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Não à Redução da APA da Escarpa Devoniana

Preparamos um informativo com tudo que você precisa saber sobre o PL que pretende diminuir área de preservação, prejudicando os Campos Gerais do Paraná.

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A quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> água que bebemos, as árvores e a grande diversi<strong>da</strong>de de animais que povoam nossos<br />

campos e florestas estão em risco. A identi<strong>da</strong>de cultural <strong>da</strong> nossa região, as incríveis belezas naturais, os<br />

parques, as furnas, os paredões e esculturas de arenito, as belas cachoeiras e riachos de águas cristalinas<br />

também.<br />

Tudo isso porque está em discussão na Assembleia Legislativa do Paraná o projeto de lei 527, de 2016, que<br />

pretende reduzir a Área de Proteção Ambiental (<strong>APA</strong>) <strong>da</strong> <strong>Escarpa</strong> <strong>Devoniana</strong> e dos Campos Gerais.<br />

Elaboramos um passo a passo para mostrar os problemas do projeto de lei e explicar porque ele é<br />

desnecessário e prejudicial para todo o Paraná, mas principalmente para a Região dos Campos Gerais.<br />

O que é a “<strong>Escarpa</strong> <strong>Devoniana</strong>”?<br />

Fonte: Melo et al. 2007<br />

Qualquer viajante que passe pela Lapa ou Porto<br />

Amazonas, Balsa Nova, Campo Largo, Palmeira,<br />

Ponta Grossa, Carambeí, Castro, Tibagi, Piraí<br />

do Sul, Jaguariaíva ou Sengés, vai perceber<br />

facilmente imensos paredões de pedra que se<br />

levantam em meio <strong>à</strong> paisagem de campos e de<br />

capões de Araucárias.<br />

Esses paredões e as estruturas rochosas que<br />

aparecem acima do solo em sua continuação<br />

são chamados de ESCARPA DEVONIANA. A<br />

<strong>Escarpa</strong> <strong>Devoniana</strong> é o degrau (Serra de São<br />

Luiz do Purunã, por exemplo) que separa o 1º<br />

do 2º Planalto paranaenses e se estende por<br />

260 quilômetros, desde o Rio Iguaçu, ao Sul,<br />

até o Rio Itararé, ao Norte, já no estado de São<br />

Paulo.<br />

O sobrenome “DEVONIANA” é uma referência<br />

<strong>à</strong> i<strong>da</strong>de <strong>da</strong> rocha chama<strong>da</strong> Arenito Furnas,<br />

que <strong>da</strong>ta de um período geológico chamado<br />

Devoniano, há 400 milhões de anos.<br />

/PericlesDeMello<br />

@pericles_mello<br />

periclesdemello.com.br


Os “Campos Gerais”<br />

Tão fácil quanto perceber os paredões de arenito que compõem a <strong>Escarpa</strong>, os “Campos<br />

Gerais” são facilmente identificáveis, são a paisagem comum nas ci<strong>da</strong>des onde se localiza<br />

a <strong>Escarpa</strong>. Mais precisamente na parte de cima do degrau <strong>da</strong> <strong>Escarpa</strong>, no 2º Planalto.<br />

Uma vegetação rasteira, que no Paraná faz parte do Bioma Mata Atlântica.<br />

Esses campos limpos, onde <strong>à</strong>s vezes encontramos capões de mato com muitas Araucárias,<br />

podem ser comparados a uma floresta, porque sustentam, <strong>da</strong> mesma forma, uma rica<br />

biodiversi<strong>da</strong>de. Na déca<strong>da</strong> de 1940 o pesquisador Reinhard Maack, baseado na área de<br />

ocorrência desta fisionomia vegetal, delimitou a região que conhecemos por Campos<br />

Gerais do Paraná.<br />

O que é uma “<strong>APA</strong>”?<br />

<strong>APA</strong> é a sigla para “Área de Proteção<br />

Ambiental”.<br />

<strong>APA</strong> é um dos tipos de “Uni<strong>da</strong>des de<br />

Conservação” existentes no Brasil, assim<br />

como os parques nacionais, reservas<br />

biológicas, refúgios de vi<strong>da</strong> silvestre,<br />

entre outras denominações. Na maioria<br />

dessas uni<strong>da</strong>des de conservação, a<br />

presença humana e suas ativi<strong>da</strong>des<br />

comerciais, industriais e de mineração<br />

são muito restritas e em algumas delas<br />

essas ativi<strong>da</strong>des são proibi<strong>da</strong>s.<br />

No caso <strong>da</strong>s <strong>APA</strong>s, as restrições são<br />

muito bran<strong>da</strong>s, pois são uni<strong>da</strong>des<br />

de conservação de uso sustentável<br />

que permitem a ocupação humana,<br />

conciliando a produção com a<br />

preservação do meio ambiente.<br />

<strong>APA</strong> <strong>da</strong> <strong>Escarpa</strong> <strong>Devoniana</strong><br />

