Dana, o barman, seus pedidos. 

Dana abriu a torneira e encheu os três copos para os rapazes sobre os quais 

Casey os havia derramado alguns minutos atrás. Então, olhou para o centro da 

sala. 

— Vejo que seu admirador está aqui outra vez esta noite. 

Casey franziu o cenho. Não gostava de chamar Nick de admirador. Não 

gostava de chamá-lo de nada, nesse sentido. Mas nunca tinha compartilhado a 

verdadeira razão com Dana, e não o faria agora. 

— Eu sei. 

— É um pouco doce — disse Dana. — Embora não me parece que seja seu 

tipo. 

Casey não achava que ele fosse doce. Ultimamente, beirava o assustador. 

Mas ela deu de ombros em favor de Dana. 

— Não tenho um tipo. 

Dana sorriu e colocou as cervejas na bandeja de Casey. 

— E se tivesse, definitivamente não seria o tipo motoqueiro bad boy. 

— Não julgue um livro pela capa, Dana. 

Dana a imobilizou com um olhar enquanto vertia vodca em um copo e 

acrescentava suco de laranja de uma jarra. 

— Você fala como uma verdadeira vendedora de livros. De qualquer forma, 

como vai a loja? — Deixou uma cereja cair na taça e a colocou sobre a 

bandeja. 

— Muito bem. Não tão movimentada quanto este lugar, mas ao menos não 

distribuo sexo entre as páginas. 

— Talvez devesse. 

Casey não pôde deixar de sorrir. 

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— Sim, talvez devesse. 

Ela esperou que Dana terminasse seu pedido, e deu algumas batidinhas 

com os dedos sobre o balcão no ritmo do Sexy Back de Justin Timberlake. Jessica 

estava agora no palco, se balançado com seu excitante short, e Nick mal 

prestava atenção. O olhar de Casey percorreu a sala, e por um instante, 

perguntou-se o que sua avó diria se pudesse vê-la agora. 

— Acácia. Meli, o que aconteceu com você? 

— Nada, Gigia 2 . Isto é apenas temporário. 

— Sempre é temporário com você, meli. 

— Falta pouco? 

A voz de Dana tirou Casey de suas meditações e ela assentiu. 

— Sim. Graças a Deus. Mais quinze minutos, então estarei livre para o fim de 

semana. A livraria ficará fechada amanhã e segunda-feira. 

— Bem. Trabalha muito, Casey. Não sei como faz isso. Durante o dia todo na 

loja, à noite aqui. Alivie minha preocupação, carinho, e me diga que planejou 

um encontro excitante. 

Casey pegou a bandeja. 

— Sim, com um bom livro. 

— Precisa sair mais, Case. Encontrar um cara bonito que a lembre como 

viver a vida. 

Casey pensou no deus grego. Apostava que aquele cara poderia fazê-la se 

lembrar de como desfrutar a vida. 

Rejeitou aquela ideia enquanto levantava a bandeja e se virava para sair. 

— Não tenho tempo para encontros excitantes. Estou muito ocupada. 

— Depois de entregar esses — disse Dana a suas costas— , vá embora logo. 

Cobrirei você. 

Casey olhou para trás. 

— Tem certeza? 

Dana deus de ombros e sorriu enquanto limpava um copo, seu suave 

cabelo vermelho brilhando sob a luz tênue. 

2 

Gigia - avó 

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— Sim, claro. Vá e frente. Se surgir algo, obrigarei Jane a cobrir suas mesas. 

— Obrigado — disse Casey com um suspiro, sentindo-se subitamente 

cansada. 

— Uma coisa antes de ir. Quando chegar em casa, você pode vê se eu 

deixei meu telefone quando estive lá na outra noite? Não consigo encontrá-lo. 

— É claro. Ligarei para sua casa. 

Dana piscou um dos olhos para ela. 

— Agradeço-lhe isso. Que tenha um bom fim de semana, Casey. Você 

merece isso. 

Casey parou na mesa dos universitários e entregou suas cervejas, e depois 

olhou para o canto dos fundos. A loira estava saindo do cubículo, mas tropeçou 

quando seus pés tocaram o chão, o que era estranho porque Casey tinha 

certeza que a mulher não tinha bebido nada. O deus grego estava ali para 

segurá-la, como tinha feito com Casey. 

Não, não como tinha feito com Casey. Seus olhos se entrecerraram 

enquanto o olhava. Ele era muito mais delicado com aquela mulher. Ele a puxou 

para si, como se ela fosse feita de cristal e segundos depois a levantou nos braços 

e a levou pela porta de trás do clube, como uma cena tirada de “Um Oficial e 

um Cavalheiro”. 

Só que aquele cara era dez vezes maior e um milhão de vezes mais 

excitante do que Richard Gere jamais foi. 

O calor se precipitou para as bochechas de Casey novamente enquanto 

ela observava, e a inveja, a única palavra que conhecia para descrever aquela 

estranha opressão no peito, a esfaqueava por dentro. Qual seria a sensação de 

ter um cara como aquele concentrado nela? 

A porta de trás se fechou com um estalo atrás dele, deixando apenas a 

escuridão e batendo na base do clube em seu rastro. Com o cenho franzido, 

Casey respirou fundo e se virou. 

Não fazia sentido se preocupar com algo que ela nunca teria. De qualquer 

modo, não fazia sentido se preocupar com algo para o que ela não tinha tempo. 

Precisava terminar seu turno para poder chegar em casa e dormir, para eliminar 

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aquele vírus estranho com o qual vinha lutando os últimos dias. Logo se acalmaria 

para que pudesse fazer tudo outra vez na manhã de terça-feira. 

Ela se dirigiu para Nick e entregou sua Coca-cola. 

— Eu vou indo, Nick. Se precisar de algo mais, Dana cuidará de você. 

Ele levantou a garrafa gelada. Mangas compridas cobriam seus braços, e as 

luvas sem dedos que sempre levava escondiam tudo, exceto as pontas dos 

dedos, da vista. 

— Tudo bem. E Casey? 

Ela parou e se virou olhando para trás. 

— Sim? 

— O cara que esbarrou em você? Se o vir pela cidade, quero que você me 

diga. 

Casey franziu o cenho. 

— Por quê? 

— Razões pessoais. 

Bom, aquilo era estranho também. 

— E seria inteligente se você se mantivesse afastada se o visse — 

acrescentou em voz baixa. — Bem longe. É perigoso. 

Aquele ponto na parte baixa das costas de Casey começou a formigar de 

novo e ela levantou o queixo. Tinha cuidado dela e agora estava lhe dizendo o 

que tinha que fazer. E embora algo instintivo lhe dissesse que ela não voltaria a 

ver o deus grego novamente, agora, vindo de Nick, também não gostava. 

— Sim, Nick — murmurou quando se virou e se dirigiu para o vestuário. — Eu 

farei isso com certeza. 

— Theron, desça-me. 

A mão livre de Isadora empurrou o peito de Theron, mas seu protesto não o 

incomodou de forma alguma. 

Ele nunca perdia a paciência. O fato de ter passado quatro dias rastreandoa 

era insignificante neste momento. Também o era o fato de ter deixado seus 

companheiros para vir buscá-la. Ele simplesmente a levaria para casa antes que 

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o Conselho descobrisse que tinha desaparecido e seu mundo desmoronasse. 

— Theron, estou falando sério — disse novamente, quando a porta do clube 

humano se fechava detrás deles e se dirigiram para longe do edifício. 

olhos. 

— É hora de ir para casa, Isadora. Você já teve sua diversão. 

Isadora virou a cabeça para o edifício com um olhar derrotado em seus 

— Você não entende. Preciso dela. 

Precisava dela? Como o inferno. Ela precisava apenas dele naquele 

momento. Se seu pai descobrisse qual era o negócio... 

Ele apertou os dentes ante a ideia e continuou andando. Se dependesse 

dele, ninguém saberia onde ela esteve naqueles últimos dias, ou o que esteve 

fazendo. A última coisa que ele — líder dos Argonautas 3 

e descendente de 

Heracles, o maior herói que já existiu — precisava era que seus irmãos guerreiros 

soubessem que sua futura esposa tinha um fetiche por uma mulher humana. 

esposa. 

Sobressaltou-se ante o pensamento. Ambos — mulher humana — e — futura 

Isadora se retorcia em seus braços novamente, mas finalmente se rendeu 

com um suspiro. E isso foi muito bom para Theron. Não estava com humor para ser 

amável. 

O ar estava úmido, embora Theron quase não o sentisse. Um abafado bum– 

bumba–bumba ecoou do clube atrás dele enquanto caminhava. Calmamente, 

Isadora disse: 

tão alta. 

— Era linda, não é mesmo? Elegante e alta. Eu... eu não esperava que fosse 

Mais frustrado a cada segundo ante o estranho comportamento de Isadora, 

Theron acelerou o passo. Só depois que Isadora voltou a suspirar e apoiar a 

cabeça contra seu peito, foi que ele se lembrou o quanto ela estava bêbada e o 

quanto devia está abraçando-a com força. 

Afrouxou o aperto e se obrigou a suavizar a voz, no entanto, até mesmo ele 

3 Argonautas: Guerreiros guardiães eternos que protegem Argolea. Em cada geração, uma das sete linhagens originais 

(Heracles, Aquiles, Jasão, Ulises, Perseu, Teceu e Belerofonte) é escolhida para continuar a tradição do guardião. 

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achou que saiu áspera e tensa. 

— Isadora, você certamente não pode sair correndo desta maneira. 

— Eu... Sei — sussurrou contra ele, seu corpo cada vez mais relaxado em seus 

braços. Tremeu e tentou se aconchegar mais perto. — Só queria… 

Sua voz fraca o fez lembrar como ela teve dificuldade para manter-se em 

pé no clube. Pela primeira vez, deu-se conta que não havia um só copo sobre a 

mesa. Nem sequer uma marca de água que tivesse sido recentemente 

eliminada. Recolhendo-a em um braço, passou ao seu redor e apalpou sua testa. 

Ela estava com a pele fria e pegajosa. 

Sua irritação se transformou em urgência. Ela não estava bêbada de forma 

alguma. Estava doente. 

Skata 4 . Tinha que levá-la de volta para Argolea 5 . Agora mesmo. 

— Segure-se — disse com firmeza em seu ouvido, reposicionando seu braço 

por debaixo das pernas dela novamente. — Eu a levarei para casa. 

Ela fechou os olhos e, depois de um momento do que parecia uma dor 

incrível e angústia, assentiu com a cabeça no que ele poderia dizer que foi de 

muito má vontade. 

— Sim. Sim. Tem razão. Passou-se muito tempo. Leve-me para casa, Theron. 

Ele deu um passo para frente com ela em seus braços e sentiu a mudança 

no ar. Passou de úmido e morno para gelado no lapso de um nano segundo 6 . E 

soube sem olhar, que não estavam sozinhos. 

Quatro daemons 7 , monstros do Inframundo presos entre um mortal e um 

deus, com chifres afiados e dentes descobertos, apareceram como se diluídos no 

ar. Um em frente, dois à direita de Theron, um à esquerda. Tinham corpos de 

homens, cobertos de couro e longos casacos que esvoaçavam atrás deles 

enquanto se moviam, com caras horríveis, algo assim como uma mistura de leão, 

lobo e cabra. 

4 

Skata: Palavrão. 

5 Argolea: Reino estabelecido por Zeus para os heróis abençoados e seus descendentes. 

6 

Nanosegundo é a milésima parte da milionésima parte de um segundo 

7 Daemons: monstros que uma vez foram humanos, recrutados dos Campos de Asfódelo (Purgatório) pela Atalanta 

para unir-se a seu exército. 

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Os músculos de Isadora relaxaram nos braços de Theron. Ele não tinha 

certeza se ela tinha adormecido ou se a enfermidade que abalava seu corpo a 

levou a inconsciência, mas no momento não se importou. Era melhor para ela se 

não visse o que enfrentariam. 

— Solte a princesa, Argonauta, e salvará sua vida — o daemon da frente 

anunciou com a voz rouca. 

Um som sem humor borbulhou saindo do peito de Theron, enquanto sua 

mente dava voltas procurando opções de como sair daquilo. Seus companheiros 

não estavam em nenhum lugar por perto. Tinha vindo em busca de Isadora por 

conta própria. Desde quando os daemon eram conhecidos por sua misericórdia? 

O líder grunhiu. 

— Nossa clemência é a única coisa que salvará você. Solte-a. Agora. Não 

terá outra chance. 

Pelo que Theron podia ver, não tinham chance. Baixou os olhos para 

Isadora, protegida do frio em seus braços. Durante quase duzentos anos tinha 

servido a sua raça porque era seu dever. Apesar dela não ser sua primeira 

escolha, esteve disposto a casar com ela se isso significava a preservação de seu 

mundo. Naquela noite, no entanto, ele sabia que ia servir a gynaíka 8 que um dia 

seria Rainha de Argolea com a finalidade de salvar sua vida e a de seu povo. 

Mesmo se isso significasse perder a sua. 

Os dois daemons a sua direita se aproximaram. Theron fechou os olhos e 

utilizando toda a força dentro dele formou um escudo protetor em torno de 

Isadora. O esforço o drenou de seus poderes. Não deixando nada para a luta 

que viria pela frente. 

Sabendo que ela agora estava a salvo dos daemons, lentamente colocou 

Isadora no chão aos seus pés. Ela se aconchegou de lado sobre o asfalto frio, 

mas não mostrou outros sinais de consciência. Ele se ergueu em toda sua estatura 

de quase dois metros e olhou fixamente para os quatro daemons que mesmo 

assim eram maiores que ele. 

8 Gynaíka; pl. Gynaíkes: Mulher argolean. 

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Tiamat World 



— Meninos, se a quiserem, terão que vir e pegá-la. 

O que estava no centro, claramente comandava os outros, riu entre dentes, 

embora o som fosse tudo menos divertido. 

— Tão arrogante, Argonauta. Mesmo quando está encurralado. Atalanta se 

divertirá ainda mais por sua impetuosidade. 

— Atalanta é uma bruxa mesquinha com um caso perpétuo de TPM. E 

deixe-me adivinhar... Como seu bode expiatório número um, você ganha o quê? 

O direito de limpar sua bunda? — Começou a rir, embora soubesse que tudo o 

que fazia era enfurecer os monstros em sua volta. Se ele ia morrer, então, bem 

poderia partir em um momento de glória. — Deixe-me lhe perguntar algo, cara 

de cachorro, o quanto sua raça era insignificante para que Hades o entregasse 

com tanta facilidade a uma cadela como Atalanta, afinal? 

Os quatro grunhiram em uníssono. Os olhos verdes do líder brilharam. 

— Provoque o quanto quiser, Argonauta. Em poucos minutos, implorará que 

o matemos. 

Eles avançaram juntos, como se fossem um único cérebro. E sem hesitar, 

Theron juntou os dedos até que as marcas no dorso de suas mãos 

resplandeceram de dentro para fora. O portal se abriu com um brilho e se fechou 

segundos depois, deixando-o sozinho com os daemons no estacionamento frio. 

No instante de silêncio que se estabeleceu sobre eles como uma nuvem 

escura, a fúria encheu a cara de cada daemon, seguido por um bramido como 

o de um deus que jamais tinha ouviu falar. 

— Enviar a princesa para casa foi o último erro que cometeu, Argonauta — 

resmungou o líder. 

E o atacaram como uma matilha, derrubando-o sobre o pavimento duro 

antes que tivesse tempo de alcançar suas armas. Mostrando os dentes, presas 

para fora, rasgaram sua carne. 

Quando suas costas bateram no chão implacável e o último vestígio de 

força correu para fora de seu corpo, Theron teve um pensamento fugaz. 

Isto ia ser ruim. Antes que acabasse, ia ser muito, muito ruim. 

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CAPÍTULO 2 

No vestuário do clube, Casey trocou se rapidamente, vestindo calça jeans e 

camiseta branca. Calçou seus Keds 9 , jogou o patético uniforme em sua mochila e 

dirigiu se para a entrada de serviço ao lado do edifício. 

Arriscou dá uma olhada para dentro do clube enquanto empurrava a porta 

para abrir, e viu que Nick estava observando-a. 

Seus nervos deram um pulo, mas disse a si mesma que não havia nada com 

que se preocupar enquanto pegava suas chaves e atravessava o 

estacionamento até seu carro. As noites em meados de setembro, nos 

contrafortes das Cascatas no oeste de Oregón, eram temperadas, com a 

mordida suficiente para recordá-la que o outono estava próximo. Em uma ou 

duas semanas necessitaria de um suéter quando chegasse ali depois do trabalho. 

Depois de abrir a porta de seu Taurus, deslizou atrás do volante. Soube sem 

olhar que Nick estava parado na porta, vigiando-a. Com efeito, quando iniciou o 

arranque, acendeu as luzes e olhou para trás, ele estava lá. 

Não pense nisso. 

Não o faria. 

Colocou o pensamento de lado e se disse que deveria ficar agradecida em 

vez de enlouquecer enquanto saía do estacionamento. Ele a salvou uma vez. Se 

tivesse intenção de machucá-la, o teria feito há muito tempo. Subiu o volume do 

som enquanto rodeava o edifício, então, freou de repente quando viu um grupo 

de animais comendo a carcaça do que devia ser o corpo de algum pobre 

guaxinim confiante, raposa ou cervo. 

Primeiro pensou que eram cães, mas depois mudou para lobos quando viu 

suas orelhas mais de perto. Quando o mais próximo a ela levantou a cabeça e se 

virou para o som e suas luzes, sua mente ficou em branco. 

9 

tênis Keds 

15

Tiamat World 



Um arrepio percorreu sua coluna. Não era um cão nem um lobo, nem 

nenhuma outra coisa que já tivesse visto em sua vida. Aquela coisa tinha a cara 

de um leão, as orelhas de um cão e os chifres de uma cabra. E, maldição, usava 

roupa. Vestido… como um homem. 

Negou com a cabeça, fechou os olhos e voltou a abri-los, certa de que o 

que tinha visto era uma invenção de sua imaginação. E foi então que percebeu 

que os animais ou coisas — não sabia como chamá-los — estavam se 

alimentando não de uma carcaça e sim de um corpo humano. 

Nesse instante, voltou para aquele terreno baldio, o chão frio e duro 

pressionando suas costas, os dois homens poderosos rasgando suas roupas 

enquanto ela gritava inutilmente e tentava fugir. A náusea se juntou em seu 

estômago, quando se viu no chão, sem ninguém para ajudá-la. 

Antes que soubesse o que estava fazendo, pôs o carro em ponto morto, 

abriu a porta e saltou gritando do assento do motorista, agitando os braços 

violentamente em uma tentativa de obrigar os animais a se afastarem da pessoa. 

Quatro pares de olhos verdes brilhantes se viraram para ela enquanto corria 

em direção deles. Quatro grunhidos baixos ecoaram em seus ouvidos. Só depois 

que estava quase em cima deles foi que o bom senso finalmente a golpeou e ela 

percebeu que estava em tremenda enrascada. 

Deslizou até parar e se congelou. 

O mais próximo ficou em pé e viu, com grande clareza, que realmente ele 

tinha o corpo de um homem. Só que era enorme. Facilmente dois metros e dez 

de altura e aproximadamente cento e quarenta quilos, com sangue escorrendo 

de seu rosto para o peito. Os outros três, igualmente grandes, levantaram-se 

rapidamente atrás dele e uniram-se a ele. 

— Volte para carro, humana. Isto não é assunto seu. 

Caramba! Ele falava. 

Imobilizada no lugar, tudo o que Casey podia fazer era olhar com os olhos 

muito abertos para algo que talvez não pudesse ser real. Olhou para baixo para o 

homem atrás deles, coberto de sangue, enquanto o conteúdo de seu estômago 

subia bruscamente até sua garganta. 

16

Tiamat World 



— OH, Deus. O que… o que aconteceu aqui? 

A criatura que tinha falado parou a meio passo dela. Inalou, longa e 

profundamente, como se tentasse atraí-la para seus pulmões. Seus olhos se 

arregalaram, e algo como choque, ou talvez reconhecimento — se pudesse 

chamar assim — cruzou rapidamente sua cara felina antes que se virasse e falasse 

com palavras confusas para os três atrás dele. 

Todos eles a olharam com assombro e depois, desapareceram em uma 

nuvem de fumaça, sem deixar rastro. 

Casey deu uma sacudida rápida na cabeça. Bateu a mão contra a testa. 

Disse a si mesma que o que acabava de ver não podia ser real. Meu Deus, tinha 

que parar de comprar romances de vampiros da livraria de sua avó. 

Quando o homem no chão gemeu, Casey lançou-lhe um olhar aguçado. 

Não importava o que tivesse acontecido, definitivamente havia um homem 

ferido diante dela. 

Com sua cabeça ainda dando voltas, correu na direção dele, ajoelhou-se e 

olhou para seu rosto. O deus grego. Do clube. Que tinha saído rapidamente com 

aquela loira em seus braços como um cavalheiro de armadura brilhante. Estava 

gravemente ferido. Cortado, machucado e ensanguentado em quase todas as 

partes de seu corpo. Por um momento, Casey não soube o que fazer. Depois, ele 

tentou mover-se, e seu cérebro trabalhou a toda velocidade. 

— Não, não se levante. OH, Deus. Vou pedir ajuda. Está… — conteve a bílis. 

— O que aconteceu com você? 

— Nenhuma… ajuda — resmungou ele com uma voz muito elevada. —. 

Descansar. Só… preciso… descansar. 

O homem estava delirando. Necessitava de um hospital, um litro de sangue 

e médicos que soubessem o que fazer para ajudá-lo. Meu Deus, tinha mordidas 

nos braços? Parecia que sua carne tinha sido roída até o osso. 

Tentou mantê-lo quieto, mas mesmo ferido como estava, era muito forte 

para ela. Ele se impulsionou para sentar. Sua cabeça pendia como se 

simplesmente pudesse cair do corpo. 

— Por favor — disse com voz áspera. — Só… tire-me daqui antes que 

17

Tiamat World 



retornem. 

Ante aquelas palavras, Casey levantou os olhos e olhou ao redor. Não havia 

vento, nem grilos cantando nem movimento de carros na rua. Nenhuma outra 

pessoa tampouco. A mulher com quem ele deixou o clube tinha desaparecido. 

Só havia silêncio. Um silêncio assustador e estranho totalmente contrário aos sons 

de uma noite normal de Silver Hills, Oregón. 

Como ele já estava ficando de pé, ajudou-o passando um braço em torno 

de sua cintura e ele passou um dos seus braços sobre o ombro de Casey. Por 

alguma graça de Deus chegaram ao seu carro, embora não estivesse 

inteiramente certa de como. Quando se deixou cair no banco do passageiro 

como uma tonelada de peso morto, Meat Loaf disparou do estéreo, cantando 

sobre o que faria por amor. Casey grunhiu enquanto levantava as pernas do 

homem para dentro do carro e fechava a porta atrás dele. 

A náusea continuava se reunindo em seu estômago enquanto ela rodeava 

o carro para o lado do motorista, mas parou em sua porta aberta e, por um 

momento, pensou na loira novamente. 

Olhou por cima do asfalto para a porção vazia do terreno e para as árvores 

onde começava o bosque. Onde diabo estava? Casey considerou procurá-la, 

mas o homem gemeu outra vez e o som prendeu sua atenção. 

— Por favor — murmurou. — Depressa. Voltarão. 

Recordando o que achava que tinha visto, Casey subiu no carro, desligou o 

estéreo e fechou a porta com a trava automática, por precaução. 

Muito bem, pense. Ela o ajudaria, depois ligaria para as autoridades para 

que viessem e procurassem a mulher. Imaginando que este plano era tão bom 

quanto qualquer outro, olhou para o homem a sua direita e ligou o carro. 

— Vou levar você para o hospital. 

Sua mão moveu-se tão rápido, que ela mal conseguiu segui-la. Fechou-se 

ao redor de seu pulso com uma força impressionante para alguém que parecia 

estar em seu leito de morte. Seu dedo indicador apertou contra o ponto de seu 

pulso. 

— Nenhum hospital. Só preciso descansar. 

18

Tiamat World 



A luta deslizou de suas palavras e, em sua voz com um forte sotaque, sentiu 

algo… familiar. Os olhos escuros se enfocaram nos seus até que tudo o que viu foi 

piscinas de obsidiana 10 , negras como a noite. O calor se precipitou através de 

seus membros até que todos os músculos de seu corpo relaxaram. 

— Tudo o que preciso é descansar. Depois, prometo que irei embora. Não 

farei mal a você. 

Foi um comentário estranho vindo de um homem que nem sequer podia 

manter sua cabeça erguida. A coisa mais segura a fazer seria ir diretamente ao 

hospital ou a polícia ou simplesmente correr de volta para o clube, onde sabia 

que Nick estava sentado. 

Mas não fez isso. Em vem disso, assentiu com a cabeça lentamente, incapaz 

de conter-se. Uma nebulosidade estranha enchia sua cabeça, da qual tentou 

livrar-se, mas não conseguiu. Quando pôs o carro em movimento, saiu do 

estacionamento e tentou dar a volta para o hospital, um formigamento vibrou na 

parte baixa de suas costas. O carro fez uma curva à direita no Old Cornell Road 

quase como se tivesse mente própria, dirigindo-se para sua casa no lago. 

— Obrigado, meli 11 — sussurrou enquanto soltava seu braço e fechava os 

olhos. — Isto acabará logo. Eu prometo. 

Nick Blades chutou a porta do apartamento para fechá-la e jogou as chaves 

de sua Harley na pequena mesa no centro da sala de estar vazia. Tirou a jaqueta 

de couro e a jogou sobre as chaves, e depois puxou a cadeira da escrivaninha e 

se sentou, o vinil barato rangendo sob o peso de seu corpo quando o fez. 

Algo não estava certo. 

Abriu seu laptop, a única coisa cara no apartamento miserável que 

mantinha ali em Silver Hills, e esperou que a máquina iniciasse. Quando o 

Windows piscou na tela, mordeu o interior dos lábios e passou a mão pela barba 

10 

Obsidiana é um tipo de vidro vulcânico, formado quando a lava esfria rapidamente. 

11 

Meli: Termo carinhoso; amada. 

19

Tiamat World 



incipiente de seu queixo. 

Tinha reconhecido a loira no canto do clube no momento que ela tinha 

entrado. Era impossível saber quanto tempo ficou lá, mas a maneira que tinha 

olhando para Casey colocou seus instintos em estado de alerta. Que demônios 

estavam fazendo uma Argolean naquele clube, tentando se fazer passar por 

uma humana? 

Seus dedos viajaram sobre o teclado e ele enviou uma mensagem 

instantânea. Esperava que Orfeu estivesse conectado para que pudesse 

responder alguma daquelas malditas perguntas. 

Na verdade, a única ligação que ele tinha em Argolea estava lá. 

Começou a escrever. 

Niko: Preciso de respostas. Podemos bater um papo? 

Orfeu: Tudo bem, homem? Há quanto tempo. Como as mulheres humanas 

estão tratando você? 

Nick franziu o cenho enquanto seus dedos voavam sobre o teclado. 

Niko: Como um garanhão. Por que diabos você acha que eu fiquei aqui? 

Um emoticom sorridente rodou pela tela. 

Orfeu: É o maior mentiroso que já conheci. E estou com inveja como o 

pecado. Do que você precisa? 

Niko: Que rumores você ouviu do Conselho? 

O cursor piscou, e Nick se recostou na cadeira, com uma mão no braço da 

cadeira, enquanto esperava para ver se Orfeu respondia. O cara era o maior 

gênio da tecnologia — pessoa ou deus — que Nick já tinha conhecido. Ele 

engolia a tecnologia humana como uma criança em uma loja de doces e a 

transformava com a que fazia sua raça, que era a única razão pela qual Nick 

podia conversar com ele daquela maneira. Se existisse a possibilidade de que 

Orfeu achasse que sua conversa estava comprometida, não correria o risco de 

responder. 

Orfeu: porque pergunta? 

Niko: Curiosidade. 

Orfeu: Sabe o que os humanos dizem que aconteceu com o gato curioso? 

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Tiamat World 



Niko: Eu já estive morto uma vez. Lembra? Correrei o risco. 

Orfeu: Muito bem, sabichão. Mas eu não lhe disse nada. 

Niko: Nunca o faz. 

O tio de Orfeu era um dos doze membros do Conselho do rei. Na realidade, 

o Conselho desafiava o rei na maioria das vezes e não era nenhum segredo que 

desejava uma mudança no poder. Por isso, Orfeu sabia toda a verdade de tudo 

o que acontecia no reino de Argolean — o bom e o ruim. E era a única ligação 

de Nick com algo que ele tinha dado as costas anos atrás. 

O cursor piscou e depois começou a mover-se. 

Orfeu: O rei está morrendo. Alguns dizem que estará morto antes da próxima 

lua cheia. 

Niko: O Conselho deve estar muito contente. 

Orfeu: Não estão. De fato, estão furiosos como o inferno. O casamento de 

Isadora com o guardião Theron está programado para o fim de semana. Foi 

anunciado há poucos dias. 

Os dois rostos que tinha visto no clube finalmente se encaixaram. A loira não 

era qualquer Argolean comum. Era a gynaíka que se transformaria em rainha de 

sua raça. E o Argonauta colossal que tinha vindo procurá-la não era apenas um 

de seus guardiões, era seu líder. Os laços de sangue dos Argonautas eram mais 

fortes do que os de qualquer Argolean, todo o caminho de volta até os sete 

heróis originais. Seu poder era de longo alcance. 

Não era de admirar que o Conselho estivesse alvoroçado. Isadora era a 

única herdeira viva que o Rei Leônidas tinha gerado. E todo mundo sabia que ela 

era uma criatura fraca. Pequena, frágil e dócil. A gynaíka não era uma líder. Mas 

com Theron como seu companheiro, o Conselho não se atreveria a desafiá-la. E 

os herdeiros que ele e Isadora gerassem protegeriam a monarquia durante 

milênios. 

Não que Nick se importasse com o que acontecesse a qualquer um deles. 

Depois do que tinham feito a ele, pouco se importava se toda a raça Argolean 

explodisse a si mesma. 

Mas, por que a princesa estava em um clube de strip-tease humano de 

21

Tiamat World 



baixa qualidade? E, por que tinha se fixado em Casey? 

Nick refletia sobre essa pergunta quando voltou a escrever. 

Niko: Os Argonautas estavam presentes no anúncio? 

Orfeu: Sim. Os sete. Inclusive Demétrius. Não pareceu muito animado com a 

notícia. 

Nick apertou com força a mandíbula. Não, duvidava que Demétrius 

estivesse satisfeito ao ouvir que Theron obteria um controle maior ainda. 

Orfeu: Os rumores estão circulando, entretanto. Ninguém viu Theron após 

isso. Ou Isadora, para o caso. Alguns dizem que já fugiram para evitar a reação 

violenta por parte do Conselho. 

Nick sabia com certeza que eles não tinham fugido. O Argonauta tinha 

ficado irritado quando encontrou Isadora no clube, isso estava escrito em sua 

cara. Mas isso com certeza não explicavam por que a princesa estava no 

XScream. 

Niko: Obrigado pela informação. 

Orfeu: Está pensando em voltar? 

Niko: Para quê? 

Orfeu: Não sei. Passou tanto tempo desde que você se interessou por algo 

que acontecesse no reino. Sabe que meu tio Lucian influência no Conselho. Ele 

se encarregaria de sua situação. Com seu irmão… 

Nick não se incomodou de ler o final da frase de Orfeu. Seus dedos voaram 

sobre o teclado. 

Niko: Não é meu irmão. E não tenho vontade de voltar para Argolea, agora 

ou no futuro. Por minha segurança e a segurança de outros, eu gosto de me 

manter informado, isso é tudo. 

Orfeu: Presumo então que as coisas finalmente estão calmas. 

Niko: Tão calmas quanto podem ser. 

Não que Nick pensasse em confiar nada a Orfeu. Especialmente nada 

relacionado com onde estava e o que estava fazendo. Confiava em Orfeu o 

suficiente para acreditar que as notícias que ele lhe passava de Argolean eram 

precisas. Mas isso era de longe tudo o que lhe passava. Nick tinha aprendido há 

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Tiamat World 



muito tempo a não corresponder. Se os Argonautas, algum dia, soubessem onde 

estava e o que estava fazendo, o encurralaria e o matariam sem pensar duas 

vezes. 

E essa era uma razão a mais para que a presença do Argonauta Theron no 

Silver Hills esta noite fosse um motivo de preocupação ainda maior para Nick. 

Algo estava se formando sob a superfície. Algo do que nem mesmo Orfeu sabia. 

Nick se desconectou e fechou o laptop. E enquanto estava sentado na 

escuridão do tranquilo e vazio apartamento perto do XScream, lembrou-se de 

como Isadora estava olhando para Casey a maior parte da noite. Se a gynaíka 

estivesse caçando uma fêmea para satisfazer seu apetite, facilmente teria 

escolhido uma das outras. 

Não. Ela queria Casey. O que significava que a gynaíka sabia exatamente 

quem ela era. 

Levantou-se rapidamente de sua cadeira, pegou sua jaqueta e a colocou. 

Uma crescente sensação de inquietação o percorreu, uma necessidade de ver 

por si mesmo que Casey estava realmente sã e salva. 

Pegou as chaves e bateu a porta atrás dele. E nenhuma só vez pensou no 

fato de que eram perto das três da madrugada ou que Casey provavelmente 

estivesse profundamente adormecida em sua casinha do lago. 

CAPÍTULO 3 

Casey deixou o homem ferido jogado sobre seu ombro cair em cima de sua 

cama com um grunhido, não tendo muita certeza de como o levou do carro 

para sua casa sem desmoronar. 

Ele se mexeu sobre o colchão, girando de costas e gemendo forte e 

longamente por causa da dor. O sangue fresco dos inúmeros cortes passava 

através de sua camiseta preta rasgada, escorrendo por seus antebraços fortes 

em riachos. Sua calça jeans preta estava rasgada na coxa e o sangue 

23

Tiamat World 



continuava escorrendo pela perna da calça e sobre a bota. Seu rosto não estava 

muito melhor, inúmeros raspões e arranhões em quase toda parte dele. 

A náusea se agrupou no estômago de Casey enquanto dava uma boa 

olhada em seus ferimentos. Apertou o dorso da mão contra a boca para evitar 

vomitar o jantar. 

Ele precisava de um hospital. Precisava de uma transfusão de sangue e 

médicos que soubessem o que fazer para ajudá-lo. Precisava… 

— Meli, me ajude. 

Sua mão estendida, coberta com seu próprio sangue, chamou-a por gestos. 

Ela se adiantou, quase como se alguém a empurrasse, e timidamente 

colocou sua mão na dele. Seus olhos permaneceram fechados, mas seus dedos 

se fecharam em torno dos seus com uma força impressionante. 

Bem, isso não parecia ser bom. Algo estava errado. Tentou limpar a névoa 

de seu cérebro, que parecia estar pendurando como uma mortalha. 

— D… Diga-me o que fazer para ajudar você — sussurrou. 

— Lavanda. 

— O quê? — De maneira nenhuma tinha o ouvido dizer… 

— Fresca — sussurrou ele em um suspiro. — Lavanda. Cresce. Aqui. Não? 

— Hum, sim — disse enquanto sua mente dava voltas. 

Ele tentou mover seu corpo enorme para cima na cama. Soltando sua mão, 

ajudou-o a levantar as pernas. Ele gemeu quando ela tocou a extremidade 

ferida. 

— Desculpe — disse com um sobressalto, e então se lembrou o que ele tinha 

pedido. — Não entendo. Por que você precisa…? 

— Deve consegui-la para mim. Macere 12 a lavanda em água fervente — 

disse com os dentes cerrados, agarrando entre os punhos a colcha que um dia foi 

branca aos seus lados. — Ensope panos e traga-me. Apresse-se. 

Casey olhou seus ferimentos, momentaneamente paralisada pelo dano. Sua 

cabeça dava voltas. Nada parecia ter sentido. Nem quem era ou o que tinha 

12 

Macerar - 1. Amolecer (substância sólida) pela ação dum líquido, ou socando. 2. Machucar (algo) para extrair-lhe o 

suco. 

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Tiamat World 



acontecido ou como tinha conseguido trazê-lo para lá, para sua casa. E agora 

ele queria lavanda? Aquele pedido era mais absurdo do que qualquer outra 

coisa que ele houvesse… 

— Agora — ofegou ele com voz firme. — Tem que trazer a lavanda agora. 

Antes que seja muito tarde. 

Encontrou-se assentindo com a cabeça, mas não sabia por quê. E depois 

suas pernas se moveram e ela saiu correndo do quarto, encheu uma panela com 

água na cozinha e o colocou sobre o fogão para fervê-la antes de sair correndo 

de casa. 

Lavanda. Devo conseguir lavanda para ele, porque ele precisa dela. 

Lá fora, a lua aparecia sobre um alto pinheiro de Oregón, salpicando 

sombras sobre a superfície do lago enquanto ela se movia e sua mente lutava 

contra uma força invisível que parecia estar impelido-a. Em algum lugar distante 

uma coruja piou, um som quase fantasmagórico no meio da quietude. As poucas 

casas aninhadas ao redor do lago eram separadas por bosques e distantes, a 

mais próxima ficava ao menos a uns treze quilômetros e naquela noite se alegrou. 

Parou abruptamente perto de seu pequeno jardim e pegou um punhado de 

lavanda do canteiro de flores. Entrando novamente foi direito ao trabalho, 

esperou que a água da panela fervesse e jogou as ervas dentro para fazer a 

infusão. Enquanto a água fervia, correu para o armário de roupas de uso 

doméstico do banheiro e pegou tantos panos e toalhas de mão quanto pôde 

encontrar, depois os levou para a cozinha. Jogou os panos na panela, pegou a 

pilha de toalhas de mãos e se dirigiu ao seu quarto. 

No meio do caminho uma onda de náusea se apoderou dela, e ela parou 

no corredor, com uma mão na parede, para recuperar o fôlego. 

Tudo bem. Estou bem. É só por ter visto sangue. E o estranho vírus com o 

qual estou lutando. Nada mais. 

Engoliu uma, duas vezes, e esperou até que a vertigem passasse, e seguiu 

em frente. 

A visão que a saudou arrancou um ofego de sua boca e trouxe aquela 

confusão de volta para seu estômago. Seu paciente estava sentado na cama, 

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Tiamat World 



nu até a cintura, rasgando a calça na coxa ferida. Seu rosto estava enrugado, 

apertava e os lábios comprimidos pelo dor óbvia. Os cabelos negros caíam sobre 

seu rosto. À luz do corredor, os cortes, navalhadas e, — OH, Deus, marcas de 

garras? — pelo seu torso eram mil vezes pior do que tinha imaginado. 

Obrigou-se a entrar no quarto, embora quisesse fugir, e acendeu o abajur. 

— Eu… OH, Deus. 

Ele estava ensopado de suor. Um rugido que destroçou seu ouvido saiu dele 

quando rasgou a perna da calça até o cinto, caindo depois contra os 

travesseiros. 

Casey imediatamente rodeou a cama, deixou cair o maço de toalhas perto 

de seus pés e pegando a de cima pressionou o algodão macio contra o jorro de 

sangue para parar o fluxo. Engolindo em seco, continuou pressionando enquanto 

ele grunhia baixo em sua garganta e se contorcia debaixo dela. 

Aquilo era uma loucura. Ele precisava de um médico. Morreria se o 

ferimento não se fechasse e continuasse sangrando por todo o antigo edredom 

de renda branca de sua avó. De alguma forma, tinha que colocá-lo em seu carro 

e levá-lo para a cidade, onde poderia receber ajuda de verdade. Em primeiro 

lugar, por que diabos o trouxe para cá? 

Frenética, olhou para a porta, depois outra vez para sua perna. Não queria 

deixá-lo, mas precisava chegar ao telefone. 

— Precisa de sutura para fechar. 

Sua voz profunda trouxe de volta sua cabeça e olhou para seu rosto, para 

aquele homem enorme misterioso e perigoso que tinha andado pelo XScream 

naquela noite com a arrogância de um guerreiro, agora só a alguns centímetros 

da soleira da morte. 

— Eu… eu posso chamar alguém. Se você sustentar isso, irei… 

— Não! — Ele se recostou rapidamente, no entanto ela viu a descarga de 

dor em seu rosto contorcido quando o fez. Agarrou-a pelo pulso com força. 

Aquele calor se propagou por seu corpo novamente. — Agulha. E linha. Você 

tem isso, não é mesmo? 

A névoa voltou. Mais espessa. Mais densa. Rodeando seu corpo e 

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Tiamat World 



bloqueando sua visão periférica até que tudo o que viu foram seus olhos negros 

como a noite. Até que tudo o que ouviu foram suas palavras. Até que tudo o que 

sentiu foi seu dedo acariciando o ponto de sua pulsação, repetidas vezes. 

Pouco a pouco, assentiu com a cabeça, como tinha feito antes, como ele 

desejava que fizesse. 

Com a mão livre ele pressionou a toalha sobre a coxa ferida, e depois 

cerrou os dentes. 

— Vá buscá-los e volte. 

Ela hesitou. Olhou-o fixamente. E teve a estranha sensação que o tinha 

conhecido antes. Em algum lugar. Ou talvez não a ele. Mas definitivamente 

alguém como ele. 

Louca. Ele era um estranho. Alguém que obviamente havia entrado em sua 

cabeça naquela noite. Poderia ser um criminoso. Um mercenário. Um louco. Mas 

enquanto os pensamentos passavam por sua mente, rejeitou-os. Naquele 

momento, não era mais que um homem que precisava sua ajuda. 

Com o coração martelando, Casey se virou e saiu do quarto, e quando 

retornou com sua caixa de costura, viu que ele não estava segurando a perna 

tão unida agora. Sua respiração era difícil. O suor escorria por sua testa. Sua pele 

estava pálida, seus olhos nublados. Suspeitava que ele estivesse lutando com 

tudo o que tinha para evitar desmaiar. 

Suas mãos tremiam enquanto procurava na caixa de costura e encontrou 

uma agulha e se acalmou quando outro pensamento a golpeou. 

— Algodão. A linha é de algodão. Isso não é bom, não é mesmo? Quero 

dizer, os hospitais usam algo estéril. Preciso… 

— Algodão serve — cortou ele. — Será absorvido pela pele em questão de 

horas. 

Quis perguntar a ele como isso era possível, mas ele levantou os olhos de 

ônix nublados para os seus antes que pudesse emitir qualquer som e ela teve 

aquela entranha sensação na cabeça novamente, como se alguém estivesse 

controlando-a de fora para dentro. 

— Posso perder a consciência. Tentarei permanecer acordado, mas não 

27

Tiamat World 



tenho certeza se poderei… aguentar. Depois que suturar o ferimento, traga as 

toalhas de lavanda — fechou os olhos apertando-os e deixou escapar um suspiro. 

— Traga as toalhas, esprema-as e as estenda sobre meus ferimentos. 

— Mas, como…? 

— A lavanda tem propriedades curativas. Confie em mim. Vá em frente. 

Certo, meli? 

Seus olhos fixaram se nos dela. E algo aconteceu entre eles naquele 

momento. Uma conexão que não poderia explicar. Uma familiaridade que tocou 

em algum lugar profundo dentro dela. Enquanto seu coração se acelerava ao 

máximo, tudo o que Casey pôde fazer foi assentir. 

Ele respondeu assentindo com a cabeça, depois levantou a mão de sua 

perna ferida e caiu sobre o colchão com um gemido. 

O estômago de Casey começou a enlouquecer como um peixe fora da 

água enquanto começava a tarefa. Depois de limpar a agulha, tentou não 

pensar no que estava fazendo ou na forma que o sangue escorria por suas mãos 

enquanto trabalhava. Deu pontos metodicamente e recordou as palavras de sua 

professora de trabalhos da escola secundária: Pontos pequenos, parecidos, 

Casey. Não se apresse. 

OH, Senhor, se a Sra. Stevens pudesse vê-la agora. 

Tentou manter a concentração para evitar que suas mãos tremessem. Em 

algum momento percebeu que o homem em sua cama tinha deixado de gemer 

e que seus músculos relaxaram. Levantou os olhos só para descobrir que ele tinha 

desmaiado em algum momento depois que ela tinha começado, embora não 

soubesse quando. O medo de ter matado ele quase a paralisou. Rapidamente 

estendeu a mão com os dedos ensanguentados e sentiu seu pulso. Fraco, mas 

constante. Deu um suspiro de alívio, depois, obrigou-se a concentrar-se e 

continuar costurando. Só quando o ferimento estava completamente fechado e 

estava cortando a ponta da linha foi que percebeu que o fluxo de sangue havia 

diminuído muito. 

Ao menos isso era uma coisa boa. 

Tinha usado todas as toalhas que havia trazido para limpar o sangue 

28

Tiamat World 



enquanto trabalhava, e havia outros cortes nos braços e torso que necessitavam 

de cuidados. Uma rápida olhada para baixo e percebeu que sua camiseta 

estava arruinada, ensopada vividamente por parte de seu sangue. Não vendo 

razão para salvá-la, levantou o algodão sobre sua cabeça e a pressionou contra 

um ferimento feio abaixo das costelas. Ele gemeu, tentou mover-se um pouco, e 

foi aí que a respiração que Casey, sem perceber, estava segurando saiu em uma 

rajada. 

Definitivamente ele não estava morto. Estava dormindo. 

Provavelmente foi melhor. Não sabia como tinha podido suportar aquela 

dor sem anestesia. Ela já teria morrido. 

Ela relutou em suturar qualquer outro ferimento, embora achasse que 

poderia precisar. Ele só estava preocupado com uma, e era um homem que 

teve, obviamente, um número considerável de brigas antes. Ela percebeu então, 

ao olhar seu peito nu e o abdômen tonificado, o grande número de cicatrizes em 

sua pele. 

E as estranhas tatuagens em seus antebraços que chegavam até os dedos. 

Os quais tinham quase certeza que tinha visto antes. 

Quem era aquele cara? E o que tinha acontecido realmente com ele 

àquela noite? 

— Meli — disse com voz solene, virando a cabeça para ela. 

Usou a camiseta arruinada de sua mão para limpar o sangue de seu rosto 

tão suavemente quanto pôde enquanto se inclinava sobre ele. E de repente, 

uma onda de ternura que não pôde conter a percorreu ao olhar para aquele 

homem grande, forte e corpulento, que estava tão vulnerável diante dela agora. 

A emoção era completamente inoportuna. Não o conhecia. Não tinha 

nenhuma ligação com ele. E, no entanto, não pôde virar as costas para ele, 

embora tivesse tentado. 

Talvez fosse porque viu sua avó morrer poucos meses antes. Então, tinha sido 

incapaz de ajudar. Agora não era. Enquanto estudava as feições cinzeladas, 

passou a ponta dos dedos sobre as sobrancelhas sedosas, sentindo aquela 

sensação de familiaridade mais uma vez. 

29

Tiamat World 



Embora, pudesse ser outra coisa. 

— Shh — disse ela suavemente, descartando o estranho pensamento. — Já 

passou. 

Ele levantou uma mão, como em câmara lenta, e passou os dedos sobre a 

pele nua de seu braço. Um arrepio percorreu sua coluna, e a eletricidade 

percorreu sua pele. 

— Toalhas — disse ele com voz fraca. — Lavanda. 

— Eu as trarei — sussurrou. — Fique aquieto e respire. 

Sua mão caiu sobre o colchão quando ela se virou e saiu do quarto. Na 

cozinha, usou pinças para levantar os panos embebidos na água fumegante, 

transferindo-os para uma peneira e espremeu tanta umidade quanto pôde. 

Enquanto esfriavam na pia, colocou o chá em uma xícara e vasculhou os 

armários até encontrar uma caixa de canudos articuladas que comprou para sua 

avó, quando ela estava muito fraca para levantar um copo. Colocou tudo o que 

precisava em uma bandeja e a levou para o quarto. 

Colocou um pano úmido sobre cada um de seus ferimentos. Ele se 

surpreendeu quando as toalhas tocaram sua pele macia, e depois deu um 

suspiro que só poderia ser descrito como de alívio quando cada uma de seus 

ferimentos foi coberto. Espantoso. Sempre gostou do cheiro de lavanda, mas não 

sabia que podia ser tão calmante? 

Levantou a cabeça dele com uma mão e lhe deu um gole de chá, depois 

colocou a xícara sobre a mesinha enquanto a relaxante fragrância inundava o 

quarto. Percorrendo seu corpo com os olhos, percebeu que a calça ensopada 

de sangue precisava ser tirada, então se dispôs a cortar suas pernas tão 

cuidadosamente quanto pôde. 

Não foi fácil. E depois de dez minutos com a tesoura sem fazer nenhum 

progresso, foi para a garagem e retornou com um alicate. O tecido — não era 

igual a nada que tivesse visto antes — uma espécie de mistura entre couro, vinil 

super forte e… Kevlar. Mas isso não fazia sentido, não é mesmo? Ela o olhou mais 

de perto enquanto o tirava do corpo dele. Era grosso. Tão forte quanto o aço. E 

ele o tinha rasgado com as mãos? Em um exame mais detalhado descobriu que 

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Tiamat World 



dentro havia bolsos incomuns para as ferramentas — armas? — nos estranhos 

bolsos que ela nunca tinha visto em nenhuma calça antes. 

Bom, aquilo era estranho. 

Estava prestes a abrir o primeiro dos muitos bolsos para ver o que havia 

dentro quando olhou para seu paciente e percebeu… que ele não usava roupa 

íntima. 

Um rubor aqueceu sua pele quando seus olhos tiveram uma visão dele ali, 

deitado nu diante dela na cama. Mesmo muito machucado, ensanguentado e 

arroxeado, era impressionante. Músculos fortes em seus ombros, braços e 

peitorais, abdominais rígidos e quadris estreito, e mais abaixo… 

Seu rosto ficou em brasas e sentiu seu calor por toda parte. 

OH, sim. Não vá lá. 

Ela se virou, chamando a si mesma de dez tipos de idiota enquanto 

colocava suas coisas em uma cadeira próxima e foi até o armário, onde pegou 

um cobertor da prateleira de cima. O edredom embaixo dele estava ensopado 

com sangue, mas não quis movê-lo ainda. Com suavidade, e sem olhar para seus 

quadris outra vez, colocou o cobertor de sua avó sobre seu corpo maltratado e o 

desdobrou até o pescoço para protegê-lo do frio. Depois passou o dorso da mão 

em sua testa, para verificar a temperatura. 

Mantenha-se profissional. Esta sendo apenas uma Boa Samaritana. Mas, OH, 

diabos. Tinha um enorme desejo de ser justamente o contrário. 

Ele gemeu inclinando a cabeça com os olhos ainda fechados. Cílios, 

absurdamente espessos e escuros pelos quais qualquer mulher morreria, oscilaram 

sobre a pele suave abaixo de seus olhos. Não estava quente, então acreditou 

que aquele era um bom sinal. 

— Apenas respire — sussurrou. — E agora durma — estendeu a mão para 

apagar o abajur da mesinha e se forçou a afastar-se. — Devo vir vê-lo daqui a 

pouco. 

— Obrigado, meli — sussurrou ele enquanto ela saía do quarto. 

Hesitou na porta, surpresa pelo fato dele ter usado a mesma expressão 

carinhosa que sua avó sempre usou. Seu sotaque era definitivamente europeu, 

31

Tiamat World 



mas nenhum que tivesse ouvido antes. Do Leste da Europa talvez? Mas mesmo 

isso não encaixava. Sua avó tinha nascido nos subúrbios de Atenas, e depois 

emigrou para os Estados Unidos quando era apenas uma criança. E embora as 

raízes de Casey fossem gregas por parte de sua mãe, sabia com certeza que o 

carinhoso meli não era. 

Estranho, pensou, mas não era o mais importante. No grande esquema das 

coisas, do que aquele homem a chamasse era corriqueiro na melhor das 

hipóteses. Certificar-se de que ele não morresse aos seus cuidados era a única 

coisa que importava no momento. 

CAPÍTULO 4 

— Tem certeza disso? 

Atalanta apareceu atravessando o rio Styx nas entranhas do Inframundo e 

cerrou os dentes ante o que acabou de saber. 

— Sim, minha rainha — disse seu daemon supremo. — Não há engano. Sua 

essência era forte. 

Ela se virou para olhar para Deimus, a criatura que considerava seu daemon 

número um, e entrecerrou os olhos. Sua túnica vermelho-sangue caia sobre seu 

ombro nu, com as pregas reunidas no chão enegrecido que pisava. 

— Ele foi sábio protegendo-a de nós. 

— Sim, minha rainha. Sábio, mas não perspicaz. Pensar que não a 

encontraríamos foi um descuido da parte do rei. 

— Hum — foi tudo o que ela disse. — E sobre a princesa? 

Um grunhido baixo retumbou do peito de Deimus. 

— O Argonauta Theron a enviou de volta a Argolea antes que pudéssemos 

capturá-la. 

— Estou vendo. 

Claro que ela sabia que enviar, Theron, a princesa de volta para sua casa, 

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Tiamat World 



drenou os poderes do Argonauta. Assim como sabia que ele ainda estava vivo, 

devido à inépcia de seus daemons. Levantou uma sobrancelha desafiante. 

— E ele está morto? 

— Não, minha rainha. A mulher humana intercedeu. Ela… Quando a 

reconhecemos, viemos comunicar isso a você imediatamente para sua 

orientação. 

— Estou vendo — disse de novo, perfeitamente calma. Enlaçou as mãos 

atrás de suas costas e olhou fixamente para o Deimus, três degraus abaixo no 

chão enegrecido. Era alto, mesmo sendo um dos heróis originais, como ela 

também era. E ele não tinha nem um décimo dos poderes que ela tinha. — 

Informe-me sobre a princesa. 

Ele deixou escapar o que pareceu um suspiro de alívio. 

— É frágil, minha rainha. Para ela, é uma questão de tempo. Aquela outra, 

no entanto… — hesitou. — Poderia fortalecer sua causa se não a refrear. 

— E, no entanto, você disse que não é mais que uma humana. 

Deimus assentiu com a cabeça. 

— Humana e fraca, minha rainha. Como todos os humanos. 

Deimus não conhecia a profecia, mas Atalanta sim. O temperamento que 

cuidadosamente manteve esmagado rugiu profundamente em sua alma. 

— Então me explique por que ela ainda está viva! 

Ele inclinou a cabeça submissamente. A hesitação confirmou o que ela 

suspeitava. 

Fraco. 

O desgosto a atravessou. Descarregou sua fúria completamente sobre ele. 

— Não sangro pelo que criei? Acaso não me sacrifiquei pelo que construí? 

— levantou os braços e olhou para o céu girando, agora de cor vermelha e 

refletindo a raiva que saia de seu corpo. — Não renunciei a tudo o que estava ao 

meu alcance pela imortalidade, para guiar você e seu bando de canalhas? 

Em dois simples passos foi para o terreno plano. A cabeça dele se levantou 

ante seu movimento rápido. Ela observou seus olhos surpresos enquanto 

habilmente tirava a espada do quadril de seu guarda e, sem afastar os olhos, 

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Tiamat World 



jogou o braço lateralmente. A lâmina cortou a jugular do daemon à esquerda de 

Deimus, fazendo-o cair de joelhos em um ofegante jorro de sangue. 

Ele não fez nada para ajudar seu irmão na batalha. Os olhos horrorizados de 

Deimus rapidamente se desviaram do daemon, que momentos antes estiveram 

com ele no estacionamento humano, e voltaram para Atalanta. Ele baixou ainda 

mais a cabeça. 

— Sim, minha rainha. 

A repugnância de Atalanta crescia à medida que empurrava a espada 

ensanguentada no chão e chutava as costas do daemon retorcido. Inútil. Todos 

eles. Tinha sempre que estar cercada de imbecis? 

— Uma mulher humana não será a ruína do que estou a ponto de dominar! 

— Gritou. —. Não passei os últimos três mil anos nas entranhas do inferno para 

falhar agora. Argolea é minha. Ocuparei o lugar que me pertence no trono e 

governarei o que devia ter sido meu há muitas eras. Nem o rei de bom coração, 

nem a princesa infeliz, nem o mais poderoso dos Argonautas poderão impedir 

que eu alcance o que é meu. E saborearei o dia que eles forem banidos de meu 

reino para sempre. Ela é apenas uma humana, como tão expressou e salientou, 

Deimus. Encontre-a. Mate-a. E me traga sua cabeça. 

Olhos verdes e felinos se elevaram para os dela. E ardendo dentro deles 

havia realmente medo . 

— Mas ela é… 

— Atreve-se a questionar minha autoridade? — Gritou. — Eu sou a deusa. 

Você não é mais que um servo em meu reino. Meu domínio sobre os daemons 

abrange tudo e as escolhas que faço no que se refere a esta regra são só minhas. 

Nenhum deus, incluindo Zeus, pode falar contra minha autoridade. Não se 

engane, Deimus, se não puder fazer o trabalho que ordenei, eu mesma o 

entregarei a Hades. Acha que isto é ruim? — Apontou para daemon caído aos 

seus pés e lentamente balançou a cabeça. — Seu tempo em meu reino 

parecerá o céu em comparação com o que o espera. 

Deimus baixou a cabeça mais uma vez, e embora a linha tensa de seus 

ombros se mantivesse desafiante, seu consentimento foi evidente. 

34

Tiamat World 



— Sim, minha rainha. 

Esperou até que Deimus e seus guerreiros idiotas e incompetentes 

arrastassem o daemon mutilado para fora de seu templo de pedra, depois voltou 

sua atenção para o Rio Estigia. Inspirou para se acalmar enquanto subia os 

degraus novamente e olhava para a água. 

OH, como odiava a todos. Todos e cada um dos Argolean. Especialmente 

os Argonautas. Tinha havido um tempo… 

Passou a mão pelos lábios e recordou. Sim, houve um tempo em que ela só 

queria se unir a eles. Mas aquele tempo tinha acabado. Seu domínio estava 

chegando ao fim. Os Argonautas eram meros mortais com vidas mais longas que 

a média. Podiam ser assassinados. Seriam assassinados. Ela viveria até o dia que 

os Argonautas — até o último deles — fossem eliminado da face da Terra e os 

Argoleans que eles protegiam fossem seus para tomá-los. 

Contava com o Inframundo. Sua hora tinha chegado. 

Tomou outra respiração profunda e calmante. A profecia nunca se 

cumpriria. Tinha a impedido antes. Faria isso de novo custasse o que custasse. 

Um sorriso surgiu em seu rosto enquanto o discernimento a relaxava. E o 

gelo, tão frio e invernal quanto os ventos que sopravam no Ártico no mundo 

humano, solidificou-se no espaço que uma vez tinha ocupado seu coração. 

Casey estava a meio caminho da sala de estar, onde pensava em deitar-se 

no sofá e obter ao menos trinta minutos de sono antes de ir verificar outra vez o 

homem misterioso em sua cama, quando ouviu que batiam na porta principal. 

Congelou, olhou para o relógio na parede — 3:14 — atrás da porta. E por 

um momento teve um vislumbre paralisador de animais selvagens enfurecidos nos 

fundos do XScream. 

Aquilo estava fora de qualquer imaginação, porque aquelas coisas 

simplesmente não existiam. 

A batida deixou seu coração batendo a mais de mil. Sua injeção de 

adrenalina nas nuvens. 

OH, Deus! E se fossem…? 

35

Tiamat World 



— Casey? — Uma voz abafada chamou vinda de detrás da porta. — Sei 

que está aí. A luz ainda está acesa. 

Nick. 

O pânico foi do desconcerto à apreensão. O que Nick Blades estava 

fazendo em sua casa às três da manhã? 

— Nick? 

Ela deu dois passos para a porta. 

— Abra a porta, Casey — disse com uma voz mais forte. 

Sua mão pairava sobre a maçaneta da porta quando olhou para baixo, 

para seus pés, e de repente percebeu que não usava nada mais que os Keds 

arruinados, jeans machados de sangue e seu sutiã. 

— Um. Espere um momento. Tenho que… não estou decente. Só… espere. 

Saiu correndo para o banheiro e pegou seu roupão branco e felpudo, só 

para perceber que suas mãos estavam cobertas de sangue seco. Merda. Não 

tinha tempo para lavar-se. A advertência anterior de Nick passou rapidamente 

por sua mente, e teve certeza que não podia deixar que ele soubesse nada 

sobre o homem ferido em sua cama. 

Puxou o roupão por cima de seu sutiã e o apertou com força, enrolando a 

gola para cima para assim esconder o sangue que pudesse ter salpicado em seu 

peito. Depois desenrolou as mangas o quanto foi possível até que caiam sobre a 

ponta de seus dedos. Acreditando que agora suas mãos estavam escondidas, 

olhou-se no espelho do banheiro e engoliu um grito de espanto pelo que viu. 

Seus cabelos se mantinham em um ângulo estranho e círculos escuros se 

formaram sob seus olhos, então decidiu, foda-se. Seja lá o que fosse que Nick 

quisesse, que o dissesse rápido para continuar seu caminho. 

Respirou fundo esperando que isso acalmasse seus nervos, dirigiu-se à porta 

principal e no último segundo se lembrou dos sapatos. 

— Maldição — murmurou em voz baixa enquanto com as pontas dos pés 

tirava os Keds ensanguentados e os chutava para trás da porta. 

Depois empurrou a porta pesada abrindo uma fresta e olhou com atenção 

através da escuridão para onde Nick estava em sua varanda. 

36

Tiamat World 



E daquela vez ficou sem fôlego. Envolto pela mais absoluta escuridão, seu 

rosto cheio de cicatrizes ressaltado apenas pela luz proveniente da cozinha atrás 

dela, era enorme. Como um caminhão Mack batendo na porta. Elevava-se 

imponente sobre ela, uma espécie de motoqueiro misterioso, perigoso e com 

atitude, como Dana o descreveu, com os olhos entrecerrados estudando-a como 

se esperasse que ela fizesse algo completamente imprevisível, como atacá-lo. 

Aquela noite a três meses surgiu em sua mente sem prévio aviso. E como 

fazia todas as vezes que a lembrança a golpeava, seu estômago se revirou 

novamente. Tinha deixado o clube às duas da madrugada para dirigir-se a sua 

casa. Na metade do caminho para seu carro, os dois caras bêbados que tinham 

tentado várias vezes colocar a mãos nela lá dentro, saíram atrás dela e não muito 

educadamente ofereceram carona para casa. Ela disse que não, mas eles 

tinham outros planos. Três minutos depois ela estava de costas no chão sujo do 

terreno vazio ao lado, a não mais de uma centena de metros do clube onde 

servia bebidas noite após noite. Soube que eles iam estuprá-la, talvez matá-la, 

soube também que não poderia fazer nada para impedir isso. 

E então, como saído de um sonho — ou de um pesadelo — Nick se 

materializou atrás deles. Uma imponente e intimidante ameaça do alto. Mesmo 

agora podia ouvir os gritos. Sentir o cheiro do sangue. Relembrava dos sons 

horríveis que algumas vezes a despertavam à noite. Havia tapado os ouvidos e 

rolado pela sujeira para fugir do horror. Quando, por sorte, desmaiou. 

Acordou no hospital na manhã seguinte. Dana estava lá, segurando sua 

mão. Sua amiga lhe disse que uma das dançarinas a encontrou no 

estacionamento alguns minutos depois de ter deixado o clube, que tinha 

escorregado em uma mancha de óleo no pavimento e bateu com a cabeça. 

Mas Casey sabia que isso não era verdade. Ainda não tinha certeza do que 

exatamente tinha acontecido com os dois perdedores, mas nunca voltou a vê-los 

de novo. Nick, por outro lado, não tinha perdido uma noite no clube depois disso. 

Este é Nick, lembrou a si mesma. Uma vez ele a salvou. Não está aqui para 

assassinar você em seu sonho. 

— Hum, olá, Nick — disse no que soube ser uma voz insegura. — É um pouco 

37

Tiamat World 



tarde. O que posso fazer por você? 

São três da manhã, advertiu sua mente. Que diabos acha que ele quer que 

você faça por ele? 

Chega! 

— Tudo bem? — Perguntou ele, inclinando a cabeça para um lado, quase 

como se tivesse ouvido-a discutindo com ela própria. 

Assentiu com a cabeça muito rapidamente. Mantinha uma mão segurando 

as lapelas de seu roupão unidas, a outra firmemente na porta. 

— Sim. Estava prestes a ir para a cama. Aconteceu… algo errado? 

Seus olhos se estreitaram até se tornarem finas fatias. Ele olhou para fora de 

sua casa. Olhou sobre sua cabeça através da pequena abertura na porta para 

dentro de sua sala de estar. 

Casey ficou tensa. 

— Nick? 

Seus olhos voltaram correndo para ela. Ele a olhou da cabeça aos pés. Não 

uma varredura sexual, como tinha visto alguns homens fazerem no clube, era 

mais um exame. Como se satisfizesse uma curiosidade. 

— Cozinhando algo? — Ele perguntou de repente. 

— OH. Um — podia sentir o cheiro de lavanda? Respirou fundo sem 

perceber. — Só chá. Sempre tomo antes de ir para a cama — mentiu. — Isto… 

uh, precisa de algo? 

Ele posou os olhos novamente sobre ela, embora ela não pudesse ler sua 

expressão pétrea. Não tinha nem ideia do que ele estava pensando. 

— Houve um tumulto no clube depois que você saiu — disse ele finalmente. 

—. Os estudantes universitários em quem você derramou cerveja. Perguntaram 

por você, onde vivia e coisas pessoais. Aquela dançarina, com quem você não 

se dá bem… 

— Paula? 

— Sim. Paula. Falou com eles. Pensei que tivesse dado a eles seu endereço. 

Então decidi vir até aqui a caminho de casa e verificar como estava, só para ter 

certeza. 

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Tiamat World 



— OH — a confusão causada sua aparição repentina se transformou em 

gratidão, embora algo no fundo de sua mente gritasse: Não acha que é estranho 

ele se sentir tão protetor com você? — Obrigado — disse afastando aquele 

pensamento. — Estou bem — tentou dá um sorriso que esperava que alcançasse 

os olhos e não mostrasse nada do que tinha lidado esta noite. —Apenas 

cansada. Sã e salva. Portanto não há razão para se preocupar comigo. 

Ele não parecia convencido. Seu olhar a percorreu de novo, mas assentiu 

com a cabeça, como se soubesse que não devia insistir no assunto. 

— Tudo bem — disse, afastando-se de sua varanda e descendo os dois 

degraus até que ficar no chão, mas ainda mais alto que ela. — Deixarei que 

você volte para a cama. Durma bem, Casey. 

Ele estava a meio caminho da frente da casa antes que o senso comum 

finalmente a chutasse. 

— Nick? 

Ele se virou lentamente. 

— Sim? 

— Como você me encontrou? 

— Dana. 

Seu cenho se franziu. 

— OH. Mas… 

— Boa noite, Casey. 

Sua boca se fechou rapidamente. No momento em que ela pensou em lhe 

perguntar como tinha obtido a informação de Dana, ele já estava sobre sua 

Harley, acelerando ao máximo o motor. Segundos mais tarde se foi, e tudo o que 

restou foi o som de sua moto se lamentando entre as árvores ao longe. 

Casey fechou a porta com um estalo, colocou a trava no ferrolho 13 e girou a 

fechadura. Ainda se recuperando da estranha visita de Nick, cruzou toda a casa 

até o banheiro do corredor. 

Sua mente era um turbilhão de atividade enquanto lentamente tirava a 

roupa de seu corpo, para entrar no chuveiro e ligar a água quente. Quinze 

13 

Pega ladrão 

39

Tiamat World 



minutos mais tarde, tendo limpado o sangue do homem misterioso de sua pele e 

seus nervos um pouco mais estáveis, enrolou-se com uma toalha e foi procurar 

roupa limpa. 

Seu paciente continuava profundamente adormecido em sua cama, na 

mesma posição que ela o havia deixado deitado de costas, com a cabeça 

inclinada ligeiramente para um lado e seus cabelos escuros espalhados sobre seu 

travesseiro. Por que não o levou para o hospital antes? Timidamente, caminhou 

até a beira da cama e tocou sua testa de novo. Constatando que ainda estava 

fresca, levantou a toalha que cobria sua perna ferida e inspirou bruscamente. 

Já estava curando. Uma crosta se formou sobre o ferimento como se já 

tivesse curado por dois dias. Incapaz de acreditar no que estava vendo, levantou 

outra toalha do peito para ver que a navalhada sobre suas costelas estava 

cicatrizando da mesma maneira. Outra em seu braço. Uma no peito. E olhando 

de perto seu rosto, percebeu que o inchaço perto do olho tinha diminuído e que 

os arranhões não eram tão frescos como haviam sido há apenas uma hora. 

— Quem é você? — Sussurrou. 

Ele não respondeu. Sabia que não o faria. Fosse quem fosse, no entanto, era 

um milagre médico. 

De repente, mais exausta do que estava antes e muito cansada para 

encontrar respostas para suas próprias perguntas, Casey recolocou as toalhas e o 

cobertor e dirigiu se ao sofá. Deixou a porta do quarto aberta para poder ouvir, 

se ele precisasse dela durante a noite, embora algo em seu instinto lhe dissesse 

que ele não o faria. 

Suspirou enquanto estava deitada sobre as almofadas gastas, puxou a 

manta sobre ela e olhou para o teto. Mil perguntas corriam por sua mente 

enquanto seus olhos se fechavam e o sono se apoderava dela, mas a única coisa 

em que pôde concentrar sua atenção foram suas palavras. 

Obrigado, meli. 

Aquela voz rouca se infiltrou em seus pensamentos, girando e girando em 

espiral, até que foi tudo o que podia ouvir. E então não escutou mais nada. 

Estava sonhando. Com plantações de algodão, canhões e soldados com 

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Tiamat World 



casacos cinza, atacando. Armas disparando através de um vale. O choque de 

armas contra armas. Penetrantes lamentos de agonia e gritos surpresos de vitória. 

E à margem, o homem de sua cama vestido todo de preto, de pé nas 

sombras das árvores, observando a batalha com olhos aguçados. Junto dele, 

outro homem, este mais velho, com uma estrutura facial semelhante e o mesmo 

corpo forte de ombros largos e amplos. 

— Tudo isto será seu — disse o homem mais velho com um movimento de 

suas mãos. — Tudo isso. Seu para proteger. Seu direito de nascimento. Não me 

decepcione. 

Antes que Casey pudesse ouvir a resposta de seu deus grego, o mundo 

escureceu. 

Theron estava dentro do lugar mais quente, mais apertado e mais 

escorregadio de Argolea. E estava desfrutando de cada momento. 

Levantou os quadris. Curvando-se para chegar mais alto dentro da gynaíka 

montada escarranchada em seu colo e respirando pesadamente contra seu 

pescoço. Ela se apertou em torno de seu comprimento até que teve certeza que 

explodiria. Com um gemido, ela se moveu para aliviar a pressão. Ele gemeu de 

frustração, elevando-se dentro de sua umidade ardente enquanto ela 

começava a montá-lo e, em contrapartida, o clímax que estava procurando 

voltou a gritar, tensionado suas bolas a níveis quase dolorosos. 

Onde seu clímax falhou. Zombando dele. Ridicularizando-o. Fora de seu 

alcance. 

Com uma maldição ele a virou de costas. Empurrando profundamente, 

enquanto o suor escorria por sua têmpora e descia por seu rosto. Suas unhas 

marcaram a base de sua coluna enquanto ele bombeava duramente repetidas 

vezes. Ela bateu sua cabeça escura contra o travesseiro e gritou sua liberação. 

Mas ele não conseguiu chegar com ela. Não importava o que fizesse, não 

conseguia gozar. Frustrado, continuou dando golpes após golpes nela. 

Procurando. Desejando. Mas nada funcionou. 

A ponto de gritar pela agonia, ele caiu sobre as costas novamente. O som 

41

Tiamat World 



de uma porta batendo em algum lugar distante fez seus olhos se abrirem 

imediatamente. 

Sua respiração ofegante era o único som no quarto escuro. O ruído de 

passos ecoou em algum lugar próximo. Lentamente, empurrou-se com os 

cotovelos e percebeu que estava na cama. Nu. Sozinho. 

Skata, tinha sonhado. Sonhado transando com uma gynaíka sexy e sem 

rosto. E a julgar pelo estado da coisa entre as pernas, não esteve só sonhando, 

esteve se masturbando em vão no colchão. 

Estranhas lembranças surgiram em sua mente confusa enquanto ele 

relaxava voltado a deitar. Uma beleza de cabelos escuros salvando-o de um 

grupo de daemons. A mesma gynaíka misteriosa cuidando de seus ferimentos. 

Uma voz suave. Olhos amáveis e violetas. Ela, inclinada sobre ele, vestindo 

apenas um sutiã de renda branca que naquele momento não parecia 

importante, mas que agora tinha o efeito de endurecer seu pênis até se tornar 

uma barra de aço. 

Quem era a gynaíka que o deixou em tal arrebatamento sexual que ele não 

conseguia se lembrar da experiência? Definitivamente não era sua futura esposa. 

Isadora, certamente, não o excitava. Estava fraco, soube que esteve em algum 

tipo de briga e que o sexo deveria ser a última coisa em sua mente, mas não era 

assim. Agora mesmo, tudo em que podia pensar era em seu sonho com a 

gynaíka e onde infernos ela estava quando mais precisava dela. 

Tirou o cobertor quente chutando com a perna sã, fechou os olhos e viu seu 

corpo. Cintura fina. Seios pequenos, firmes e arredondados que se encaixavam 

perfeitamente em suas mãos. Lábios deliciosos nos quais um ándras 14 poderia 

afundar-se. 

Uma ardência se dirigiu ao seu estômago quando imaginou aqueles belos 

lábios ao redor da ponta de sua ereção. A tortuosa visão erótica arrancou um 

gemido de seu peito. Ele jogou o braço sobre os olhos e quase gozou ali mesmo 

sem nenhum tipo de estimulação física. 

Toc, toc, toc. 

14 

Ándras, pl. Ándres: Homem argolean 

42

Tiamat World 



Seus olhos se abriram de repente quando percebeu que não estava sozinho, 

afinal. 

— Eu ouvi movimento ai dentro — disse uma sensual voz feminina do outro 

lado da porta. — Posso entrar? 

Santa skata. Por Hades, o que foi isso? 

Ele rastejou pela colcha e a deslizou sobre seu corpo muito excitado. E 

quando a bruma sexual desapareceu de sua mente e sua visão noturna se 

aguçou, percebeu que aquela não era sua cama. 

Não, nem sua cama, nem sua casa e aquela, definitivamente, não era uma 

voz que ele reconhecia. 

— Você está bem aí dentro? — Aquela voz agora se mantinha a beira do 

pânico. 

A maçaneta da porta se sacudiu e girou. 

Os nervos de Theron o alertaram internamente enquanto ele se empurrava 

contra a cabeceira. Cerrou os dentes pela pontada de dor em sua perna e olhou 

ao seu redor. Não podia ver sua roupa. Ou suas armas. 

Dupla skata. 

Prendeu a respiração quando a porta se abriu. Depois soltou um gemido 

abafado quando uma bela mulher alta, de cabelos escuros com olhos como um 

amanhecer violeta entrou no quarto. 

Vestia jeans desbotados e um pulôver branco com decote em V. Os 

cabelos escuros ondulados caíam sobre os ombros. Tinha o nariz reto, o queixo 

ligeiramente pontudo e maçãs do rosto bem definidas, quando a pouca luz que 

entrava pelas janelas as apanharam. Mas não foi nada disso que o fez engolir o 

ressurgimento de uma explosão de luxúria. 

Não, tinha a visão daqueles lábios rosados carnudos e deliciosos 

emoldurando uma boca sensual, curvada em um sorriso nervoso. Um sorriso que 

reconheceu. Bastou olhá-la e sentiu seu pênis pedir a gritos a liberação outra vez. 

A gynaíka de seu sonho. 

Tudo voltou rapidamente. Foi ela quem o resgatou no estacionamento atrás 

daquele clube. A mesma que o trouxe para sua casa, cuidou de seus ferimentos, 

43

Tiamat World 



colocou-o em sua cama e sussurrou palavras tranquilizadoras ao ouvido. 

Só respire. 

Sua pele se tornou ardente pela lembrança de sua voz sexy. Foi com ela 

que tinha fantasiado apenas alguns minutos antes. A mesma em quem queria 

enfiar-se dentro desesperadamente neste momento. 

Só que não era Argolean. Não, aquela beleza era uma humana muito bela. 

Humana. 

A simples palavra girando em seu cérebro atenuou sua excitação e 

provocou um zumbido em seu peito que colocou em guarda. 

Ela deu um passo até a beira da cama e parou. Foi então que ele percebeu 

a bolsa de plástico em sua mão. Sua coluna se retesou. 

— Você parece melhor. Sua cor voltou. Está com fome? 

Seus olhos se entrecerraram sobre o rosto dela. Seu rosto lhe era familiar. Ele 

a tinha visto em algum lugar antes. Simplesmente não conseguia saber onde. 

Como se ela pudesse ler sua mente, baixou os olhos para suas pernas, 

cobertas pelo cobertor. Ele levantou os joelhos para formar uma tenda 

escondendo o que ainda estava ocorrendo sob os lençóis e cruzou os braços 

sobre seu peito nu. Ela olhou para cima e tentou sorrir, embora ele pudesse dizer 

que foi forçado. 

— Meu nome é Casey, é claro. Não fomos corretamente apresentados. 

Oficialmente. Ontem à noite. 

Ele assentiu com a cabeça, só porque sabia o que se esperava dele, e se 

manteve vigiando-a como um falcão. 

— Theron. 

— Theron — disse ela como se degustasse a extensão de seu nome. — 

Como se sente hoje? Você dormiu o dia todo. Nem sequer se mexeu quando o 

virei para trocar a roupa da cama. 

Esteve dormindo? Durante o dia todo? Deu uma olhada para as janelas e 

além da escuridão. Suas lesões deviam ter sido piores do que ele se lembrava. 

— Estou bem — disse ele. — Um pouco rígido. 

Meeerda. Grande escolha de palavras. Estava mais que rígido em lugares 

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Tiamat World 



que tinha certeza que ela não queria conhecer. 

Fez-se silêncio entre eles. Ele sabia que sua falta de conversa a incomodava, 

mas ainda não estava totalmente certo de seus motivos, e saber que a gynaíka 

com quem esteve fantasiando era uma humana ainda o estava aborrecendo 

mais do que gostaria. 

Ela deu uma olhada pelo quarto como se não soubesse para onde olhar e 

se envergonhasse de olhá-lo nos olhos. Enquanto fazia isso, ele se lembrou da 

forma que havia acariciado seus cabelos suavemente depois de suturar seu 

ferimento. A forma que tinha limpado o sangue de seu rosto e se inclinado sobre 

ele com nada mais que um sexy sutiã branco. 

Sua ereção retornou golpeando-o, embora ele lutasse como o diabo para 

contê-la. 

Ela levantou a bolsa nas mãos. 

— Trouxe algumas coisas para você vestir. Sua calça estava arruinada, 

então eu a tirei. 

Um rubor correu por suas bochechas. E, então, percebeu que tinha sido ela 

quem o despiu. Ele olhou em volta novamente. Por Hades, o que tinha 

acontecido com suas armas? 

Ela desviou os olhos dos seus. 

— Havia algumas, hum, ferramentas estranhas nos bolsos. Coloquei-as sobre 

a cômoda. 

Seus olhos seguiram o movimento da mão e ele sentiu um alívio instantâneo. 

