15.05.2017 Views

GAZETA DIARIO 282

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Foz do Iguaçu, segunda-feira, 15 de maio de 2017<br />

04 Cidade<br />

JUSTIÇA FEDERAL<br />

Começa fase de depoimentos da 2ª ação<br />

criminal resultado da Operação Pecúlio<br />

R<br />

Advogados dos 98 réus denunciados pelo MPF arrolaram 501 testemunhas de defesa;<br />

ex-prefeito Reni Pereira responde por 435 condutas criminosas<br />

Bruno Soares<br />

Reportagem<br />

A 3ª Vara Federal de<br />

Foz do Iguaçu começa a<br />

partir de hoje (15) a ouvir<br />

depoimentos de testemunhas<br />

de defesa e acusação<br />

arroladas em função<br />

da 2ª ação criminal<br />

oriunda da "Operação<br />

Pecúlio". Resultado dos<br />

desdobramentos da 5ª e<br />

6ª etapas das investigações,<br />

denominada pela<br />

Polícia Federal (PF) de<br />

"Operação Nipoti", esse<br />

processo conta com 98<br />

réus acusados pelo Ministério<br />

Público Federal<br />

(MPF) de participação no<br />

suposto esquema de corrupção<br />

praticado na Prefeitura<br />

de Foz do Iguaçu<br />

sob a gestão do ex-prefeito<br />

Reni Pereira (PSB).<br />

Ao todo, deverão ser ouvidas<br />

501 pessoas como<br />

testemunhas de defesa<br />

dos investigados.<br />

Acusado de chefiar a<br />

organização criminosa<br />

que teria sido instalada<br />

na prefeitura para atender<br />

aos interesses de seu<br />

grupo político, o ex-prefeito<br />

responderá ao longo<br />

de a toda fase de instrução<br />

por 435 condutas<br />

ilícitas denunciadas pelos<br />

procuradores da República<br />

Alexandre Halfen da<br />

Porciúncula e Juliano Baggio<br />

Gasperin.<br />

De acordo com levantamento<br />

realizado pelo<br />

jornal Gazeta Diário, caso<br />

o ex-prefeito seja condenado<br />

com pena máxima por<br />

todos os crimes que pesam<br />

contra ele, sua sentença<br />

chegaria a 4.827 anos de<br />

prisão. A defesa do ex-prefeito<br />

não respondeu ao pedido<br />

de entrevista feito<br />

pela reportagem para comentar<br />

a situação de seu<br />

cliente.<br />

Com objetivo de refutar<br />

cada uma das acusações,<br />

os advogados de<br />

Reni convocaram para<br />

prestar depoimento 103<br />

pessoas, entre elas, o 2°<br />

vice-presidente da Câmara<br />

dos Deputados, Fer-<br />

Ex-prefeito Reni Pereira responde por 435 condutas criminosas<br />

nando Giacobo (PR), o<br />

secretário estadual de<br />

Saúde do Paraná, Michele<br />

Caputo Neto, e o promotor<br />

de Justiça do Ministério<br />

Público do Paraná<br />

(MP-PR), Marcos<br />

Cristiano de Andrade. A<br />

data dos depoimentos relativos<br />

ao ex-prefeito<br />

está prevista para ter início<br />

a partir do mês de<br />

agosto.<br />

Integram o grupo dos<br />

98 réus denunciados na<br />

"Operação Nipoti" servidores<br />

municipais, empresários<br />

da região e 12 exvereadores<br />

presos em 15<br />

de dezembro passado.<br />

Atualmente, cinco deles,<br />

reeleitos, respondem à<br />

Câmara de Vereadores a<br />

processo por possível quebra<br />

de decoro. Caso sejam<br />

considerados culpados,<br />

os parlamentares afastados<br />

judicialmente de seus<br />

respectivos cargos poderão<br />

perder de forma definitiva<br />

seus assentos no<br />

Legislativo.<br />

Resultado das primeiras<br />

fases da "Operação<br />

Pecúlio", Reni já figura<br />

como réu junto ao<br />

Tribunal Regional Federal<br />

da 4ª Região (TRF-<br />

4), com sede em Porto<br />

Alegre (RS), por corrupção<br />

passiva, fraude ao<br />

caráter competitivo da<br />

Captação de recursos<br />

Segundo acusação do MPF, à época, a<br />

organização criminosa foi<br />

articulada e planejada durante a<br />

campanha eleitoral de 2012, antes de<br />

Reni assumir o mandato de prefeito<br />

de Foz do Iguaçu. Ainda de acordo<br />

com as acusações do MPF, as<br />

infrações penais começavam no topo<br />

da cadeia de comando do Poder<br />

Executivo municipal e ramificavamse,<br />

passando pelas secretarias,<br />

diretorias e demais ocupantes de<br />

cargos comissionados, além de<br />

empresários de vários setores. O<br />

objetivo principal da organização,<br />

afirma o MPF, era a captação de<br />

recursos desviados dos cofres da<br />

Prefeitura de Foz do Iguaçu (PR),<br />

sendo parte deles decorrente de<br />

repasses de verbas federais do<br />

licitação, desvio de verbas<br />

públicas, usurpação<br />

de função pública, dispensa<br />

indevida de licitação/inobservância<br />

das<br />

formalidades legais,<br />

prorrogação indevida de<br />

contrato, peculato, corrupção<br />

ativa, pagamento<br />

de nota de empenho<br />

com preterição da ordem<br />

cronológica de exigibilidade,<br />

organização criminosa<br />

e embaraço à investigação.<br />

O processo<br />

permanece em segredo<br />

de Justiça por conta de<br />

Pereira possuir, à época<br />

da denúncia, foro privilegiado<br />

em razão do cargo<br />

que ocupava.<br />

Sistema Único de Saúde e do<br />

Programa de Aceleração de<br />

Crescimento (PAC). Estima-se que<br />

cerca de R$ 30 milhões tenham sido<br />

desviados da prefeitura.<br />

Em julho do ano passado, Reni<br />

Pereira foi judicialmente afastado<br />

do cargo de prefeito e submetido ao<br />

cumprimento de prisão domiciliar.<br />

Entretanto, por força de liminar<br />

concedida em outubro pelo<br />

Tribunal Superior de Justiça (STJ),<br />

os advogados de defesa de Pereira<br />

conseguiram revogar a medida e<br />

colocá-lo em liberdade. Atualmente,<br />

Reni está proibido de ir à prefeitura<br />

e não pode manter contato com os<br />

outros réus do mesmo processo,<br />

nem com qualquer funcionário do<br />

Executivo municipal.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!