e dos Campos Gerais<br />

Cria<strong>da</strong> em 1992, seu Plano de Manejo<br />

foi publicado em 2004, definindo os<br />

locais onde determina<strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des<br />

podem ser realiza<strong>da</strong>s, mantendo assim<br />

uma área contínua de conservação e<br />

disciplinando o uso dos recursos. Quem<br />

fiscaliza essas questões é o Conselho<br />

Gestor que, infelizmente, foi instituído<br />

apenas no ano de 2013.<br />

O Plano de Manejo <strong>da</strong> <strong>APA</strong> tem o objetivo<br />

de garantir a conservação de processos<br />

naturais e <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de, através<br />

<strong>da</strong> orientação, do desenvolvimento<br />

e <strong>da</strong> adequação <strong>da</strong>s várias ativi<strong>da</strong>des<br />

humanas <strong>à</strong>s características ambientais<br />

<strong>da</strong> área.<br />

O que pretende o PL 527/2016<br />

A <strong>APA</strong> <strong>da</strong> <strong>Escarpa</strong> <strong>Devoniana</strong> e dos Campos Gerais<br />

tem, atualmente, 392 mil hectares e abrange 12<br />

ci<strong>da</strong>des do Paraná. O projeto pretende reduzir<br />

drasticamente essa área, diminuindo a <strong>APA</strong> para<br />

cerca de 125 mil hectares.<br />

Como a <strong>APA</strong> é uma espécie de bolha que protege os<br />

paredões areníticos, as nascentes, rios, aquíferos,<br />

a vi<strong>da</strong> selvagem e a paisagem, se for reduzi<strong>da</strong> a<br />

um perímetro tão pequeno, perde totalmente sua<br />

utili<strong>da</strong>de.<br />

Se isso acontecer, indústrias poluentes, aterros<br />

sanitários e outras ativi<strong>da</strong>des que podem colocar<br />

em risco a <strong>Escarpa</strong> e os Campos Gerais poderão ser<br />

instala<strong>da</strong>s a distâncias pouco seguras de belezas<br />

naturais, como o Parque de Vila Velha, por exemplo.<br />

Apesar <strong>da</strong> existência <strong>da</strong> Área de Proteção, a região<br />

já passa por um profundo processo de alteração de<br />

suas características naturais. O mapa acima mostra<br />

a degra<strong>da</strong>ção ambiental desde a época de criação<br />

<strong>da</strong> <strong>APA</strong> (1992) até os dias atuais. Se mesmo com a<br />

existência <strong>da</strong> <strong>APA</strong> tanto já foi destruído, podemos<br />

imaginar as consequências do projeto que pretende<br />

reduzir a área de proteção em 70%.


A <strong>APA</strong> não impede as<br />

ativi<strong>da</strong>des econômicas<br />

Em uma <strong>APA</strong>, as ativi<strong>da</strong>des de uso do solo<br />

são delimita<strong>da</strong>s, ou seja, estudos científicos<br />

disciplinam como determina<strong>da</strong>s áreas<br />

podem ser explora<strong>da</strong>s pelo homem. Em<br />

alguns lugares será livre a plantação de<br />

soja, em outros, é possível a mineração,<br />

em outros o florestamento de espécies<br />

exóticas.<br />

Essa delimitação impede que essas<br />

ativi<strong>da</strong>des sejam feitas em áreas que<br />

prejudiquem nascentes e aquíferos, vi<strong>da</strong><br />

selvagem ou alterem significativamente<br />

a paisagem original. A ideia de<br />

“desenvolvimento sustentável” direciona<br />

to<strong>da</strong> e qualquer ativi<strong>da</strong>de a ser realiza<strong>da</strong> na<br />

<strong>APA</strong>. Desse modo, garante-se a preservação<br />

do meio ambiente e a quali<strong>da</strong>de do solo e<br />

<strong>da</strong> água para a produção.<br />

TURISMO como opção<br />

SUSTENTÁVEL<br />

É legítimo que existam interesses<br />

econômicos e que o agronegócio<br />

defen<strong>da</strong> seus interesses. A<br />

mineração de areia, a indústria<br />

do papel e a agropecuária são<br />

importantes para a economia.<br />

Mas há outras alternativas. A<br />

<strong>APA</strong> <strong>da</strong> <strong>Escarpa</strong> <strong>Devoniana</strong> e<br />