Estava tudo ali. Inclusive estavam em suas capas individuais. Como se ela nem 

sequer as tivesse aberto. A única coisa que faltava era sua espada. E essa, 

lembrou-se depressa, tinha enfiado debaixo da cama quando tirou a camisa na 

noite anterior, enquanto ela estava reunindo o que era necessário. 

Ela olhou com atenção para a bolsa. 

— Não tinha certeza do tamanho. Não consegui encontrar a etiqueta na 

sua, hum, calça — colocou a bolsa nos pés da cama e deu um passo para trás. 

— Fiz um pouco de sopa, se você estiver com fome. 

Seus olhos se entrecerraram sobre seu rosto outra vez. O que ela queria 

45

Tiamat World 



dele? Segundo sua experiência, os humanos tomavam o que queriam, só 

pensavam em si mesmos e raramente se preocupavam com os outros. Por que, 

exatamente, ela estava o ajudando? 

Ela cruzou as mãos diante dela em um movimento hesitante quando ele 

não respondeu. 

— Eu poderia trazer isso para você se ainda estiver muito cansado ou ferido 

para se levantar. 

— Não — disse ele lentamente. — Sairei da cama. 

E pegaria suas armas. Inspecionaria a casa. Veria onde estava. Teria acesso 

à configuração do terreno. Certificar-se-ia de que ela não estava planejando 

fatiá-lo e cortá-lo em pedacinhos enquanto ele dormia. Só para ter certeza. 

Ela assentiu com a cabeça. 

— Verifiquei sua perna há algum tempo quando estava dormindo. Parece 

muito melhor. Ainda não tenho certeza de como é possível, mas… bom, me 

alegro de ver que está se recuperando tão rapidamente. 

Parecia sincera, como se estivesse verdadeiramente preocupada com ele. 

Ele se lembrou do pânico em seus olhos quando ele ficou semi-consciente e 

lutando contra a dor de seus ferimentos. Lembrou-se de como estava estável e 

como tinha feito o que devia fazer sem enlouquecer. E embora não quisesse, 

estava impressionado por sua compostura. 

Então seu cérebro saltou para a visão daqueles dedos longos e magros 

tocando sua pele nua sob o cobertor quando ela verificou seu ferimento. Seu 

corpo inteiro tremeu com um renovado ataque de excitação ardente. 

O que não deveria estar acontecendo. 

Ela olhou para a porta à sua esquerda. 

— Há toalhas no banheiro, se quiser tomar banho — quando voltaram os 

olhos, um novo rubor se arrastava por sua face. — Se precisar de ajuda para se 

levantar… 

— Não — disse ele rapidamente, sabendo que não precisava de nenhuma 

ajuda naquele setor. Já estava muito levantado para seu gosto. — 

arrumar. 

Posso me 

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Tiamat World 



Ela sorriu no que ele só poderia descrever como alívio completo, embora a 

cor ainda manchasse suas bochechas. 

Ele assentiu com a cabeça, mas não se atreveu a agradecer. 

Como se ela soubesse o que estava pensando, hesitou. Olhou para cima 

fixando seus olhos violetas nos dele. E ficou olhando-o como se o conhecesse. 

Aquele déjà vu voltou a flamejar. Onde a tinha visto antes? 

Ela deu um passo para trás tão rápido, que bateu no batente da porta com 

o ombro. Depois saltou como se a madeira tivesse mordido seu traseiro. 

E ele simplesmente não a deteve. A diversão elevou sua sobrancelha. Tinha 

pensado que aquela mulher era uma ameaça? Não era mais perigosa que uma 

formiga. 

— Está bem — ela conseguiu dizer. — Estarei, uh, na outra sala se você 

precisar de mim. 

Ela se virou e fugiu. 

Sozinho, a curiosidade de Theron desapareceu enquanto olhava para a 

porta aberta. Sua saída não só o despojou de sua incomum companhia, mas 

também de sua excitação. 

Confuso quanto ao que estava acontecendo com seu corpo e o porquê, 

decidiu que talvez não estivesse tão bem quanto tinha pensado no princípio. 

Retirou o cobertor e baixou os olhos para sua perna ferida. Os pontos mal eram 

visíveis, e o ferimento já não estava vermelho ou inflamado. Mais um dia e não 

seria mais que outra cicatriz para acrescentar a sua coleção. A julgar pelas outras 

marcas em seu corpo, tinham curado igualmente bem. 

Infelizmente, porém, as estranhas sensações que zumbiam em seu peito e 

cabeça o advertiam que não havia voltado ao normal, então não seria prudente 

tentar abrir o portal e enviar-se de volta para Argolea ainda. Em seu estado 

debilitado, seria um alvo perfeito para os daemons, e nem sequer sabia se tinha 

poder suficiente para chegar em casa quando fizesse a conexão. 

Não, decidiu. Seria melhor ficar ali aquela noite. Comer a comida que 

aquela incomum, mas inofensiva humana tivesse preparado para ele. Relaxar, 

recuperar um pouco sua força para que amanhã, talvez, pudesse voltar para 

47

Tiamat World 



casa. 

Quando jogou as pernas machucadas sobre a borda da cama e ficou em 

pé, apertou a mandíbula ante a pontada de dor em sua coxa. Estendeu a mão 

para apoiar o peso sobre o pé da cama e reprimiu um gemido. OH, sim, 

definitivamente não estava bem o bastante para tentar chegar em casa. Mesmo 

o mais forte dos Argonautas tinha limites, não que fosse admitir isso para algum de 

seus companheiros. 

Rangeu os dentes para evitar choramingar como uma pequena gynaíka 

enquanto arrastava os pés até o banheiro. Dentro dele acendeu a luz e 

começou a tomar banho, logo gemeu aliviado quando a água quente caiu em 

cascata sobre seu corpo dolorido e arrastou a última ardência de seus cortes e 

machucados. 

E embora não fosse sua intenção, enquanto seus olhos se fechavam, não 

pôde deixar de pensar na mulher na cozinha e imaginar seus dedos e lábios 

percorrendo sua pele úmida, em vez da água. 

Bons deuses. Uma mulher? Estava definitivamente mais ferido do que 

acreditava. Sua luxúria por uma humana era uma prova clara de que não estava 

bem da cabeça. Não importava o quanto fosse sexy ou as razões que teve para 

ajudá-lo. Era humana e, para ele, isso significava que era proibida. Para sempre. 

CAPÍTULO 5 

— Que cheiro é esse? 

A colher na mão de Casey caiu sobre o fogão, ricocheteou na superfície e 

bateu no chão de ladrilhos aos seus pés. A sopa respingou em seu suéter e calça 

jeans, e ela protestou com um suspiro. 

— Skata — disse Theron, movendo-se para ela. — Você está bem? 

— Estou bem. 

Casey pegou o pano preso sobre o cabo da porta do forno. Limpou a 

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mancha do estômago e coxas. 

Refinada, Case. Realmente refinada. 

— Não era minha intenção assustá-la. 

Sua mão parou ante o som daquele sotaque excitante, depois, deu-se uma 

sacudida mental e continuou limpando a roupa. O homem se movia como uma 

sombra silenciosa, mesmo estando ferido. Tinha certeza que só tinha ouvido o 

chuveiro desligar um pouco antes. 

— Não — disse, tentando de parecer indiferente. — Estava pensando em 

outra coisa. 

Sim, com certeza. 

Ele se inclinou para recuperar a colher. Ela olhou para baixo e o seguiu com 

os olhos enquanto ele se levantava, para logo desejar não haver feito isso. 

Ele era mais alto que ela. Perto de dois metros de altura e, pelo menos, 

cento e quinze quilos de puro músculo. Estava com os cabelos úmidos do 

chuveiro, penteados para trás e longos o suficiente para se enroscarem no 

pescoço de um modo que lhe implorava que passasse os dedos pela massa 

úmida. A camisa preta de mangas compridas que comprou para ele ajustava-se 

aos seus braços e peito musculoso e o Levi’s desbotado de cintura baixa se 

ajustava aos seus quadris delgados. Por debaixo das bainhas de seu jeans, seus 

pés descalços pareciam ridiculamente masculinos contra seu chão de ladrilhos 

rosa claro. 

Engoliu um gemido quando imaginou como seria aquele corpo 

completamente nu. Os músculos retesados, ângulos cinzelados, reentrâncias e 

planos que agora podia imaginar muito bem. As cicatrizes do peito foram 

revividas em sua mente agora, junto com a flecha de cabelos escuros que atraiu 

sua atenção até que só a lembrança a fez ruborizar. 

Ferido ela o achou selvagemente atraente, mas agora, quase curado e 

bem descansado, era mais que isso. Ele era o perigo em bastão, pendurando 

diante dela como um caramelo para uma criança. A fantasia sexual de toda 

mulher tornada realidade. E, por alguma louca razão, estava de pé em sua 

cozinha, olhando-a com olhos desconfiados. 

49

Tiamat World 



Ainda não estava totalmente certa de como isso tinha chegado a 

acontecer, e se ele não estivesse olhando-a agora, provavelmente o atribuiria a 

um sonho. Mas não era assim. Ele era real, com cheiro de sabonete Ivory e um 

toque de seu xampu favorito. Teve que bloquear as imagens dele molhado e nu 

em seu chuveiro, usando seus produtos de banho em sua pele nua, já que era 

muito difícil controlar o simples pensamento. E porque sabia que devia parecer 

uma idiota naquele momento, praticamente babando em cima ele, com a parte 

da frente da roupa suja de sopa. 

Piscou e se virou para o armário, quebrando a força do feitiço sob o qual 

caía todas as vezes que o olhava. 

— O cheiro que está sentindo é de sopa. Deve estar morto de fome. Sentese 

e porei um pouco de comida para você. 

Ele caminhou arrastando os pés pelo chão e se deixou cair em uma cadeira 

da mesa redonda de carvalho. Só quando ele gemeu se recordou que ele 

estava ferido. 

— Como está sua perna? 

— Melhor — disse enquanto ela deixava uma tigela fumegante diante dele. 

Seus olhos mal olharam para a sopa antes de retornarem para ela. — Dói um 

pouco — se inclinou e aspirou profundamente enquanto ela abria a gaveta e 

tirava uma colher limpa. —. O que é isto? 

— Brócolis com cheddar. Receita de minha avó — entregou a colher a ele, 

colocou a manteiga e um prato de pão quente sobre a mesa perto de seu 

braço. Quando ele continuou olhando-a, ela se engasgou com uma gargalhada. 

— Não se preocupe, não envenenarei você. Sei cozinhar. 

As linhas de expressão se enrugaram em sua testa, mas tomou um pouco 

com a colher, soprando-a, então, com cautela provou uma pequena 

quantidade. Suas sobrancelhas escuras se levantaram de surpresa. 

— Está boa. 

Casey sorriu enquanto abria a geladeira e pegava um refrigerante. 

Levantou a tampa e a colocou diante dele, depois colocou um prato de sopa 

para ela. 

50

Tiamat World 



— Sei que pensam que as mulheres modernas não gostam de cozinhar, mas, 

bom, eu gosto. Faz eu me sentir como se tivesse realizado uma pequena façanha 

durante o dia. 

Sentou-se no assento em frente a ele e levantou a colher para provar por si 

mesma. Ele esperou e a observou, e ela teve a estranha sensação de que ele 

estava inspecionando-a para se assegurar que não teria uma intoxicação 

alimentícia. Tomou uma segunda colherada e sorriu. 

As linhas da testa relaxaram e ele voltou a comer. Deu uma olhada para a 

lata que ela tinha colocado diante dele, parecendo estudá-la com atenção, 

depois a levantou e olhou dentro do buraco na parte de cima. 

— O que é isto? 

— Você não gosta de refrigerante? 

— Refrigerante? — Perguntou, levantando a lata e lendo do lado. 

Ela a olhou mais uma vez, esperou que ela levantasse a sua e tomasse um 

gole. Só quando ela fez isso, voltou a pôr sua lata na mesa e continuou comendo, 

ele levantou a sua para tomar um longo gole. 

Em seguida, cuspiu Diet Dr Pepper por toda a mesa. 

Casey saltou de sua cadeira e pegou o pano de cozinha outra vez. 

Pressionou-o em sua mão e contra sua boca. 

— Não é um fã de dieta, hein? 

Ele tossiu, tossiu. 

— Trarei outra coisa para você. 

Optou por uma Coors 15 da geladeira, já que nunca se incomodava de 

comprar refrigerantes normais, e a entregou a ele. Bebeu a metade dela antes 

de afastar a garrafa de sua boca, franziu o cenho e olhou para o rótulo. 

— Tem gosto de água. 

Ela pegou outro pano para absorver o refresco. 

— Bom, não é uma Guinness, mas definitivamente não é água. De onde 

diabos você é se não bebe refrigerante diet ou cerveja sem álcool? 

Ele parou de tossir e estudou a lata de refrigerante diet da mesa como se 

15 

Coors – marca de cerveja 

51

Tiamat World 



ela fosse saltar e mordê-lo. Depois de acabar o restante da cerveja, colocou a 

garrafa vazia sobre a mesa antes de dizer: 

— De uma cidade pequena. Nós… não temos um grande comércio externo. 

Brincadeiras à parte. Casey sentou-se novamente em seu assento. 

— Uma cidade pequena onde? Em Marte? 

Finalmente, ele afastou seus olhos da lata e a olhou nos olhos. A 

familiaridade desabrochou novamente quando ela estudou seu rosto. O que ele 

tinha que a fazia sentir como se tivessem se conhecido antes? 

— Uma pequena cidade perto do Egeu. 

— Do Mar Egeu? — Ele assentiu com a cabeça. Bom, de fato fazia sentido, 

realmente. Sabia que ele não era americano. Casey voltou para sua sopa. — 

Então é grego. 

— Não, não exatamente — justo quando tinha certeza que ele não ia 

continuar, ele disse. — O círculo… político de onde sou sempre está mudando. 

Tinha a forma mais estranha de unir as palavras. Como se ele se esforçasse 

muito em parecer normal. 

— Estou vendo — disse ela. 

Embora na realidade não o fizesse. Ela sabia que as guerras da Yugoslávia 

na década de 90 tinham mudado a paisagem da região dos Bálcãs. Apesar de 

poder traçar suas raízes pela área e de ser boa em geografia, não tinha certeza 

de como os países se repartiram depois que os tiroteios acabaram. 

— Então, o que o trouxe para Oregón? É uma viagem longa para você. 

Ele assentiu com a cabeça e pegou um pãozinho. 

— Estava procurando um amigo. 

A mulher no clube. 

Casey engoliu um surto de ciúmes que não entendeu e continuou 

comendo. Mas um monte de remorso se acumulou em seu estômago quando ela 

percebeu o que tinha que dizer a ele a seguir. 

Deixou a colher e limpou as mãos no guardanapo, deixando-o junto da 

tigela sobre a mesa. 

— Não sei o que aconteceu a mulher com quem você estava. Quando o 

52

Tiamat World 



encontrei no estacionamento, ela tinha ido embora. 

Ele não levantou os olhos de sua comida. 

— Ela está bem. 

E que diabos significava aquilo? 

— Como sabe? Já estava muito ferido para quando o encontrei. Para onde 

ela foi? 

Quase como se tivesse percebido que havia falado demais, ele baixou a 

colher e a olhou nos olhos. Ela viu conhecimento e segredos em seus olhos 

escuros. Junto com a verdade pura simples que não ia explicar nada a ela. 

Ela se recostou em sua cadeira e entrecerrou os olhos, tentando olhá-lo 

objetivamente e não como o símbolo sexual com quem esteve fantasiando 

anteriormente. 

— Sabe, estou começando a pensar que algo sobre você simplesmente não 

está bem. O que aconteceu com você? Alguém o atacou no estacionamento, 

não? Não foi atropelado por um carro. Não importa quantas vezes tente-me dizer 

que foi tudo o que aconteceu, sei que não foi. Acho que já é hora de você ser 

honesto comigo. 

Ele apertou seu braço sobre a mesa antes que o visse mover-se, virou sua 

palma para cima, deslizou os dedos pelo centro de sua mão e entrelaçou o dedo 

mindinho ao redor do polegar, segurando sua mão com facilidade. Lentamente, 

fez círculos com o dedo indicador sobre o centro da palma de sua mão, até o 

dorso, mais abaixo, até que a eletricidade queimou ao longo do pulso. As faíscas 

dispararam diretamente para suas costas e uma sensação cálida e quase líquida 

percorreu seu corpo todo. 

Sua respiração se tranquilizou. As pupilas de seus olhos se ampliaram até que 

ela se encontrou olhando excessivamente para piscinas de obsidiana escuras 

como a noite. E de repente teve dificuldade de lembrar o que estava fazendo 

exatamente um momento antes. Embora ela soubesse que havia algo. Alguma 

razão. Pendurada a beira de sua subconsciência. Por que não conseguia 

alcançá-la? 

Mas a ideia foi anulada pela forma como ele a tocava. Assim… tão 

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Tiamat World 



pecaminosamente deliciosa e estranhamente tranquila. 

— Escute com atenção — disse ele lentamente. — Eu estava caminhando 

pelo estacionamento quando você dobrou na esquina com seu carro. Estava 

escuro. Estava cansada. Não me viu até que foi muito tarde. Seu carro bateu em 

mim. Você me trouxe para cá porque estava preocupada comigo e se sentia 

culpada. Não estou familiarizado com os hospitais americanos e não quis ir para 

um se não fosse preciso. Você me ajudou a me recuperar. Fez uma boa ação. 

Sim, devia ter acontecido daquela maneira. O ritmo cardíaco de Casey 

desacelerou enquanto ela relaxava mais com suas suaves carícias. Ele tinha 

dedos muito suaves. Suas mãos eram quentes e tentadoras. Não podia deixar de 

imaginar aquelas carícias deslizando sobre seus ombros, até seu abdômen e, 

finalmente, até seus seios. 

— Você quer continuar me ajudando — disse ele com voz ainda mais suave. 

Uma que parecia veludo e lixa ao mesmo tempo e gerou uma onda de 

hormônios profundamente em seu corpo. —Qualquer coisa que eu necessite. 

É claro que tinha que ajudá-lo. Seus ferimentos foram por sua culpa. Mas… 

algo? Seu rosto queimou. Visões de seu corpo nu colocado como uma oferenda 

sobre seu edredom branco percorreu sua mente novamente. 

E foi então que viu o sorriso matreiro arquear um lado de sua boca, quase 

como se ele pudesse ler seus pensamentos. 

— Sim, meli — sussurrou ele. — Qualquer coisa que eu quiser você fará para 

mim. 

O calor serpenteou através de seu abdômen, escorrendo mais para baixo 

até que sentiu a umidade inconfundível de sua excitação. E então ele rompeu o 

contato com sua mão tão rapidamente quanto a tinha pegado. 

Ela piscou várias vezes. Sentia-se estranhamente aturdida. Apesar de ele ter 

voltado para sua comida, sua pele formigava, como se ele ainda estivesse 

acariciando seu pulso. E então algo desabrochou dentro dela, uma parte oculta 

que estava esperando. Esperando... Aquele momento em toda sua vida. 

— Sua sopa está esfriando, meli. 

Casey arrancou seus olhos do corpo robusto dele e baixou seus olhos para o 

54

Tiamat World 



prato. Cooooorreto. Jantar. Era nisso que devia se concentrar. Não nele nem 

naquela estranha sensação que não tinha nem um pingo de sentido. 

Pouco a pouco, já que sua mão ainda tremia, levantou a colher e deu uma 

pequena colherada. Mas não sentia o gosto de nada. Porque o que ela 

repentinamente queria em sua língua não conseguiria caber em uma colher. 

Algum tipo de música instrumental saia através dos alto-falantes no teto 

enquanto Theron, sentado na cozinha, olhava Casey lavar os pratos do jantar. 

Uma vela tremeluzia em uma grande lanterna no centro da mesa, lançando uma 

luz cálida e um aroma de baunilha no cômodo. Mas o que manteve sua atenção 

não foi à vela ou a música, mas sim a mulher em sua linha de visão. 

Mulher. Santo Hades. Uma mulher humana. Uma em quem ele não 

conseguia parar de pensar. Tinha mudado sua linha de pensamento durante o 

jantar. Quando pegou a mão dela entre as suas e reconheceu o desejo em seus 

olhos. Por alguma razão, as Moiras 16 tinham lhe dado aquela pausa ali, com ela, 

enquanto se curava. Por que ele devia se opor? 

Ela estava de costas para ele enquanto lavava os pratos. Ofereceu-se para 

ajudá-la, mas ela disse que se sentasse e relaxasse para não piorar os ferimentos. 

Se ela soubesse o que ele estava pensando, não estaria ali, parecendo tão à 

vontade. 

O jeans justo moldava seu corpo como uma segunda pele. Seu suéter 

simples e branco com gola em V era de alguma forma mais atrevida que 

qualquer lingerie que ele já tivesse visto as gynaíkes de Argolean usar. Olhando-a, 

seu sangue correu para virilha pressionando seu jeans até que teve que mudar de 

posição em seu assento para aliviar a pressão. 

Levantou a cerveja na mão e tomou um pequeno gole para arrefecer o 

calor subindo em suas veias. Tinha sido melhor, embora aquilo não fosse tão ruim. 

E esgotaria aquela merda carbonatada 17 qualquer dia. Os humanos tinham 

alguns sabores estranhos, entretanto, estava desfrutando daquele. E poderia 

continuar olhando para a mulher diante dele em movimento durante toda a 

16 

Moiras - eram as três irmãs que determinavam o destino, tanto dos deuses, quanto dos seres humanos. 

17 - adj. QUÍM. Se diz das bases combinadas com ácido carbônico para formar carbonato: água carbonatada. 

55

Tiamat World 



noite. 

Que irônico, considerando os maus momentos que tinha feito seu parente 

Zander passar a respeito de sua obsessão doentia pelas mulheres humanas. E, no 

entanto, ali estava. 

Theron a viu agachar-se e colocar uma caçarola em um armário baixo. O 

tecido do jeans se estirou em seu traseiro em forma de coração, o cós descendo 

em suas costas até que ele viu um vislumbre da renda branca aparecendo por 

debaixo. Seu pulso acelerou e o sangue trovejou na cabeça. 

Ela abriu um armário a sua direita e ficou na ponta dos pés para guardar 

uma tigela. Quando ficou claro que ela estava tendo dificuldades para alcançar 

a prateleira mais alta, ele se levantou lentamente e se moveu para ajudá-la. A 

dor na perna tinha diminuído a intensidade até ser uma pontada incômoda, mas 

não havia nenhuma razão para dizer-lhe. 

Cítricos e lavanda flutuaram para seu nariz quando ele se aproximou, o 

resquício do mesmo xampu que ele tinha usado em seu chuveiro e alguma outra 

coisa que poderia ser uma loção ou perfume, não tinha certeza de qual. Ele foi 

para trás dela e segurou a tigela de sua mão. 

— Deixe-me ajudar você. 

Ela ficou tensa quando seus dedos se roçaram. Os músculos dos braços e 

pernas se enrijeceram. Seu peito roçou as costas dela quando ele colocou a 

tigela na prateleira de cima, e o cotovelo desceu por seu antebraço em um 

toque mínimo de pele contra pele. 

— Obrigado — disse ela em voz baixa, voltando ficar sobre os pés. 

O movimento colocou seus quadris em contato com aquele traseiro 

delicioso que esteve admirando antes, e a ereção contra a qual havia lutado 

toda a noite voltou a rugir. 

Ele soube que ela a sentiu também porque ficou imóvel. Ao longo do jantar, 

enquanto tinham mantido uma conversa inconsequente sobre a região, o lago e 

seus vizinhos, ela ficou olhando-o como se não tivesse certeza do que ele faria a 

seguir. Durante um tempo, tinha pensado que era o medo tornando-a cautelosa, 

mas agora sabia que esse não era o caso. A forma que seu corpo se retesava, o 

56

Tiamat World 



modo como respirava com força e como se mantinha sem fazer nem um 

movimento por causa de seu contato era um sinal claro de excitação. 

Nenhum dos dois falou, e no silêncio ele pôde ouvir seu coração batendo 

em um ritmo irregular. Levantou uma mecha de cabelo de seu ombro e a 

deslizou entre o polegar e o indicador. Era suave e sedoso, e teve o perverso 

desejo de ver a massa escura derramando-se sobre seu abdômen, enquanto seus 

lábios se perdiam ao longo de seu corpo todo. Ele levantou a mecha para seu 

nariz e inalou. 

— Laranja ou pomelo 18 ? 

Ela engoliu em seco. 

— Bed Head 19 . 

Ele franziu o cenho e soube que ela tinha notado sua expressão confusa 

pelo canto do olho. 

— É um tipo de xampu — ela se virou lentamente e relaxou o suficiente para 

que seu doce traseiro roçasse contra ele para depois se afastar. — Realmente 

vive em uma área isolada, não? 

Ele assentiu com a cabeça, vendo a forma que seus olhos observavam seu 

rosto como se ela procurasse uma resposta para uma pergunta não formulada. 

— Estou quase terminando aqui — disse ela. — e parece que o CD parou. 

Por que não vai para a sala e procura outra coisa para ouvir? O reprodutor de 

CD está no centro de entretenimento. 

Ante suas palavras, ele percebeu que os alto-falantes da cozinha estavam 

em silêncio. 

— Se não se importar, há alguns pontos da sutura na perna esquerda que 

podem ser retirados. Poderia precisar de sua ajuda. 

18 

O Pomelo (Citrus maxima) é fruta de uma árvore da família Rutaceae com 5 a 8 m de altura que vegeta e 

produz satisfatoriamente em regiões das mais variadas condições ecológicas. Os frutos podem ser consumidos ao 

natural, prestando-se para a industrialização, de onde resultam diferentes produtos, como sucos, óleos essenciais e 

pectina. 

19 

Bed hed – marca de produtos de beleza. 

57

Tiamat World 



Seus olhos cintilaram e foram até a coxa agasalhada no tecido jeans, 

pairando momentaneamente sobre sua ereção crescente. Seus olhos se 

arregalaram um pouco antes que o rubor se apoderasse de suas bochechas 

face. Ela se virou rapidamente para seus pratos. 

— OH, sim. Claro que sim. Eu, um, pegarei alguns materiais e me juntarei a 

você na sala. 

Um sorriso curvou a boca de Theron enquanto ele se dirigia a estante do 

estéreo. Sua perna se fortalecia a cada minuto, e realmente não havia razão 

para tirar os poucos pontos que restavam, já que teriam desaparecido na manhã 

seguinte, mas ele não estava acima de usar qualquer meio que pudesse para 

conseguir levar sua pequena humana exatamente para onde queria. 

Ela era, decidiu enquanto abria a estante de dava uma olhada ao redor da 

sala, uma infinidade de contradições. Quando perguntou a ela como o tinha 

encontrado atrás daquele clube de strip-tease, havia dito que trabalhava lá. Ele 

tinha tentado imaginá-la no XScream, mas não pôde. Era alta para ser uma 

mulher, e definitivamente tinha o corpo para despir-se, mas havia tal inocência 

em seus olhos que os humanos que trabalhavam naqueles lugares não tinham. A 

forma que cuidou dele depois do ataque — um desconhecido com quem tinha 

dado um encontrão, em um clube de strip-tease, nada menos — opunha-se 

diretamente à mulher forte que, obviamente, tinha que ser naqueles locais. 

Tentou conciliar essas duas partes dela, mas não conseguiu. 

E depois havia aquela casa. Antes que ele fizesse sua aparição na cozinha, 

fez um minucioso exame e se familiarizou tanto com o interior como com o 

exterior. A casa era antiga, o interior feito principalmente de paredes brancas e 

delicadas molduras na parte de cima. Os cômodos eram pequenos, o teto só uns 

trinta centímetros acima de sua cabeça. O mobiliário eram antiguidades que ele 

não conseguia imaginá-la comprando, porque não encaixavam com o que tinha 

visto em seu quarto: uma poltrona de veludo vermelho e almofadas douradas 

macias nas quais ele facilmente poderia visualizá-la afundando-se dentro. Arte 

moderna nas paredes, um espelho com moldura de prata refletindo a luz para 

dentro do quarto. A maior parte da casa foi decorada por uma pessoa de idade 

58

Tiamat World 



avançada. Aquele quarto não. 

Ele fez uma nota mental para perguntar a ela a respeito da diferença, e 

depois mudou de ideia. No fim, sua resposta não teria importância. Depois 

daquela noite nunca voltaria a vê-la. 

Encontrou o aparelho de som e estava abrindo a gaveta do CD quando ela 

entrou na sala. Um toque de lavanda a precedeu, anunciando sua chegada aos 

seus sentidos, desencadeando uma reação acalorada em sua virilha. 

— Encontrou algo que valha a pena escutar? 

Ele pegou o primeiro CD da pilha e leu a capa. 

— Bing Crosby? 

Casey riu. Ele se virou ao ouvir o som contagioso, sem ter muita certeza do 

por que ela achava sua sugestão tão divertida, mas apreciando a reação. Se 

havia uma coisa que tinha aprendido a respeito dos humanos nas últimas duas 

horas, é que eram completamente imprevisíveis e apaixonados de uma maneira 

que os Argoleans nunca seriam. 

— É isso ruim? — Perguntou ele hesitante. 

— Não, se tiver oitenta anos, eu suponho — caminhou para ele e parou tão 

perto que ele pôde sentir o calor que irradiava de sua pele. Seus dedos se 

roçaram enquanto ela verificava a pilha, enviando um formigamento ao longo 

de suas terminações nervosas que, Estranhamente, relaxou-o. — A maioria desses 

CDs era de minha avó. Sentia algo pelo bom Bing — levantou dois CDs com 

árvores de Natal na capa. Ele sabia o suficiente a respeito da cultura humana 

para reconhecer o dia festivo. — Escutava estes durante o ano todo. Não 

importando se era junho ou dezembro. 

Ela deixou os CDs de Bing e procurou um pouco mais antes de encontrar um 

que gostava. 

— Experimente este. É meu. Vou pegar meu estojo de primeiro socorros 

enquanto você o coloca. 

Ele olhou para a capa do CD. Um homem com uma camisa branca e um 

chapéu de cowboy grande devolveu seu olhar. Não tinha nem ideia de que tipo 

de música era, mas pensou que se ela tinha escolhido, tinha que ser boa. A 

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Tiamat World 



música começou a sair pelos alto-falantes enquanto ele se dirigia ao sofá e se 

sentava. 

O assento não era grande o suficiente para seu corpo, mas estirou as pernas 

e relaxou nas almofadas assim mesmo. Podia ouvir Casey remexendo no armário 

do banheiro e sorriu para si mesmo. Tinha passado muito tempo desde que teve 

que seduzir uma mulher. Como Argonauta, as mulheres de Argolea eram suas 

para possuir. Se quisesse companhia, um movimento de seu dedo era geralmente 

tudo o que precisava. 

Ela retornou a sala e se sentou na beirada do sofá fora de seu alcance, 

pondo o estojo de primeiro socorros na mesinha do centro. 

— Eu adoro Kenny Chesney. Tem a melhor voz. 

Por um breve momento, ele se perguntou quem diabos eram aquele Kenny 

e onde encontrá-lo para moê-lo a pauladas. Depois, quando ela começou a 

cantarolar a música, percebeu que ela estava falando sobre o cantor do CD. 

E por que ele teve aquela reação tão estranha? Se fosse humano, teria que 

definir o sentimento como ciúmes, mas aquela era uma emoção desconhecida 

para um Argonauta. 

Ele obteve um sorriso lânguido. 

Ela percorreu seu rosto com um olhar de cepticismo, para depois baixá-lo 

por suas pernas e voltar a subi-lo rapidamente. Um rubor se apoderou de suas 

bochechas, esquentando seu sangue novamente. 

— Você — esclareceu a garganta —, terá que tirar a calça se quiser, ah, 

que eu olhe sua perna. 

Ele lutou para evitar um sorriso enquanto se levantava lentamente da 

poltrona, certificando-se de manter uma expressão de dor, como se sua perna 

definitivamente doesse, e deslizou as mãos para o primeiro botão de seu jeans. Os 

olhos dela o seguiram e ela ficou parada, atenta para ver o que ele estava a 

ponto de revelar. 

Um pensamento malicioso lhe ocorreu. E o sangue correu para sua virilha. 

Tudo que você quiser. 

Ele abriu o botão de cima e hesitou. 

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Tiamat World 



— Ainda estou um pouco fraco, meli. Acho que precisarei sua ajuda com 

isto. Dê-me a mão. 

CAPÍTULO 6 

Ele quer que eu tire sua calça. 

Casey captou o significado das palavras de Theron, mas sua mensagem 

estava amortecida, quase como em um sonho. O sangue trovejava em seus 

ouvidos tornando difícil escutar sua voz, mas o olhar em seus olhos pecaminosos 

lhe disse exatamente o que ele queria. 

Não tinha certeza de como conseguiu se levantar, mas graças a Deus as 

pernas não falharam. Depois de engolir em seco, secou as mãos suadas nas 

coxas e se aproximou mais, até que ficou embriagada com toda sua máscula e 

doce testosterona. 

Podia ver pelo volume atrás do zíper que ele estava excitado, e queria saber 

exatamente como ele era ereto. Mas se fizesse isso, estaria cruzando a linha de 

Florence Nightingale para a enfermeira travessa da qual não seria capaz de 

voltar. 

OH, Deus. Realmente ia fazer aquilo? 

Seu olhar examinou rapidamente seu corpo rígido, desde sua ereção 

crescente subindo por seu abdômen até seus impressionantes peitorais e 

finalmente para seu rosto forte. 

Não, ele não tinha uma beleza clássica. Suas feições eram muito 

proeminentes, a mandíbula muito dura, a forma das maçãs do rosto muito 

cinzeladas para que ele fosse considerado magnífico. E havia um olhar perigoso 

em seus olhos escuros, em todo seu ser, que a fez sentir-se como se estivesse 

brincando com um… deus. 

A ideia a golpeou de um nada, embora fosse apropriada. Ele parecia um 

grande, misterioso e ameaçador deus motociclista que a montaria duro e a 

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Tiamat World 



deixaria molhada sem pensar duas vezes. 

Sem amarras. Sem envolvimentos emocionais. Sem remorsos. 

Nunca acreditou totalmente nas aventuras de apenas uma noite antes, mas 

havia algo naquele homem que atirava dela. Seduzindo-a. Desafiando-a a pegar 

um pequeno e escandaloso bocado e mandar para o inferno o restante do 

mundo. 

Sua conversa com Dana voltou a revoar por sua mente. 

Não tenho um tipo. 

E se o tivesse, definitivamente não seria do tipo bad boy motociclista. 

Sim. Ia fazer aquilo, foda-se a previsibilidade, e caminhar do lado seguro. Ao 

menos naquela noite, queria fazer algo completamente selvagem e totalmente 

fora de seu estilo. 

Aproximou-se mais e levantou a mão. Seus dedos se roçaram quando ela 

tocou o cós da calça. As mãos dele se afastaram e ele conteve a respiração 

quando ela abriu o segundo botão. E o terceiro. E, finalmente, o quarto. Sentiu-o 

como o aço debaixo da cueca boxer preta de algodão que comprou para ele. 

Observou como seus olhos escuros e hipnóticos brilhavam com uma luz erótica. E 

se encheu de uma confiança que a envolveu do nada. 

Sua pele se aqueceu. Saboreou cada toque de seus dedos, cada roce de 

pele contra algodão. Uma dor doce se estabeleceu entre suas coxas quando 

deslizou as mãos no cós de seu jeans e as colocou nos quadris fortes e delgados. 

Com suavidade, e com os olhos ainda fixos nos dele, deslizou-as para baixo. 

— Oraios 20 — disse ele com voz rouca. 

Ela não tinha nem ideia do que ele havia dito, mas adorava sua voz rouca e 

a cadência de seu sotaque. Baixou seus jeans até os quadris e engoliu um 

gemido quando, rapidamente, viu sua impressionante ereção, que obviamente 

lutava para se libertar. 

Por um momento, desejou que não tivesse pensado em comprar roupa 

íntima nenhuma para ele, percebendo que poderia ser uma bênção. Era como 

20 Oraios: linda. 

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Tiamat World 



desembrulhar um presente. Um que se tornava cada vez melhor a cada camada 

que removia. 

Ela foi amável enquanto empurrava o jeans por suas coxas, com cuidado 

para não esfregar o tecido sobre o ferimento. Ela se ajoelhou diante dele quando 

arrastou a calças até o chão e o ajudou a liberar as pernas. O cheiro almiscarado 

de sua excitação inundou seus sentidos enquanto trabalhava, enviando faíscas 

velozmente para o centro de suas coxas claras. Seu corpo respondeu por sua vez, 

aquela dor doce crescendo para níveis explosivos. Conteve o impulso de despirse 

naquele exato momento e usá-lo para extinguir o fogo que ardia em seu 

interior. 

Quando ele ficou livre de seu jeans, ela inclinou a cabeça indicando o sofá. 

— Sente-se disse com a voz rouca por causa da própria excitação. Tossiu 

uma vez para dissimulá-la, mas soube que ele a ouviu também. — Vou a, uh, dá 

uma olhada em seu ferimento. 

Ocupou-se procurando alguns materiais no estojo de primeiros socorros 

enquanto ele recuava. Ele não falou, no entanto, se sentou no sofá junto dela. 

Quando ela pegou o que achava que seria necessário, virou-se para ele e seus 

olhos imediatamente correram para seus quadris. Suas pernas se mantinham 

abertas, e a rígida ereção empurrava contra sua boxer, simplesmente implorando 

sua atenção. 

OH, Deus. O suor escorreu por sua testa. Seu pulso acelerou, e todo o 

sangue em seu corpo se precipitou para o sul. 

Concentre-se, Casey. 

Engoliu em seco e se concentrou na atadura de sua coxa. Seus dedos 

tremiam um pouco ao chegar ao canto da faixa e lentamente tirou as faixas. Ele 

respirou fundo e, por um momento, pensou que o tinha magoado. Mas quando 

ela olhou para cima para se certificar que ele estava bem, viu pura e legitima 

luxuria tencionando os traços cinzelados de seu rosto. Seus olhos correram 

rapidamente de volta para seus quadris, e a ereção que antes pensou que era 

grande agora crescia ante seus olhos. 

OH, Deus. Estava em apuros. 

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Tiamat World 



Voltou a concentrar-se no que estava fazendo. Então ficou sem fôlego 

quando soltou completamente a bandagem. 

Não havia pontos. Nenhuma evidência de um ferimento aberto. Apenas 

uma cicatriz fina e vermelha que, suspeitava, com o tempo clarearia. 

— Incrível — sussurrou. 

Ele olhou para baixo, para sua perna. 

— Parece que está boa, não? 

— Parece muito boa. É um milagre médico, sabia? — Deslizou os dedos pela 

cicatriz e se maravilhou com a diminuta elevação vermelha que restava do 

ferimento. 

Ele parou de respirar. 

Casey imediatamente retirou a mão. 

— OH. Isso dói? Achei que como parecia tão bem, tinha curado complet… 

Ele envolveu os dedos ao redor de seu pulso, e passou sua mão na coxa 

dele, retornando para o ferimento e para a pele que ela estava acariciando 

momentos antes. 

— Não, meli. Não dói. É bom. Calmante. Não pare. 

Ela olhou para sua perna por frente e por trás novamente. 

Devia parar. Estava mergulhando em águas desconhecidas. Estava na sala 

de sua avó, pelo amor de Deus. Em questão de minutos havia se jogado de 

cabeça. Deslizou a ponta dos dedos subindo pela coxa, pairando na borda da 

boxer curta e lambeu os lábios. 

— Sim — sussurrou ele. — Mais disso. 

Sentindo-se mais ousada, traçou a bainha de sua boxer, deslizando os dedos 

pelos pelos na face interna da coxa. Os músculos de sua garganta se contraíram 

e seu pênis se sacudiu sob o fio negro, tão perto de sua mão. 

O ponto de onde não havia volta. 

— Seus dedos são mágicos — sussurrou ele. —Você fala do quanto minha 

cura foi espantosa. No entanto, parece esquecer que, sem você, não estaria 

sentado aqui agora. 

Isso era verdade, não? Ela deslizou a mão subindo pela coxa até a junção 

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Tiamat World 



da perna e quadril, sentindo o poder preso debaixo quando suas palavras 

falharam. Suavemente, apertou o polegar no ponto de pressão e foi 

recompensada com um pequeno ofego que disse a ela que ele gostava do que 

ela estava fazendo com ele. 

— Seu toque é mais agradável que o de qualquer curador de meu mundo 

— ofegou ele. — Cada toque de sua mão me dá forças. 

Um sorriso curvou sua boca. Ela sabia exatamente a que tipo de força ele se 

referia, e se alguém mais a tivesse jogado sobre essa linha ela teria zombado. Mas 

com ele? Agora? Por razões que não estava disposta a examinar, em vez de 

afastar-se, aproximou-se. E foi recompensada quando ele estendeu a mão e 

roçou os nódulos dos dedos em seu abdômen. 

As faíscas dispararam para seu centro. Seu pulso saltou e ela olhou para 

cima. 

Qualquer coisa que você quiser. 

— Deve estar cansado depois de toda esta… cura — sussurrou. — Terá que 

me dizer o que posso fazer para que seja mais fácil para você. 

Um dos lados de sua boca se curvou no canto quando ele percebeu o tom 

brincalhão de sua voz. A excitação escureceu seus olhos. A mão dele roçou seu 

braço, deslizando até sua face e acariciando suavemente sua pele. Ela se 

inclinou ante seu toque e conteve a respiração enquanto passava seu próprio 

polegar sobre o lábio inferior. 

— Realmente é a gynaíka dos sonhos. 

Passou por sua mente perguntar o que ele quis dizer, mas antes que 

pudesse, ele inclinou seu rosto para frente. E de repente ela se esqueceu de 

qualquer pergunta que tinha e se entregou mais ao seu toque. 

Seus lábios roçaram os seus, suaves a princípio, mas com mais ardor 

enquanto o beijo se tornava mais profundo e os dedos se apertavam em seus 

cabelos. Na segunda etapa ela se abriu para ele sem hesitar quando sua língua 

quente e úmida serpenteou em sua boca e acariciou a sua com movimentos 

longos e sedutores. 

Ele tinha sabor delicioso. Um toque de hortelã, do jantar que tinham 

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Tiamat World 



compartilhado, de pecado servido em bandeja de ouro. Uma das mãos grandes 

mãos deslizou por suas costas e a puxou para ele, até que ela se viu em cima de 

seus joelhos, escarranchada em seus quadris. 

Sua pele estava em chamas quando ele mudou o ângulo do beijo e suas 

mãos se tornaram mais urgentes. Por um segundo, ela se perguntou se ele estaria 

muito fraco para fazer sexo, mas rapidamente desprezou a ideia quando ele a 

puxou para baixo e a colocou sobre a monstruosa ereção pela qual tinha 

babado antes. Se ele não tivesse forças para aquilo, seria ela quem faria o 

trabalho. De maneira nenhuma ia parar agora. 

Suas mãos ganharam vida própria enquanto observava seu torso musculoso 

e o beijava novamente. Seus dedos desceram pela camisa preta até a bainha, 

para subir por debaixo e assim poder sentir seus abdominais esculpidos e a pele 

suave como a seda de seu estômago. Seu pênis tremeu contra ela que se 

apertou mais contra ele em resposta, não querendo nada mais que senti-lo 

profundamente dentro dela. 

Ele gemeu com aprovação. O beijo se tornou frenético. Possessivo. Suas 

mãos correram para os botões de seu jeans. 

— Tenho que tocar você — murmurou ele entre ofegos. — Preciso sentir se 

está molhada. 

Estava ensopada, mas não conseguia parar de beijá-lo para lhe dizer. Mal 

seus dedos encontraram o botão em sua cintura, algo dentro dela se quebrou. 

Uma necessidade urgente que nunca tinha experimentado antes. De repente, 

encontrou-se rebolando contra o jeans dele, ajudando-o da maneira que podia. 

Ele puxou o zíper para abri-lo, deslizando-o o suficiente para poder enfiar 

uma mão dentro. Ultrapassou sua roupa íntima e se dirigiu diretamente a pele, ela 

ficou sem fôlego ao primeiro toque. 

Seu dedo encontrou o nó escorregadio, já rígido e excitado. Ele o esfregou 

por cima e ao redor até que ela se soltou de sua boca, jogou a cabeça para trás 

e gemeu em êxtase. 

Seus lábios deslizaram por sua garganta. Ele a mordeu, e um pingo de dor a 

atravessou. Depois ele sugou o ponto até que ela gemeu mais uma vez. 

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— OH, meli. Está tão molhada — seu dedo deslizou mais para baixo. Mais 

profundo. Dentro. Ele gemeu contra seu pulso. — E tão apertada. 

Casey não conseguia falar. Podia apenas se mover. Sua liberação se 

aproximava e ela era impotente para detê-la. Segurando os ombros dele com 

ambas as mãos, apertou-se em torno de seu dedo e deixou-se ir. 

Mas justo quando a onda estava prestes a atingi-la, ele retirou a mão e a 

pressão diminuiu. Ele gemeu baixo em sua garganta e puxou o tecido jeans para 

seus quadris. 

— Preciso que tire isso. Agora — empurrou-a rapidamente para colocá-la 

em pé e a despojou de seu jeans descendo-o velozmente. 

Ela não teve tempo para protestar, e deveria ter ficado envergonhada, de 

pé na frente dele só com um suéter e uma tanga, mas não estava. Quando ele 

baixou a cabeça e voltou a beijá-la, ela se entregou a ele correspondendo ao 

beijo enquanto ele a aproximava mais pressionando a ereção contra seu ventre. 

— Quero tocar você — sussurrou ela. 

Ele tomou o lábio inferior em sua boca em sinal de aprovação. Enquanto ele 

se enchia com seu lábio, ela se deleitou com o beijo, passando a mão por seu 

torso e deslizando a palma da mão para dentro de sua boxer. Ele gemeu longa e 

profundamente em sua boca quando ela envolveu os dedos ao redor de sua 

excitação. Veludo e aço encheram sua mão, poder puro e sólido e a promessa 

de prazer sem limites. Acariciou seu eixo, em volta de sua cabeça, e se 

maravilhou com o controle que tinha sobre ele enquanto seu corpo grande 

estremecia contra ela. 

As mãos dele acariciaram seus seios, deslizando por debaixo do suéter e 

dentro de seu sutiã. Seus mamilos se enrijeceram quando um dedo áspero roçou 

a ponta. A boca mordeu sua mandíbula, beijando seu caminho através da pele, 

fixando-se na pele suave sob a orelha enquanto ele brincava com seus seios e a 

levava a novos níveis de excitação sexual. 

Seus movimentos se tornaram mais longos, mais audazes, com cada toque 

de suas mãos. Rapidamente ela baixou e deslizou seus dedos mais para baixo 

para segurar seus testículos. 

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Ele gemeu contra seu pescoço. 

— Está brincado com fogo. Em um momento não serei capaz de parar. 

— Não quero que você pare. Quero saber o que sente quando goza. 

Qualquer freio que ele vinha exercendo se rompeu com suas palavras. Seu 

suéter foi arrancado rapidamente por sua cabeça e ele rasgou seu sutiã, 

libertando seus seios, como se fosse de papel. Ele se inclinou, sua boca capturou 

primeiro o mamilo direito e depois o esquerdo, até que ela pensou que ia explodir 

por aquela atenção. 

Justo quando ela estava prestes a implorar que ele a possuísse, ele a girou 

rapidamente e a empurrou de joelhos sobre o assento do sofá. Uma mão grande 

pressionou suas costas para que recostasse o torso sobre as almofadas em xadrez 

azuis e laranjas de sua avó. 

— Deuses, você é linda — rosnou ele. Seu peso pressionou o sofá enquanto 

reforçava um dos joelhos nas almofadas entre suas pernas e abria mais suas 

coxas. — Não posso esperar para saber se você é tão apertada quanto em meu 

sonho. 

Seu sonho? Oooooooh, sim. 

Ocorreu-lhe então que provavelmente deveria ter um pouco de medo. Ela 

estava com um homem enorme a quem não conhecia, em uma posição 

submissa onde ele poderia fazer quase tudo que quisesse, e ela teria problemas 

para se defender. Levando em conta o que aqueles dois homens tentaram fazer 

com ela do lado de fora do XScream há alguns meses, deveria está assustada. 

Mas não estava. De algum modo, sabia instintivamente que Theron não faria mal 

a ela. E suas palavras eróticas a enviaram para dentro de um completo frenesi 

que derreteu sua mente. 

Ele envolveu uma de suas mãos grandes em torno de seu torso para segurar 

seu seio, com a outra segurava o quadril. A boca dele encontrou sua orelha e 

mordeu o lóbulo até que ela quis gritar. E quando ele empurrou seus quadris para 

ela, esfregando-se para frente e para trás, uma luz branca surgiu por trás de seus 

olhos. 

O prazer foi rápido, elétrico e nem de perto suficiente. Ela não percebeu até 

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momentos depois que ambos ainda estavam vestidos, ele com sua boxer e ela 

de roupa íntima. Ele pressionou para frente outra vez, retirando-se, zombando de 

ambos, imitando o que, em um momento, faria com sua pele nua. 

— Theron — disse ela com voz rouca. 

Os lábios dele deslizaram para sua nuca. Arrastando-se mais para baixo. Ele 

desceu a mão por suas costas enquanto se esfregava novamente contra ela. 

Ambas as mãos encontraram as laterais de sua roupa íntima enquanto seus lábios 

beijavam a base de sua coluna. Ele levantou ligeiramente a cabeça e baixou a 

borda. 

— OH, sim — Casey arqueou as costas e fechou os olhos. 

Estava tão envolvida no momento que não percebeu que Theron se moveu 

atrás dela até que ela empurrou para trás e só encontrou o ar. 

Ela se virou um pouco para encontrá-lo olhando para sua pele com os olhos 

arregalados. 

— O que aconteceu? 

Seu dedo roçou o canto inferior esquerdo das costas, exatamente em cima 

da nádega. 

— Esta marca. É uma tatuagem? 

Ela sabia o que ele estava vendo. E não era a primeira pessoa a comentar 

isso. 

Ela riu entre dentes. 

— Tenho muito medo das agulhas para fazer uma tatuagem. 

Quando ele não respondeu, apenas continuou olhando fixamente para sua 

pele, a apreensão penetrou em seu peito. 

— Nasci com ela. É apenas uma marca de nascença. 

Seus olhos subiram até os dela. Embora ele tivesse retirado a mão, o calor 

irradiava de seus dedos onde gravitaram sobre sua pele. 

— Isto não parece uma marca de nascimento. Fale-me sobre seus pais. 

Ele queria falar? Sobre seus pais? Agora? 

A apreensão se transformou em cautela, e a pele perto de sua marca de 

nascimento começou a zumbir. Ela se levantou do sofá e se virou lentamente, 

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deslizando sobre as almofadas até sentar-se e sua marca ficou fora de vista. 

Ele estava com mandíbula cerrada, às sobrancelhas franzidas até formar 

uma ruga profunda na testa. Um olhar confirmou o que ela já suspeitava. Que 

aquela ereção divina que ele pressionou contra ela momentos antes tinha 

sumido. 

Sua pele se arrepiou, e uma onda de insegurança, por sua nudez, 

apoderou-se dela. Ela alcançou o suéter, que estava pendurado no braço do 

sofá. 

— Meus… pais? 

— Sua mãe e pai. Onde estão? 

A inquietação deu um nó em seu estômago. Enfiou o pulôver pela cabeça 

e, no momento que escondeu os seios, descobriu que ele tinha voltado a vestir os 

jeans, olhando-a com uma expressão tão intensa que ela não pôde defini-la. 

Era aquilo o que ela tinha querido evitar, certo. Aquele constrangimento. As 

coisas tinham ido muito longe, e agora ele lamentava. Ou só tinha mudado de 

opinião? Ele estava em cima dela… 

— Casey — disse ele bruscamente —, concentre-se. Sua mãe e seu pai. 

Ela sacudiu a cabeça com força, sem saber por que seu cérebro parecia 

tão confuso. 

— Minha mãe morreu pouco depois que eu nasci. Meu pai… nunca o 

conheci. Eles tiveram um romance breve quando minha mãe foi estudar na 

Europa. Ela voltou para casa depois de que descobriu que estava grávida. Eu… 

eu nunca a conheci — olhou para cima. — Por que quer saber disso agora? 

Ele ignorou a pergunta. 

— Quem a criou? 

— Minha avó. Esta é sua casa. Era — ela retificou enquanto olhava ao redor 

da sala e uma sensação de mal-estar se instalou em seu estômago. Ela na 

realidade podia escutar a voz de desaprovação de sua Gigia na cabeça pelo 

que quase tinha feito. —Ela morreu há alguns meses. Câncer. 

Ele cerrou a mandíbula enquanto a estudava com os olhos entrecerrados. 

Continuando, pronunciou uma palavra. 

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— Skata. 

Ela sabia grego o suficiente para reconhecer alguns palavrões. E naquele 

momento, Casey recordou que ele era um completo desconhecido. Não sabia 

nada sobre ele além de seu nome. Por que ela o ajudou? O que tinha 

acontecido realmente com ele? E, o que estava fazendo realmente em sua casa 

agora? 

Ela se levantou lentamente do sofá quando as perguntas produziram um 

som metálico em seu cérebro novamente. As que de algum jeito — e tolamente 

— tinha deixado de lado antes. 

— O que está acontecendo aqui? Por que o súbito interesse em minha 

árvore genealógica? E quem é? 

Sua expressão se suavizou. Apenas um pouquinho. Só o bastante para que 

aqueles olhos negros como o pecado absorvessem sua atenção. 

Ou talvez só tivesse imaginado que o fizeram. Mas por um momento, por 

uma fração de segundo, foi o sensual quase amante que tinha beijado e 

acariciado descontroladamente só alguns minutos antes. 

— Ninguém — ele sussurrou, enquanto a puxava pela mão. — Ninguém 

importante — ele envolveu seus dedos ao redor de seu pulso e apertou sua pele 

muito levemente, exatamente em cima da veia, e embora soubesse que não 

podia ser, pensou ter ouvido uma nota de pesar em sua voz. — Ninguém a quem 

recordar. Agora feche os olhos, meli. 

E dirigindo-se como um cordeiro ao matadouro, ela o fez. 

CAPÍTULO 7 

Isadora alisou os lençóis sobre suas pernas e fixou um sorriso tão falso quanto à 

zircônia cúbica pela qual algumas mulheres humanas se apaixonavam enquanto 

olhava para a médica pessoal de seu pai. 

A ruga entre as sobrancelhas perfeitas de Callia não era um bom sinal. 

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Tiamat World 



Não que Isadora precisasse da confirmação da maior curadora da raça. 

Estava ficando mais fraca a cada dia. Sabia em sua cabeça, sentia isso em seus 

ossos. Simplesmente não sabia por quê. 

Callia substituiu os aparelhos em sua bolsa com tranquila cautela. 

— Não há lesões visíveis. Seus sinais vitais são fortes. Qualquer vírus que tenha 

encontrado no mundo humano não deveria estar afetando você desta maneira. 

Há algo que não está me contando? 

Agora, aquela era a pergunta. Como em nome de Hades a responderia? 

Isadora retorceu as mãos em seu colo para dar-se tempo para pensar em 

uma resposta, afastou os longos cabelos por cima do ombro e desejou uma 

tesoura para poder cortar a massa pesada. Embora a tradição proibisse isso. As 

fêmeas da família real se mantinham intactas até o casamento. Em todos os 

sentidos da palavra. 

E não era apenas isso um pontapé na bunda? Para não mencionar, uma 

das muitas coisas que pensava em mudar na monarquia, assim que fosse rainha. 

Quer dizer, Se vivesse o suficiente para assumir a coroa. 

— É claro que não. — disse ante o olhar impiedoso de Callia. — Eu já lhe 

disse tudo. 

A expressão de Callia permaneceu estoica. Seus olhos violeta claro se 

entrecerraram. Era evidente que sabia que Isadora estava mentindo, mas a 

curadora não estava disposta a desafiá-la. 

Pelo menos ainda não. 

Um ponto na coluna das vantagens. 

O único problema foi que não fez muito para elevar o estado de ânimo de 

Isadora. Era uma tolice sentir-se inferior, considerando que estava destinada a ter 

mais poder que qualquer outro Argolean, mas naquele momento, diante 

daquela gynaíka, Isadora se sentia como uma bolinha no chão debaixo de uma 

bota suja. Como curadora, Callia tinha poderes com os quais a maioria dos 

Argoleans apenas sonhava, e o pai de Isadora adorava falar maravilhas do 

cérebro de Callia sob sua surpreendente beleza. Até o ponto que Isadora, 

frequentemente, pensava que ele tinha Callia como à única filha que o destino 

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Tiamat World 



havia lhe roubado. 

A maior decepção de seu pai era que, em quase setecentos anos de vida, 

sua única herdeira fosse uma mulher. Mulher e fraca. 

Callia finalmente desviou os olhos baixando-os e terminou de reunir suas 

coisas. Seus logos cabelos castanho avermelhado caiam por suas costas 

enquanto ela se movia. Vestia uma calca fina sob medida e uma jaqueta azul 

justa parecendo elegante e atrevida. Como a maioria dos Argoleans era ao 

menos meio humana, e fascinada pela cultura humana como toda sua 

vestimenta e maneiras frequentemente imitavam os do mundo humano. A 

exceção era a família real, e Isadora, em particular. Protegida. Enclausurada. 

Proibida de cruzar o portal, ou mesmo olhar através dele para o outro lado. Tudo 

em nome da tradição e para defender o que se criou há mais de três mil anos. 

Callia representava tudo o que Isadora queria ser. Ela era realizada 

profissionalmente e com sex-appeal suficiente carregando o ar ao seu redor para 

iluminar uma cidade inteira. E uma confiança perfeita. Outra razão — entre 

muitas — por isso Isadora não gostava dela. 

— Voltarei para a clínica e investigarei os sintomas de forma mais profunda. 

— Callia levantou a bolsa do lado da cama de Isadora. — Depois falarei com seu 

pai. 

— Não é necessário aborrecê-lo com minha situação. — disse Isadora 

rapidamente. 

— Ele continua sendo o rei. E tenho a enorme suspeita que a saúde de sua 

herdeira seja uma monumental preocupação para ele. 

Correto. Sua herdeira. Não sua filha. Não porque se importasse com ela nem 

nada. 

Isadora não se incomodou em responder. De qualquer forma, o que podia 

dizer? 

Callia saiu da suíte do quarto com tanta graça quanto tinha entrado. De 

fora das portas duplas de carvalho, um trio de vozes murmurando flutuou pelo 

quarto. Callia, a criada de Isadora, Saphira, e o inconfundível som de uma voz 

masculina. 

73

Tiamat World 



Isadora ficou tensa. 

Durante dois dias ficou se perguntando o que tinha acontecido com Theron. 

Recordou-se que ele entrou no clube humano de strip-tease procurando-a e a 

levou para fora. Mas depois, tudo era um borrão. Acordou no castelo. Naquela 

mesma cama monstruosa com dossel onde poderiam dormir confortavelmente 

seis pessoas e que ameaçava engoli-la inteira todos os dias de sua patética vida 

debaixo do pesado cobertor de brocado que ela odiava com a luz matutina do 

Tiyrns — uma cidade que só via de seu terraço — brilhando nas janelas da 

catedral, através de seu quarto. 

Ninguém tinha notícias dele. Quando ela investigou, a enfermeira de seu pai 

lhe disse simplesmente que o rei tinha enviado uma mensagem para Isadora 

insinuando que Theron estava tratando de um assunto dos Argonautas. 

O que significava que não era assunto que lhe concernisse. 

Mas Isadora sabia que não era verdade. Theron tinha ido procurá-la porque 

tinha fugido. E algo tinha acontecido com ele. 

O som de passos pesados cruzando a sala de estar atrás de sua porta, 

seguido pelas forte batidas de nódulos de dedos contra a madeira e a voz tensa 

de Saphira, insistindo para que visita saísse e deixasse a princesa dormir. 

Isadora engoliu em seco e se cobriu com o cobertor até o peito. Odiava 

sentir-se fraca e tímida na frente dos Argonautas, especialmente diante de 

Theron, porque era tão grande e forte… e robusto. Odiava, mais ainda, estar 

presa naquela maldita cama e parecendo com a frágil criatura que realmente 

estava dentro. 

— S…Sim? — Conseguiu dizer no que mesmo ela soube ser uma voz 

patética. 

Grande e dominante presença para que a futura Rainha de Argolea 

ofereça a seus leais súditos, ISA. 

Limpou a garganta. 

— Minha senhora — disse Saphira do outro cômodo. — O Argonauta 

Demetrius está aqui para vê-la. Irá recebê-lo? 

Demetrius? Ali? Agora? 

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Tiamat World 



De todos os Argonautas, Demetrius era o que mais a odiava, mais do que 

todos os Argonautas juntos, embora ela não soubesse por que. E isso era dizer 

muito, levando em conta que os Argonautas tinham uma verdadeira parte sobre 

os ombros de tudo relacionado com a política. Todos eles, exceto Theron. Ele era 

o único que nunca parecia aborrecido por ter que pisar no chão real quando era 

convocado. 

— Minha senhora? 

Os cabelos da nuca de Isadora se arrepiaram ao pensar em Theron de 

novo. O que acontecia se Demetrius tivesse vindo ali para transmitir más notícias? 

OH, deuses. Isto não podia ser bom. 

— E… entre. 

As duas pesadas portas se abriram como se não pesassem nada. E o 

guardião que passou através da abertura era tão alarmante quanto o choque 

da madeira batendo na parede. 

Demetrius era o maior dos Argonautas, um pouco mais de metro oitenta e 

cinco de altura e aproximadamente cento e trinta quilos de puro aço. Suas 

feições pareciam esculpidas em mármore — mandíbula quadrada, nariz reto, 

uma interessante covinha no queixo e profundos olhos café. Cabelos curtos e 

pretos emolduravam seu rosto e o corpo sob o, sobretudo de couro preto e calça 

justa presta, era tão impenetrável quanto qualquer torreão do castelo. Assim 

como o eram seus pensamentos. Tinha um ar de ”não brinque comigo” que 

invadia cada cômodo em que entrava, e Isadora nunca o tinha visto sorrir. 

Às vezes se perguntava se até mesmo poderia. 

— Sua Alteza, — disse Saphira com voz desesperada — peço desculpas. Ele 

não mudou de opinião. Disse a ele que não estava bem o bastante para receber 

visitas hoje. Mas ele… 

— Tudo bem, Saphira — Isadora se empurrou mais alto nos travesseiros. — Eu 

o verei. 

Não recue. Não pareça fraca. Mantenha-se firme. 

Ou ataque duramente, conforme seja o caso. 

Demetrius não fez uma reverência, nem inclinou a cabeça, nem 

75

Tiamat World 



reconheceu a herdeira do trono de nenhuma forma, não que Isadora esperasse 

isso. Os Argonautas eram, coletivamente, as ovelhas negras da raça. E Demetrius, 

até mesmo a mais negra. 

Embora tivessem sido escolhidos por Zeus e nomeados como protetores da 

raça quando se estabeleceu há mais de três mil anos, poucos no reino de hoje 

compreendiam ou aprovavam seu papel. Viam os Argonautas como guerreiros 

violentos com muito poder dado pelo rei. Sujeitos renegados que passavam a 

maior parte de seu tempo no mundo humano caçando daemons, que na 

realidade não eram realmente uma ameaça para sua sociedade. 

Verdade seja dita, até a semana passada, Isadora temia os Argonautas 

como todos os outros. Ela os considera rebeldes perigosos que se deleitavam com 

o seu poder e viviam para o assassinato. Nos últimos tempos, Havia até mesmo 

concordado com a campanha propagandística anti-Argonauta do Conselho, 

que divulgava que desde que o portal estivesse protegido, Argolea estaria segura 

e os Argonautas não seriam necessários. Aqueles que solicitavam permissão ao 

Conselho para atravessar para o mundo humano para satisfazer sua curiosidade 

o faziam sob seus próprios riscos. Portanto, qual era a grande ameaça? 

Mas então Isadora encontrou as cartas de seu pai. E percebeu porque os 

Argonautas eram tão importantes. E tão perigosos. Nesse momento, descobriu 

toda a verdade. 

— A que devo este inesperado encontro, Argonauta? — Tentou enviar um ar 

de autoridade da cama real, mas sabia que tinha feito o trabalho pela metade. 

Não estava em condições, físicas ou mentais, para impor nem sequer um 

pingo de autoridade. 

Um resmungo curvou um lado da boca de Demetrius. 

— Ninguém ouviu falar de Theron desde que ele foi procurá-la há seis dias. 

Sei que pensa que suas próprias e estúpidas razões para ir ao reino dos humanos 

eram justificadas, mas eu não concordo Alteza. 

Sua última palavra foi dita com tal repugnância, que bem poderia ter lhe 

dado um murro no estômago. O efeito teria sido o mesmo. Ela tinha pensado que 

tinha alguma autoridade sobre ele? 

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Tiamat World 



Pense outra vez. 

— Por você, — continuou ele — é possível que tenhamos perdido um dos 

nossos. Quero saber exatamente onde foi e o que viu. 

Ela ainda estava chocada com sua falta de traquejo social, mas uma coisa 

ficou bem claro para ela: Um indício de satisfação em sua voz. 

Por um momento horrível, perguntou-se se Demetrius queria que Theron 

morresse. 

Mas aquilo era ridículo, não é mesmo? Eram companheiros, nascidos da 

mesma classe guardiã. 

Ela enrijeceu a coluna. 

— Seria sábio vigiar sua língua, Argonauta. 

O olhar que ele lhe deu a gelou até os ossos, mesmo assim, levantou o 

queixo, endireitou os ombros e se recordou que era da realeza. Não era prudente 

testar um Argonauta, especialmente a um aborrecido com razão, mas em algum 

momento tinha que parar de ser a fracazinha que todo mundo esperava que 

fosse e se defender. Se, que os deuses não permitam algo tivesse acontecido 

com Theron no reino humano, então assim que seu pai falecesse, ficaria sozinha. E 

dirigir aquele grupo de gentinha competiria a ela. 

Que os deuses a ajudassem. 

— Você não é minha rainha — resmungou ele, seu olhar vagando sobre ela 

como se pudesse ver através dos lençóis e da camisola em seu caminho até sua 

carne nua. E o desprezo ali incutido lhe disse que ele não estava impressionado. 

— Ainda não, de qualquer forma, e provavelmente não será pelo aspecto das 

coisas por aqui. Eu respondo apenas ante o rei. E ante meus congêneres. Você, 

princesa, seria prudente se tivesse cuidado com a língua comigo. 

Isadora se negou a engolir em seco ou a demonstrar nem um grama de 

intimidação. Theron a assustava às vezes, mas sabia que ele nunca faria nada 

para machucá-la. Os outros — especialmente Demetrius — era uma história 

completamente diferente. 

— Disse ao servo que seus companheiros enviaram ontem tudo o que sabia 

— disse com uma voz que esperava por Hades não tremesse. — Quando deixei 

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Tiamat World 



Theron, ele estava bem. Está perguntando a pessoa errada. 

Ele deu um passo para mais perto da cama, entrecerrando os olhos sobre 

seu rosto como uma cobra pronta para atacar. 

— OH, acredito que não, Alteza. 

Isadora ficou rígida. 

— Não fugiu de minha atenção que você ainda não declarou o que era 

tão malditamente importante no mundo humano, em primeiro lugar. Se Theron 

tiver morrido por sua causa, meus companheiros saberão o que está 

escondendo. E realeza ou não, nos vingaremos. 

Ele o faria. Isso era certeza. Mas não por sua dor por Theron. 

Não, Demetrius procuraria vingança pelo simples prazer de fazer isso e a 

promessa de uma matança. 

Ele se sobressaía em altura acima dela, aos pés da cama. Estava claro para 

ambos que poderia fazer o que quisesse com ela antes que alguém pudesse 

ouvi-la gritar. 

Ela fechou a boca com força. 

Os segundos se tornaram eternos entre eles, um olhar implícito para baixo 

que a deixou tão fria quanto imaginou que devia estar seu sangue bombeando 

em suas veias. Finalmente, ela reuniu sua coragem e tirou as pernas pelo lado do 

colchão. 

Apesar de precisar até da última grama de força que tinha, lentamente 

ficou de pé. Mesmo estando de pé, ele ainda era quase quarenta e cinco 

centímetros mais alto que ela, mas ela se negou a mostrar um mínimo de 

fraqueza. A túnica vermelha que vestia se abriu, revelando a camisola branca 

por baixo, mas seus olhos não se desviaram para baixo. Para ele, ela não era 

nada. 

— Por duas vezes você me desafiou, Argonauta. Não haverá uma terceira. 

Tem permissão para sair. 

— Princesa, — ele zombou— está tremendo. 

Ele se aproximou tanto, que ela teve que esticar o pescoço para olhá-lo, e 

ainda não se tocavam. Um sorriso malévolo e conhecedor cruzaram seus lábios. 

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Um que realmente a fez querer retroceder. 

Ela lutou contra o impulso. 

— Diga-me, princesa. Você tem medo de mim? 

O suor escorria por sua pele e se reunia na base de sua coluna. 

— Não tenho medo de você. 

Ele se inclinou para que seus lábios estivessem a um sopro de sua orelha. E 

por um momento, ela quis que ele a tocasse. Apenas uma vez. Assim poderia ter 

a conexão e ver em seu futuro e o que ele havia planejado, como ela era capaz 

de fazer tão frequentemente no passado. 

O único problema era que não tinha certeza que seus poderes 

funcionassem daquela vez. 

— Deveria — ele sussurrou em um tom frio. — Faria bem em ter muito medo. 

— Demetrius. Basta. 

Ambos se viraram ante a ordem rude e olharam para a porta. Theron estava 

dentro do quarto, tão sombrio, ameaçador e perigoso quanto o comandante 

que era. 

O alívio se estendeu pelo corpo frágil de Isadora. Ela apoiou uma mão sobre 

o colchão para não cair quando Demetrius se afastou. Um rápido olhar confirmou 

suas suspeitas. O desprezo se insinuou através das feições de Demetrius antes que 

ele o camuflasse rapidamente com indiferença. 

Os companheiros trocaram palavras tranquilas na porta de onde Isadora 

não podia ouvir. Demetrius deu um último olhar fulminante para ela antes de sair 

com passos decididos do quarto. 

Toda sua energia se esgotou. Ela queria cambalear de volta a cama que 

detestava, mas odiava ainda mais mostrar fraqueza. 

Theron caminhou para a cama como se fosse o dono do quarto, aquelas 

botas maciças e pesadas batendo contra o chão de ladrilhos, o som ressoando 

em sua cabeça. E por um momento ficou surpresar com o jeans que ele usava — 

algo que nunca o tinha visto usar antes, — mas depois voltou a olhar para seu 

rosto, vendo ali as linhas duras e desaprovadoras, e seu interesse por sua roupa 

desapareceu. 

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— Está pálida novamente, Isadora. 

Sua voz era direta e firme. Não a voz de um noivo preocupado, e sim a de 

um general, no comando de suas tropas. Sem querer, ela recuou até que suas 

pernas bateram no colchão. 

Bons deuses, aquele era o ándras que logo seria seu marido. Não havia 

nenhuma razão para que tivesse medo dele. Ela tinha acabado de se lembrar 

que seu pai poderia ter escolhido qualquer outro Argonauta, que a desgostasse 

mais — e todos eles teriam sido dez vezes pior que Theron. Então por que o 

pensamento a aterrorizava de repente? 

Pare de olhá-lo como se ele fosse um leproso e se anime. 

Ela respirou fundo para acalmar-se e reforçar sua coragem. A situação a 

repugnava, embora devesse tirar o melhor partido. Pelo bem de ambos. 

— Seus companheiros estavam preocupados. Acredito que temiam que 

algo tivesse acontecido a você. 

— Demetrius a machucou? 

Seu corpo grande parecia absorver todo o ar ao seu redor enquanto ele se 

aproximava. Ela esticou o pescoço para olhar o rosto dele e foi golpeada pelas 

linhas ásperas e feições hostis. 

— Céus, não. Por que pensou isso? 

— Porque ele parece estar prestes a esfregar o chão com esse vestido que 

você está usando. 

— Vestido? Eu… 

Ele a pegou nos braços levantando-a antes que o protesto chegasse aos 

seus lábios, então a colocou sobre a cama abandonada por Deus. 

— Por Hades, Isadora. Não parece estar melhor do que na última vez que a 

vi. 

Seu toque era quente contra sua roupa. Quente, e se foi tão depressa que 

ela mal teve tempo de registrar a sensação. Ele puxou os grossos e opressivos 

cobertores sobre ela novamente e os subiu até o queixo. 

Imediatamente, ela os empurrou até sua cintura. Que cheiro era aquele? Ela 

respirou fundo. Lavanda. Ele tinha sido ferido? 

80

Tiamat World 



Rapidamente deixou a questão de lado, já que não tinha importância. 

Estava ali, e estava são, e nunca tinham gostado das mulheres que se 

preocupavam com ele. 

— Theron, estou bem. 

Se ele a escutou, não respondeu. Em vez disso, caminhou dando longas 

passadas cruzando o quarto, sacudiu a porta para abri-la e gritou ordens para 

Saphira na sala de estar. Isadora ouviu a horrorizada resposta de Saphira, depois 

os passos da gynaíka dispersando-se na distância. 

Ele fechou a porta e se dirigiu novamente para ela, seus cabelos escuros 

balançando-se enquanto se movia. Foi até o extremo da cama e parou. 

— Diga-me o que estava fazendo naquele clube. 

OH, por Hades. Tinha esperado realmente que ele deixasse passar isso? 

Deuses, Esteve enganando a si mesma. 

— Eu… eu tinha curiosidade. 

— Não minta para mim, Isadora. Não sou Demetrius, nem seu pai nem sua 

humilde serva. 

— Camareira. 

— Semântica — cerrou a mandíbula. — Não disse a ninguém onde estava, 

mas como seu futuro esposo, acho que tenho o direito de saber sobre as 

tendências de quem em breve será minha esposa. Como conseguiu passar por 

meus guardas para o mundo dos humanos? E por que foi lá, especificamente? 

OH, rapaz. Isadora franziu os lábios, baixando os olhos para os pesados 

cobertores. Não podia falar de Orfeu e como a tinha ajudado para ele. Isso só 

causaria muitos problemas. Mas podia contar o resto a ele? A indecisão lutava 

em seu interior. Ele já tinha conhecimento sobre os mestiços? Sobre seu pai? 

Sobre a razão de seu pai e todos os reis antes dele continuarem enviando os 

Argonautas para o mundo dos humanos em meio à crescente desaprovação da 

raça? 

Não tinha certeza. E não era o momento de dizer isso a ele. Ainda não. Não 

até que seu pai tivesse morrido e ela governasse Argolea. 

Caso ela governasse Argolea. 

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— Tinha curiosidade, Theron — quando ele bufou de exasperação, ela 

acrescentou rapidamente. — Depois que meu pai anunciou nosso… 

compromisso… eu fiquei nervosa. Conhece as regras da aristocracia. Sabe que 

estou… intacta — embora se envergonhasse de admitir sua virgindade ante ele, 

sabia que ele suspeitava disso, e de qualquer forma, teria descoberto a verdade 

assim que se casassem, assim enterrou a vergonha e seguiu adiante. — Ouvi falar 

sobre os clubes de pele humanos como aquele. Fui ver o que toda gynaíka no 

reino provavelmente já sabe. Não quis desagradar você com minha 

inexperiência. 

Não era exatamente uma mentira. Ao menos não completamente. Ela 

simplesmente optou por omitir o fato de que a ideia de fazer sexo com ele a 

assustava até a morte. 

Prendeu a respiração e esperou a resposta, mas ele só a olhou com olhos 

insondáveis. Justo quando tinha certeza que ela não ia dizer nada, ele deixou 

escapar um longo suspiro de frustração. 

— Isadora, não pode me desagradar. Em todo caso, sou eu quem não tem 

experiência. Esta realeza, protocolo, procedimento, skata, não sei como chamar 

isso. Todo isso está além de minha compreensão. Sei que esta situação não é o 

que qualquer um de nós esperava, mas é nossa responsabilidade fazer que de 

certo. 

Suas palavras deveriam confortá-la. Embora fossem ditas naquele tom de 

voz duro e dominante que ele sempre usava com ela. O que a fez pensar que ele 

estava lhe ordenando que se acalmasse. 

Esse caminho não surtia efeito sobre ela. 

O ressentimento se formava em suas veias enquanto o observava — aqueles 

olhos escuros, barba incipiente no queixo, cabelos negros caindo ao redor do 

rosto. Supôs que para outra gynaíka seria atraente. Para ela não era algo que 

quisesse. 

E olhando mais de perto, viu o mesmo refletido nele. 

Ele não queria comprometer-se com ela mais do que ela queria ser 

amarrada. Ele estava renunciando tanto quanto ela. Mais, talvez. 

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Ela respirou fundo e se recostou contra os travesseiros, de repente mais 

cansada do jamais se lembrava de ter estado. 

— Precisa descansar Isadora. Tenho assuntos que resolver com os 

Argonautas, mas estarei de volta para a cerimônia de união dentro de alguns 

dias. Se precisar de mim nesse período de tempo, sabe como entrar em contato 

comigo. 

Isadora assentiu com a cabeça. Através de seu criado, Lerna, em sua casa 

nos bosques fora de Tiyrns. Ela nunca a tinha visto, mas a imaginava 

frequentemente — teto alto, paredes de vidro, tão maciças e grandes quanto 

ele. Ele a levaria para lá depois que se casassem? Ela queria ir? 

Provavelmente não e não. Náuseas se reuniram em seu estômago quando 

enfrentou a sombria realidade, em questão de dias estariam casados. Unidos. 

Permanentemente. Aquela parte de sua alma que nunca tinha ficado 

confortável presa queria ser posta em liberdade. 

— Boa noite, Isadora. 

Ela não tinha palavras para oferecer em resposta. 

Como se soubesse, ele assentiu com a cabeça e desapareceu. 

Só e esgotada, Isadora deslizou nos travesseiros e ficou olhando para o teto 

abobadado com vigas de madeira intrincadas. Ela tentou limpar sua mente de 

tudo para assim poder dormir, mas um pensamento se mantinha golpeando sua 

mente. 

Acácia. 

Se ao menos houvesse uma maneira… 

Theron voltou para a base da grandiosa escadaria e se dirigiu a suíte do rei 

no quarto andar do castelo. Enormes colunas gregas ladeavam o sólido corredor. 

Os móveis luxuosos, espelhos dourados, estátuas e flores frescas sobre pedestais e 

mesas de mármore enchiam o espaço ao seu redor enquanto ele caminhava. A 

riqueza gotejava de cada bugiganga, das cortinas de veludo nas enormes 

janelas ao pó de ouro das portas que ele passava ao longo do caminho. 

O lugar definitivamente não era seu estilo, com os ombros tensos a cada 

passo que dava. Como o rei ou Isadora podia suportar isso? Como infernos 

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conseguiam viver naquele mausoléu? Ele mal podia caminhar pelo corredor sem 

sentir a necessidade urgente de correr para a liberdade. 

Assim, quando chegou ao final do corredor, a porta do rei se abriu e Callia 

saiu recolhendo sua bolsa de curadora. Ele esperou que ela se virasse e o visse 

antes de falar. 

— Callia. 

— Theron — ela jogou os cabelos sobre o ombro e o olhou. — Vejo que os 

rumores eram verdadeiros. Sinto o cheiro de lavanda. Há algo que você queira 

que eu olhe? 

