Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Foz do Iguaçu, segunda-feira, 26 de junho de 2017<br />
As três fronteiras e o<br />
melhor da música clássica<br />
Festival trará à<br />
cidade oficinas de<br />
instrumentos e<br />
grandes musicistas<br />
Foz do Iguaçu se prepara para receber um<br />
dos mais importantes circuitos de festival<br />
de música clássica do país. O Festival<br />
3 Fronteiras, que acontece de 9 a 15 de julho,<br />
integra o circuito idealizado e dirigido pelo<br />
maestro Jean Reis.<br />
Este é o 18º ano do evento, realizado em<br />
quatro cidades sucessivamente.Nesta edição,<br />
além de Foz - integrada pela primeira vez -estarão<br />
participando São Paulo (SP), Bagé (RS) e<br />
Lages (SC). Maestro prestigiado internacionalmente,<br />
Reis destaca que a intenção do projeto é<br />
aproximar a música clássica do público. "Queremos<br />
propiciar para a cidade concertos de nível<br />
internacional, que de outras formas os habitantes<br />
precisariam se locomover para centros<br />
distantes", comentou.<br />
O festival se enquadra dentro de circuito<br />
que se originou no Festival de Música nas Montanhas,<br />
em Poços de Caldas. "O legado do festival<br />
para a cidade é bastante significativo, com<br />
o desenvolvimento de uma cultura musical,<br />
porque desperta interesse nos jovens, forma<br />
público e artistas e estimula ações para divulgar<br />
a música de qualidade e bom gosto. Ele se<br />
torna um grande patrimônio para as cidades",<br />
explicou Reis.<br />
Festival 3 Fronteiras<br />
O concerto Música em Alta Voltagem acontecerá<br />
no domingo (9), às 20h, no auditório da<br />
Fundação Cultural, marcando o início do festival,<br />
que contará com apresentações noturnas,<br />
sociais, ensaios e oficinas. A programação<br />
completa será divulgada na próxima semana.<br />
O presidente da Fundação Cultural, Juca<br />
Rodrigues, destaca que o Festival 3 Fronteiras<br />
tem o objetivo de projetar Foz do Iguaçu no<br />
espaço nacional e internacional da música erudita.<br />
O projeto contribui também para a divulgação<br />
da cidade e da região das três fronteiras,<br />
ampliando os recursos educacionais nesta área.<br />
"O festival possibilita a integração, a troca<br />
de experiências entre músicos do mundo todo e<br />
compartilha a música clássica com a população.<br />
Isso fomenta a formação de público e o<br />
estímulo à produção", comentou.<br />
Inscrições abertas<br />
O evento é destinado a estudantes de violino,<br />
viola, violoncelo, contrabaixo e piano. A inscrição<br />
pode ser feita no site www.festival3f.com<br />
até dia 30 de junho. A equipe de professores que<br />
integra os festivais permanece por uma semana<br />
em cada etapa do circuito.<br />
Alunos bolsistas acompanham a equipe na<br />
formação básica da orquestra de cada festival.<br />
"Cada encerramento de festival representa a<br />
abertura do próximo, que acontece no município<br />
sucessor", explicou o Maestro.<br />
Já foram registradas inscrições de bolsistas<br />
e músicos de várias regiões do país, além de<br />
Chile, Paraguai e Argentina. Eles são selecionados<br />
a partir de avaliação da capacidade técnica<br />
e musical e recebem auxílio para participar<br />
do circuito e integrar a orquestra.<br />
Toda experiência e aprendizado serão compartilhados<br />
em concertos noturnos e sociais<br />
com a comunidade, espalhando a música instrumental<br />
em asilos, creches e em praças.<br />
(Fonte: Clickfoz.)<br />
Cotidiano<br />
cult<br />
Refazendo as malas<br />
23<br />
por Tiago Lobão<br />
Quem viaja bastante, sabe como fazer as malas é chato e difícil.<br />
Mas, também, sabe que uma mala bem feita, a menor possível, pode<br />
transformar a viagem de inferno a paraíso. Na vida, que é viagem,<br />
tudo é bagagem.<br />
Lembro-me da infância com doçura. Eu e muita gente, sem dúvidas.<br />
Posso até sentir novamente a leveza daqueles dias, certamente<br />
geradas pela presença poderosa e segura do meu pai e de minha<br />
mãe, infalíveis. Tudo era sempre mágico e interessante e a mochila<br />
das experiências começa a ser enchida.<br />
Passos além, na juventude adolescente, e pensando já sermos<br />
adultos, nos afastamos - alguns mais, outros menos - da segurança<br />
parental, e os dias pareciam ser os mais pesados de toda história<br />
humana e para sempre. Os revezes nos alcançam e as soluções<br />
estão cada vez mais em nossas mãos ainda inabilidosas. Sofremos,<br />
mas agregamos algum conhecimento de vida circulando entre ideias,<br />
processos e pessoas, aumentando o conteúdo da nossa mochila de<br />
viagem.<br />
E o tempo continua a correr, e nós a envelhecer, ou melhor,<br />
amadurecer. Ainda estou longe de vestir as chinelas da cenilidade e<br />
me despedir dos últimos resquícios de vigor, mas daqui, mais de<br />
perto dos 40 do que dos 20, com alguma experiência de vida a mais<br />
e capacidade de observação, mesmo que inconsciente, as ideias<br />
mudaram (inclusive na grafia), assim também os paradigmas de tudo,<br />
ou quase tudo, como os de qualidade, de bom e mal, de saúde e<br />
doença, de necessário e desnecessário. A mochila está cheia de<br />
souveniers da vida, está imensa e pesada, nada fácil de carregá-la,<br />
ainda mais para alguém já não tão jovem.<br />
Apesar da imagem física do envelhecimento que utilizei, o tempo<br />
aqui discutido não é o cronológico nem o biológico, mas o que se<br />
desenvolve na consciência. E nessa escala de tempo, que varia em<br />
cada um de nós, chegam momentos, sempre oportunos, quer gostemos<br />
ou não, de selecionarmos o que levamos a frente e o que fica<br />
pelo caminho. Aprender a manter o essencial, e apenas ele, evita<br />
carregarmos peso demais, que nos vai atrapalhar durante a próxima<br />
fase da caminhada. Então, antes escolher, em tempo oportuno, com<br />
calma, o que levar consigo, do que ter que se desfazer de toda a<br />
imensa e pesada mochila no meio de uma difícil escalada.<br />
Quanto compôs "Monte Castelo", Renato Russo utilizou um soneto<br />
de Camões e trechos da primeira carta de Paulo aos Corintios.<br />
Nesta carta de Paulo há um trecho, que não foi utilizado na canção,<br />
que pode sintetizar bem a ideia desse necessário amadurecer, da<br />
necessidade de selecionar melhor o que se leva adiante, e adaptar-se<br />
às novas realidades que se apresentam, minimizando sofrimentos e<br />
facilitando a peregrinação pela vida. E com ele terminamos: "Quando<br />
eu era criança, falava como criança, pensava como criança, raciocinava<br />
como criança. Desde que me tornei homem, eliminei as coisas<br />
de criança. (1Corintios, 13:11)".<br />
Tiago Lobão Inforzato é músico, Poeta e<br />
Escritorwww.lobservando.comwww.nevilton.com.br