dos Campos Gerais tem um<br />

espetacular patrimônio natural.<br />

São lajeados, cachoeiras<br />

imponentes, mananciais de<br />

água superficiais e subterrâneas,<br />

canyons e despenhadeiros,<br />

furnas e cavernas. Tem loboguará,<br />

suçuarana, tamanduábandeira,<br />

seriema, gralha azul;<br />

tem sítios arqueológicos de<br />

diferentes tradições indígenas<br />

e uma riquíssima expressão de<br />

geodiversi<strong>da</strong>de e biodiversi<strong>da</strong>de.<br />

É na <strong>Escarpa</strong> que estão o<br />

Canyon Guartelá, Cachoeira <strong>da</strong><br />

Mariquinha, Buraco do Padre,<br />

Parque do Monge, Parque do<br />

Cerrado e outras belíssimas<br />

paisagens. Cui<strong>da</strong>r dessa riqueza<br />

e mostrá-la para o mundo pode<br />

transformar a economia dos<br />

municípios envolvidos, resgatar<br />

a identi<strong>da</strong>de de seu povo e <strong>da</strong>r<br />

orgulho ao Paraná e ao Brasil.<br />

Ponta Grossa sofre mais com a redução<br />

O Projeto de Lei 527/2016, além de atingir a <strong>APA</strong> <strong>da</strong> <strong>Escarpa</strong> <strong>Devoniana</strong> e dos Campos<br />

Gerais de forma cruel, é ain<strong>da</strong> mais terrível em relação <strong>à</strong> ci<strong>da</strong>de de Ponta Grossa. Se em<br />

sua totali<strong>da</strong>de, o projeto diminui a <strong>APA</strong> em quase 70%. Já em Ponta Grossa a redução é<br />

de quase 94%, ou seja, praticamente extingue a proteção ambiental <strong>da</strong> <strong>Escarpa</strong> na ci<strong>da</strong>de.<br />

Suspeitamos que essa redução tão drástica tenha seus motivos relacionados <strong>à</strong> expansão<br />

imobiliária, a construção do Contorno Norte e aos interesses <strong>da</strong>s empresas produtoras<br />

de pinus e eucalipto, com <strong>à</strong> possibili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> expansão do distrito industrial para dentro<br />

<strong>da</strong> área de proteção.<br />

É possível até que algumas dessas ativi<strong>da</strong>des já estejam em an<strong>da</strong>mento dentro <strong>da</strong> <strong>APA</strong> e<br />

essa tentativa de redução através do projeto de lei tenha apenas o objetivo de legalizar<br />

crimes ambientais cometidos até agora. Temos informações e denúncias que já apontam<br />

para isso. <strong>Não</strong> podemos permitir que a ci<strong>da</strong>de seja expandi<strong>da</strong> na direção <strong>da</strong> <strong>APA</strong>, temos<br />

que fiscalizar e punir eventuais crimes ambientais e temos que proteger nossas riquezas.


POR QUE SOMOS<br />

CONTRA O PROJETO<br />

- Risco de extinção <strong>da</strong> vegetação de Campos Naturais<br />

(só restam 10% <strong>da</strong> área original) e fauna associa<strong>da</strong>;<br />

- Per<strong>da</strong> de paisagens, com comprometimento de<br />

atrativos turísticos e áreas de lazer;<br />

- Poluição de águas superficiais e subterrâneas;<br />

- Per<strong>da</strong> de serviços ambientais que representam geração<br />

de ren<strong>da</strong>;<br />

- Per<strong>da</strong> <strong>da</strong> identi<strong>da</strong>de cultural e senso de local;<br />

- Geração de uma riqueza concentra<strong>da</strong> e basea<strong>da</strong> no<br />

desenvolvimento pre<strong>da</strong>tório;<br />

- Expansão de monoculturas como a soja, associa<strong>da</strong> <strong>à</strong><br />

transgenia, agrotóxicos e o pinus;<br />

- Abertura para instalação de empreendimentos como<br />

aterros sanitários e mineração;<br />

- Apropriação e destruição do seu Patrimônio;<br />

- <strong>Redução</strong> drástica no<br />

valor de ICMS Ecológico<br />

repassado aos municípios<br />

que integram a <strong>APA</strong>.<br />

Municípios perdem<br />

mais <strong>da</strong> metade <strong>da</strong> verba<br />

de ICMS Ecológico,<br />

dinheiro que fará falta<br />

em obras e serviços para<br />

a população. A planilha<br />

mostra que em 2016 a<br />

<strong>APA</strong> gerou R$ 6.209.804,57<br />

para os 12 municípios<br />

por onde passa, sendo<br />

responsável por quase<br />

75% do ICMS Ecológico<br />

recebido.<br />

Curitiba - Assembleia Legislativa do Paraná<br />

Praça Nossa Senhora de Salette S/N<br />

Gabinete 805 - Cep: 80530-911<br />

Ponta Grossa - Escritório Político<br />

Rua Comen<strong>da</strong>dor Miró, 1372, Centro<br />

Cep: 84010-080

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