Sempre a mesma Callia. Direta ao ponto. 

— Não. — disse ele — Estou bastante bem. 

Graças a Casey. 

Afastou rapidamente os pensamentos da humana de sua mente. 

— Fale-me de Isadora. Sua saúde me preocupa. 

Callia lançou um rápido olhar por cima do ombro para a porta do rei, 

depois fez um sinal para que Theron se unisse a ela no corredor, fora do alcance 

do ouvido. 

— Sim — disse ela quando chegaram às incríveis janelas olhando do alto 

para o pátio de pedra lá em baixo. — Theron, não tenho certeza de como dizer 

isso a você, mas não há outra maneira de dizê-lo. Isadora está morrendo. 

Suas palavras deveriam ter produzido uma reação, mas tudo o que Theron 

sentiu foi… nada. 

Não, isso não era totalmente verdade. Uma pequena parte dele se sentiu 

aliviada. E aquela emoção o zangou mais que o sofrimento que ele sabia que 

deveria estar sentindo. 

— Tem certeza disso? — Perguntou. —. Como? Ela parece… 

— Consultei todos os livros que tenho, procurando algo, qualquer coisa, que 

fosse remotamente similar. Nenhum dos métodos tradicionais de cura funcionou. 

Algo está se deteriorando dentro dela, só que não posso imaginar o quê. É 

como… 

— O quê? 

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Ela franziu o cenho. 

— Você pensará que estou louca. 

— Nada pode ser mais louco que saber que nosso reino está prestes a 

perder tanto seu rei quanto sua sucessora. Não se refreie por mim, Callia. O quê? 

Ela deixou escapar um suspiro. 

— É quase como se estivesse perdendo a parte de si mesma que é 

intrinsecamente Argolean. Seu sistema imunológico, que normalmente era forte, é 

o mais fraco que já vi. É quase como se sua metade humana estivesse 

absorvendo-a. 

Theron olhou ao redor da sala elegante, mas não viu ninguém. 

— Contou isso a alguém? 

— Não. Você foi o único. Mencionei que ela está com a saúde debilitada 

para o rei, mas não quero lhe dar mais estresse do que o necessário. Ele não a viu 

desde que voltou para o reino. Temo que a situação possa empurrá-lo para o 

abismo. 

Theron percorreu com os olhos a janela da catedral e a vista de Tiyrns na 

colina mais embaixo. Um pássaro sobrevoou o parapeito, lançando-se em um 

mergulho e aterrissando na borda da fonte. Ele seguiu o bater de suas enquanto 

a linha de tempo que esteve fazendo tique taque em sua mente se precipitou 

para a velocidade da luz. Tinha passado horas preciosas com Casey, quando era 

necessário ali. 

— Quanto tempo? — Perguntou ele. — Quanto tempo acha que resta? 

— Não tenho certeza — disse Callia em voz baixa ao seu lado. — Podem ser 

dias. Semanas. Talvez mais. Mas uma coisa é certa Theron. Ela não está forte o 

suficiente para gerar um herdeiro. Uma gravidez selaria sua sentença de morte. 

Não, ele tinha se equivocado. Sentiu algo sim. Um forte sentimento de dor 

pela perda iminente de Isadora. E uma dor mesquinha e abrasadora no fundo de 

seu coração por sua raça. Isso mudava tudo. 

Seus olhos se fixaram em Callia. 

— Isto não pode ir mais longe. O Conselho não pode ser informado. 

— Você foi o único. Como seu futuro companheiro, é sua responsabilidade 

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informar o Conselho de Anciões, quando achar que é melhor. 

Ele assentiu com a cabeça, embora fosse um direito que particularmente 

não estava desejando. Ele era um guerreiro, um soldado que comandava um 

grupo de guardiões de elite contra aqueles que destruiriam seu mundo se 

pudessem. Importava-se muito pouco com a política, o estado e as brigas do 

Conselho. Se Isadora morresse sem gerar um herdeiro — mesmo que ele estivesse 

casado com ela, o Conselho nunca permitiria que ele se tornasse rei. E a direção 

dos Argonautas mudaria para sempre. 

Ele olhou para a porta do quarto do rei. 

— Tente não ficar mais tempo que o necessário — disse Callia. — Ele está 

fraco. Se tiver alguma outra pergunta sobre a princesa, vá me procurar. 

Callia se afastou, deixando-o sozinho na enorme ante sala deserta. Quando 

ela desapareceu de vista, ele passou uma mão pelo rosto, e pensou brevemente 

em Casey. Permanecer com ela teria sido muito mais prazeroso e agradável que 

voltar para tudo aquilo. 

A enfermeira do rei levantou-se de trás de uma grande escrivaninha quando 

ele entrou na sala de estar externa. Theron esperou enquanto ela verificava para 

ver se o rei estava erguido para um visitante. 

Quando retornou, seus lábios estavam cansados em um gesto de 

desaprovação e as linhas de pele entre seus olhos franzidas. Era um gesto que 

tinha visto frequentemente nela durante as últimas semanas. Não que se 

importasse. 

— Não demore muito — disse ela. — Ele precisa descansar. 

Ele bateu na porta do quarto e esperou. E disse a si mesmo que de algum 

jeito encontraria uma forma de salvar Isadora. Era seu dever, não só como líder 

dos Argonautas, mas como seu futuro esposo. 

— Entre, filho — disse uma voz fraca chamando-o do outro lado da porta. — 

Estava esperando você. 

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CAPÍTULO 8 

De sua cadeira junto à janela, o rei Leônidas fez um gesto para que Theron 

se unisse a ele com uma mão fraca e ossuda. 

— Vamos, vamos. Sente-se. 

O ándras ancião tinha perdido peso desde que Theron o viu há apenas uma 

semana. Seu pijama xadrez vermelho e o robe de seda azul penduravam de seus 

ombros magros. Os cabelos cada vez mais grisalhos capturavam a luz do sol que 

brilhava através das janelas altas. Linhas que Theron não tinha visto antes 

vincavam profundamente o rosto abatido do rei. 

Como os Argoleans só começavam a envelhecer durante os últimos vinte e 

cinco anos de sua vida, as mudanças em Leônidas se amplificavam mais a cada 

dia. Era de esperar, então, que cada ruga e osso proeminente parecessem uma 

cruel sentença de morte para tal sábio e tempestuoso varão, e não pela primeira 

vez, Theron amaldiçoou os deuses que lhes deram todos aqueles poderes 

incríveis, embora limitando sua existência como simples mortais. 

— Estava esperando por você, meu filho — Leônidas inclinou a cabeça 

fracamente para as portas duplas que Theron tinha fechado atrás dele. — A 

velha bruxa com o termômetro poderia governar os Argonautas com punho de 

ferro e fazer o próprio Zeus correr na terra se quisesse. Não demonstre medo, 

moço. Ela sente o cheiro da fraqueza — Uma faísca travessa iluminou seus olhos 

quando olhou para a jaqueta de Theron. — Trouxe-me um presente? 

Theron colocou a mão sob seu casaco. O rei tinha algumas fraquezas, entre 

elas sua conhecida inclinação pelo uísque irlandês. Todas as vezes que Theron 

entrava no mundo dos humanos, trazia uma garrafa para casa só para o rei. 

Era uma das coisas que Theron sempre gostou em Leônidas, sua paixão pela 

vida, que diferente dos outros Argoleans era como raça, mais reservado. 

Suspeitava que o rei tivesse desenvolvido aqueles desejos durante a estadia que 

passou secretamente entre os humanos, embora o ándras ancião nunca falasse 

daqueles dias, e Theron não se incomodou de perguntar a ele. 

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Tiamat World 



Theron tirou a garrafa do bolso interno de sua jaqueta de couro e a 

entregou ao rei. 

— Se ela encontrar este contrabando terei que delatá-lo. 

O rei pegou a garrafa como um homem sedento em um deserto poeirento. 

— Maricas. 

A gíria humana levou um sorriso aos lábios de Theron quando pôs uma 

cadeira em frente de Leônidas. 

O rei quebrou o lacre e tomou um longo gole de Jameson 21 , e depois deixou 

escapar um suspiro de satisfação. 

— Os malditos irlandeses fizeram algo bom. Se você tivesse a metade da 

inteligência que Zeus diz, teria comprado uma garrafa desta magia para você 

quando esteve lá — Seus olhos violetas se entrecerraram com um inesperado 

conhecimento. — Mas não o fez, não é mesmo? 

— Não. 

O rei tomou outro longo trago e se recostou em seu assento. Embora o 

corpo de Leônidas tivesse decidido depois de seiscentos e oitenta e quatro anos 

que já tinha chegado sua hora, sua mente ainda era tão afiada quanto uma 

faca. E a luz de astúcia brilhando em seus olhos confirmava exatamente o que 

Theron suspeitava que houvesse na mente do ándras ancião. 

— Diga-me, Theron. Como estava o mundo humano? 

Ali estava. A mesma pergunta que ele sempre fazia todas as vezes que 

Theron voltava. 

Como ele estava? Ontem à noite estava úmido e suarento e nada parecido 

com o que alguma vez ele tinha experimentado antes. E tinha a sensação que a 

lembrança daquele ardor poderia obcecá-lo durante seu casamento. 

Como suspeitava que isso fosse algo que seu futuro sogro não quereria ouvir, 

disse apenas: 

— Quente. 

Leônidas começou a rir. 

21 

Jameson é o whisky irlandês mais famoso no mundo. É destilado três vezes, o que o torna o whisky mais suave do 

mundo. 

88

Tiamat World 



— Às vezes. Mas vibrante — ele agitou a mão nodosa ao redor do cômodo. 

— OH, muitos diriam que nada poderia se comparar a Argolea, e eu concordaria 

na maioria dos casos, embora haja sempre algo intrigante sobre o mundo 

humano… algo que nos falta aqui. O Olimpo carece disso também, o que é uma 

das razões pela qual os deuses sempre se sentiram tão intrigados com os 

humanos. 

— Isso, e que eles gostam de se intrometerem — murmurou Theron. 

Leônidas sorriu. 

— É verdade. Mas os Argoleans são fascinados também. Olhe ao seu redor. 

Às vezes tenho dificuldades para acreditar que este é o mesmo reino em que 

nasci. O estilo, a fala, até mesmo nossa tecnologia mais avançada, são 

semelhantes nestes dias as encontradas no reino humano. 

Theron franziu o cenho. Sim, ele também tinha percebido isso nos últimos 

duzentos anos. Os Argoleans estavam solicitando cada vez mais a passagem 

para o reino dos humanos, mesmo quando não era seguro por causa dos 

daemons que se tornavam cada vez mais audazes, trazendo de volta a cultura 

popular como se fosse um tesouro a ser cobiçado, e o Conselho deixando 

apenas os varões. Não importava que a maioria pensasse que era intelectual e 

fisicamente superior aos humanos, foram cativados pelo que não tinham. Theron 

não podia ver a fascinação. E francamente, não gostava. Ou ao menos o fazia. 

Antes da noite passada. 

Leônidas tomou outro gole da garrafa. 

— Diga-me, Theron. Você esteve em todo o reino humano. Qual é seu lugar 

favorito? 

— Quando estou no mundo humano, não presto muita atenção a 

paisagem. 

— Não, é claro, não o faz, não é mesmo? Caça daemons, fazendo aquilo 

para o que foi criado. 

Leônidas olhou para Theron durante um bom tempo, como se pensasse no 

que dizer a seguir, o que era algo novo para o rei, já que sempre parecia saber o 

que dizer e fazer. A intriga incomodou Theron. 

89

Tiamat World 



— Sabe, — disse Leônidas finalmente — que é provavelmente o maior 

Argonauta desde Heracles. Seu pai foi um grande guardião, e um bom amigo 

meu, mas Solón nunca foi tão forte quanto você. Ele ficaria orgulhoso do que 

você se tornou. 

Seu pai ficar orgulhoso? Theron duvidava. Solón nunca teria gostado de ver 

os humanos presos no meio de sua guerra. Theron pensava diferente. A única 

coisa que gostava era da luta. E como de acordo com a lei não podia 

desencadear sua ira sobre os humanos, descarregava essa raiva sobre os 

daemons que encontrava. 

— Você, é obvio, — continuou Leônidas, alheio aos seus pensamentos — é 

mais inteligente que Solón. Eu gostaria de pensar que tenho algo a ver com isso, 

embora saiba que provavelmente seja mais um legado de sua genética que por 

nossa amizade ao longo dos anos. 

O rei estava, obviamente, sentindo sua idade. Theron pôs de lado a dor da 

lembrança da morte de seu pai e a repulsa que causou isso e relaxou os ombros. 

— Ensinou-me muitas coisas, Sua Alteza. 

Leônidas agitou a mão. 

— Ora. Eu me aproveitei Theron. Nós dois sabemos disso. Se a decisão fosse 

minha, o reino cairia em suas mãos após a minha morte. O Conselho… — deu um 

suspiro — O Conselho tem outras ideias. 

— A tradição deve ser defendida. Isso alimentou nossa raça durante séculos. 

O ándras ancião olhou pela janela, um olhar distante em seus olhos. 

— Alimentou, mas não nutriu. Lembre-se de minhas palavras, rapaz. Eles 

afundariam este reino na terra se pudessem. Você é o único forte o suficiente 

para detê-los. 

Voltou o olhar para Theron, e toda a dor que seus olhos tinham mostrado 

antes tinha desaparecido. 

— Sei que não está entusiasmado com a perspectiva de casar com minha 

Isadora — Quando Theron abriu a boca para protestar, Leônidas levantou a 

nodosa mão para detê-lo. — Não, agora não vamos ter papas na língua. Há 

muitas coisas que tenho que dizer a você esta noite, e me temo que nosso tempo 

90

Tiamat World 



esteja chegando ao fim. No entanto, deve saber disto, Theron. Os sacrifícios que 

fizer agora e no futuro serão feitos por uma razão. Não podemos vê-los no 

momento que se apresentam, mas lá estão, não obstante. Você e eu, ambos 

somos da linha de Heracles, e, portanto, nos rege a honra e o dever. Lembre-se 

de seu sangue quando tudo estiver dito e feito. Lembre-se dos votos que fez 

quando foi recrutado pelos Argonautas. 

A cautela se apoderou de Theron enquanto escutava o rei. Havia algo na 

mente do ándras ancião. Algo mais que o pesar de uma longa vida e a 

preocupação com sua saúde debilitada. 

O rei tomou um último gole de uísque, tampou a garrafa e a devolveu a 

Theron. 

— Esteve ausente nos últimos dias. Vou tomarei isso como que você se 

meteu em problemas. 

Theron guardou a garrafa no bolso interno da jaqueta. 

— Quatro daemons chegaram ao mesmo tempo justo quando eu tinha 

localizado Isadora. 

O rei assentiu com a cabeça. 

— Enviou-a de volta para cá e lidou com eles por sua conta. Sua coragem é 

louvável. Quatro contra um. Essa é uma vantagem insuperável, até mesmo para 

você. 

Theron pensou brevemente em seu cavalheiro de armadura brilhante e a 

forma que tinha cuidado de suas sequelas. A força sabia, frequentemente vinha 

em pacotes imprevisíveis, mas ele não a esperava da mulher humana com quem 

tinha se encontrado acidentalmente. 

— Não totalmente insuperável. 

O rei o olhou por um momento e depois se levantou de sua cadeira e foi 

mancando até a janela. A luz do sol do entardecer salpicou suas feições 

enrugadas e o cansaço se tornou evidente em seu corpo debilitado. 

— Está se contendo. O que o preocupa, Theron? 

Theron mudou de posição em seu assento. Entre os maiores poderes do rei 

estava sua capacidade de sentir as emoções dos outros. Alguns diziam que ele 

91

Tiamat World 



podia ler a mente, embora Theron nunca tenha sabido se este era o caso. 

Leônidas, no entanto, tinha a capacidade de extrair claramente o que estivesse 

passando por sua cabeça, e neste caso, embora o rei soubesse que Theron não 

amava Isadora, não queria que o velho ándras conhecesse os pensamentos que 

mantinha por uma humana em quem não tinha nenhum direito de pensar. 

— O poder dos daemons continua crescendo — disse Theron, com a 

esperança de distrair o rei. — Embora os Argonautas tenham tido êxito eliminando 

um grande número de seu exército durante os últimos anos, não estamos os 

afetando como deveríamos. 

O rei não mostrou nenhuma reação, apenas continuou olhando para a 

cidade e a cintilação das primeiras luzes das casas ao longe. 

— No entanto, não é isso o que realmente o preocupa, não é? 

Theron lembrou-se da noite que enviou Isadora para casa. Do fato dos 

daemons não terem matado Casey quando poderiam ter feito isso tão 

facilmente. Escolheu suas palavras cuidadosamente. 

— Eles não estão caçando humanos. Os poucos que encontramos mortos 

pareciam mais um acidente aleatório que um assassinato deliberado. 

— Não — Disse o rei sem virar-se. — Eles não obtêm nenhum benefício 

matando diretamente os humanos. Não, a menos que matem a pessoa correta. 

Theron enrugou a testa ante o estranho comentário, e enquanto esperava 

que o rei continuasse, sua coluna zumbiu. 

O rei finalmente se virou. 

— Conhece a história da Atalanta, Theron. 

Sim, todos os Argonauta conheciam a história de Atalanta, que tinha 

vendido sua alma pelo domínio sobre os daemons depois que Zeus se negou a 

nomeá-la como um dos sete Guardiões Eternos. Mesmo depois de milênios, ainda 

estava procurando vingança. Seu objetivo era duplo: Matar os Argonautas que 

protegiam o portal entre Argolea e o reino dos humanos, e ao mesmo tempo 

fortalecer seu exército de daemons. 

— Todas as almas Argolean que enviam para Hades a tornam e seu exército 

muito mais forte — Continuou Leônidas. — E isso inclui também as almas dos 

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Tiamat World 



mestiços que matarem. 

— Mestiços — perguntou Theron. — Pensei que eles eram um mito. 

— E os humanos acreditam que o mito somos nós. Os mestiços existem sim, 

embora sejam raros — disse Leônidas com um suspiro. 

Theron pensou na marca que tinha visto na parte baixa das costas de 

Casey, o Omega grego rodeado por asas. Convenceu-se de que era apenas 

uma tatuagem humana. Todos os Argoleans eram marcados com um alfa, uma 

marca dos próprios deuses que significava o começo de sua raça, mas aquilo era 

diferente. 

O rei lhe deu um olhar escrutinador e assentiu. 

— Posso ver sua mente trabalhando, meu filho. Se os daemons não obtêm 

benefícios matando os humanos, e eles não são assassinados deliberadamente, o 

que eles procuram? O que você e os Argonautas estão protegendo realmente? 

A resposta para ambas as perguntas é simples: A chave da profecia. 

— Que profecia? — Perguntou Theron com cautela. 

— A que mudará para sempre esta guerra. 

Theron viu o rei se aproximar da grande mesa esculpida a mão na sala de 

sua suíte. O ándras idoso tirou um livro com capa de couro de uma prateleira na 

parede e o colocou sobre a superfície de madeira brilhante. Depois de dar um 

puxão para abri-lo, sentou-se na cadeira real, olhando cada centímetro de seus 

mais de seiscentos anos como membro da família real. 

— Quando Atalanta foi descartada como Argonauta, fez seu pacto com 

Hades pela imortalidade, Zeus ficou muito preocupado que ela causasse danos 

aos humanos, em represália, já que os Argonautas protegiam o portal e ela não 

podia entrar em Argolea para vingar-se em nós. Não é um segredo que Zeus e 

Hades têm uma longa inimizade, ou que Hades achou divertido soltar Atalanta 

sobre os humanos por quem Zeus tinha sido por muito tempo tão fascinado. Em 

pagamento pela criação de Argolea, Zeus ordenou aos Argonautas que 

protegessem não só a nossa raça, mas também aos humanos, alguns diriam que 

para remediar o mal de uma que um dia foi uma dos nossos. E os Argonautas o 

têm feito, durante quase três mil anos. Mas como você mencionou antes, 

93

Tiamat World 



Atalanta continua aumentando sua força, independentemente de seus esforços 

— Sua mão parou no livro. — Logo ela e seu exército serão fortes o suficiente para 

dominar os Argonautas, deixando o portal desprotegido. Depois poderá 

massacrar nosso povo como desejar. É ai que entra em jogo a profecia. 

Ele virou o livro para que Theron pudesse vê-lo. Timidamente, Theron se 

aproximou e baixou os olhos para a página escrita a mão diante dele. A escritura 

era antiga, mas reconheceu imediatamente a língua nativa Argolean. 

— Traduzido livremente, — disse o rei — fala de uma… 

— Lacuna no acordo de Atalanta com Hades — cortou Theron, enquanto 

seus olhos examinavam a página. A crônica que estava lendo tinha três mil anos 

de idade e tinha o selo do próprio Heracles. 

Leônidas assentiu com a cabeça. 

— Sim. Hades adora uma boa brincadeira, e como sabe, sempre há uma 

armadilha em suas ofertas. Basicamente, isto resume o fim da imortalidade de 

Atalanta. Em cada geração deve haver duas metades de um todo que, quando 

unidas, tornaram Atalanta mortal mais uma vez. 

Theron entrecerrou os olhos compreendendo. 

— Ela está caçando os profetizados. Para garantir sua imortalidade. 

— Sim. 

— E as duas metades são humanas? 

— Não, meu filho. Um delas é um mestiço. E a outra uma Argolean. 

Theron levantou os olhos para Leônidas. 

— Por que você nunca reconheceu a existência dos mestiços? 

O rei suspirou. 

— Porque não há suficientes deles para justificar nossa preocupação. 

Aprenderam cedo a se manterem a salvo dos humanos, e também de nós. Os 

primeiros reis acreditavam, imprudentemente, que os Argoleans eram superiores 

aos humanos, e isso também incluía a descendência entre um Argolean e um 

humano. Como veem, os mestiços tendem a viver mais que a média dos 

humanos, mas não possuem os poderes que temos. Os poucos mestiços que 

surgiram foram… firmemente encorajados a permanecer com seus pais humanos. 

94

Tiamat World 



— Por que não disse isso aos Argonautas? 

— Tem sido o fardo de todos os reis decidirem quanto contar aos seus 

guardiões. Decidi há muito tempo, que quanto menos se soubesse da profecia, 

mais seguros todos estariam. Tivemos como você sabe, alguns Argonautas que 

não se dedicaram a nossa causa como você e eu. Alguns ignoraram as normas e 

deixaram as pessoas passarem através do portal. E geralmente com terríveis 

consequências. 

Theron sabia que era verdade. Pensou concretamente em Demetrius. 

— Infelizmente, — continuou o rei — mudei minha forma de pensar sobre 

este ponto. 

— Por quê? — Perguntou Theron com os olhos entrecerrados. — O que 

mudou? 

— Minha filha está morrendo. — O rei rodeou o escritório para parar em 

frente a Theron, fazendo uma careta por causa da dor nas pernas. — Callia me 

informou que a saúde de Isadora está se deteriorando. Tinha a esperança de que 

tivéssemos mais tempo, mas agora vejo que era um sonho. 

O rei endireitou as costas, e a soberania que uma vez tinha dominado 

pareceu alargar seus ombros, mantendo-o erguido mais alguns centímetros. 

— Fiquei sem nenhuma opção, Theron. Em seu estado atual, Isadora nunca 

governará, e sem outro herdeiro, o Conselho anulará tudo que eu e os reis antes 

de mim lutamos para conter. Casar com ela não resolverá este problema, a não 

ser que ela esteja saudável o suficiente para gerar um herdeiro, coisa que ambos 

sabemos não está. 

— O Conselho não entende a sede de vingança de Atalanta. Ao longo dos 

anos e com o tampão mantendo o portal, esqueceram-se do quanto ela pode 

chegar a ser cruel. Querem dissolver os Argonautas, não vendo a necessidade 

dos serviços que você e sua família oferecem, além da proteção do portal. O 

que, tolamente, acreditam que podem fazer por si mesmos. Se isso acontecer, 

nossa raça será exterminada. 

— Pensei muito nisto, e quero que saiba agora que isto é um fardo pesado, 

que não poria em seus ombros a menos que fosse a última instância inevitável. 

95

Tiamat World 



Isadora tem a marca da Unidade. Tenho certeza que minha outra filha tem a 

outra marca. 

Os segundos se passaram enquanto as palavras do rei o oprimiam. Se Theron 

tinha pensado que a admissão do rei sobre a existência dos mestiços era uma 

surpresa, equivocou-se. Nada se comparava ao que acabava de lhe ser 

revelado. 

— Sim. — disse o rei em voz baixa. — Há outra herdeira, mas ela nunca 

governará, porque é uma mestiça. As chances são boas já que ela nem sequer 

sabe o que é ou que seu destino está a ponto de mudar para sempre. 

— Como…? — Theron teve dificuldade para compreender tudo o que ele 

estava dizendo. — Quanto tempo faz que você sabe sobre ela? 

— Desde que nasceu. Sua mãe era humana, uma estudante que conheci 

quando me aventurei em Atenas. Gaia era… — Algo suave passou sobre seus 

olhos enquanto olhava para o espaço. — Carinhosa. A mãe de Isadora havia 

falecido pouco antes de ele conhecer a mulher, e Gaia me deu o consolo que 

precisava naquele momento. Nossa aventura foi breve, mas ela significou muito 

para mim. Organizei para que ela e sua filha fossem protegidas e tomei o 

cuidado de não revelar quem ou o que era, mas acho que ela sabia. Era uma 

moça muito inteligente. Apaixonada. Cheia de vida, e muito interessada em sua 

herança e os mitos dos deuses. Ela desapareceu com o bebê pouco depois do 

nascimento, e embora me perguntasse frequentemente o que aconteceu com 

elas, nunca voltei a vê-las. 

A inquietação revolveu o estômago de Theron. 

— Então, como sabe que essa menina tem a marca? 

— Não sei. Mas suspeito, principalmente porque Isadora e a jovem são da 

mesma linhagem forte, e porque Isadora foi procurá-la depois que encontrou há 

alguns dias a passagem da profecia nas crônicas. 

Isso explicava o que Isadora estava fazendo no mundo humano. Tinha ido 

encontrar sua outra metade. Sua mente retornou velozmente uma vez mais para 

o que tinha visto ontem à noite na pele de Casey. A marca que ele temia que 

fosse algo mais que uma tatuagem. 

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Tiamat World 



— A única maneira de garantir a segurança da raça é encontrar esta 

mestiça marcada e trazê-la para Argolea antes que os daemons a encontrem 

primeiro e a matem — disse Leônidas firmemente. 

— E depois o que? — Perguntou Theron. — Se a profecia se cumprir e 

Atalanta se tornar mortal, será ainda mais violenta em sua busca por vingança. 

— É verdade, mas seus poderes serão limitados. E então, Theron — disse o rei 

em voz baixa, — começará a verdadeira guerra. A que com o tempo nos dará a 

liberdade. 

Theron pensou em tudo que seu pai acreditava. Tudo o que Theron tinha 

desprezado. 

— E o que acontecerá com os humanos? Ela não os usará para chegar até 

nós? 

O rei ficou tenso. 

— Estamos ficando sem opções. Todos os reis tiveram que equilibrar a diretriz 

de Zeus com o que fosse melhor para nosso povo. No fim, tenho que pensar 

primeiro em nosso mundo. Sim, pode haver mais vítimas humanas se a profecia se 

cumprir, mas é um preço pequeno a pagar pela segurança de nosso reino. Em 

última instância, tenho fé que você e sua gente possam organizar uma defesa. E 

ao fazer isso, Theron, salvará os preciosos humanos de Zeus. Também salvará sua 

rainha. Salvará nossa monarquia e nossa forma de vida. E garantirá que o 

Conselho não governe em meu lugar. Seu destino o chamou, meu filho — Disse o 

rei em voz mais baixa. — Você é o único em quem confio para terminar o que 

começou há séculos. É o que nasceu para fazer. 

Theron considerou tudo o que o rei havia dito. Embora a dor da traição 

corresse por suas veias pelos segredos guardados a ele e seus companheiros 

compreenderam que o conhecimento da profecia poderia ter causado caos na 

raça, especialmente entre o Conselho. 

Não importavam como Theron olhasse, todas as escolhas em frente a ele 

estavam destinadas ao fracasso. Muitos morreriam antes de chegar ao fim, 

humanos, mestiços e Argoleans, e se ele sobrevivesse, teria que olhar para trás e 

reconhecer que suas decisões foram tomadas a custa de muitas vidas. 

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Tiamat World 



— O que acontecerá a esta mulher mestiça se eu a encontrar e a trouxer 

para Isadora? 

Pela primeira vez, o rei evitou os olhos de Theron. Deixou cair o braço e 

parecia estudar seus chinelos com grande interesse. 

— Não posso ter certeza. 

— Mas a tem. — Disse Theron, detectando a mentira do rei. — Sabe 

exatamente o que acontecerá com ela. Não contenha sua língua agora, não 

quando há tanto em jogo. 

O rei levantou os olhos. 

— Morrerá. Sua essência Argolean, a parte dela que Isadora está perdendo, 

será reciclada pela Isadora. 

— Você sabe com certeza? 

— Sim. 

— Como sabe que não será o contrário? 

— Porque mesmo tão fraca quanto ela possa estar, a herança Argolean de 

Isadora é mais forte que a da mestiça. Ela pegará o que precisa e curará. — O rei 

se aproximou e colocou uma mão sobre o ombro de Theron, e em seu toque 

havia compaixão, embora Theron não pudesse dizer se era dirigida a ele, a 

Isadora ou a filha que nunca conheceu. — Não é uma questão de como, Theron, 

é uma questão de quando. Tem que encontrar esta mulher e trazê-la para 

Isadora. Antes que seja muito tarde. 

Esta mulher. Theron não perdeu o detalhe de que o rei se negou a chamá-la 

pelo nome. Se realmente encontrasse a Primeira Escolhida, e Theron fosse 

enviado para buscá-la, sua presença na vida dela a levaria diretamente à morte. 

Ele tinha matado muito. A morte era uma parte de quem e do que era. Mas 

raramente um humano, e só quando era inevitável. E nunca uma fêmea. 

O que aconteceria se Casey fosse a Primeira Escolhida? Poderia fazer 

aquilo? 

Tão logo isso lhe ocorreu, desprezou-o. A marca que tinha visto em suas 

costas não era uma prova. Ainda havia a possibilidade de não ser mais que uma 

tatuagem normal. Ou uma simples marca de nascença. Estava cansado e ferido 

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e atormentado pela luxúria, quando esteve com ela. Não estava pensando com 

clareza na noite anterior. 

— Como a reconhecerei? — Perguntou ele. 

— Porque ela tem a marca dos Escolhidos, como Isadora. — o rei suavizou a 

voz enquanto a mente de Theron dava voltas. — Às vezes, meu filho deve-se 

sacrificar um para a sobrevivência de muitos. Procure-a, Theron. E a traga para 

Isadora. É o único que pode. 

CAPÍTULO 9 

Casey apertou as mãos sobre o colo, liberando os dedos e contendo o 

impulso de acariciar os nódulos dos dedos. Que estava demorando tanto? 

Olhou o relógio de parede na sala de exames da doutora Carrow na tarde 

de segunda-feira e respirou fundo para acalmar seus nervos. Estava esperando 

há dez minutos. Apenas dez minutos. Tinha que manter o controle e se acalmar. 

Passaram mais dois minutos. Dois minutos nos que Casey sentiu como se 

rastejasse para fora de sua pele. 

Bom, não ia conseguir ficar quieta. O papel se amassou quando ela saltou 

para fora da mesa e segurou o vestido de algodão rosa em suas costas. Vir ali foi 

uma ideia inteligente. Imaginar o que seria seu cansaço excessivo e as náuseas 

não estava fazendo nenhum bem a ela. Haveria uma explicação lógica para a 

forma como ela vinha se sentindo ultimamente. Não significava que ela iria 

terminar como sua avó. 

Uma batida nítida soou na porta, e Casey deu meia volta por causa do som. 

— Pode entrar — disse ela rapidamente, voltando para a mesa de exame. 

A Dra. Jill Carrow entrou na sala vestindo calça e blusa azul marinho. Seus 

cabelos castanhos avermelhados estavam presos em um rabo-de-cavalo, um 

estetoscópio enrolado no pescoço e tinha um histórico médico na mão. Era, 

pensou Casey, provavelmente não era muito mais velha que ela, mas emanava 

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uma confiança que Casey nunca tinha tido. E Casey gostava disso. Ao menos 

um pouco. 

Jill sorriu. 

— Alegro-me de vê-la, Casey. O tempo passou. 

— Sim — Casey deu de ombros, sentindo-se estúpida por não ter ligado para 

a mulher que tinha cuidado de sua avó até o fim. Cerrou os punhos aos lados da 

almofada de vinil e pensou em mil desculpas do por que não tinha marcado 

aquela data para o almoço como tinha prometido há seis meses no funeral de 

sua avó. Todas elas pareceram vazias. Decidiu dizer a verdade em vez delas. — 

Os consultórios não são meus lugares favoritos para sair. 

Jill começou a rir. 

— Acredite em mim, eu sei. Tudo bem — Ela se sentou no tamborete 

giratório, abriu a pasta para estudar sua última anotação e depois levantou os 

olhos. — Então me diga o que está acontecendo com você. 

Casey respirou fundo. 

— Não muito. Quero dizer, bom… — Aqui foi onde ela pareceu uma 

hipocondríaca. Cruzou os pés pendurados pelos tornozelos e torceu as mãos 

cruzadas sobre o colo novamente. — estive tendo alguns sintomas. Nada 

importante, mas… — mordeu o lábio. 

Jill assentiu com a cabeça imediatamente entendendo. 

— Mas acha que é melhor fazer uma revisão para ter certeza — Ela se 

levantou de seu assento e colocou a pasta no balcão situado junto à parede do 

fundo. Com uma mão tirou uma lanterna do bolso e emitiu o feixe sobre os olhos 

de Casey. — Vamos dá uma olhada. 

— Provavelmente não é nada — disse Casey rapidamente. — Quero dizer, 

um pouco de insônia não é grande coisa, realmente. Eu… 

— Casey — Jill colocou a mão no braço de Casey. — Uma mulher 

inteligente presta atenção aos sinais de seu corpo. Se notar algo fora do normal, 

deve verificar isso. Fez bem em vim. Tenho certeza que provavelmente não seja 

nada, mas vale à pena fazer uma verificação rápida. E levando em conta seus 

antecedentes familiares, isso é inteligente. 

100

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Casey soltou o fôlego que esteve prendendo. É obvio, a Dra. Jill entendeu. 

Tinha sido uma idiota por pensar que a mulher não o faria. Esboçou um sorriso 

fraco. 

— Obrigado. 

Jill sorriu. 

— Está bem então. Agora me diga o que está acontecendo com você. 

Casey descreveu seus sintomas, insônia, náuseas, perda do apetite. Tentou 

subtrair a importância dos momentos de perda de memória que tinha 

experimentado no fim de semana porque era algo que não tinha acontecido 

com sua avó, mas um olhar mordaz da Dra. Jill e o deixou ir de qualquer maneira. 

Poderia ao menos ser completamente honesta. 

Um pequeno sulco apareceu entre os olhos de Jill quando apalpou atrás 

das orelhas de Casey e ao longo do pescoço. 

— Então não são exatamente apagões e sim… 

— Lapsos — Disse Casey rapidamente. — E só nos dois últimos dias — Decidiu 

não falar de seus sonhos estranhos por medo que a boa doutora pudesse enviá-la 

para o psiquiatra. No entanto, adicionou. — Lembro-me de ter ido para casa do 

clube, mas não como entrei no meu carro ou por que fui. 

— Hm — disse Jill. — Pode ser apenas cansaço. Tem algumas marca aqui no 

pescoço — Se moveu para estudar o lado da garganta de Casey mais de perto. 

— Parecem… 

O calor subiu pela face de Casey. 

— OH, sim. Isso — Levantou a mão para esfregar o chupão misterioso do 

homem misterioso com quem quase teve uma aventura de uma noite. 

Theron. Esse era seu nome. Outro de seus lapsos. Lembrava-se de seu nome, 

mas não muito mais do que ele, exceto que parecia ser um sexy deus andante 

com uma forma estranha de falar. Ah, isso e o fato de haver algo estranhamente 

familiar nele, e que havia querido saltar por seus ossos no momento que o 

conheceu. 

Mas os fatos importantes, como a forma que ele tinha terminado em sua 

casa e para onde foi quando desapareceu depois de sua sessão de sexo 

101

Tiamat World 



interrompida ainda era um mistério para ela. 

— Casey? — Os olhos de Casey se levantaram bruscamente para o rosto 

curioso de Jill. — Há algo que queira me contar? 

Sim, claro. Casey fez um movimento rápido com a cabeça. 

— Não. Ah, quero dizer, foi um encontro. 

Mais ou menos. 

Um sorriso malicioso apareceu no rosto de Jill. 

— Bom, ao menos sei que não está tão doente ou cansada para renunciar 

a sua vida social. Isso é um bom sinal. 

Casey franziu o cenho. Desejava que esse fosse o caso. Sua noite com 

Theron o Misterioso Cara Musculoso definitivamente tinha sido uma exceção em 

sua insignificante vida amorosa. Ou a falta dela. 

— Você tem um par de gânglios linfáticos inchados — disse a Dra. Jill. — 

Nada importante, por isso o meu palpite é que seu corpo está lutando contra 

uma gripe, por isso não se sente tão ardente agora. No entanto, apenas para 

termos certeza e para descartar tudo isso, faremos um exame físico completo, 

concorda? Vejo em seu relatório que tem um previsto de qualquer maneira. 

Casey assentiu cegamente com a cabeça. Sabendo que não estava 

condenada ao mesmo destino de sua avó valia à pena sofrer meia hora de 

espetadas e instrumentos. 

— Está bem. 

Jill sorriu. 

— Vou procurar a enfermeira e volto. 

Quando Jill saiu da sala, Casey se recostou sobre a mesa inclinada e apoiou 

a cabeça sobre o travesseiro. O papel se amassou debaixo dela. Ficou olhando 

uma fada diminuta pendurada em uma linha de pesca no teto, cruzou as mãos 

sobre o ventre e deu um suspiro de alívio. 

Estava bem. Tudo estava bem. Quando saísse dali poderia voltar a fazer 

exatamente o que vinha fazendo antes daquele encontro amalucado no final de 

semana com Theron. Principalmente, calcular como manter em funcionamento a 

livraria de sua avó. Realmente não tinha outra escolha, não é mesmo? Se não 

102

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pudesse fazê-la funcionar… aonde mais iria? 

Em algum momento tinha que parar de vagar e estabelecer-se. Deixar de 

procurar aquele paraíso ilusório onde pudesse encaixar e criar raízes. Tinha vinte e 

sete anos de idade, pelo amor de Deus. Aquele caminho tinha ficado no 

passado. Sua avó tinha amado aquela cidade, tinha amado a livraria. Casey 

estava decidida a fazer que este último passo funcionasse. 

Enquanto relaxava no travesseiro, pensou brevemente em seu desempenho 

de quase uma noite. Suas bochechas arderam. Não foi a coisa mais inteligente 

que já tinha feito, mas pelo menos um deles tinha recuperado a razão antes que 

fosse muito tarde. Ela atribuía toda a experiência apenas às más decisões. E 

excesso de trabalho. E esgotamento. Mas uma coisa era certa. Definitivamente 

não voltaria a acontecer. 

— Casey? — chamou a Dra. Jill do outro lado da porta com uma batidinha 

suave. — Está preparada? 

— Sim — disse Casey. — Tão preparada quanto jamais estarei. 

Nick sentiu a mudança de ar como a havia sentido dois dias antes. Levantou 

a boca do seio que estava sugando e ficou completamente imóvel. 

— Jesus, não pare agora — Dana gemeu debaixo dele quando arqueou as 

costas para lhe oferecer mais. — Ainda não. 

— Shh — ele plantou uma mão sobre os lençóis de sua cama e aguçou os 

ouvidos para a perturbação que havia sentido. 

Os olhos dela se entrecerraram pela concentração como se estivesse 

escutando tão atentamente quanto ele. É claro, ela não podia, mas mesmo 

assim tentou. 

— Não sinto nada — sussurrou ela momentos depois. 

Sua respiração refrescou a face dele, os vestígios de vodca e suco de 

cereja que tinha tomado para celebrar o final de seu turno no XScream flutuando 

para seu nariz. Lá fora, um carro passou como um raio pelas ruas chuvosas, o 

único som flutuando até o apartamento do segundo andar que ela mantinha em 

cima da lavanderia Wash and Go, na Terceira no centro de Silver Hills. 

103

Tiamat World 



Ele sabia por que ela ficava no apartamento e não vivia com outros, 

embora isso o incomodasse. Sua espécie deveria manter-se unida. Sobretudo 

agora. Especialmente quando ele sentia que havia uma mudança se 

aproximando. Suas cicatrizes vinham formigando há dias. 

— Nick? 

Sua voz tinha uma ponta de impaciência, um pingo de inquietação e uma 

porção inteira de luxúria. Levou menos de dois segundos para decidir. 

Afastou-se dela e pegou o jeans. 

— Tenho que ir. 

Seu cenho se franziu de incredulidade pouco antes de seu famoso 

temperamento mostrar sua cara feia. Ela se sentou, sem se importar nem um 

pouco por estar nua como o dia em que nasceu. Dana Sampson era uma sereia 

e sabia. 

— De forma alguma. Não outra vez. Juro por todos e cada um dos malditos 

deuses que se for embora desta vez, será a última. 

Ele puxou a camiseta preta sobre a cabeça. 

— Não seja tão dramática, Dana. É impróprio. 

— Impróprio? — zombou ela. — Impróprio é me enganar assim. 

Especialmente depois da noite que tive. Karl foi um completo idiota no clube. 

Quase o joguei no chão a décima vez que me apalpou detrás do balcão e sabe 

que não posso ser apanhada fazendo essa merda de novo. Preciso uma 

liberação tão infernal quanto você. Mas não, tem que me excitar e ir embora. 

Trata-se de um jogo para você? — Expulsou-o da cama e empurrou um dedo em 

seu peito. — Se você for não o deixarei voltar. 

Ele sabia que poderia dobrar sua vontade com apenas um impulso se 

realmente quisesse. Mas o que queria desapareceu assim que sentiu a mudança. 

Ele deu de ombros e pegou a jaqueta de couro da cadeira de veludo púrpura 

que ela devia ter comprado em alguma loja hippie no Eugene. 

— Você tem que fazer o que tem que fazer neném. 

Ela cruzou os braços sobre seus naturais e muito bem dotados seios e o 

fulminou com os olhos. 

104

Tiamat World 



— Desta vez estou falando sério, Nick. Não é o maldito salvador do mundo. 

Quando você vai perceber que ninguém dá uma merda pelo que você faz? 

Aquelas crianças, você não pode salvar todas elas. 

Havia verdade suficiente naquela declaração para fazê-lo apertar com 

força a mandíbula. Deu as costas para ela e vestiu a jaqueta. 

— Quanto antes você disser a todos que saiam correndo, mais seguros 

estarão. Por que diabo não faz isso? É como se estivesse esperando que 

aconteça algo apocalíptico. Se não o conhecesse, diria que o está convidando 

para assim se projetar e salvar a situação como seu irmão. 

Ele se virou tão rápido que ela não teve tempo para se preparar. Agarrou-a 

pelo pescoço e apertou os dedos em sua pele o suficiente para chamar sua 

atenção. Ela ficou sem fôlego, suas mãos voando para tentar fazê-lo soltá-la. Em 

seus olhos ele viu surpresa, depois incredulidade e em seguida a ponta do medo 

derreter-se até os ossos. 

E embora o adoecesse, sua reação alimentou o ódio que normalmente 

mantinha profundamente bloqueada nos recessos de sua alma. Aquela parte 

dele que estava legado ao mal mais sombrio. Aquela parte contra a que lutava 

todos os dias de sua vida interminável. 

— Não sabe o que está dizendo. 

Ela se ergueu nas pontas dos pés, abriu a boca para introduzir ar em sua 

traqueia reduzida. Em seus grandes olhos cobalto ele viu o reflexo do que era 

naquele momento: uma mancha negra, os remanescentes das cicatrizes que 

passavam por homem, o monstro dos pesadelos. E ainda não a soltara. 

Seus lábios se franziram em um trejeito enquanto ela parecia se esforçar 

para se controlar. Em algum lugar dentro dele reconheceu deveria sentir algo por 

ela, pela relação tortuosa que mantinham, mas não pôde sentir nada mais que 

repugnância. 

Estava a ponto de soltá-la quando sentiu uma comichão sobre cada uma 

das cicatrizes de suas costas. E ele soube. 

Ela ia morrer. 

Não naquela noite. Não por sua mão. 

105

Tiamat World 



Mas logo. 

Ele afrouxou o aperto. Ela caiu no chão e tomou uma grande baforada de 

ar. Com mão firme massageou a garganta suave. Provavelmente teria deixado 

marcas nela, embora isso não fosse nada novo para Dana. 

— É um canalha — ela se engasgou. 

Nenhum argumento. Ele não tinha emoção suficiente para reunir uma 

resposta, por isso fechou o zíper da jaqueta e a olhou com olhos de aço. 

— Vá para a colônia, Dana. 

— Por quê? — Disse bruscamente, ondas furiosas irradiavam de seu corpo 

nu, como se fosse um forno queimando carvão — Assim poderá repetir a 

atuação? Não, obrigado. 

— Não, para que possa viver. Algo está por vir. 

Não sabia o que, exatamente, a única vez que sua maldita pele tinha 

zumbido assim, seu meio irmão prestou juramento aos Argonautas. Desde então 

foram pequenas rajadas de eletricidade, um zumbido ocasional quando os 

caçadores estavam fora, mas nada tão grande quanto o que havia sentindo nos 

últimos dias. Agora sabia, é claro, que a mudança tinha começado naquele 

tempo, com a indução de Demétrius, do mesmo modo que sabia que estava 

crescendo, elevando-se como um fluxo da água no oceano aberto, esperando 

uma onda gigantesca chocar-se contra tudo o que seu povo conhecia. 

E ele era tão fodido que era o único que via isso vindo? 

Virou-se para a porta, mais decidido que nunca a averiguar quem diabos 

tinha chegado através do portal novamente, e por que só dois dias depois da 

última passagem. 

— Espere. 

Ele parou, mas não se virou. 

— Você está falando sério, não é mesmo? — Perguntou ela em um fio de 

voz. 

Ele olhou por cima do ombro e observou como ela levantava o lençol para 

106

Tiamat World 



cobrir o corpo nu. As duas tatuagens das Fúrias 22 em seus seios se sobressaíram 

quando ela se moveu. A terceira, ele sabia, pairava na parte baixa das costas. A 

modéstia não era algo que a preocupasse, o que significava que estava 

verdadeiramente assustada. 

Finalmente. 

— Vá para a colônia e fique lá — disse ele com severidade. — Prometo a 

você que estará a salvo. Não a incomodarei lá. 

— Nick — O arrependimento se precipitou sobre suas feições quando ela 

estendeu a mão para ele. 

Sim. Seu relacionamento psicopata estava bem e realmente fodido. Ela 

gostava da aspereza e ele gostava de lhe dar isso, mas o que tinha acabado de 

acontecer tinha cruzado a linha. E o fato dela não ter visto que isso causara uma 

descarga em seu cérebro para fazê-lo gritar, Vá para o inferno. Rápido. 

Ele saiu pela porta da frente do apartamento antes que ela desse um passo 

em sua direção, e se dirigiu a escada de serviço que chegava até o beco na 

parte de trás do velho edifício. Sua audição estava em sintonia com o que estava 

acontecendo ao seu redor, em busca do que tinha percebido quanto estava lá 

dentro, por isso ele a ouviu choramingar um andar acima e atrás das paredes 

supostamente com isolamento sonoro. 

Merda, ele não precisava ouvir aquilo naquela noite. 

Jogou uma perna sobre a Harley, estacionada perto do contêiner de lixo, e 

colocou o capacete, não porque estivesse preocupado em arrebentar a 

cabeça, mas sim porque era a lei. Um inferno sobre rodas, um motorista sem 

capacete atraía os policiais. E os policiais traziam problemas. 

A moto rugiu ganhando vida sob seus dedos. Quando saiu com ímpeto do 

beco por volta das quatro da madrugada para as ruas desertas de Silver Hills, o 

poder puro e duro da máquina debaixo dele retumbou através de seu corpo. 

Como o zumbido. Por toda sua pele. Mais forte daquela vez. Vibrante 

energia elétrica contra sua roupa tanto que ele tinha certeza que devia está 

22 Fúrias - eram as três divindades que administravam a vingança divina, sendo elas: Tisífona (a vingança contra os 

assassinos), Megera (o ciúme) e Alecto (a raiva contínua). 

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Tiamat World 



brilhando sob seu jeans e couro. 

O portal tinha sido aberto novamente. E daquela vez o que chegou não era 

rival para a escuridão dentro dele. Era mil vezes pior. 

CAPÍTULO 10 

— Tem certeza que aqui não há sexo, querida? Porque já sabe o que me 

parece todo aquele tira e bota. 

Casey mostrou seu mais belo sorriso de “sim, senhora” quando a campainha 

de cima da porta tocou. Uma rajada de ar fresco entrou rapidamente na loja 

antes de Dana entrar, vestindo um jeans moderno, suas botas favoritas e uma 

jaqueta de couro vermelho sangue com brilhantes argolas de prata sob a 

manga. Em suas mãos segurava dois fumegantes copos de papelão, um dos 

quais Casey esperava desesperadamente que estivesse cheio de moka 

Valência 23 . 

Casey levantou um dedo para avisar a Dana que logo estaria com ela e 

virou o livro nas mãos da mulher sessentona para que pudesse ver a foto da 

autora na contra capa. 

— Absolutamente nada, senhora Colbert. Joan Swan escreve estritamente 

mistérios. Um pouco de assassinato e caos não a incomoda, não é mesmo? 

Adelaida Colbert olhou para Casey por cima de seus óculos de leitura e 

levantou as sobrancelhas pintadas de vermelho. 

— É claro que não. Pareço uma puritana? Desde que sejamos claras sobre a 

questão do sexo. — Virou de novo o livro para examinar a capa, então levantou 

a voz o suficiente para que qualquer um que estivesse movendo-se pelas pilhas 

de livros na livraria da esquina de Casey pudesse ouvi-la. — Eu dirijo a Liga 

Feminina Episcopal no Saint Michael. Tenho uma reputação para manter, sabe. 

Nada de bota e tira — Ela piscou para Casey. 

Casey chegou ao expositor do final do corredor e jogou outro livro de Swan 

23 

Moka Valência – encontrei como sendo café capuchino 

108

Tiamat World 



nos braços da senhora Colbert. 

— Então, sugiro-lhe este também. Definitivamente não há sexo aqui. 

A senhora Colbert pigarreou ruidosamente, e então, pegou os livros que 

Casey havia sugerido e levou para o caixa na parte de trás da loja onde Mandy, 

que trabalha por meio período para Casey, atendeu-a com um sorriso e batepapo 

sobre a equipe local de futebol do instituto. 

Divertida, Dana caminhou em direção a Casey e lhe entregou o copo da 

Casa do Java que tinha pego em frente. 

— Pensei que Swan escrevia romances explosivos e úmidos. 

Casey levantou o copo e bebeu um gole lentamente. Ah, como aquele 

chocolate de laranjas que gigia costumava lhe enviar no Natal. A vida já era 

melhor. Umedeceu os lábios. 

— Ela faz isso. 

— Uh-huh — disse Dana. — Não diga mais nada. 

Casey esperou que a mulher idosa terminasse sua compra e se dirigisse a 

saída. O calor se propagou do copo na mão de Casey para os dedos e depois 

para os braços, e ela esperava que continuasse sua viagem através de seu corpo 

frio. Hoje ela estava mais fria do que estivera ontem. Mais fria e mais cansada. 

Apenas sair da cama e arrastar-se até a livraria tinha levado toda a sua energia. 

— Agasalhe-se, senhora Colbert. A previsão do tempo disse que está vindo 

uma tempestade de neve. 

— Acreditarei quando a vê — murmurou à anciã quando abriu a porta 

pesada de vidro. — Bom dia, Casey. 

— Falando de tempestade… — Casey entregou a Mandy um folheto e a 

lista de mantimentos que tinha feito anteriormente. — por que não vai ao Staples 

agora antes que o mau tempo comece? Posso lidar com as coisas aqui. 

— Tem certeza? — perguntou Mandy, já pegando o casaco no gancho da 

parede de trás. 

— Sim — disse Casey. —. Vá e almoce cedo enquanto estiver fora. 

— Quer que traga algo para você? — Mandy enrolou o cachecol ao redor 

do pescoço. 

109

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— Não. Estou bem. 

— Está de dieta? 

A pergunta pegou Casey desprevenida. Sabia que tinha perdido um pouco 

de peso, sentia isso em suas roupas, mas pensou que não fosse tanto para que 

alguém percebesse. 

— Não — disse ela, no que esperava que fosse uma voz calma. — Apenas 

não tenho fome. 

— Bem. Nós nos vemos mais tarde — Mandy sorriu para as duas e saiu da 

loja. 

Infelizmente, Dana não estava tão inclinada a acreditar no “apenas não 

tenho fome” de Casey. Estudou-a com olhos escrutinadores. O que enervou 

ainda mais Casey. Já não tinha coisas suficientes com que lidar hoje? 

— Obrigado pelo café — disse Casey rapidamente para preencher o 

silêncio na conversa. 

— Não tem problema — Dana baixou os olhos para o livro que estava no 

balcão e levantou as sobrancelhas. — Há algo que eu deveria saber? 

Merda. Casey olhou para o livro que tinha tirado da estante antes de abrir e 

que depois tinha ficado muito distraída para devolvê-lo ao seu lugar: A saúde é 

um estado de ânimo. Rapidamente o guardou debaixo do balcão, fora da vista. 

— Um cliente o pediu. Ouça. O que faz aqui tão cedo? — Ela olhou para o 

relógio, 10:45 da manhã e depois para Dana. — Não trabalhou até tarde na noite 

passada? 

— Sim — Dana deu de ombros, depois da mudança de assunto enquanto 

apoiava um quadril contra o balcão. — Não consegui dormir. 

Embora não se reunissem frequentemente, nos últimos meses, Dana tinha 

desenvolvido uma habilidade especial para aparecer de forma inesperada, e ela 

era a única pessoa no XScream de quem Casey se sentia remotamente próxima. 

Sua amiga era uma criatura da noite e raramente se aventurava a sair antes do 

meio-dia, portanto o fato dela está ali agora colocou os instintos de Casey em 

estado de alerta. Por razões que Casey não conseguia explicar, havia um vínculo 

entre as duas. Houve desde o momento em que se conheceram. Tinha parado 

110

Tiamat World 



de questioná-lo dois meses atrás e finalmente aceitou a estranha sensação de ter 

uma amiga, se bem que uma imprevisível. 

— OH. Troca difícil? 

— Não pior que o habitual. 

Casey assentiu com a cabeça entendendo. E amaldiçoou Karl, como fazia 

todas as vezes que ele tentava conquistar Dana. O cara era um polvo e dirigia o 

XScream como se fosse sua Mansão privada Playboy. Dana não era a única 

garota que tinha mencionado que ele gostava de ser rude, mas era uma das 

poucas que geralmente se conformava com isso. Porque, Casey não sabia, mas 

tinha parado de chatear Dana a esse respeito já que a resposta era sempre a 

mesma: Tenho minhas razões. 

Graças a Deus, que Karl não tinha tentado nada com ela, pensou Casey. 

Mas, não conseguia entender quais eram as razões de Dana agora. 

— Acho que isso explica as marcas em seu pescoço. 

— Acho que sim. Não explica as suas. 

Maldição. Ela pensou que o colar e a maquiagem que tinha aplicado de 

manhã tinham escondido a tênue chupada. 

Casey ajustou o colar, enquanto Dana sorria como uma idiota e não fez 

nada para esconder suas próprias marcas. 

— Quer me contar sobre o beijo? 

— Não. 

Dana franziu os lábios. 

— Desmancha prazeres. 

— Como sempre — Casey inclinou a cabeça e tentou convencer a amiga 

pela última vez. — Por favor, apenas me diga que não foi Karl que fez isso com 

você. 

— Não foi Karl — Dana se afastou do balcão e qualquer rastro de diversão 

que tinha desapareceu de repente. — Olhe, vim só para dizer a você que vou 

partir por um tempo. 

— Sério? Para onde? 

— Não sei. Estava pensando que talvez para o norte, até o Canadá. Talvez 

111

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para Vancouver. Você pode vir comigo se quiser — Um sorriso curvou sua boca. 

— A coisa do estado de ânimo e tudo isso. Poderíamos ir para a Robeson 24 , fazer 

algumas compras, nos relacionar com alguns canadenses. Já sabe o que dizem 

a respeito dos homens canadenses. Tudo é maior no norte. 

Casey se sobressaltou e levantou uma mão. 

— Alto. É muito cedo para pensar nisso. 

Especialmente agora. Especialmente quando tudo o que fazia era pensar 

demasiadamente em um misterioso homem nu que teve em sua cama há duas 

noites. Que tinha deixado sua marca no pescoço dela, que tinha marcado sua 

pele com seu calor para depois desaparecer como um ladrão na noite sem 

sequer despedir-se. 

E ela nem sequer podia parar de pensar no tamanho de seu… sim. 

— Nunca é muito cedo para pensar em sexo, como a inocente senhora 

Colbert acabou de assinalar — Dana olhou por cima do ombro. — Falando nisso, 

por que não me dá um daqueles livros da Swan para a estrada? 

— Você é incorrigível. 

— Um pouco — concordou Dana. 

Quando tinha seu novo livro e terminou o café, Dana se dirigiu à saída. 

Parou a dois passos da porta e se virou para estudar Casey durante um bom 

tempo. 

— Sabe, não simpatizo com a maioria das mulheres. 

— Sério? — zombou Casey — Nunca teria imaginado isso — Embora fosse 

cerca de dez centímetros mais baixa que Casey, Dana sempre pareceu maior, 

mais vibrante, mais viva do que Casey parecia. Se Dana estava em uma sala, as 

pessoas percebiam. Ela tinha aquele tipo de personalidade que enchia o espaço 

ao seu redor. 

— No início eu não gostei, já sabe. Havia algo em você que achei estranho. 

É curioso, não é? A maioria das pessoas diz isso de mim. 

24 

A Robson Street, em Downtown, é um dos pontos turísticos mais cobiçados por turistas e moradores de Vancouver. 

Além de ótimo lugar para passear, a rua é também o endereço certo para quem deseja fazer compras e frequentar 

bons bares e restaurantes. 

112

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— Você é estranha, Dana. Esta inesperada viagem a Vancouver não é uma 

exceção. 

Dana sorriu. 

— Sim, bom. Se fôssemos todas iguais, não seria aborrecido? 

— Muito. 

— Viu? Ser diferente é bom — Assim que seu sorriso apareceu algo sombrio 

penetrou nas bordas dos olhos azuis de Dana. — Você me faz um favor, Casey. 

— Qualquer coisa. 

— Cuide de retaguarda. As pessoas não são o que parecem. 

— E o que isso significa…? 

— Significa que tome cuidado. Ted Bundy era um cara bonito e era um 

assassino em série. Não se deixe enganar pelas aparências. Nem todo mundo é 

tão doce quanto eu — antes que Casey pudesse perguntar o que aquilo 

significava, ela lhe deu um abraço. — E não se estresse pelo que o médico disse a 

você. 

— Como…? 

— Tenho que ir. Vejo você quando retornar. 

Dana saiu da loja em uma rajada de vento. As folhas secas espalhadas na 

calçada entraram na loja antes que a porta se fechasse, trazendo consigo o 

aroma da chuva iminente e da melancolia. 

Como ela soube? Casey ficou olhando Dana cruzar a rua, e tentou lembrar 

se tinha mencionado a consulta. Tinha escrito algo sobre ela na loja? Tinha falado 

a Dana sobre seus temores e depois esquecido por completo da conversa? 

A resposta para estas perguntas era simples: Não tinha contado a ninguém 

que ela estava com medo de que pudesse estar doente, assim não havia 

nenhuma maneira de que Dana pudesse saber disso. Se mal admitia isso para si 

mesma. 

As pessoas não são o que parecem. 

Que diabos significavam aquilo? 

Uma estranha sensação apocalíptica deslizou pela coluna de Casey 

enquanto ficava grudada no lugar, olhando através das vidraças para Dana que 

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Tiamat World 



caminhava rapidamente pela rua principal e virava na Halston. 

Elas se conheciam há apenas seis meses. O que Dana tinha tentado dizer a 

ela? O que ela sabia? 

Nada, decidiu Casey. Dana, obviamente, só tinha lido os sinais. O 

comentário de Mandy, o livro, o sentimento emocional de sua viagem… Talvez 

ela tivesse visto seu carro estacionado fora da clínica ontem. 

Sim, aquela tinha que ser a resposta. 

Deixando de lado aqueles pensamentos confusos de sua mente, Casey 

examinou a rua. Dois carros estavam estacionados no meio-fio, mas as calçadas 

estavam vazias. A cafeteria em frente era virtualmente uma ilha deserta. Além da 

praça da cidade onde não havia crianças brincando, as nuvens escuras se 

reuniram o que indicava que a tempestade se aproximava. 

A gente, obviamente, tinha ouvido a previsão de ventos fortes e chuvas e 

daquela vez tomaram medidas, ficando em casa, dispostos a esperar. 

Todos menos ela. 

Virou-se para a caixa registradora e considerou a possibilidade de fechar 

cedo. Mas, o que ia fazer sozinha em casa durante o resto do dia? Ela estava 

ansiosa esperando aquele temido telefonema da doutora, incapaz de acalmarse, 

pois seu cérebro dava voltas com o que suspeitava que estivesse mal com ela 

e o que tinha acontecido na outra noite. 

O telefone tocou exatamente quando ela chegou à porta da loja. Ficou 

imóvel e olhou para o balcão. Uma estranha vibração zumbiu ao longo da base 

de sua coluna, perto de sua marca de nascença. 

Tome cuidado. Não se deixe enganar pelas aparências. 

Levantou o receptor e reuniu coragem. 

— Era uma vez. 

— Casey? É Jill Carrow. 

Sua médica. Casey suspirou. 

— Olá. Eu estava esperando que ligasse. 

— Estou com o resultado dos exames. 

Sem rodeios. Isto não podia ser bom. 

114

Tiamat World 



— E…? 

Jill vacilou, e no silêncio interminável, Casey até mesmo ouviu sua resposta 

antes que as palavras fossem pronunciadas. 

— E acredito que seria melhor que falássemos pessoalmente. Receio que 

tenhamos encontrado algo. 

Era perigoso abrir o portal no mesmo lugar por onde tinha saído alguns dias 

antes. Para não chamar atenção indesejada, Theron escolheu um local a oitenta 

quilômetros de Silver Hills e fez a ponte para um carro abandonado em uma rua 

lateral, dirigindo-se de volta a pequena cidade. 

Homem seria muito mais fácil se pudesse enviar-se de um lugar para outro 

na terra como podia em Argolea. Mas não, essa era uma habilidade que ele e 

seus companheiros desfrutavam apenas em sua terra natal. E para falar a 

verdade, se algum humano o visse desaparecer no ar, provavelmente alucinaria 

mais do que se soubessem que os daemons vagavam ao seu redor. 

Como tinha caminhado entre os humanos a maior parte de sua vida, tinha 

um bom conhecimento de como operar sua tecnologia, por isso os aspectos 

mecânicos da condução não foi um grande problema. Ele normalmente não era 

dos que roubavam, mas em tempos desesperados medidas desesperadas, e 

estava ansioso para chegar a Silver Hills e terminar aquele pequeno trabalho. 

Reduziu a velocidade enquanto se aproximava dos limites da cidade e virou 

na Rua Main. Uma série de lojas se alinhava em ambos os lados da rua, enquanto 

alguns panfletos anunciavam o Festival Anual da Colheita de Outono agitando-se 

pelo vento nos antiquados postes de luz a cada duzentos metros. Algumas folhas 

desesperadas por se agarrar ao verão se mantinham nos galhos acima da 

estrada, embora seus dias estivessem contados. A Mãe Natureza estava de muito 

mau humor, a julgar pelo turbulento céu negro, e parecia a ponto de 

desencadear uma tempestade. 

Era, suspeitava Theron, a essência da pequena cidade americana. Quando 

tinha passado por ali apenas alguns dias antes, ele não tinha prestado muita 

atenção, mas agora o fez. O enfeite do pão de gengibre, os sinais pintados à 

115

Tiamat World 



mão, ramalhetes de flores secas penduradas em torno das portas e enrolados em 

coroas. Uma parte dele se perguntou o que fariam os humanos que viviam ali se 

soubessem que um de sua espécie vivia entre eles. 

Sua espécie? 

Não. Ela não era de sua espécie. Daquela vez a mulher que tinha vindo 

procurar não era mais que uma humana com um pequeno extra. Algo que 

Isadora precisava. 

Estacionou o carro na parte alta da Rua Main e saiu. O ar fresco o rodeou 

enquanto descia pela calçada. O rei tinha lhe dado apenas um nome, Acácia 

Simopolous e falou para ele sobre uma loja que a família da mulher tinha tido 

durante os últimos vinte e tantos anos. Ele pensou que seria o melhor lugar para 

onde começar. 

Alguns carros estavam estacionados ao longo da rua, mas, 

surpreendentemente, havia poucos humanos vagando naquela hora do dia. 

Olhando bem, era bastante seguro. Os daemons não gostavam de sair de dia, 

mas não significava que não o fizessem. Examinando os comércios ao passar, 

Theron viu seu objetivo. 

Uma ardência percorreu sua coluna e pensou rapidamente em Casey 

novamente e se perguntou se poderia se encontrar com ela naquela viagem. 

Esperava que não, por mais razões que as óbvias. 

Um cartaz de “fechado” balançava em um gancho do lado de dentro da 

porta. Theron deu uma olhada na loja e viu que algumas luzes ainda estavam 

acesas. Estranhou que estivesse fechada tão cedo durante o dia, mas o que ele 

sabia sobre o comportamento humano? 

Ele decidiu tentar sua sorte com a porta. Para sua surpresa, ela se abriu. 

Um sino tocou lá dentro e quando ele entrou foi envolvido imediatamente 

pelo calor e o aroma de papel e baunilha flutuando no ar. 

— Logo estarei com você — disse uma voz feminina. 

A voz de Casey o golpeou como um murro no estômago, roubando o ar de 

seus pulmões e quase paralisando seus joelhos. A malvada atração que sentiu por 

ela à primeira vista, entrou em erupção em seu peito enquanto caminhava para 

116

Tiamat World 



dentro da loja e a via no outro extremo de um corredor de livros, sobre o terceiro 

degrau de uma escada, substituindo volumes encadernados em couro em uma 

prateleira alta. Seu corpo se enrijeceu com apenas um olhar, uma necessidade 

imperiosa de tocar sua suave pele, sentir sua pele contra a dele, para terminar o 

que tinham começado tão forte quanto tinha sido na noite em que ficaram 

juntos. 

Mas agora aquele desejo tinha sido ofuscado pela realidade, ele estava 

errado. Aquela humana, em quem não tinha conseguido parar de pensar 

durante três longos dias, era a mulher que tinha sido enviado para encontrar. 

A filha do rei perdida há muito tempo. 

A única mulher que salvaria sua raça. 

A que ele conduziria para uma morte certa. 

CAPÍTULO 11 

Devia ter ficado surpresa ao vê-lo outra vez, mas Casey estava muito 

dormente para sentir algo além de irritação pela interrupção. 

— Está fechado devido ao mau tempo. 

— Eu… — Theron pigarreou. — Estou procurando acácia Simopolous. 

Ele nem sequer sabia que procurava por ela? Maravilha. Seu dia estava 

melhorando. 

— Encontrou-a — Ela voltou a se concentrar em sua tarefa e empurrou um 

livro na prateleira com mais força que a necessária. — E para que conste, a única 

pessoa que me chama de Acácia é minha avó, que, obrigado por me recordar, 

está morta. Agora, se é por isso que você está aqui, pode ir por aonde veio. 

Ele deixou escapar o que lhe pareceu um suspiro de frustração. Como se ele 

se importasse com ela. 

— Eu gostaria de falar com você alguns minutos. 

Ela se virou fulminando-o com os olhos de sua posição elevada. 

117

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— Meus amigos me chamam de Casey. Já que não é nem meu amigo nem 

meu parente, pode me chamar de Srta. Simopolous. Supondo, claro, que possa 

se lembrar de meu maldito nome. 

Como ele continuou olhando-a com uma expressão confusa, ela perdeu o 

último pingo de paciência. 

— OH, Por Deus. Que diabos está fazendo aqui, Theron? Deixou bem claro 

na outra noite que não queria ter nada a ver comigo. 

— Lembra-se disso? Eu não… 

— Acredite em mim, amigo. Nada me agradaria mais do que esquecer que 

um dia conheci você. 

— Acácia. 

Ela fez um gesto com a mão e continuou rodando sobre ele enquanto a 

pressão no peito se intensificava e cada uma de suas preocupações a golpeava 

com força total, igual a um caminhão Mack. 

— Então não há realmente nenhuma razão para que esteja aqui agora, não 

é mesmo? Basta dá meia volta e ir embora, porque eu não quero que… fique… 

aqui… 

OH, Deus. Ia fraquejar. A pressão se construiu até que sentiu como se uma 

bomba de dez toneladas se assentasse em seu peito. Empurravam as lágrimas em 

seus olhos. Ela não ia chorar diante daquele homem. Não daria a ele uma só 

razão para pensar que se devia ao modo como ele a tratou, porque não era 

assim. Tratava-se de todo o resto. Tudo o que Jill tinha acabado de lhe dizer. 

Desceu rapidamente da escada e pressionou a mão no peito. 

— Meli — ele avançou em direção a ela. 

— Não faça isso — sustentou uma mão no alto para detê-lo. 

Sua voz devia ter contido pânico o suficiente, porque ele parou a poucos 

passos. Ela se concentrou em respirar várias vezes, em limpar a cabeça e quando 

se sentiu mais calma, abriu os olhos e olhou para ele. 

Sua pele tinha cicatrizado muito bem, não havia nem sinal do acidente que 

tinha sofrido. Era, percebia agora, tão robusto, perigoso e sexy quanto tinha 

parecido naquela noite no XScream. A barba incipiente no queixo, os cabelos 

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Tiamat World 



escuros e sedosos penteados para trás de seu rosto, o queixo forte e quadrado e 

aqueles olhos profundos e pretos. Mas também parecia cansado. Abatido. Como 

se carregasse uma carga opressiva sobre os ombros. 

Bom, pois eram dois. E não tinha nem tempo nem energia para se 

preocupar com que tinha acontecido com ele. 

— Eu disse que você fosse embora. Agradeceria que ao menos fizesse uma 

coisa que pedi. 

— Você está bem? 

Se ela estava bem? Que brincadeira. Quis gritar, Não, não estou bem. 

Nunca voltarei a estar bem, idiota! Mas sabia que era inútil e infantil e tinha 

autoestima suficiente para não fazer papel de idiota diante dele. Já tinha feito 

isso o suficiente na outra noite, quando quase foi para a cama com um 

desconhecido. 

— Estou bem — replicou ela, afastando a mão antes que pudesse tocá-la. 

Por que ele não ia embora? 

Ele deu uma olhada ao redor da loja, como se estivesse tomando nota de 

tudo. 

— O que está fazendo…? — Ele gesticulou para as pilhas de livros. — Pensei 

que trabalhava naquele clube. 

OH, era isso. Não só quase se deitou com aquele cara. Pelo contrário, quase 

se foi para a cama com ele depois de conhecê-lo em um clube de strip-tease. 

Sim. Daquela vez conseguiria a medalha de ouro por seu cérebro. 

— Faço isso — resmungou ela. — Por meio período. Não que seja de sua 

conta de qualquer forma. 

O que só poderia ser descrito como compaixão apareceu em seus olhos. 

Infelizmente alimentou seu temperamento. 

— Na realidade esperava haver me equivocado. 

Equivocado? OH, isto era o cúmulo. 

— Olhe amigo. Eu não estou completamente certa de que diabos está 

acontecendo aqui, mas… 

Sua coluna se retesou. 

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Tiamat World 



— É necessário falar com você sobre algo muito importante, Acácia. 

O tom em sua voz a calou. 

— Do que quer falar comigo? — Perguntou ela hesitante. 

— Seu pai. 

Bom, equivocou-se. Vê-lo de novo, não foi à maior surpresa de sua vida. 

Aquele quase desconhecido acabava de deixar cair uma maldita bomba sobre 

ela. 

— Meu pai? — Perguntou ela com incredulidade. — Meu pai está morto. 

— Não, não está. Está muito vivo. Ao menos no momento. 

Casey se recostou contra o balcão e estabilizou a mão em uma pilha de 

livros. Os romances com capa de papel pressionaram sua coluna, mas mal os 

sentiu. Pela primeira vez desde que Jill lhe deu os resultados do exame, e a série 

de testes adicionais que queria fazer nela, não pensou em si mesma. 

— Onde está? 

— Longe. Mas perguntou por você. De onde venho é um homem muito 

importante. Não lhe resta muito tempo — Theron estendeu a mão. — Se você vier 

comigo, eu a levarei até ele. 

Casey olhou novamente para a mão forte voltando para os intensos olhos 

meia-noite, e vice-versa. Ele poderia levá-la até seu pai. Até o homem que tinha 

conhecido sua mãe. Até o homem que deveria ter sido o único a criá-la, amá-la 

e cuidá-la. Até aquele que poderia unir os pedaços quebrados de sua família e 

responder a todas suas perguntas a respeito de quem ela era realmente. 

Lentamente estendeu a mão. O calor e a eletricidade correram ao longo 

de sua pele, mesmo antes que suas mãos se unissem. Levantou os olhos, surpresa, 

e foi então que viu. Apenas um lampejo por trás de seus olhos duros. Uma janela 

para seus pensamentos. E o que viu a deixou gelada. 

Mentiras. 

Moveu a mão novamente antes que ele pudesse tocá-la, e fechou os dedos 

em um punho. 

— Antes de aceitar, quero saber o que está acontecendo. Quem é você? 

Uma risadinha ameaçadora chegou da porta. 

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Tiamat World 



— Um herói que está prestes a morrer. 

Theron virou-se ante a voz ameaçadora, e o que Casey viu de pé no meio 

de sua loja tinha sido tirado de um pesadelo. Uma forma de altura imponente 

com chifres, presas e garras tão grande que parecia que algo de Aliem x 

Predador tinha ganhado vida. 

Os olhos do monstro se tornaram de um verde deslumbrante, aceso. E pelo 

canto do olho, notou mais dois iguais ao primeiro, de pé nas sombras, esperando 

para atacar. 

Seus olhos arregalaram repentinamente. Ela os tinha visto antes. No 

estacionamento atrás do XScream. Com Theron. 

A memória imprecisa contra a qual esteve lutando nos últimos dias voltou 

correndo. 

O corpo grande de Theron ficou entre ela e o primeiro monstro. Seus 

músculos se retesaram como arame quando ele voltou rapidamente para a 

postura de lutador. Em um instante, estendeu o braço sobre a cabeça e tirou 

uma arma que era uma mistura de adaga e espada, tão longa quanto o 

antebraço, de algum lugar dentro de sua jaqueta. 

Um pensamento momentâneo a golpeou, que de algum modo ela tinha 

entrado em alguma estranha série de ficção científica e nada daquilo era real, e 

depois não pôde seguir a pista de nada. Nem os movimentos em frente a ela, 

nem ao seu redor nem acima. Todo muito rápido para seguir com os olhos. Mas 

ouviu. O choque de metal contra a carne, das garras contra a pele, dos dentes 

contra o osso. 

E gritou igual ao monstro que se lançava diretamente contra ela. 

Isadora se sobressaltou acordando com um suor frio. 

Os lençóis estavam molhados debaixo dela e seu coração batia como se 

ela tivesse competindo nos Jogos Olímpicos modernos. Concentrou-se em levar 

ar para seus pulmões enquanto olhava ao redor do quarto luxuoso, com suas 

pesadas cortinas de brocado, com mobiliário antigo, a área de estar e teto curvo 

que se projetava na altura. 

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O castelo. Sua suíte. Um lugar que naqueles dias odiava chamar de lar. 

Levou algum tempo para perceber que não estava realmente em uma 

pequena livraria no mundo humano, uma coberta de estantes de madeira e 

plantas e com cheiro de baunilha e fumaça e o fedor da morte iminente. 

Mas ela sabia, sem a menor dúvida, que Theron estava lá. Ela o viu com 

tanta clareza quanto se ele estivesse agora junto dela. 

Afastou as cobertas e correu para a porta, sem se importar por está vestindo 

apenas uma camisola, que seus cabelos estivessem um desastre, ou até mesmo, 

que seus pés estivessem descalços. Tinha que chegar até seu pai. Para encontrar 

Theron. Para avisá-lo antes que ele caísse em uma armadilha. 

Abriu voando a porta do quanto que bateu contra a parede. Pegou a frágil 

saia branca que chegava ao chão, com as mãos e correu pelo corredor. Como 

era noite, as velas acesas pelos criados se alinhavam pelo corredor de pedra. Por 

um momento fugaz enquanto corria, achou irônico que na atualidade, com a 

tecnologia, seu pai ainda insistisse em manter as velas acesas no castelo. Ele 

ainda mantinha os antigos comportamentos enquanto eles evoluíam. 

Virou na esquina, seus cabelos voando atrás dela, e estendeu a mão para 

agarrar-se à balaustrada de pedra. Os músculos de suas coxas queimavam 

quando seus pés aterrissaram nos degraus de mármore e ela saltou pelas escadas 

para chegar ao quarto andar o mais rápido possível. Respirando pesadamente, 

bateu a mão no último corrimão e flutuou girando a esquina, só para se chocar 

contra uma parede de músculo. 

Deixou escapar um grito sufocado. Suas mãos voaram para os lados para 

estabilizar-se quando o chão surgiu sob seus pés. E por um momento 

esclarecedor, teve o horrível pressentimento que estava caindo para sua morte 

de uma altura impressionante. 

Que irônico, e claramente incorreto, não? Podia ver o futuro de todos os 

outros exceto o seu, por isso, não sabia exatamente como ia morrer. Embora esta 

fosse uma forma horrível de fazê-lo. 

Os dedos fortes afundaram na carne de seus braços, e antes que ela 

pudesse se endireitar foi sacudida com força e levantada contra aço sólido outra 

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Tiamat World 



vez. Reconheceu o cheiro do Argonauta que a abraçava. E a risada malvada 

retumbando em seu peito era algo que nunca esqueceria. nos 

— OH, Princesa. Em que posição tão precária nós encontramos nesta noite. 

Demetrius. 

Ela balançou perigosamente perto da borda. Tudo o que ele tinha que fazer 

era soltá-la e cairia dando cambalhotas e abrindo a cabeça sobre o chão de 

mármore que seu pai tanto amava. 

— Encontro-me em um dilema. — Sussurrou ele com voz ameaçadora perto 

de seu ouvido. — Ser o herói ou o vilão, que tanto me acusa. Suplique-me que a 

salve, Princesa, para que possa escolher o que ser. 

A adrenalina estimulou Isadora. Todo sentimento horrível que já teve a 

respeito de Demétrius se precipitou sobre ela. Sabia que ele a soltaria só para vêla 

sofrer. 

— Demétrius! 

