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papo gourmet<br />
A feijoada como ela deve ser<br />
Em sua estreia, a Vuss. Gastronomia não poderia falar de outro<br />
assunto. Parafraseando o chef Anthony Bourdain, que correu<br />
o mundo atrás do “prato perfeito”, lançaria minha busca pela<br />
“feijoada perfeita”. É que hoje há feijoadas de todos os tipos,<br />
para todos os gostos. Mas quase todas deixando o conceito<br />
original desse prato bem brasileiro, até mesmo para atender<br />
algumas recomendações do (chato) momento do politicamente<br />
correto que nos cerca por todos os lados. É feijoada light, diet,<br />
seja lá como for… os apelos não faltam.<br />
No João de Barro a feijoada é servida todos os ingredientes<br />
juntos, no mesmo caldeirão, dando tempo para pegar bem o<br />
gosto, que tem de ser o mesmo em todos os itens. E se você gosta<br />
mais do charque, da costelinha, do paio ou da banana da terra<br />
que tão bem se encaixou nos sabores oferecidos, ainda tem a<br />
opção de solicitar o garçom a acrescentar um destes itens no<br />
pedido original. Há também um acréscimo no valor. Porque<br />
há rejeição de algumas pessoas aos outros pedaços do porco –<br />
explica Tiago Bachetti, proprietário do restaurante.<br />
Sérgio Porto, o brilhante Stanislaw Ponte Preta, jornalista e<br />
cronista do século passado, frasista emérito, afirmou certa<br />
vez: “Uma feijoada só é completa quando tem ambulância de<br />
plantão.” Ou seja: com direito a todas as gorduras e a todos<br />
os pedaços do porco, que fazem a essência do prato. Algumas<br />
feijoadas famosas dos tempos de agora seguem um método<br />
que vai contra esse princípio pontepretano. Os ingredientes são<br />
cozidos todos com um ou dois dias de antecedência e, depois de<br />
frios, a camada de gordura que se solidifica em cima é retirada,<br />
para que a mistura final possa se processar com o feijão.<br />
Mas, ainda assim, com cada item em sua própria panela:<br />
charque aqui, lombo ali, paio acolá e assim por diante com<br />
orelha, rabo, pé e o que mais vier. O freguês mistura na mesa<br />
de servir, ao seu gosto. Não se pode negar que fica saboroso,<br />
quando bem caprichado. Mas, a rigor, esse produto final não<br />
pode ser classificado como feijoada, com todas as suas regras<br />
básicas. É um feijão cozido, bem temperado, acompanhado de<br />
peças de carne de porco segundo a vontade de cada um.<br />
Além das partes da feijoada, também chegam à mesa recipientes<br />
com couve, vinagrete, farofa, arroz e um molho de pimenta<br />
dedo-de-moça que não é nada forte (até poderia ser um pouco<br />
mais) e completa com louvor o sabor final. Ah! A laranja pode<br />
acompanhar a feijoada se o cliente solicitar. Eu acho o cítrico<br />
um charme.<br />
Para acompanhar, uma boa variedade de cervejas (rótulos<br />
artesanais, além das comerciais tradicionais) que se dão muito<br />
bem com o prato. O João de Barro tem capacidade para 150<br />
pessoas em seu interior muito bem decorado e agradável. No<br />
som ambiente, ora com música popular brasileira, ora com<br />
sertanejo ou até pop rock.<br />
O fim de semana chegou, e se vocêr estiver em Linhares, fica aí<br />
a dica. Lá, é para chegar com preguiça e passar bons momentos<br />
do sábado saboreando a verdadeira feijoada brasileira.<br />
Feijoada pra valer tem todos os ingredientes cozidos ao mesmo<br />
tempo, na mesma panela e com os mesmos temperos. Como<br />
a do João de Barro, um restaurante no bairro Três Barras,<br />
em Linhares (terra da Vuss.) que lota aos sábados, quando a<br />
feijoada se torna a grande estrela da casa. Funciona das 11h<br />
às 15h, em torno desse prato brasileiro (e as outras opções<br />
do cardápio, é claro), servido com todos os requisitos que<br />
certamente agradariam Stanislaw Ponte Preta.<br />
Com vinagrete, couve, farofa e torresmo