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GAZETA DIARIO 315

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Foz do Iguaçu, segunda-feira, 26 de junho de 2017<br />

As três fronteiras e o<br />

melhor da música clássica<br />

Festival trará à<br />

cidade oficinas de<br />

instrumentos e<br />

grandes musicistas<br />

Foz do Iguaçu se prepara para receber um<br />

dos mais importantes circuitos de festival<br />

de música clássica do país. O Festival<br />

3 Fronteiras, que acontece de 9 a 15 de julho,<br />

integra o circuito idealizado e dirigido pelo<br />

maestro Jean Reis.<br />

Este é o 18º ano do evento, realizado em<br />

quatro cidades sucessivamente.Nesta edição,<br />

além de Foz - integrada pela primeira vez -estarão<br />

participando São Paulo (SP), Bagé (RS) e<br />

Lages (SC). Maestro prestigiado internacionalmente,<br />

Reis destaca que a intenção do projeto é<br />

aproximar a música clássica do público. "Queremos<br />

propiciar para a cidade concertos de nível<br />

internacional, que de outras formas os habitantes<br />

precisariam se locomover para centros<br />

distantes", comentou.<br />

O festival se enquadra dentro de circuito<br />

que se originou no Festival de Música nas Montanhas,<br />

em Poços de Caldas. "O legado do festival<br />

para a cidade é bastante significativo, com<br />

o desenvolvimento de uma cultura musical,<br />

porque desperta interesse nos jovens, forma<br />

público e artistas e estimula ações para divulgar<br />

a música de qualidade e bom gosto. Ele se<br />

torna um grande patrimônio para as cidades",<br />

explicou Reis.<br />

Festival 3 Fronteiras<br />

O concerto Música em Alta Voltagem acontecerá<br />

no domingo (9), às 20h, no auditório da<br />

Fundação Cultural, marcando o início do festival,<br />

que contará com apresentações noturnas,<br />

sociais, ensaios e oficinas. A programação<br />

completa será divulgada na próxima semana.<br />

O presidente da Fundação Cultural, Juca<br />

Rodrigues, destaca que o Festival 3 Fronteiras<br />

tem o objetivo de projetar Foz do Iguaçu no<br />

espaço nacional e internacional da música erudita.<br />

O projeto contribui também para a divulgação<br />

da cidade e da região das três fronteiras,<br />

ampliando os recursos educacionais nesta área.<br />

"O festival possibilita a integração, a troca<br />

de experiências entre músicos do mundo todo e<br />

compartilha a música clássica com a população.<br />

Isso fomenta a formação de público e o<br />

estímulo à produção", comentou.<br />

Inscrições abertas<br />

O evento é destinado a estudantes de violino,<br />

viola, violoncelo, contrabaixo e piano. A inscrição<br />

pode ser feita no site www.festival3f.com<br />

até dia 30 de junho. A equipe de professores que<br />

integra os festivais permanece por uma semana<br />

em cada etapa do circuito.<br />

Alunos bolsistas acompanham a equipe na<br />

formação básica da orquestra de cada festival.<br />

"Cada encerramento de festival representa a<br />

abertura do próximo, que acontece no município<br />

sucessor", explicou o Maestro.<br />

Já foram registradas inscrições de bolsistas<br />

e músicos de várias regiões do país, além de<br />

Chile, Paraguai e Argentina. Eles são selecionados<br />

a partir de avaliação da capacidade técnica<br />

e musical e recebem auxílio para participar<br />

do circuito e integrar a orquestra.<br />

Toda experiência e aprendizado serão compartilhados<br />

em concertos noturnos e sociais<br />

com a comunidade, espalhando a música instrumental<br />

em asilos, creches e em praças.<br />

(Fonte: Clickfoz.)<br />

Cotidiano<br />

cult<br />

Refazendo as malas<br />

23<br />

por Tiago Lobão<br />

Quem viaja bastante, sabe como fazer as malas é chato e difícil.<br />

Mas, também, sabe que uma mala bem feita, a menor possível, pode<br />

transformar a viagem de inferno a paraíso. Na vida, que é viagem,<br />

tudo é bagagem.<br />

Lembro-me da infância com doçura. Eu e muita gente, sem dúvidas.<br />

Posso até sentir novamente a leveza daqueles dias, certamente<br />

geradas pela presença poderosa e segura do meu pai e de minha<br />

mãe, infalíveis. Tudo era sempre mágico e interessante e a mochila<br />

das experiências começa a ser enchida.<br />

Passos além, na juventude adolescente, e pensando já sermos<br />

adultos, nos afastamos - alguns mais, outros menos - da segurança<br />

parental, e os dias pareciam ser os mais pesados de toda história<br />

humana e para sempre. Os revezes nos alcançam e as soluções<br />

estão cada vez mais em nossas mãos ainda inabilidosas. Sofremos,<br />

mas agregamos algum conhecimento de vida circulando entre ideias,<br />

processos e pessoas, aumentando o conteúdo da nossa mochila de<br />

viagem.<br />

E o tempo continua a correr, e nós a envelhecer, ou melhor,<br />

amadurecer. Ainda estou longe de vestir as chinelas da cenilidade e<br />

me despedir dos últimos resquícios de vigor, mas daqui, mais de<br />

perto dos 40 do que dos 20, com alguma experiência de vida a mais<br />

e capacidade de observação, mesmo que inconsciente, as ideias<br />

mudaram (inclusive na grafia), assim também os paradigmas de tudo,<br />

ou quase tudo, como os de qualidade, de bom e mal, de saúde e<br />

doença, de necessário e desnecessário. A mochila está cheia de<br />

souveniers da vida, está imensa e pesada, nada fácil de carregá-la,<br />

ainda mais para alguém já não tão jovem.<br />

Apesar da imagem física do envelhecimento que utilizei, o tempo<br />

aqui discutido não é o cronológico nem o biológico, mas o que se<br />

desenvolve na consciência. E nessa escala de tempo, que varia em<br />

cada um de nós, chegam momentos, sempre oportunos, quer gostemos<br />

ou não, de selecionarmos o que levamos a frente e o que fica<br />

pelo caminho. Aprender a manter o essencial, e apenas ele, evita<br />

carregarmos peso demais, que nos vai atrapalhar durante a próxima<br />

fase da caminhada. Então, antes escolher, em tempo oportuno, com<br />

calma, o que levar consigo, do que ter que se desfazer de toda a<br />

imensa e pesada mochila no meio de uma difícil escalada.<br />

Quanto compôs "Monte Castelo", Renato Russo utilizou um soneto<br />

de Camões e trechos da primeira carta de Paulo aos Corintios.<br />

Nesta carta de Paulo há um trecho, que não foi utilizado na canção,<br />

que pode sintetizar bem a ideia desse necessário amadurecer, da<br />

necessidade de selecionar melhor o que se leva adiante, e adaptar-se<br />

às novas realidades que se apresentam, minimizando sofrimentos e<br />

facilitando a peregrinação pela vida. E com ele terminamos: "Quando<br />

eu era criança, falava como criança, pensava como criança, raciocinava<br />

como criança. Desde que me tornei homem, eliminei as coisas<br />

de criança. (1Corintios, 13:11)".<br />

Tiago Lobão Inforzato é músico, Poeta e<br />

Escritorwww.lobservando.comwww.nevilton.com.br

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