Passos fortes ecoaram atrás das costas de Demétrius. Isadora ofegou 

quando aquelas mãos ofensivas a puxaram bruscamente contra o peito 

implacável e Demétrius virou a ambos. 

— O que está acontecendo aqui? 

Ela reconheceu a outra voz. Zander. Um dos Argonautas de Theron. O mais 

imprevisível, e havia o rumor, de que era o único que não podia ser morto. 

Agora, balançando-se na borda daquele precipício, com Demétrius como a 

única coisa entre ela e a morte, ficaria encantada de ser imortal. 

— Só salvando a situação. — Disse Demétrio, puxando-a ainda mais até que 

ela sentiu falta de ar. — Parece que a noite trouxe todas as classes. 

Tão rapidamente quanto Demétrius a capturou, soltou-a, e ela se encontrou 

cambaleando sobre seus próprios pés. Zander a segurou pelo braço para 

estabilizá-la. 

— Não parece bem, princesa. 

— Est… estou bem — Isadora passou a mão pela testa, engolindo em seco 

para recuperar a compostura. E se lembrou por que tinha corrido de sua cama 

em primeiro lugar. — Preciso ver meu pai. 

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Os dois Argonautas trocaram olhares, e como sempre, Demetrius foi como 

uma sólida, pétrea e inquebrável presencia ao seu lado, uma que não podia 

afastar rápido o suficiente. 

— Temo que isso não seja possível — disse Zander. — Seu pai está 

descansando. 

— Não entende. Tenho que… 

Zander se virou para as escadas. 

— Levaremos você de volta ao seu quarto. 

— Não. Eu… 

— Estes são tempos perigosos, Princesa. E você não está bem. Seu pai pediu 

que garantíssemos sua segurança. 

Tempos perigosos? O que por Hades significava aquilo? 

Isadora se achou sendo conduzida pelas escadas para longe de sua meta, 

enquanto que as perguntas e a incredulidade voltavam para sua mente. Os 

pesados passos de Demétrius soavam muito perto atrás dela. 

Chegando ao segundo andar seu cérebro finalmente voltou a funcionar e 

ela se agitou para parar. 

— Não. Espere. Preciso encontrar Theron. Devo falar com ele. Tenho que… 

— Theron está resolvendo um assunto para o rei. Nós o poremos em contato 

com você quando ele retornar. Agora, Princesa… 

Foda-se. Isadora flexionou a mandíbula e fincou os calcanhares descalços 

no mármore. Ela seria a rainha. Aqueles dois Argonautas não podiam dizer a ela o 

que devia fazer. 

E quando estava prestes a pôr Zander em seu lugar, aqueles braços duros e 

asquerosamente familiares a levantaram do chão por trás, e ela se encontrou 

embalada, não tão gentilmente, contra Demétrius. 

— Chega de conversa. Vai ficar em sua suíte até que o rei acredite que está 

bem o suficientemente para se aventurar a sair. Fim da história, Princesa. 

A última palavra foi dita com desprezo, e ela lutou contra sua sujeição, mas 

foi inútil. Minutos depois foi jogada sobre a cama, as cobertas levantadas até o 

queixo, com o eco dos passos retumbantes rodopiando no quarto enquanto os 

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Argonautas saiam. Então ficou sozinha, o único som foi o estalo de uma chave na 

porta dupla do lado de fora. 

E então soube que não estava sendo protegida. Não de qualquer ameaça 

externa ou pelo bem de sua saúde. Era uma prisioneira. E seu pai acabava de 

emitir sua sentença de morte. 

CAPÍTULO 12 

O grito de Acácia fez Theron girar a cabeça. O daemon com quem estava 

lutando golpeou sua mandíbula. Theron rugiu e atacou com a espada, cortando 

o peito do monstro. Uma onda de líquido orvalhou sobre sua pele, mas no caos 

não soube se era seu sangue ou do daemon. 

Ele girou rapidamente e chutou a segunda criatura no peito, e depois 

afundou sua parazonium, a antiga adaga grega que tinha recebido de seu pai, 

profundamente no flanco do ímpio. O monstro caiu com um uivo, os trinta 

centímetros da lâmina desapareceram dentro da carne do daemon, mas Theron 

não sabia se ele estava morto, ou só atordoado e em segundos atacaria outra 

vez. 

No entanto, não tinha tempo para acabar com eles completamente. Virouse 

para encarregar-se de Acácia, só para ver que ela tinha se arrastado para trás 

do balcão e estava jogando os livros e materiais de escritório no terceiro daemon, 

que continuava avançando ameaçadoramente sobre ela, como se isso o 

contivesse. Quando isso não funcionou, ela ficou de pé e puxou o extintor da 

parede, apontou para o daemon e o ativou velozmente. 

O daemon ficou temporariamente cego pela torrente de espuma branca, 

mas com um rugido voltou à carga. Theron correu rapidamente cruzando a sala 

e chegou exatamente quando Acácia balançou a garrafa e a cravou de um 

lado da cabeça do daemon. Ela subiu e cima do balcão e voltou a fazer isso, 

desta vez utilizando a vantagem de está em cima para bater nele com mais 

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força. 

A besta caiu. Theron tirou sua lâmina. E foi liquidá-lo por trás quando um dos 

outros dois recuperou o equilíbrio novamente. 

As garras cintilaram, Theron golpeou ao redor, sua lâmina cortando carne e 

ar, mas o daemon ainda se aproximava dois metros e dez de altura e cento e 

quarenta quilos de músculo sem fim. Detrás dele podia ouvir acácia balançando 

o extintor de incêndios sobre o outro monstro. Um grunhido na parte da frente da 

loja lhe disse que o terceiro estava novamente de pé. 

Skata. Estavam com sérios problemas. 

Com dois poderia lidar com facilidade. Três se estivesse sozinho. Mas não 

com Acácia. E embora pudesse pensar em uma forma de sair daquilo e levá-la 

longe o suficiente para concentrar-se e abrir o portal, ela tinha que ir 

voluntariamente com ele. Porque era humana, não podia forçá-la a atravessar o 

portal. 

E em seu estado atual de histeria? Isso não aconteceria. O que significava 

que estavam bem e realmente encrencados. 

O daemon se jogou e o lançou ao chão. Theron bateu a cabeça contra o 

daemon e jogou o monstro para cima como se não pesasse nada. O daemon 

bateu contra uma parte da estante. Os livros choveram sobre ele, mas o monstro 

se levantou depressa e se preparou como se nem sequer houvesse sentido o 

golpe. Theron também ficou de pé, e com um golpe de sua poderosa espada 

rasgou carne e osso. Com um rangido repugnante, a cabeça do daemon se 

separou do corpo e rolou pelo tapete encharcado de sangue. 

Um rugido terrível ecoou pela loja. O daemon que Theron tinha deixado 

ensanguentado na porta bateu contra ele e o levou ao tapete. A espada saiu 

voando de sua mão e bateu contra o balcão. O rosto de Theron foi pressionado 

contra o tapete enquanto as garras rasgavam a jaqueta em suas costas. 

Droga. Agora estavam fodidos de verdade. 

Então ouviu um baque surdo, e um ataque. Sentiu um jorro de algo quente 

nas costas e ouviu um uivo poderoso quando o daemon se afastou dele. 

Theron ficou de pé em um instante, só para perceber que Acácia tinha 

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mergulhado sua espada totalmente no peito do daemon. 

Ela tirou a arma. O daemon caiu para trás, sacudiu-se e parecia que reunia 

suas forças. 

Theron rapidamente tomou a arma de Acácia e a empurrou atrás dele. Pelo 

canto do olho viu que o segundo daemon, coberto de espuma, ficava em pé 

lentamente. 

— Atrás! 

— OH, merda — murmurou ela. 

Ele se agachou na posição de lutador, lançou-se em cima do primeiro e 

sentiu o segundo avançando em círculos para Acácia. Teve microssegundos 

para decidir seu próximo movimento, e de repente à maré virou. 

Os vidros na frente da loja foram quebrados, e um homem atravessou 

voando os vidros quebrados e investiu contra o segundo daemon. 

Armas que se entrechocavam. Mandíbulas que se quebravam. Metal contra 

carne e osso. Cabeças que rolavam, e depois não houve nada mais que sangue, 

pedaços de corpos cortados e as sequelas de uma briga que terminou tão 

rapidamente quanto tinha começado. 

Respirando pesadamente e tendo problemas para ver através do que 

esperava que fosse suor, e não seu próprio sangue, Theron se endireitou e estudou 

o recém-chegado, humano, mas não completamente. E um Argonauta. 

O que não tinha absolutamente nenhum maldito sentido. 

O homem se virou para Acácia, que conseguido subir novamente no 

balcão. 

— Casey, desça. 

— OH, Meu deus. Nick. Jesus cristo, que diabos…? 

As mãos grandes do loiro retiraram Acácia do balcão antes que Theron 

tivesse a chance de detê-lo, e a colocou de pé no meio da loja. O homem a 

segurou pelos ombros e a manteve firme. 

— Respire Casey. Virão mais. 

— Mais? O que…? 

Então, quase como se acabasse de perceber que não estavam sozinhos, 

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seus olhos se dirigiram para Theron, a compreensão emergindo em suas 

profundidades violetas. E pela primeira vez desde que a tinha conhecido, 

percebeu a semelhança de seus olhos com os do rei. 

— Essas coisas, — disse ela — eu as vi naquela noite com você. Do lado de 

fora do XScream. 

O homem a quem tinha chamado de Nick o olhou duramente. 

— Você os trouxe para cá? Para ela? 

— Não — disse Theron, empurrando sua arma de volta a bainha nas costas. 

Agora ele era o cara mau? Foda-se. — Enviaram-me para protegê-la. 

Nick franziu o cenho. 

— Enviado? Por quem? 

Ele hesitou e depois pensou que se aquele homem sabia sobre os daemons, 

tinha que saber sobre o resto. 

— O Rei Leônidas. 

E oh, sim, aquele cara definitivamente tinha alguma ligação com Argolea e 

isso não gostava dela, porque seus olhos se iluminaram ao ouvir o nome e a 

mandíbula se enrijeceu até que ficou como um pedaço de aço por debaixo da 

carne. 

Acácia olhou de um para o outro com uma pequena ruga entre as 

sobrancelhas enquanto tentava dar sentido a conversa. 

— Quem é Leônidas? O que eram essas coisas? E de onde vieram? Alguém 

vai me dizer o que está acontecendo aqui? 

A histeria transparecendo em sua voz, e Theron soube tinha apenas alguns 

segundos para afastá-la e atravessar o portal antes que ela decidisse não 

cooperar. Estendeu a mão para ela. 

— Venha comigo e eu explicarei tudo isso. 

Nick a segurou pelo braço antes que ela o levantasse, e aqueles olhos cor 

de âmbar brilharam contra os negros. 

— Ela fica. Sei exatamente o que é Argonauta, e se acha que eu a deixarei 

ir a algum lugar com você, está alucinando. 

Theron sentiu a abertura do portal fora dos limites da cidade e soube que 

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em questão de minutos estariam cercados e em desvantagem novamente. E 

desta vez havia boas chances de não saíssem daquela tão facilmente. Nick, 

obviamente, sentiu isso também, porque apertou sua mão ao redor do braço de 

Acácia e a urgência acelerou suas palavras. 

— Tem fósforos? 

Perplexa, ela levantou o olhar. 

— Na gaveta. Mas para quê? 

Nick a soltou e se dirigiu para trás do balcão. Ele puxou bruscamente para 

abri-lo, até que tirou uma caixa grande, depois abriu a porta do armário e 

procurou, tirando finalmente um recipiente de metal de algum tipo. 

— Rasgue a lombada de alguns livros e jogue-os sobre os corpos. 

— Um momento. Rasgar o que de meus livros? Espere um minuto. 

Theron não precisou perguntar, e não tinha tempo para esclarecer isso a 

Acácia. Pegou os livros de bolso do expositor mais próximo e começou a arrancar 

as páginas até que teve uma pilha de papéis amassados e cobriu o daemon 

mais próximo. Nick fez o mesmo, depois pulverizou o líquido sobre toda a massa. 

Os olhos de Acácia se abriram de repente. 

— O que você acha que está fazendo? Vai ter que pagar por isso. Não 

pode… oooh! 

Ela gritou e saltou para trás quando o corpo explodiu em chamas. Nick 

botou fogo no segundo depois no terceiro e jogou a caixa de fósforos e a garrafa 

de álcool no fogo. As chamas lambiam o chão e se elevavam até o teto, 

formando uma nuvem negra, que já estava se propagando. 

— Vamos. 

Theron se reuniu com eles na porta e impediu Nick de sair com Acácia. 

— Ela não vai a lugar algum sem mim. 

Na fração de segundo de silêncio entre eles, Nick, obviamente, soube que 

ficavam sem tempo e sem opções. Assentiu com a cabeça. 

— Que assim seja. Mas se você prejudicar um só fio de cabelo de sua 

cabeça eu o matarei. O líder dos Argonautas não significa nada para mim e os 

meus. 

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Theron olhou para Acácia, enquanto as chamas rugiam para a vida atrás 

dele, lembrando curiosamente o fogo do inferno. 

— Que assim seja. 

Eles tinham incendiado sua loja. 

Casey se viu sendo empurrada para a parte de trás de um enorme SUV 

enquanto lutava para olhar para atrás, para a destruição do que uma vez foi o 

orgulho e alegria de sua avó. Seu peito se apertou até que ficou difícil tomar ar, e 

soube que não era só pela adrenalina ou a fumaça. 

O único lugar onde ela achava que tinha encaixado se foi. Engolido pelas 

chamas agora. 

Nick deslizou no assento do motorista, enquanto Theron se encaixava na 

parte de trás com ela. Os dois homens eram tão grandes que pareciam absorver 

todo o ar do veículo, e se ela já não estivesse à beira de um ataque, só isso seria 

suficiente para fazê-la perder o controle. 

As quatro travas das portas se fecharam ao mesmo tempo em que Casey se 

virava para olhar o prédio em chamas. 

OH, Meu deus. Eles incendiaram meu prédio. 

— Rápido — exclamou Theron, segurando o assento do passageiro da frente 

e virando-se para olhar para trás. — Eles estão vindo. 

A fúria explodiu no peito de Casey quando o motor do SUV rugiu. Bateu com 

o punho contra o ombro de Theron. 

— Filho de puta! Você incendiou minha loja! 

O SUV se sacudiu afastando-se do meio-fio com uma força que jogou Casey 

contra o peito sólido de Theron. Ele a pegou pelos pulsos e a segurou facilmente 

com uma mão, sustentando-a com a outra para se certificar que não caísse. 

— Caso possamos sair daqui, você nos agradecerá por isso mais tarde. Só o 

fogo pode destruir o corpo de um daemon. 

Será que isso importava agora? Tudo pelo que tinha trabalhado tão 

arduamente ao longo dos últimos meses tinha desaparecido. 

O céu escolheu aquele momento para aliviar seu sofrimento na pequena 

cidade de Silver Hills, e uma corrente de chuva atingiu o veículo, batendo contra 

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o SUV como se a Mãe Natureza estivesse aborrecida enquanto eles saiam em 

disparada pela rua vazia. Casey arranhou Theron para que ele a soltasse, mas ele 

simplesmente a segurou com mais força. 

Nick dirigia como uma alma que carrega o diabo. Ele gritou algo para 

Theron que Casey não entendeu. Em seguida Theron a mudou de posição e 

enfiou a mão no bolso. Antes que ela visse o que ele carregava, ele baixou a 

janela e lançou o objeto para trás. Uma bola de fogo explodiu na estrada atrás 

deles, seguido de uivos e gritos, do tipo que Casey supôs que só poderiam vir do 

inferno. E foi então que percebeu que aquelas coisas em sua loja ainda os 

seguiam. Ou melhor, que outros tinham aderido à luta. Não estavam fora de 

problemas ainda. Não mesmo. 

Desistiu de lutar, e em vez disso se agarrou a camisa de Theron, segurando o 

algodão entre os punhos enquanto Nick dirigia a toda velocidade para fora da 

cidade e para além do bosque. A adrenalina a estimulou enquanto ela afundava 

na realidade da situação. Então fechou os olhos e disse todas as orações que 

conhecia para conseguir sair daquela viva. 

Não soltou a camisa de Theron, nem sequer quando ele se reclinou 

apoiando-se no assento de novo. E ela não se opôs a mão em suas costas ou aos 

braços rodeando-a apertadamente, quando qualquer pessoa em seu juízo 

perfeito teria feito isso. 

Ok, isso a tornava uma fraca, mas não se importava. Sua loja já não existia e 

alguns monstros muito estranhos a seguiam. Levando em conta tudo o que tinha 

acontecido pela manhã com Jill, estava à beira de um ataque dos nervos. 

Considerando tudo isso, aceitaria um momento de conforto onde pudesse 

consegui-lo, até mesmo dele. 

— Acredito que os perdemos — disse Theron, olhando por cima do ombro. 

Nick pigarreou do assento dianteiro. 

— Para onde você está nos levando? — perguntou Theron depois de um 

silêncio, depois que ele estava dirigindo durante um tempo. 

— Para casa— disse Nick. 

— Lá eles a encontrarão. 

131

Tiamat World 



— Como? 

— Porque estão aqui por causa dela. 

Casey não compreendeu o silêncio que se seguiu, ou a tensão entre os dois 

homens no carro com ela. E embora não soubesse como, entendeu que eles dois 

se conheciam de algum lugar. Ou sabiam um do outro. E nenhum era feliz com 

esse conhecimento. Nick tirou o veículo bruscamente para um lado do caminho 

e freou repentinamente. 

Ela foi lançada para frente e para trás, mas Theron continuou segurando 

firmemente. 

— Ela não vai a nenhum lugar sem mim — reiterou Theron enquanto o 

veículo estava em ponto morto. — Fui enviado para cá para protegê-la. Não 

quero ter nada a ver com você ou os outros. 

Outros? 

— Que os deuses o ajudem, — cuspiu Nick— se estiver mentindo para mim. 

— Não estou. 

O silêncio caiu no veículo como uma nuvem escura e espessa. Casey não se 

atreveu a mover-se. Percebeu que aqueles dois estavam em um implícito 

empate, e se não tomasse cuidado, ficaria presa no meio. O que poderia 

acontecer entre eles deixaria aquela batalha acontecida em sua loja com 

vergonha. 

Por último, Nick blasfemou em uma linguagem que Casey não reconheceu, 

e então manobrou o SUV fazendo um “U”, no meio da estrada. Theron reforçou 

uma mão no assento da frente dele para estabilizá-los, já que dispararam 

vertiginosamente para a estrada e fizeram uma curva acentuada de noventa 

graus para uma estrada de terra que levava até as árvores. Um caminho que 

Casey nunca tinha visto antes. 

— Isto não muda nada, Argonauta — gritou Nick. 

— Não queria isso. 

Nick bufou e acelerou. A poeira se levantou atrás deles. 

— Em poucos minutos pode estar desejando nunca haver se fixado nela. 

132

Tiamat World 



Uma mão forte tirou Casey de seu sono. Não tinha certeza de quanto tempo 

tinha dormido ou para onde a tinham levado, mas quando conseguiu abrir as 

pálpebras e se afastou do peito de Theron, não reconheceu o lugar. 

Nick já estava fora do SUV e abria a porta para eles. Ela saiu do carro e 

tropeçou no caminho esburacado. Theron a segurou por trás antes que caísse no 

chão. 

— Devagar. 

Podia estar fraca e cansada por tudo o que tinha acontecido, mas não 

queria que ele notasse. Embora tivesse aceitado o conforto de Theron no SUV, seu 

cérebro estava começando a funcionar novamente, e até que conseguisse 

algumas respostas, não queria nem necessitava de sua ajuda. 

Retirou com força o braço que Theron segurava e deu uma olhada ao 

redor. O caminho, se podia chamá-lo assim, não era mais que uma porção de 

terra que terminava abruptamente. Árvores altas e vegetação densa os 

rodeavam quase por todos os lugares. Em um tom brusco, Nick disse: 

— Esperem aqui — depois subiu no veículo e entrou entre os arbustos até 

que desapareceu de vista. Algum minuto mais tarde reapareceu, fazendo um 

gesto com o ombro. — A partir daqui caminharemos. 

Nick ficou na frente, abrindo caminho através do bosque, e Casey o seguiu 

de perto, observando onde ele pisava, com cuidado de não desviar os olhos de 

onde ele andava. Ainda estava trêmula, um pouco insegura sobre os pés, e a 

última coisa que precisava era cair de traseiro na frente daqueles dois. 

Theron era uma presença dominante as suas costas, perto o suficiente para 

o tocar e sentir seu cheiro. Por que não retrocedia? E por que exasperava tanto 

seus nervos? Especialmente agora? 

A mente ainda estava trabalhando em tudo o que tinha acontecido, mas 

uma coisa era manifestamente clara: Theron havia voltado por causa dela. Havia 

dito que aqueles daemons andavam procurando-a. O que significava que ele 

sabia o que eles queriam. Também significava que não tinha vindo procurá-la 

porque queria reatar o que tinham deixado. Ou seja, sexo quente e perverso 

com o qual esteve fantasiando desde que ele tinha descartado seu traseiro por 

133

Tiamat World 



pastos mais verdes. 

Bastardo. 

A rota ascendia até que a respiração de Casey se tornou rápida e difícil. O 

suor escorria pelo peito entre os seios. Passou a mão pela testa e desejou 

desesperadamente que pudessem parar. Só por um minuto, tempo suficiente 

para poder recuperar o fôlego. Mas não ia pedir isso. Tinha a estranha sensação 

que Nick estava tentando levá-los ao seu destino rapidamente. E esse 

pensamento fez que seu cérebro recordasse claramente o motivo pelo qual 

estavam fugindo em primeiro lugar. 

Levantou a cabeça uma vez para dá uma olhada ao redor, e no processo 

tropeçou com uma pedra que estava no caminho. Lançou rapidamente a mão 

para segurar-se na base de uma árvore a sua direita, mas nunca a tocou. De 

uma só vez foi levantada nos braços e embalada contra o peito forte de Theron. 

— Ponha-me no chão — espetou. — Posso caminhar muito bem. 

— Assim não, não pode. Está branca como a neve — Quando ela se 

contorceu contra ele, ele apertou a sujeição em seus braços e por baixo dos 

joelhos. —Pare de lutar ou nos dois cairemos. 

— Se pensa que eu vou deixar que você me toque depois do que fez… 

O resto de seu protesto saiu de sua boca em um grito quando ele a jogou 

em cima do ombro de modo que suas mãos dispararam para as costas 

musculosas dele para manter o equilíbrio e o traseiro se sobressaía levantado 

para o ar. 

— Assim está melhor para mim, meli. — Com os dois braços segurou suas 

pernas travadas juntas contra o peito, tenazmente. —. E a vista é mais atraente. 

O calor correu para as bochechas de Casey, seguido pela incredulidade 

ante seu descaramento. 

— Por que…? 

— O que está acontecendo aí? — perguntou Nick na frente deles. 

— Nada — disse Theron. — Acácia estava um pouco instável. Resolvemos 

isso. 

Experiência traumática ou não, aquele cara não falava por ela. Casey abriu 

134

Tiamat World 



a boca para pô-lo em seu lugar, só para ser cortada por uma ensurdecedora 

advertência do homem que a mantinha cativa. 

— Seria prudente fazer o que eu digo agora, meli. Não sei para onde 

estamos indo, e lutar com você, ao mesmo tempo em que instiga o interesse, é 

muita distração. 

— Meu sangue está descendo para cabeça, imbecil. 

— Bem. Sua cor voltará. 

— De todos os… 

Ele riu entre dentes e acelerou o passo. 

Com um bufo, Casey afastou os cabelos dos olhos. Insultando-o não 

conseguiria nada e em parte estava contente por descansar os pés doloridos. 

Embora nunca admitisse isso, nem em um milhão de anos. 

Franziu o cenho e relaxou contra ele, só para retesar-se mais uma vez 

quando a mão dele subiu pela parte posterior de sua coxa. Ela apoiou as mãos 

na parte baixa de suas costas e se levantou. 

— Cuidado, amigo. 

— Só estou a segurando melhor. 

OH, aposto que sim. 

Antes que pudesse dizer a ele exatamente o que podia fazer com suas 

mãos, a escuridão a envolveu, e ela percebeu que tinham entrado em uma 

espécie de caverna ou túnel. 

Theron a ajudou a descer até o chão. Atrás dela, Nick disse: 

— Não está longe. Fique perto e não me percam de vista. Os túneis se 

ramificam em várias direções. Vocês se perderão para sempre se escolherem a 

errada. 

Isso não soou muito atrativo para Casey naquele momento, ela não queria 

nada mais que uma cama quente, uma bebida forte e uma chance para dormir 

depois do dia de pesadelo de hoje só para tirá-lo da mente. Seguiu Nick de perto 

e soube depois da primeira curva que se não estivessem guiando-a, ela se 

perderia num instante. 

No que a pouca luz da abertura rapidamente desapareceu e a escuridão 

135

Tiamat World 



os envolveu começaram a fazer uma curva atrás da outra. Casey estendeu uma 

mão para as paredes de rocha para manter o equilíbrio, o cheiro da terra 

formigava pesadamente em seu nariz. Na frente viu um raiozinho de luz e 

percebeu que Nick tinha tirado uma lanterna de seu bolso. Embora o túnel fosse 

alto o suficiente para que os três ficassem de pé, as paredes eram próximas, e os 

dois homens tiveram que ficar de lado para que seus ombros largos passassem 

pelo espaço. 

Após o que pareceu uma eternidade de curvas fechadas e rápidas 

mudanças de altitude que roubaram novamente o fôlego de Casey, o túnel se 

abriu finalmente em uma enorme caverna iluminada por centenas de tochas. 

Casey prendeu a respiração enquanto piscava rapidamente por causa do 

aumento de luz. Estruturas de madeira de três andares se moldavam a rocha em 

ambos os lados da caverna. As portas, janelas e balcões com vista para uma 

piscina central de água, alimentada por uma imensa cachoeira que caía do teto 

da caverna, quase trinta metros acima. 

— OH, Deus — ela sussurrou. As pessoas que se aglomeravam 

desordenadamente ao redor da piscina central pararam para olhá-los enquanto 

olhos cautelosos os observavam das estruturas de ambos os lados. 

Recuou cautelosamente e bateu contra o peito de Theron, embora ele não 

se movesse. Aqueles olhos que a observavam não eram nem um pouquinho 

agradáveis e teve a impressão absurda que tinha sido jogada na cova dos leões. 

Uma menina pequena, de não mais de cinco anos, soltou-se de uma mulher 

que se mantinha a distância em um lado e correu para eles, gritando: 

— Nick! Nick! 

Nick caiu de joelhos para pegar a menina quando ela se jogou em seus 

braços. O abraço foi breve, mas ficou claro até mesmo para Casey que os dois 

compartilhavam um vínculo especial. 

— Sabia que voltaria bem — disse a menina. Nas mãos sustentava uma 

boneca que embalava contra o peito. — Minnie me disse isso. 

— Minnie é uma garota inteligente — disse Nick, beliscando seu queixo e 

ficando de pé. 

136

Tiamat World 



A garota olhou brevemente para Theron, de pé atrás de Casey, depois 

voltou sua atenção para Casey. E foi então que Casey notou as marcas. 

Todo o lado direito do rosto da menina estava coberto de cicatrizes 

enrugadas, como se ela tivesse sofrido algum terrível acidente de carro e depois 

se queimado. O olho direito estava coberto por um tapa-olho, e os cabelos que 

deveriam ter sido longos e grossos eram escassos naquele lado da cabeça. 

Mas não foi o aspecto da garota o que fez Casey prender a respiração 

enquanto olhava para a menina pequena. Foi o olhar no olho saudável da 

menina. Como se ela tivesse visto o mundo e mais além. Como se já tivesse vivido 

toda uma vida e envelhecido eras para sua idade. Como se estivesse olhando 

diretamente através de Casey e para um futuro que ninguém conhecia exceto 

ela. 

— Sabia que você viria — disse a garota. — Minnie me disse isso. 

— Quem é Minnie? — Casey encontrou-se perguntando. 

A menina levantou a boneca. 

— Minnie sabe tudo. Ela sabia que Nick lutaria contra os monstros hoje e 

ganharia, e que voltaria a salvo para casa. E ela sabia que ele a traria para cá 

para nos salvar. 

Casey olhou para Nick, que estava observando a garota com uma 

expressão perplexa. 

Um calafrio de presságio deslizou pela coluna de Casey. Voltou sua atenção 

para a garota. 

— O que quer dizer com nos salvar? 

— A todos nós — a menina levantou a mão livre e fez um gesto para suas 

costas. — A toda a colônia. Minnie disse que foi por isso que você veio. 

Embora fosse uma loucura e não tivesse nenhum sentido, levando em conta 

todo o resto, as duas palavras explodiram no cérebro de Casey. Meu povo. 

Ela caiu de joelhos diante da garota sem duvidar disso. 

— Como se chama? 

— Marissa. 

— Marissa — repetiu Casey, com os olhos percorrendo a pequena menina. 

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Tiamat World 



—. Que mais Minnie contou a você sobre mim, Marissa? 

— Que viria com ele. — Inclinou a cabeça para Theron, que permanecia 

muito perto das costas de Casey. — E que não tivesse medo dele — se inclinou 

para o ouvido de Casey. — Os outros não entendem. Nem sequer Nick. Mas ele 

está aqui para proteger você, e precisa tanto de você quanto nós. 

— Por quê? — sussurrou Casey. 

Marissa empurrou a boneca para as mãos de Casey. 

— Deixe que Minnie lhe mostre isso. 

No momento que os dedos de Casey tocaram a mão da garota, um 

estremecimento a atravessou, e de repente voltou no tempo e no espaço, até 

parar de pé sobre a borda de um grande penhasco, olhando uma cena horrível. 

As chamas se lançavam em direção ao céu. Os gritos ecoavam ao seu 

redor e o rugido de uma luta crescia, mas a frente do incêndio. A jovem, Marissa, 

estava ferida e sangrando, as chamas engolindo seu vestido e chamuscando sua 

carne. Uma mulher estava tentando abafar o fogo, mas não conseguiu apagá-lo 

com rapidez suficiente para salvar a pele delicada da menina. Atrás delas, os 

mesmos monstros que tinham aparecido antes na loja de Casey devoravam um 

homem. 

Então Nick apareceu em cena e começou a lutar contra as criaturas, como 

tinha feito em sua loja. 

Era rápido e eficaz, e sua força e destreza eram avassaladoras. Ele salvou a 

jovenzinha e sua mãe, mas o homem foi devorado ante os olhos da menina, e 

com horror, Casey viu como o monstro atingiu com a mão o peito do homem que 

gritava e arrancou seu coração. 

A mão da menina no braço de Casey a separou da visão e a trouxe de 

volta ao presente. Mas a dor ainda continuava viva e real nos olhos da menina, e 

Casey também a sentiu. Sua voz se transformou em um sussurro. 

— O que farão a você será pior. 

— Marissa! 

Ao som da forte voz feminina, Casey se levantou, mais agitada do que 

queria admitir. A mulher que vinha correndo em uma velocidade vertiginosa, e 

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Tiamat World 



ela também estava queimada e com cicatrizes, e pegou Marissa em seus braços 

antes de disparar um olhar tórrido para Theron e ir correndo para a aldeia, 

falando em um idioma que Casey não entendeu. 

O coração de Casey batia a mil por hora quando olhou para Nick, mas se 

esperava encontrar respostas em seu rosto duro, estava claro que não as teria. 

Seus olhos cor de âmbar se entrecerraram e se concentraram diretamente nela 

como se a visse pela primeira vez. 

— Marissa é uma adivinha — murmurou Nick entre dentes. — Uma vidente. 

Utiliza Minnie, sua boneca, como sua médium, embora sinta os acontecimentos 

do futuro sem ela. 

Ceeeeeerto. Isso não ajudava em nada. Porque de algum modo Casey 

sabia que o que viu não foi o futuro, e sim o passado. 

Casey deixou escapar uma risadinha nervosa sem nenhum humor. 

— Bem, desta vez ela se equivocou. Cometeu um engano comigo. Mal 

posso salvar a mim mesma, muito menos a alguém mais. 

Theron e Nick trocaram olhares confusos, e com estranha clarividência ou 

sem ela, Casey decidiu que era hora de algumas respostas. 

Ela endireitou os ombros. 

— O que está acontecendo aqui, Nick? O que eram aquelas coisas e onde 

diabos estamos? — Olhou para a figura de Theron. — E de onde infernos você 

veio realmente? — Olhou de um para o outro no meio dos dois homens 

gigantescos outra vez enquanto o fio de pânico voltava para sua voz. — Já é 

hora de alguém começar a falar, ou eu estou fora. 

Os olhos de Nick se fixaram em Theron. 

— Acredito que é hora de todos termos algumas respostas. Mas não aqui, 

diante de todos. Vamos fazer isso em um alojamento. 

CAPÍTULO 13 

139

Tiamat World 



O alojamento era uma enorme extensão das estruturas construídas de 

madeira, no final de tudo, na grande caverna. Enquanto caminhavam pelo pátio 

central e passavam pela cachoeira, Theron permaneceu do lado de Acácia. 

Apesar de sentia que o desconforto dos moradores se devia apenas a sua 

presença, não saiu do lado dela para evitar que batessem nela por sua culpa. 

Deuses, eram tantos. Examinou a multidão que se abria para que 

passassem. Muitos deles abatidos, maltratados e exibido marcas de antigas 

batalhas. Como podiam tantos deles terem permanecido em segredo dos 

Argonautas por tanto tempo? 

Ficou claro que Nick era o líder dos mestiços. Transpirava um ar de 

autoridade sobre toda a colônia, e as cabeças se inclinavam levemente a sua 

passagem. Não pela primeira vez, Theron se perguntou quem era aquele 

guerreiro sagaz. Notou as luvas de couro sem dedos que Nick usava, e a estranha 

sensação que golpeou Theron na livraria de Acácia, golpeou-o outra vez 

enquanto caminhavam... a sensação de que este era tanto humano quanto 

Argonauta. 

Mas, como isso podia ser possível? 

Chegaram os degraus da casa, e Nick os guiou pelo caminho para dentro 

que parecia ser um ponto de reunião. Um lustre gigante de ferro com velas 

iluminava com luz dourada o espaço. O teto tinha vigas esculpidas de árvores 

enormes e o piso era de madeira de uma esplêndida cor de mel. Uma escadaria 

gigante na frente levava ao segundo andar. À direita havia uma sala de estar, 

completa, com cadeiras de couro e mesas rústicas dispostas em grupos 

diferentes, que enchiam o espaço. Portas duplas se abriam para a esquerda. 

Nick os levou para o escritório. Uma vez lá dentro, trancou as portas e 

fechou as cortinas, bloqueando a vista e os olhares curiosos das pessoas do outro 

lado. 

Acácia não esperou um convite para sentar-se. Caiu em um dos sofás de 

couro verde no canto da sala com um longo suspiro. Não tinha boa aparência, e 

como havia sentido antes em sua loja, Theron sentiu a doença atormentando seu 

corpo. A mesma doença que tinha infectado Isadora. 

140

Tiamat World 



Skata, precisava levá-la de volta ao castelo. Agora mesmo. 

A culpa que sentiu pelo que tinha sido enviado para fazer, foi repentina e 

inútil, então a afastou e decidiu fixar-se nos fatos. 

— Que lugar é este? 

Nick se sentou na cadeira atrás de uma grande mesa de carvalho, o couro 

rangendo sob seu corpo grande. 

— Um refúgio. Ou o melhor que pudemos conseguir. As cavernas nos 

proporcionam proteção. Qualquer daemon que se aventure a entrar se perderá 

nos túneis e será interceptado pelas nossas sentinelas. Esta colônia existe há ao 

menos quinhentos anos, e nenhuma só vez entraram nela. 

Quinhentos anos. Queridos deuses. 

— Quantos há aqui? — perguntou Theron. 

— Nesta colônia? — Nick levantou uma sobrancelha e, apesar de prometer 

respostas, o desafio em seus olhos era evidentemente claro. —Duzentos e 

quarenta e sete. Em um bom dia. Mas nossos números crescem e diminuem em 

função de nossa gente ir de colônia em colônia. 

Duzentos e quarenta e sete? Santa skata. E havia outras colônias? E o rei 

sabia delas? 

Quando pôde falar depois do impacto que isso lhe causou, perguntou: 

— Não ficam? 

Se a fortaleza era tão impenetrável quanto Nick proclamava, por que 

qualquer um daqueles mestiços queria se arriscar no mundo humano, onde 

poderiam ser identificados e assassinados assim que fossem vistos? 

— Temos que viver, Argonauta. Apesar de ter certeza que você adoraria se 

não o fizéssemos. 

Theron sentiu a agressão, e não respondeu. Os olhos de Nick se estreitaram 

até serem quase umas frestas. 

— Não haverá boas-vindas para mim? Sim, eu não esperava isso. 

No silêncio tenso entre eles, Nick alcançou um lápis e o golpeou contra a 

borda da escrivaninha. 

— O que você quer dizer com colônia? — perguntou Acácia, com voz fraca 

141

Tiamat World 



do sofá. 

Nick se virou para ela, e sua voz se suavizou. 

— O que você acha que eu quero dizer, Casey? 

Os olhos de Theron se estreitaram ao olhar para os dois. Havia uma conexão 

entre os dois, um elo, que deixava uma sensação estranha no peito de Theron. 

Com precaução, Acácia enfrentou o olhar de Nick. 

— Não... Não tenho certeza. Mas tenho a estranha sensação de que 

aquelas pessoas lá de fora não são... 

— Não são o que, Casey? — perguntou Nick. — Não são... humanos? 

Seus olhos bateram com suavidade nos dele e, seja lá o que for que ela viu 

ali a fez prender a respiração. 

Nick assentiu para Theron. 

— Mostre-o. 

A ordem não era só alarmante. Era inconcebível. Você não dá ordens a um 

Argonauta, especialmente ao seu líder, para que faça algo, porque fazer algo 

assim era tão útil quanto convocar uma sentença de morte. Mas Nick 

obviamente não se importava, de forma alguma, com o protocolo e as 

ameaças. E isso fazia dele o tipo de adversário mais perigoso. 

O bom senso dizia a Theron que estava com merda até o pescoço, ali. 

Quantos mestiços já sabiam quem ele era, e Acácia não acreditaria até que visse 

por si mesma. E até que ganhasse sua confiança, não iria com ele a lugar algum 

no momento. Inclusive desde o incidente na loja, estivera olhando-o como se 

pudesse ser um daemon. 

A contra gosto, levantou as mãos e fez aparecer às marcas em sua pele. 

Como era um Argonauta, podia abrir o portal de qualquer lugar em que 

estivesse. Quando seus mindinhos se tocaram, uma rajada de energia inundou a 

sala. Suas mãos brilharam com uma luz branca que iluminou e emoldurou suas 

marcas. E com a luz, o portal se abriu, mostrando uma visão do reino de Argolea 

sobre as paredes, o piso e o teto, enchendo cada centímetro do espaço no 

escritório com sua presença. 

Acácia ofegou. E Theron tentou vê-la sob sua perspectiva, como um 

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Tiamat World 



forasteiro a veria. Tinha aberto o portal inúmeras vezes com um simples 

pensamento, e a beleza e realeza de seu lar o inundaram com o passar dos anos. 

Mas agora, vendo-a através de seus olhos, vendo as montanhas verdes - azuis e 

as construções de mármore branco com seus capitéis 25 coroados de bronze, pela 

primeira vez viu segredos. Mentiras. Meias verdades que talvez tivesse deixado um 

segmento completo de sua raça em risco. 

Separou suas mãos e o portal se fechou com ímpeto, a luz e a visão 

desapareceram com tanta rapidez quanto tinham aparecido. 

Com os olhos arregalados, Acácia o encarou. 

— Certo, isso foi um pouco estranho. Estranho no estilo do Cara Estranho 

Chriss Angel 26 . Q... Que diabos era isso? 

Theron olhou de esguelha para Nick. 

— Chriss Angel? 

— Um ilusionista. Humano. Não teria por que conhecê-lo — voltou os olhos 

para Acácia isso era Argolea, Casey. 

— Argo o quê? 

— Argolea — repetiu Theron. — Meu lar, o lar de seu pai. 

Seus olhos foram para Nick procurando confirmação, de uma maneira que 

fez que Theron quisesse obrigá-la a olhá-lo novamente e dar em Nick um bom 

golpe na cara. 

Nick se levantou da cadeira e rodeou a escrivaninha. 

— Theron é um herói, Casey. 

— Um quê? 

— Um herói — repetiu Nick. —Sua avó era Grega, não é mesmo? — Acácia 

assentiu. — Na mitologia Grega, os heróis eram mortais de grande força e 

habilidade, nascidos da união de um mortal e um deus. 

Os olhos de Acácia dispararam para o rosto de Theron, e de forma tão 

imprevista quanto na noite que a conheceu, a conexão que compartilhavam se 

deflagrou cálida e brilhante. Uma conexão que não tinha o menor sentido, 

25 Capitel – coroamento do fuste duma coluna. (Aurélio) 

26 Chriss Angel – Ilusionista americano 

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considerando quem e o que ela era. 

— Está me dizendo que é um deus? 

— Não — disse Theron com rapidez, concentrando-se. — Um descendente. 

Os primeiros heróis eram meio humanos, meio deuses. Com o tempo, quando se 

reproduziram, nossa raça nasceu e as linhas se cruzaram. Meu povo são os 

descendentes desses heróis originários. 

— Que raça? — perguntou ela, hesitante. 

— Chamam-nos de Argoleans. Nosso lar fica em outra realidade, 

estabelecido fora do mundo humano. 

Suas sobrancelhas se arquearam em um olhar de “que diabos você andou 

fumando?”. 

— Quer dizer como o Olimpo? 

— Não — negou Theron. — O Olimpo é o lar dos deuses. Argolea é uma terra 

que foi fundada especialmente para nossa raça, um lugar onde podemos 

prosperar e ser livres. 

Nick bufou. 

— Você quer dizer, onde os de sua espécie se escondem. 

Theron ignorou o sarcasmo. Lidaria com Nick e sua colônia de mestiços mais 

tarde. Agora podia ver que Acácia não estava acreditando em nada do que ele 

tinha acabado de lhe contar, e fazê-la entender sua linhagem era importante, se 

tinha que levá-la de volta com ele. 

— Seu pai é de minha espécie. 

— O que ele está evitando dizer a você, Casey — disse Nick sem rodeios— , 

é que não é só um Argolean. É um Argonauta. Um dos chamados em sua raça 

como Guardiões Eternos. O líder, se não me engano. E além do óbvio — por que 

está em nosso mundo — tenho curiosidade de saber por que está focado em 

você. 

Nick cruzou os braços e olhou para Theron. 

O momento da verdade. Os pelos da nuca de Theron se arrepiaram quando 

olhou de Acácia para Nick repetidas vezes. Pediu a Hades que a jogada valesse 

a pena. 

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Tiamat World 



— O nome de seu pai é Leônidas. Rei Leônidas. O governante de meu reino. 

Nick blasfemou e deixou os braços caírem. Os olhos de Casey se abriram 

ainda mais, se possível. 

— Meu pai é um rei? 

Theron assentiu. 

— Um rei do tipo que usa uma capa vermelha, com coroa pontuda e um 

bobo da corte aos seus pés? 

Theron arqueou uma sobrancelha, surpreso por sua engenhosidade. 

— Os deuses nunca foram aficionados nos bobos da corte. E esse costume 

passou a nós. 

Ela apenas continuou olhando para ele com o mesmo olhar exagerado, 

com o gesto de “você está mais alto que um balão aeróstato 27 ” em seu rosto. 

Virou-se para Nick, com as velas nas paredes lançando uma luz cálida sobre seu 

rosto. 

— Explique-me o que é este lugar. E quem são todas aquelas pessoas lá de 

fora? 

O humor de Theron desapareceu. O que era aquela pontada em seu peito 

que experimentava cada vez que ela olhava para Nick procurando respostas? 

As feições cheias de cicatrizes de Nick se suavizaram de uma maneira que 

transformaram aquela pontada, em uma punhalada. 

— Eles são como nós, Casey. Mestiços, ou assim é como nos chama sua 

raça. Metade Argolean, metade humanos. 

— Como você os chama? — perguntou ela, em voz baixa. 

Suas sobrancelhas se uniram quando franziu o cenho. 

— Fodidos e realmente desafortunados. 

Theron cerrou os dentes quando Nick foi sentar-se ao lado dela no sofá. 

— Misos 28 , Casey — disse Nick. — Significa metade, que é o que somos. Sei 

que é confuso, mas me faça um favor. Apenas diga-me se estou errado. Você 

tem vinte e sete anos, e se sente como se nunca tivesse pertencido a lugar 

27 Aeróstato – veículo que usa um gás mais leve que o ar para mantê-lo flutuando na atmosfera. (Aurélio) 

28 Misos – Meio humano, meio argolean. Raça que vive escondida entre os humanos 

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nenhum. Voou de emprego em emprego, sem se apaixonar por nada em 

particular. Amava sua avó, mas sempre sentiu que ela não a entendia porque era 

diferente, e nunca sentiu um laço que a ligasse a ela quando cresceu. Quando 

começou a trabalhar no Xscream e conheceu Dana, apesar de ficar doente no 

clube, foi a primeira vez que sentiu uma conexão com outra pessoa que foi além 

do supérfluo. E apesar de eu a assustar e dá a você todas as razões para ter 

medo de mim, confia em mim com sua vida e não questionou nem uma vez 

quem ou o que era. Ao menos não em voz alta. 

O peito de Acácia subiu e baixou enquanto tomava longos e contínuos 

fôlegos, mas seus olhos estavam fixos nos de Nick. 

— Como sabe tudo isso? — sussurrou. 

— Porque eu passei pelo mesmo. Porque uma vez fui como você, me 

perguntando onde encaixaria. E soube que aqui. Com minha gente. Com sua 

gente, Casey. 

— N... Não entendo isto. Como...? 

Olhou para Theron. E o peito dele se apertou pelas perguntas em seus olhos. 

Pela maneira como o olhava procurando respostas. 

— Se você viver em um mundo — engoliu em seco — diferente, como é que 

minha mãe...? Minha mãe era um de vocês? 

Theron negou com a cabeça. 

— Pelo que sei, seu pai a conheceu quando estava no mundo humano. 

Muitos de nossa raça vão para o outro lado de vez em quando, mas pode ser 

perigoso e não é algo recomendável. 

Nick franziu o cenho. 

— Obviamente ocorre com mais frequência do que os Argonautas 

gostariam de admitir. 

— Perigoso — disse Acácia, ignorando o sarcasmo, enquanto seus olhos 

voltavam para Nick. —Mas aqueles monstros. O que são? 

— Daemons — disse Nick, de forma natural. — Monstros do inframundo 

gerados por Hades e que receberam seus poderes de um semideus. Eles nos 

caçam. 

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Suas sobrancelhas se juntaram, formando uma ruga no meio de sua testa 

que era malditamente sexy. As pernas de Theron formigavam para ir até ela e 

beijar sua pele. 

— Por quê? Não entendo isso. Quero dizer, nunca tinha ouvido sobre eles. 

Também caçam humanos? Trata-se de uma grande teoria conspiratória que o 

governo não está nos contando? 

Nick colocou uma mão sobre seu braço. E a punhalada no peito de Theron 

explodiu em um rugido de advertência. Lutou contra o impulso de atirar-se contra 

Nick arrancar a mão do homem do braço de Acácia, e depois quebrar cada 

osso do corpo do mestiço. 

— Tem que parar de pensar em si mesma como humana, Casey — disse 

Nick. — Sei que é difícil de entender, mas é uma de nós e, como tal, sua vida é 

vulnerável de muitas maneiras. O objetivo dos daemons é erradicar os Argoleans 

e tudo associado a eles. Mas, infelizmente para nós, isso inclui a nossa gente 

também. 

— Mas, por quê? O que fizemos a eles? 

— Nada — disse Theron, atraindo sua atenção. 

Seus olhos violetas cruzaram com os seus, e quando seus olhos se 

encontraram, o rugido em sua cabeça logo se transformou, de um de proteção 

para um de desejo ardente, tal como tinha feito naquela noite em sua casa no 

lago. 

E foi então que aquilo o golpeou. Tudo de uma vez. A verdadeira razão pela 

qual não tinha reconhecido quem e o que ela era, na noite que a conheceu. 

Não era porque estava ferido. Foi porque ela era, sua Primeira Escolhida. 

Engoliu com força ante o que, esperou, não fosse a real explicação. Ela era 

apenas uma mulher. Era humana, algo que nem sequer podia suportar em um 

bom dia, algo que definitivamente hoje não era. E ela ia salvar sua raça, 

soubesse ela ou não. Tinha que se concentrar nisso. E não em... na outra 

possibilidade. 

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— Remonta 29 há séculos — disse, com mais aspereza do que a necessária. — 

Até um herói descontente que vendeu sua alma para Hades em troca da 

imortalidade. Ela procurava destruir os que a tinham rejeitado. E agora soltou seus 

daemons no mundo para extinguir a raça que odeia. 

— E é por isso que você está aqui — disse ela, com franqueza, com aqueles 

olhos hipnóticos ainda cravados nos dele. — Para proteger a raça. 

— Para proteger sua raça — interrompeu Nick, lançando a Theron um olhar 

depreciativo. — Não se engane, Casey. Theron não está aqui para proteger os 

Misos. Seu pai, o rei, não tentou entrar em contato com você nenhuma uma só 

vez em vinte e sete anos, e agora ,de repente, quer vê você? Antes de consentir 

qualquer coisa, pergunte a si mesma, que diabos ele ou este guardião poderia 

querer de você. 

Acácia olhou de Nick para Theron repetidas vezes. E depois, como se 

alguém apagasse uma luz dentro dela, fechou os olhos e reclinou a cabeça 

contra o sofá. A cor fugiu de seu rosto, deixando-a fraca e esgotada, fazendo 

Theron se lembrar que embora sua mente fosse forte, seu corpo não era. 

— Não sei o que pensar de tudo isto. 

Nick se levantou do sofá e se dirigiu à porta. Na parede, apertou vários 

botões escondidos e conectados a um cabo que desaparecia na rocha. 

— Não precisa pensar nisso ainda. Quero que descanse. Não está com boa 

aparência. 

Os olhos de Acácia se abriram exatamente quando a porta rangeu. Uma 

mulher que não parecia ter mais de vinte e cinco anos apareceu na porta. 

— Sim, Nick. 

Nick ajudou Acácia a se levantar do sofá. 

— Helene, esta é Casey. Quero que a acomode em um quarto lá em cima. 

Ela teve um dia ruim e precisa descansar. Dê para ela tudo que ela precisar. 

Helene sorriu para Nick, seus olhos escuros brilhando, e só quando entrou 

completamente, Theron percebeu que a mulher mestiça andava com uma óbvia 

29 

remontar – Recuar (muito atrás, no passado). Ter existência (desde época antiga), ou datar (de então). Ter origem 

em. Aludir (a algo ou alguém do passado). (Aurélio) 

148

Tiamat World 



claudicação. 

— É claro. Oi, Casey. Estamos felizes de ter você entre nós. 

Acácia olhou de Helene para Nick. 

— Mas... 

— Tudo bem — disse Nick. — Theron e eu temos coisas para discutir, e você 

precisa dormir antes de cair de exaustão. Está completamente a salvo aqui. 

Descanse e, quando você se levantar, responderei a suas perguntas. 

Acácia olhou em torno da sala novamente hesitando, e finalmente voltou 

sua atenção para a mulher de cabelos escuros. 

— Acho que estou um pouco cansada. 

O sorriso de Helene se alargou. 

— Então vamos,. Sei exatamente que quarto dar a você. 

Theron viu as duas mulheres sair do escritório, consumido por um desejo 

misterioso de seguir Acácia por aquelas grandes escadarias, algo que de repente 

estava começando a fazê-lo se sentir doente. 

Não, não, não. Tinha que estar enganado. 

—Basta dessa merda, herói. 

Lentamente, Theron levou seus olhos da porta fechada para o mestiço 

repentinamente agressivo que estava ante ele, preparado para lutar até o 

amargo fim. Qualquer pergunta que tivesse sobre Acácia teria que esperar. 

A cara sulcada de cicatrizes de Nick se franziu. 

— Basta de jogos. É hora de me dizer o que está fazendo aqui e que diabos 

querem de Casey realmente. 

Casey não conseguia se lembrar de ter estado tão cansada. Estava ferida 

pelo ataque a sua livraria, esgotada emocionalmente e mentalmente exausta. 

Enquanto seguia Helene subindo a ampla escadaria, tentou não pensar em tudo 

o que Nick e Theron tinham contado a ela. Era ridículo, não é mesmo? Não 

existiam outras raças. E os heróis da mitologia eram só isso ... mitologia, merda. 

Mas mesmo enquanto lutava contra o que ele tinha lhe contado, tinha a 

estranha sensação de que estava errada. Isso explicava muito sobre quem era, 

149

Tiamat World 



de onde vinha e porque nunca se sentiu ligada a ninguém daquele mundo. 

E maldita fosse, precisava de uma lobotomia, se ia acreditar nisso tão 

facilmente. 

Chegaram ao topo da escadaria, e Helene apontou para uma grande 

galeria cheia de portas fechadas e iluminada por velas a cada três metros. 

— Acredito que você gostará do quarto azul. É muito tranquilo. 

Pela primeira vez, Case notou a claudicação da garota e se perguntou se a 

feriram recentemente, talvez aqueles monstros com quem havia se encontrado 

antes. 

— Você está bem? 

Helene sorriu. 

— Estou bem. 

— Mas sua perna... 

Helena parou e levantou uma perna de sua calça. Uma barra de metal 

estava fixada em um tênis Nike. 

— Titânio. É nova e ainda estou me acostumando a ela. Minha última 

prótese me incomodava o tempo todo. Esta é mais leve. 

Casey tentou não ficar olhando, enquanto a garota deixava a perna da 

calça cair e continuava avançando pela longa galeria. 

— Sinto muito. Não sabia. Eu... 

— Tudo bem — disse Helene. —Estou sem a perna há séculos. 

O queixo de Casey quase bate no chão. 

— Tem cem anos? 

— Cento e trinta e seis, para ser exata. 

A galeria girou. Casey estendeu a mão tentando se equilibrar. 

— Como é possível? 

Os braços de Helene a rodearam de repente, segurando-a, enquanto 

ajudava Casey a entrar no quarto. 

— Cuidado. Interpretarei isso como que Nick ainda não tenha explicado a 

você essa parte— ela acomodou Casey em uma cadeira, e ela notou 

vagamente que era branca e incrivelmente macia. — Nossa expectativa de vida 

150

Tiamat World 



é relativamente longa. Não tão longa quanto a dos Argoleans, é claro, mas é 

uma das razões pelas quais vivemos em colônias e não entre humanos. 

Um sorriso sinuoso cruzou seu belo rosto quando ela atravessou o quanto 

indo até o armário. Abriu as portas duplas, entreteve-se com algo lá dentro 

durante um tempo e voltou com uma xícara de chá fumegante, que estendeu 

para Casey. 

— Uma mulher de cento e trinta e seis anos que parece ter trinta? Isso 

poderia chamar um pouco de atenção no mundo humano, não acha? 

Casey pegou o chá e o levou aos seus lábios. Uma essência familiar a 

rodeou quando tomou um longo gole. 

— Está com cheiro de lavanda. 

— Sim — disse Helene. — Ajudará você a descansar. 

— Você as usa para curar — disse ela, enquanto as imagens de sua noite 

com Theron cruzavam sua mente. 

— Entre outras coisas. 

Helene foi até uma cama de dossel gigantesca toda feita com tecido azul 

claro, retiradas as cobertas grossas. Os lençóis brancos apareceram, prometendo 

descanso. 

— Há um pequeno botão na parede, junto à porta. Se você precisar de 

alguma coisa, é só apertá-lo e alguém virá correndo. 

— É assim tão moderno? — perguntou Casey, se lembrando das velas. 

Helene sorriu. 

— Sim. Não é o Hitz, mas temos eletricidade e encanamentos instalados. Um 

gerador principal fornece luz para a colônia, mas como não somos 

autossuficientes e tudo custa dinheiro, tentamos de não esbanjá-la. As velas são 

mais baratas e relaxantes, assim nós as utilizamos mais. Perto da superfície temos 

uma estação de observação com todo o material de sobrevivência, telefones 

por via satélite e tudo o que precisamos para nos conectar com a civilização. 

Ante a expressão perplexa de Casey, Helene rodeou a cama. 

— Imagino que tem milhares de perguntas, mas por agora, tente descansar. 

Quando você levantar, Nick lhe explicará tudo o que você quiser saber. Agora 

151

Tiamat World 



durma, Casey. E não se preocupe. Esta noite nada fará mal a você. 

— Obrigado, Helene. 

Sozinha, Casey se reclinou contra a cadeira macia e estudou o quarto que 

tinham dado a ela. Paredes azuis claro em três tonalidades combinavam com o 

edredom da cama. Duas cadeiras de clube separadas por uma pequena 

mesinha, ocupavam o canto. Uma enorme lareira de pedra, ainda acesa, 

ocupava quase uma parede toda. Mas a parede do fundo era a mais 

interessante. Era feita completamente de pedra e uma pequena abertura natural 

formava, uma janela olho de boi 30 que, de algum jeito, tinha sido fechada com 

vidro e coberta com ramos que, imaginava, camuflavam a abertura do lado de 

fora. Um olhar para a escuridão absoluta indicou que aquela parte da caverna 

devia ter sido formada na borda de algum penhasco. 

Era tão estranho estar em um quarto de uma caverna. Era como os das 

tribos Anasazi no Sudoeste. Grandes cidades construídas nas profundezas das 

rochas para se protegerem. 

Cansada até os ossos, levantou-se e puxou as pequenas cortinas azuis para 

bloquear a escuridão, soprou as velas das paredes e depois se deitou na cama, 

sem querer pensar no que tinha acontecido aos Anasazi. Ou sobre esconderijos 

ou predadores. Ou reis, países, deuses ou heróis. Só queria pensar em uma coisa: 

em nada. 

Mas não funcionou. Assim que fechou os olhos viu a luta na loja de sua avó. 

O fogo. E... Theron. 

Por que ele tinha voltado a procurá-la realmente? 

Não para terminar o que tinham começado em sua casa, isso era certeza. 

Não que ela quisesse, de qualquer maneira. 

Mentirosa. 

Casey virou de lado e fechou os olhos com força. Pensamentos estúpidos. 

Por isso no que dizia respeito a Theron, o Maravilhoso Herói, precisava vigiar suas 

costas, ficar em guarda, e não deixar que ele se aproximasse dela como deixou 

na primeira vez que se viram. A maneira como ele a maltratou durante a 

30 

Janela olho de boi é uma janela pequena, uma janela de vigia de observação. 

152

Tiamat World 



caminhada, até aquele lugar, era uma prova disso, ou não? Se ele era a ideia de 

herói para sua raça, não tinha certeza de querer saber mais a respeito de sua 

linhagem. 

Deixou escapar um longo suspiro enquanto seus músculos relaxavam um a 

um e o sono a puxava. E apesar de ter lutado contra isso, imaginou o rosto de 

Theron. Seus olhos escuros. Seus lábios exuberantes. Aquele nariz perfeitamente 

moldado e as pequenas cicatrizes das lutas que havia lutado e vencido. Viu com 

clareza o olhar ardente naquelas feições cinzeladas quando ele se inclinou e a 

beijou com o mais suave roçar de pele contra pele, naquela noite em sua casa. E 

em resposta sentiu a impaciência da excitação que aquecia seu sangue. 

Maldição, mas apesar de sua postura estava em sérios problemas. Mesmo 

com tudo o que tinha perdido hoje, tinha uma suspeita latente de que os 

acontecimentos não tinham posto sua vida de penas para o ar. Ele tinha feito 

isso. E aquela sensação não tinha nada a ver com daemons, heróis, reis e 

mestiços. Tinha a ver com um homem que, de algum modo, abriu caminho até 

sua alma desde o momento em que pousou os olhos sobre ele. 

CAPÍTULO 14 

Dana estava com um humor terrível e estava se tornando mais horrível a cada 

minuto. Enquanto se dirigia para Silver Hills, uma cidade que acreditava ter 

deixado para trás há quase uma hora, deu a volta em Old Cornell Road e passou 

no XScream, mostrou o dedo médio só pelo simples fato de fazê-lo. 

Não tinha se incomodado de dizer a Karl que “jamais” voltaria e não sentia 

nem um pingo de culpa por essa decisão. No que dizia respeito a ela, ele podia 

entrar no quarto de trás e foder a si mesmo por todas as coisas desagradáveis 

que ele disse e tentou fazer com ela. 

E de qualquer forma quem diabos Nick pensava que era para ordenar que 

ela fosse para a colônia? Poderia ser uma boa transa de vez em quando, mas 

153

Tiamat World 



isso não dava a ele direito de lhe dizer o que fazer. 

Sua pressão arterial subiu rapidamente ao aproximar-se do lago e pensar 

nos homens imbecis de sua vida. Tinha pensado realmente que Nick seria para 

sempre? Homem, realmente era uma sonhadora. Tinha que sair daquela cidade 

e se afastar dos misos antes que fizesse algo estúpido, como assassinar Karl, e se 

marginalizar na colônia dos humanos de uma vez por todas. 

Como se isso pudesse melhorar as coisas para ela. 

Dana soprou a franja dos olhos enquanto tomava o caminho de entrada. 

Sabia que Casey nem sequer tinha saído da loja para voltar para casa e pensou 

que isso era uma coisa boa, não estava disposta a conversar, e odiava as 

despedidas longas, a da loja tinha sido suficientemente ruim. Só havia voltado ali 

porque percebeu muito tarde que tinha deixado o telefone celular na casa de 

Casey na outra noite, e precisava recuperá-lo se fosse manter o controle sobre a 

colônia. Era não era estúpida o suficiente para cortar todos os laços. O GPS que 

Nick tinha colocado dentro do telefone de todos, era seu único elo de volta se as 

coisas ficassem quentes para ela no mundo real. 

Quando desligou o motor, olhou fixamente para frente da linda casa de um 

andar de Casey, não pode deixar de pensar novamente na forma que Casey a 

olhou hoje, de pé atrás do balcão de sua loja, rodeada por todos aqueles livros. 

E tampouco podia parar de pensar sobre a maneira que ela cheirava. O 

cheiro da morte estava crescendo em torno dela. Quando Dana o notou pela 

primeira vez no clube, esperava estar equivocada, mas cada vez que tinha visto 

Casey desde aquela noite a alguma semanas, o cheiro miserável era cada vez 

mais forte. 

Uma onda de desespero se apoderou dela, e pela primeira vez desejou ser 

uma argolean completa e não propensa as estúpidas emoções humanas. Os 

misos deveriam ser mais fortes que os seres humanos médios, mas no caso de 

Casey, isso não era verdade. E, maldição, não era justo. Sobretudo porque Casey 

era uma das pessoas mais doces — misos ou humanos — que Dana tinha 

conhecido. A única coisa boa era que Casey não sabia o que era na realidade. 

Homem, Dana, seus poderes realmente são uma merda. De todos os dons 

154

Tiamat World 



que um miso poderia ter, ela tinha pego o pior de todos. Ela podia sentir a 

doença, mas não podia fazer nada a respeito. Não era uma curandeira. Não era 

nada importante. Era simplesmente… uma sensitiva. O prelúdio da maldita Parca. 

Com o cenho franzido, afastou o pensamento inútil da cabeça enquanto 

abria a porta e saía facilmente do Saturn vermelho. Tinha noventa e oito anos e 

algumas centenas de anos pela frente antes que chegasse às Ilhas dos Bemaventurados 

31 . Se atingisse aquele plano indescritível onde moravam os heróis 

favorecidos. Conhecendo sua estúpida sorte, terminaria no Tártaro por todas as 

merdas que tinha feito de errado naquele mundo. 

E uma vez que este era o rei de todos os pensamentos deprimentes, ela 

tampouco iria por aí. 

Subiu os três degraus do alpendre e tateou no vaso de barro de crisântemos 

amarelos que Casey tinha plantado até que encontrou a chave escondida. 

Sacudindo a cabeça, pensou que devia convencer Casey a encontrar um 

esconderijo melhor. Qualquer valentão de pouco valor encontraria aquilo em um 

piscar de olhos. O pessimismo voltou com força total quando percebeu que 

nenhuma delas estaria por perto para aquela conversa. 

Não insistirei nisso. De qualquer forma, não era problema seu. 

A casa estava fria e vazia quando ela entrou. Acendeu uma luz na sala e 

olhou para a mesa de café onde estava quase certa que tinha deixado o 

telefone na noite que ela e Casey viram o National Treasure e terminaram uma 

garrafa de vinho. 

O telefone não estava. 

Decidindo que talvez Casey o tivesse levado para a cozinha, dirigiu-se a 

parte de trás da casa, girando o chaveiro ao redor dos dedos enquanto se movia 

cantarolando a melodia "In the End" de Linkin Park. 

Estava tão preocupada, que não percebeu a mudança de temperatura 

até que foi muito tarde. Até já ter entrando na sala e sua respiração ondular em 

aspirais de cor branca ao seu redor no ar repentinamente gélido. 

31 Ilhas dos Bem-aventurados: O Céu. 

155

Tiamat World 



O primeiro demônio saiu da lavanderia, com olhos verdes brilhantes, e a 

observou dos pés a cabeça. 

— Não é a Primeira Escolhida — grunhiu. 

OH, merda. 

O pânico comprimiu a garganta de Dana. Não estava pensando, deixou 

apenas que o instinto a guiasse quando se virou para correr. E chegou até o sofá 

da sala antes que o segundo demônio saísse do quarto de Casey, bloqueando o 

caminho para a porta principal. Este tomou uma longa baforada pronunciando 

uma só palavra. 

— Misos. 

OH merda, OH merda, OH merda. 

A adrenalina estimulou Dana. O demônio da cozinha a tinha seguido 

cortando com eficácia o outro único caminho de fuga. 

— Onde está a Primeira Escolhida? — grunhiu o segundo. 

Dana se sustentou contra o móvel da televisão. Abriu a boca, mas o medo a 

deixou sem fala. Começou a tremer. 

— Não sabe — disse o primeiro. 

— Sabe — grunhiu o segundo, aproximando-se. —Para onde ela foi? 

O tremor de Dana se intensificou. 

— Na colônia — disse o primeiro, adiantando-se facilmente. — Se quiser 

viver, nos diga como encontrá-la. 

— Eu. — Dana sufocou um soluço. — Por favor — sussurrou. — Não posso. 

Os dois trocaram um olhar justo antes de atacarem. 

Dana nunca teve chance de gritar. 

Theron não estava disposto a dar voltas com aquele mestiço. De repente 

queria respostas que não tinham nada a ver com Nick ou a colônia. 

— Fiz uma pergunta a você, herói — espetou Nick. — Qual é seu interesse 

em Casey? 

Theron cerrou a mandíbula, a impaciência borbulhando através dele. 

Precisava encontrar Acácia e descobrir quem no Hades era ela, mas a 

156

Tiamat World 



agressividade refletida no rosto de Nick o conteve. O mestiço estava ansioso por 

uma briga, e por seu olhar, não ia permitir que Theron saísse de sua vista até que 

obtivesse a resposta. 

Theron decidiu ser honesto, até certo ponto, era a melhor maneira de lidar 

com Nick, para que ele pudesse sair daqui e encontrar Acácia. 

— A saúde do rei está falhando. Ele quer encontrar sua filha antes que seu 

tempo termine. Devo levá-la para Argolea ilesa. 

Os olhos ambarinos de Nick se arregalaram desconfiados. 

— Fácil assim? 

— Fácil assim. 

— É uma merda — Aqueles olhos ambarinos brilharam. — Ou me diz a 

verdade ou farei que meus soldados soltem a pele de seu pescoço e golpeiem 

sua medula no processo. 

Theron flexionou os músculos. 

— Experimente. 

O lábio superior de Nick se elevou expondo os dentes. 

— Argonauta ou não, você não me assusta. Existimos há centenas de anos 

sem sua ajuda. Duvido que haja algo bom no que o velho rei Leônidas quer que 

Casey proporcione a ele. E não engulo nem por um segundo sua fileira de 

sandices. 

Theron não respondeu. 

Nick atravessou a sala com grande rapidez e ficou cara a cara com Theron. 

Eram quase da mesma altura, aproximadamente do mesmo tamanho, e quando 

o homem se aproximou, Theron sentiu mais uma vez aquele estranho 

reconhecimento que tinha sentido antes na loja de Acácia. 

— Está perigosamente perto da morte, mestiço — Advertiu Theron em voz 

baixa. — Eu gostaria que refletisse sobre o que está prestes a fazer. 

— Não sei que diabo está acontecendo aqui, ou o que realmente quer de 

Casey — disse Nick, com o rosto a centímetros de Theron — mas tenho a 

intenção de descobrir. E isso significa que ela não sairá daqui com você nem 

com ninguém até que eu esteja satisfeito com a resposta. 

157

Tiamat World 



— Nick! 

A porta do escritório se abriu com um estalo e duas mulheres entraram na 

sala, salvando Nick do desmembramento. 

Theron reconheceu a primeira, Helene, a pessoa que levou a Acácia para 

seu quarto. A outra era de estatura mediana, mas com cerca da metade de 

espessura, com os cabelos escuros presos em uma trança na parte de trás da 

cabeça. Ambas pareciam alteradas, mas a morena estava exaltada. 

Os olhos de Nick caíram sobre elas. 


— É Dana — disse Helene. — Ninguém ouviu falar dela ou a viu desde 

ontem. 

A atenção de Nick se transferiu para a mulher de cabelos escuros. 

— Leila, quando você falou com sua irmã pela última vez? 

— Ontem pela manhã — Nervosa, ela passou uma mão pelos cabelos, sem 

perceber que desfazia a trança. — Ela ligou da cidade. Pensei que ela tinha 

ficado em seu apartamento em ruínas, mas agora não tenho tanta certeza. Algo 

estava errado. Não parecia ser ela, estava falando sobre começar de novo e 

fazer mudanças. Ela disse que eu ligasse para o celular se precisasse dela. Passei 

a tarde toda tentando e não consegui. Nick, eu sei que algo aconteceu com ela. 

Sinto muito. 

Nick foi para trás de sua escrivaninha e com um puxão abriu um laptop que 

Theron não tinha notado antes. Debaixo de toda aquela rocha, tinha que estar 

conectado a um satélite em algum lugar da superfície. Os dedos de Nick 

correram por cima das teclas e seus olhos percorreram a tela enquanto 

procurava. Ele franziu o cenho. 

— Seu telefone está na casa de Casey. 

— A casa de quem? — perguntou Leila. 

— Da mulher que entrou com Nick hoje — respondeu Helene. 

Os olhos frenéticos de Leila se moveram de Nick para Theron, como se 

tivesse acabado de perceber que Theron estava lá. 

— O que Dana está fazendo lá? Ela sabe que tem que voltar. 

158

Tiamat World 



Nick fechou o laptop com um estalo e pegou a jaqueta da cadeira da 

escrivaninha. 

— Eu não disse que ela estava lá. Disse que seu telefone estava lá. Vou lá 

para dá uma olhada. 

Pela primeira vez, Theron notou o medo sombreando as feições de Nick. 

Quem quer que fosse aquela mulher Dana, estava lá fora sozinha, e se tinha ido 

para casa de Acácia, havia boas chances de que ela pudesse ter se topado 

com os demônios. 

Segurou o braço de Nick quando o mestiço roçou nele. 

— Irei com você. 

— Acho que não. 

Ele apertou a sujeição. 

— Não seja idiota. Precisa de minha ajuda. 

— Merda, eu duvido. 

Quando a sujeição de Theron não diminuiu, Nick voltou seus olhos ardentes 

para os de Theron, e neles Theron viu repulsa e um ódio imbuído durante 

centenas de anos. 

— Conheço os de sua espécie, Argonauta. E vi sua ajuda — Apontou para a 

porta. — Cada misos desta colônia viu a forma que sua família nos ajudou. Têm as 

cicatrizes para provar isso. 

Os rostos mutilados que Theron tinha visto lá fora na colônia surgiram em sua 

mente. Seguido pela admissão do rei que a existência dos mestiços “se manteve 

em segredo porque não havia um número suficiente deles para ser relevante”. 

Olhou Nick nos olhos. 

— Eu não sabia nada a respeito desta colônia ou de alguma como esta até 

vir para cá para me encontrar com Acácia. Quando voltar para Argolea, os 

argonautas investigarão este assunto a fundo. 

— Como eu vou saber que não enviará seus companheiros para matar a 

todos? 

Então ocorreu a Theron que o ódio de Nick para os Argonautas e Argolea 

como um todo era muito mais profundo do que era evidente na superfície. De 

159

Tiamat World 



algum modo, aquele miso estava conectado ao mundo de Theron de uma forma 

que ninguém naquela colônia poderia começar a entender. E Theron se dispôs a 

averiguar qual era essa conexão. 

Mas agora não. 

— Você tem minha palavra como líder dos argonautas que nenhum mal virá 

a você e ao seu povo através de nossas mãos. 

Nick escrutinou o rosto de Theron em busca de algum sinal de que ele 

estava mentindo. As mulheres na sala ficaram em silêncio enquanto os segundos 

passavam em um relógio de algum lugar na parede. Theron soltou o braço de 

Nick, mas não desviou os olhos. E tampouco o fez Nick. 

— Você fica aqui, herói — disse Nick finalmente. — Mas só porque não quero 

ter que vigiar minhas costas com você por perto. — Vestiu a jaqueta. — Casey 

tem que atravessar o portal por vontade própria, e tendo em conta tudo o que 

aconteceu com ela hoje por sua causa, creio que é seguro dizer que neste 

momento não irá a nenhum lugar com você. Mantenha-se firme em seu posto 

até que eu volte. — Seus olhos brilharam novamente enquanto passava ao lado 

das mulheres. — E é melhor acreditar que acabaremos com esta merda então. 

Olhou para Leila. 

— Ligarei guando a encontrar. 

Quando ele foi embora, a mulher chamada Leila finalmente voltou sua 

atenção para Theron. 

— É verdade...? — Seu olhar percorreu Helene. — É realmente… um 

Argonauta? 

Helene assentiu lentamente. 

— Parece que sim, não é mesmo? 

Leila parecia estupidamente perplexa. Ambas continuaram olhando para 

ele como se ele tivesse um terceiro olho grudado no meio da testa. Tampouco 

pareciam saber o que dizer. 

E a seguir, Leila avançou em direção a ele, cuspiu em seu rosto e saiu 

correndo da sala. 

Theron passou a mão lentamente pela face e olhou para a mulher que fez a 

160

Tiamat World 



estupidez de permanecer na sala com ele. 

— Onde está Acácia? — perguntou a ela com toda a calma que pôde. 

Helene o olhou fixamente. E ele viu então que não era estupidez e sim força 

nascida das circunstâncias. 

— Lá em cima. Dormindo. 

Dirigiu-se para a porta e parou só quando percebeu que ela não tinha 

intenção de detê-lo. 

— Por que não tem medo de mim? 

— Vi muito para ter medo de alguém como você. 

— Sinto seu ódio por mim e pelos meus. Poderia ter me afastado dela. 

— Poderia fazer algo para afastá-lo dela? 

Ela sabia. Virou-se e a olhou fixamente. Depois, lentamente, negou com a 

cabeça. 

— Então minha ajuda é irrelevante — disse Helene. — Mas seria sábio se 

recordasse de uma coisa, argonauta. Até mesmo os heróis originais foram em 

parte humanos como nós. Misos desde o começo. Ela não é tão diferente de 

você. E nós tampouco. 

A mulher passou junto dele, deixando-o sozinho de pé ante a porta para 

que meditasse sobre suas palavras, uma estranha sensação de desconforto e 

apreensão misturando-se em suas veias. 

Metade humana. Como eu. 

Olhou para as escadas. Seu lado humano tinha sido reprimido durante mais 

de duzentos anos. Poderia ser isso o que estava o golpeando por dentro? E se 

era, isso significava que Acácia foi à causa? 

Enquanto subia as escadas de dois em dois degraus, esfregou a palma da 

mão contra o esterno 32 . E sentiu aquela faísca novamente. Depois de apenas 

alguns minutos de busca, Theron encontrou Acácia em um quarto perto do fim 

do corredor. 

Helene tinha razão. Ele a teria encontrado sem sua ajuda. Poderia havê-la 

32 

Esterno - [Do lat. cient. sternum < gr. stérnon .] Substantivo masculino. Osso ímpar, situado na parte anterior ... 

Elemento de composição. = ‘peito’; ‘esterno’: esternal, 

161

Tiamat World 



localizado, simplesmente respirando profundamente e se concentrado. 

Assim que ele entrou no quarto e sentiu o cheiro familiar de lavanda e 

baunilha, seu sangue se aqueceu, e o sonho que tinha se tornado uma realidade 

sem fim em sua pequena casa junto ao lago flamejou brilhante. 

O cálido resplendor das brasas na lareira caiu sobre seu corpo. Ela estava 

deitada de lado, aconchegada no travesseiro, o cobertor grosso enroscado em 

suas pernas longas. Sua camisa havia subido, e um pedaço mínimo de carne era 

visível entre a cintura baixa do jeans e a borda da camiseta azul de algodão. 

Olhou para a pele nua, abaixo de seu quadril e outra vez para a curva doce e 

suave de seu traseiro. Graças à tórrida noite juntos, ele sabia exatamente como 

era seu traseiro… nu, belo e marcado. Seu sangue pulsou em resposta, baixo e 

quente. 

não? 

Ela é a Única. 

Franziu o cenho ao ouvir a voz estranha na cabeça. Sim, bom, já sabia, 

Obrigando-se a desviar os olhos de seu belo traseiro, percorreu lentamente 

seu corpo com os olhos, seu abdômen, a curva de seus seios, seu rosto, tentado 

aplacar a excitação que o transformava em um lançador de foguetes. O 

esgotamento tinha marcado com linhas sua pele perfeita, e manchas azuis se 

formaram sob seus cílios, mas para ele era tão impressionante como tinha sido na 

noite em que o resgatou dos demônios do lado de fora do clube. 

Igualmente bela, mas mais magra. 

Pela primeira vez, percebeu que Nick estava certo. Parecia esgotada. Sua 

pele tinha perdido a cor rosada e ela tinha perdido vários quilos só nos últimos 

dias. 

destinos” 33 

Ela é Única. 

A voz se tornou mais forte enquanto ele estava ali parado olhando-a. “As 

poderiam realmente ser tão cruéis para lhe dar uma mestiça 

destinada a salvar sua raça como sua alma gêmea? 

33 MIT. Cada uma das três irmãs, Cloto, Láquesis e Átropos, representadas pela figura de velhas, na qual a primeira 

fiava, a segunda enrolava o fio e a terceira cortava o fio da vida do homem; são conhecidas como parcas, moiras ou 

irmãs destino como é o caso. 

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Seu coração batia forte no peito enquanto ele se virava em direção ao 

banheiro e tomava um banho de água fria que não fez nada para esfriá-lo. É 

claro que “As destinos” o amaldiçoariam. Porque ele era da linha de Hércules. O 

herói que, ainda hoje, era venerado por alguns e odiado pela maioria dos outros. 

As indiscrições de Hércules foram tão numerosas quanto as suas realizações, e 

todos os argonautas de sua linhagem tinha recebido um golpe devido ao seu 

egoísmo. Por que Theron pensou que tinha que ser diferente? 

