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Histologia Básica, Texto e Atlas - 12ª Edição - Junqueira & Carneiro

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1 1 Métodos de Estudo em <strong>Histologia</strong><br />

técnica é chamada de hibridização in situ. Essa técnica é<br />

excelente para averiguar se uma célula tem uma sequência<br />

específica de DNA (p. ex., um gene ou parte de um gene), ou<br />

para definir a localização de um gene em um cromossomo<br />

ou identificar as células nas quais um gene específico está<br />

sendo transcrito. Um trecho de DNA deve ser inicialmente<br />

desnaturado por calor ou agentes desnaturantes, fazendo<br />

com que as suas duas cadeias se separem. As cadeias (chamadas<br />

de sondas) tornam-se, então, prontas para serem<br />

ligadas a um segmento de cadeia simples de DNA ou a um<br />

segmento de RNA que sejam complementares à sequência<br />

que desejamos analisar. A sonda pode ser obtida por clonagem,<br />

por <strong>amp</strong>lificação da sequência por meio de PCR (reação<br />

em cadeia da polimerase, do inglês polymerase chain<br />

reactíon) ou por síntese se a sequência desejada for curta.<br />

A sonda deve ser ligada a um marcador, normalmente um<br />

isótopo radioativo (que pode ser localizado por radioautografia)<br />

ou um nucleotídio modificado (digoxigenina), que<br />

pode ser identificado por imunocitoquímica.<br />

Na hibridização in situ as lâminas que contêm os cortes<br />

de tecido, células ou cromossomos são inicialmente<br />

aquecidas para separar as cadeias duplas de seu DNA.<br />

Em seguida, uma solução contendo a sonda é colocada<br />

sobre o espécime por um período necessário para hibridização.<br />

Depois de lavar a lâmina, a localização da sonda<br />

ligada a sua sequência complementar é revelada pelo<br />

marcador utilizado (Figura l.26).<br />

Hibridização pode também ser executada com DNA ou<br />

RNA purificados, colocados em apoios sólidos. Trechos de<br />

moléculas de DNA ou de RNA são separados por tamanho<br />

por meio de eletroforese em gel de agarose ou em gel de<br />

poliacrilamida. Em seguida, são transferidos a uma folha<br />

de náilon ou de nitrocelulose por meio de um solvente em<br />

que os ácidos nucleicos podem ser analisados por hibridização.<br />

A técnica de identificação de DNA é chamada de<br />

Southern blotting; quando a eletroforese é feita com moléculas<br />

de RNA, a técnica é chamada Northern blotting.<br />

As técnicas de hibridização são altamente específicas e<br />

habitualmente utilizadas em pesquisa, diagnóstico clínico<br />

e medicina forense.<br />

..,. Problemas na interpretação de cortes<br />

• Distorções e artefatos provocados pelo<br />

processamento dos tecidos<br />

Ao estudar e interpretar cortes de tecidos é importante<br />

lembrar-se de que o que está sendo observado é o resultado<br />

final de uma série de processos que começam com a fixação<br />

e terminam com a coloração do corte. As várias etapas desse<br />

procedimento podem distorcer os tecidos, fornecendo uma<br />

imagem que pode diferir da que os tecidos apresentavam<br />

quando vivos. Uma causa de distorção é a retração produzida<br />

pelo fixador, pelo etanol e pelo calor da parafina usada<br />

para inclusão. A retração é atenuada quando os tecidos são<br />

incluídos em resina.<br />

Uma consequência da retração é o aparecimento de espaços<br />

artificiais nas células e entre as células e outros componentes<br />

de tecido. Outra fonte de espaços artificiais é a perda<br />

de moléculas que não foram mantidas corretamente nos<br />

tecidos pelo fixador ou que foram retiradas pelas soluções<br />

de desidratação e clareamento. Exemplos de moléculas não<br />

preservadas são o glicogênio e lipídios.<br />

Todos esses espaços artificiais e outras distorções causadas<br />

pelo procedimento de preparação dos cortes são<br />

chamados artefatos de técnica. Outros artefatos podem<br />

incluir pregas do corte (que podem ser confundidas com<br />

capilares sanguíneos), precipitados de corantes ou de<br />

sujeira (que podem ser confundidos com grânulos citoplasmáticos)<br />

e muitos mais. Os estudantes devem estar<br />

atentos para a existência de artefatos e precisam tentar<br />

reconhecê-los para não serem enganados por eles.<br />

• Totalidade do tecido<br />

Uma grande dificuldade apresentada por cortes de<br />

microscopia de luz é a impossibilidade de se corar diferencialmente<br />

todos os componentes das células e tecidos<br />

em um só preparado. Seria muito desejável, mas quase<br />

impossível, observar células por um microscópio de luz e<br />

enxergar os seus núcleos, as mitocôndrias, os lisossomos,<br />

os peroxissomos, todos envolvidos por uma membrana<br />

celular e, externamente, por uma membrana basal e por<br />

matriz extracelular contendo fibras colágenas, elásticas e<br />

reticulares. Para se conseguir essa imagem, é necessário<br />

examinar várias preparações diferentes, cada qual corada<br />

por outro método, e assim obter uma visão completa da<br />

composição e estrutura de um tecido. Por outro lado, o<br />

microscópio eletrônico de transmissão torna possível a<br />

observação de células com todas as suas organelas e inclusões,<br />

envolvidas pela membrana e pelos componentes da<br />

matriz extracelular.<br />

• Duas dimensões e três dimensões<br />

Quando uma estrutura tridimensional é cortada em<br />

secções muito delgadas, as secções parecem ter somente<br />

duas dimensões: comprimento e largura. Isso frequentemente<br />

conduz o observador a erros se ele não se conscientizar<br />

de que uma esfera seccionada é vista como um<br />

círculo e que um tubo seccionado é visto como um anel<br />

(Figura l.27). Quando um corte é observado ao microscópio,<br />

o estudante sempre deve imaginar que algo pode<br />

estar faltando à frente ou atrás daquele corte, uma vez<br />

que muitas estruturas são mais espessas que o corte.<br />

Além disso, deve lembrar-se também de que os componentes<br />

de um tecido ou órgão são geralmente seccionados<br />

ao acaso.<br />

Para entender a arquitetura de um órgão, é necessário<br />

estudar secções feitas em planos diferentes. Às vezes,<br />

somente a análise de secções consecutivas e a sua reconstrução<br />

em um volume tridimensional tornam possível<br />

compreender a organização de um órgão complexo.

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