É claro, ainda era possível que se sentisse atraído por Acácia devido à forma 

como se conheceram, porque sabia quem ela era, e o fato de ser proibida e o 

convite da tentação era algo que nunca tinha experimentado. Entretanto, se ela 

era sua Única, havia uma forma segura de descobrir. 

Ele se excitou e enrijeceu só de pensar. Enquanto se secava, questionava 

suas opções. O ideal era que não fosse tão complicado, mas ele tinha que saber, 

não é? Quando tirasse aquele pensamento absurdo de sua mente, podia voltar a 

se concentrar na verdadeira razão pela qual estava ali. 

Decisão tomada, vestiu a calça e em silêncio voltou a entrar no quarto. 

Acácia ainda estava adormecida, tinha mudado de posição muito pouco desde 

que ele pisou no quarto pela primeira vez. Cansado até os ossos, enfiou-se na 

grande cama ao seu lado e suavemente jogou os lençóis em torno da cintura. Ao 

virar-se para seu lado, tocou uma mecha de seus cabelos que caía sobre seu 

ombro e a levou ao nariz. 

Tinha cheiro de pomelo 34 e recordou o xampu no chuveiro. Seus cabelos 

eram macios e sedosos entre os dedos. Como a seda entre suas coxas. O rugido 

voltou para a cabeça. A ereção respondeu à visualização da mente, reprovou-se 

com um longo suspiro tentado aplacar a excitação renovada que percorria suas 

terminações nervosas. 

Mesmo se ela fosse sua Única, estava doente. E era a filha do rei. Isso não 

era relevante. 

34 O Pomelo (Citrus maxima) é fruta de uma árvore da família Rutaceae com 5 a 8 m de altura que vegeta e produz 

satisfatoriamente em regiões das mais variadas condições ecológicas. Os frutos podem ser consumidos ao natural, 

prestando-se para a industrialização, de onde resultam diferentes produtos, como sucos, óleos essenciais e pectina. 

Tambem é conhecido por toraja ou grapefruit. 

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Tiamat World 



Sim. Era. O fato era que a honra e o dever eram tudo para ele, custasse o 

que custasse. 

Apesar de quase matá-lo, obrigou-se a soltar os cabelos, e no processo 

roçou seu ombro com o toque mais suave. Dormindo, ela gemeu e moveu-se 

lentamente em direção a ele, como que procurando mais contato. E antes que 

ele percebesse, o belo traseiro entrou em contato com seus quadris, e a ereção 

que ele esteve tentando tão duramente manter distante cresceu dura como uma 

rocha. 

O sangue saiu de sua cabeça com um rugido e se foi gritando rumo ao sul. 

Possua-a. Agora. Descubra isso, aqui mesmo. 

O pênis se encaixou entre as dobras atrás dela como se tivesse mente 

própria, tomando impulso golpeou e lhe pediu a liberação. Um gemido escapou 

de seus lábios, um ato sem sentido de aprovação. A luxúria por ela aumentou 

para níveis explosivos. Deslizou um dos braços em torno de seu ventre e puxou as 

costas dela para seu peito nu. Era tudo o que podia fazer para não arrancar sua 

calça jeans, vira-la sobre seu ventre, levantar os quadris e afundar-se dura e 

profundamente para descobrir exatamente o que era isso nela que o deixava em 

tal frenesi. 

E OH, estava preparado. Queria isso. Precisava disso. Mas justo quando se 

dispôs a vira-la, seu cheiro flutuou até seu nariz, aquela combinação doce e 

familiar fez um percurso por todos os nervos do seu corpo até a sua alma. 

Quando, curiosamente, o tranquilizou. Do modo que aconteceu em sua 

casinha. Já basta! O bom senso chegou ao seu cérebro de repente. O pênis 

ainda se sacudia com um desejo furioso de gozar dentro dela, mas descobriu que 

podia controlar o impulso. O fato era que podia ficar ali junto dela e desfrutar da 

calidez de seu corpo contra o seu sem a necessidade premente de dominar e 

tomar o que queria pela força. 

Queria que ela viesse para ele como tinha feito em sua casa. 

O ritmo cardíaco se tornou mais lento. Fechou os olhos e tomou longas 

respirações profundas, mais cansadas do que lembrava estar em... Séculos. E foi 

então que ouviu a voz. Mais uma vez. 

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Ela é a Única. 

CAPÍTULO 15 

Casey sabia que não estava sozinha, mesmo antes de abrir os olhos. A 

respiração rítmica atrás dela era uma prova. Da mesma forma que aquilo duro e 

preparado aconchegado contra seu traseiro. 

Qualquer mulher teria tido um ataque de pânico, especialmente 

considerando as circunstâncias. Mas ela não era normal, já não, e mesmo antes 

de olhar, sabia que era Theron quem estava contra suas costas. O misterioso 

cheiro almiscarado inundou seus sentidos. Na quietude, o peso sólido de braço 

dele, ao longo de seu quadril se tornou tão real quanto o pulso golpeando no 

cérebro. 

Cuidadosamente, para não acordá-lo, rolou de costas. O movimento fez 

que o braço dele deslizasse por seu estômago, enviando faíscas pelas 

terminações nervosas. Sentou-se lentamente e levantou a mão para se libertar de 

sua sujeição, só para hesitar quando seus dedos se tocaram. 

Uma sacudida de eletricidade atravessou. O quarto girou. E repentinamente 

já não estava em seu quarto, mas em um bosque escuro e gelado, cercada por 

visões e o cheiro de morte. 

Ela ofegou. Girou em um lento círculo. Perguntando-se como tinha chegado 

ali e para onde tinha ido Theron. Canhões detonavam atrás dela, os sons altos a 

sobressaltaram e ela correu. Folhas secas farfalhavam debaixo de seus pés. Gritos, 

maldições e alaridos horripilantes vinham de longe, à distância. 

Querido Deus, estava no meio de uma zona de guerra. Sua adrenalina se 

disparou. Olhou para a direita e esquerda, enquanto seu coração batia 

rivalizando com o barulho que um 747 fazia ao decolar. Onde estava Theron? 

Os disparos ecoaram. Seguidos por uma voz que Casey reconheceu 

imediatamente, trovejando das árvores, a não mais de dezoito metros de 

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Tiamat World 



distância. 

—Patéras 35 ! 

Sem questionar seu bom senso, Casey foi naquela direção. Parou um pouco 

depois ao chegar em uma pequena clareira e a realidade se projetou diante 

dela. 

Dois daemons jaziam mutilados e incapacitados no chão duro perto de um 

riacho pequeno e borbulhante. Sangue fresco corria de seus ferimentos para 

descer por seus rostos grotescos, manchando o chão com a maldade de suas 

veias. Um homem, o do sonho de Casey na noite que conheceu Theron, estava 

deitado no chão a apenas alguns passos. Mais sangre jorrava de uma ferida 

aberta em seu peito, seus olhos e boca abertos como se estivesse em choque. Do 

outro lado do pequeno riacho, um garoto que não parecia ter mais de quatorze 

anos, vestindo um casaco cinza andrajoso, parado boquiaberto, com olhos 

totalmente abertos como pires. Em seus braços carregava um rifle. 

Theron apareceu por entre árvores, à direita de Casey e se jogou no chão 

junto do homem mais velho, suas próprias feições mostravam descrença. 

—Patéras. Não. 

—Theron — disse o homem, em um ofego, levantando uma mão trêmula 

coberta de sangue para agarrar a camiseta de Theron. — Tem que eliminá-los. 

—Farei isso… Patéras — ele posou as mãos sobre o ferimento no peito do 

outro homem. —Temos que retornar. Agora. Nós… 

—Ochi 36 — disse bruscamente o homem mais velho com uma voz fraca. 

Os músculos de Theron se congelaram como se não tivesse ouvido bem. 

—Ochi — voltou a dizer o homem mais velho, mas desta vez de forma suave. 

— Meu tempo assim como veio se foi. Você deve, — encolheu-se de dor — 

eliminá-los. 

Theron elevou seus olhos angustiados para os daemons, que Casey notou 

horrorizada, estavam começando a ressuscitar, com membros sangrando e tudo. 

—Foi para isso que você nasceu — Disse o homem mais velho, apanhando 

35 Patéras - pai 

36 Ochi - não 

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Tiamat World 



novamente sua atenção. —Ocupará meu lugar… 

—Não. 

—Fará como o rei ordenar. Não questionará sua autoridade. Confie nele 

como confia em mim. Lembre-se que estamos, — o homem mais velho respirou 

estavelmente — do mesmo lado. 

—Patéras — sussurrou Theron. 

A mão do homem mais velho caiu no chão. Seus olhos vibraram, e sua voz 

baixou para um sussurro. 

— To peproōmenon phugein adunaton, gios mou. 

Depois sua cabeça virou para um lado, e no silêncio que se seguiu, Casey 

contemplou uma única lágrima deslizar pela face de Theron, descer ao longo do 

queixo e cair sobre o rosto do homem idoso. 

Embora os daemons estivessem agora rosnando baixo em suas gargantas e 

gemendo ao mesmo tempo em que se endireitavam, os movimentos de Theron 

foram lentos e metódicos. Ele, fechou cuidadosamente os olhos do homem mais 

velho, depois olhou para cima ao longo do rio para onde estava o jovem rapaz, 

ainda quieto no lugar com o branco de seus olhos mostrando-se ao redor de suas 

íris escuras, parado, imobilizado, olhando fixamente para a cena. 

E embora Casey não pudesse ver o rosto de Theron, ela soube que havia um 

olhar assassino em seus olhos. O rapaz soube também. Molhou-se, jogou a arma e 

correu tanto e tão rápido, quanto suas pernas pequenas o podiam levar. 

Casey gritou uma advertência ao mesmo tempo em que o primeiro 

daemon investiu. Mas não precisava ter se incomodado. Theron estava sobre o 

monstro em um instante, tirando uma adaga, tão longa quanto o antebraço, de 

algum lugar dentro de seu casaco e decapitou o atônito daemon com um corte 

certeiro. 

O outro daemon se levantou em sua estatura de quase metro noventa e, 

embora visivelmente ferido, um rosnado saiu do fundo de sua garganta. 

—Pagará por isso, argolean. 

—Não sou um argolean comum — disse Theron, em um rosnado. — E você 

está prestes a conhecer Hades de perto e intimamente. 

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Casey ofegou ante a intenção maligna que viu no rosto de Theron, deu dois 

passos para trás até que bateu a coluna no tronco de uma árvore, depois cobriu 

os olhos para bloquear a visão da morte em frente dela. Aquele, Theron não 

enviou para Hades rapidamente. Não, matou o monstro de membro, em 

membro, tirando cada gota de ódio e dor que tinha nele. 

Quando terminou, quando estava exausto e ensopado com uma 

combinação de seu próprio suor e sangue do daemon que jazia mutilado em 

frente a ele, levantou-se e contemplou o que tinha feito. 

Horrorizada, Casey deslizou os dedos que cobriam seus olhos abertos, para 

olhá-lo, muito assustada para mover-se ou falar por medo que ele descarregasse 

sua vingança nela. Mas o que viu deixou-a estupefata. Embora aquele brilho 

assassino tivesse desaparecido dos seus olhos, ali não havia nenhum indício de 

remorso. Contemplou outra lágrima solitária que descia por sua face. 

Inconsciente disso, ele decapitou o daemon como tinha feito com o outro. 

E depois, como se finalmente notasse que havia algo sobre seu rosto, levou 

uma mão suja até o rosto, enxugou a lágrima e observou o líquido sobre o dedo 

com uma expressão perplexa, como se nunca tivesse chorado antes. 

E Casey soube, nesse momento, que ele nunca o tinha feito. 

Sua pele estava totalmente gelada ao piscar e voltar a si. Não estava em 

um bosque escuro imerso em uma guerra, e sim na mesma cama em que tinha 

caído no sono horas atrás. 

Contemplou Theron, ainda dormido atrás, a mão dele segurando 

firmemente as dela. E soube, sem nem sequer perguntar, que o que tinha 

acabado de ver, tinha sido real. Como a visão que teve sobre da menina 

pequena no meio da aldeia, quando chegou. 

Estááááá beeeeemmmm. Aquele pequeno fragmento de recordação, 

acima de todo o resto, a assustou seriamente. Com seu coração batendo 

acelerado, saiu suavemente de seus braços e desceu da cama. Embora ainda 

estivesse escuro, tinha uma vontade incontrolável de ver o sol, de sentir seu calor, 

de deixar o frio bem longe, para trás dela. 

Ela atravessou o quarto foi até a pequena janela e abriu as cortinas. A lua 

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tinha se posto e os primeiros raios da aurora já estavam aparecendo no horizonte. 

Tomou pequenas inalações, e quando se sentiu melhor, olhou para atrás, 

para a cama. 

Quanto tempo esteve fora? E, quando Theron tinha vindo para seu quarto? 

Seu denominado herói tinha rolado sobre as costas, uma mão ao seu lado, a 

outra aberta sobre seu peito amplo e nu. Vestia apenas a calça de cós baixo que 

mostrava seu abdome rígido e a linha fina de pelos escuros que dirigiram sua 

atenção para baixo. Olhando para cima e para longe da tentação, concentrouse 

em seus braços musculosos. Na penumbra, só podia imaginar as marcas ao 

longo do dorso de suas mãos e se lembrou do show que ele havia realizado no 

escritório de Nick. 

Rapidamente se virou para a janela. Um. Certo. Sim. Lembra-se de todo 

aquele espetáculo não tranquilizou seus nervos de forma alguma. 

— É uma queda de cerca de noventa metros. 

Sua frequência cardíaca se acelerou ante o som aveludado de sua voz, 

mas não olhou para trás. Ele podia ser um deus do sexo que não tinha 

conseguido tirar de sua cabeça desde a noite juntos em sua casa, mas também 

era o homem... argonauta... O que fosse... Que a tinha sequestrado. Queria 

respostas. E as queria agora. 

— Desculpe-me? 

A cama rangeu atrás dela. 

— Pela janela. Noventa metros de altura. Pelo menos. Eu já olhei. Se você 

está procurando uma rota de fuga, não é esta. 

Ela deu uma rápida olhada sobre o ombro. 

— Se eu quisesse ir, você não poderia me deter. 

— Quem disse essa mentira a você? 

Ela o observou. As sobrancelhas dele se elevaram em desafio. Irritada além 

do acreditável, finalmente deixou os braços caírem e caminhou em direção a 

ele. 

— Por que você, pomposo, pedaço de… 

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Ele riu ao mesmo tempo em que deslizava suas enormes pernas pelo lado 

da cama. 

— Vejo que tem ambos os pés novamente em chão firme. O descanso fez 

bem a você. 

A boca dela se fechou de repente. 

— Também posso ver seu pequeno cérebro, cheio até a borda. Vamos, me 

pergunte o que quiser. 

Seu pequeno cérebro estava perto do ponto de ruptura. 

— Não está nem um pouco chateado com o fato de ter me sequestrado e 

destruído minha loja? Sem mencionar o fato de ter se aproveitado de mim, 

naquela noite em minha casa quando estava apenas tentando ajudá-lo? 

Ele soltou um suspiro cansado. 

— Não sequestrei você, eu a resgatei. E se isso a faz se sentir um pouco 

melhor, lamento que sua loja tenha sido destruída. Quanto menos os humanos em 

sua cidade souberem, dos daemos e de nossa guerra, mais seguros estarão. E 

para que conste, não fui eu quem se aproveitou na outra noite. Acho que lembro 

de outro alguém dando o primeiro passo. 

A face dela se aqueceu. Mas rapidamente, seu temperamento se alterou. 

— Qualquer coisa que quiser — zombou ela. 

Um sorriso torto vergonhoso se desenhou na boca dele. 

— Você se lembra disso, hein? 

— É claro que me lembro — disse ela, abruptamente. — De fato, está muito 

mais claro agora do que estava então. Enganou-me. 

Ele se inclinou para frente para pousar seus antebraços sobre os joelhos. 

— Chama-se élencho 37 . E é mais uma técnica para afetar a mente que uma 

fraude. Embora como você provou, meli, não funciona muito bem em híbridos. 

Ela ignorou aquele fato porque parecia ser verdade e porque colocava a 

culpa, pelo que tinha acontecido entre eles, novamente sobre ela. 

— Você diz a palavra, híbrido, como se fosse suja. 

37 Élencho: Técnica de controle mental que os Argonautas usam nos humanos. 

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— Não tinha essa intenção. 

— Então preste atenção em como a diz. E para que conste, acredito que 

eles preferem ser chamados de misos. 

Ele olhou para ela sem responder. E o indício de arrependimento nos olhos 

dele, amoleceu-a. 

Maldição, queria continuar zangada com ele. Mas quando ele a olhava 

daquela maneira, tudo em que podia pensar era no aspecto dele a luz de velas, 

em sua cozinha, em como tinham se entendido e do que havia sentido em seu 

sofá. A forma que sabia que ele podia fazê-la sentir-se agora, se atravessasse o 

quarto naquele exato minuto. 

— Você quer algo de mim, meli? — perguntou ele, em voz baixa. 

Os olhos dela foram até os dele. E viu seu próprio desejo naqueles lagos de 

obsidiana. 

O sexo, como uma distração para todas aquelas coisas loucas que estavam 

acontecendo, tinha suas vantagens. Mas não com ele. Tinha aprendido a lição, 

em que seu herói estava interessado. 

— Nenhuma só coisa. 

Então ele riu, como se soubesse que ela estava mentindo. 

— Quando estiver preparada, basta me dizer. 

Ela o olhou. 


Uma risada borbulhou dele. 

—OH, meli. Eu gosto. Naquela noite em sua casa você não chegou nem de 

perto de ser assim tão briosa 38 . 

Ela lançou um olhar aborrecido para ele. 

—Estava um pouco distraída. Achei que você estava morrendo. E o que 

essa palavra significa? Você a usa continuamente. Meli. Minha avó a usava 

ocasionalmente. 

— É mesmo? 

Ela assentiu, ao mesmo tempo em que um pensamento surgia. 

38 

Brioso – é aquele que tem brio. (Aurélio) 

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— Ela me disse, uma vez, que era o apelido de minha mãe. 

Ele pareceu estar refletindo por um momento e depois disse 

— É argoleano. Traduzido de maneira imprecisa, significa amada. 

—Então, Como minha mãe pôde tê-la conhecido? 

—Talvez fosse um apelido dado por seu pai. 

Ela levantou uma sobrancelha. 

— Meu pai o rei? uh-hu. Certo. Então, Como funciona isso? Não há mulheres 

argolenas suficientes em seu mundo? Os homens têm que vir caçar mulheres 

humanas? 

— Acácia… 

—E antes que me esqueça, O que pensa que está fazendo em minha 

cama? 

—Você gosta de me ter em sua cama? —perguntou ele, tranquilamente. 

Uma inquietude abrasou o peito de Casey. Olhou rapidamente por cima do 

ombro e se arrependeu imediatamente. O mesmo desejo carnal que 

subitamente estava correndo por suas veias, estava gravado em cada linha e 

plano do belo rosto dele. 

OH, sim, aquele homem era um deus do sexo, de acordo. E também estava 

brincando com ela. 

—Eu gosto de seus olhos sobre mim, Meli. Faz que o sangue corra em minhas 

veias. Muito mais que seus olhos, eu preferiria ter as suas mãos me acariciando 

como fizeram naquela noite em seu sofá. 

O coração dela acelerou ante a lembrança. A excitação coloriu sua face e 

espalhou o calor entre suas coxas. Sentiu-se cair no mesmo transe em que tinha 

estado com ele, uma vez anteriormente. O calor do seu corpo, o cheiro de sua 

pele, o som tórrido de seu sotaque, tudo unido para transformá-la em uma massa 

mole na frente dele. 

Ele levantou uma mão, fazendo um gesto para que ela se aproximasse. 

—Venha aqui, meli. Deixe-me lembrá-la. 

O olhar dela caiu sobre as mãos dele, e ela lembrou que ele havia segurado 

sua mão na loja da mesma maneira, apenas ontem. Depois lembrou o brilho de 

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incerteza que tinha visto em seus olhos. 

Um herói que sabia o que queria, nunca ficaria nervoso. O que significava 

apenas uma única coisa: ele não estava sendo honesto. 

O ímpeto sexual dissipou-se de seu cérebro, e ela levantou o queixo em 

desafio. 

— Boa tentativa. Felizmente, não sou estúpida o bastante para cair nessa, 

duas vezes nesta vida — Ela cruzou os braços sobre o peito. —Agora, acho que já 

é tempo de você responder algumas de minhas perguntas. 

Ele soltou um longo e fatigado suspiro e deixou o braço cair. 

—Que mais você quer saber? 

Isso foi fácil. Cuidado. Ela inclinou a cabeça. 

—O que é, exatamente, um Argonauta? Nick disse que você era um 

guardião. Isso é como um general? 

—Conhece a história dos primeiros Argonautas? 

—Da mitologia grega? Claro. Eles foram o grupo de heróis que zarparam 

com o Jasão no Argo em busca do Velocino de Ouro. Eram cinquenta, se bem 

me lembro. 

—Cinquenta e cinco. Eles são, tecnicamente, os fundadores de nossa raça. 

Principalmente os homens. Algumas mulheres, embora haja outros heróis que não 

zarparam com Jasão mas que também caíram dentro dessa categoria. Seus 

descendentes são conhecidos como Argoleans, chamados assim por causa do 

reino que os deuses nos garantiram, quando se tornou evidente que os heróis 

estavam se reproduzindo — Casey se sentou em uma cadeira enquanto ele 

falava. — Os sete mais fortes, Hércules, Aquiles, Teseu, Odisseu, Perseu, Jasão e 

Belerofonte, foram escolhidos como os guardiões da raça e por conseguinte, 

receberam o título Argonautas. Em cada geração, um, proveniente das linhas de 

sangue dos sete primeiros, é escolhido para continuar a tradição do guardião. 

Minha linha remonta a Heracles — um sorriso irônico curvou sua boca. — Ou 

como vocês os americanos preferem chamá-lo, Hércules. 

—O maior dos heróis — disse ela, voltando a pensar no que sabia sobre eles. 

—É por isso que você é o líder? 

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—Sim. 

— Não a embarcação não era de Jasão? 

Ele deu de ombros. 

— Um tecnicismo sem importância. 

Um olhar que ela não pôde definir, passou sobre os olhos dele, fazendo-a 

suspeitar que havia mais coisas que ele não estava lhe dizendo, mas outra 

pergunta surgiu. 

— Então há sete de você? 

— Sim. Meu rei. Irmãos de batalha. Cada um tem um poder diferente, que 

geralmente está ligado aos nossos ancestrais. O meu é a grande força. Todos os 

argoleans têm poderes de algum tipo, mas os dos argonautas são maiores. 

Ela pensou sobre essa resposta ao mesmo tempo em que disse. 

— E o que você e seus irmãos fazem? 

— Protegemos à raça — disse ele, finalmente. 

— Caçando daemons? 

— Entre outras coisas. 

— Mas fazem mais que isso, não é mesmo? Do contrário não estaria aqui 

agora. 

— Sim — disse ele, hesitantemente. — fazemos. 

Ela esperou por uma explicação, e quando os segundos se passaram e ele 

não fez isso, ela percebeu que tinha chegado a um beco sem saída. Flexionando 

seus pés sob ela, tentou outra tática. 

— Então, quantos anos você tem? 

— Duzentos e dois. 

Ela ficou de boca aberta e só quando percebeu, o quanto devia parecer 

estúpida, fechou-a. 

— OH, meu Deus. Fala sério? 

Ele assentiu. 

— Quanto tempo você vai viver? 


— Os argonautas e aqueles da família real vivem aproximadamente, 

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setecentos anos. Alguns um pouco mais. Nós somos os mais fortes da raça. 

— Certo — Casey não podia pensar em nada mais para dizer. Sua testa se 

franziu. Espera, talvez pudesse. 

— Quanto tempo eu vou viver? 

— A maioria dos argoleans vive aproximadamente quinhentos anos. Acho 

que os híbridos… misos — se corrigiu antes que ela o fizesse por ele— , vivem o 

mesmo. 

Bem, havia desgosto explicito naquela resposta. Ele pensava que era 

superior aos humanos? Isso simplesmente era intolerante. Não que ela se 

importasse. Ele podia pensar o que quisesse. Ela ainda precisava de respostas. 

Voltou a se concentrar no que ele havia dito. E pensou na ligação de Jill de 

ontem e na fila de exames esperando por ela. Quinhentos anos. Ela só tinha vinte 

e sete. Se tivesse mesmo câncer como sua avó 

Um nó se formou em sua garganta. 

— Você pode morrer antes desse tempo? 

— Refere-se a se somos mortais? 

Ela assentiu. 

— Sim. — disse ele — Somos mortais. Podemos morrer como os humanos. 

Mas nossa resistência às doenças e nossa habilidade para curar são amplas. 

Graças a Deus. Ela soltou um suspiro de alívio. 

— Atrevo-me a supor que esse, no entanto, não é o caso dos misos. 

E lá se foi seu alívio. Não, ela não teria essa sorte, não é mesmo? 

— Bem, — disse ela, com um cenho franzido — acho que isso explica sua 

cura milagrosa lá em minha casa — mas não explicava a visão que ele tinha 

projetado para ela enquanto estava dormido. 

Aumentando o cenho, ela disse. 

— Se isso é verdade, então por que seu pai não pôde ser curado? 

— O quê? — pela primeira vez desde que ele abriu os olhos e disparou 

faíscas através do quarto que a iluminaram como a uma árvore de natal, ele 

parecia atordoado. 

— Seu pai. Por que ele não pôde se curar do ferimento à bala? Eu observei 

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você se curar, de algo igualmente ruim. Ele era muito velho? 

As sobrancelhas escuras dele se juntaram em confusão. 

— Como sabe a respeito de sua morte? 

— Você me mostrou isso — ele a olhava fixamente, como se ela tivesse 

serpentes nos cabelos, então acrescentou — , quando estava dormido. Vi os 

daemons que estavam caçando e o rapaz do outro lado do rio. Ele não tinha 

intenção de atirar em seu pai, não é mesmo? Ele tentou atirar nos monstros 

contra os quais vocês estavam lutando. 

A cor desapareceu do rosto de Theron, e em uma voz calma perguntou. 

— Acácia. Você teve sonhos como este antes? 

— Não os chamaria de sonhos. São mais como, não sei, visões. Mas sim, 

acho que os tive. 

— Quando? 

A mudança em seu tom enviou badalada de alarme para sua cabeça. A 

pele na parte baixa de suas costas, perto de sua marca de nascimento queimou. 

— Na primeira noite que nos conhecemos. Depois de que o suturei e você 

estava dormindo. Deitei-me no sofá e tive uma visão de você e seu pai parados 

em um campo contemplando uma batalha — seus olhos fixaram se nos dele. — 

OH, meu deus. Aquela era a guerra civil, não é mesmo? Eu vi jaquetas azuis e 

cinzas. 

Ele assentiu lentamente e se levantou ficando de pé. 

— Sim. Quantas mais? Em que outros momentos você teve essas visões? 

Bem, o olhar louco em seus olhos não estava fazendo nada para acalmar 

seus nervos. De fato, estava algo assim como a assustando. Ela sabia que ele 

tinha algum tipo de poder sobre-humano, ela o tinha visto em ação, o que 

significava que os argonautas tinham poderes que os humanos apenas 

invejavam. Mas se ela estava interpretando-o corretamente, ele não tinha 

projetado aquelas imagens para ela como tinha acreditado. E isso significava 

que de algum modo, ela mesma as tinha evocado. 

Aquele calafrio se intensificou. 

— Ontem. Quando chegamos aqui. Não tem aquela menina pequena que 

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veio correndo para nós? Quando segurei sua mão tive um vislumbre de sua 

família e os demônios atacando seu lar. — Theron se retesou. Apreensivo, Casey 

colocou os pés no chão. — Pensei que estava tendo alucinações. Por tudo que 

aconteceu ontem, você sabe? 

Ele a olhou fixamente com olhos arregalados e muito concentrados, mas 

não disse nada. 

— O quê? — perguntou ela, finalmente saindo de sua cadeira. 

— Você tem o dom da retrospecção. 

Retrospecção? Bom, isso não parecia ruim. 

— É algo bom, não é mesmo? 

Ele não respondeu. Mas um olhar muito confuso passou sobre suas feições 

antes que se virasse e examinasse o quarto como se o visse pela primeira vez. 

— Preciso encontrar Nick. 

Nick, O híbrido que ele não suportava? OH, isto não estava parecendo 

nada bom. 

Ele pegou sua camiseta do respaldo da cadeira e a colocou, depois as 

botas do chão, e se sentou na cama ao mesmo tempo em que se inclinava para 

amarrá-las com dedos rápidos. 

— Theron, o que está acontecendo? 

Um tumulto no corredor fez que suas cabeças se levantassem. Seus olhos se 

encontraram brevemente antes que ele se levantasse e abrisse a porta, tomando 

o cuidado de protegê-la dos olhos. 

Helene passou correndo. Theron a segurou pelo braço. 


Helene olhou através da porta para Casey. 

— Marissa desapareceu. Ninguém conseguiu encontrá-la. Estão falando de 

fazerem uma busca. 

— Não — disse Theron, ferozmente. 

Casey apareceu empurrando Theron para segurar a mão de Helene. 

— Onde ela foi vista pela última vez? 

— No quarto — o medo percorreu as feições de Helene. — Sua mãe a 

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Tiamat World 



colocou na cama ontem noite, e quando acordou esta manhã, Marissa tinha 

desaparecido. 

Casey pensou na menina que tinha conhecido no dia anterior, em seguida 

em suas palavras: Minnie sabia que ele traria você para cá para nos salvar. 

Ela apertou a mão de Helene. 

— Vou pegar minha jaqueta. 

Ela entrou novamente no quarto, enfiou os pés nos sapatos e pegou sua 

jaqueta, sem se importar por não ter escovados os dentes ou penteado os 

cabelos ou até mesmo não ter tomado sua xícara de café matinal. Mas quando 

se virou estava muito consciente do corpo gigantesco que bloqueava sua saída. 

— Não vai a nenhum lugar, Acácia. Isto não lhe diz respeito. 

O que não lhe dizia respeito? OH, para merda com isso. Ela replicou. 

— Esse é o meu povo. Aquela menina é uma de minha raça. Então não se 

atreva a me dizer que não me diz respeito. —Os olhos dela se estreitaram, e o ar 

ficou tenso entre os dois, mas ela não recuou. Pela primeira vez em sua vida, tinha 

algo por que lutar. — Não pode me manter aqui, Theron. De uma maneira ou de 

outra, vou ajudar a encontrar Marissa. Então ou você tira seu traseiro de meu 

caminho, ou faz algo útil e me ajuda. 

CAPÍTULO 16 

Estava perdendo-o realmente. 

Isadora foi até as janelas, virou-se e retorceu as mãos enquanto passava ao 

longo do sofá. Mais quatro passos e estava junto da porta do armário, movendose 

próxima a penteadeira e girando ao redor da cama de dossel outra vez. 

Aquele quarto sempre tinha sido um lugar de conforto e solidão para ela, mas 

não agora. Não quando estava pronta para abrir caminho com as mãos através 

da pedra e argamassa só para libertar-se. 

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Tiamat World 



Ela deu um pulo ante a suave batida na porta. 

— Sim? 

— Sou eu, minha senhora — disse Saphira mostrando a cabeça pela porta. 

— Posso passar? 

Isadora suspirou de alívio. Quase tinha esperado que fosse Demétrius ou um 

dos outros Argonautas. Para um grupo de ándras que não suportava o castelo, 

ultimamente tinham estado perambulando muito pelo lugar. O que não podia ser 

bom de maneira alguma. 

— Sim, sim, entre. 

Quando a porta se abriu teve um vislumbre de seu último sentinela, Cerek, 

com seus cabelos curtos e escuros e seus ombros largos facilmente distinguíveis na 

ante sala de seus aposentos. 

O ressentimento se inflamou nela, mas o espezinhou quando Saphira fechou 

a porta com um clique suave. A jovem mulher trazia uma bandeja com comida 

—sopa, biscoitos e um recipiente com frutas frescas. O cheiro do frango e dos 

vegetais guisados fez o estômago de Isadora se contraísse. Ela colocou uma mão 

sobre o abdômen, rejeitando com um gesto da mão a bandeja e seu conteúdo 

igual às demais. 

— Não estou com fome. 

Saphira deixou a bandeja em uma mesa baixa perto da lareira. 

— Deve comer, minha senhora. 

Comer era a última coisa que Isadora tinha em mente. E sabia que viriam 

reforços se tentasse. 

—Theron voltou ao castelo? 

Saphira deu uma olhada para a porta como se tivesse medo de falar muito 

alto. Aproximou-se e, em voz baixa, disse: 

— Não, minha senhora. Ainda não. 

Maldição. Apesar de ser acorrentada a Theron não ser a primeira escolha 

de Isadora, ao menos sabia que ele não a trancaria em um quarto e se 

esqueceria dela, coisa que seu pai e o restante daqueles mercenários estavam 

fazendo naquele momento. 

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Tiamat World 



— E o rei? 

— Na mesma. Callia foi vê-lo várias vezes, mas sem nenhum resultado. 

Isadora colocou o dedo sobre os lábios e caminhou para as janelas. O 

vestido que vestia pesava sobre seus ombros e, não pela primeira vez, prometeu 

que mudaria as arcaicas tradições monárquicas — e a roupa seria a primeira — 

assim que fosse a rainha. 

— Sabe onde Theron está? — perguntou. 

A voz de Saphira escondia um indício de compaixão que carcomia os 

nervos de Isadora. 

— Diz-se que ele está em uma missão importante para seu pai. E ninguém 

parece saber onde ele foi. E com um dos Argonautas do lado de fora de seu 

quarto o tempo todo, muitos no castelo estão comentando, mexericando sobre o 

que sabem. 

Isadora fechou os olhos. Um favor pessoal para seu pai. Isso só podia 

significar uma coisa. E tinha uma boa ideia de onde Theron tinha ido. E com 

quem estava. A pergunta era, ele seria capaz de convencê-la a vir para Argolea 

com ele? E se fizesse isso, seria muito tarde? 

Isadora levantou suas mãos esqueléticas e olhou sua pele pálida. Até 

mesmo ela sabia que estava enfraquecendo. Do modo que sua energia estava 

diminuindo, imaginou que tinha uma semana, duas no máximo, antes de perder a 

batalha completamente. 

A profecia relampejou em sua mente enquanto estava de pé. A que tinha 

visto por acaso nos livros de seu pai quando tinha ido sentar-se ao seu lado 

durante sua doença. 

Haverá dois em cada era, 

Nascidos de deuses, terra e homens. 

Um de coragem e outro de força, 

Duas metades separadas que os finais trazem. 

E serão conhecidos pelas marcas que carregam, 

Unidos no vigésimo sétimo ano. 

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Tiamat World 



Só unidos os fortes sobreviverão, 

Para dissolver o pacto e o fim da vida trazer. 

Um calafrio percorreu Isadora pelo que seu pai estava fazendo. Mas, Como 

ele podia ter certeza do que iria acontecer? E como podia sacrificar uma filha 

por outra? 

Não pela primeira vez, pensou na irmã mestiça de quem não sabia até 

poucos dias. Teriam algo em comum? Se elas se cruzassem na rua, elas se 

reconheceriam? Haveria uma conexão? 

Não sabia. Mas havia algo claro. A facilidade com que seu pai e os 

Argonautas a trancaram naquele quarto deixaram claro que não esperavam que 

ela fosse mais que um peão. Nada mais que uma mascote para manter 

alimentada, calma e polida. 

A firmeza de seu peito contra a qual esteve lutando nos últimos dias voltou 

com uma vingança. E enquanto olhava para o pátio abaixo dela, soube o que 

tinha que fazer. 

— Saphira, preciso de sua ajuda. 

— Seja o que for, minha senhora. 

Isadora atravessou o lugar e pegou um pedaço de papel na gaveta de 

cima de sua escrivaninha. Rabiscando rápido, disse: 

— Encontre Orfeu e lhe dê esta carta. 

— Orfeu? — perguntou Saphira, desconcertada. — Mas, por quê? Ele é 

sobrinho de Lucian. 

Já que Lucian era o membro de mais status no Conselho, e não se 

mostravam muito amigáveis, a pergunta era justificada. Mas o que Saphira não 

sabia era que Isadora conhecia os segredos mais obscuros de Orfeu. E ele faria 

qualquer coisa para se assegurar que nunca se tornassem públicos. 

— Porque ele me deve isso. 

Releu o bilhete rapidamente e, satisfeita que aquilo pusesse o mecanismo 

para funcionar, assinou seu nome, colocou o papel em um envelope e o marcou 

com seu selo real. Estendeu o papel para Saphira. 

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Tiamat World 



— Envia-o agora mesmo. Mas tome cuidado. É só para Orfeu. Para ninguém 

mais. 

Saphira assentiu e deslizou o envelope dentro de sua jaqueta. 

— Assim será feito. 

Sozinha, Isadora olhou para o pátio externo mais uma vez e suspirou com 

força. Então pensou em sua irmã. 

Duas semanas. No máximo. Tinha duas semanas para pôr seu plano em 

andamento antes que ambas morressem. 

Só rezava para estar fazendo a coisa certa. 

CAPÍTULO 17 

A mulher era tão Espinosa quanto à árvore de quem recebeu o nome. 

Theron franziu o cenho enquanto seguia atrás de Acácia pelo caminho 

estreito. Não tinha sido capaz de dissuadi-la de seu plano amalucado de sair à 

procura da criança. Embora Theron se recusasse a tê-la em qualquer lugar 

aberto, sabia quando batia contra uma obstinada parede de rocha, e estava 

descobrindo rapidamente que Acácia podia ser mais teimosa do que ele. 

Como não havia nenhuma maneira que pudesse confiar sua segurança a 

ninguém exceto a si mesmo, teve que vir. Separaram-se dos outros há mais de 

uma hora, e esquadrinhavam próximo ao bosque enquanto avançavam. Havia 

uma forte probabilidade da menina já está morta, mas porque isso o 

incomodava tanto era inexplicável já que não podia parar de pensar em meterse 

entre as coxas de Acácia neste mesmo instante. 

Concentre-se, maldição. 

Havia milhares de coisas em que deveria se concentrar, saber como por 

Hades era possível que uma mestiça tivesse o dom da visão retrospectiva. Mas a 

única coisa em que podia pensar naquele momento era no quanto sua pele 

tinha sido suava na noite anterior, seu corpo exuberante, o quanto encaixava 

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Tiamat World 



perfeitamente contra ele. 

— Está fazendo isso outra vez — disse ela na frente. 

Levantou a cabeça. 

— Fazendo o quê? 

— Murmurando em outro idioma. Ninguém nunca o ensinou que é falta de 

educação? 

Ele deu uma olhada para o suave balanço de seus quadris enquanto ela se 

movia e a forma que seu traseiro enchia os jeans. 

— Você prefere que eu diga o que penso em inglês? 

O timbre rouco de sua voz devia tê-la alertado, porque parou 

abruptamente e se virou para ele. Estava com a face rosada pelo ar fresco da 

manhã, mas havia um calor nela que não tinha nada a ver com a temperatura. 

Seu olhar percorreu seu rosto, deslizou por seus seios e permaneceu ali até que o 

sangue se aqueceu de excitação. 

— Olhar você me preenche, meli — sussurrou ele. 

Seus olhos se desviaram um pouco antes dela se virar e recomeçar a 

marcha. 

— Eu não gosto. 

Um dos lados de sua boca se curvou, distraidamente enquanto a seguia. Era 

uma péssima mentirosa, algo que tinha descoberto desde o começo. O 

conhecimento o emocionou. 

— Sim, você gosta. Muito. 

— Pode ser. Uma vez. — Levantou um ramo, de modo que pudesse passar 

por baixo dele, então o soltou com a sincronia perfeita para que assim batesse 

em seu rosto. 

Ele riu por entre os dentes, mesmo enquanto esfregava a ardência na face. 

Ele gostava que ela o enfrentasse. Não havia uma gynaíka em Argolea que se 

atrevesse a lhe dizer o que fazer. Se ele tinha que ficar preso lá fora, não lhe 

ocorria ninguém melhor com quem ficar. A mulher tinha que estar exausta, 

estavam caminhando há aproximadamente uma hora, mas era determinada, e 

não se deixava afetar por seu estado de ânimo. Cada vez que lhe sugeria 

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Tiamat World 



procurar em outra direção, já que era inconcebível que uma criança caminhasse 

até ali, ela simplesmente o olhava e seguia seu caminho. 

— Isso foi — ela acrescentou, cortando seus pensamentos. — antes que 

tentasse me seduzir para depois ir embora sem dizer uma palavra. 

— Acácia. 

Ele a deteve com uma mão firme em seu braço. Aquele não era o 

momento nem o lugar para entrarem naquele assunto, mas tinha a necessidade 

premente de explicar a ela o que tinha acontecido naquela noite e por que tinha 

ido embora. 

Embora não pudesse entender a razão dele acreditar que podia fazê-la 

compreender quando ainda tinha dificuldades para racionalizar todo o assunto,. 

— O que aconteceu entre nós não tem nada a ver com o motivo pelo qual 

estou aqui agora. Na época eu não sabia quem era. Inteirei-me de sua 

identidade quando a encontrei na livraria. 

— Você espera que eu acredite nisso? 

— É a verdade. Olhe em meus olhos. Verá que não estou mentindo. 

Ela o fez. E seus olhos se encontraram. Depois um rubor se estalou em suas 

bochechas, o que lhe disse que ela se lembrava exatamente do que tinha 

acontecido entre eles. 

Aquele calor se tornou abrasador. Urgente e carente. Tão exigente que 

bloqueou o lado racional de seu cérebro, o que lhe advertiu que aquilo era uma 

má ideia. 

Antes que ele pensasse melhor nisso, pegou-a pelo outro braço. 

— Você acredita em predestinação? 

— Você quer dizer no destino? — Ele assentiu com a cabeça, e ela negou 

com a cabeça. — Não. Cada um toma suas próprias decisões. 

— Mas, acredita que o destino nos dá opções, e vamos onde nos 

corresponde? 

Seus olhos violetas se entrecerraram. 

— Por que está me perguntando isso? 

O que exatamente podia lhe dizer? Quanto queria que ela soubesse? Que 

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Tiamat World 



sua vida, provavelmente se poderia contar em dias, não em anos? Que ela 

estava destinada a causar o começo de uma guerra que esperavam que 

liberasse seu povo? Que ele estava começando a suspeitar que ela era sua alma 

gêmea, e além dos benefícios sexuais que evocava em sua mente, a ideia o 

enlouquecia? 

Nada disso soava como algo que ela fosse acreditar, ou entender, então 

optou pelo mais urgente. E acreditou que um pouquinho de honestidade não 

seria mau naquele momento. 

— Acredito que o destino está nos jogando uma peça. Tenho a estranha 

intuição… que você e eu fomos unidos por uma razão que nada tem a ver com 

seu pai. 

Ela o fulminou com um olhar tão malditamente sexy que ele ficou morrendo 

de vontade de beijá-la. 

— Escuta vozes, não é mesmo? 

Sim. 

— Não exatamente. É difícil de explicar. 

— A esquizofrenia não é tão rara. Ela é tratada com medicação. 

Sabichona. 

— Não acredito… 

— Eu tampouco. — O humor desapareceu de seus olhos. — Então meu 

suposto pai nos uniu porque quer algo de mim. Isso não é destino, Theron. Isso é 

manipulação. 

— E como você chama esta… esta atração entre nós? 

Ela inclinou a cabeça. 

— Seu problema? 

— Eu a chamo de oportunidade. Uma oportunidade para ver se o destino 

está nos empurrando para um destino juntos. E há uma maneira de saber com 

certeza. 

Seus olhos se estreitaram. 

— Como? 

Ele se aproximou, mal roçando seu corpo contra o dela, e a sentiu 

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Tiamat World 



estremecer. 

— Tudo o que preciso é uma noite. 

Ela piscou duas vezes. 

— Fala sério? 

— Em meu mundo, um ándras pode dizer se uma gynaíka é sua alma 

gêmea, compartilhando a cama. 

— Alma gêmea. Estou vendo. E presumo que, compartilhar a cama, seria no 

sentido bíblico? 

— Há alguma outra maneira? 

Olhou-o durante tanto tempo, que seu sangue se aqueceu sabendo que 

ela estava considerando a oferta. Imaginou-se a levando novamente para a 

colônia, retirando suas roupas peça por peça, abrindo o presente que era seu 

corpo perfeito, para depois, pressionar suas costas contra a cama macia e uni-los 

de um modo que o faria saber com certeza se ela era dele ou simplesmente um 

capricho do que logo conseguiria superar. 

A visão foi tão real, que suas calças se apertaram e o ritmo cardíaco se 

acelerou para um ritmo de um rufo de tambor. Esperou que ela desse um passo 

para ele, que se erguesse sobre as pontas dos pés. Para juntar suas bocas e unir 

seus corpos com o contato que tanto necessitava. 

Mas então ela pôs-se a rir. Um irresistível, som enriquecedor que saía de seu 

estômago e que o tirou de sua fantasia para jogá-lo de volta à realidade. 

Ela ria sem parar, até o ponto do cenho franzido abriu caminho entre as 

sobrancelhas. Quando finalmente ela parou para respirar, as lágrimas escorriam 

por seu rosto. Ela levantou a mão para limpar a face. 

— OH, Meu Deus. Essa foi à melhor desculpa que já ouvi. Agora, durma 

comigo e direi a você se é o meu destino. Bonito, Theron. — Ainda rindo para si 

mesma, liberou-se de sua sujeição e recomeçou a caminhar. 

— Não achei que fosse tão engraçado — murmurou Theron atrás dela. 

— Não está falando sério — disse ela, balançada as mãos para os lados 

enquanto caminhava. — Isso é a coisa mais pouco convincente que já ouvi. E eu 

trabalhava em um clube de strip-tease, pelo amor de Deus. Ouvi alguns convites 

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muito infelizes! 

— Por que estava lá? — Perguntou, seu comentário havia feito menção a 

uma pergunta que ele havia se feito várias vezes. 

— Por que alguém trabalharia em um clube de strip-tease? O dinheiro é 

bom. 

— Pensei que sua família possuísse aquela livraria. 

Um suspiro de pesar escapou de sua boca, e ele sabia que ela estava se 

lembrando do fogo e do que tinha perdido. 

— As contas do hospital com a minha avó foram muito altas. Precisei de dois 

empregos para poder fazer face às despesas. 

— Sobre aquele clube. Fez…? Era…? 

— Era o que, Theron? 

O humor em sua voz só o exacerbou ainda mais. Parou no caminho, sem 

saber como expressar sua pergunta. 

— Quanto dinheiro ganhava? 

Ela também parou, virou-se no caminho e bateu o dedo na bochecha em 

um gesto pensativo. 

— Bom, isso depende. Já sabe, em um lugar como o XScream, o 

pagamento de uma mulher é baseado em seu desempenho no trabalho, e eu 

era boa. Muito, muito boa no que fazia. —Um sorriso malicioso apareceu nos 

lábios tentadores. — Pergunte a Nick. 

Uma lança de ciúmes o apunhalou no intestino. 

Mas os Argonautas não sentiam ciúmes. Só os humanos o faziam. 

E depois ela sorriu. Um sorriso de vitória misturado com puro prazer feminino. 

Ela estava brincando com ele. E desfrutava disso. 

— Você não era uma dançarina. — Seus olhos passearam sobre o corpo 

esbelto dela e o alívio que correu através dele foi veloz e consumidor. — Não 

consigo imaginar você tirando a roupa para homens estranhos por nenhuma 

quantidade de dinheiro. 

Ela revirou os olhos e continuou caminhando. 

— Fiz isso para você não? E grátis, nada menos. E você é o mais estranho de 

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Tiamat World 



todos. 

— Acácia — ele a segurou pelo braço novamente, detendo-a. Quando ela 

se virou, uma voz em sua cabeça lhe gritou: Mantenha a boca fechada, mas não 

conseguiu. — Há três mil anos, quando Zeus criou Argolea para nossa raça, Hera 

fez sua brincadeira mais cruel. 

— A esposa de Zeus? Por que ela iria se importa com você ou sua raça? 

— Odiava Hércules. Por diversas razões, mas principalmente porque ele foi 

uma das mais flagrantes deslealdades de Zeus. E pelo afeto que Zeus tinha por 

todos os heróis em conjunto, deste modo ela odiava os Argonautas. Que melhor 

maneira de se vingar de todos nós que convencer as Moiras para se assegurar 

que nunca fôssemos felizes? 

— O que quer dizer? 

— Para os Argonautas, a cada um deles, incluindo eu, foi dada uma alma 

gêmea. Só uma. E sempre é a última pessoa que você escolheria. A maioria dos 

Argonautas passa a vida sem encontrar a sua. Desde que a conheci, todos os 

sinais apontam que você é a minha. 

— Que sinais? 

Não diga. 

Ele olhou novamente em torno do bosque, lembrando-se que estar em um 

lugar aberto não era seguro, mas incapaz de dar o assunto por acabado. 

— A atração entre nós, por exemplo. O calor sexual. — Suas bochechas se 

ruborizaram de novo, encorajando-o. —O fato de que, mesmo quando eu 

pensava que você era humana, reconheci algo único e fascinante em você que 

não tinha reconhecido em outras. 

— Não está feliz por eu ser humano, não é mesmo? 

Não respondeu. Não poderia. 

Ele olhou para seus seios e depois subiu até os olhos e achou ter visto um 

brilho de decepção que ela escondeu muito bem. 

— Exatamente com quantas mulheres tem que se deitar para encontrar essa 

alma gêmea? 

Reconheceu seu sarcasmo, e sabia que estava dançando perigosamente 

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perto do limite com ela. 

— Não é assim. 

— OH, não é? — Perguntou inocentemente. — Então isso significa que não 

quer fazer amor comigo? 

Ele se aproximou mais e baixou a voz. 

— Eu gostaria muito de estar com você, sabe. Pode ver isso em meus olhos. 

— Para saber se sou sua alma gêmea — disse ela explicitamente. 

— Sim. — Seus olhos brilharam. — Não — corrigiu ele. Bons deuses, ela 

tentava apanhá-lo em uma mentira. — Quero me deitar com você porque não 

pude parar de pensar na forma que a senti e saboreei naquela noite em sua 

casa. 

Ela inclinou a cabeça. 

— E uma cativa entusiasta e disposta é muito mais atraente que uma 

combativa. 

— Acácia. 

— Sabe do que mais, Theron? Nem sequer se esforce. — Ela deu batidinhas 

em seu ombro. — Boa tentativa, no entanto. Tenho certeza que funciona com 

algumas mulheres. Mas não comigo. 

Partiu pelo atalho com um balanço satisfeito em seus quadris. 

Enquanto ela se afastava, Theron amaldiçoou entre dentes e repreendeu a 

si mesmo por ser tão estúpido. Por que em nome de Zeus falou a ela sobre as 

almas gêmeas? Nunca tinha entendido a importância ou o fato de que os 

Argonautas como um todo fossem aparentemente imunes ao contato com sua 

humanidade, o que era o plano original de Hera. Inclusive se o fizessem, o fato de 

que a deusa se certificou que sua outra metade fosse exatamente o oposto do 

que eles queriam era uma garantia de desastre. E se um Argonauta que tinha 

encontrado sua alma gêmea a perdesse depois? Ele poderia muito bem abrir 

uma veia e sangrar por todo o chão. Porque isso era o que aconteceria. Nada 

permaneceria dentro dele. Theron soube que era verdade ao ver seu parente 

Zander durante estes últimos dez anos. E não era algo que ele quisesse 

experimentar. 

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É claro, Acácia nunca chegaria a esse ponto. Diabos, nem sequer tinha 

aceito completamente quem e o que era. E então ele chega e lhe diz que 

saberia se estavam destinados a ficarem juntos fodendo-a? Sim. Considerando 

todas as coisas, tinha sorte dela não o ter jogado de costas e arrancado suas 

bolas por aquela sugestão. 

Estava tão absorto em seus próprios pensamentos que não percebeu que 

Acácia tinha ganhado velocidade até que ela virou a curva e desapareceu de 

sua vista. Um formigamento se estendeu por sua coluna enquanto corria para 

alcançá-la. Ao virar na curva, descobriu que o bosque se abria para uma clareira 

e para o que uma vez tinha sido um pequeno assentamento. 

Tinha sido, notou, porque tudo o que restava agora eram um conjunto de 

edifícios queimados, paredes derrubadas e alicerces apoiando vigas enegrecidas 

e janelas quebradas. 

Acácia estava na extremidade da aldeia, com os olhos tomando a cena 

inteira quando ele se aproximou dela. 

— Este foi o lugar onde ocorreu — disse ela, levantando um braço magro e 

apontando para o que restava de uma casa, três edifícios mais à frente. — Isso 

era dele. 

O assentamento estava aninhado em um vale. As montanhas se elevavam 

por três lados, e um riacho serpenteava ao longo do limite da aldeia, 

borbulhando e murmurando no quente ar. 

— Eles atacaram pelas montanhas. Os aldeãos nem sequer tiveram tempo 

para reagir. 

Theron se virou em sua direção só para amolecer ante a dor que viu 

profundamente gravada em seu rosto. Mais uma vez ficou impressionado por sua 

força e determinação. Por sua lealdade a um povo que tinha acabado de 

descobrir e a facilidade com que ela se lançou para ajudar. E por tudo isso, 

percebeu que se ela não fosse sua alma gêmea, teria dificuldades para 

encontrar outra gynaíka que o intrigasse e desconcertasse da maneira que ela o 

fazia. 

Ele olhou para as casas queimadas e imaginou o que as famílias mestiças 

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Tiamat World 



tinham passado durante o feroz ataque. Os daemons, não eram conhecidos pela 

misericórdia. E o rei estava consciente de sua luta há eras. 

Seu peito se apertou. De volta à colônia, ele teria sido capaz de se 

convencer que não tinha que suportar os problemas dos misos. Mas ali de pé, 

vendo a destruição, tudo em que podia pensar era “Poderíamos ter feito algo”. 

— Acácia, eu… 

— Shh. — Ela colocou a mão sobre seu peito, e a pele debaixo da camisa 

formigou despertando ante o leve toque. —Você ouviu isso? 

Ele aguçou os ouvidos, sem ouvir nada, o vento assobiava através dos 

impressionantes pinheiros de Oregón. O ar estava quente, então sabia que ela 

não podia ter ouvido uma matilha de daemons. 

— Não ouço nada. 

— Isso. 

Ele virou a cabeça para escutar atentamente. E ouviu o leve som. 

— Isso. 

— Uma voz — disse ela, a excitação se construindo em suas palavras. 

— Acácia, espere. 

Mas ela não o escutou. Saiu correndo para o único edifício intacto no 

assentamento. Um velho celeiro que estava localizado no extremo mais afastado 

do povoado com uma corda pendurada no sótão do segundo andar soprando 

suavemente com a brisa. 

— Marissa? — Chamou Acácia. — Doçura, me responda se for você. Sou 

Casey. Marissa? Estamos todos preocupados com você. 

Silêncio. 

Theron se uniu a ela quando entrou no celeiro escuro. Segurou-a pelo braço 

e se aproximou de seu ouvido. 

— Fique perto de mim. Isso não é negociável. 

Ela assentiu com a cabeça e o deixou tomar a iniciativa, mas continuou 

chamando Marissa, ele não a deteve porque esperava que a menina 

respondesse a sua voz. 

— Marissa? — Gritou novamente. —Percorremos um longo caminho para 

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Tiamat World 



encontrar você. Há um montão de gente preocupada com você, carinho. Não 

tenha medo, doçura. Mas tem que nos dizer onde está. 

Um som deslizante ecoou de cima. Acácia colocou a mão sobre Theron 

para pará-lo. Ela inclinou a cabeça para o teto e os dois olharam para cima. 

Uma escada do lado esquerda parecia que levava ao segundo andar. 

Theron colocou uma mão e pisou sobre os trilhos rachados rezando para que 

sustentassem seu peso. Justo quando estava presta a pisar no primeiro degrau, 

ouviu-se uma vozinha de cima. 

— Casey, é você? 

Acácia deixou escapar um longo e aliviado suspiro. 

— Sim, carinho. Sou eu. 

— Está sozinha? 

Os dois trocaram um olhar, e Theron negou com a cabeça, com medo de 

que se a criança soubesse que ele estava ali, pudesse assustar-se e fugisse outra 

vez, mas Acácia ignorou sua advertência. 

— Não, Marissa. Não estou sozinha. Theron está aqui comigo. 

— Sozinho? 

— Sim. 

Silêncio. 

Theron olhou para cima e escutou atentamente qualquer movimento que 

indicasse que Marissa se preparava para fugir. 

— Nesse caso, — disse Marissa naquela mesma voz suave — podem subir e 

tomar o chá comigo e Minnie. 

O sorriso de Acácia tocou Theron em algum lugar no fundo do peito, e 

enquanto subia a escada deteriorada, sentiu-se mais leve. Mais em paz do que 

ele tinha se sentido em… nunca. 

E suspeitava que era por causa de Acácia. 

O andar de cima era mais iluminado. O sol inundava o segundo andar por 

uma abertura no fim do sótão. Theron esperou enquanto Acácia subia a escada. 

Do outro lado do cômodo, Marissa sorriu e a saudou com a mão como se fossem 

dois velhos amigos que se encontraram no parque. Estava sentada em um fardo 

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Tiamat World 



de feno. Sua boneca, Minnie, estava ao seu lado. Uma gaveta emborcada servia 

de mesa, e no outro lado havia outro fardo de feno. Um diminuto jogo de chá 

lascado foi colocado diante de cada um deles. 

Acácia estava ajoelhada na frente de Marissa e pegou a menina em seus 

braços. 

— O que fez não foi certo, Marissa. Sua mãe está doente de preocupação 

por você. Como todos na colônia. 

— Mas estou bem. 

Acácia afastou a garota de seus braços. 

— Carinho, sabe o quanto é perigoso sair assim. 

Marissa revirou seus grandes olhos castanhos. 

— Nada acontecera com os outros. 

— Como sabe? As pessoas estão procurando você nesse momento. 

— Eu sei por que Minnie me mostrou isso. 

Acácia olhou para Theron, de pé ao lado, e depois para a boneca de 

Marissa. 

— O que ela mostrou? 

— A mulherzinha com uma túnica longa e com bonitos fios. Disse que vocês 

me encontrariam se viesse para cá. — Ante a expressão de perplexidade de 

Acácia, Marissa se inclinou para mais perto e sussurrou não muito calmamente 

para ela. — Não vê? Tive que fazer isso para que assim pudessem passar mais 

tempo juntos a sós. 

Os olhos de Acácia se tornaram desconfiados. 

— O que você quer dizer? 

Theron prendeu a respiração e ela sentiu que ele sabia a resposta antes 

mesmo que as palavras fossem ditas. Aquele era outro sinal? Ou a imaginação 

hiperativa de uma menina? 

Marissa sorriu radiante, o sorriso de uma criança. 

— Logo você verá. 

O ar esfriou, e os cabelos da nuca de Theron se arrepiaram antes que 

pudesse questionar a fundo à menina. O destino esquecido, aproximou-se da 

193

Tiamat World 



abertura do sótão que se sobressaía em altura acima da aldeia queimada. Então 

amaldiçoou baixo e longamente. 

— Marissa — disse Acácia com voz enérgica. — Theron a instigou a fazer 

isso? 

Theron se moveu tão rápido e silenciosamente quanto pôde cruzando o 

cômodo e pegando Acácia pelo braço, levantando-a para seu lado. 

— Temos um problema —disse em voz baixa em seu ouvido. 

Ela o olhou com olhos irritados. 

— E o que é agora? 

— Três daemons. Parecem estar em patrulha — o rosto de Acácia se tornou 

cinzento. — Meu palpite é que estão procurando os retardatários pela área com 

a esperança de que possam levá-los à colônia. 

— OH, merda — sussurrou ela. 

— Acácia — disse bruscamente enquanto ela tremia contra ele. —Fique 

comigo. — Os olhos violetas arregalados se encontraram com os dele, havia 

medo neles, muito, quando ela obviamente se lembrou de seu último encontro 

com os seguidores da Atalanta. 

Maldição, era isso que ele tinha temido desde o momento que ela partiu 

naquela busca estúpida. 

— Posso lidar com os daemons. Mas tem que colocar Marissa em segurança. 

Ela olhou da direita para a esquerda. 

— Com os três? Não pode… confirmar isso como na livraria… 

— Posso — disse rapidamente. — Na livraria estava preocupado com você. 

Confie em mim. Sei o que estou fazendo. Mas só se trabalharmos juntos. 

— OH, Deus. — Quando ela afundou contra ele, soube que estava perdido. 

Ele apertou o braço em sua cintura enquanto escutava atentamente o que 

acontecia lá fora. Os daemons se aproximavam. Estavam ficando sem tempo. 

— Tem que reunir suas forças agora mesmo, porque quero ouvir todas as 

outras razões pelas quais não se sente atraída por mim realmente. 

Ela olhou para cima e engoliu em seco. E quando seus olhos se 

encontraram, a conexão que tinham compartilhado desde o começo ardeu 

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Tiamat World 



mais intensamente em sua alma. Soube que ela sentiu aquilo também. Do mesmo 

modo que sabia que se algo acontecesse a ela ali, nunca voltaria a ser o mesmo. 

Ela assentiu com a cabeça uma, duas vezes, e elevou sua coragem como 

se fosse uma armadura. 

— Não… não me sinto atraída por você. — Mas se aferrava ao peito de sua 

camisa e não fazia nenhum movimento para soltá-la. 

— Mentirosa — sussurrou ele, justo antes de baixar a cabeça e tomar sua 

boca. 

O beijo foi rápido, e nem remotamente tão profundo quanto ele tinha 

querido. Mas não tinha tempo para nada mais. 

Ele tirou a adaga serrilhada do tornozelo, desabotoou a capa e a colocou 

nela. Depois abriu a arma que tinha a forma de uma faca de caça com 

ameaçadoras pontas agudas que se sobressaíam da parte inferior do punho. 

— Pegue isto. Segure-o assim. — Colocou seus dedos. — Se algum chegar 

antes de mim, isto não servirá de nada a você a menos que estejam bem perto. 

Gire-o assim. Longe do seu corpo. — Moveu o braço para mostrar a ela o que 

queria dizer. —As pontas agudas despedaçam a carne e a lâmina faz o resto. 

Não matará um daemon, mas um golpe consistente o deixará incapacitado 

tempo suficiente para que possam fugir. 

— Theron, eu… 

— Não temos tempo — empurrou uma lanterna em seu bolso, então pegou 

Marissa e a colocou nos braços de Casey. — Espere até me vê lá fora, depois 

desça pela escada e se dirija a montanha atravessando o riacho. Tente 

encontrar uma caverna ou abrigo para se esconder dentro. Encontrarei você 

mais tarde. 

Tremendo, Acácia colocou a faca em sua capa, e embalou a menina 

contra o peito. 

— Mas como você saberá onde estamos? 

Ele atravessou o quarto, parou na borda das sombras, fora da vista dos 

daemons, e lhe deu um último olhar. 

— Sempre a encontrarei, Acácia. É uma promessa. 

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Tiamat World 



— Theron… 

Ele não esperou a resposta. Em vez disso, saltou do segundo andar e caiu 

sobre a terra fria do térreo. Os três daemons se viraram em sua direção com os 

brilhantes olhos verdes surpresos. 

— Olá, meninos — disse ele, alcançando o parazonium preso na parte baixa 

das costas. — Parecem um pouco perdidos. Deixem-me enviá-los de volta ao 

inferno. 

CAPÍTULO 18 

— Corra! 

Casey pôs a Marissa de pé e a empurrou para a escada nos fundos do 

celeiro. Podia sentir o medo desta, mas felizmente a menina não a questionou. 

Casey desceu primeiro pela escada, levantando as mãos para ajudá-la a 

descer para o chão. Lá fora, os uivos frenéticos dos daemons se misturavam com 

os grunhidos de Theron e o choque das armas contra a carne enquanto lutavam. 

Um instinto profundo urgiu Casey a ir lá para frente, para ajudar Theron 

embora soubesse que seria praticamente inútil. O que podia fazer que ele não 

pudesse? Mas OH, Deus, e se ele fosse assassinado porque ela insistiu que eles 

fossem ali? 

Não pense nisso. Lembrou-se da imagem dele lutando contra os daemons 

em sua loja. 

Ela sabia o que estava fazendo. 

Segurando a mão de Marissa com força entre as suas, caminhou nas pontas 

dos pés até os fundos do celeiro. Uma olhada lhe confirmou que a área ao redor 

delas estava vazia. Olhou para as árvores, há cerca de trinta metros de distância, 

que se transformavam em bosque estendendo-se por um lado da montanha. 

Depois considerou a possibilidade de correr e não serem vistas. 

Mais grunhidos soaram na frente do edifício. Um rangido agudo ecoou nas 

196

Tiamat World 



proximidades. Marissa gritou quando um corpo passou na frente da porta do 

celeiro e se chocou contra um montão de feno e livro enfiando-se até o 

pescoço. 

Casey agarrou à garota e a puxou para abraçá-la contra seu estômago, 

sufocando os soluços da menina ao puxá-la para as sombras. Um olhar lhe disse 

que o corpo era Theron, mas ele se levantou saltando como se o empurrão não o 

tivesse perturbado nem o tivesse jogado no celeiro, e se lançou novamente na 

batalha. 

Ela estava com o coração na garganta, mas levantou Marissa em seus 

braços. 

— Agarre-se a mim e segure com força. 

A pequena cabeça de Marissa assentiu contra o pescoço de Casey. Ela 

respirou fundo, olhou para trás para a porta para se certificar de que não havia 

ninguém olhando e correu. 

Atravessaram a clareira dos fundos em uma velocidade vertiginosa e quase 

chegaram às árvores antes que um daemon caísse do nada em frente a elas. 

Casey ofegou e freou de repente. Os olhos verdes do daemon brilhavam 

enquanto ela recuava. Ele inspirou longa e profundamente e disse uma única 

palavra. 

— Você. 

Casey colocou Marissa no chão e ficou na frente da menina, usando seu 

próprio corpo como escudo. Com os olhos arregalados, pegou a faca de sua 

panturrilha com mãos trêmulas. 

O daemon riu entre dentes, como se achasse a situação muito divertida. 

— Não pode me deter, mestiça. Atalanta está esperando você. 

Nesse momento, Marissa soltou a mãe de todos os gritos. O tom era tão 

agudo e alto, que tanto Casey quanto o monstro estremeceram e se congelaram 

momentaneamente. O som continuou até que finalmente Casey balançou a 

cabeça e desembainhou a faca como Theron a ensinou. 

O monstro ficou tenso como se fosse se lançar sobre ela. 

A mão de Casey moveu a faca quando o daemon atacou de forma 

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Tiamat World 



violenta. Mas antes de sentir o impacto, Theron saltou sobre ela e se chocou 

contra o monstro. 

Os dois rolaram, enquanto os punhos e as presas voavam. O daemon tinha 

uma grande possibilidade de ganhar e imobilizou Theron no chão, pressionando 

sua perna enorme contra o peito dele com um uivo poderoso. Casey percebeu 

em seguida que Theron tinha perdido sua adaga ao se chocar contra o monstro 

quando este se lançou contra ela. 

— Theron! 

Ele olhou em sua direção justamente quando ela jogou para ele a faca 

afiada. Ela caiu no chão a trinta centímetros de seu ombro. Sua mão serpenteou 

como um raio, mesmo imobilizado sob o daemon como estava. Depois tudo o 

que Casey viu foi à lâmina reluzindo ao sol. O sangue do daemon jorrando. 

Theron derrubou rapidamente o monstro no chão e usou a faca para decapitálo. 

Casey puxou Marissa contra seu corpo para que a menina não pudesse ver 

o que estava acontecendo. 

Quando tudo acabou, o corpo de Theron estava coberto de uma mistura 

de suor e sangue, e respirava com força, embora não parecesse ferido. Deu um 

passo em direção a elas exatamente quando um rugido ressoou ao longe da 

fachada do celeiro. Theron empurrou a faca de volta na mão de Casey e a 

empurrou com força para as árvores. 

— Corra! 

Casey não perdeu tempo perguntando. Agarrou Marissa e se foi, com o 

coração trovejando e a adrenalina bombeando. 

Suas pernas ardiam e os pulmões doíam muito, mas não parou. Quando 

Marissa gritou “Minnie!” contra a garganta de Casey e estendeu uma mão, 

apenas agarrou a menina com mais força. Não ia dar a volta por nada, 

especialmente por uma boneca estúpida que a menina tivesse deixado para 

trás. Correu com vigor e depressa, desviando-se das rochas e por entre as árvores, 

e não parou até que já não podia ouvir o clamor da batalha e os únicos cheiros 

eram o dos pinheiros, dos musgos e da floresta úmida que a rodeava. 

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Tiamat World 



O rosto de Marissa estava sulcado de lágrimas quando Casey finalmente a 

colocou no chão. A menina encolheu-se contra uma rocha. Logo ela a 

tranquilizaria. Agora o que importava era encontrar um lugar para se 

esconderem. 

Ainda tentando levar ar para seus pulmões Casey estudou os arredores. As 

árvores eram grossas, mas um pouco mais à esquerda parecia haver uma 

formação rochosa que talvez tivesse espaço suficiente para escondê-las. 

Levantou Marissa nos braços novamente. 

— Vamos Marissa. Estamos quase chegando. 

Um grupo de penhascos altos como um homem estava alinhado em um 

circulo ordenado. Entre os dois primeiros havia uma pequena abertura, suficiente 

para que alguém rastejasse através dela, que parecia levar às montanhas. 

Casey odiava os espaços pequenos mas, dadas as opções, considerou que 

aquela caverna úmida e escura era esconderijo melhor do que aquelas árvores 

lá de fora. Deixou Marissa de pé e se ajoelhou. 

— É aqui, carinho. 

Marissa hesitou. 

— Está escuro. 

— Eu sei, mas eu estou aqui. 

Marissa olhou por cima do ombro, contemplando claramente suas opções. 

Casey segurou sua mão. 

— Não deixarei que nada aconteça a você. Prometo. 

A resposta pareceu satisfazer Marissa. Depois de outra olhada rápida, 

ajoelhou-se e entrou engatinhando no lugar atrás de Casey. 

O túnel não tinha mais de um metro de altura mas, felizmente, não era 

longo. Dez metros depois, Casey teve a impressão de estar sob um teto muito alto 

e um amplo espaço. Tirou do bolso a pequena lanterna que Theron tinha lhe 

dado antes e a acendeu. Em seguida ofegou pelo que via. 

As estalactites pendiam do teto em um arco-íris de cores. A sala circular de 

cinco metros era alta o suficiente para que ficasse de pé e não fosse apunhalada 

por todas aquelas formações rochosas com forma de presas. Outra sala menor 

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Tiamat World 



seguia aquela, mas não parecia ter outros acessos a partir do exterior. E, 

felizmente, além de alguns insetos, nos quais Casey não queria pensar, ambos os 

lugares pareciam estar desertos. 

Casey segurou a mão de Marissa e a levou tão para dentro da montanha 

quanto pôde, entrando na sala menor e virando a esquina, para que se algo 

entrasse na primeira sala procurando por elas, não pudesse vê-las. Depois de 

envolver Marissa com sua jaqueta para abrigá-la, sentou-se contra as rochas com 

a menina embalada entre seus braços. 

Marissa soluçou e se aconchegou contra ela. 

— Sinto falta da Minnie — sussurrou. 

— Eu sei, carinho — Casey passou a mão pelos cabelos de Marissa. 

— Não podemos voltar para ela? 

— Não, Marissa. Não é seguro. 

— Casey — sussurrou Marissa no silêncio— , está com medo? 

Casey hesitou, e depois assentiu enquanto as lágrimas ardiam em seus olhos 

fechados. 

— Sim, carinho. Estou. 

— Não tenha medo. Theron voltará para você. 

Casey soltou um suspiro entrecortado. E pensou no quanto as coisas podiam 

mudar rapidamente. Algumas horas atrás ela só queria se afastar dele. Agora 

rezava para que a menina tivesse razão. 

O cheiro da morte golpeou os sentidos de Nick no segundo em que parou o 

motor da moto e tirou o capacete. 

A casa de Casey estava escura, mas soube o que encontraria mesmo antes 

de dar um passo para dentro. 

Com um nó no estômago, rodeou a casa e encontrou a porta de trás 

arrobada, com a própria porta pendurada nas dobradiças. A cozinha estava 

limpa e arrumada, mas mesmo ali podia sentir o cheiro do que havia mais para 

dentro. 

Obrigou-se a atravessar chão assoalhado, batendo com as botas a cada 

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Tiamat World 



passo. Quando alcançou a porta em arco que levava para a sala, parou e 

engoliu a bílis que subia por sua garganta. 

O sofá estava esmigalhado e virado, e a mesa de café não era mais que 

um monte de lascas. Livros e bugigangas quebradas espalhadas pelo chão e, no 

meio do desastre, descansava o corpo sem vida de Dana. 

— Merda, Dana. 

Ajoelhou-se ao seu lado, examinando o que restava. Os olhos abertos e 

desfocados de Dana olhavam para o teto, e seu rosto estava ensanguentado e 

machucado. Uma perna estava dobrada em um ângulo estranho, com o osso se 

sobressaindo da pele e os jeans, e arranhões ensanguentados tingiam a maior 

parte de seu corpo. Mas o mais desagradável, e o que Nick tinha suspeitado 

quando tinha entrado na casa, era o buraco no centro de seu peito onde seu 

coração costumava estar. 

Passou a mão sobre sua boca, fechou os olhos com força e se amaldiçoou 

por abandoná-la na outra noite. Havia sentido que sua morte se aproximava, mas 

não tinha feito o suficiente para protegê-la. Se ele mesmo a tivesse levado de 

volta para a colônia, se tivesse insistido mais... Maldição, se tivesse aberto os olhos 

e voltado para ela, ela estaria viva agora. 

Se fosse por… merda. Está morta, e não graças a você. 

Abriu os olhos e a olhou. O relacionamento deles havia sido confuso de mais 

de um modo mas, de seu próprio jeito, ele se preocupava com ela. Certamente 

mais do que por qualquer outra pessoa em sua vida. Ela entendia a ele e a suas 

necessidades, e nenhuma só vez disse não, mesmo quando aquelas 

necessidades eram muito difíceis de entender. E como ele a recompensou? Com 

aquilo. 

Ela o acusou de ter complexo de deus. E ele sabia que ela tinha razão. Mas 

nem sequer um deus a foderia assim. 

O celular de seu bolso vibrou. 

— O quê? — respondeu. 

— Nick, é Helene. Temos um problema. 

Ficou de pé lentamente enquanto as malditas cicatrizes de suas costas 


Tiamat World 



começavam a formigar. 

— O que aconteceu agora? 

— Marissa fugiu esta manhã. Grupos de busca estão atrás dela. Mas, aquela 

mulher que você trouxe ontem? Casey? Ela e o Argonauta estão lá fora também. 

E eles são o único casal que ainda não deu notícias. 

As mãos de Nick se apertaram sobre o telefone. 

— Não me aborreça. 

— Eu sei. Sinto muito. Não pude impedir que ela fosse. 

— Estou voltando. 

— Encontrou Dana? 

Nick baixou os olhos para Dana mais uma vez e enterrou a dor 

profundamente dentro dele tal como tinha feito todas as vezes que um membro 

de sua colônia era assassinado. A angústia por sua morte duraria tanto quanto a 

do restante, mas ele era metade Argonauta. Seu lado mais filho de puta tomaria 

o controle muito cedo. 

— Encontrei-a. 

— Está...? 

— Prepare as fogueiras, Helene. 

Fechou o telefone justamente quando Helene começou a chorar. 

CAPÍTULO 19 

As horas se tornaram imprecisas. Casey não sabia quanto tempo Marissa e ela 

estavam escondidas na caverna, mas tinha certeza que a estas alturas já estaria 

escuro lá fora. Deviam está naquela caverna há pelo menos seis horas e sem 

notícias de Theron. 

Já tinha imaginado todas as coisas horríveis que podia ter acontecido com 

ele, sabendo que ele podia estar lá fora sofrendo enquanto ela estava sentada 

ali se escondendo, mas era incapaz de se levantar e o procurar. Ele tinha dito 

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Tiamat World 



para ela ficar escondida. E todas as vezes que pensou em ignorar essa ordem, o 

estranho aviso de Marissa se acendia em seu cérebro. 

O que farão a você será pior. 

Por que ela? Quando aquele daemon se deixou cair em seu caminho, 

quando fugiam do celeiro, agiu como se a conhecesse. Agora que pensava 

nisso, os que estiveram em sua livraria e até mesmo os da noite em que conheceu 

Theron tinham agido como se soubessem quem ela era. Como era possível? E o 

que isso significava? 

Um chiado fora do túnel à fez levantar a cabeça. Pegou a lanterna do chão 

ao lado de sua coxa. Embora a tivesse desligado há horas para conservar a vida 

da bateria, ela queria vê o que vinha em direção a ela. Suas mãos tremiam 

novamente, segurou a faca com força enquanto avançava pouco a pouco 

virando a esquina e entrando na sala principal. 

O que vinha através do túnel era grande. Podia ouvi-lo grunhindo e 

raspando ao passar pela passagem estreita. Ela não se atreveu a iluminá-lo 

agora, estão rezou para estar apontando a faca na direção correta. 

O som parou. Seu coração batia tão forte que tinha certeza que ele a 

delataria. Quem quer, ou o que fosse, tinha chegado através do espaço elevado 

a pé e respirava de forma entrecortada. 

— Não me esfaqueie, Acácia. 

— Theron! — Casey deixou a faca e a lanterna caírem e se precipitou sobre 

sua voz. 

Seus braços fortes a seguraram e a abraçaram com força. Ela abafou um 

soluço, nunca esteve tão feliz por ver alguém como naquele momento. 

Uma suave risadinha saiu de seu peito, vibrando contra ela até que a sentiu 

até nos dedos dos pés. 

— Sentiu saudades de mim, meli? — sussurrou ele em seus cabelos. 

OH, Deus. O som de sua voz. Como música. As mãos fechadas em punhos 

contra sua camisa úmida. 

— Passaram horas. Onde você…? 

— Onde está a menina? 

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Tiamat World 



— Dormindo. Finalmente. Theron. Meu deus. Como soube onde nos 

encontrar? 

Uma mão forte deslizou ao longo de seus cabelos. 

— Eu lhe disse isso. Sempre poderei encontrá-la. 

Não tinha nem ideia do que ele queria dizer com aquilo e não queria entrar 

naquilo agora. Estava tão agradecida de que ele estivesse ali. Apoiou a testa 

contra seu peito enorme. 

— Theron. Eu estava tão… — Não queria dizer “preocupada”, porque isso a 

faria parecer uma fraca. Mas estava. Afastou de sua mente a preocupação por 

ele. Deu uma pequena sacudida na cabeça. — O que aconteceu? 

— Eu disse a você. Isto é o que faço. 

O que ele fazia? E esperava que não alucinasse quando os monstros de 

uma das novelas de Stephen King vinham atrás dele? Sim, claro. 

— Demorou muito tempo. Pensei… 

— Eles foram enviados de volta para Hades, pouco depois que você se foi 

com a menina. Não há nada com que se preocupar. 

Pouco depois. Casey se afastou de peito dele e olhou para cima, desejando 

poder ver seu rosto, mas para sorte dele, estava muito escuro. 

— Pouco depois? Que diabos você esteve fazendo depois? Fazendo as 

unhas? 

— Esperando — disse ele. — Para me certificar que não havia nenhum 

retardatário. 

A adrenalina escolheu aquele momento para disparar. Foda-se, 

preocupada. Agora estava zangada. 

— Enquanto eu estava aqui sentada durante as últimas seis horas 

imaginando que o esquartejavam e enlouquecia de medo? Imbecil! Muito 

obrigado! — armou-se de coragem e chutou sua canela com tanta força quanto 

pôde, depois girou sobre os calcanhares e se dirigiu ao que esperava que fosse a 

passagem para a área ao lado. Seria apenas sorte não bater a cabeça contra 

uma parede de rochas em vez disso. 

Ele a pegou antes que ela desse três passos, aqueles braços musculosos 

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rodeando sua cintura e levantando-a do chão até que ela ficou no ar. 

— Solte-me! — sussurrou para não acordar Marissa. — Já fui bastante 

maltratada por um dia. 

— Contente-se, meli — Ele a mudou de posição para que não pudesse 

chutar suas bolas, reposicionando os braços até que a imobilizou. Ela lutou, mas 

sabia que era inútil. Ele era mil vezes mais forte do que ela quando estava 

saudável. Agora, com a mistura de medo, exaustão e mal-estar atravessando seu 

corpo, ela era como um palito de dentes balançando na brisa. — Teria vindo 

antes se achasse que era seguro. 

— Sábias palavras. Não é seguro para você agora, então vá embora por 

onde veio. 

Ele diminuiu o aperto, mas ainda a segurava com firmeza. 

— Meli. 

Maldito, por que aquela única palavra estúpida a tornava mole e 

pegajosa? Especialmente quando ele a dizia com tanta ternura? 

A hostilidade desapareceu dela como um borrão. Mordeu o lábio com 

força para não chorar como um bebê chorão. 

— Não tem nem ideia do que eu passei. 

— Shhh — ele a soltou e a virou suavemente para ele. — E na escuridão. 

Ele acariciou seus cabelos apartando-os do rosto com um movimento que 

foi tão malditamente doce, que ela se alegrou por ele não puder ver seus olhos. 

Ele salvou sua vida duas vezes e apesar dela não entender isso de forma alguma, 

suspeitava que ele estava certo: uma espécie de predestinação ou destino que 

não podia ver e não tinha certeza de acreditar os estava empurrando para unilos. 

A única pergunta era, por quê? 

— Já passou, meli. 

— Para você — sussurrou ela. Graças a Deus que tinha o anonimato da 

escuridão. — Mas aqueles monstros… Diga-me a verdade, Theron. Eles estão me 

procurando, não é mesmo? 

Quando ele recolocou os braços em torno dela e a puxou para ele, sem 

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responder, soube que tinha razão. Por algum motivo, os daemons estavam 

caçando-a. E suspeitava que tinha algo a ver com um pai a quem nunca 

conheceu e um mundo que era tão alheio para ela quanto à China. 

— O que aconteceu a lanterna que lhe dei? — perguntou. 

Casey sabia que ele estava mudando de assunto, mas estava muito 

cansada para dizer isso a ele deixou-se cair em seus braços quando ele a soltou, 

não porque ela quisesse mas sim porque era isso ou cair de traseiro. 

— Eu deixei cair em algum lugar. 

Ele arrastou suas grandes botas pelo chão de rocha. Segundos depois, um 

raio de luz atravessou a escuridão. Theron iluminou ao redor, verificando a 

caverna. 

Casey apontou para a área menor e baixou a voz. 

— Marissa está dormindo lá dentro. Dei minha jaqueta a ela. 

Theron apontou a luz naquela direção. 

— Isso é bom. Lá fora está escuro. Vamos deixá-la dormir até manhã, depois 

nos dirigiremos à colônia. — virou-se e pegou algo no chão atrás dele. Minnie. 

E a represa escolheu aquele momento transbordar. Matar três monstros 

decididos a mutilá-la não tinha sido heroico o suficiente para ele. OH, não. 

Theron, líder dos argonautas e descendente de Hércules, o maior herói que já 

existiu, teve que resgatar aquela boneca estúpida e trazê-la para uma garotinha 

que se sentia miserável sem ela. 

Casey estava sentada no chão, apoiando as costas contra a parede da 

caverna secando os olhos como uma idiota quando ele voltou após devolver o 

brinquedo a Marissa. Viu a preocupação em seu rosto e franziu o cenho, 

desejando ter deixado a maldita lanterna acesa antes para que a bateria se 

esgotasse. Não precisava ver sua preocupação. Já tinha a sensação de que 

estava perigosamente perto de cair por aquele cara sem ela. 

Um herói. Fabuloso. De todas as coisas estúpidas que ela tinha feito em sua 

vida, esta ganhava o prêmio. Esqueça o fato de que vinham de dois mundos 

completamente diferentes. Esqueça o fato de que estava doente e não parecia 

estar melhorando. Mesmo se estivessem na mesma terra, ela nunca seria 

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suficiente para ele. Tinha visto o desgosto em seu rosto todas as vezes que ele se 

lembrava que ela era uma humana. E agora que tinha visto o que tinha 

acontecido com seu pai, compreendeu o por que. 

— Não chore, meli — Ele se deixou cair ao seu lado e a puxou para seu colo. 

Ela pensou em recusar-se, então decidiu, que sentido tinha? Estou muito 

fraca para lutar contra ele e, de qualquer fora, há muitas possibilidades de 

terminar aqui. 

— Não posso suportar vê-la desse jeito. 

— Não estou chorando por você, estúpido idiota. — secou os olhos 

novamente e deu um murro no ombro dele com a pouca força que restava. — 

Estou cansada… 

Ele desligou a lanterna e a colocou no chão ao lado do quadril. No silêncio 

ela ouviu o ritmo forte de seu coração. 

— Você agiu bem lá fora — disse ele. — Salvou-me outra vez. É melhor não 

deixar que meus companheiros saibam ou vão me dá um chute na bunda e 

recrutar você para os argonautas. 

Ela deixou escapar um suspiro e relaxou contra ele. Deus, sentir seu corpo 

era bom. Quente. Correto. Mesmo encharcado de suor e outras coisas que não 

queria imaginar. 

— Odeio aquelas coisas. 

Ele passou a mão em seus cabelos, pressionando suavemente sua cabeça 

até que ela a apoiou em seu ombro. 

— Todos o fazemos. 

No silêncio se fez uma pergunta que rondava sua cabeça desde a briga em 

sua livraria. 

— Por que não usa armas? 

— Em combate? 

— Sim. 

— Nós tentamos tudo. Até agora, os daemons foram capazes de se desfazer 

das balas com pouco esforço. Uma faca para cortar a carne funciona melhor, 

faz mais estragos. De qualquer forma, Titus, um de meus argonautas, experimenta 

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novas armas constantemente em nossa luta. 

Interessante. 

— Quem é Atalanta? 

Sua mão parou em seus cabelos. 

— Como sabe sobre ela? 

— O daemon que nos encurralou a mencionou. Ele disse: “Atalanta está 

esperando você”. 

Seu silêncio a enervou e quando estava prestes a levantar a cabeça e 

perguntar a ele o que estava escondendo, ele disse: 

— Foi ela quem trocou sua alma com Hades pela imortalidade e o domínio 

sobre os daemons. Sentiu que foi rejeitada pelos argonautas porque era mulher. 

— Ela foi um dos cinquenta e cinco argonautas originais? 

— Segundo algumas versões, sim. 

— E foi? Rejeitada? 

— Provavelmente. Há três mil anos, as mulheres eram vistas de uma forma 

diferente. E uma mulher argonauta ainda não é tão forte quanto um homem, por 

isso os guardiões escolhidos de cada linha são geralmente varões. 

— Uma mulher pode ser presidente e pode servir no exército, mas ainda 

assim não pode lutar. Acho que o preconceito sexual cruza todas as barreiras 

culturais, não é? 

Ele riu entre dentes, e as vibrações sibilaram ao longo de suas terminações 

nervosas. 

— Acácia, acho que você tem uma ideia equivocada. As gynaíkes são as 

mães, as esposas, as filhas que fazem florescer nossa raça. Nenhum ándras em 

seu juízo perfeito permitiria que sua companheira servisse nas fileiras dos 

argonautas. E nenhum argonauta jamais deixaria sua alma gêmea perto da 

batalha. 

—Atalanta teve uma alma gêmea? 

Ele moveu seu grande corpo debaixo dela, aconchegando-a com mais 

força contra sua virilha. Embora não pudesse ter certeza, acreditou sentir o 

despertar de sua ereção pressionando seu quadril. Mas não podia ser isso, não é 

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mesmo? Ele devia estar esgotado e exausto da luta, e nem sequer estavam 

falando sobre qualquer coisa remotamente sugestiva. 

— Alguns dizem que ela teve. Seu pai queria que ela se casasse e ela se 

negou, por isso estabeleceu uma corrida a pé apesar de sua negativa. Qualquer 

pretendente que pudesse vencê-la em velocidade ganharia sua mão. 

Hippomenes foi o único a superá-la e finalmente se casaram. Mas muitos 

acreditam que ele não era sua alma gêmea. 

— Por que não? 

— Porque um argonauta só tem uma. Um castigo, como disse a você, 

tramado por Hera e Láquesis, uma das Moiras. Não é nenhum grande segredo 

que Hércules tinha um apetite sexual feroz. Seduziram homens e mulheres, deuses 

e mortais, sem se preocupar com as consequências. Quando Zeus concedeu 

Argolea aos descendentes de Hércules e dos outros argonautas, Hera se 

certificou de intervir em seus destinos. 

— Dando uma alma gêmea a eles? Isso parece mais uma bênção. 

— Dando a ele uma única alma gêmea, meli. E fazendo que fosse 

exatamente o oposto do que os argonautas queriam e precisavam. Para piorar 

as coisas, Hera se assegurou de que a única maneira que um argonauta pudesse 

reconhecer a sua alma gêmea estivesse conectada com sua humanidade, algo 

que não fomos exercitados para fazer. 

— Por quê? Não entendo. 

Ele deixou escapar um longo suspiro. 

— Porque fazer isso acordada emoções que tendem a ficar no caminho de 

nossos deveres. Nosso lado de deus… digamos, não está muito preocupado com 

o bem e o mal, ter consciência, ser generoso. Os doze deuses do Olimpo não são 

entidades que amamos. Não são nada mais que anjos caídos que se separaram 

do Criador para seus proveitos egoístas. As emoções verdadeiras, como amor, 

ódio, sacrifício, os deuses não entendem, porque não as sentem. Não em sua 

forma mais pura, pelo menos. Reprima-as e eliminará esse lado de nossa herança 

que nos deixa vulneráveis e fracos. Muito poucos argonautas são capazes de 

abrir-se para sua humanidade e continuar servindo como guardiães. Portanto, a 

209

Tiamat World 



maioria nunca encontra sua alma gêmea. 

As sobrancelhas de Casey se uniram, enquanto pensava no que ele tinha 

dito. Ela era humana, e definitivamente algo que ele desprezava. Poderia o 

destino tê-lo unido a uma alma gêmea humana só para sacaneá-lo? 

A questão enviou um alarme ao seu cérebro. Realmente estava se 

perguntando aquilo? Sacudiu a cabeça e reformulou a conversa. 

— Mas Atalanta teve uma? E não foi Hippomenes? 

— Não. A maioria acredita que sua alma gêmea era Meleager, um príncipe 

grego e guerreiro feroz que matou várias vezes para ganhar sua atenção. Por 

razões que ninguém compreende muito bem, ela recusou seu amor até que foi 

muito tarde e ele foi assassinado. Depois, ela ficou como envolta em névoa 

durante anos, uma grande guerreira por si mesma, mas sem coração. Finalmente, 

seu pai a persuadiu com artifícios que se casasse com Hippomenes, mas ela não 

o amava, e ele também foi assassinado tempo depois. Alguns dizem que seu 

desespero por ter perdido os dois homens aprofundou a cólera por ter sido 

rejeitada pelos argonautas. E isso a estimulou a para fazer seu pacto com Hades. 

— O que acontece a um argonauta que não encontra sua companheira de 

alma? 

— Existe como sempre fizeram. Vivendo, uma máquina de matar que 

respira, nascida para a honra e o dever. 

Sua definição de si mesmo era tão prática que um calafrio percorreu suas 

costas. No entanto, explicava muito a respeito de quem era e como funcionava. 

Ela pensou na cena com seu pai. 

— E as crianças? 


— É possível, inclusive estimulado, que um argonauta tenha filhos fora do 

casamento. Afinal, “crescei e multiplicai” foi, e continua sendo, o lema dos 

deuses, e foda-se qualquer um que se interponha em seu caminho. Essa 

mentalidade foi transmitida para nós multiplicada por dez. Mas isso é tudo o que 

é. Sexo por diversão e procriação… se for o momento adequado para a 

gynaíka. Um argonauta não vinculado nunca se envolve emocionalmente com 

210

Tiamat World 



seus filhos. Não tem vínculos autênticos com eles. 

O tipo de homem que ele descrevia parecia tão diferente do que ela tinha 

vindo a conhecer. Tinha vislumbrado momentos ternos, inclusive em sua casa 

antes que ela soubesse o que era. Certamente um argonauta que a tinha 

chamado de sua “amada” desde o primeiro momento não podia ser tão cruel 

quanto tudo aquilo. 

E então lhe ocorreu uma ideia. Uma que contraiu seu estômago e enviou 

uma onda de inquietação através de seu corpo. 

— Tem filhos? 

— Não. 

— Mas você disse… 

— Meu pai foi um dos sortudos, meli. Um argonauta que encontrou sua outra 

metade. Cresci em um lar amoroso, ao contrário de meus companheiros. 

Quando tiver filhos será com a gynaíka que é minha alma gêmea, com ninguém 

mais. 

Ela deu um suspiro de alívio, embora não pudesse dizer porque tinha 

gostado de sua resposta. Por razões que não queria analisar, não podia suportar 

a ideia dele com ninguém mais. Pelo menos não agora, quando estava sentada 

precariamente sobre seu colo e as mãos dele estavam subindo e descendo por 

suas costas daquela maneira lânguida que lhe dava vontade de amá-lo com 

veemência. 

E foi então que se lembrou do que ele havia dito durante a caminhada. 

Agradecida de que não pudesse ver seu rubor, disse: 

— Então, hum, a respeito disso. Disse que havia uma maneira de saber se 

alguém era sua alma gêmea. Suspeito que isso significa que você tem muita 

prática na busca de sua alma gêmea. 

Ele se mexeu novamente debaixo dela, e OH, sim. Daquela vez não havia 

dúvida de sua excitação pressionando seu quadril. Sua pele formigou pelo 

contato, e recordou a forma erótica que ele a tocou naquela noite em sua casa. 

Se ela se virasse um pouquinho e jogasse a perna por cima de seu quadril, 

poderia sentar-se em cima de todo aquele aço duro, exatamente onde, de 

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Tiamat World 



repente, necessitava-o. 

— Nunca tive nenhum motivo para indagar — disse ele em voz baixa. — até 

agora. 

O coração de Casey chutou, e com o silêncio sabia que ele tinha que tê-lo 

escutado também. 

— Por que não? — perguntou, embora soubesse que este era um caminho 

perigoso para viajar. 

— Porque não a tinha conhecido. E não me atrevia a pensar em procurar no 

mundo humano a minha outra metade. 

OH, rapaz. Ele tinha dito o que ela acreditava que ele tinha dito? Certo, 

ignorando a parte incerta de ser sua — ela engoliu em seco — alma gêmea, era 

possível que ele nunca tivesse ficado com uma humana? 

Seu sangue se esquentou com o pensamento. Casey não era estúpida. O 

homem tinha mais de duzentos anos de idade e o primitivo calor sexual que 

exsudava, sem dúvida, faria que até mesmo a mulher mais forte se jogasse aos 

seus pés e arrancasse toda a roupa com um movimento de seu dedo. E a julgar 

pela memória irregular de Casey, ela tinha feito exatamente isso. O que 

significava que ele tinha muito mais experiência no “sexo por diversão” do que 

tinha mencionado antes. Mas a ideia que ele tinha praticado apenas com as 

mulheres de sua raça e não com humanas? OH, sim. Isso a eletrificou. Arrebatoua. 

Deixou-a ardente e selvagem. 

Porque então isso era tão novo para ele quanto era para ela. 

Uma dor lenta pulsou profundamente em seu âmago, deslizou mais para 

baixo até que ela teve que apertar as coxas para evitar gemer. 

E como seria ele como amante? Duro, ardente e exigente, tinha certeza. Ela 

estava forte o suficiente para tomá-lo? Ele se importaria com ela depois que a 

tivesse conseguido? 

Imagens sensuais iluminaram seu cérebro. Sua boca sobre a dela, sua pele 

grudada a dela. Seu corpo inclinado sobre ela no sofá, como fizera antes, para 

entrar dentro dela. 

A mão que ele estava utilizando para acariciar suas costas deslizou por seu 

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Tiamat World 



braço para descansar na coxa. Um calafrio percorreu sua pele, e a única coisa 

em que pôde pensar foi no quanto era bom sentir novamente as mãos dele sobre 

a pele nua. 

— Posso ouvir seu coração — sussurrou no silêncio entre eles. 

OH, sim, realmente? Casey mordeu o lábio enquanto ele traçava com os 

dedos um preguiçoso padrão na coxa. 

— Você se sente bem? 

Não, não se sentia bem de forma alguma. Estava exausta e fraca. Para 

agravar sua doença havia o fato de não ter comido há quase dois dias. Sentia-se 

como se pudesse dormir durante um mês e ainda não ficar em dia, mas no 

momento nada disso importava. Porque toda sua energia se concentrou no que 

ele estava fazendo em seu corpo apenas com o toque de seus dedos talentosos. 

— Acácia? 

O hálito quente dele abanou seu rosto, lhe dizendo que ele estava mais 

perto do que ela pensava. Um leve movimento e ela poderia reclamar aquela 

boca forte como dela. Seus dedos avançaram lentamente subindo pela coxa 

até que roçou a união com o quadril. Ela prendeu a respiração e esperou. 

— Tem medo de mim? — perguntou ele. 

Um milímetro. Tudo o que tinha que fazer era se inclinar para frente um 

milímetro e poderia beijá-lo. 

— O que você está dizendo? — sussurrou ela. 

— O que estou dizendo o quê? 

— Meu coração. 

Ele soltou um longo suspiro que caiu em cima de sua face enquanto seus 

dedos dançavam subindo por sua caixa torácica. E então sua mão pairou sobre 

o lado esquerdo do seio, justo em cima do coração. 

— Espero que o mesmo que o meu. 

Ela engoliu em seco. Com força. E soube que não havia volta atrás. 

— Você o tem? Quero dizer, tem um coração, Theron? 

— Achava que não — disse com aquela voz rouca. — Mas já não tenho 

tanta certeza. — Hesitou, mal roçando sua boca, e moveu a mão para acariciar 

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Tiamat World 



o braço dela. — Beije-me, meli. Beije-me como fez… 

Ela não o deixou terminar. Pressionou sua boca até ficar tonta. Por reflexo, as 

mãos subiram por seu peito, chegando ao redor do pescoço para afastar seus 

cabelos sedosos do rosto. Seus músculos se retesaram e os braços se 

entrelaçaram ao redor dela enquanto a apertava com força contra ele. 

Ele deixou escapar um gemido. Mudou o ângulo do beijo, passou a língua 

ao longo da linha de separação entre seus lábios e insistiu para que ela o 

deixasse entrar. Ela se perguntou, por um momento, se estava cometendo um 

erro monumental. Então gemeu quando ele a mudou de posição para um 

melhor contato com os quadris e finalmente consentiu, abrindo-se por instinto 

para ele e tomando-o profundamente. Ela deixou de lado as mil razões que eram 

ruins e se concentrou no quanto se sentia bem agora. No quanto era bom sentilo. 

Não só na pele e no corpo. Mas na alma. Aquela conexão que sentiu com 

ele desde o primeiro momento eclodiu novamente quando levantou a cabeça e 

passou a língua pela dele. O grunhido de satisfação ressoando em seu peito só 

alimentou a necessidade, e ela deslizou os dedos para curvá-los sobre seu rosto 

enquanto o beijava profundamente e se deleitava com a forma de seu corpo 

rígido debaixo dela e sua luxúria que crescia exponencialmente com a dela. 

— Meli — sussurrou ele contra sua boca. — Sonhava tocando você assim 

outra vez. 

Ele fazia isso? OH, Deus. Perdia rapidamente o controle e nem sequer se 

importava. Sua boca traçou o caminho para a orelha, onde seu hálito quente e 

lascivo contra o pescoço provocou tremores no corpo inteiro e contrações no 

sexo. Com as mãos ainda em ambos os lados de seu rosto, ela se deleitou com as 

sensações e inclinou a cabeça, dando-lhe tanto acesso ao pescoço quanto ele 

queria, amando cada lambida, chupada e beijo que pressionava contra ela. 

O tempo foi esquecido. As circunstâncias que os havia trazido até ali se 

transformaram em algo corriqueiro. Tudo em que ela podia se concentrar era em 

se despojar da roupa que separava seus corpos e deslizar sobre a pele nua dele, 

até que a preenchesse com seu calor. 

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Tiamat World 



Seus dedos corriam pela borda da camisa enquanto beijava seu pescoço, 

de cima a baixo até que ele roçou a pele nua do abdômen e o seu estômago se 

contraiu. Ela virou a cabeça, capturando a boca novamente na sua, e gemeu 

longa e profundamente quando os dedos dele roçaram seus mamilos cobertos 

com seda. 

Ela se mexeu em seu colo, deslizando a perna por cima dele até que 

montou escarranchada nele. Uma de suas mãos continuava acariciando-a nos 

seios enquanto que a outra deslizou para os quadris e puxou-a para baixo de 

modo que ficasse sentada sobre sua ereção e ele se esfregasse exatamente 

onde ela mais queria. 

— Meli — A voz se tornou frenética, sua boca possessiva contra a sua. Antes 

que ela sentisse suas mãos moverem-se, ele abriu o jeans e seus dedos deslizaram 

para dentro, descendo até os cachos úmidos. — Preciso sentir quando você 

gozar. 

Ela envolveu os braços ao redor de seu pescoço, gemendo ante suas 

palavras eróticas. Fechando os olhos, levantou-se apenas o suficiente para lhe 

dar acesso. Seu dedo deslizou mais para baixo enquanto sua boca voltava para 

o pescoço, lambendo e chupando, e então tudo pegou fogo. Ela tremeu 

violentamente ao primeiro toque. Conforme seus dedos deslizavam nas dobras e 

a eletricidade percorreu seu centro até cada célula do corpo. 

Ele riu contra a base de seu pescoço, desacelerando seus golpes embora 

continuasse acariciando-a e atormentando-a com o toque mais doce. 

— Deus como me satisfaz. 

O peito subia e descia enquanto ela respirava com dificuldade. Devia estar 

envergonhada. Nunca tinha chegado assim ao clímax, tão rápido e com tão 

pouca estimulação. Mas aquele homem, argonauta ou o que fosse, tinha um 

estranho controle sobre ela. 

— Não pareça tão orgulhoso de si mesmo. 

Ele riu novamente e o som rouco a aqueceu de dentro para fora. Como a 

curva de seus lábios enquanto beijava seu pescoço e a orelha movendo-se em 

círculos para tomar novamente a boca. 

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Tiamat World 



Sua mão ficou na calça, afrouxando-a em torno do traseiro, aproximando-a 

até que sua excitação foi empurrada contra o jeans. Ele aprofundou o beijo, e no 

silêncio entre eles, ela ouviu seu coração forte e constante batendo no mesmo 

ritmo que o seu. 

Sim, ele tinha um. Se ele só tivesse interessado em conseguir o que queria, 

não teria se incomodado tanto em lhe dar prazer. Até mesmo agora, depois de 

ela ter tido sua liberação, quando estava relaxada e saciada, ele facilmente 

poderia virá-la de costas e conduzir-se para dentro dela sem sequer um protesto 

de seus lábios, e ele sabia. Mas não fez isso. Em vez disso, continuou beijando-a 

devagar e suavemente, como se quisesse tirar o máximo de proveito do 

momento. Como se ele se importasse com ela. 

Ela pegou o botão de sua calça, sabendo então que o tomaria dentro dela 

tão profundamente quanto ele queria. Não porque precisava saber se era sua 

alma gêmea, mas simplesmente porque ela o queria. Porque sempre o quis. 

— Sim, meli — ronronou ele. —Toque-me. Quero sentir suas mãos em mim. Da 

forma que você desejar. 

Seu pulso se acelerou. Sua garganta se fechou com o desejo. Ela estava 

prestes a mergulhar abaixo de sua cintura e tomar o assunto em suas próprias 

mãos, quando ouviu uma voz pequena atrás dela perguntando: 

— Casey? Onde está? 

Casey congelou. Então, o sentido comum bateu contra ela, e como uma 

adolescente culpada, afastou-se do colo de Theron e arrumou a roupa. Seu rosto 

queimou pelo que esteve prestes a fazer e da facilidade com que se esqueceu 

de que não estavam sozinhos. Graças a Deus pela escuridão. 

Ruborizada, Casey ficou de pé e cambaleou, todo o sangue fugindo da 

cabeça pelo movimento súbito. Theron tomou-a nos braços por trás e a 

estabilizou. O homem se movia como uma sombra silenciosa. Nem sequer o tinha 

ouvido levantar-se. 

— Casey — perguntou Marissa novamente, desta vez com voz assustada. 

— Estou aqui, carinho. — Estendendo uma mão, Casey atravessou a sala 

para a voz de Marissa e finalmente encontrou a menina. Puxou a criança para 

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Tiamat World 



seu corpo em um abraço. — Está bem. Está tudo bem. 

Marissa empurrou Minnie contra o peito de Casey. 

— Olhe! Minnie nos encontrou. 

Casey se agachou diante da garota. 

— Eu sei. Theron a trouxe para você. 

— Theron está aqui? 

Do outro lado do recinto, a lanterna se acendeu. A luz brilhante queimou as 

retinas de Casey durante um minuto, mas quando a visão se ajustou, ela viu 

Theron de pé na parede do fundo, parecendo um herói misterioso e sexy pelo 

qual ela quase tinha desatado o inferno momentos antes. 

Ruborizou novamente e rapidamente voltou a olhar para Marissa. A menina 

tinha um sorriso sábio em seu rosto enquanto percorria os dois com os olhos. A 

pequena não podia saber o que tinha acontecido pouco tempo antes, ou sim? 

— Disse a você que ele retornaria por você — disse Marissa, dando uma 

batidinha no ombro de Casey. — A velha dama com o fio me disse isso. 


— A que você viu antes? 

Marissa assentiu com a cabeça. 

A menina estava falando de Láquesis? “A Destino” que atribuía o fio da 

vida? Caso Casey acreditasse naqueles mitos gregos e se Marissa realmente 

pudesse ver o futuro, talvez soubesse a resposta a ardente pergunta de Theron. 

Talvez pudesse lhes dizer agora mesmo, se realmente estavam destinados a 

ficarem juntos… 

Casey tomou a mão de Marissa na sua. 

— Marissa. Doçura. Que mais a dama com o fio disse a você? 

Marissa pôs os nublados olhos cinza em Casey. 

— A respeito de você? 

Casey negou com a cabeça. 

— Não. A respeito de nós. Theron e eu. 

O olhar de Marissa perfurou Casey, e só quando Casey estava prestes a 

agitar a mão diante do rosto da menina para quebrar o transe em que pareciam 

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Tiamat World 



ter caído, as pupilas de Marissa se expandiram até que não restou nenhuma íris 

deixando apenas um enorme buraco negro em um mar de branco. 

— Disse-me que você verá o Tártaro. E Theron é a razão pela qual você vai. 

CAPÍTULO 20 

Isadora ouviu o barulho contra sua janela. 

Era cerca de meia-noite. Sua última sentinela, Gryphon, esteve fazendo a 

guarda e falando ofensivamente com qualquer um que se aventurasse a passar. 

A última vez que Isadora tinha dado uma olhada, ele estava flertando de 

maneira má com a ajudante de cozinha, uma jovenzinha de não mais de trinta 

anos, que tinha levado o jantar de Isadora. 

Isadora tinha ouvido risadas de outro lado de sua suíte. E, é claro, havia 

olhado às escondidas. Pensou no modo que o Argonauta gigante e loiro tinha 

emaranhado os cabelos vermelhos da gynaíka em seu dedo e a tinha olhado nos 

olhos com aquele brilho travesso. E o modo que a garota parecia ter sido 

hipnotizada por ele antes mesmo, que ele abrisse sua boca esplêndida para 

sussurrar em seu ouvido. 

Havia algo que estava asquerosamente errado em seu mundo. Os machos 

mais fortes e viris eram os Argonautas. Também eram os mais atraentes e mais 

perigosos, de mais de uma maneira. OH, e tinha ouvido rumores a respeito de 

seus apetites sexuais e a forma como as gynaíkas supostamente se jogavam aos 

seus pés, mas nunca teve a chance de comprovar nada disso de primeira mão. 

Agora? Pelos deuses. O calor sexual que aqueles dois exalavam podia ser 

sentido de dentro do quarto de Isadora, mesmo com a porta fechada. 

Era assim que Theron reagia às outras gynaíkas? Era isso o que ela podia 

esperar quando estivessem casados? Ele flertando e fazendo planos com outras 

fêmeas? Sabia que não havia nenhuma chance de que ela pudesse satisfazer ao 

guardião de jeito nenhum. Na verdade, e se ele estivesse lá fora com outra 

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Tiamat World 



gynaíka agora? 

Surpreendentemente, o pensamento não incomodou Isadora. Em todo 

caso, deu-lhe esperança. Porque se houvesse alguém lá fora para ele, talvez 

ainda houvesse uma chance dele não querer se casar com ela depois de tudo. 

Franzindo o cenho, olhou para a porta. E pensou novamente no modo em 

que Gryphon havia tocado aquela garota lá fora. Tinha visto aquele olhar sensual 

no rosto de um homem antes. Quando esteve naquele clube de strip-tease 

humano procurando sua irmã. 

Sua pele formigou quando se lembrou dos clientes do estabelecimento 

sórdido. Que tipo de homens ia ali? Havia muitos valentões, alguns caras de 

classe alta, e um montão de homens jovens, garotos de faculdade?, Que 

obviamente tinham saído para se divertirem. Mas o único homem para quem seu 

cérebro continuava retornando, que a impressionou mais que qualquer outro, foi 

o gigantesco loiro das cicatrizes, com quem Acácia tinha falado brevemente 

naquela noite. 

Quem era ele? Como se conheciam? E por que parecia olhar para Acácia 

com tanta atenção? 

O tamborilar em sua janela de novo, trouxe sua mente para a realidade. 

Olhou através do vidro escuro, sem ver nada, e depois quase sai de sua própria 

pele quando algo bateu com força no vidro. 

Levantando-se lentamente da cadeira, esfregou as mãos nas coxas e 

avançou para a escuridão. Seu reflexo devolveu lhe o olhar, magra e pálida. 

Ignorou a imagem e olhou mais à frente. Para as luzes cintilantes da cidade 

abaixo, brilhando à distância. Entrecerrando os olhos, não viu nada fora do 

normal. 

— O vermelho fica bem em você, ISA. 

Isadora se virou tão rápido que quase perdeu o equilíbrio. 

Orfeu riu do meio da sala. 

— Não me diga que não estava me esperando. 

Isadora pressionou uma mão contra o estômago. 

— Você me surpreendeu, isso é tudo. Sabe que odeio quando aparece 

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Tiamat World 



assim do nada. 

Orfeu deu de ombros, seus cabelos castanhos claro caindo sobre os olhos 

no processo. 

— Alguns ándres podem levantar edifícios altos. Eu simplesmente os 

atravesso. Há poderes piores para se ter. 

Sim, Ela podia pensar em algo pior. Como não ter nenhum poder nunca 

mais. 

Afastou aquele adorável pensamento enquanto varria Orfeu com os olhos. 

Tinha a constituição física como um dos Argonautas, tão alto que ela tinha que 

jogar a cabeça para trás para olhá-lo. Ombros largos, quadris estreitos, músculos 

volumosos. Já que descendia da linha de Perseu, podia ter servido com os 

guardiões, mas tinha sido preterido em favor de seu irmão mais novo e forte, 

Grifón. 

E não era exatamente conveniente que Grifón estivesse de pé do lado de 

fora de seu quarto naquele momento? Foi bom que Orfeu tivesse aparecido de 

repente afinal. A última coisa que Isadora precisava era um mano a mano no 

meio de sua sala de estar. 

Seus cabelos cor de areia eram mais longos na testa, caindo sobre seus 

olhos, e mais curtos atrás; vestia uma camiseta preta, jeans preto de cintura 

baixa, botas militares com rebites metálicos e um longo casaco de couro preto. 

Ela, como todos os Argolean (e talvez mais que os outros Argoleans), era 

fascinada pelos estilos humanos e dava umas olhadas através do portal só para 

ver o que eles faziam e o que vestiam. Mas ao contrário dos outros Argoleans, 

Orfeu criou o hábito de saltar de um lado para o outro, de mundo em mundo, 

sem que ninguém o visse só para satisfazer seus prazeres pervertidos, e não se 

importava com o que ninguém pensasse dele. O que era óbvio pela sua forma 

de falar e vestir. E pela maneira que se comportava, como se estivesse preparado 

para bater em qualquer um que o olhasse de esguelha. Se não fosse com 

cuidado, acabaria bem morto por ser assim. 

Orfeu inclinou a cabeça para um lado. 

— Não está com bom aspecto, ISA. Não me diga que está suspirando por 

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Tiamat World 



seu Argonauta. Estão dizendo na rua que ele a abandonou. 

Isadora o fulminou com os olhos. 

—Isso não é de sua conta, mas Theron está cuidando de um assunto dos 

Argonautas antes de nossa... Cerimônia de união. 

O fantasma de um sorriso curvou a boca de Orfeu, e Isadora se amaldiçoou 

pelo balbucio que tinha demonstrado a ele, o quanto ela estava assustada por 

tudo sobre o matrimônio. Mostrar fraqueza ante Orfeu era uma má ideia. 

— Parece emocionante. Tanto o assunto, nesse momento tão importante, 

quanto à cerimônia de união pela qual não está se incomodando de prepararse. 

Desculpe-me se não a ajudar. Acho que se o noivo não a considera uma 

prioridade, por que eu deveria considerar? — Ele se sentou em uma cadeira 

branca acolchoada no outro extremo do quarto, enquanto Isadora cerrava os 

dentes. —Quero dizer, vamos ser sinceros, ISA. Se o cara mau e grande estivesse 

aqui, agora, ocupando-se dos assuntos da família, eu não estaria, não é mesmo? 

—Você é um canalha. 

O sorriso de Orfeu aumentou. Levantou os pés para colocá-los sobre a 

mesinha de vidro. 

— Ah, ISA. Você feriu meus sentimentos. Realmente o fez. Aqui estou eu, me 

desvelando para ajudá-la, outra vez, e o que faz? Insulta-me — estalou a língua e 

negou com a cabeça. — Quebrou meu coração, realmente o fez. 

Orfeu não estava ali simplesmente porque estava preocupado que 

desvendasse seu segredo, mas sim porque sabia que ela estava desesperada o 

suficiente para chamá-lo. E isso o colocava no comando. Recusando-se a 

mostrar a ele um pingo de fraqueza, ela levantou o queixo. 

— Quanto me vai custar? 

— Depende — arqueou uma sobrancelha com maldade. — O que está me 

pedindo exatamente? 

Pensou por um minuto. Depois disse: 

— Perséfone. 

Suas gargalhadas eram como se alguém estivesse passando as unhas em 

uma lousa. 

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Tiamat World 



— Espere, deixe-me verificar — levantou um dedo, olhou ao redor como se 

estivesse escutando algo e depois negou com a cabeça. — Sim. Não. Não 

concederá a você nem cinco minutos. 

— Ela concederá isso a você? —disse ela com calma, ignorando seu 

sarcasmo. — Se perguntar. 

Sua expressão disse que isso não era uma garantia. 

— Mesmo que quisesse, o filho da puta de seu marido não me permitiria isso. 

— Ele não tem por que saber. 

Os olhos de Orfeu se entrecerraram. 

— E como planeja fazer que Hades se inteire? Seus Argonautas a ensinaram 

o truque mental dos Jedi 39 ? 

Ela ignorou o comentário, porque não estava completamente certa do que 

significava. Não precisaria de truques mentais se tivesse a capa da invisibilidade 

de Orfeu. Ele a utilizava para esgueirar-se para as camas das mulheres humanas a 

quem assaltava, e a tinha emprestado antes para que ela cruzasse o portal sem 

vigilância quando estava procurando acácia. A capa era tão poderosa que 

funcionava tanto com humanos quanto com deuses. 

— OH, não — disse Orfeu, lendo sua expressão. —Nem em toda sua vida. 

— Talvez não reste muita vida. E é o único que pode me ajudar, Orfeu. 

Seus olhos verdes brilharam, daquela forma daemon tão dele, e depois 

voltaram ao seu tom normal de cinza. Por um momento, o medo a percorreu, 

mas o conteve. Era a única que conhecia sua verdadeira linhagem; ela e seu pai, 

um antigo Argonauta que estava, convenientemente, morto. Nem sequer Grifón 

sabia que seu irmão era meio daemon. O único motivo de Isadora ter descoberto 

a verdade foi porque o seguiu em segredo para os bosques uma noite, onde ele 

frequentemente ia sozinho por razões que ela não entendia, com a esperança de 

convencê-lo a ajudá-la, e viu no que ele podia se transformar. 

Tremeu por dentro só de pensar. Podia ter fugido. Podia ter voltado para o 

Tiryrns e o delatado. Mas uma visão a freou. Foi à última visão do futuro que teve 

39 Os Jedi (se pronuncia jedai) são personagens de Star Wars, que pertencem a uma ordem de guardiões que dominam 

o lado "luminoso" da força em contraposição aos sith no universo fictício de Star Wars. 

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antes que seus poderes se secassem. E nela Orfeu, em sua forma daemon, a 

salvava. 

Olhou para as janelas escuras. 

— Não devo merda nenhuma a você. 

Ela sabia que ele estava mentindo. Ele sabia que ela tinha seu destino nas 

mãos. Uma palavra sua e ele seria executado. Se os Argoleans discriminavam os 

humanos, não era nada comparado ao que faziam com os daemons que viviam 

entre eles. 

O silêncio se prolongou entre eles. Ela quase esperava que Orfeu 

desaparecesse da suíte ao seu estilo. E então, ele disse: 

— Diga-me por que. 

— É pessoal. 

— É uma merda. Se você está me pedindo para dá uma mão e levá-la até 

Perséfone, então será melhor que pare com essa merda de pessoal. 

Isadora mordeu os lábios indecisa. No fim, sabia que não tinha escolha. 

Antes de perder a coragem, alcançou a barra de sua saia e a levantou 

lentamente para que ele pudesse ver a marca no interior de sua coxa direita. O 

símbolo do Omega alado. Que ela nunca tinha entendido até recentemente. 

Os olhos de Orfeu se arregalaram e ele blasfemou em sua língua nativa. 

Sim. Obviamente ele sabia o que a marca significava. Mas claro, sendo 

metade daemon, é claro que saberia. 

Ela deixou a saia cair a sua posição. O olhar pretensioso dele tinha sido 

substituído por um de — sagrada skata — que ela sabia, jamais esqueceria. 

— Preciso ver Perséfone porque ela é a única que pode influenciar Hades 

para alterar o pacto. 

Seus olhos cinza chocados se elevaram de onde ele os tinha cravado em 

sua saia para olhá-la no rosto. Se havia outra pessoa em toda Argolea que não 

queria ver a profecia cumprida, esse era Orfeu. 

— E se ela não fizer isso? 

— Então você e eu provavelmente estaremos mortos — ela entrecerrou os 

olhos. —Agora me diga, vai me ajudar ou não? 

223

Tiamat World 



Eles partiram ao amanhecer, quando a primeira luz da manhã banhava o 

horizonte. Theron deixou Acácia liderar a marcha, enquanto ele se encarregava 

da retaguarda e mantinha-se de olho para o caso dos rebeldes daemons 

estarem escondidos, os esperando. 

Até o momento tudo bem. Sabia que nenhum dos três, do dia anterior, tinha 

sido capaz de enviar um sinal para Atalanta sobre sua posição. Em algum ponto 

se perderam mas, com um pouco de sorte, quando percebessem no Tártaro que 

eles tinham ido embora, Theron teria Marissa e Acácia longe do vale e fora de 

perigo. 

Deuses, mas não podia tirar as palavras da pequena de sua cabeça. Cada 

vez que olhava para Acácia via a surpresa em seus olhos por causa da 

premonição de Marissa. Ele entendeu que Acácia não acreditasse. Não poderia 

ser de outra forma. 

Uma pesada carga pressionou seu peito, tornando difícil respirar. Apesar de 

saber o que se esperava dele, e mesmo tendo aceitado o que teria que fazer por 

sua raça, nunca teve dúvidas em sua mente sobre o destino de Acácia. Os 

Campos Elíseos, sim. Talvez até mesmo as Ilhas dos Bem-aventurados. Mas 

nenhuma só vez considerou o fato de que ela pudesse ser condenada ao Tártaro. 

E por que não o tinha feito? Fazia muito sentido que um pacto feito por 

Hades, não acabasse bem para o perdedor. 

— Acredito que estamos nos aproximando — disse Acácia, da frente. 

Distraído em seus pensamentos, ele olhou para ver o suave balanço de seus 

quadris ao caminhar. Eles estavam fazendo um bom tempo, mesmo rebocando 

Marissa, mas os passos de Acácia haviam desacelerado há uma milha ou duas. 

Sabia que ela estava fraca e que sua fraqueza aumentava a cada minuto. Assim 

como sabia que não havia nada que ele pudesse fazer por ela. 

Um nó se formou em sua garganta ao pensar nisso, com o peso de seu peito 

multiplicando-se. Marissa estava sentada escarranchada em seus ombros, com as 

mãos e a face pressionadas contra o topo de sua cabeça, onde esteve 

dormindo na última hora. O trabalho de manter a menina equilibrada foi o único 

224

Tiamat World 



que o distraiu de pensar muito em Acácia. E no que estava fazendo com ela. 

Nunca deveria ter tocado nela. Em sua casa, em seu quarto na colônia, na 

última noite naquela caverna escura e úmida. Só de lembrar de como sentiu seu 

corpo, tão suave, úmido e generoso, levantou seu ânimo e o fez pensar em como 

seria se afundar nela e esquecer do resto do mundo. Nunca antes tinha 

conhecido uma gynaíka, ou uma mulher, que o fizesse esquecer de suas 

obrigações. 

Por que tinha que ser ela? 

— Ouviu isso? 

Acácia parou de avançar. Theron quase correu até ela antes de perceber 

que ela estava tentando escutar algo ao longe. Levantou uma mão atrás dela 

para detê-lo. Apenas o leve toque de seus dedos contra seu peito, mandou 

descargas elétricas por suas terminações nervosas. 

Obrigou sua mente a afastar-se do que aqueles dedos podiam fazer e 

respirou fundo. Sentiu o cheiro de madeira fresca e fogo, e o inconfundível cheiro 

de carne queimada. 

Os alarmes soaram em sua cabeça mesmo quando Acácia se virou com um 

olhar interrogativo para ele, e percebeu que ela tinha sentido o cheiro também. 

— O que é isso? 

Tinha a sensação de saber. E, skata, não queria dizer isso a ela. 

A preocupação aumentou por seus gestos, quando ela leu sua expressão. 

Depois se virou e se apressou a descer pelo caminho. 

— Acácia! 

De acima, Marissa se endireitou de repente. Ela se reacomodou sobre seus 

ombros. 

— O que está acontecendo? 

— Nada, pequena. Já estamos quase chegamos. 

Theron cerrou os dentes e correu atrás de Acácia tentando não soltar 

Marissa. 

Alcançaram a clareira, e as árvores se abriram para uma área livre de 

arbustos e ervas daninha. Alguém tinha delineado um círculo com rochas, e no 

225

Tiamat World 



centro havia uma pedra grande e enegrecida, de um metro de altura e tão larga 

quanto um homem, plana no alto como se tivesse sido esculpida para servir de 

mesa. Em torno da base, pilhas de madeira alimentavam as chamas que 

banhavam e lambiam a mesa de pedra e o corpo que jazia no alto, queimando 

ao amanhecer. 

Nick permaneceu de costas para eles, com algo preso em seu punho. No 

outro extremo da mesa, um pequeno grupo de pessoas se apertava uns junto dos 

outros, chorando enquanto via o corpo queimar. 

Diabos. Dizia-se que queimar a carne libertava a alma para a vida futura, 

mas só funcionava se o coração continuasse no corpo. 

Se é que havia coração. 

— OH, Deus meu — sussurrou Acácia, ao seu lado. 

Theron colocou Marissa no chão, e uma mulher correu na direção deles. 

Reconheceu-a do dia que chegaram à colônia. 

—Marissa! — gritou a mulher. 

A menina foi puxada para os braços de sua mãe. A mulher murmurou 

palavras incoerentes de consolo enquanto as lágrimas rolavam por seu rosto e ela 

se aferrava com força a pequena. Articulou um obrigado para Acácia e Theron 

antes de voltar para o grupo de rezadeiras. 

Nick se virou lentamente para olhar em sua direção, e Theron viu o que o 

homem segurava. Uma jaqueta. De um vermelho brilhante. De couro, com 

brilhantes ilhoses de prata ao longo das mangas. 

Acácia a viu também. Levou a mão a boca enquanto o sangue fugia de 

sua face. 

— Dana. OH, deus, Dana. Não. 

Balançou-se sobre os pés. Theron a segurou antes que caísse. E amaldiçoou 

a si mesmo e a aqueles daemons sanguinários. Olhou para Nick procurando 

ajuda, sem entender a ligação de Acácia com a mulher, embora soubesse 

intuitivamente que elas tinham sido amigas. 

Nick negou com a cabeça, e apesar de haver desejo de morte em seus 

olhos para os que tinham feito aquilo, havia também um sincero pesar. Ele virou- 

226

Tiamat World 



se para o fogo. 

— Meli — disse Theron com suavidade, pondo seu corpo entre ela e o fogo. 

— Não olhe. 

— Não. 

Ela se segurou com força em seus antebraços. As lágrimas correram como 

rio por seu rosto. A angústia que viu em seus olhos, quase o despedaçou. 

— Não pode ser Dana. Não pode ser. Ela estava falando de sair da cidade. 

Estava na loja. Comigo. Antes que você aparecesse. Antes que essas coisas... — 

fechou os olhos com força e apertou os punhos em sua camisa. — Não acredito 

que a encontraram — abriu os olhos de repente— , por minha culpa, não é 

mesmo? Theron. Você acha que...? 

Ele a puxou ainda mais perto contra seu peito, interrompendo sua pergunta. 

Ela lutou, mas ele a segurou com força. Como podia dizer a ela que foi 

exatamente isso que tinha acontecido? Seu olfato era forte e, mesmo entre as 

chamas, ele não tinha detectado o cheiro de seu coração. O que significava 

que os daemons o havia arrancando da Misos antes de matá-la como 

pagamento para Hades, seguindo seu patrão. De maneira nenhuma diria a 

Acácia nada daquilo. Ou onde suspeitava que podia estar à alma de sua amiga 

agora. 

Com a voz carregada de emoções que não havia sentido antes, e todas 

provocadas pela mulher em seus braços, disse: 

— Vamos. Não há nada que possamos fazer aqui. 

A angústia dela era evidente, mas ela se virou e caminhou com ele para as 

árvores. 

— Não entendo o mundo no que vive — murmurou, enquanto secava os 

olhos. 

Não. É obvio que ela não o fazia. Às vezes nem ele mesmo conseguia. 

Puxou-a mais para o seu lado. 

— Estou tão cansada, Theron — ela sussurrou. 

Ele a levantou nos braços. Quando ela não protestou, soube que estava 

mais fatigada do que deixava ver. 

227

Tiamat World 



Seu coração se encolheu. Ela estava esvaindo-se rapidamente. E os eventos 

dos últimos dois dias não ajudavam. 

Tinham entrado uns dez metros por entre as árvores quando sentiu que o ar 

tinha mudado. Acácia sentiu isso também, porque se retesou em seus braços. 

— Tenho um mau pressentimento — sussurrou ela contra seu pescoço. 

Ele também. Deixou-a de pé lentamente. 

O primeiro grito soou a suas costas antes que qualquer um deles se virasse. 

CAPÍTULO 21 

Havia uma coisa que Isadora podia dizer a respeito de Orfeu. O ándre sabia 

coisas que ninguém mais sabia. Como: onde os deuses passavam seu tempo e 

como abrir uma brecha dentro de seu santuário. 

— Não posso entrar com você — disse Orfeu enquanto puxava o capuz de 

sua capa preta sobre a cabeça para esconder o rosto. — O manto só funciona 

para um, e não há forma no inferno de que fique preso no Olimpo. Zeus chamou 

para uma de suas inúteis e aborrecidas reuniões de cúpulas, assim todos os 

deuses estarão congregados em seu templo, sem dúvida declinando sobre eles 

mesmos em uma tentativa de impressionar os pedaços de merda pomposos. 

Conhece a diferença entre um adulador e uma cabeça de merda, não é 

mesmo, ISA? 

Isadora franziu o cenho. 

— A percepção de distância. — Orfeu riu de sua própria piada. 40 

— E sobre Perséfone? — perguntou Isadora, tentando mudar o foco 

Seu sorriso arrogante desapareceu. 

— Ela estará onde eu disse. 

— Como pode saber com toda certeza? Talvez ela... 

40 

Meninas não entendi a piada e pedi ajuda a Gisa, então ai está ela: Percepção de distância é a habilidade de ver o 

mundo em três dimensões e de perceber à distância entre os objetos. Acho que a piada foi no sentido de que a 

diferença entre o adulador e o cabeça de merda depende de quem está olhando. (Gisa) 

228

Tiamat World 



— Acredite em mim. Ela estará lá. Sempre que pode afastar-se de sua mãe, 

dirige-se para as árvores. Há mais para destruir lá. 

Confiar em Orfeu ia contra tudo no íntimo de Isadora. Mas não tinha outra 

escolha. Estava ficando sem opções e se isso não funcionasse... 

Ignorou a doença fermentando-se em seu ventre e levantou o queixo. 

— Onde você ficará? 

— Escondido aqui fora, como a forma de vida inferior que sou. — Olhou-a 

furioso de debaixo do capuz. —Estrague isso, ISA, e estaremos fodidos. 

Ela assentiu uma vez. 

— Não o farei. 

Respirando fundo novamente, o que não fez grande coisa por seu ventre, 

colocou o capuz e se virou para as portas que davam acesso ao Monte Olimpo. 

Pelo amor de todas as coisas santas, estava prestes a caminhar sobre solo 

sagrado. 

Está bem, correção. Para o seu bem, certamente esperava que o bom e 

velho Zeus não captasse no vento que estava ali. O deus não era conhecido por 

compreender, e seu temperamento era pior que o de todos os sete Argonautas 

juntos, em um dia ruim. 

Ela prendeu a respiração enquanto se aproximava cautelosamente dos 

portões. Quando nenhuma sentinela olhou em sua direção, percebeu que eles 

não podiam vê-la. O manto da invisibilidade de Orfeu estava funcionando. Com 

o aumento da confiança, passou pelos guardas sem nem sequer um olhar e fez 

uma pausa no início do caminho sinuoso para os templos. 

Por favor, permita que Orfeu tenha dito a verdade... 

Virou à esquerda em vez de se dirigir para cima e seguiu um muro baixo de 

pedra para lá dos campos de trigo e oliveiras, até que chegou ao bosque. 

Enormes árvores, cujos nomes ela desconhecia, elevavam-se acima, bloqueando 

a visão da luz solar. Vegetação baixa e videiras cobriam o chão. 

Caminhou durante meio quilômetro na penumbra antes de notar que os 

arbustos e as plantas pareciam doentes e murchas em torno dela. Enquanto 

explorava mais para dentro do bosque, o chão ficou preto, parecia quase 

229

Tiamat World 



queimado, e a pouca vida vegetal que restava estava murcha e seca. 

Um zumbido adiante deteve seus pés, e ela olhou com atenção através dos 

troncos das árvores enegrecidas para um pequeno lago. Em torno da borda, a 

grama estava marrom e quebradiça. Até os galhos das árvores que se 

projetavam sobre o oásis que um dia foi verde estavam encurvadas e sem folhas. 

Uma grande tristeza irradiava do espaço. E no centro do lago, suspensa a 

centímetros acima da superfície, Perséfone estava deitada, flutuando sobre suas 

costas. Mas as únicas partes de seu corpo que tocavam a água eram seus dedos 

enquanto se estendiam sobre a superfície do lago. 

Mesmo deitada e em um estado miserável de relaxamento, parecia uma 

rainha de sangue real. Rainha do mundo subterrâneo. Rainha da morte e da 

destruição. O qual era exatamente o que ela era. 

Os nervos de Isadora se eriçaram. Olhou para trás, para o caminho pelo 

qual tinha chegado enquanto a preocupação e a insegurança em si mesma 

descenderam por sua coluna vertebral. Estava a sós com a deusa. Exatamente 

como queria. Mas repentinamente sua língua se tornou grossa e sua garganta 

estava completamente seca. 

Os cabelos de Perséfone eram escuros, seu corpo ágil e gracioso. Ela 

parecia uma sereia, mas mil vezes mais forte e um milhão de vezes mais perigosa. 

E era muito mais intimidante do que Isadora tinha esperado. 

— Perguntava-me quanto tempo levaria para chegar. 

Isadora se congelou. Percorreu com os olhos os arredores novamente. Não 

era possível que a deusa estivesse falando com ela, não é mesmo? 

— É claro que estou falando com você — disse Perséfone, virando a cabeça 

e prendendo Isadora com olhos profundamente verdes da cor de um campo 

irlandês. — Acha que não sei o que você e seu amigo meio demônio estão 

planejando? Só permiti que você passasse pelos portões do Olimpo porque 

imaginei que alguém tão desesperado quanto você merecia ser ouvida. E 

porque sua ansiedade me diverte. — Deu um longo suspiro. — Aborreço-me tanto 

aqui. 

Isadora abriu a boca para falar, mas nada saiu. 

230

Tiamat World 



— Agora, estou vendo que já não está tão desesperada. — Perséfone voltou 

a olhar para o céu. —E eu que pensei que isto ia ser interessante. Aparentemente 

você não tem o brilho de seu pai. 

— M-meu pai? — OH, ISA, uma boa maneira de ir diretamente ao ponto. 

— Passaram-se vinte e sete anos desde que o rei Leônidas esteve onde você 

está parada agora. Perguntando quase o mesmo. 

Repentinamente, chegar ao ponto não parecia tão importante afinal. 

— Espere. Meu pai veio até você? 

Os olhos irritados de Perséfone correram para Isadora. 

— Não foi o que acabei de dizer? Continue, garota. 

Até onde Isadora sabia, seu pai odiava as intervenções dos deuses. De fato, 

fazia quase tudo para evitar que eles se intrometessem nos assuntos de Argolean. 

— Por que meu pai veio aqui? 

Perséfone bufou e levantou uma mão para deixar que a água gotejasse de 

seus dedos longos e elegantes. 

— Para me pedir que usasse minha influência em Hades. Não é por isso que 

você está aqui? 

Nossa. Notícias de última hora. 

— Sim — disse Isadora, atordoada. — Mas ainda não compreendo por que 

meu pai interviria. 

Perséfone revirou os olhos e recitou de forma aborrecida e monótona: 

— Haverá dois em cada era, nascidos de deus, terra e homens. Um de força 

e uma de coragem, duas metades separadas para trazer o fim. E serão 

conhecidos pelas marcas que carregam, se unirão no vigésimo sétimo ano. 

Apenas unidos a força sobrevive, para dissolver o pacto e trazer o fim para a 

vida. 

Um sorriso espectral curvou os lábios de Perséfone. 

— Mórbido, não é mesmo? Mas meu maridinho seria isso pra você. Embora 

esse não fosse o texto original. Originalmente dizia, “… unidos no próximo ano.” O 

rei Leônidas veio aqui para me pedir para fazer uma troca pela adição desses 

vinte e sete anos. 

231

Tiamat World 



Com essa Isadora sabia que sua expressão era de perplexidade, Perséfone 

bufou e adicionou: 

— No Passado, os demônios de Atalanta sempre eram capazes de localizar 

a meio humana dessa equação, consequentemente evitavam que a profecia se 

realizasse. 

O estômago de Isadora revirou. 

Ele tinha feito uma troca para mantê-la com vida só para que pudesse 

morrer mais tarde? 

— Tudo pelo bem maior. — A testa de Perséfone se enrugou. — Não me 

diga que está com o coração lacerado por causa dos humanos. São tão... 

Inferiores. 

— Ela não é só uma humana. É… minha irmã. 

— Isso é simplesmente biologia. 

Nesse momento, Isadora soube que aquela deusa não a ajudaria. 

Esqueceu-se da estratégia e falou com seu coração. 

— Não, não acredito em sacrificar um pelo bem de muitos. Ao contrário de 

você e dos outros deuses daqui de cima da terra, jamais os vi como peças de 

xadrez para serem colocados onde desejar. Meu pai é um covarde e um 

mentiroso, e minha chegada aqui muito obviamente foi um erro. — Deu meia 

volta. 

— Muito bem Princesa. — O riso nas palavras de Perséfone deteve os pés de 

Isadora. — Parece que você poderá ser uma rainha adequada, afinal. 

Isadora olhou furiosa sobre o ombro para a deusa, quem agora estava 

direita mas ainda suspensa sobre a água. 

— Alegro-me tanto por você me aprovar. 

— Não. 

Estava prestes a ir embora outra vez quando Perséfone apareceu 

repentinamente em seu caminho, parecendo — agora — muitíssimo como a 

rainha que era. 

— Eu disse, “pode.” Não “será.” Depende principalmente do que você fizer 

depois. — Inclinou a cabeça. — Acredito que concederei a você uma audiência 

232

Tiamat World 



com Hades. Inclusive a levarei até lá. 

Os olhos de Perséfone faiscaram ante a desculpa para ver seu marido outra 

vez. Em torno delas, o lago e o bosque explodiram para a vida, as cores e as 

fragrâncias afligindo os sentidos. E Isadora prendeu a respiração ante o que 

estava sendo oferecido a ela por razões que realmente não compreendia. 

— Mas é claro, nada é grátis, e não discutimos ainda a questão do 

pagamento. 

— Não tenho nada... 

— Quero seu dom da premonição. 

— Mas eu... 

— Não o tem? Não, agora você não o tem, mas ele retornará. E quando o 

fizer, quero-o. Por um mês. 

As sobrancelhas de Isadora se uniram. 

— Mas você é uma deusa. Certamente não precisa de algo tão simples 

quanto meu poder. 

Perséfone deu de ombros de forma indiferente, mas Isadora podia dizer que 

isso significava muito para ela. 

— A maldição dos deuses. O poder cósmico supremo, mas nenhuma forma 

de investigar o futuro. Nenhum dos deuses pode. O livre-arbítrio e todas essas 

porcarias. Mas ser capaz de ver a diante, qualquer coisa que escolher? — Seus 

olhos brilharam com uma luz matreira. — Isso me elevaria ao nível de Zeus. 

Um calafrio desceu pela coluna vertebral de Isadora. 

— Mas meus poderes não funcionam desse modo. Não posso escolher quais 

acontecimentos ver. E embora tenha vislumbres do futuro, não sei quando 

ocorrerão os acontecimentos. 

Os olhos de Perséfone flamejaram para um jade aceso, e a intenção 

maliciosa transpareceu sem suas feições perfeitas. 

— Não se incomode com isso, Princesa. Seus poderes em minhas mãos serão 

realmente diferentes. Eu garanto. 

O medo moveu-se no estômago de Isadora. Era sábio conceder a Rainha 

de o mundo subterrâneo semelhante poder? E afinal o que a deusa pensava em 

233

Tiamat World 



fazer com aquilo exatamente? 

— Escolha agora. A vida de sua irmã por um mês. Estou me aborrecendo 

com essa conversa. 

Um mês. Nada de ruim poderia ocorrer em um mês, não é mesmo? Isadora 

esperava que não, mas no fim o que os deuses fizessem era de pouco interesse 

para ela. Seu mundo ficava muito longe. E a vida de sua irmã e as vidas de 

muitos Argoleanos estava por um fio. 

Levantou o queixo e empurrou o medo pelo que estava prestes a fazer para 

fora de sua cabeça. 

— Leve-me até Hades. 

— Nunca palavras mais doces foram ditas. — Um sorriso malicioso surgiu no 

rosto de Perséfone enquanto estendia sua mão. — Como quiser, minha pequena 

rainha moribunda, assim será. 

—Você ainda tem a arma que eu lhe dei? 

A adrenalina estimulou Casey. Ela observou uma horda de demônios sair 

precipitadamente das árvores do outro lado da clareira e investir contra o círculo 

dos enlutados. 

— Acácia! — Theron tirou a adaga com a lâmina grossa de suas costas e 

olhou para as copas das árvores acima. 

O medo obstruiu a garganta de Casey enquanto os gritos e brigas 

irromperam na clareira, mas de algum modo teve a presença de espírito para 

assentir com a cabeça. A lâmina ainda estava amarrada a sua panturrilha onde 

a colocou naquela manhã. 

— Pode subir? 

— Subir? O que...? 

Ele olhou para cima outra vez. 

— Eu subirei você. Ficará tão alto nas árvores quanto puder. Se qualquer 

coisa que subir atrás de você, grite. Forte. 

— Isso era para ser engraçado? — Agora ele estava desenvolvendo o senso 

de humor? 

Ele a pegou como se ela não pesasse nada e a obrigou a se agarrar ao 

234

Tiamat World 



primeiro galho o velho abeto 41 Douglas. 

— Tão alto quanto possa, Acácia. Só use a arma se for preciso, e grite tão 

alto quanto possa. Estarei exatamente aqui. 

Ele a estava deixando? 

— Um momento. — Frenética, segurou seu braço mesmo enquanto ele a 

empurrava para cima da árvore, e não lhe restou mais nada a não ser segurar-se 

mais a frente ou cair. — Theron... 

Ele segurou sua mão e fixou os olhos nos dela até que ele sentiu como se 

estivesse vendo o lugar mais sombrio de sua alma. Prendeu sua respiração ante a 

intensidade de seu olhar. 

— Não deixarei que nada aconteça a você, meli. Marissa estava 

enganada. Nunca deixarei que algo aconteça a você. Diga que acredita em 

mim. 

Ela assentiu lentamente e sussurrou: 

— Acredito em você. 

Seus olhos procuraram os dela no último segundo antes que assentisse com 

a cabeça para cima. 

— Vá. Agora. 

Casey hesitou só por um momento para observar Theron entrar na batalha 

ocorrendo na clareira. Eram todos músculos descomunais e intenção mortal, 

unindo-se a Nick, que, juntamente com alguns outros homens da colônia, faziam 

recuar aproximadamente uma dúzia de demônios que convergiram no que se 

poderia dizer que era um funeral. 

Meu deus, Dana. 

As armas se chocavam ruidosamente com presas e garras. Gritos e prantos 

se misturavam com grunhidos confusos enquanto os punhos se chocavam com 

ossos. Quando Theron foi lançado sobre suas costas e um demônio arremeteu 

contra ele, Casey fechou os olhos de repente e desviou o olhar. 

Com o coração na garganta, estirou-se para cima e agarrou o galho 

seguinte. Suas mãos tremiam enquanto subia, a faca que Theron lhe deu era um 

41 

Abeto - Árvore abietácea rara nos trópicos, mas cultivada no Brasil, esp. para uso em marcenaria. (Aurélio) 

235

Tiamat World 



peso sólido pressionado contra sua perna. 

Por favor Deus, não a deixe escorregar e cair. 

Não gostava de altura e se sentia como uma idiota escondendo-se naquela 

árvore quando as pessoas possivelmente estavam morrendo lá embaixo, mas se 

aqueles monstros estavam ali por causa ela, não era estúpida o suficiente para 

ficar sem se esconder. 

Suas mãos ardiam enquanto a casca arranhava as palmas até deixá-las em 

carne viva. Gemeu ante a dor em seus braços enquanto subia mais alto e disse a 

si mesma que se chegasse a atravessar isso viva — e a doutora Jill encontrasse 

uma cura para o que estivesse errado com ela... — definitivamente iniciaria 

aquele programa de treinamento que estava adiando há tanto tempo. Os sons 

da batalha fluíam até ela, mas bloqueou a visão, tentando não escutar a voz de 

Theron. Uma coisa, entretanto, conseguiu chegar. Um feroz grunhido da base da 

árvore. 

Congelou-se. Esperava se misturar aos ramos. E rezou para está imaginando 

coisas. 

Os grunhidos se tornaram mais fortes. E então a árvore inteira começou a se 

sacudir. 

Casey gritou. Seus dedos estavam se aproximando de um galho justamente 

quando perdia pé. 

— Não há nenhum lugar para o qual possa fugir, híbrida — grunhiu o 

demônio de baixo. — Desça. 

Casey se balançou perdendo pé e finalmente encontrou um ramo fino que 

se dobrou ligeiramente sob seu peso. Empurrou-se mais alto enquanto a 

adrenalina a estimulava. A alguns centímetros mais para aquele galho mais 

grosso acima e poderia soltar uma mão e pegar a faca. 

— Desça! — trovejou a besta. 

— Foda-se! 

Com um rugido feroz o demônio agarrou o tronco da árvore e o sacudiu 

violentamente. Casey gritou enquanto o galho sobre a qual estava estalou. A 

casca aranhou as palmas de suas mãos. Suas unhas se cavaram na madeira, 

236

Tiamat World 



enviando lascas profundamente em sua pele enquanto ela se pendurava com 

toda sua força. Seu corpo foi jogado da direita para esquerda enquanto a árvore 

se arqueava sob a grande força que a sacudia para frente e para trás. 

E então ocorreu o inconcebível. A faca deslizou de sua bainha. Frenética, 

ela tentou pegá-la com o sapato, mas foi muito tarde. Sua única arma caiu 

livremente ao mesmo tempo em que suas mãos deslizavam uma fração de 

centímetros no galho acima. 

O demônio a viu hesitar. E o filho da puta realmente riu. 

OH, merda. 

O suor brotou de sua testa. Ia cair. Ela estava a uns vinte metros de altura, 

sem arma e ninguém para salvá-la. Isso se, sobrevivesse à queda. 

OH, merda, OH, que merda, OH, merda. 

— Theron! 

O galho que segurava se quebrou como um raminho. E então tudo o que 

sentiu foi o ar. 

Hades não estava sozinho. Reconheceria aquele maldito perfume de flores 

em qualquer lugar. 

Sua cabeça se levantou de repente, e saltou para fora de seu trono tão 

rápido que quase tropeçou descendo os cinco degraus de mármore. Chegou 

até a passagem abóbada 42 antes que as portas de madeira duplas fossem 

abertas e Perséfone corresse para seus braços. 

— Minha doçura — cantou ele docemente, apertando-a contra ele e 

beijando-a com força. Suas mãos voaram para seu rosto, sua boca foi possessiva 

contra a dele, aquecendo o espaço mais frio dentro dele. — Senti saudades… 

tanta. 

Gemeu contra ele, frenética enquanto suas mãos corriam debaixo de sua 

camisa e pela sua pele. 

— Meu deus. 

Ele riu estranguladamente e a girou em torno dele, empurrando suas costas 

42 

Abóbada- Cobertura encurvada, construída ger. com pedras ou tijolos que se apoiam uns nos outros, de modo que 

suportem seu próprio peso e as cargas externas; cúpula. (Aurélio) 

237

Tiamat World 



para seu trono e a sólida mesa de pedra à esquerda que ele sabia que ela 

gostava tanto. 

— Sou. Todo teu. Agora me diga como foi que se separou da Cachorra 

Malvada do oeste. 

Ela envolveu os braços ao redor de seu pescoço, inclinou-se para trás e riu 

para si mesma enquanto ele beijava sua garganta. 

— Não fale de minha mãe assim. Sabe que eu não gosto quando utiliza esse 

tom. 

Desde que ela não parecia nem um pouco contrariada, ele lambeu a base 

de seu pescoço, deslizou as mãos em torno de seu traseiro e a levantou para 

poder levá-la para a mesa tão rápido quanto fosse possível. 

— Hades, espere. Primeiro temos um assunto. 

— Assunto? — E aí foi que notou a pequena criatura parada na 

extremidade da sala, mal tinha ultrapassado a porta. Deixou a rainha cair sobre 

seus pés e se virou rapidamente. — É humana. 

— Argolean — disse Perséfone, colocando uma de suas mãos delicadas em 

seu peito. — A futura rainha de Argolea, na realidade. 

OH, agora aquilo era interessante. 

Olhou para baixo para a pequena gynaíka com seus grandes olhos 

castanhos e cabelos quase brancos. Poderia dizer que ela estava doente, mas 

tinha um ar de autoridade que o intrigou. Um que ele duvidava que até mesmo 

ela fosse consciente. 

— Entre — ladrou. 

Ela hesitou, então cautelosamente deu um passo para frente. 

À luz não era simplesmente bela, era magnífica, e sabia que o interesse 

tinha flamejado em seus olhos antes que pudesse detê-lo. Perséfone também o 

viu. Ela deu um forte murro no estômago dele e o olhou furiosa. 

— Não a ela. E não quando estou de pé aqui, imbecil, ou farei que ambos 

lamentem. 

Hades tossiu e esfregou o abdômen com uma mão, então riu quando viu os 

olhos assustados da gynaíka correrem dele para sua rainha. 

238

Tiamat World 



— É muito pequena. Tenho quase certeza que a partiria em duas. Além 

disso, renunciei as virgens no ano passado. — Olhou novamente para sua mulher. 

— Realmente, Perséfone, se ia me trazer um presente... 

Perséfone bateu nele outra vez, e ele se dobrou para frente, rindo duas 

vezes mais intensamente. Ela era a única criatura no mundo a quem ele permitia 

levantar a mão para ele, e amava cada minuto daquilo. 

Os olhos de Perséfone relampejaram. 

— Tire a cabeça de suas calças por dez segundos. Ela está aqui por causa 

do pacto. 

Isso conseguiu sua atenção. 

— Meu pacto? 

— Há algum outro? 

Um sorriso malvado se deslizou em sua boca. 

— OH, agora isto ficou interessante. E o que você quer, pequena rainha? 

A gynaíka deu dois passos mais para perto, então parou. O medo brilhava 

em seus olhos, mas ela levantou o queixo, demonstrando toda a rainha de 

sangue real que poderia se tornar. 

— Eu... Peço a você que quebre o pacto. Ou no mínimo, o postergue. 

Ele elevou uma sobrancelha enquanto levava sua rainha para seu lado, se 

divertido com a audácia da Argolean. 

— E por que eu deveria fazer isso? 

— Porque — A gynaíka engoliu em seco. — Porque eu sou a metade da 

profecia. 

Bem, Eh. Ele já tinha imaginado isso, mas estava intrigado o suficiente para 

escutar o resto do que ela tinha para dizer. 

— E a outra metade? 

— Minha irmã. 

— E me deixe presumir — disse, lentamente correndo sua mão de cima a 

baixo pela coluna vertebral de Perséfone. —Você veio me pedir para perdoar a 

vida da humana. 

— Não é apenas uma humana. É uma Misos. 

239

Tiamat World 



— Ainda melhor — zombou Hades. — Inútil. Não sei por que sua espécie não 

pode manter as calças postas. — Perséfone deu murros em seu braço. Virou a 

cabeça na direção dela. — Faça isso outra vez, esposa, e me pagará por isso. 

O desejo iluminou seus olhos. 

— Promete? 

Ele grunhiu baixo em sua garganta e se inclinou para voltar a tomar sua 

boca. 

A tosse da Argolean o fez levantar a cabeça, irritado. Fitou a criatura com 

um olhar exasperado. 

— Por que por tudo o que é maldade em meus domínios ainda está aqui? 

— Hades — advertiu Perséfone. 

Ele suspirou, sabendo que não entraria em sua rainha até que a aliviasse e 

resolvesse toda aquela situação primeiro. 

— Muito bem. Compreende as implicações disto, não é mesmo? 

A gynaíka assentiu com a cabeça. 

— E compreende que interferindo, põe em movimento acontecimentos que 

não podem ser desfeitos? 

A gynaíka hesitou, olhou para eles e assentiu outra vez. 

Hades deu de ombros. 

— Bem. A vida de sua humana será perdoada. — A gynaíka deu um suspiro 

de alívio. — Mas não sem um preço. 

— Mas Perséfone disse... 

Ele acariciou com o nariz o maxilar de sua rainha. 

— O que algum dia negociou com minha intrigante esposa é entre vocês 

duas. Eu ainda requeiro um pagamento. Uma alma. A sua ou a dela. Não me 

importa qual. 

— Agora? 

— Agora poderia ser interessante — disse, rindo para sua esposa — , mas o 

tempo não é minha escolha. 

A gynaíka parecia que estava doente. O que o agradou. Agradou-o muito. 

— Bem? — perguntou. — O que você acha? 

240

Tiamat World 



Ela percorreu suas mãos com os olhos, parecendo lutar contra algum 

debate interno, então fechou os olhos. 

— A minha — sussurrou. 

Seu riso transbordou das profundidades de sua alma enquanto seus olhos 

percorriam o pequeno e muito feminino corpo de cima a baixo. OH, o que 

desfrutaria de fazer a ela, com aprovação de Perséfone ou não. 

— Fique à vontade, pequena rainha. — Sua mão deslizou pelo traseiro de 

Perséfone. — O espetáculo está prestes a começar. 

Os olhos da gynaíka se abriram de repente, e o impacto ficou explícito em 

seu rosto delicado, iniciando um conjunto inteiramente novo de negociações em 

sua cabeça. Um que não só envolvia a ele, mas também a sua esposa. 

— Não vou para casa? 

— Ainda não. — O sorriso de Hades se alargou. Compreendendo, Perséfone 

também o fez. — Ainda não. Não até que ambos tenhamos terminado com 

você. 

CAPÍTULO 22 

Ela sentiu o cheiro de lavanda. E couro. E algo que pensou que tinha que ser 

tomilho. 

O que era estranho, porque tomilho não era um cheiro que normalmente 

suportasse. Hoje tinha um cheiro muito bom. 

Casey respirou fundo e tentou se virar. Uma dor aguda no lado a impediu de 

chegar muito longe, e se obrigou a abrir os olhos, perguntando-se que diabo 

estava acontecendo. 

A primeira coisa que notou foi o fogo rugindo na grande lareira de mármore, 

na frente do quarto. Um rápido olhar para baixo e se deu conta de que estava 

em uma cama com lençóis brancos e um edredom suave e macio. Estava limpa, 

os dedos dos pés agradavelmente aquecidos, seu travesseiro era macio, mas 

241

Tiamat World 



aquele não era o quarto em que estava antes. 

Tentou se sentar enquanto seu cérebro tentava lentamente ficar em dia. A 

última coisa que se lembrava era de estar naquela árvore, o daemon 

balançando-a vigorosamente, seus dedos escorregando e… 

Virou a cabeça e viu Theron dormido em uma poltrona junto à cama. 

Estava com os cabelos úmidos, como se tivesse acabado de tomar banho, 

e vestia um jeans desbotado e uma camiseta preta justa. Seus pés perfeitos 

estavam descalços, apoiados em um lado do colchão, com a cabeça inclinada 

para um lado, os olhos fechados enquanto ressonava levemente. Parecia um 

anjo profundamente adormecido, e embora tentasse silenciá-lo, o coração de 

Casey se sobressaltou ante a vista dele. 

Ante um exame mais profundo viu os hematomas e arranhões em seus 

braços e rosto e lembrou se novamente da forma como ele tinha lutado na 

clareira. Então percebeu que ele não era nenhum anjo. Era um guerreiro. E de 

algum modo, ele a tinha resgatado de novo. 

Maldito complexo de herói. 

Ela meneou um dedo de seu pé. 

— Acorde, belo adormecido. 

Ele acordou sobressaltado e deixou os pés caírem no chão. Com os olhos 

sonolentos e sexys e um pouco atordoado, olhou-a fixamente. Então se moveu 

tão rápido, que ela não pôde o seguir. Num minuto estava na poltrona, piscando 

como se não soubesse quem ela era, e no seguinte estava com ela na grande 

cama, puxando-a para seus braços e segurando-a com força. 

Bom, não era um modo ruim de acordar, no fim de contas. O coração de 

Casey reagiu quando ele passou as mãos de cima a baixo em suas costas e disse 

umas palavras suaves em seu ouvido que ela não entendeu. 

OH, homem. Sempre foi ruim para a coisa da língua estrangeira. 

— Ou dormir mais tempo de que pensei ou simplesmente está feliz por me 

ver — brincou. 

Ele não riu de sua piada, mas seu grande corpo relaxou contra ela. 

— Você dormiu durante quase oito horas, meli. Estava preocupado. 

242

Tiamat World 



Oito horas não parecia tão ruim. Considerando que tinha caído no meio de 

uma guerra, embora… 

— Onde estamos? — perguntou contra ele. 

— Em minha casa. 

Sua casa? Sério? 

— Está completamente segura aqui. Os daemons não podem entrar em 

Argolea. 

Não podiam? Queria perguntar a ele por que, mas estava distraída com a 

ideia de … estar em Argolea. 

Uau. Isso foi só… selvagem. 

— Como cheguei aqui? Pensei que Nick tivesse dito que tinha que cruzar o 

portal por minha própria vontade. Não me lembro de ter feito isso. 

Passou uma mão por seus cabelos, alisando seus cachos, afastando-os do 

rosto. 

— Estava um pouco fora de si por causa da queda. Nick me ajudou a trazêla 

para cá. Sim, você aceitou atravessar, mas estava entrando e saindo da 

consciência naquele momento. Não me surpreende que não se lembre. 

— Nick está aqui? 

Sacudiu a cabeça. 

— Ele voltou imediatamente. 

De volta. Para aquela batalha. Para os daemons que atacavam o povo 

dele. Seu povo. 

Ela segurou seu antebraço. 

— Marissa… 

— Está bem. Nick e os outros voltaram atacá-los. Eles vêm fazendo isto há 

muito tempo, meli. 

Havia tristeza em sua voz ou só tinha imaginado isso? 

E então pensou em Dana. 

Deixou a cabeça cair contra seu peito enquanto uma onda de dor a 

percorria. 

— Onde ele encontrou Dana? 

243

Tiamat World 



A mão dele traçou um amplo círculo em suas costas. 

— Não sei. 

Mas sabia. Podia sentir isso em sua voz. Sentir no formigamento na base de 

sua coluna vertebral, perto de sua marca de nascimento. Da mesma forma que 

sentia que ele não ia lhe contar os detalhes. Porque tinha algo a ver com ela. 

— Nem sequer sabia que era uma deles. Nós. Eu. Deveria ter sabido. Sempre 

senti que ela era diferente. Ela… — Casey fechou fortemente os olhos. — Nós os 

levamos para colônia. 

— Não. O que aconteceu não foi culpa sua. O que aconteceu com sua 

amiga não foi culpa sua. Foram apenas… as circunstâncias. Algumas vezes as 

coisas ruins acontecem sem nenhuma razão. 

Ela sabia. Toda sua vida estava cheia daquelas circunstâncias podres. Mas 

isso não tornava a realidade mais fácil de aceitar. E sentia falta de Dana com 

uma dor feroz que não tinha certeza se um dia iria diminuir. 

Quando finalmente o soltaram alguns minutos mais tarde e olhou para cima, 

os arranhões e contusões de seu rosto voltaram a lembrá-la o que ele tinha feito. 

Passou os dedos por sua face. 

— Parece que você lutou com um leão da montanha. 

Seu sorriso triste quase derreteu seu coração. 

— Estou bem, meli. Foi você que… — Fechou a boca, parecendo conter-se. 

— Quando a ouvi gritar… não deveria ter deixado você sozinha. 

O coração de Casey bateu contra suas costelas ante a emoção que ouviu 

em sua voz. Fechou a mão sobre a dele. Quando seus dedos se entrelaçaram, 

teve um vislumbre da batalha. De sua luta contra daemon após daemon, 

salvando as vidas dos Misos, ouvindo seu grito e correndo para a árvore bem a 

tempo de pegá-la antes que batesse no chão. Viu seu corpo se chocar contra o 

dele e a maneira como rolaram, a maneira como ele recebeu a pior parte do 

golpe e a protegeu de qualquer dano. Então ficou de pé novamente em um 

instante, enfrentando o último daemon, que esperava para matá-la. 

Meu herói. 

As palavras giravam em torno de sua cabeça enquanto o olhava. E naquele 

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Tiamat World 



instante soube. Fosse realmente dela ou não, não importava. Ela tinha se 

apaixonado por aquele inalcançável herói que entrou em sua vida e virou seu 

mundo pelo avesso. Há dois dias estava tão zangada com ele, que mal podia 

olhá-lo diretamente. Mas agora… 

— O quê? — perguntou ele. 

— Nada. Só… 

Agora o amava. 

Seu peito se apertou ante aquele pensamento. Santo Deus, era possível? Ela 

podia… amar alguém? Especialmente a ele? Era um Argonauta. Um dos 

guardiões de sua raça. Nem mesmo estava completamente certa do por que ele 

a levou para lá. E ele desprezava os seres humanos. 

— Você está bem, meli? 

Não, não estava bem. Estava à beira da loucura. Sacudiu a cabeça para 

tentar esclarecê-la e olhou para suas mãos unidas. Então se lembrou da visão que 

teve dele e seu pai naquele bosque. 

— O que ele disse? 

— Quem? 

— Seu pai. Antes de morrer, disse “To peprōmenon phugein adunaton, gios 

mou.” O que isso significa? 

Algo inquietante cruzou seu rosto. Mas não desviou seus olhos. 

— Ele disse “é impossível escapar do que está destinado, meu filho”. 

Ela voltou a olhar suas mãos. O que estava destinado. 

Ir para lá estava destinado? Ele estava ligado a uma parte do destino dela? 

Não engolia todo aquele lixo sobre almas gêmeas e encontrar a única pessoa 

com a qual estava destinado a ficar por toda vida, mas ao mesmo tempo não 

podia ignorar que algo a empurrava para Theron e foi desde o início. Algo que 

parecia… quase fora de seu controle. 

Isso era amor? 

Os dedos dele cercavam sua mão completamente, envolvendo-a com a 

sua. Acariciou suavemente sua pele com o polegar. 

— É um antigo provérbio grego. Um lembrete de que cada um de nós nasce 

245

Tiamat World 



com um propósito. 

Propósito. Isso fazia sentido. 

— E qual é o seu propósito, Theron? 

Seu polegar parou de mover-se, e quando ele baixou os olhos para ela, foi 

como se pudesse ver-se para sempre em seus olhos escuros. 

— Durante o tempo que vivi, foi fazer o que fui treinado para fazer para meu 

povo. Mas agora… não tenho certeza. 

O coração dela teve um sobressalto. E outro. E outro. 

E então soube. 

Ela o amava. O que era aterrador e eletrizante ao mesmo tempo porque 

nunca esteve apaixonada antes. De algum modo durante os últimos dias, 

apaixonou-se por aquele guardião grande e mau de uma maneira que sabia 

que nunca poderia se recuperar. E o fato dele ainda está lutando para entender 

tudo, era de algum modo íntimo. 

E completamente inspirador. 

Precisava fazer algo a respeito antes de perder as forças. 

Ignorando a dor em seu flanco, por ter batido na terra dura, inclinou-se para 

beijá-lo. Ele prendeu a respiração enquanto ela diminuía a distância entre suas 

bocas, segurou-a enquanto seus lábios tocavam os dele, então relaxou sob seu 

contato. 

Um sorriso esticou os lábios dela. Era fascinante que pudesse transformar um 

guerreiro viril em gelatina apenas por beijá-lo. E era apaixonante que ele reagisse 

daquela maneira a ela. 

Ninguém mais tinha feito isso, nunca. OH, ela teve um punhado de amantes, 

na faculdade e depois quando ela estava viajando, mas ninguém nunca a fez 

arder como Theron. Ninguém parecia não ter o suficiente dela como Theron. 

Ele inclinou a cabeça e abriu a boca para ela, puxando-a para aprofundar 

mais o beijo do qual ele se encarregou. Sua mão deslizou pelos cabelos dela 

enquanto a arrastava para aproximá-la mais até que ela ficou contra seu peito e 

quase sobre seu colo como esteve naquela caverna. 

OH, sim, poderia acostumar-se a isso. A forma como ele tomava o que 

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Tiamat World 



queria, mas era gentil e generoso no processo. Quase como se o prazer dela 

significasse mais para ele do que o seu. Por que não cedeu a isto antes? 

— Meli — ele sussurrou, movendo suas pernas grandes e colocando-a de 

costas sobre a cama. — O que faz comigo. Ah, deuses. 

O corpo inteiro dela tremeu ante o desejo em sua voz. Arqueou-se e o 

puxou para cima dela. Ele ainda era gentil, colocando seu peso sobre os ombros, 

acomodando-se no berço de seu corpo até que sua ereção empurrou entre suas 

pernas. Mas em vez de despi-la e introduzir-se profundamente, como ela 

esperava que fizesse, ele afastou seus cabelos do rosto com ambas as mãos e a 

olhou durante tanto tempo, que aquela palpitação perto de sua marca de 

nascimento aumentou novamente. 

Algo definitivamente ia mal ali. 

— É tão linda — sussurrou, passando o polegar suavemente por sua 

têmpora, — Tão linda e tão frágil. Como o mais delicado cristal em minhas mãos. 

Bem, aquilo era doce mas… havia algo mais que ele não estava dizendo. 

Podia ver isso em seus olhos. Como se ele soubesse de algo que ela não sabia. 

Procurou as respostas em seu rosto enquanto suas palavras formavam 

redemoinhos em sua cabeça. Linda. Frágil. Quebrável. 

Essas eram palavras que nunca teria usado para se descrever. A menos que 

estivesse doente. 

E de repente tudo fez sentido. 

E se a enfermidade completamente misteriosa que a Dra. Jill encontrou não 

fosse um mistério afinal? E se tivesse a ver com sua metade Argolean? E se fosse 

isso o que a estava adoecendo? Explicava por que seu pai, há tanto tempo 

perdido, procurava-a. Explicava porque Theron a procurou repentinamente e a 

necessidade de trazê-la ali antes que seu tempo acabasse. 

Santos… infernos. Seu tempo estava quase terminando? 

Procurou seu rosto, esperando encontrar algum sinal de que estava errada, 

mas não o viu. Tudo o que viu foi… compaixão. Um nó se formou em sua 

garganta. 

— Quanto tempo eu tenho? 

247

Tiamat World 



Se sua pergunta o surpreendeu, não demonstrou, e esse fato por si só 

cimentou suas suspeitas. 

— Não sei — disse ele suavemente. 

Uau. Agora estava com o estado de ânimo machão. Estava muito aturdida 

para sentir outra coisa que não a incredulidade enquanto passava os dedos 

pelos seus cabelos escuros. As mechas eram como seda contra sua pele. Suaves, 

reais e sólidas. 

— Vou fazer o que puder para ajudá-la, Acácia. — Sua voz firme atraiu sua 

atenção novamente para ele. — Nada mudou. Ainda a protegerei. 

Seus olhos eram duros e intensos, e então ela viu que ele era um homem 

que sempre fazia o que queria. Não sabia como fracassar. 

— Mas não pode, não é mesmo? — Disse. — Porque o que está 

acontecendo comigo não é algo que se possa consertar. 

Os olhos dele se desviaram para seus cabelos, onde brincou com uma 

mecha, sem responder. Mas já não era só dor o que ela via em seu rosto, eram 

segredos. E tristeza. 

— Não esconda isso de mim, Theron. Se você sabe o que está acontecendo 

comigo, quero saber também. 

Ele suspirou, como se não quisesse responder mas sabia que tinha sido pego. 

— Não sei. Não completamente. 

— A melhor hipótese, então. 

Ele hesitou tanto que ela teve certeza que não ia responder, e então disse: 

— Se tivesse que conjeturar, diria que seu corpo não é forte o suficiente para 

lidar com todas as mudanças pelas quais está passando neste momento. 

As mudanças. Significava que seu lado Argolean saía de um nada. O que 

explicava por que de repente tinha visões do passado. 

—Isto é normal para as pessoas de sua raça ao iniciarem seus poderes? 

Passar por uma mudança de espécie? 

Olhou-a novamente nos olhos e sacudiu a cabeça, e ela não perdeu a 

imagem da dor dilaceradora ali. 

248

Tiamat World 



— Não. Mas poderia ser diferente para um Misos. Talvez Nick saiba disso. 

Poderíamos perguntar a ele. 

Nós. Apenas a palavra a eletrificava e assustava tudo ao mesmo tempo. 

Porque queria interpretar muito mais nela do que ele queria insinuar. 

O qual era bobagem, considerando que ficava mais fraca a cada dia. Nick 

não podia ajudá-la. Se pudesse, já teria feito isso. E isso significava que aquela era 

uma batalha perdida. E Theron sabia. Seu peito se apertou com a realidade que 

de repente estava enfrentando até que tudo o que quis foi esquecer. 

Enfiando os dedos em seus cabelos, ela puxou sua boca para a dela. 

— Apenas me beije, Theron. 

Ele hesitou, e ela sentiu seu conflito interno entre o que queria e o que 

considerava correto. Mas quando os dedos tocaram sua face, sua contenção se 

rompeu. De repente, ele a beijou profundamente, empurrando os quadris contra 

os dela, afundando-a contra o colchão, enchendo não só sua boca mas 

também seu coração e sua alma. 

— Sim, sim, sim — disse contra sua boca. Isto era exatamente o que queria. 

O que quis desde o primeiro momento que o conheceu mas tinha muito medo de 

pedir. Agora? Agora não havia razão para conter-se. Passou as mãos por suas 

costas e gemeu quando ele moveu seu peso, pressionando no lugar que ela mais 

necessitava que ele a tocasse. 

Sua língua deslizou por cima e ao redor da dela, acariciando-a até que 

sentiu que todo seu corpo ganhava vida. Ele mordiscou seu lábio inferior e ela 

sentiu um pouquinho de dor, então ele lambeu o ponto até que derreteu. Justo 

quando ela teve certeza que não conseguiria suportar nem mais um segundo 

que ele a atormentasse com sua boca, os lábios dele fizeram um caminho de sua 

mandíbula até seu ouvido, enquanto sua mão encontrava a bainha de sua 

camisa e deslizava ao longo de seu abdômen, enviando faíscas para base de 

seu pescoço e a longitude de seu torso. 

— Você é um presente, Acácia — disse contra seu pescoço, beijando-a, 

lambendo-a, prodigalizando seu contato. — Um que nunca esperei. 

Ela já estava em chamas e ele nem sequer a tinha beijado. Puxou a sua 

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Tiamat World 



boca de volta para a dela. 

— Não, você é. 

Ficou claro que ele gostou daquilo, porque inclinou sua boca contra a dela 

outra vez e a beijou profundamente, quando sua mão encontrou seu seio 

novamente, ambos gemeram em uníssono. 

Durante aquele momento, ao menos, não se sentiu esgotada e fraca. Era 

poderosa. Adorava o que a boca dele fazia com a sua, os seus dedos com seus 

seios, mas queria mais. Queria tanto quanto ele pudesse lhe dar, durante tanto 

tempo quanto pudesse lhe dar. E queria lhe dar de volta tudo multiplicado por 

dez. 

— Theron — murmurou contra seus lábios. — Eu desejo você. Agora. Aqui. 

Não quero mais esperar. 

Ele afastou-se apenas o suficiente para olhá-la. 

— Não quero machucar você. 

Ela passou um dedo ao longo do “V” exposto de seu peito. 

— Baseando-me na observação pessoal, tenho uma boa ideia a que eu me 

oponho. — Elevou os quadris e viu o desejo cintilar em seus olhos meia-noite. — E 

estou bastante segura de que posso lidar com você. — Deslizou os dedos por seu 

peito até o cós de seu jeans. — Sei o que quero. 

Ele gemeu e empurrou aquela impressionante ereção contra seu ponto mais 

suave, até que ela estremeceu. 

— Atormenta-me, meli. 

Sorriu enquanto manuseava o botão de seu jeans. 

— Não, guardião, prometo. 

Um sorriso lento se estendeu em seu rosto antes que ele a beijasse. 

Encontrou o fecho da frente de seu sutiã e o soltou, tocando-a finalmente, pele 

contra pele, exatamente do modo que ela queria, até que seus mamilos ficaram 

túrgidos. O ar frio a banhou quando ele levantou sua camisa e baixou a boca 

para seu seio. E quando sua língua encontrou o mamilo, a eletricidade correu 

através de cada célula de seu corpo. 

Arqueou as costas. Ofereceu-lhe mais. Gemeu de desespero quando ele 

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soltou seu seio e levantou a cabeça. 

— Não pare. Theron… 

— Shh. 

Os olhos dela se abriram de repente. Olhou para cima e o viu escutando 

algo com atenção. Os passos pesados do lado de fora ficaram evidentes para 

ambos ao mesmo tempo. Ele saiu de cima dela rapidamente e alcançou a porta 

com três passadas. 

— Fique aqui. Volto logo. 

Theron saiu do quarto e fechou a porta firmemente atrás dele. Atordoada, 

Casey reacomodou nos travesseiros, desceu a blusa e arrumou os lençóis. Então 

ouviu atentamente. Ouviu a voz profunda de Theron, seguida de outras duas 

vozes masculinas que não reconheceu. Não podia entender nada da conversa 

deles. 

Ele havia dito que os daemons não podiam entrar em Argolea. E que Nick 

tinha voltado para a colônia. Então com quem ele estava falando? 

Os passos retrocederam até que tudo o que ouviu foi silêncio. Esperou que 

Theron voltasse para o quarto, mas ele não fez isso. 

A curiosidade finalmente a venceu. Desceu da cama, arrumou as roupas e 

se dirigiu a porta. 

A porta do quarto se abria para um longo corredor. Claraboias no teto 

abobadado filtravam a luz do sol e faziam sombras no chão. A madeira escura 

corria abaixo de seus pés descalços enquanto ela se dirigia para o que esperava 

que fosse a parte principal da casa. À medida que se aproximava, voltou a ouvir 

vozes, a voz de Theron misturada com outras duas. 

O cheiro de tomilho era mais forte ali. Ela respirou fundo ao chegar ao final 

do corredor e entrou em uma enorme sala de estar toda decorada em tons 

másculos de verdes e vinho. O teto estava ao menos a seis metros de altura, feito 

com vigas grossas de pinheiro e materiais rústicos. Outra lareira, toda construída 

de pedras de Rio, adornava uma parede inteira. Ao lado dela, muitas janelas 

com vista para uma terra maravilhosa de bosques formados por oliveiras 

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Tiamat World 



selvagens, murta 43 e medronheiro 44 . 

Prendeu a respiração ante a beleza, e parou de repente. Com sua visão 

periférica viu movimento, e virou a cabeça ao mesmo tempo em que os dois 

homens que estavam com Theron perto das janelas a olhavam com a boca 

aberta como se ela fosse um monstro de três cabeças. 

— Santa Hera — disse um loiro. — É humana. 

— Acácia. — Theron cruzou imediatamente à distância até ela. — O que 

está fazendo fora da cama? Não deveria estar de pé e zanzando por ai. 

— Eu… 

Olhou ao seu redor, para os outros dois, claramente tão surpresos com ela 

quanto ela estava com eles, e não soube o que dizer. 

Ambos eram tão grandes quanto Theron, com as mesmas marcas estranhas 

nos dorsos das mãos. O loiro era um bonito David Beckham, com um rosto de 

menino e um brilho malvado em seus olhos prateados. Seus cabelos curtos 

estavam despenteados, e o cavanhaque fino era muito mais sexy do que tinha 

esperado. 

O outro era moreno e misterioso, com olhos que ela sentia que viam mais do 

que aparentavam. Uma fina cicatriz passava sobre o lábio superior, e sua pele 

dourada brilhava com a luz que entrava pelas janelas. 

Mas não foi a boa aparecia deles o que a fez parar. Foi o poder que sentiu 

em ambos. Como se irradiasse de seus corpos e formassem redemoinhos no ar a 

seu redor. Soube imediatamente que aqueles eram guardiões parentes de 

Theron. Dois Argonautas. De perto e em carne e osso. O comentário de Theron 

sobre as mulheres se jogarem aos seus pés? Sim. Agora o compreendia. 

O loiro dirigiu se a ela. Imediatamente Theron pôs seu corpo entre ela e o 

guardião e falou em uma linguagem que ela não conseguiu entender. Suas 

palavras pareciam estranhamente com o grego, mas eram diferentes ao mesmo 

43 Murta (Myrtus L.) é um gênero botânico que compreende uma ou duas espécies de plantas com flor, da família das 

Myrtaceae, nativo do sudoeste da Europa e do Norte de África. 

44 

O medronheiro (Arbutus unedo) é uma árvore frutífera e ornamental da família Ericaceae, também conhecida como 

meródios, ervedeiro, êrvedo ou êrvodo. 

252

Tiamat World 



tempo. 

O guardião loiro parou a poucos metros. Cravou os olhos nela ao redor do 

ombro de Theron com olhos cautelosos enquanto Theron continuava falando em 

um tom duro o que ela esperava que fosse um aviso para não machucá-la. O 

outro guardião ficou grudado em seu lugar da sala, ainda em estado de choque 

e olhando fixamente, mas mesmo assim, Casey engoliu um pouquinho de medo. 

Se algum deles quisesse esmagá-la como a um inseto, poderiam em um segundo. 

Quando Theron parou de falar, os olhos do guardião loiro se moveram de 

seu rosto para o de Theron e vice-versa. E então fez algo que ela nunca teria 

esperado. Caiu sobre um joelho diante dela e baixou a cabeça. 

Os olhos de Casey se arregalaram, mas antes que pudesse perguntar o que 

estava acontecendo, Theron envolveu uma mão ao redor do braço do guardião 

e o puxou até pô-lo de pé. 

— Basta, Zander. 

Zander ficou de pé em toda sua estatura mas inclinou a cabeça mais uma 

vez em sua direção. 

— Minhas desculpas. Não me dei conta de quem era. 

Theron inclinou a cabeça com um olhar inquieto em direção a ela antes de 

virar-se novamente para seus guardiões. Disse algo de novo naquela língua 

nativa que Casey estava começando a desprezar, e então o guardião moreno 

finalmente falou. 

— Leônidas quer ver você. 

O pai dela? 

Os olhos de Theron se estreitaram. 

— Como ele sabe que estou aqui? 

— Não sabe — disse Zander. — Cerek e eu viemos ver se você tinha voltado. 

Íamos cruzar e procurá-lo caso não fosse assim, mas acho que agora não será 

necessário. — Apontou com a cabeça para Casey. — Suponho que você esteja 

se encarregando dela. 

Theron disse algo rapidamente novamente naquela língua nativa, e ambos 

os guardiães pareceram desconcertados. Casey não tinha nem ideia do que 

253

Tiamat World 



estava acontecendo, mas intuía que algo estava errado, grandes bandeiras 

vermelhas de advertência se levantaram em sua cabeça. 

O que Theron estava escondendo deles? E dela? 

— Theron — disse o que se chamava Cerek em um tom conciliador. — Não 

é prudente… 

— Basta — gritou Theron. Casey saltou ante o tom áspero de sua voz. — Não 

está aberto a debate. — Olhou para o guardião loiro. — Zander irá comigo. 

Cerek, ficará aqui. 

Os olhos de Casey correram para o guardião moreno, que parecia tão 

entusiasmado com aquela ordem quanto ela. 

Casey tocou o braço de Theron. 

— Theron. Eu… 

Ele virou-se em sua direção, e então ela viu o homem que ele era quando 

entrou em sua loja naquele dia. Duro. Insensível. Cheio de um propósito que não 

tinha nada a ver com ela. Não tinha percebido o quanto ele tinha se suavizado 

para ela até aquele momento. 

Como se ele soubesse o que ela estava vendo, pegou-a gentilmente pela 

mão e a virou para o corredor. 

— Vamos, meli. Precisa descansar. 

Ela deixou-se empurrar, em parte porque não tinha forças para discutir e em 

parte porque estava tentando de dar sentido ao estranho encontro. Mas atrás 

dela ouviu Cerek dizer: 

— Skata. Você ouviu do que ele acabou de chamá-la? 

Isso acendeu um formigamento em suas costas novamente enquanto 

Theron a conduzia ao quarto e a colocava na cama enorme. 

— Não será por muito tempo — disse ele. Seus olhos estavam mais uma vez 

suaves e amáveis, mas havia algo neles que não estava ali antes. 

— Posso ir com você se você quiser… 

— Não — disse ele asperamente. 

Ela recuou, e ele se sentou rapidamente na beira da cama e puxou sua 

mão. Virando sua palma para cima, esfregou o polegar sobre sua pele. 

254

Tiamat World 



— Não — disse mais suavemente. — É um assunto dos Argonautas. Ficará 

melhor aqui. E além disso, quero que descanse um pouco. 

— Você disse que os daemons não podiam entrar em Argolea. 

— Não podem. O portal é guardado por seguranças. 

— Então por que disse para Cerek que ficasse? 

O polegar traçou uma suave trilha sobre o interior de seu pulso. 

— Porque me sinto melhor sabendo que ele está aqui, é tudo. Não tem 

nada com que se preocupar, meli. 

Sim. Como se ela fosse acreditar nisso. Ela estava prestes a perguntar a ele o 

que estava acontecendo realmente quando olhou para baixo, para onde ele a 

tocava. 

— Não está fazendo aquela coisa de controle mental em mim novamente, 

não é mesmo? 

Ele riu. 

— Estava tentando. Está funcionando? 

— Não. 

Ele sorriu enquanto olhava para cima. Aquele mesmo sorriso sexy que quase 

a derreteu antes. Em sua casa. Naquela caverna. Aqui, agora. 

— Nunca fui muito bom nisso. 

O sorriso dele desapareceu enquanto soltava sua mão e ficava de pé. 

— Voltarei logo. Se precisar de algo, pergunte a Cerek. Ele não fará mal a 

você. 

Achou seu último comentário estranhamente desconcertante, mas antes 

que pudesse perguntar a que ele se referia, ele se abaixou. Levantou seu rosto 

para seu beijo, só para decepcioná-la quando pressionou os lábios em sua testa. 

Depois partiu. 

Com o cenho franzido, Casey se acomodou nos travesseiros. Podia sentir o 

cheiro de Theron ali, tão forte quanto se ele estivesse deitado ao seu lado. O 

cheiro de tomilho não era tão proeminente no quarto, mas, sem dúvida, ainda 

estava em algum lugar da casa. 

Fechou os olhos e tentou averiguar o que estava acontecendo. Por que ele 

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Tiamat World 



não estava sendo honesto com ela? 

Sua mente dava voltas com as possibilidades, mas antes de poder passar 

mais tempo pensando, o sono a reivindicou. 

CAPÍTULO 23 

— Imbecis! 

Atalanta rugiu frustrada quando suas mãos bateram sobre o altar de seu 

templo. A pedra sólida se rachou em duas com um estalo impressionante e caiu 

aos seus pés. 

Dois degraus abaixo, diante do altar agora demolido, Deimus baixou 

cabeça em sinal de súplica. Atrás dele, a poucos metros, outros três daemons 

fizeram o mesmo. 

Eram uns incompetentes. Todos eles. E haviam frustrado seus planos. 

Rodeando os destroços, sua saia vermelho sangue voava atrás dela. 

— Ela vive e os mestiços sobreviveram. É um inútil, Deimus! 

Ele não levantou a cabeça nem tentou se defender, nem sequer quando 

ela pegou sua espada do cinto, desembainhou a lâmina e a cravou 

profundamente em seu peito com um poderoso impulso. 

Lentamente, levantou sua cabeça e seus olhos verdes se arregalaram até 

que tudo o que ela viu foi o branco. O choque que seu rosto mostrou só serviu 

para jogar mais combustível no veneno de suas veias quando retorceu a espada, 

provocando tanta dor quanto fosse possível. 

Ele ofegou. Caiu de joelhos aos seus pés. Com o sangue Jorrando, ela 

apoiou um pé contra seu peito e tirou a lâmina bruscamente, então empurrou o 

braço para um lado para que a lâmina cortasse ar e ceifasse sua cabeça. Ela 

rolou pelos degraus de pedra com um golpe repugnante. Rangendo os dentes, 

pressionou com a planta do pé até que seu corpo a seguiu e foi parar perto da 

cabeça na base da escadaria do templo. 

256

Tiamat World 



Os outros três daemons desviaram os olhos de horror. 

— Thanatos — gritou— , dê um passo à frente. 

O daemon do centro levantou os olhos cautelosamente e, embora tivesse 

hesitado um instante, obedeceu, parando onde antes estava Deimus. 

Ela gostou que ele não tremesse, embora devesse está oprimido pelo medo. 

— Empenhe sua lealdade, aqui e agora. 

Ele se ajoelhou e inclinou a cabeça. 

— Juro servir à deusa até a morte. 

Estranhamente calma por causa de seu voto, levantou os ombros e 

endireitou as costas. 

— Quem é sua ama? 

— Você, minha rainha. 

— Que você procura? 

— Destruir Argolea e tudo o que representa. 

Atalanta tomou um fôlego calmante. Devido à incompetência de Deimus, 

perdeu a mestiça. No entanto, Isso não queria dizer que tinha terminado. 

Conhecia a maldição de Hera. Só tinha que acreditar que o Argonauta não 

conseguiria ir adiante com a união das Escolhidas. E ainda havia outros meios de 

vingança. 

Tirou a espada de Thanatos de sua bainha e colocou a parte plana da 

lâmina contra o topo de sua cabeça. 

— Você, Thanatos, demônio da morte, por este meio é nomeado 

comandante de meu exército — a eletricidade fluiu de sua mão, para a lâmina e 

para Thanatos, enquanto a força adicional concedida ao seu archidaemon 

penetrava em seu corpo. — Não me decepcione. Minha paciência está se 

esgotando perigosamente. 

Levantou a espada e a entregou. 

— Agora se levante. E vá matar. Quero sangue. 

— Sim, minha rainha — Thanatos se inclinou, virou-se e deu um passo sobre 

Deimus sem um olhar. 

Sozinha, Atalanta respirou fundo e depois olhou para a coluna enegrecida 

257

Tiamat World 



do lado direito de seu templo. 

— Aproxime-se, Maximus. 

O silêncio foi sua resposta. Mas ela sentiu sua respiração. E seu medo. Isso a 

alimentou. Como sempre fazia. 

Pouco a pouco, dois pés se arrastaram de trás da coluna maciça, e o 

menino saiu das sombras com os olhos arregalados e o rosto desfigurado pelo 

terror. 

Sua impressionante semelhança com seu pai sempre a deteve. Os cabelos 

loiros e as feições cinzeladas. Poder. Aos dez anos era grande para sua idade, já 

se vislumbrava o guerreiro em que um dia se transformaria. Seu guerreiro. 

Formado, moldado e nutrido por ela. 

— Mais perto. 

Ele deu um passo para ela, com cuidado, percebeu, sem olhar os restos 

mutilados de Deimus, mantendo seus olhos nela. Quando chegou perto o 

suficiente, ela pegou sua mão, seus dedos deslizaram sobre e ao redor das 

marcas que se iniciavam nos antebraços e entrelaçou seus dedos. Puxou-o com 

força até que ele ficou de pé sobre o corpo de Deimus, suas costas apoiadas 

contra o seu estômago, suas mãos estabelecidas sobre seus ombros para mantêlo 

em seu lugar. 

Ela o sentiu tremer e sorriu quando se inclinou para sussurrar em seu ouvido. 

— Observe bem, yios, e me diga o que vê. 

— Vejo… (*)inépcia. 

Já tinha aprendido muito, mas sempre haveria algo mais. 

— Inépcia, o quê? 

— Inépcia — engoliu em seco, duramente— , matéras 45 . 

Mãe. Seu sorriso se ampliou. 

— E o que é sua matéras, acima de tudo, Maximus? 

Ele hesitou. Ela sentiu isso. Sabia que o conflito interno entre o bem e o mal 

que vivia dentro dele era furiosamente ardente e feroz. O conflito interno que ela 

45 

Matéras – mãe. 

Népcia - Falta absoluta de aptidão, Grande falta de inteligência; idiotismo 

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ganharia até que ele se voltasse para ela completamente e sem consciência. 

— M… misericordiosa. 

Seu sorriso desapareceu enquanto deslizava os braços pelo peito dele e o 

apertava com mais força contra ela. Ele ficou sem fôlego e ela apertou ainda 

mais como uma jiboia constritora, sabendo… mostrando que tinha o poder 

supremo sobre ele e sempre o faria. 

— Sim, yios. Sua matéras é misericordiosa — grunhiu ao seu ouvido. —Sou tão 

compassiva que sou a única que pode salvá-lo. Sabe que é verdade. E seria 

inteligente lembrar disso. Sempre. 

Ela o manteve o tempo suficiente para fazê-lo saber seu ponto, até que ele 

não conseguia gritar procurando ar. Seus músculos se esticaram contra ela, mas 

ele sabia que não devia lutar. Sabia que se fizesse isso, iria terminar no mínimo, 

muito pior do que estava agora. 

Quando o soltou, ele tomou uma baforada de ar e caiu de bruços no chão 

com as mãos e joelhos sobre o corpo decapitado de Deimus. Sua pele e roupas 

sujas de sangue no entanto se levantou com rapidez, tropeçando e chocando-se 

contra o monstro. Mas quando ele se virou, respirando pesadamente, e seus 

brilhantes olhos prateados finalmente se levantaram para os dela, já não havia 

medo ardendo em seu fundo e sim determinação. 

Determinação e um ódio forjado por sua mão. 

O orgulho correu através dela. OH, sim. Estava mais à frente do tempo que 

ele assumiria o seu lugar de direito ao seu lado e aprenderia o verdadeiro 

alcance de seu poder. Especialmente agora, quando poderia ser a chave de seu 

plano depois de tudo. 

— Amanhã você se unirá a Phobus no círculo de formação. 

Nem um indício de emoção passou por seu rosto ante a notícia de que em 

poucas horas estaria lutando como o daemon que jazia aos seus pés, até a 

morte. Sem medo, sem terror, sem relutância ou gritando que ainda era um 

menino. Simplesmente não havia… nada. Seu orgulho aumentou. Ele já carecia 

da humanidade engendrada nos Argonautas que com o tempo seria sua 

perdição. Sua formação terminaria o trabalho para torná-lo totalmente de sua 

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Tiamat World 



maneira. 

— Deixe-me agora. 

Ele fez isso. Sem uma só palavra. Os ombros altos, a cabeça erguida, as 

costas reta, com a confiança dos que nascem da classe guardiã. Seus olhos o 

seguiram até o muro externo em torno de seu templo antes de virar-se e subir os 

degraus de seu altar. E quando o fez, seu olhar percorreu mais uma vez o rio 

Estigia 46 que tão frequentemente era sua única fonte de prazer naqueles dias. 

— Ele é uma besta de carga, Meleager — disse em um suspiro. — Mas um 

dia não muito longínquo, será o filho que deveríamos ter tido. 

Silêncio. Não que ela esperasse que Meleager respondesse. Nunca o fazia. 

Passou as mãos sobre os braços frios. Tremiam. Pensou a respeito de tudo o 

que o dia havia lhe trazido. 

Não tinha terminado ainda. Ela era a maior heroína que já tinha caminhado 

sobre a terra. Seu pai sabia disso. Meleager sabia disso e tinha morrido por isso. O 

restante saberia também. 

— Logo — murmurou, olhando para a água. — Logo terei minha vingança. 

Zander conhecia um beco sem saída quando via um. Infernos, estavam 

vivendo em um, não? E não havia dito a Theron mil vezes a mesma maldita coisa 

que Theron tinha acabado de lhe dizer, que estava bem, e que deixasse seu 

traseiro em paz? 

Sim, ele tinha feito isso. Mas não se tratava de Zander. Nem mesmo de 

Theron, não realmente. Tratava-se dos Argonautas. E dos Escolhidos. E do futuro 

de cada pessoa de sua raça. 

— O que Phineus está fazendo do lado de fora do quarto de Isadora? — 

Perguntou Theron, olhando para a suíte de Isadora enquanto passava, tentando, 

sem êxito, mudar de assunto. 

Mais uma vez. 

— O rei ordenou que fosse vigiada — disse Zander, julgando a reação de 

46 

O rio Estigia, Estige e ou Styx é o rio da imortalidade, um dos rios do Hades. Segundo uma versão da lenda de 

Dionisio, uma promessa pelo Estige é o voto mais sagrado que pode ser feito. 

260

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Theron enquanto se dirigiam à suíte do rei. 

Theron não havia dito muita coisa desde que saíram de sua casa. Seu 

silêncio e a lembrança da maneira como chamou de meli a Primeira Escolhida, 

dava voltas na cabeça de Zander. 

Ele esperava seriamente que isto não fosse o que acreditava que era. Para 

Theron tudo era trabalho. Ele não era propenso às emoções humanas. E nunca 

cairia ante uma fêmea por quem não deveria. Não como Zander. 

Apenas pigarreou como sinal de desaprovação, concentrou-se nas escadas 

adiante enquanto subiam até o quarto andar e a cada passo retesava os ombros 

e apertava a mandíbula como uma bomba relógio a ponto de explodir, ficou 

claro para Zander que suas suspeitas eram corretas. Amaldiçoou em voz baixa. 

O líder dos Argonautas se apaixonou pela fêmea. Pela Primeira Escolhida 

nada menos. De todos os estúpidos e loucos movimentos… ele não tinha 

aprendido nada com os erros de Zander? 

A frustração de Zander crescia à medida que suas botas estalavam no 

patamar de mármore do lado de fora das câmaras do rei. No entanto, ficou 

imobilizado em um batente quando Theron abriu a porta externa e Callia saiu da 

suíte do rei. Então velozmente, o peito de Zander se incendiou como se tivessem 

mergulhado uma espada flamejante em sua carne. 

Por esta razão, odiava vir ao maldito castelo. 

Uma criada levantou de onde estava sentada atrás de uma escrivaninha e 

se inclinou. 

— O rei os espera, guardiões. 

Os olhos de Callia saltaram de Theron para Zander, e rapidamente os 

desviou como se não pudesse suportar olhá-lo. E por que diabos isso aborreceu 

tanto Zander quanto a torrente de dor que pensou que tinha deixado de lado há 

tanto tempo? 

Ele era imortal, maldição. Um guerreiro feroz que não tinha medo de nada. E 

no entanto, cinco minutos naquele castelo, e queria fugir gritando como uma 

pequena gynaíka. 

Seu estado de ânimo se tornou negro. OH, que sorte a sua. Tinha toda a 

261

Tiamat World 



eternidade para superar isso. 

Ao lado de Zander, Theron franziu o cenho e olhou para ambos, obviamente 

sentindo… algo. Mas como Theron antes, Zander não quis se aprofundar nisso. Isso 

sim que não, de maneira nenhuma. Sacudiu a cabeça e murmurou: 

— Não pergunte. 

Theron não o fez. Em vez disso olhou para Callia. 

— Como vai? 

O olhar de Callia se chocou com o de Theron, e ela levantou o queixo. 

— Está descansando. Não faz muito tempo. Não quero que se agite mais do 

que já está. 

Theron assentiu com a cabeça. 

— Não demoraremos. 

Callia lançou um olhar rápido para Zander, depois se dirigiu ao corredor de 

pedra sem mais uma palavra, como sempre fazia quando seus caminhos se 

cruzavam, seus sapatos sapateando suavemente em seu rastro. 

Aquela cólera pairou sobre a borda, empurrando Zander por todos os lados 

e o tentou a morder o anzol. Não queria ceder a ela, mas quando Theron fez um 

movimento para abrir a porta do rei, Zander viu a si mesmo e a cada um de seus 

erros. Moveu-se sem pensar e deteve Theron com uma mão em seu braço. 

— Um momento. Antes de entrar — isto não é problema seu. — Por Hades, o 

que está acontecendo com a mestiça? 

A mandíbula de Theron se apertou. 

— Nada. 

— Nada? — Zander deixou seu braço cair mas não recuou ante a postura 

defensiva de Theron. Com que não era seu problema. No fundo de sua alma seria 

condenado se deixasse que um de seus companheiros sentisse sequer um grama 

do que ele sofria. — Não pareceu nada de onde eu e Cerek encontrávamos 

A mandíbula de Theron se contraiu novamente. 

— Não é seu assunto. É entre o rei e eu. Deixe-o, Argonauta. 

— Não é meu assunto? — Zander se interpôs entre Theron e a porta do rei 

antes que o líder dos Argonautas pudesse mandá-lo embora. A labareda nos 

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olhos de Theron o advertiu que ele não estava com humor para jogos. Bem, que 

foda-se. Zander tampouco estava com ânimo para babaquices. Não depois dos 

últimos minutos. — Infernos que não o é. Theron, isto diz respeito a todos. E ao 

nosso futuro. 

Theron franziu os lábios e deu um passo para trás. Em seu silêncio, Zander 

seguiu adiante. 

— Que pensa que está fazendo homem? Ela é uma mestiça. 

— Eu sei. 

— E a Escolhida. 

Theron baixou a cabeça e passou uma mão pela testa. 

— Eu sei. 

A compaixão deslizou no peito de Zander. Compaixão por seu 

companheiro, que obviamente estava totalmente em conflito naquele momento. 

Theron devia saber que sua força sobre-humana não o salvaria daquela vez. 

Estava prestes a chegar ao fundo do poço. Por uma fêmea. E Zander sabia muito 

bem o quanto aquela maldita dor era ruim. 

— Tem que deixá-la ir, Theron. Isto não vai terminar bem e você sabe. Só 

está prolongando o inevitável. 

A cabeça de Theron se levantou e o fogo de seus olhos se reavivou. 

— Para quem estou piorando, Guardião? Para o rei? Ele está morrendo. 

Dentro de algumas semanas não dará nada por nenhum de nós. Para Isadora? 

Ninguém sequer sabe o que vai acontecer com ela. Para nossa raça? — 

escarneceu. — A maioria de nosso reino não entende o que diabos fazemos por 

eles. O Conselho se certificou disso. Por que eu deveria dar uma merda por eles? 

A reação incomum de Theron disparou os sinos de alarme na mente de 

Zander. 

— Porque é seu dever. 

— Meu dever mudou. 

— Theron… 

— Não — Theron alcançou a porta. — Estou farto de ficar de braços 

cruzados enquanto que ele brinca de deus. Não tem nem ideia do que ele tem 

263

Tiamat World 



feito, Zander. Nenhuma puta ideia. 

Theron empurrou Zander e abriu a porta do rei. Imediatamente, o aroma das 

ervas medicinais e o cheiro de doença impregnava o ar. A contra gosto, Zander 

o seguiu, mas o que ele queria era colocar um pouco de bom senso em Theron 

antes que ele cometesse o pior erro de sua vida. 

As pesadas cortinas de veludo estavam fechadas, emitindo apenas uma 

linha de luz próximo das bordas do tecido que não fazia nada para iluminar o 

ambiente. Os lençóis da cama rangeram. 

— Quem está aí? — Perguntou uma voz fraca. 

Zander precisou de alguns minutos para achar qualquer traço familiar no 

frágil ándras reclinado sobre a montanha de travesseiros. A face do rei estava 

encovada e os olhos fundos. A pele parecia pendurar sobre os ossos e seus 

cabelos agora estavam brancos como a neve. Parecia que tinha envelhecido 

cinquenta anos só nos últimos dias. 

— Fale — gritou o rei. — Quem está aí? Posso não ser capaz de ver bem, 

mas sei que não estou sozinho. 

— Mandou me chamar — disse Theron com a voz seca. —Eu vim. 

O rosto do rei se suavizou. 

— Theron. É você, rapaz. Estava começando a me preocupar. 

A mandíbula de Theron contraiu. 

— Diga —disse o rei com a voz emocionada. — Você a encontrou? 

Theron olhou para Zander, e este não perdeu a advertência em seus olhos: 

Não diga uma maldita palavra. 

Merda. Zander ficou rígido, sabendo que ia presenciar a colisão de um trem. 

Isto ia de mal a pior e não havia quase nada que pudesse fazer para evitar. 

— Encontrei-a — disse Theron, simplesmente, voltando a concentrar-se no 

rei. 

O rei deu um longo suspiro de alívio. 

— Graças a Hera. Trouxe-a com você? Onde está? Temos que uni-la a 

Isadora. Minha filha não está bem. 

— As duas são suas filhas — contradisse Theron. 

264

Tiamat World 



O rei ficou imóvel. Zander deu um passo para mais perto, a adrenalina 

bombeando seu corpo. 

O olhar que Theron enviou para ele poderia ter cozido seu sangue, mas 

Zander o ignorou. Neste momento só queria se assegurar que Theron não batesse 

no rei. E puta merda, não era irônico? Normalmente, ele era o Argonauta que 

devia engolir sua fúria, não o inverso. 

Theron voltou a olhar para o rei. 

— Não sente curiosidade sobre ela? 

O rei permaneceu em silêncio e imóvel. E sua total falta de emoção 

desencadeou uma fúria em Theron que Zander nunca tinha visto antes. 

Os olhos negros como brasas do Argonauta se arregalaram tanto que 

pareceram consumir seu rosto. Suas mãos se apertaram em punhos nos flancos e 

cada músculo de seu corpo se agrupou para a batalha. 

— Bem, deixe-me dizer isso a você. Seus cabelos são escuros, seus olhos são 

violetas, como os seus. É alta e magra. Atlética. O contrário de Isadora. Sua 

constituição é mais parecida com a sua. Ela é dona de seu próprio negócio. 

Viajou por todo mundo. É amável, gentil e inteligente o suficiente para me pôr em 

meu lugar. E não há muito que possa assustá-la. Quando ficou cercada por 

daemons manteve a calma. Até mesmo teve forças para salvar o meu traseiro. 

Mais de uma vez. 

— Basta — disse o rei. 

— Ela se preocupa pouco com ela mesma. Se pudesse daria a camisa para 

alguém que a necessitasse. E está cheia de mais humor, bondade e vida do que 

você ou eu já conhecemos. 

— Basta— disse o rei com os dentes cerrados. 

Merda. Merda. Zander tinha pensado que Theron tinha caído pela mestiça? 

O Argonauta não tinha caído. Tinha se jogado de cabeça. Obviamente, sem 

pensar, era uma merda. 

— Theron — interveio Zander, tentando apaziguar a situação, apesar de 

saber que era a última pessoa no universo que deveria fazer isso. Cerek era o 

pacifista, não ele. — Basta. 

265

Tiamat World 



Theron disparou um olhar para Zander capaz de levantar bolhas. 

— Foda-se, Zander. 

Uau. A raiva contra a qual Zander lutava todos os dias borbulhou a níveis 

explosivos. Curvando os dedos de suas mãos, respirou fundo e recordou a si 

mesmo que Theron era seu companheiro. E que estava sofrendo. Zander poderia 

identificar-se com isso, mesmo se tudo o que ele fizesse fosse o lembrar do quanto 

tinha sido idiota um dia. 

— Eu disse que basta — repetiu o rei com firmeza. 

— Sim, sabe o que mais? — escarneceu Theron, lançando seu olhar 

novamente para o rei. — É incrível — deu um passo mais para perto dos pés da 

cama. — Tem alguma ideia de como ela reagiu quando soube que era meia 

Argolean? Colocou as mãos à obra e ajudou os misos, uma raça da qual não 

sabia nada. Uma raça que você me disse que não existia. Um ramo da nossa, 

que esteve na linha de frente combatendo os daemons, enquanto nos 

mantivemos a margem e não fizemos nada. Nada! Sabe quantos há lá fora? 

Quantos morreram? Foram mutilados? O que aconteceu por sua culpa? 

O rei não respondeu, e Zander se achou olhando para seu companheiro, 

sem poder acreditar que o que estava ouvindo fosse verdade. 

— Centenas — disse Theron com os olhos chamejantes. —Só naquela 

colônia. Milhares em todo mundo. 

— Santo Hades — sussurrou Zander. 

— Basta! — Gritou o rei. 

O rei estava visivelmente alterado, e o suor escorria por sua testa velha e 

enrugada, mas Theron não se retratou. 

— Se ela soubesse por que a trouxe para cá, provavelmente se sacrificaria 

por você e sua nobre causa. Porque ela é uma pessoa altruísta. Mas não deixarei 

que ela faça isso. 

Pela primeira vez, o rei olhou para cima, e entrecerrou os olhos duramente 

para ver. 

— O que você disse? 

— Disse que não a levarei nem a um quilômetro de Isadora — disse Theron 

266

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com calma. — Considere sua profecia nula e sem efeito. 

Zander prendeu a respiração. 

O rosto do rei se tornou cinzento. 

— Não sabe o que está dizendo. Isadora morrerá. 

Theron inclinou a cabeça. 

— E por quer você se preocupa com isso, Leo? É porque perderá a herdeira 

ao trono ou por que ela é sua filha? Porque desde que o conheço, você cuidou 

tanto de Isadora quanto dos misos. E todos nos sabemos que ninguém fora destas 

sagradas paredes tem importância para você. 

A cara branca do rei passou para vermelho beterraba, e ele lutou para sair 

da cama. 

— Não sabe do que está falando! 

— Digo a verdade! 

No silêncio que se seguiu, Zander não tinha certeza do que fazer. A fúria de 

Theron estava tão perto da superfície que tremia. E Zander não quis empurrar o 

Argonauta mais à frente para que atravessasse o quarto e jogasse o velho contra 

a parede. Ele entendia aquela raiva e a necessidade de aniquilar. Droga, ele a 

vivia a cada dia. E ele a sentia agora. De seu amigo. De si mesmo. Da imagem 

bruxuleante de Callia do lado de fora daquela porta que ainda permanecia em 

sua cabeça e das emoções não desejadas que esse fato despertou dentro dele. 

— Eu os vi — disse Theron, sacudindo a cabeça. — Vi o que eles passaram. E 

no entanto, você não fez nada. Não fizemos nada! E agora você quer libertar 

Atalanta do Tártaro para que realmente possa iniciar sua preciosa guerra? Dar 

rédea solta aos daemons? Não permitirei isso. Não deixarei que mais nenhuma 

pessoa morra para que sua ardilosa profecia se torne realidade. Nem mesmo por 

Isadora. Pode chamar todos os deuses do Olimpo para que venham ajudá-lo, 

mas aviso a você. Nunca deixarei que se aproxime de Acácia. Morrerei primeiro. 

O rei ficou sem fôlego. Theron se virou para a porta. 

— Seu pai compreendeu — disse o rei a suas costas. — Ele tinha mais honra 

em sua mão direita do que você em seu corpo inteiro. 

O punho de Theron golpeou a parede perto da porta com tal fúria, que 

267

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criou uma cratera do tamanho de uma janela. Tirou o braço dos escombros e 

virou a cabeça para o rei. 

— Meu pai está morto, filho da puta. E no que me diz respeito, você pode se 

unir a ele. 

Theron saiu do quarto, deixando uma tensão efervescente em seu rastro. 

Uma que caiu em cima de Zander como uma onda, empurrando-o e o puxando 

na corrente deixada para trás. O vínculo que tinha com seu antepassado Aquiles, 

com Theron, o instigou a seguir e dizer “foda-se” o mundo. Mas aquela parte dele 

que lutava pelo que era certo e o que se esperava dele fez seus pés se 

enraizassem no lugar. 

— Argonauta — disse o rei com voz rouca. — Ainda está aqui? 

Sim, ele ainda estava ali. Como sempre. Passando a eternidade opondo-se 

aos malditos monstros contra os quais lutou os últimos oitocentos anos de sua vida 

infinita. 

— Estou aqui. 

— Você foi nomeado líder dos Argonautas. Reúna o restante dos guardiões. 

Quero que a Escolhida seja levada para Isadora agora. E se Theron se interpuser 

em seu caminho, tem minha permissão para usar toda a força necessária para 

afastá-lo. 

Puta… merda. A testa de Zander se içou em choque total. Isso não era o 

que ele queria. Longe disso. Era um lutador. Não um líder. Nunca. 

— Acredito… 

— Vá. Agora — retrucou o rei. — Se não puder obedecer às ordens, 

encontrarei alguém que o faça. 

Ele estava o expulsando? Assim? Nem em sonhos. Não importava que a 

ordem viesse do rei. Naquele momento, Zander teve um flash de uma lembrança. 

De outro ándras. Mandando-o embora da mesma forma. Como se ele não fosse 

nada. 

Daquela vez também foi por causa de uma mulher. 

Aquela fúria empurrou a barreira de seu controle. E Zander entrecerrou os 

olhos. 

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Tiamat World 



— Theron é mais forte que todos os Argonautas juntos. E se o que ele 

acabou de dizer é verdade, tem toda razão para estar contra você, Sua Alteza — 

e com o grito de assombro do rei, virou-se para a porta. — Não serei seu bode 

expiatório. Nem o de ninguém. Consiga outro guardião. 

Casey afastou as cobertas com um longo suspiro e desceu da grande cama 

de Theron. Não conseguia dormir. Seu corpo estava exausto, mas sua mente não 

parava de dar voltas. O pequeno cochilo que tirou só piorou sua insônia. 

E aquela maldita sensação de formigamento na parte baixa das costas não 

desaparecia. 

Depois de um banho de água quente que não fez nada para relaxá-la, 

procurou na cômoda de Theron e encontrou uma camiseta branca que 

chegava aos seus joelhos. O objeto era enorme, mas sorriu e a puxou por cima da 

cabeça. Tinha o cheiro dele e era muito macio contra sua pele, o que, ao menos, 

era reconfortante. 

Descalça, caminhou pelo longo corredor com a intenção de investigar um 

pouco, se ia ficar sozinha em sua casa. Na entrada da imensa sala de estar fez 

uma pausa, e quando não viu Cerek, entrou na sala olhando ao seu redor. 

O cheiro de tomilho era forte, e um olhar lhe disse que vinha de um 

queimador de incenso na sala. Aproximou-se para olhá-lo. Sim, isso é o que era. 

Estranho. 

Virou-se e estudou a decoração. Adorou que não houvesse toques 

femininos. As cores, os móveis, até mesmo as obras de arte nas paredes eram 

muito masculinas com linhas puras e padrões ousados. Nenhuma namorada tinha 

decorado o lugar para ele. Ele mesmo tinha feito isso. 

Passou a mão na parte de cima de um sofá em seu caminho e se lembrou 

do que ele disse no bosque. Em meu mundo, um ándras pode saber se uma 

gynaíka é sua alma gêmea, compartilhando a cama. Ela riu da ideia absurda. 

Depois ficou séria quando sua face queimou e o calor deslizou por seu abdômen. 

Não fazia sentido. Doente como sabia que estava, não deveria estar 

pensando em manter relações sexuais com um guardião tão forte quanto Theron. 

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Tiamat World 



Mas o fazia. De fato, fortaleceu sua ousadia e decidiu que era exatamente isso o 

que queria. Não conseguia parar de pensar no modo que ele a beijou antes que 

Zander e Cerek chegassem. No modo que a tocou. Sobre o que teria acontecido 

se não os interrompessem. 

Com uma grande necessidade de distração, Casey se dirigiu à cozinha e 

disse que iria encontrar algo para comer. Theron tinha razão. Precisava manter 

suas forças para tudo o que estava por vir. E sobretudo para a noite que queria 

ter com ele quando retornasse. Ela se preocuparia com todo o resto mais tarde. 

Abriu a geladeira gigante e olhou. Fixou-se no sanduíche, que parecia restos 

de macarrão, algum tipo de carne que não queria nem olhar, água mineral, 

cerveja e sucos. Nenhum refrigerante. Um sorriso surgiu em sua boca ao alcançar 

a garrafa de suco e lembrou-se da refeição que ela e Theron compartilharam em 

sua casa. Em sua maior parte, as coisas naquele mundo pareciam bastante 

normais. Tudo, menos a falta de refrigerante. 

Estava se servindo de um copo quando ouviu vozes abafadas do lado de 

fora da janela da cozinha. Cerek estava na varanda falando com alguém que 

ela não conseguia ver. Sua adrenalina disparou quando tentou olhar ao redor do 

enorme corpo de Cerek. Quem mais poderia vir ali? 

Minutos depois, obteve sua resposta quando a porta da cozinha se abriu e 

Theron entrou pisando forte pela casa. 

Seu coração começou a chutar e sorriu para ele. 

— Olá, carinho. Como foi seu dia? 

Um olhar para seus olhos duros e seu sorriso desapareceu. Está bem, não foi 

um dia tão bom, afinal. 

Ele atravessou a cozinha indo até o refrigerador e fechou a porta que ela 

tinha deixado aberta com um estalo. 

— O que está fazendo fora da cama? Eu disse a você que se deitasse. 

— Não percebi que era uma ordem. 

— Não foi. Foi uma sugestão. Uma muito forte. Agora volte para a cama. 

Casey o olhou fixamente. Aquele formigamento retornou mais forte que 

nunca. Ele estava naquele estado de ânimo por alguma razão. Ela poderia brigar 

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Tiamat World 



com ele ou tentar acalmá-lo. O último parecia mil vezes melhor. 

— Pare de se preocupar, Theron. Estou bem — tentou sorrir. — Senti 

saudades. 

Seus olhos se suavizaram, apenas um pouco, mas fez ressurgir a coragem e 

dirigir-se a ele. Levantou sua mão com a intenção de beijá-la, mas os cortes 

vermelhos e inchados nas juntas a detiveram. 


— Nada. 

Rapidamente ele recuou e se aproximou da pia, onde abriu a água e lavou 

as mãos, encolhendo-se quando o sabão tocou suas feridas abertas. 

— Isso não é nada. 

— Deixe disso agora, Acácia — disse, sem se incomodar de olhar para ela. 

— Não lhe diz respeito. 

Não lhe dizia respeito? Auto lá! Um momento. Ela o amava e queria ajudá-lo 

a aliviar o que estivesse errado, e não era assunto dela? Ele foi ver seu pai e 

voltou não só com um humor dos diabos mas também com cortes na pele, e lhe 

dizia que não era assunto dela? 

— Você é um péssimo mentiroso, Theron. 

— Os Argonautas não podem mentir. É uma maldição. 

Seus olhos se estreitaram. 

— Então, omitem muito bem. É o rei das omissões. 

Ele ignorou a provocação e pegou um pano de cozinha da gaveta. 

— Há algumas coisas que tenho que fazer. Você deve se deitar e dormir um 

pouco. 

Isso era tudo. Fim do assunto. 

— Argh! — Atravessou a cozinha, pegou-o pelo braço e puxou tão forte 

quanto pôde, até que ele a encarou e então o empurrou no peito até que bateu 

as costas no balcão. — Seus pequenos segredos estão começando a encher 

meu saco. E juro por Deus, que se voltar a me dizer novamente que me deite 

cortarei minhas veias! Ou as suas. 

Seus olhos se arregalaram ao ver como seu rosto devia parecer 

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enlouquecido, mas não se importava. Já tinha tido o suficiente. 

— Acácia. 

Ela imitou sua expressão confusa e o golpeou com força no ombro. 

— Theron! — A dor subiu por seu braço, mas cerrou os dentes e devolveu seu 

olhar. 

Pouco a pouco, suas sobrancelhas se franziram. 

— Está zombando de mim… outra vez? 

Zombando dele? OH, santo inferno. Ele podia ser um dos maiores guardiões 

que já existiu, mas o homem não tinha nem ideia. 

Olhou para ele com raiva. 

— Se estivesse zombando de você, Theron, teria pensado em uma forma 

muito melhor para fazer isso. Como esta. 

Num impulso, tirou a camiseta pela cabeça e a deixou cair no chão até que 

se achou completamente nua na frente dele. Aqueles olhos confusos, embora 

pecaminosos e sexys se arregalaram até que ela pensou que sairiam das órbitas. 

E considerando o quanto estava exaltado agora certamente, não era uma coisa 

ruim. 

— Sei que sou apenas um trabalho para você, mas você talvez queira 

trabalhar suas habilidades de hospitalidade. Basicamente droga. Ah, e para que 

conste, não estou cansada de forma alguma. Mas obrigado pela sugestão — 

girou sobre seus calcanhares e saiu da sala. 

Ela poderia ter feito todo o caminho de volta para o quarto se não fosse 

atropelada por um trem vindo de trás na metade do corredor. Ao menos, isso foi 

o que sentiu. Um segundo estava caminhando, e no outro estava sendo varrida 

do chão e jogada contra a parede. 

Seu fôlego saiu disparado em um ofego. Nem sequer o ouviu se mover. De 

algum modo ele segurou sua cabeça e por isso seu rosto não bateu contra o 

gesso. E apesar de ter sido suave para que não resultasse gravemente ferida, o 

vendaval a deixou atordoada. 

— Você não é apenas um trabalho para mim — grunhiu em sua orelha 

quando separou suas pernas e se encaixou firmemente contra seu traseiro. Seu 

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hálito quente ventilou seu pescoço, enviando ainda mais formigamentos por suas 

costas. — E não digo as coisas a você, porque quero mantê-la a salvo. Não 

porque goste de esconder isso de você. 

Seu ritmo cardíaco disparou para três dígitos. Percebeu tarde demais que 

seu pequeno arrebatamento tinha sido infantil e que tinha enchido o saco de um 

guerreiro Argonauta de cento e quinze quilos com a força de uma escavadora. 

— Eu… 

— E tirar a camiseta não foi uma boa ideia, meli, porque agora vi cada 

centímetro de você — sua boca se fechou sobre o lóbulo de sua orelha e o sugou 

com força. 

Ela estremeceu. Prendeu a respiração. Ficou imóvel quando a mão dele 

deslizou por seu abdômen até suas dobras e encontrou sua umidade. Depois a 

levou quase até o limite. 

OH, Deus. Foi assim que ela tinha pensado que seria com ele. Rápido e 

frenético, duro e violento. Completa e absoluta fundição de ossos. 

— Theron… 

Não chegou a terminar sua declaração, porque ele se afastou, virando-a 

para que ficasse de frente para ele e reclamou sua boca, tomando a língua e 

lábios e devorando-os até que foi dele. 

O ar roçou suas costas, e só quando ela bateu no colchão foi que percebeu 

que ele a carregou todo o caminho de volta para seu quarto. 

— Os pés na cama — ordenou ele. 

Seu cérebro estava um caos. Plantou seus calcanhares no colchão, sem 

hesitar. Abafou um grito quando ele se inclinou para beijá-la novamente, 

empurrando suas coxas para abri-las no processo. Sua língua serpenteou sobre a 

dela, tomando-a profundamente e soltando-a com a promessa erótica de que 

soubesse o que ele logo estaria fazendo ao seu corpo. Uma pequena voz no 

fundo de sua mente a advertiu cortante, que sexo feroz e selvagem não era uma 

boa ideia, enquanto sua boca se movia para baixo beliscando, chupando e 

lambendo, ela achou difícil escutá-la. 

Sua mão encontrou o seio direito, seus lábios, o esquerdo. Ele o colocou 

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Tiamat World 



profundamente em sua boca e o sugou com força até que a eletricidade 

inundou seu sistema, correu para seu centro e ela arqueou as costas, procurando 

a liberação. Como se ele pudesse ler seus pensamentos, seus lábios se 

encaminharam para seu abdômen, ainda mais para baixo. Até que ela sentiu a 

mão em seus tornozelos, mantendo-a firmemente no lugar para que não pudesse 

mover-se enquanto sua cabeça baixava e sua língua fazia uma varredura longa 

e possessiva por sua fenda. 

Ela estremeceu. Teve que morder os lábios para não gritar quando ele fez 

isso novamente. Suas mãos agarraram com força o edredom nos quadris 

enquanto a língua dele lambia e fluía. Mas quando ele amamentou, foi demais. 

As estrelas explodiram atrás dos seus olhos e o mundo se sacudiu. 

Ele não parou. Levou-a até o limite repetidas vezes com aquela língua 

talentosa, com esses lábios incitantes, até que ela estremeceu embaixo dele. 

Quando finalmente ele a soltou e ela voltou a si, aquela boca incrível estava 

beijando seu quadril, umbigo e nas costelas sob seus seios. Desta vez com mais 

suavidade. Menos frenético. Como se tivesse mil anos para fazer e estivesse 

apenas memorizando cada segundo. 

Quase relaxada demais para se mover, murmurou: 

— O que… o que foi isso? 

Ele virou a face contra seu estômago. Respirou fundo. 

— Eu não machuquei você, não é mesmo? 

A mudança que percebeu nele foi tão dramática, que não soube o que 

fazer com ele. Em um minuto estava fora de controle, louco por ela. No seguinte, 

totalmente calmo. 

Aquele formigamento retornou. 

— Theron? 

— Sim? 

— O que está acontecendo com você? 

O silêncio os envolveu. Então, finalmente, ele disse: 

— Nada. Está tudo está bem. Como deve ser. 

Mas não parecia bem. Mais do que tudo, ele parecia… triste. 

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Tiamat World 



Ele se apoiou em um cotovelo para olhar para ela embaixo. 

— Tem certeza que eu não a feri? 

Como podia dizer a ele que seus segredos a feriam mais que qualquer outra 

coisa? 

— Não. Eu gostei da forma como você me tocou. Foi bom. Como se você 

me quisesse. 

Seus olhos escureceram. 

— Quero você. 

— Então me demonstre isso. 

Ele hesitou o suficiente para fazê-la pensar que tinha mudado de ideia, mas 

então se inclinou para beijá-la e todas suas dúvidas desapareceram. 

Ela sentiu seu gosto. E o dele. E um desejo como nunca havia conhecido, 

quando sua boca se uniu com a dela. Enquanto mordiscava seu lábio inferior, 

sugando a carne tenra entre os dentes, ela se lembrou de como era sentir seus 

lábios nos mamilos, lambendo-os, em torno deles, puxando-os profundamente na 

boca. Arrepios de antecipação percorreram sua coluna vertebral, e a pele se 

arrepios mais uma vez. 

Seus dedos encontraram o fecho do jeans enquanto ele descia sua boca 

sobre a dela e aprofundava o beijo. Estava rígido e quente quando ela colocou 

a mão dentro, e muito maior do que se lembrava. 

— Tire-o Theron. 

— Não é necessário — disse ele sobre seu ombro, pressionando um beijo em 

sua pele. Sua mão voltou para seu seio. — Consigo prazer mais que suficiente 

apenas vendo você gozar. 

Aquele formigamento foi para um nível mais alto. E no silêncio entre eles, ela 

percebeu o que estava acontecendo. 

— Isso se trata da alma gêmea? 

Beijou-a no interior de seu seio direito. 

— Não. Eu já sei a resposta. 

Ele sabia? Esperou para ouvir o resto, mas ele apenas continuou beijando-a. 

E quando ficou claro que não ia dizer, um pouco de sua raiva retornou. Bem. Ele 

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poderia ficar com todos seus segredos. De qualquer forma, não era isso que 

queria dele agora. 

Segurou seu rosto e o levantou de forma que ele se viu obrigado a olhá-la. 

— Quero você dentro de mim. Agora mesmo. Então, ou tira a calça ou vou 

ter que relembrá-lo do “vou de cortar suas veias”. 

Ele observou seu rosto. 

— Tem certeza? Não… 

— Theron. Ou você se despe agora ou vou procurar Cerek para que termine 

o serviço. 

Seus olhos brilharam. 

— Não brinque com isso, meli. Não, a menos que deseje ver o guardião 

morto. 

Seu beijo foi rude e possessivo, mas não tão bom. Sabendo que tinha ganho, 

segurou-o pela camisa para desabotoá-la o suficiente para liberá-lo passando-a 

sobre sua cabeça. Ele a empurrou por suas mãos, sem nunca afasta a boca e 

tirou o jeans. 

Milhares de músculos enlaçados encheram suas mãos. Quando ele se retirou 

e se moveu como se estivesse descendo da cama, ela se sentou e o segurou 

com força. 

— Não vai a lugar nenhum. 

Ele envolveu um braço ao redor de sua cintura e a puxou com ele enquanto 

se inclinava para a mesinha de cabeceira. 

— As camisinhas. 

— Vocês têm camisinhas aqui? 

— É claro. Nossa biologia é a mesma, lembra-se? 

Certo. Ela deveria saber disso. Por baixo, ele era mortal como ela. Havia 

tantas similitudes entre eles. Como também muitas diferenças. 

Deu uma sacudida rápida em sua cabeça. 

— Não precisamos delas. 

— Sim. 

— Não é o momento adequado do mês para mim, Theron. E considerando 

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a rapidez que estou piorando, nos dois sabemos que não vou ficar grávida. 

Ele parou. Olhou-a. Em seus olhos, viu que ele concordava, e esse fato não a 

incomodou. Por estranho que pareça, reforçou sua decisão. 

Suavizou a voz, querendo ser totalmente honesta. 

— Tive três amantes em minha vida. Nenhum deles era especial, e tomei 

cuidado todos eles. Com você, não quero me preocupar com nada disso. 

— Meli — seu dedo deslizou pela face dela em um movimento que foi tão 

terno que seu coração se apertou. — Você me honra. 

Ela deu de ombros, lutando contra os sentimentos que ele despertava nela. 

— Só quero ficar com você, sem nenhuma barreira. Embora seja só por esta 

noite. Sei que manhã as coisas vão mudar e você vai me levar para onde quer 

que vá. E daí, bom, quem sabe? Mas esta noite não quero pensar nisso. Só quero 

ser egoísta. 

— É a pessoa mais altruísta que já conheci. 

— Não, não sou — um fantasma de um sorriso curvou sua boca. — Sou difícil, 

teimosa, andarilha e sem foco. Simplesmente não me conhece tão bem. 

— Sei tudo o que preciso saber — sussurrou. — Sei que é perfeita. 

Ela o olhou fixamente. E as emoções que estava tentando conter chegaram 

com impaciência. Cada vez que pensava que o entendia, ia ele e mudava. 

Tinha esperado sexo feroz e selvagem e ele estava mudando isso, fazendo-a 

sentir novamente, empurrando-a muito mais sobre o gume do amor por ele. 

Maldição. Realmente ele era um herói. O seu herói. 

— Ame-me, Theron — sussurrou — Apenas… ame-me. Esta noite. Agora. 

— Meli. 

Graças aos céus, ele fez exatamente o que ela lhe pediu. Desceu-a para o 

colchão e a beijou suavemente enquanto ele se colocava entre suas coxas. 

Usando os dedos e lábios para excitá-la mais uma vez. A boca encontrou sua 

orelha, garganta, seios, os dedos, sua escorregadia e preparada umidade. 

Rodeou seu mamilo com a língua formando redemoinhos e acariciou o brilhante 

nó com o polegar. E quando deslizou um dedo profundamente dentro dela, ela 

gemeu e elevou os quadris indo em seu encontro. 

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Ele a ajustou por cima, ao longo, perto da borda e recuando, procurando 

intensamente o ponto que quase a fez enlouquecer. Ela ofegou quando sentiu 

ele retirar-se, mas depois foi recompensada com a ponta de seu pênis deslizando 

por sua fenda, rodeando seu clitóris até que ela estremeceu. 

— Theron… 

Levantou a cabeça, baixando os olhos para onde o corpo dele a tocava e 

ficou em brasas com a visão erótica ante ela: a mão forte segurando seu pênis 

enorme enquanto ele a levava para novos níveis de necessidade sexual, com os 

olhos fixos no lugar onde seus corpos quase se uniam, as veias do pescoço e 

ombros salientes com seu controle e suas feições sombreadas por pura luxúria. 

Tudo por ela. 

— Theron, OH, Deus. 

Nunca esteve tão excitada antes, e era bom muito bom, a ponta de seu 

pênis deslizando através de suas dobras, em torno de seu clitóris repetidas vezes, 

deslizando para baixo e recuando para atormentá-la outra vez. Mas não era 

suficiente. Nem remotamente suficiente. Frustrada, quando ele apenas continuou 

levando-a ao limite, ela arqueou as costas, tentando atraí-lo para onde mais o 

necessitava. Então gemeu longa e profundamente quando finalmente ele se 

aproximou de sua entrada e mergulhou dentro. 

— Ah, deuses, meli. É tão apertada, tão úmida. Tão… — Seus quadris se 

moveram para trás, em seguida, empurraram novamente, desta vez mais forte. — 

Perfeita. 

Ela deveria está tensa, tinha visto o quanto era enorme naquela noite em 

sua casa quando ele estava ferido e nu, deitado sobre a colcha de sua avó, 

havia sentido ele crescer em sua mão quando seus dedos o acariciaram de cima 

a baixo seu rígido cumprimento. E fazia muito tempo para ela. Quando sentiu ele 

pressionar dentro, um lento centímetro de cada vez, ambos gemeram pelo 

apertado e escorregadio contato, Suspirou ante a correção do momento. 

OH, sim. 

Seu beijo foi quente. Úmido. Pecaminoso. Ele empurrou lentamente, cada 

movimento um apertado deslizamento e uma retirada, até que finalmente, 

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finalmente esteve tão profundo que ambos fizeram uma pausa para tomar 

fôlego. 

Isto era o que ela queria. Ele. Assim com ela. Travados juntos, o mundo lá 

fora nada mais que uma lembrança. 

Seus olhos encontraram os dela, e a ternura que ela viu cortou todo o 

caminho até sua alma. Ela levantou a mão e a deslizou por cima de seu queixo 

sem barbear. 

— Theron. 

Ele se retirou, empurrou, manteve os olhos fixos nos dela enquanto seus 

golpes se tornavam mais duros, mais profundos, mais longos. Apertou a 

mandíbula. Uma veia pulsava em seu pescoço. O suor que gotejava da têmpora 

salpicou seus seios. Ela recuou a cabeça e gemeu de puro prazer por sua 

espessura movendo-se dentro dela repetidas vezes. E justo quando sentiu o ápice 

construindo-se, ele virou de costas, colocando-a por cima e a segurou pelos 

quadris, ensinando a ela um ritmo que quase a fez ver em dobro. 

Seu clímax se construiu, rápido e urgente. E com ele guiando-a, não teve 

escolha a não ser deixar-se levar e aproveitar a onda. Ele chocou-se contra ela, 

uma, duas, três vezes, até que ela teve certeza que não podia aguentar mais. E 

mesmo assim, continuou. Propagando-se através de cada célula de seu corpo 

até que todos os pensamentos voaram de seu cérebro. 

A adrenalina que antes havia alimentado seu temperamento mudou, ficou 

para trás, quebrou-se. Ela o ouviu dizer seu nome, percebeu sua longitude 

pulsando mais profundamente dentro dela pouco antes de cair em cima de seu 

peito. Tirando o ar de seus pulmões repentinamente muitos pequenos, ela o sentiu 

curvar os dedos sobre seus quadris, segurando-a firmemente enquanto seu corpo 

estremecia embaixo dela. 

Ele respirava com dificuldade e ficou mole dentro dela. Ela contraiu os 

músculos para mantê-lo, não estava disposta a deixá-lo sair ainda. 

Ele gemeu. 

— Meli, se continuar fazendo isso, não dormirá por toda a noite. 

Ela sorriu. Libertou-o. Contraiu-se outra vez. Seu gemido de réplica teve um 

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efeito eletrizante sobre ela. 

— O sono é superestimado. 

Ele deslizou uma mão por suas costas. 

— Acho que você mencionou isso. Brevemente. 

Deus, amava a forma como ele a tocava. Deixou escapar um suspiro de 

satisfação. 

— Se esta é a forma que os Argoleans fazem sexo, posso entender porque 

sou sua primeira humana. 

Sua mão desceu por sua coluna vertebral para curvar-se sobre seu traseiro 

antes de virá-la suavemente. Um impulso de seus quadris e ela soube que todas 

as suas contrações tinham funcionado. 

Beijou-a no pescoço. Na mandíbula. Nos lábios. 

— Acredite em mim quando digo que isto não foi normal, nem sequer para 

um Argonauta — deslizou a língua ao longo da união dos lábios até que ela os 

abriu, ele mergulhou e tomou. — Espero que tenha dito a sério que não estava 

cansada, porque quando se trata de você, não posso me conter. 

Ela se sustentou com força quando ele empurrou, retirou-se, empurrou 

novamente com aqueles belos quadris e aquela ereção crescente. E tentou não 

ler muito em suas palavras. 

— Ah, Theron. Eu adoro o quanto você se cura rápido. 

Ele riu entre dentes contra seu pescoço. 

— Assim, não é mesmo? 

— Sim. 

Seu sorriso se alargou. 

— Eu também. 

Ela se abandonou em seu beijo. E ignorou o formigamento próximo de sua 

marca de nascimento, crescendo agora a níveis explosivos. 

CAPÍTULO 24 

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Theron olhava para o teto muito depois de Acácia dormir. 

Deuses, como gostava daquilo. Muito. Ela, ali em sua cama. Escondendo-se 

do mundo. Quente, abrigada e sua. 

Sua. Era uma grande palavra. A ironia era como uma navalhada no 

estômago. 

Virou-se de lado para poder vê-la dormir e soube que não tinham muito 

tempo. Provavelmente o rei já tinha chamado e reunido o restante dos 

Argonautas. O que havia dito na câmara do rei, com Zander como testemunha, 

seria considerado uma traição. Esperava, com certeza, que algum de sua raça o 

atacasse e o levasse arrastado. 

Podia ouvir a sua discussão agora. Cerek, o pacificador, convenceria os 

outros a não tomarem nenhuma medida até pela manhã. Viriam ao amanhecer. 

Um jogo para seu senso de honra. Se isso não funcionasse, Gryphon soltaria uma 

piada sobre como obter a graça do rei, em uma tentativa pouco convincente de 

aliviar o ambiente. Para Zander não importaria um caminho ou o outro, desde 

que o que acontecesse a Theron não o afetasse. E Demétrius... Sim, Demétrius 

pressionaria para que o enforcassem. 

Percebeu muito tarde que nunca havia dito aos seus Argonautas o quanto 

os respeitava. Apesar de terem servido juntos, lutado juntos, não se sentia próximo 

de nenhum deles. E quando baixou os olhos para Acácia, dormindo de bruços 

com ambos os braços debaixo dela, seu rosto virado para ele e uma de suas 

pernas entrelaçada com as dele, ele deu-se conta que nunca antes tinha 

pensado em seus Argonautas como indivíduos separados. Para ele, nunca foram 

mais que guerreiros em uma guerra para a qual foram treinados. Mas, agora? 

Agora era como se seus olhos tivessem se aberto. 

Acariciou com um dedo a face de Acácia, e olhou suas costas subir e 

descer em um sono profundo. Estudou a maneira que seus cílios formavam 

sombras de meias luas bicudas em sua face pálida. Sua coragem ainda o 

surpreendia. Na última noite ela estava preparada para enfrentá-lo. Não havia 

outra fêmea no universo que se atrevesse a enfrentá-lo quando ele estava em um 

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Tiamat World 



de seus momentos de mau humor, mas isso não a deteve. Ela não tinha medo. E 

tão altruísta quanto havia dito ao rei. Tudo o que nunca quis, mas agora não 

podia imaginá-la fora de sua vida. 

Soube que era dela desde que a provou pela primeira vez. Muito antes de 

haver deslizado dentro dela. Se estivesse mais em sintonia com sua humanidade, 

teria reconhecido na primeira vez que a beijou naquela vez em sua pequena 

casa. Mas não o fez. Porque precisava dela para desbloquear essa parte dele 

que sempre reprimiu. 

Ela era sua maldição. Sua companheira de alma. Sua alma. E não havia 

nenhuma maldita coisa que ele não faria para evitar que ela morresse. 

Seu dedo deslizou por seu ombro, sobre as costas até que encontrou o 

lençol cobrindo seu magnífico traseiro. Segurou o algodão e o puxou, e depois se 

recostou sobre um cotovelo para olhar sua marca. 

Deuses, estava desaparecendo. Em questão de dias, teria desaparecido. 

Seu peito se encolheu, e apesar de que não haver nada que quisesse mais 

que voltar a deslizar dentro dela e despertá-la por dentro, soube que não 

poderia. Não deveria. Ela precisava reservar suas forças, não usá-las para dar 

prazer a ele. 

Uma olhada para a janela lhe disse que a lua estava se pondo e que a 

manhã chegaria logo. Com cuidado para não despertá-la, puxou os lençóis 

sobre seus ombros e foi para o chuveiro. 

Seu cheiro sobre seu corpo todo o estava distraindo e excitando ao mesmo 

tempo. Enquanto se ensaboava sob a água quente, disse a si mesmo que estava 

fazendo o correto. O rei estava certo em um ponto. Às vezes era necessário um 

grande sacrifício. 

Fechou a torneira, pegou uma toalha e secou os cabelos. Depois de secar 

as pernas, vestiu um jeans limpo, jogou a toalha sobre os ombros e congelou. 

Alguém estava lá fora em sua varanda. 

Skata, equivocou-se. Já tinham vindo atrás dele. 

Uma profunda voz masculina re verberou através das portas fechadas. 

Seguida pela voz surpresa e alarmada de Acácia. 

282

Tiamat World 



Seu coração se acelerou. 

Não. Equivocou-se. Tinham vindo atrás dela. 

Casey sentiu que não estava sozinha mesmo antes de acordar 

completamente. 

Sentou-se de repente e olhou para a escuridão. Uma vela flamejava em 

uma mesa baixa do outro lado do quarto, iluminando o homem que estava 

sentado perto da lareira. 

— Não permita que eu interrompa seu sono — disse com voz profunda. — Eu 

adoro olhar os inocentes. 

Casey puxou o lençol até o pescoço em um movimento de proteção. O 

formigamento de sua marca de nascimento se intensificou até que foi como um 

rugido ao longo de sua coluna, mas não abriu a boca. Algum instinto oculto a 

advertiu para não fazer isso. 

O homem se levantou lentamente, e mesmo na luz tênue da vela ela pôde 

ver que media ao menos um metro oitenta de altura, com poder suficiente em 

seu mindinho direito para aniquilar a ela e a tudo o que havia na casa. 

Não era um Argonauta. Aquela pessoa ... Coisa ... Era um deus. 

E OH, merda. Isso significava que tudo era real. 

Ele deu um passo em direção à cama. 

— Sim, sou. Adivinhe qual? 

Ela engoliu o nó em sua garganta e puxou com mais força os lençóis para 

seu peito. Estava bem consciente de que estava nua sob o lençol. E era um 

pensamento horripilante. 

E se... O que ocorreria se ele conseguisse ver através dos lençóis? 

A risada dele foi baixa e ameaçadora. 

— É claro que posso. Mas não se preocupe. Não estou aqui por sexo, 

humana. Tenho prostitutas suficientes a minha disposição para escolher. Além 

disso, a visitante que foi ao Tártaro para suplicar por sua alma foi Argolean 

suficiente para mim. 

— Hades — sussurrou ela. 

Seu sorriso perverso se ampliou, e ele se inclinou uma vez. 

283

Tiamat World 



— Em carne e osso. Eu gostaria de dizer que foi um prazer conhecê-la, mas 

isso seria uma mentira. E eu nunca minto — seus olhos se entrecerraram. — Agora, 

me pergunte quem me visitou. 

Seu coração bateu com força contra suas costelas. Olhou ao redor 

procurando Theron, só para confirmar que ele não se encontrava por perto. 

Engoliu com força novamente enquanto voltava a olhar para Hades. 

— Ninguém iria vê-lo em meu nome. 

Seus olhos negros como o pecado brilharam. 

— Ninguém exceto sua irmã. 

A porta do banheiro se abriu de repente. Theron, quase nu e vestindo 

apenas um jeans de cintura baixa, com os cabelos úmidos como se tivesse 

acabado de sair do banho, emotivo. 

Com o reverso do pulso, Hades empurrou Theron que foi lançado de costa e 

bateu contra a parede e se encolheu no chão. Os quadros e os vidros quebrados 

choveram sobre ele. Hades estendeu o braço, como se estivesse criando uma 

força invisível que evitasse que Theron se levantasse. 

Os olhos desalmados do deus se viraram para Casey. 

— Sua irmã fez um acordo comigo, para que você pudesse viver. 

— Acácia... 

Hades disparou outro feixe de energia tão forte que o corpo inteiro de 

Theron se contraiu. 

— Pare! 

Casey se ajoelhou na cama. Hades olhou em sua direção, mas soube que 

não era rival para ele. Obrigou-se a afastar o medo de sua voz, pelo bem de 

Theron. 

— Pare. Só. Não faça mal a ele. Eu... Não entendo nada disto. 

— E por que deveria, ninguém espera que você entenda, humana? — 

Hades olhou em direção a Theron com repugnância. — Já que seu Argonauta 

aqui presente omitiu a verdadeira razão pela qual a trouxe para este reino em 

primeiro lugar. 

Se o formigamento nas costas de Acácia não estivesse na velocidade 

284

Tiamat World 



máxima, agora estaria. Olhou para Theron que pouco a pouco se firmava 

sentando-se contra a parede. 

— E o que foi que ele não me contou? 

Hades sorriu de verdade, do fundo de seu estômago, Casey soube que ele 

desfrutava daquilo. 

— Devo dizer a ela Argonauta? Ou você gostaria de fazer isso? 

— Vá para o inferno — grunhiu Theron. 

Este estremeceu e se encolheu quando Hades lançou outro raio nele. 

— Basta! — Casey tentou em vão manter o lençol em torno dela enquanto 

estendia uma mão para deter o deus cruel. — Por favor, somente... Pare. Diga-me 

a razão pela qual me trouxe para cá. 

— Não o escute — sussurrou Theron. 

— Para cumprir a profecia — disse Hades com franqueza. — Estabelecida 

milhares de anos atrás, quando Atalanta me vendeu sua alma em troca da 

imortalidade. Você é a metade dessa profecia, Acácia Simopolous. A marca em 

suas costas é a prova. Sua meio irmã, Isadora, a princesa e futura rainha de 

Argolea, têm a mesma marca. Como você, está doente e morrendo mas, em seu 

caso, ela está perdendo seu lado Argolean, enquanto você está perdendo sua 

humanidade. Sozinhas, ambas morrerão. Unidas, a mais forte das duas 

sobreviverá para tornar Atalanta mortal mais uma vez e trazer o final de sua 

guerra contra os Argoleans. 

Hades inclinou a cabeça para Theron. 

— Seu Argonauta foi enviado por seu pai, o rei, para trazê-la de volta e se 

encontrar com sua irmã. Para salvar a vida dela e acabar com a sua. 

Os olhos de Casey deslizaram lentamente para Theron, caído contra a 

parede, com os olhos fechados e os braços envolvendo o abdômen. Esperou que 

ele negasse as palavras de Hades, que lhe dissesse que não eram mais que 

mentiras, mas ele não abriu a boca. Nem sequer a olhou. 

— Não — sussurrou ela. — Isso... Não pode ser verdade. 

— A verdade nunca é uma mentira. Até mesmo sua irmã reconheceu o 

quanto esses heróis estavam errados ao tentarem moldar seus destinos. Foi por 

285

Tiamat World 



isso que ela veio a mim e fez uma troca por sua alma. E o fez contra os desejos de 

seu pai e de seu noivo. 

— Noivo? — perguntou Casey, com dificuldade para seguir as palavras do 

deus. 

— OH, merda — Hades estalou os dedos. — Acho que seu Argonauta 

também se esqueceu de dizer isso a você. 

Seus olhos de obsidiana cintilaram. 

— O bom herói Theron aqui presente planeja se casar com Isadora assim 

que a profecia se cumprir. 

O coração de Casey bateu contra suas costelas quando olhou para Theron. 

Ele não negou. E tampouco abriu os olhos nem mesmo agora. A expressão de 

culpa em seu rosto confirmava o que Hades proclamava. 

Seu coração se despedaçou naquele momento. Quebrou-se em um milhão 

de pedaços aos seus pés. A dor da traição no centro de seu peito era tão real 

quanto se ele a tivesse apunhalado com uma espada. 

Hades estendeu a mão para ela. 

— Venha comigo e mostrarei a verdade a você, Acácia Simopolous. Verá, e 

acreditará. 

Theron ficou em pé de repente. 

— Não. Acácia! 

A eletricidade relampejou da mão de Hades. Theron se chocou contra a 

parede mais uma vez. Gemeu e caiu no chão, desta vez rodeado por uma 

montanha de gesso. 

— Estará a salvo enquanto estiver comigo, humana. Nenhum dano virá até 

você, eu prometo. 

As lágrimas arderam atrás dos olhos de Casey enquanto olhava a mão 

estendida para ela. Tudo o que Theron havia dito, tudo o que tinha começado a 

acreditar, não era mais que mentira. A dúvida lutou em seu interior. Mas uma das 

coisas que Hades disse se impregnou nela. 

Ela tinha uma irmã. Uma que não a conhecia mas que tinha feito uma troca 

por sua alma. Ainda havia uma pessoa que precisava dela. 

286

Tiamat World 



— Não tenho roupas. 

O sorriso do Hades se adornou vitorioso. 

— Eu me encarregarei disso. 

No mesmo momento, estava vestida com um blusão branco e uma calça 

folgada combinando. 

Casey deixou o lençol cair. E levantou a mão para deslizar os dedos na 

palma do deus. 

— Não! Acácia! — gritou Theron. 

Ela estava flutuando. Do seu lado ouviu a voz de Hades, mas quando virou a 

cabeça não viu mais que uma névoa espessa como sopa rodeando-a. 

— É realmente lamentável para sua asquerosa genética. Era você quem 

deveria ser rainha. 

— A que se refere? 

Sua mão rodeou a dela com força, quase como se estivesse evitando que 

ela se desintegrasse em milhares de partículas microscópicas através do tempo e 

do espaço. 

— Sua irmã é fraca. Será uma rainha horrível mas, felizmente para ela, 

nasceu Argolean e você não. 

— Tem que ter coragem para ir até você. Essa é a marca de um líder, não? 

Ele riu ao seu lado. 

— Desesperada. Assim é como chamamos as suas ações temerárias. Ela é a 

que deveria ser queimada na pira. Não você. Não se engane pensando de outra 

forma, humana. 

Nada do que ele dizia fazia sentido, e ela se distraiu do fato de não ter nem 

ideia de onde ele a levava. 

— Para ver um exército — disse ele. — E, acredite, logo você entenderá 

tudo. 

— Pare de ler minha mente — replicou Casey. —É falta de educação. 

A mão dele rodeou a sua com força e, durante um terrível momento ela 

temeu que ele a soltasse e que realmente acabasse explodindo em um milhão 

de pedaços. Só então se deu conta da estupidez de seu mau gênio. Mas então 

287

Tiamat World 



ele riu, com um som grave e ameaçador que parecia não vir de nenhum lugar. 

— OH, realmente seria uma rainha melhor. Tenho pena do daemon que 

tentou incomodá-la. Estive vendo-o, sabe? Perguntando-me como isto acabaria. 

Em gerações passadas foram decepcionantes. Mas você... Deveria poder fazê-lo 

agora. 

Tinha as palavras na ponta da língua para lhe dizer que parasse de brincar 

com ela quando de repente a névoa se elevou e apareceram no topo de um 

penhasco. Casey ofegou, e estendeu seus braços para se equilibrar enquanto 

balançava na borda. Os cantos aos seus pés resvalaram e repicaram caindo 

pelo precipício de quase mil metros de altura para o vale queimado que havia 

debaixo. 

Hades puxou-a afastando-a da borda. 

— Ainda não. E não aqui. Há outros planos para você — apontou com seu 

longo dedo. — Olhe para baixo, Acácia. E veja o que o exército que Atalanta 

está preparando. 

Seu fôlego escapou de repente quando viu os milhares e milhares de 

daemons no vale, abaixo deles. Olhando mais de perto, percebeu que era a pele 

negra deles que fazia o chão parecer queimado. Deus três passos para trás até 

que se chocou contra o peito de Hades. 

— Eles não podem vê-la, humana. Então dê uma boa olhada. 

Ela tremeu enquanto seu sangue gelava. Havia tantos. Lutando corpo a 

corpo, com espadas e armas que ela nunca tinha visto antes. Treinando. Para 

uma guerra. 

No centro uma mulher permanecia de pé vestida com túnica de cor 

carmim, com os cabelos pretos e ondulados, dando informações e ladrando 

ordens. Quando um daemon foi superado por outro em um duelo de mãos nuas, 

a mulher levantou o chicote em sua mão e o desceu com força sobre as costas 

dele até que o sangue da cor de suas roupas manchou o chão. 

A ação ao seu redor parou. Mas nem um só daemon deu um passo para 

resgatar o castigado. O chicote desceu repetidas vezes até que o que estava 

deitado no chão ficou banhado de sangue e imóvel. 

288

Tiamat World 



Casey levou uma mão à boca quando viu o daemon derrotado sendo 

arrastado para lado da área de treinamento. Deixaram-no ali para sofrer 

enquanto o restante voltava para suas funções. 

— Sabe como se faz um daemon? — perguntou Hades em seu ouvido. 

Casey engoliu com força e negou com a cabeça. 

— Os daemons não são mais que a alma de um humano, preso nos Campos 

do Asfódelo 47 . 

— O Purgatório — sussurrou Casey. 

— Algo assim — disse Hades, surpreso. — Atalanta adora aproveitar-se dos 

desafortunados e, como pode ver, convenceu a muitos de que servir a ela é mil 

vezes melhor do que o que experimentariam comigo. Alguns são malvados de 

verdade e sabem que serão castigados. Alguns são apenas estúpidos. Com ela, 

renascem com a imagem do que ela fez deles. Guerreiros fortes. Sem 

consciência. Monstros. Mas há armadilha. 

O riso na voz de Hades pôs Casey instantaneamente em alerta. 

— Se forem assassinados pela segunda vez, são meus para sempre. Para 

passar a eternidade sofrendo em minha mão no Tártaro, tenham sido realmente 

malvados ou não. 

— Você a tornou imortal. 

— Eu a tornei. Sou um deus que busca sempre um acordo. Equilíbrio no 

universo. E quanto ao seu pedido? Focalizará a vingança? OH, você pode 

conseguir algo mais que isso. 

As costas de Casey formigaram. 

— O que ela ofereceu a você em troca? 

— A alma de cada Argolean que matasse — o sangue de Casey gelou. — E 

de todos os mestiçou, também. 

O estômago de Casey revirou. 

— Por que você está me mostrando isso? 

— Porque quero que veja. E que acredite — se inclinou para seu ouvido. — 

O que você acha que ela está planejando fazer com esse exército, Acácia? Não 

47 

Campos de Asfódelo - purgatório 

289

Tiamat World 



é só para olhar. 

Quando ela não respondeu, ele se aproximou, até que ela pôde sentir as 

linhas fortes de seu corpo contra suas costas. Seu estômago revirou. 

— Vão devorar os mestiços. A aniquilar os Argonautas. Quando já não 

tiverem aqueles guerreiros para guardar o portal, os Argoleans penetrarão no 

mundo humano e serão destruídos em massa. E os daemons incendiarão Argolea. 

— OH, Deus — sussurrou Casey. 

Ele riu contra seu ouvido, com seu hálito quente e lascivo deslizando sob a 

roupa para enviar um calafrio pelo corpo dela. 

— Seu deus humano não pode fazer nada por eles. Acho que é a hora de 

você vê o que ela tanto odeia. 

Ele colocou suas mãos grandes na parte de cima de seus braços, e 

desapareceram entre a névoa outra vez até que ela esteve novamente nas 

alturas, mas desta vez a vista parecia tirada de uma fantasia. Um exuberante vale 

verdejante, cercado por bosques, pradarias e montanhas majestosas coroadas 

de neve. No centro havia uma cidade brilhante feita do que parecia ser 

mármore, com um mercado central abarrotado de gente e um castelo que 

parecia ter saído da história de Cinderela. 

Era a mesma cidade que ela tinha visto da casa de Theron, só que mais 

próxima e mais real. 

— OH... Deus — algo aqueceu o centro do peito de Casey. Ela sentiu como 

se finalmente estivesse em casa. 

— Impressionante, não é mesmo? — disse Hades ao seu lado. — Tiyrns. A 

cidade branca. Criada por um herói, quem diria? 

Casey só pôde assentir. 

— Será uma pena ver tudo isto e toda Argolea desaparecer. 

— O que quer dizer? 

— Sua irmã, Isadora, é a única herdeira. Pela lei Argolean, ninguém exceto 

um membro da família real pode governar a terra. Seu pai, o rei, está morrendo 

de velhice. E ela está tão doente quanto você. Se morrer sem trazer para o 

mundo um herdeiro, o governo de Argolea recairá sobre o Conselho de Anciões, 

290

Tiamat World 



que acredita que os Argonautas não fazem nada além de provocar medo. 

Imagine, Acácia, o que ocorrerá quando sua irmã se for. 

O peito de Casey se encheu de medo, e de repente entendeu por que 

Hades a levou para o Inframundo. 

— Serão aniquilados pelo exército de Atalanta. 

— Sim. 

Ela olhou de volta para o vale, e o que restava de seu coração se quebrou. 

— Só há uma coisa impedirá que isto ocorra — disse Hades junto a ela. 

— Qual? 

— Procure em sua alma e encontrará a resposta. 

Ela fez isso. E soube. 

A única maneira era que sua irmã vivesse. E como se a tivesse escutado 

milhares de vezes, a profecia da qual Hades havia falando antes cruzou sua 

mente. 

E quando o fez, pensou em Theron e porque ele foi enviado para buscá-la. 

Todas suas ações bruscas de repente fizeram sentido. Exceto... Quando se 

lembrou da forma como ele a olhou quando estava embaixo dele algumas horas 

atrás... Algo não encaixava. 

Ele a trouxe para lá ontem, e ele ainda não a havia entregue. E quando 

chegou em casa na última noite parecia zangado, mas não com ela. Ele estava 

zangado com seu pai. 

Então viu tudo com clareza. 

Ele tinha mudado de opinião. Mesmo antes de fazerem amor. Mesmo 

sabendo que suas ações provavelmente destruiriam seu mundo, não desejava 

deixá-la morrer para salvar sua irmã. Sua noiva. 

— Responda-me uma coisa — disse com suavidade, olhando para o 

castelo, sabendo que Hades estava lendo sua mente mas precisando formular a 

pergunta. — Sou a alma gêmea dele? 

— Sim. 

Ela prendeu a respiração. 

— Um desagradável presente da vingativa esposa de meu irmão. Hera 

291

Tiamat World 



sabia que, se Theron chegasse a encontrar você, não a deixaria cumprir seu 

destino. 

Seu destino. Casey quase riu pela ironia. Olhasse por onde olhasse, estava 

destinada a morrer. E isso era realmente deprimente, especialmente quando 

percebeu que finalmente tinha encontrado o único lugar ao qual pertencia, e a 

única pessoa a quem pertencia. Mas a vida para ela nunca foi fácil. Fazia sentido 

que sua morte tampouco o fosse. 

A única pergunta que restava era como ocorreria. Com suas condições ou 

sem elas. 

Olhou de esguelha para o deus ao seu lado. 

— Também vou ser torturada no Tártaro? 

Seu sorriso foi realmente cálido, tão em desacordo com tudo o que tinha 

visto nele. 

— Não. Navegará para as Ilhas dos Bem-aventurados. 

Olhou de volta para o castelo. 

— Isso não parece tão ruim. 

— Não é. É bastante agradável. 

— E se for procurá-la? A minha irmã? 

— Ela governará até que seu tempo chegue ao fim. 

Isso tampouco parecia ruim. 

— E Theron? O que acontecerá com ele? 

Hades deu de ombros. 

— O destino do Argonauta não é de minha incumbência. 

— Aposto que o conhece. 

Uma expressão aborrecida cruzou seu rosto. 

— Se for procurar Isadora? Nada. As coisas serão como antes para ele. Se 

decidir voltar para a colônia dos mestiços... — elevou um ombro e o deixou cair. 

— Talvez seja castigado por não seguir as ordens e trazê-la de volta. 

Ela cravou os olhos nele. 

— Talvez? 

Seu sorriso malicioso voltou. 

292

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— Não sou um oráculo, Acácia. 

— Mas é um deus. 

— Sim, mas mesmo o maior dos deuses não pode predizer o futuro. O livrearbítrio 

e toda essa merda sabem? 

Livre-arbítrio. 

Casey olhou para o vale. Fechou os olhos e ficou em sintonia com seus 

sentidos. Quando nem um só estremecimento corria por suas costas, encontrou a 

resposta. 

Abriu os olhos e olhou para Hades. 

— Leve-me para casa. 

CAPÍTULO 25 

Ele teve a impressão de ter recebido quarenta mil volts no peito. O que 

provavelmente fez. 

Cerrando os dentes, Theron girou sobre seus membros e tentou se levantar. 

O quarto girou. Sua cabeça pendia sobre os ombros. Com um gemido, caiu 

novamente no chão e respirou fundo várias vezes antes de empurrar-se para 

cima outra vez. 

As estrelas correram em sua linha de visão, mas ele continuou. 

Um rugido se rasgou dele quando finalmente se sentou direito e caído 

contra a parede. Estava suando. Tremendo. Aquele maldito deus... 

O som de botas ecoou pelos corredores passaram alguns segundos antes 

que ouvisse vozes. Vozes que reconheceu. 

— Aqui dentro! — Conseguiu dizer com uma voz rouca. 

A porta de seu quarto se abriu de repente. Com os olhos nublados viu 

Gryphon, Cerek e Phineus entrando no quarto. 

— Puta merda — disse Cerek, se aproximando para ajudar Theron a ficar de 

pé. — O que aconteceu? 

293

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Phineus pegou seu outro braço. 

— Isto é algo que nunca pensei que veria — inalou. Inclino-se mais perto 

para ver os cabelos de Theron. —Deus, você foi queimado? 

Theron encontrou seu equilíbrio e se soltou da sujeição dos guardiões. De 

todos os Argonautas, Phineus era o único que devia reconhecer carne 

chamuscada, uma vez que ele tinha derrubado aquela coisa dragão que 

exalava fogo a tempo. 

— Algo assim. Quem está encarregado do portal? 

— Titus — respondeu Cerek. 

Bom. Theron tinha que conseguir falar com seu companheiro antes que ele 

deixasse Acácia sair. 

— Preciso de sua ajuda. Ela desapareceu. 

— Sabemos — disse Gryphon do outro lado do quarto. Os cabelos loiros 

caíram de repente sobre sua testa e indício da barba incipiente de um dia cobria 

sua mandíbula. —Demétrius e Zander já estão procurando-a. O rei está tendo um 

ataque de cólera. E considerando o que Zander disse que você fez ontem, é 

afortunado de que o rei não o tenha amarrado de barriga para cima por suas 

bolas. Isto não parece bom, homem. 

— Como pôde saber disso? — Perguntou Theron. — Só saiu daqui a poucos 

minutos. 

— Isadora estava aqui? — perguntou Phineus ao lado de Theron. 

— Isadora? — Theron olhou de Phineus para cada um dos outros guardiões 

no quarto. — Isadora não. Por que poderia ela...? 

E então aquilo o golpeou. 

— OH, skata. Ele levou as duas. 

Theron voltou a sentir tontura. Estendeu uma mão para a parede para 

estabilizar-se. Soltou-se de Cerek quando o Argonauta tentou ajudá-lo. Pelo 

canto dos olhos viu as expressões confusas dos guardiões enquanto se olhavam 

uns aos outros e logo depois novamente para ele. 

— Quem as levou de onde? — perguntou Gryphon. 

Silêncio. 

294

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— A mulher — disse finalmente Cerek com voz conhecedora. — A mulher 

humana que estava aqui ontem. Filho da puta. 

— Um momento — Phineus levantou uma mão. — Que mulher? 

Theron apoiou seu antebraço contra a parede. 

— Hades estava aqui. 

— Merda — resmungou Cerek. 

— Aqui? Em carne e osso? — Perguntou Gryphon. — Pensei que os deuses 

eram proibidos de vir para Argolea. 

— Hades não é um olímpico — disse Cerek. — Só os doze deuses olímpicos 

são proibidos de entrar em nossa área. Filho da puta. 

Theron os ignorou e girou em um círculo lento. 

— Tenho que descobrir para onde ele as levou. Não para o mundo 

subterrâneo. Tem que ser aqui... 

— Theron — advertiu Cerek. 

— ... nem para o castelo ou para o templo. Ambos estão muito cheios. Para 

algum lugar privado. A algum lugar sagrado. A algum lugar… por que não 

consigo pensar? — pressionou os dedos em sua testa então, sem aviso prévio, 

bateu ambos os braços contra a parede. 

A madeira e o gesso se estilhaçaram em mil pedaços para cair como chuva 

no chão enquanto ele rugia por sua frustração. 

O quarto se tornou silencioso. Nenhum dos guardiões se atreveu a falar, 

porque cada um deles sabia que ele era forte o suficiente para arrancar seus 

braços e pernas se quisessem. E em seu atual estado de ânimo, não era 

totalmente improvável. 

E foi ai que ele entendeu. 

Sua cabeça levantou-se abruptamente, coberta com uma camada fina de 

pó branco da pedra que tinha desintegrado. 

— Skata. 

— Theron, espere! — chamou Cerek enquanto Theron corria para a porta. 

Com a dor esquecida, Theron fez uma pausa suficiente para colocar os pés 

de um golpe em um par de botas de couro no vestíbulo. Sem esperar os outros, 

295

Tiamat World 



gritou: 

— Procurem Callia e a leve para o Círculo de Pedra. Façam isso agora! 

E então correu. 

— Para onde vamos? — Isadora perguntou a Perséfone através da névoa. 

— Já verá — a deusa apertou a mão de Isadora. — Estamos quase lá. 

Tinha sido uma longa noite. Uma noite que Isadora não queria recordar. 

Cada vez que pensava no que viu... 

Seu estômago se rebelou outra vez e sentiu a bílis subindo por sua garganta. 

— Nem sequer pense em ficar doente novamente, pequena rainha — a 

mão de Perséfone se apertou em torno da dela. E sua risada sádica foi à única 

coisa que impediu Isadora de perder o pouco que tinha comido no jantar. — 

Quando isto terminar, você me agradecerá por isso. Passou muito tempo desde 

que tocou sua parte divina interna. 

Isadora fechou os olhos firmemente. Não pense nisso. Ou nela. Ou nele. Ou 

no que fizeram. Não pense em nada exceto em você e Acácia, e no fato… de 

que a salvou. 

— E aqui estamos — disse Perséfone. 

A névoa dissipou-se e o ar frio vibrou sobre os ombros de Isadora. Em frente 

dela viu majestosas oliveiras verdes e uma montanha púrpura saindo do chão. 

Soube que estava em Argolea, só não tinha certeza de onde. Virou-se e pode ver 

a mesa de pedra no centro do círculo. 

— O que é isto? — Seus olhos piscaram sobre a grande rocha plana 

rodeada por restos chamuscados de lenha e combustível onde os corpos dos 

Argoleans eram queimados no ritual fúnebre que enviava suas almas até as Ilhas 

dos Bentos. —Por que estamos aqui? 

Perséfone, que era uns bons trinta centímetros mais altos e mil vezes mais 

régios, sorriu para ela. 

— Porque é aqui onde ocorrerá. 

O peito de Isadora se tornou tão frio quanto o gelo enquanto a realidade a 

golpeava de todos os lados. 

296

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— Não — negou com a cabeça. — Não podem. Ele prometeu! 

Perséfone a agarrou pelo pulso antes que desse dois passos atrás. A deusa 

era puro aço e mais forte que qualquer Argonauta. Arrastou Isadora, chutando e 

gritando, através da poeira duramente como se não fosse nada mais que uma 

pena. 

— Sim, Princesa. Podemos — levantou Isadora e a colocou na superfície de 

pedra, como um pai levantando uma mera criança. — A profecia de meu 

marido é mais importante que suas necessidades ou desejos. 

Isadora encontrou seus braços presos aos seus flancos. 

— Mentiu para mim — grunhiu. 

Perséfone apenas sorriu. 

— Não exatamente. Somente… omitiu. 

— Eu os verei apodrecer no inferno por quebrar uma promessa — cuspiu na 

cara da deusa. 

O sorriso malvado de Perséfone desapareceu. Lentamente, soltou um dos 

braços de Isadora para limpar o olho, e Isadora ficou tensa, esperando o castigo 

que sabia que estava preste a acontecer. Não se fustiga um deus e vive para 

contar isso. 

Mas ao contrário da inconsciência que esperava, Perséfone pestanejou. E 

quando seus olhos voltaram a se colocarem sobre Isadora, continham uma nota 

de admiração. 

— Muito bem, Princesa. Talvez ainda haja esperança para você. Hades 

ficará satisfeito ao saber que tem uma coluna vertebral debaixo dessa sua pele 

pastosa e branca. 

— Vá para o inferno — resmungou Isadora. 

O sorriso aberto de Perséfone se alargou. 

— Farei isso. Eu gosto de estar lá, sabia? Se não fosse por minha mãe me 

chamando de volta a cada poucos meses, eu felizmente ficaria lá para sempre 

— ela levantou sua cabeça abruptamente. — Ah, finalmente. Estão aqui. 

Enquanto Perséfone se acomodava de um lado e começava a olhar para 

trás dela, Isadora teve seu primeiro vislumbre do que estava chegando até elas. 

297

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Hades, reconheceu, aquele sádico filho da puta, mas foi à mulher de 

cabelos escuros caminhando ao lado dele quem prendeu completamente a 

atenção de Isadora. 

Acácia. Sua meia-irmã. 

Um zumbido estranho irradiou para fora do centro do peito de Isadora, uma 

descarga elétrica que fez todas as células de seu corpo vibrar e zumbir em seus 

ouvidos. Reconheceu-a porque foi o mesmo impacto que sentiu agrupar-se 

naquela pele humana na primeira noite que viu acácia. Exatamente agora 

estavam crescendo, as vibrações que zumbiam se intensificavam a cada passo 

que sua irmã dava em sua direção. 

— Pare! — gritou Isadora. 

Os pés de Acácia fizeram uma pausa. Seus olhos violetas — OH, deuses, 

aqueles olhos que eram como os de seu pai — nunca se desviaram do rosto de 

Isadora. 

— Tudo bem — disse. — vim ajudar você. 

O pânico fluiu no peito de Isadora mas, porque Perséfone ainda mantinha 

um aperto mortal em seu braço, não podia mover-se. 

— Não, não está bem. Não se aproxime. Não sabe o que está fazendo. 

— Sim, eu sei — disse Acácia. — Sei exatamente o que estou fazendo. Vou 

salvar você e ao nosso povo — começou a andar novamente, e aquele zumbido 

se tornou tão forte, que Isadora mal podia ouvir. — É o que eu quero. 

— Acácia! Não! 

De um nada Theron investiu vindo do prado, mas antes que alcançasse a 

borda, Hades levantou sua mão, deu uma batidinha em seu pulso e formou um 

escudo em torno de todo Círculo de Pedra. Theron bateu na barreira invisível com 

um rangido, ricocheteou de lado e caiu para trás. Mas um minuto depois estava 

de pé, dando golpes no campo de força e gritando com voz rouca. Atrás dele, 

os outros chegaram correndo. 

— Malditos Argonautas — resmungou Hades em voz baixa. — Sempre se 

fazendo de heróis. 

Acácia parou a sessenta centímetros de Isadora, e as vibrações eram tão 

298

Tiamat World 



fortes agora, que Isadora não conseguiu mover se mesmo quando Perséfone 

finalmente a liberou de sua sujeição e saiu de seu caminho. Tudo o que 

conseguiu fazer foi ficar com o olhar fixo. 

Acácia olhou uma vez ansiosamente para Theron, então, começou a 

enfrentar sua irmã. Uma única lágrima deslizou por sua face. 

— Meu nome é Casey. 

— Não faça isso — sussurrou Isadora. 

— Tenho que fazer. 

Estendeu a mão e capturou ambas as mãos de Isadora, e um som de estalo 

irradiou para fora da cabeça de Isadora, seguido por uma corrente elétrica que 

percorreu seus membros. Em um vórtice, ela e Casey foram levantadas do chão e 

davam voltas em alta velocidade até que uma luz ofuscante brilhou de cada 

célula de seu corpo. Sobressaltou-se e se obstinou, e então o mundo se tornou 

negro e o único som foi um zumbido desaparecendo e vibrando em algum lugar 

na escuridão. 

CAPÍTULO 26 

Casey despertou de repente. A primeira coisa que viu quando abriu os olhos 

foi o céu. Azul cristalino e claro como um lago de montanha. Então era assim que 

o céu parecia. 

Respirou fundo, depois outra vez. E, surpreendentemente, descobriu que se 

sentia melhor. Já não estava cansada ou fraca, mas forte. De corpo e mente. 

Uau. Tudo bem. Até agora, o céu não estava tão ruim. 

Virou a cabeça para um lado, e foi aí que as coisas ficaram estranhas. 

Isadora se arrastava em direção a ela pelo chão duro. 

Não, não, não. Não supunha que ambas morressem. Acreditava-se que 

seria apenas ela. 

— O que está fazendo aqui? Acreditava-se que você devia estar de volta 

299

Tiamat World 



para lá. Está… 

— Tudo bem, Casey. 

Suavemente, Isadora esfregou a sujeira de seus cabelos. 

— Pode se mover? 

— Mover-me ? 

Empurrou-se sobre os cotovelos. 

— Um. Não. Quero dizer, sim, eu... 

Ela parou de falar quando deu sua primeira olhada em volta e descobriu 

que ainda estava no centro do círculo de pedra. Hades e Perséfone se 

encontravam em um lado. Mais à frente do escudo invisível de Hades, um grupo 

de homens indestrutíveis, que só podiam ser os famosos Argonautas, estavam de 

pé pasmos de incredulidade. 

— Uau — Casey estendeu uma mão trêmula até sua cabeça. — Isso foi um 

pouco surpreendente. 

— Sim, poderíamos chamá-lo assim — murmurou Isadora. 

Aturdida, Casey procuro por Theron no grupo e teve um momento de 

pânico quando não o viu. Então seu coração se agitou quando o viu de joelhos 

na borda do grupo, parcialmente escondido atrás de Hades, olhando com 

espanto, como o restante. 

Isadora ficou de pé e estendeu-se para os deuses. 

— O que foi isso? 

— Pura sorte — replicou Hades, com um clique de sua língua. — Parece que 

são mais fortes do que eu pensava. 

Isso chamou a atenção de Casey. Sentindo-se ainda em desvantagem no 

chão, levantou-se e sacudiu a poeira de sua calça. 

— Não entendo. Isso significa que a profecia não se cumpriu, não é mesmo? 

— Eu espero que sim — disse Hades, levantando um dedo. 

Isadora e Casey trocaram olhares confusos. Os argonautas na borda do 

círculo falavam em voz abafada. E então aconteceu. 

Um rugido saiu das entranhas do inferno e sacudiu o reino com tal 

ferocidade, que deve ter registrado ao menos 9,0 na escala Richter. 

300

Tiamat World 



Casey caiu sobre Isadora, e as duas irmãs se abraçaram quando o tremor 

continuou. Quando finalmente acabou, segundos depois, o riso enigmático de 

Hades encheu o vazio deixado. 

— O que foi isso? — perguntou Casey, com os olhos arregalados. 

— Isso — disse Hades com um sorriso orgulhoso, enquanto envolvia um braço 

ao redor da cintura de sua esposa. — Foi uma, fêmea muito aborrecida. 

— Atalanta — disse Isadora. 

— Sim — respondeu o Deus. — Tenho certeza de que está absolutamente 

aborrecida por ser mortal novamente. 

Casey e Isadora olharam uma para outra, quase como se pudessem ler os 

pensamentos uma da outra. 

— Pensei que se acreditava que uma de nós ... já sabe — disse Casey. 

— Para que a profecia se cumprisse, a cadela da Atalanta tinha que se 

certificar que o Argolean perfeito nunca fosse criado — entregou Perséfone. — A 

força da meio humana, a força da meia Deusa, não importa a linhagem ou o 

poder, mas sim a pureza da alma. Mortal ou imortal. A metade de cada todo se 

apresenta em cada geração, mas como os daemons de Atalanta estiveram 

fodendo o mundo para eles, nunca se reuniram. 

— Até agora — concluiu Hades. — A profecia na realidade nunca declarou 

que uma de vocês viveria e a outra morreria. Só os mais fortes sobreviveriam. 

— Então você mentiu para mim — disse Isadora. — Você me convenceu a 

vender minha alma para me assegurar de que ela estivesse a salvo, mesmo 

sabendo que ela ia sobreviver. 

— Mentira é uma palavra tão forte — disse Hades. — Na realidade não 

sabia que ela viveria. Para que conste, no entanto, pequena rainha, divertiu-me. 

Fiquei curioso para saber quão longe iria para salvar uma irmã que jamais 

conheceu. 

Os olhos de Isadora se reduziram a fendas. 

— Eu diria que agora está bastante fodido, não é mesmo? 

Hades soltou uma gargalhada e olhou para sua esposa. 

— Acredito que será uma rainha muito melhor do que qualquer um de nós 


Tiamat World 



esperava. 

— Hm — disse Perséfone, olhando por cima do ombro para Isadora. — Eu 

acho que o tempo dirá. 

Sentindo-se nove metros para trás de todo mundo, Casey levantou uma 

mão. 

— Esperem. Ainda não entendo… 

Os olhos de Hades brilharam, e Casey fechou a boca. Sentiu que ele estava 

a ponto de perder sua paciência, e depois do que acabou de ver, realmente, 

não queria estar no extremo receptor de sua ira. 

— Realmente odeio essa sua frase “ Não entendo”, deixe-me esclarecê-la, 

para que possa sair da merda deste buraco, e retornar para o meu reino. Sua 

irmã ainda me deve sua alma. Chegará o dia em que ela será minha — lançou 

um olhar malévolo para Isadora, de cima a baixo de seu corpo esguio. 

Isso lhe custou uma bofetada na parte de trás da cabeça, de Perséfone. Ele 

virou-se para a deusa com olhos brilhantes. 

— Faça isso mais uma vez, e eu lhe juro… 

Sua mulher sorriu. 

— Promessas, promessas. 

Seus olhos piscaram com uma luz erótica. 

— Eu garanto. 

Perséfone olhou novamente para Casey e Isadora. 

— O que meu marido está tentando dizer é que, caso nenhuma das duas 

caia em um precipício ou seja atropelada por um carro estúpido, viverão até 

serem Argoleans muito idosas. Casey prendeu a respiração, quando seus joelhos 

pararam de funcionar. 

— Quinhentos anos? 

Perséfone deu de ombros. 

— Ao menos isso. 

Felizmente, Isadora estava ali para pegá-la. 

— Mas Isadora… 

— Tudo bem — terminou Isadora por ela, rapidamente. — Vou ficar bem. E 

302

Tiamat World 



Atalanta? 

Perséfone sorriu. 

— Atalanta é mais uma vez, mortal. Ela e seu bando de daemons foram 

expulsos do mundo subterrâneo com a pequena raiva passageira que ouviu 

antes. 

— E isso é tudo? — perguntou Casey. Não podia ser. Não tudo. As duas 

viveriam, mas Isadora ia ser condenada ao Tártaro por toda a eternidade? Isso 

não estava certo. Não foi dessa forma que imaginava que fosse. 

Os olhos escuros de Hades aumentaram gravemente sérios. Tanto, um 

calafrio deslizou pela coluna vertebral de Casey, e ela soube que não devia pedir 

mais nada. 

— Não, isso não é tudo, humana. Atalanta não pode recrutar nenhuma 

nova alma para seu exército de daemons, mas ela está bem abastecida. E com 

seus poderes de Deusa, talvez, seja uma ameaça ainda maior agora, do que era 

como imortal. Especialmente agora que pode atravessar o portal novamente. 

Quando for capaz de reagrupar-se, abrirá fogo contra você e todos os outros 

Argolean que possa encontrar... neste reino e no humano. E isso é um 

entretenimento que não posso esperar para ver. 

— Os Misos ainda não estão a salvo? — sussurrou Casey, o pensamento em 

todos de volta na colônia com suas palavras, afetou-a. 

— Ainda são vulneráveis, como você agora. Genial, não? Ah, e há mais 

uma coisa. 

O fantasma de um sorriso se desenhou no canto da boca de Hades quando 

ele inclinou a cabeça e se concentrou em Isadora. 

— Agora que os demônios de Atalanta não me pagam com as almas de 

suas presas. E agora que não estão recebendo sua energia e poder do Tártaro. 

Ainda têm que se alimentar. Os seres humanos são um alvo legítimo. E muito mais 

acessíveis que os Misos. 

A doença revirou o estômago de Casey. Pensou nos monstros e o que 

podiam fazer. A expressão do rosto de Isadora refletiu a sua. 

Olhando com ar satisfeito, Hades deu uma olhada para Perséfone. 

303

Tiamat World 



— Bom, meu amor, acho que fizemos o maior dano possível aqui, não 

acha? 

— Pode ser. 

Perséfone pôs a mão sobre seu marido. 

— Espere — disse Casey. — Por que fez isto? Por que me trouxe aqui? 

Certamente não importa se os Argoleans são capazes de derrotar Atalanta. 

Hades balançou a cabeça. 

— Há apenas um governante imortal no mundo subterrâneo, e esse sou eu. 

E o pagamento... — acrescentou, olhando para Isadora novamente. — Bom, o 

pagamento bem vale o esforço no final. 

Aquele olhar, a categoria, a fome e a promessa da tortura por vir, enviou 

uma ardência para a pele de Casey, aproximou-se de Isadora, fechando os 

dedos na mão de sua irmã apertou seus dedos, enquanto mantinha os olhos fixos 

em Hades. 

— Há outro item de menor importância que você poderia querer 

contemplar — acrescentou, com ar presunçoso, Perséfone. —Você e sua irmã se 

uniram porque são as escolhidas. Não devem ficar afastadas por muito tempo. 

Coisas ruins aconteceriam. 

Hades olhou para cima, obviamente aborrecido. 

— Este é todo tempo que temos, para este pequeno drama. Minha esposa e 

eu temos alguns assuntos pendentes antes que a Bruxa Malvada do oeste volte 

para reclamá-la. 

— Hades — advertiu Perséfone. 

Hades riu entre dentes e a puxou para ele. 

— Vamos, filha de uma cadela. 

Perséfone sorriu por cima do ombro quando Hades a levou com um beijo. 

— Não se esqueça de nosso acordo, pequena rainha. Um mês. 

E com isso, tanto ela quanto Hades desapareceram. 

— Um mês para quê? — perguntou Casey, olhando para Isadora quando 

ficaram sozinhas. 

O rosto de Isadora estava pálido, e ela não olhou Casey nos olhos. 

304

Tiamat World 



— Nada. Olhe, o campo de força de Hades se foi. 

Casey olhou para cima. Os argonautas e uma mulher extraordinariamente 

bonita foram pouco a pouco entrando no círculo e caminhando para elas. Todos 

os guardiões eram musculosos e altos, e cada um era ainda mais bonito que o 

outro. Heróis da vida real. Há duas semanas, Casey nunca teria acreditado que 

um homem assim fosse possível, e ali estava cercada por um grupo inteiro. A 

mulher, compreendeu rapidamente, quando ela se apresentou, era a médica 

pessoal do rei. Convocada, suspeitava Casey, para cuidar de Isadora. 

Isadora apresentou todos a Casey, mas Casey mal captou seus nomes 

quando apertaram as mãos e sorriu. Porque ela estava procurando Theron no 

grupo. E ele não estava em nenhum lugar. 

CAPÍTULO 27 

— Bela vista, não é mesmo? 

Casey se afastou da janela da suíte de seu pai e deixou os braços caírem. 

— Impressionante. 

Isadora fez um gesto para as Montanhas Aegis ao longe. 

— Tem-se uma vista melhor lá de cima, se alguma vez sentir vontade de 

caminhar. 

— Eu sei. Hades me mostrou isso. 

O sorriso de Isadora desapareceu apenas pela menção do nome do deus. 

Hoje, a que logo seria rainha vestia um vestido longo cor de pêssego com um 

corpete reto e mangas de balé até o cotovelo. Seus cabelos loiros caindo em 

ondas pelas costas, ela estava majestosa e imponente, mais parecida com 

princesa que era, embora Casey não estivesse certa do porque sua irmã tinha 

que embelezar-se para a ocasião, mesmo em privado. 

Havia algo muito triste nela. Durante um tempo, Casey se convenceu de 

que era por causa do contrato de sua alma com Hades que pesava sobre os 

305

Tiamat World 



ombros de Isadora. Mas quanto mais conhecia sua irmã, mais Casey se 

convencia de que havia algo mais em jogo. O olhar de preocupação nos olhos 

de sua irmã tinha algo a ver com o que tinha acontecido quando Isadora estava 

no Tártaro. Casey tinha lhe perguntado, é obvio. Mas Isadora nunca pronunciou 

uma só palavra sobre o que tinha acontecido lá. E por seus olhares, soube que 

nunca o faria. 

Casey deu um suspiro. E se disse: dê tempo ao tempo. Ela ainda estava 

aprendendo muito, a respeito dos costumes Argolean, o funcionamento real e o 

lugar que ela ocupava. Muito frequentemente se sentia aflita e um pouco 

nostálgica, mas uma coisa que aprendeu rapidamente foi a quão estreitamente 

Isadora e ela estavam unidas. Se uma permanecia longe muito tempo, os 

mesmos sintomas que cada uma experimentou antes retornavam. Faltava ainda 

empurrar seus limites, e cada uma tinha curiosidade para ver até onde e quanto 

tempo poderia ficar separadas, mas tinha tempo para tudo isso. Como 

quinhentos anos. 

E quinhentos anos era tempo de sobra para verificar o que aconteceria a 

Isadora, e como romperia seu cruel contrato com Hades. 

Ela olhou para as janelas da catedral acima dos muros da cidade abaixo e 

viu como uma mulher, uma gynaíka, saiu da porta de uma loja, parou na 

calçada, e depois desapareceu no ar. 

Bem, era outra coisa que Casey estava tendo dificuldade para se 

acostumar. Ali em Argolea, os carros e outras formas de transporte não eram 

necessários, porque todas as pessoas eram capazes de transportar-se de um 

lugar para outro como os personagens de Star Trek sendo tele-transportados de 

um lugar para outro. Isadora explicou que foi um presente dos deuses, um 

benefício de viver ali em vez de na Terra, mas que ainda havia limitações. Tinha 

que estar em lugares abertos para se transportar, e as paredes e estruturas 

criavam barreiras que eram impenetráveis, mas certamente se deslocavam de 

um extremo da cidade ao outro rápido e facilmente. E realmente, era muito 

legal. Casey, é obvio, perguntou se era uma habilidade que poderia desenvolver 

e lhe disseram que era possível devido a sua linhagem, mas até agora não tinha 

306

Tiamat World 



acontecido. 

Só outra decepção em uma longa lista de decepções ao longo de sua 

vida. Sua longuíssima vida. 

— Como ele está hoje? — perguntou Isadora, juntando as mãos nas costas e 

afastando Casey de seus pensamentos melancólicos. 

— Está bem — disse Casey, não insistindo no que ainda não sabia. Uma vez 

que o rei estava morrendo, estava se esforçando para aprender tudo o que 

pudesse antes que seu tempo se acabasse. Mas não era fácil. Especialmente 

quando o velho rei falava com ela como se ela fosse Isadora e adormecia no 

meio de suas conversas. — Está dormindo agora. Perguntou-me quando será o 

casamento. 

Isadora pigarreou porque sabia que o rei as confundia o tempo todo, 

ultimamente, apesar de que não se parecerem de forma alguma. Enquanto 

Isadora era pequena, loira e bonita, Casey era alta, morena e… não tão bela. 

— Disse a ele que nunca, espero. 

— Não tinha certeza do que dizer a ele — Bem, agora parecia que estavam 

tendo uma tertúlia 48 de lamentos, não? Anime-se. 

— Casey — disse Isadora em voz baixa. — Theron não vai se casar comigo. 

Ele nunca quis isso. 

O coração de Casey se apertou. Não via o Argonauta há duas semanas. 

Depois de ter colocado seu mundo de cabeça para baixo, desapareceu no ar 

antes mesmo que Hades e Perséfone tivessem desaparecido. 

Tinha tentado não pensar muito naquilo, mas era difícil não fazê-lo. Talvez 

ele não se importasse como ela tinha acreditado. Talvez a conexão que tinham 

compartilhado só estivesse em sua cabeça. Talvez Hades estivesse errado e ela 

não fosse sua alma gêmea, afinal. 

Isadora afastou os longos cabelos. 

— Ele só aceitou o casamento porque meu pai, nosso pai, pensou que era a 

única maneira de afastar o Conselho de minhas costas. Isso já não é um 

problema. Não tenho medo de enfrentá-los. Já enfrentei um deus. Dois, na 

48 

Tertúlia – reunião de parentes e amigos. (Aurélio) 

307

Tiamat World 



realidade. 

Casey olhou para suas mãos e jurou que os enfrentaria outra vez. 

— Isso é verdade, você fez isso. 

Isadora pressionou a mão no estômago. 

— Não diga a ninguém, mas tremi o tempo todo. 

— Não importa. Fez isso. Quantos Argonautas podem dizer que fez o 

mesmo? 

— Um. 

Ante a palavra de Isadora, Casey levantou a cabeça. Ela voltou o olhar 

para a janela. 

— Sabe, — disse Isadora — corre um rumor de que ele despedaçaria Hades 

para proteger você. 


— Os Argonautas são um monte de Nenucos 49 tagarelas. Nenhum deles 

estava lá. Não sabem o que aconteceu. 

— Nenuco tagarela — O humor iluminou a voz de Isadora, mas ela não 

sorriu. Nenhuma só vez nas últimas duas semanas Casey a viu sorrir. — Eu gostei. 

Usarei isso. — o humor desapareceu. — Mas sabe o que aconteceu, não é 

mesmo? 

Sim, Casey sabia. Era a única coisa em que pensava quando estava 

sozinha. Porque ela queria entender o que Theron tinha feito ou estava disposto a 

fazer por ela. Mas se esse era o caso, então onde ele estava? 

— Ele nunca me amou — acrescentou Isadora em voz baixa. — Eu não era 

mais que outro dever que ele estava cumprindo. Você… você é sua alma 

gêmea. 

Casey olhou para sua irmã. 

— Como você sabe com certeza? 

— Porque a culpa é a única coisa que poderia mantê-lo afastado. A culpa 

49 

Os Nenucos são bonecos, com aparência de bebês. 

308

Tiamat World 



por ter mentido. Para trazer você aqui. Por pensar que podia fazer seu trabalho e 

não vê-la como uma consequência. Do contrário estaria aqui agora, 

planejamento a estratégia de guerra com Cerek e Zander. Se houvesse só uma 

palavra para descrever Theron, seria leal. Ele é totalmente leal as pessoas que 

ama. E sabe que decepcionou você. 

Casey viu um pássaro passar rapidamente pelo céu. Poderia pensar em um 

montão de palavras para descrever Theron, quente, sexy, avassalador e 

generoso. Mas Isadora tinha razão. A lealdade o marcava. 

— E se ele não voltar? 

Isadora franziu os lábios. 

— Estive pensando nisso. E tenho uma ideia. Se você se propuser a ela, claro. 

É um pouco traiçoeira. 

— Sabe onde ele está? 

Isadora assentiu com a cabeça. 

— Pelo menos, ontem. Orfeu recebeu uma mensagem de alguém chamado 

Niko da colônia dos misos. Parece que tem um interessante colono novo 

ajudando a reconstruir o que recentemente foi danificado no ataque dos 

daemons. Só que não é um miso. Segundo Orfeu, é muito maior e forte. 

O coração de Casey saltou para o ritmo de uma banda musical. Ele tinha 

voltado para a colônia? Para um lugar onde todo mundo o desprezava? 

Seu coração se encheu. É claro que ele fez isso. Essa era sua forma de 

compensar. Tinha ido ajudar a reconstruir e começar novamente. Seu povo. Ele 

tinha ido proteger o que era dela. 

— O único problema é, — disse Isadora — ninguém sabe onde fica a 

colônia. 

Casey se virou lentamente para sua irmã. 

— Eu sei. 

— Pensei que saberia. 

Theron deixou o martelo cair com mais força do que a necessária. O prego 

entrou disparado pela madeira e saiu voando do outro lado. Soltando insultos 

309

Tiamat World 



contra si mesmo e a brecha que tinha feito, pegou outro prego da bolsinha do 

cinturão de ferramentas ao redor da cintura e suavemente o inseriu em seu lugar. 

Malditos pregos de alumínio do mundo humano. Se fosse por ele, usariam os de 

ferro. Ou do maldito aço. 

— Parece que precisa de um descanso, herói — disse Nick através da sala. 

Ele bateu um prego em seu lugar na parede que estavam reconstruindo e passou 

o antebraço pela testa suada. — A água está na cozinha. 

— Eu não quero água — grunhiu Theron, batendo suavemente em outro 

prego como se fosse um ovo. 

— Não perguntei a você se queria água — disse Nick. — Tire seu traseiro 

daqui de qualquer forma. Está mal-humorado como um urso e quero um 

descanso de cinco minutos de você. 

Theron lançou para ele um olhar engraçado, entrecerrou os olhos ante a 

provocação e deixou o martelo cair na caixa de ferramentas aos seus pés. 

Nick fez uma careta aborrecida para ele e voltou ao seu trabalho. 

Quando Theron veio pela primeira vez à colônia e se ofereceu para dar uma 

mão na reconstrução, Nick ficou mais que um pouco surpreso. Nunca perguntou 

a Theron por que ele estava ali nem tampouco perguntou a ele por Acácia. 

Theron imaginou que isso significava que o mestiço ou já sabia o que tinha 

acontecido ou sentia pena dele. 

Esse último pensamento não agradou de forma alguma Theron, mas era o 

único que o impedia de agarrar o mestiço e jogá-lo lá embaixo por uma das 

janelas escondidas na parede de rocha que dava para o cânion. 

— Não trarei para você — ele murmurou. — Você mesmo pode ir buscar a 

maldita água. 

— Aleluia — disse Nick quando Theron saiu da sala. — Algum deus pervertido 

lá de cima teve piedade de minha alma, afinal. 

Theron lhe fez o sinal do passarinho — um gesto que aprendeu 

perambulando ao redor dos misos — antes de virar a esquina. 

Mas não houve calor na troca, enquanto caminhava pelo corredor para a 

cozinha na parte de trás do alojamento, sentiu uma espécie estranha de 

310

Tiamat World 



comunhão com o mestiço. Ainda era cauteloso perto do homem, porque havia 

algo em Nick que não era correto. Mas estava começando a gostar do líder com 

cicatrizes da colônia. Precisava ter culhões para enfrentar um herói, 

especialmente um da linha de Hércules. Nick tinha feito isso desde o começo sem 

pensar duas vezes. 

Uma panela de sopa cozinhava em fogo lento no fogão, mas Theron a 

ignorou. Quando abriu o refrigerador e procurou uma garrafa de água gelada, 

mais uma vez tentou descobrir qual a relação que Nick tinha com Argolea. E tal 

como fazia quando pensava em sua casa, uma imagem de Acácia deitada em 

sua cama, nua e exausta pelo melhor sexo de sua vida, passou por sua cabeça. 

Seu peito se encolheu quando aquele impulso familiar para ir atrás dela 

retesou seus músculos. Mas ele o ignorou. Lutou contra o desejo expulsando-o. A 

expressão de seu rosto quando Hades lhe disse a verdade, a aparência de 

traição total, o atormentava. Até mesmo agora. Porque a traição tinha sido real. 

E não havia nenhuma maneira de que algum dia pudesse se perdoar por isso. 

— Algo está cheirando bem. 

Ele estremeceu com o som de sua voz, derramando a água na parte da 

frente da camisa e no jeans. Com certeza estava imaginando isso, virou-se 

lentamente e viu com os olhou incrédulos a mulher que convenceu a si mesmo 

nunca quereria voltar a vê-lo. 

Seu sorriso estava cheio de doçura e promessas pecaminosas. E seu corpo 

respondeu a ela do mesmo modo que fazia desde o começo, incendiando suas 

veias e enviando todo seu sangue para o sul antes que conscientemente o 

pudesse deter. 

Ela caminhou em direção ao fogão industrial de aço inoxidável e levantou a 

tampa da panela gigantesca. Colunas de vapor se elevaram em torno de seu 

rosto enquanto ela inspirava. Seus olhos passearam sobre seus seios suntuosos, 

cutucando a parte da frente de sua camiseta cor de rosa justa, descendo pela 

linha elegante de seus quadris para seu belo traseiro, que enchia seu jeans com 

perfeição. E o sangue na virilha se reuniu com mais força, mais duro, até que teve 

certeza que arrebentaria. 

311

Tiamat World 



Ela colocou a tampa na panela com um estalo. 

— Fiz sopa para você uma vez. Não estou certa se você gostou. 

— Eu adorei — disse ele, antes de poder deter-se. 

Ela lhe deu um sorriso travesso. 

— Hmm… não tenho tanta certeza. Acho que não estava bastante 

preparada quando você a provou. Precisa cozer a fogo lento um pouco mais. 

Estava pensando em voltar a tentar. Se você ainda tiver fome. Sou melhor em 

todas as segundas vezes. 

Sua virilha cresceu por suas insinuações e uma vozinha dentro de sua 

cabeça gritou: Sim! Mas havia uma pequena parte de seu cérebro que não se 

converteu em mingau, e para sua desgraça, agora sua consciência governava 

aquela parte. 

— O que está fazendo aqui, Acácia? 

Seu sorriso vacilou, e embora o fizesse parecer mais burro, não podia jogar a 

carta do flerte com ela. Não quando o deixaria machucado e mais golpeado 

por dentro do que jamais esteve em qualquer batalha. 

— Os Argonautas estiveram procurando por você. 

Ele jogou a garrafa de água vazia em um contêiner de reciclagem e se 

virou para pegar outra. 

— Ficarão bem sem mim. Zander é um líder melhor do que pensa. 

— Demétrius está ficando difícil. Mas tenho certeza que você sabe como ele 

funciona — Ela inclinou a cabeça. — De qualquer forma, Qual é a história? Tenho 

a impressão que Demétrius não gosta e não se incomodaria muito se você não 

voltasse, embora seja o único. 

É obvio que Theron sabia o quanto Demétrius podia ser furtivo, mas ele já 

não era seu problema. Ele não era o líder dos Argonautas agora. Havia coisas 

mais importantes com as quais precisava se preocupar, como descobrir uma 

maneira de proteger a tantos neste mundo que foi negligenciado durante muito 

tempo. 

— Nenhuma história na verdade. Apenas uma luta de família há muito 

tempo. Zander sabe como enfrentar Demétrius — Ele passou roçando nela indo 

312

Tiamat World 



em direção à porta — Devo voltar para trabalho. 

— Theron. 

A mão em seu braço o deteve. E apenas com um toque, sua resistência 

desmoronou. Virou-se para olhar para ela e se viu abraçando-a e beijando-a 

apaixonadamente até que ambos esquecessem por que ele não poderia tê-la. 

Mas ele não fez isso. Porque não podia. 

— Não se afaste de mim — disse ela. — Precisamos conversar. 

Ele fechou os olhos porque só olhar para ela era muito doloroso. 


— Não, não faça isso — disse ela severamente, fazendo ele abrir os olhos. — 

Não me faça ficar calada e me diga que não estou sendo razoável. Porque você 

é o único que não está sendo razoável aqui, se escondendo e ignorando seus 

deveres. Meu pai está morrendo e o Conselho respira no pescoço de Isadora. 

Mesmo com tudo o que aconteceu, ainda não acreditam que ela seja 

competente para governar. E com você fora, o Conselho afirma que os 

guardiões são instáveis. Você não pode partir e esperar que tudo corra bem. Não 

funciona dessa maneira. 

Seu cenho se franziu, e embora ele não pudesse ter certeza, tinha a 

estranha sensação de que ela não estava ali porque sentia falta dele, como ele 

esperava. 

— Está dizendo que Isadora quer que eu volte, sabendo o que aconteceu 

entre você e eu? Está dizendo que você quer que eu volte? Sabendo — seu 

estômago vibrou — o que sabe agora? 

— Sim. E sim. 

— Fácil assim? 

— Suas responsabilidades são maiores do que o que aconteceu com 

qualquer de um nós. 

Ele mal podia acreditar no que estava ouvindo. Ela não o queria de volta, 

afinal. 

— Não me casarei com ela — balbuciou ele. — Já disse isso ao rei antes da 

cena no Círculo de Pedra. 

313

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— Eu sei. Assim como ela. 

— Não a amo. Nunca o fiz — acrescentou ele rapidamente. 

— É bom saber disso. Ela tampouco ama você. Ao menos não dessa 

maneira. 

Ele a olhou fixamente. Completamente surpreso por ela estar mostrando tão 

pouca emoção por sua revelação. Ela não sentia nada igual ao que ele sentia? 

Ela a prejudicou tanto que a conexão que compartilharam tinha desaparecido 

por completo? 

Algo em seu coração se quebrou de par em par. 

— Então não há razão para que eu volte, não é mesmo? 

— Sim, há. Uma razão. 

Ele prendeu a respiração enquanto ela se aproximava. 

— Fez a promessa de me proteger. Até o final. Uma vez que parece que 

tenho pelo menos quatrocentos e cinquenta anos para chegar a estar senil e 

esquecer dessa promessa, peço a você que a cumpra. Cada um dos Argonautas 

me disse que sua palavra era de ouro. Por isso quero saber por que foi tão rápido 

retratando-se de sua promessa para mim, quando mantive todas as que um dia 

fez. 

Seu coração saltou. Uma vez. Duas vezes. 

— É isso o que estou fazendo? 

Ela assentiu com a cabeça. 

— Ninguém o culpa, Theron. Foi empurrado para uma situação impossível. 

Você fez a coisa certa. 

As palavras ficaram presas em sua garganta. 

— Não… 

Ela segurou sua mão, e a eletricidade rangeu ao longo de suas terminações 

nervosas na conexão. 

— Sim, fez. Uma por muitos? Eu teria escolhido o mesmo. O único erro que 

cometeu foi não ser honesto comigo. Era minha escolha. A de Isadora. De agora 

em diante nós contaremos tudo um ao outro. Não haverá mais segredos. 

A esperança explodiu em seu peito do mesmo modo que ele a expulsou. 

314

Tiamat World 



— Você não sabe o que diz. 

— Sim, eu sei. Uma vez na vida, lembra-se? A maldição de Hera e tudo isso? 

Você acha que eu perdi a conexão quando fizemos amor? A mesma que 

tivemos desde o começo, mas aumentada mil vezes? Theron, To peprōmenon 

phugein adunaton. Lembra-se? 

É impossível fugir do que está destinado. Sim, lembrava-se. Como ia 

esquecer? 

Ela se aproximou mais até que o calor de seu corpo sexual a fez perder os 

sentidos. 

— Sou seu destino e você é o meu. Não se afaste disso. 

Ele não queria, mas não conseguia ver outro modo de agir. 

— Acácia, agora meu dever está aqui. 

— Nick não é sua alma gêmea. 

— Nick é… — O que Nick era para ele? — Um amigo — decidiu. — Eu dei 

minha palavra. E ele precisa mais minha ajuda do que você ou qualquer outro 

em Argolea. 

Ela o estudou com um longo olhar. Depois disse: 

— Bem, então eu também ficarei. 

— Você não pode. 

— Por que não? 

— Porque não é seguro para você. E Isadora precisa de você lá. 

— Então, acho que isso facilita sua decisão. Venha comigo. 

Ela o amava. Leu isso em seus olhos. Mas a realidade de sua situação era 

que ele não era seu guardião ou o de sua irmã ou de qualquer um dos outros. E 

se voltasse não seria nada mais que um impostor. Ele não se moveu, apesar de 

por dentro, seu coração está destroçado. Hera conseguiu o que queria. Sim, ele 

havia encontrado sua alma gêmea, e tal como ela queria, havia lhe custado 

tudo o que ele sempre acreditou. 

— Eu… não posso. 

— Não pode ou não quer? 

— Não quero. 

315

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Seus braços caíram aos seus lados. 

— Estou vendo. 


Ela negou com a cabeça e evitou seus braços quando tentou alcançá-la. 

Ela chegou até a porta antes que ele pudesse detê-la e olhou para trás. 

— Sabe a parte irônica de tudo isto? Você disse que a maldição de Hera 

era destinada exclusivamente aos Argonautas. Mas nunca mencionou o que 

acontecia a outra metade da equação quando tudo estava dito e feito. O livrearbítrio, 

não? — Ela começou a rir, mas sem nenhum vestígio de humor é um 

consolo bastante ruim quando tenho pela frente mais de quatrocentos anos 

sabendo que nunca amarei ninguém da forma que o amo. 

Ele ficou ali, sentindo uma dor aguda no peito enquanto olhava para o 

portal vazio. OH, deuses, ela o amava. Amava-o mesmo depois de tudo o que ele 

lhe fez e as numerosas maneiras que a havia enganado. Seu coração o chutava 

enquanto enumerava as milhares de razões pelas quais eles não dariam certo. 

Corriqueiro. Tudo isso. Ela é tudo o que importa. Não a deixe ir. 

Não deveria. Com ela se sentiu vivo pela primeira vez. Claro, que tinha 

vivido durante mais de duzentos anos, mas quando conheceu acácia, seu 

mundo finalmente ganhou vida. Ela o ensinou sobre o perdão. Demonstrou a ele 

que os humanos eram tão variados e únicos quanto às estrelas. Provou a ele que 

sua compaixão era o que os fazia especiais, e de algum modo, tudo isso, o 

ajudou a esquecer sua raiva e a descobrir sua humanidade. Aquele pedaço de si 

mesmo que tinha rejeitado há muito tempo. 

Seu coração batia forte no peito, enquanto cada segundo que passou com 

ela passavam por sua mente. Cada sorriso e toque, cada sussurro e beijo, todos 

os desafios no caminho e o amor que tinha derramado sobre ele desde o 

começo. Mesmo quando ele não o merecia. 

Com ela poderia fazer qualquer coisa. Até mesmo comandar uma guerra 

que não tinha certeza de saber como ganhar. Mas sem ela… sem ela não tinha 

nenhuma razão para existir. 

Não a deixe ir. 

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Não poderia. Não o faria. 

Deixou a garrafa de água cair e correu para a porta. 

— Agora alguns formidáveis macarrões de frango. Isto não pode conseguirse 

no Olimpo. 

Theron se virou e olhou fixamente para uma pequena e idosa mulher vestida 

com uma diáfana túnica branca que não estava antes na cozinha, sentada na 

mesa comendo um prato de sopa. Reconheceu seu rosto. Átropos, a terceira das 

três Moiras. E só havia uma razão pela qual poderia estar ali agora. 

Ah, deuses. Ainda não. Agora não. Não antes que tivesse a chance de dizer 

a Acácia que a amava. 

— Ora — murmurou ela, levando a colher a boca. — Átropos só gosta de 

macarrão minestrone. E Cloto não come nada que leve carne. Isto — sorriu. —Isto 

é o melhor. 

Não era a Átropos? 

As linhas em torno da boca e dos olhos se enrugaram quando ela o olhou. 

— É obvio que não sou. Pareço uma velha bruxa? E Cloto gira o fio, filhinho, 

não o estira. Portanto, deixe disso. 

— Láquesis. 

Ela sorriu. 

— Conseguiu o bilhete premiado. 

— Q… O que está fazendo aqui? 

Não se questiona um Destino. Para ter sua visita devia estar em uma 

experiência divina, mesmo que devesse cortar o fio de sua linha da vida. O que, 

graças ao Zeus, não era o caso. 

— Pensei que ia ter que intervir outra vez, — disse Láquesis— levando em 

conta o imbecil que você pode ser, mas parece que finalmente criou juízo. 

— Intervir? Outra vez? 

— Vamos, você não acreditou que aquela doce garotinha estava 

planejando as coisas, não é mesmo? 

Doce garotinha, Marissa. No povoado. 

Os vínculos encaixaram agora. Rapidamente, percebeu que aquela era sua 

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chance de saber o que o destino lhe proporcionaria. 

— Os Argonautas. 

— Precisam de um bom líder — disse ela, abandonando seu sorriso e ficando 

séria. — E sua mulher tem razão. Isso não é para Zander ou Demétrius nem para 

nenhum dos outros. Só você pode guiá-los, Theron. Esta guerra será sangrenta, e 

muitos morrerão em ambos os lados do mundo. Mas se escolher não os conduzir, 

então a perda está garantida. 

Seus ombros caíram ante a enormidade do que ela colocava sobre eles. 

— Como sabe que eu posso fazer isso? 

— Porque é da linha de Hércules. Pode fazer qualquer coisa. Agora você 

encontrou sua humanidade, graças a sua mulher, e isso o faz um líder melhor, 

porque sente. Nunca questione sua capacidade nem o que o destino preparou 

para você. Este é seu momento Star Wars, meu filho. Mantenha-se firme e faça o 

que se propôs a fazer. 

Seu cenho se franziu. 

— Star Wars? 

Ela revirou os olhos. 

— Enquanto estiver nisso, aprenda um pouco de cultura popular pelo 

caminho. Se quiser guiar seu povo, Theron, precisa ser capaz de se conectar com 

eles. Você descobrirá que a maioria dos Argoleans está tão faminta pela cultura 

humana quanto você está por sua mulher. 

Ela se endireitou. 

— E falando nessa mulher… talvez deseje impedi-la de ir embora. Ela 

acabou de chegar ao túnel. 

Ele olhou para a porta. 

— Ela é minha maldição — E minha vida. Por que não percebi isso antes? 

— É obvio que é. Por que pensaria de outra maneira? 

Por que o faria? 

Um sorriso dividiu seu rosto, e ele se virou para a porta. 

— Espere — disse Láquesis. — Não querem saber de…? 

Ele não esperou. De maneira nenhuma. A urgência o afligiu e ele saiu 

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disparado da cozinha e atravessou correndo o alojamento, saltando os degraus 

do alpendre e atravessando o pátio após a cachoeira e o mar de colonos, 

repentinamente, virando-se e o olhando como se ele tivesse perdido o juízo. 

Não o tinha feito. Finalmente, o tinha encontrado. E ao seu coração. E a 

coragem de fazer o que tinha nascido para fazer. 

— Acácia. 

Ela estava de pé perto de uma das aberturas do túnel com Nick e Isadora, 

dizendo adeus para Marissa. Todos eles olharam para cima quando ele veio 

correndo em direção deles, mas ele não se importou. Tudo o que viu foi a misos 

pela qual se apaixonou. 

Abriu passagem entre o grupo, pegou-a em seus braços e a beijou dura e 

ardentemente com tudo o que havia nele. 

Quando se afastou, ela parecia atordoada. E malditamente sexy, ele soube 

que a escolha que fez nunca poderia ser um erro. 

Escolha? Quem estava tirando o sarro dele? Nunca houve uma escolha no 

que dizia respeito a ela. E graças a Hera por isso. 

— O que está fazendo? — Perguntou ela. 

— Mantendo minha promessa — Ele olhou para Nick, de pé atrás e a sua 

direita, olhando para Isadora, do outro lado de Acácia, como se a princesa 

pudesse saltar e mordê-lo. — Vamos precisar de sua ajuda. Alguém de dentro 

que conheça as necessidades dos misos e a melhor maneira de protegê-los. 

Os olhos de Nick brilharam. 

— Quem? 

— Os Argonautas. 

Nick arregalou os olhos. 


Theron olhou para Acácia, que sorria para ele como se tivesse ganho o 

grande prêmio e não pudesse acreditar. 

— Farei isso. Você tem razão. Eles precisam mais de mim lá do que aqui. 

— Escute, herói… 

Mas Theron não ouviu o que Nick disse. Os braços de Acácia se 

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entrelaçaram em torno de seu pescoço e ela aproximou sua boca da dele. 

— Amo você — sussurrou ele. — Tem razão. Teria que ser um idiota para me 

afastar de meu destino. 

Ela sorriu quando seus lábios se encontraram. 

— Meu herói, o idiota — murmurou ela contra sua boca. — Todo meu. 

Quatrocentos e cinquenta anos. Como sobreviverei? 

— Não se preocupe. Protegerei você. 

— Nós nos protegeremos mutuamente. 

— Malditamente certo. 

Fim 

Comunidade: http://www.orkut.com.br/Community?cmm=94493443&mt=7 

Grupo: http://groups.google.com.br/group/tiamat-world?hl=pt-BR 

Blog: http://tiamatworld.blogspot.com/ 

Adiantamento do 2º Livro da saga Guardiães Eternos 

ENTRELAÇADOS 

ZANDER —O mais temido de todos os Guardiões Eternos. Havia rumores de que ele não 

podia ser morto, e ele sempre lutava como se não tivesse nada a perder. Mas como descendente do 

celebre herói Aquiles, devia ter alguma vulnerabilidade… em algum lugar. 

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As forças dos daemons se reúnem e penetraram através das barreiras do 

mundo inframundo. Agora mais que nunca os Guardiões Eternos são necessários 

para proteger tanto seu próprio reino quanto o dos humanos. Zander não pode se 

dá ao luxo de pensar no que poderia ter tido com a fascinante curandeira que 

uma vez considerou como sua alma gêmea. Com a eternidade estendendo-se 

ante ele, tampouco poderia deixar sua vida passar sem a única mulher que o 

fazia sentir-se vivo. Talvez tivesse encontrado sua fraqueza, afinal… 

— Onde me quer? 

Callia se afastou da janela sem olhá-lo nos olhos, deixou os braços caírem e 

apontou para a extremidade da mesa do rei que tinha ficado vazia. 

— Ali. Sente-se. 

Zander atravessou o piso silenciosamente com os pés descalços e apoiou o 

quadril no extremo da longa mesa. Verificou a estabilidade do móvel, e quando 

teve certeza que não ia cair sob seu peso, sentou-se deixando as pernas 

penduradas na borda com os pés descalços a poucos centímetros do chão. 

Ela não disse nada sobre o fato dele não estar completamente nu, e ele 

não ia mencionar isso. Para distrair-se, ele baixou os olhos para os dedos de seus 

pés, enquanto ela se movia em torno da sala. Ela empurrou uma pequena mesa 

auxiliar com os materiais ao seu lado. Segundos depois, ele sentiu sua mão nas 

costas e não conseguiu evitar arquear-se em resposta. Quando ela disse — respire 

fundo — obrigou-se a relaxar enquanto ela movia o estetoscópio de um lado a 

outro, obviamente, auscultando seus pulmões. 

O metal estava frio contra sua pele, mas seus dedos eram quentes e 

sedosos, muito quentes e sedosos. Seu sangue se aqueceu simplesmente por esta 

perto dela, e cada vez que ela roçava em sua pele, provocava intensos tremores 

em seu corpo. Ele se concentrou em sua respiração — na constante entrada e 

saída — em uma tentativa de manter a calma. Quando ela se moveu para ficar 

de pé diante dele, repetiu-se a ordem, evitando olhar para o rosto dela e em vez 

disso se concentrou no suéter branco e justo que ela vestia. 

Seu ofego o fez levantar a cabeça. 

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Tiamat World 



— O que aconteceu com você? 

— Nada. Estou bem. 

— Isso não é nada — Ela concentrou sua atenção no ombro enquanto 

colocava o estetoscópio no pescoço, dirigindo-se a sua maleta, pegou sua bolsa 

e retornou com uma gaze e o material que precisava. 

— Deixe-o — disse ele antes que ela pudesse tocá-lo. — É apenas um 

ferimento superficial. 

Ela deu leves toques no sangue seco com um monte de gaze. — O músculo 

está rompido. É necessário fechá-lo com sutura antes que comece a se infectar. 

— Já está curando. 

— Estou vendo mas… 

Ele a segurou pelo pulso, interrompendo seu movimento. Um 

estremecimento o percorreu pelo contato, mas não o levou em conta. A última 

coisa que precisava era as mãos dela sobre seu corpo mais do que fosse 

necessário. 

— Disse que o deixasse. 

Seus olhos deslizaram do ferimento para o rosto e se sustentaram. E antes 

que ele percebesse, olhava perdidamente para aqueles olhos como um pôr do 

sol caribenho no mundo humano. Olhos que ele viu incontáveis vezes enquanto 

faziam amor. Olhos com os quais sonhou muitas vezes nos anos posteriores até 

que acordasse com um suor frio e doloroso. 

Os pensamentos desapareceram de sua mente. A conexão que tiveram 

desde o começo faiscou profundamente em seu peito, ardendo no fundo de sua 

alma. O tentado a perguntar e averiguar se ela o sentia também. Não podia ser 

o único que recordava, não é mesmo? Ela devia sentir algo quando o via. 

Quando estavam tão perto. Quando o tocava. 

Os pensamentos, lembranças, sentimentos que manteve enterrado durante 

muito tempo o pressionaram por dentro enquanto a olhava nos olhos como 

pedras preciosas. Um filme de seu tempo juntos piscou em frente de seu rosto. E 

então, quando chegou à parte em que ela o traiu, aquela chama se apagou. 

Deixando para trás nada mais que cinzas e ruínas carbonizadas. 

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Não importava o que ela sentisse. Seu passado estava resolvido. As Moiras o 

foderam em mais de um sentido. Não havia nada sobre ela agora que pudesse 

mudar o que tinha acontecido naquele tempo. Tempo. 

Ele deixou a mão cair tão rapidamente quanto a segurou. Depois voltou a 

olhar para seu suéter. 

— Termine o exame. 

Que merda não faria para se esfriar, porque seus seios eram agora tudo o 

que podia ver — maldição. OH, homem, eram tão redondos, cheios e bonitos 

quanto se lembrava, e tinha quase certeza que podia ver seus mamilos se 

dilatando contra o algodão macio. Se ele levantasse seu braço direito, só um 

pouco, poderia tocar um. Poderia sentir a protuberância inchar e endurecer sob 

seu ded… 

Ela deu um passo para trás lentamente. Deixou os materiais e seu 

estetoscópio. Pigarreou. O som trouxe de volta seus pensamentos para onde 

deviam estar. Mas o tremor de sua voz quando falou disse-lhe que sua ordem 

tinha sido forte e clara. E porque o fez sentir-se um asno, não tinha nem ideia. — 

Então continuaremos com o exame mais difícil. Não há necessidade do padrão 

com agulhas e espetadas. 

O alívio se estendeu por Zander. Isso parecia com o que ele desejava. Só 

queria sair daquela sala. De preferência mais cedo do que tarde. 

— Fique direito — disse ela. — E feche os olhos — ele fez o que ela pediu, 

segurando a borda da mesa com as mãos e estirando a coluna, agradecendo 

que sua voz fosse ao mesmo tempo mais uniforme e direta e que agora, ao 

menos, não tivesse que olhá-la. — Bem. Agora, o mais provável é que sinta calor 

quando eu procurar qualquer anormalidade, talvez um pouco em seu ombro, 

mas na maioria dos casos isto não deve ser doloroso. 

Talvez não para você. 

Ele respirou fundo, tentou não franzir o cenho, e embora Callia não o 

tocasse, sentiu suas mãos pairando a poucos centímetros de seu peito nu. Como 

curadora, tinha a capacidade de procurar problemas dentro do corpo e 

concentrar suas energias para restaurar o equilíbrio e a saúde. Os Argoleans eram 

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menos suscetíveis às doenças que os humanos e curavam mais rápido, mas no 

fundo ainda eram mortais. Embora Zander soubesse que ela não encontraria 

nada errado com ele. 

— Devagar — murmurou Callia. — Respire lentamente, dentro e fora. Isso é 

tudo. Simplesmente deixe que sua mente vague e relaxe o corpo. Bom. Isso 

está… bom. 

Havia algo estranhamente reconfortante em sua voz — como sempre tinha 

sido — e o calor irradiando de seus dedos aqueceu primeiro sua pele, depois 

penetrou profundamente em seus músculos, e finalmente, em seus ossos. Ela 

estava explorando seu corpo, procurando doenças, embora sentisse como se ela 

estivesse chegando dentro dele com as mãos nuas, arrastando-se em sua pele e 

sentindo-se confortável. O calor deslizou por seu peito, centímetro a centímetro, 

enquanto seus dedos se desviavam e suas mãos se moviam sobre ele. E OH, 

homem, ele gostava. A forma como o preenchia. Era bom. Calmante. Completa. 

A forma como imaginava que iria se sentir nos Campos Elíseos provavelmente 

quando passasse para outra vida. 

De um nada a dor no ombro duplicou, enviando faíscas ao seu cérebro 

como se ele tivesse sido cortado novamente. Ficou sem fôlego, tenso, cravou as 

unhas na madeira da mesa. 

Seus olhos se abriram de repente. Ele a olhou quando cerrou os dentes pela 

dor. Ela estava com o rosto enrugado, como se também sentisse isso, mas seus 

olhos permaneciam fechados e não afastou as mãos. 

— É profundo — disse ela. —Tem certeza que não quer que eu o repare? 

O ferimento. Ela estava na droga do ferimento. 

— Não — ofegou ele com os dentes cerrados, os dedos fincados mais 

profundamente na mesa de madeira. — Está… bem. 

— Llithios — Quando a profissional deixou de chamá-lo de idiota não 

pressionou mais. 

Logo seus dedos se moviam novamente, deslizando para fora do ferimento 

até que a dor diminuiu e o calor voltou para seu peito. 

Santo Hades. Ele deixou sair uma respiração entrecortada. Isso 

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definitivamente não foi como um beliscão. Se ela quisesse machucá-lo, poderia 

ter feito isso apenas com um toque de seu dedo. 

— Preciso que você se concentre novamente, Zander — disse ela com 

firmeza — Relaxe. Feche os olhos. 

Relaxe. Sim. Isso parecia possível. 

Ele respirou fundo novamente. Tentou pensar… em nada, como ela sugeriu. 

E teve êxito, durante dois segundos. Até que as mãos começaram a se moverem 

para o sul. Sob suas costelas e abdômen, parando para gravitar sobre seu 

umbigo. 

— Recoste-se — disse ela. — E separe um pouco as pernas. 

(...) 

325

01 - Marcada

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